Tétano
DISCIPLINA: Moléstias Infecciosas e Tropicais RCG0434
Gilberto Gambero GasparMédico Infectologista HCRP-FMRP-USP
Médico Coordenador da CCIH HCRP-USP
Objetivos do aprendizado
• Epidemiologia.
• Características do agente etiológico.
• Fatores de risco.
• Manifestação clínica.
• Diagnóstico.
• Tratamento e prevenção.
Introdução
• Doença infecciosa aguda;
• Não contagiosa;
• Previnível pela vacinação;
• Ação de uma exotoxina;
• Alta mortalidade (> idade mais avançada).
Epidemiologia
• Anos de 2013 a 2018: foram registrados 1.512 casos de tétano acidental no
país sendo:
– 214 na Região Norte (14,2%).
– 444 na Nordeste (29,4%).
– 355 na Sudeste (23,5%).
– 315 na Sul (20,8%).
– 184 na Região Centro-oeste (12,2%).
• O coeficiente de incidência apresentou uma variação de 0,14 em 2013 para
0,10 por 100.000 habitantes em 2018.
• 70% dos casos: faixa etária de 30 a 69 anos de idade.
Epidemiologia
Epidemiologia
Epidemiologia
Epidemiologia
• A maioria dos casos de tétano acidental ocorreu
nas categorias:
– aposentado-pensionistas, trabalhador agropecuário,
seguidas pelos grupos de trabalhador da construção
civil (pedreiro), estudantes e donas de casa.
• Aumento da ocorrência de casos na zona urbana.
• A letalidade mantém-se acima de 30%, sendo mais
representativa nos idosos.
Agente etiológico
• O Clostridium tetani;
• Bacilo gram-positivo;
• Esporulado e anaeróbico;
• 4 a 10μm de comprimento;
• Alta resistência: esporos que lhe permitem
sobreviver no meio ambiente por vários anos.
Clostridium tetani
Fonte: CAVALLINI JAMES / BSIP / SCIENCE PHOTO LIBRARY
Modo de transmissão
• O C. tetani é normalmente encontrado na
natureza, sob a forma de esporo:
– pele, fezes, terra, galhos, arbustos, águas
putrefatas, poeira das ruas, trato intestinal dos
animais (especialmente do cavalo e do homem,
sem causar doença).
– Materiais enferrujados , madeiras, etc...
Modo de transmissão
Modo de transmissão
Introdução de esporos em solução de continuidade da
pele e mucosasCondição de anaerobiose
Esporos transformam-se em forma vegetativa
Tetanolisina+
Tetanopasmina
Condições que favorecem ao seudesenvolvimento do microrganismo:
Tecidos desvitalizados, corpos estranhos,isquemia e infecção contribuem paradiminuir o potencial de oxirredução e,assim, estabelecer as condições favoráveisao desenvolvimento do bacilo.
Modo de transmissão
• Período de incubação:
– É o período que o esporo requer para germinar,
elaborar as toxinas que vão atingir o sistema
nervoso central (SNC),
– Varia de 1 dia a alguns meses, mas geralmente é de
3 a 21 dias.
– Quanto menor for o tempo de incubação, maior a
gravidade e pior o prognóstico.
Modo de transmissão
• Período de transmissibilidade: Não há transmissão direta de
um indivíduo para outro.
• Suscetibilidade e imunidade:
– A suscetibilidade é universal.
– A imunidade permanente é conferida pela vacina.
– Vacinação: Recomendam-se 3 doses e 1 reforço a cada 10 anos,
ou a cada 5 anos, se gestante.
– Os filhos de mães imunes apresentam imunidade passiva e
transitória até 4 meses.
Como estamos em relação a vacinação?
TODOS VACINADOS PARA TÉTANO?
Fisiopatogenia
• Resulta de uma frequência rápida (tempo menor entre cada
estímulo), existindo ainda tensão na fibra quando ocorrer o
próximo estímulo.
• Um estímulo continuado manterá a tensão no músculo alta
até que ocorra a fadiga.
Fisiopatogenia
Condição de anaerobiose
Transformação do esporo em forma vegetativa (seis horas).
Produção da toxina tetanospasmina
Fisiopatogenia
Fonte: Tratado de Infectologia, 2002
Fisiopatogenia
Manifestação clínica
• O tétano é uma Infecção causada pela sua
toxina através de ferimentos ou lesões de pele.
• Formas do tétano:
– Generalizada.
– Localizada.
• Vamos dar ênfase ao Tétano acidental.
Tétano acidental
• Febre baixa ou ausente.
• Hiperreflexia, espasmos e contraturas dos músculos.
• Hipertonia dos músculos: masseteres (trismo e riso
sardônico), pescoço (rigidez de nuca), faringe
ocasionando dificuldade de deglutição (disfagia),
contratura muscular progressiva.
• Os espasmos são desencadeados espontaneamente
ou aos estímulos (tátil, sonoro, luminoso, etc...)
Tétano acidental
Opistótono
Tétano acidental
Riso sardônico
Tétano acidental
• Período de infecção: em média de 2 a 5 dias.
• Período toxêmico:
– Sudorese pronunciada.
– Pode haver retenção urinária por bexiga neurogênica.
– Contrações tônico-clônica ocorrem sob estímulos
externos.
• Lucidez do paciente e ausência de febre ou febre
baixa.
Diagnóstico
Diagnóstico Clínico
Exames complementares (complicações)
Fatores de risco para aquisição do tétano
Caso Clínico
Anamnese/Exame Físico
ID: Paciente J. M. B., masculino, 84 anos, agricultor, morador
da zona rural, procedente de Guajará-RO.
Queixa: Rigidez muscular intensa há 2 dias
HMA: Referia dor muscular intensa associado a rigidez de
vários grupos musculares, associados a abalos. Não
apresentou febre em nenhum momento. O quadro tinha
caráter progressivo.
Ex. Físico: hiperexcitabilidade em todo sistema nervoso
associado à disfagia, trismo, riso sardônico, rigidez de nuca,
de toda região dorsal e de membros, abdome em tábua e
crises de contraturas. Presença de lesão perfurativa em pé
direito com saída de pús.
Antecedentes: tabagismo de ½ maço de cigarros/dia por 40
anos (nunca fumou cigarro de palha). Etilismo de 2 garrafas de
cerveja por semana. Referia que há 5 dias antes do início do
quadro teve perfuração em pé direito com um pedaço de
madeira. Última vacina para tétano há 30 anos.
Exames Complementares
Questões:
1-Quais as suas hipóteses diagnósticas?
2-Quais os exames complementares vocêsolicitaria?
Hemograma:
Hb: 14 g/dl; leucócitos: 21000; BA:14%; 122000 plaquetas.
Creatina Fosfoquinase (CPK): 3000 U/L
Uréia: 120 mg/dl
Creatinina: 2,4 mg/dl
ESTABELECIDO O DIAGNÓSTICO CLÍNICO DE TÉTANO
ACIDENTAL E SUS COMPLICAÇÕES
Diagnóstico diferencial
• Meningites.
• Tetania.
• Raiva.
• Intoxicação pela estricnina.
• Histeria.
• Intoxicação pela metoclopramida e por neurolépticos.
• Processo inflamatório de boca ed faringe.
• Doença do soro.
Complicações do tétano
• Complicações infecciosas:
– Pneumonia.
– Infecção do trato urinário.
– Bacteremias.
– Infecções de pele e partes moles.
– Infecção primária de corrente sanguínea.
Complicações do tétano
• Complicações não infecciosas:
– Rabdomiólise.
– Desidratação.
– Insuficiência renal aguda.
– Hipertensão arterial.
– Disautonomia (taquicardia, taquipneia, etc...).
– Fraturas (ex. vertebrais).
– Ascidente vascular cerebral.
– Trombose venosa profunda e TEP.
Tratamento
• O doente deve ser internado em unidade assistencial
apropriada (redução de estímulos):
– Mínimo de ruído, de luminosidade, com temperatura estável
e agradável.
• Casos graves têm indicação de terapia intensiva.
• Manejo de complicações e consequente redução das
sequelas e da letalidade.
• Cuidados dispensados pela equipe médica e de
enfermagem experientes nesse tipo de enfermidade.
Tratamento
• Princípios básicos no tratamento do tétano:
– Sedação do paciente;
– Neutralização da toxina tetânica;
– Antimicrobiano sistêmico (erradicação C. tetani).
– Desbridamento do foco infeccioso.
– Medidas gerais de suporte.
– Evitar e tratar as complicações.
Tratamento
• Princípios básicos no tratamento do tétano:
Sedação: benzodiazepínicos e miorelaxantes (ex.
Diazepam, midazolam, etc...).
– Objetivos da sedação:
• Controlar as contraturas.
• Reduzir complicações (ex. fratura e rabdomiólise).
Tratamento
• Princípios básicos no tratamento do tétano:
Neutralização da toxina tetânica: imunoglobulina
humana antitetânica (IGHAT) ou soro antitetânico
(SAT).
Tratamento
• Princípios básicos no tratamento do tétano:
Antimicrobiano sistêmico (erradicação C. tetani):
Penicilina Cristalina ou Metronidazol (7 a 10 dias).
– Objetivos da sedação:
• Atuação direta no C. tetani.
• Redução da produção de toxina.
Tratamento
• Princípios básicos no tratamento do tétano:
Desbridamento do foco:
– Limpar o ferimento com soro fisiológico ou água e
sabão.
– Fundamental retirar qualquer corpo estranho ou
tecido desvitalizado.
– Fazer a remoção fazer nova limpeza.
Medidas gerais de suporte
• Quarto individual.
• Manipular o paciente somente o necessário.
• Instalar oxigênio, aparelhos de aspiração e de suporte ventilatório.
• Garantir a assistência por equipe multiprofissional e especializada.
• Realizar punção venosa (profunda ou dissecção de veia).
• Sedar o paciente antes de qualquer procedimento.
• Manter as vias aéreas permeáveis.
• Realizar a hidratação adequada.
• Profilaxia para TVP.
• Prevenção de escaras.
• Analgesia.
Prevenção
• Manter a carteira vacinal em dia.
• Evitar ocorrência ferimentos:
– Uso de calçados.
– Uso de luvas na manipulação de objetos pontiagudos (ex.
prego)
– Evitar manipular materiais enferrujados.
• Caso haja ferimento lavar imediatamente.
Tétano
Tétano
Tétano
Dúvidas
OBRIGADO