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UM PROJETO NECESSÁRIONo último fim de semana, me propus duas

atividades. Uma, puro prazer. A outra, chateza. Não seio que o(a) leitor(a) escolheria fazer primeiro. Rever ofilme Verão de 42 com a seguinte sinopse:“Extraordinário! Alcança uma intensidade líricanunca vista antes em um filme americano!” – TheVillage Voice. Aos quinzes anos de idade, Hermie(Gary Grimes) vai passar as férias na praia. Duranteesta viagem, ele procura respostas para suas dúvidassobre a vida, a guerra, o amor e o sexo. Com a cabeçarepleta de interrogações e sonhos, Hermie conheceuma mulher mais velha (Jennifer O’Neill) e ficaapaixonado. Começa assim uma intensa relação ondeHermie busca aprofundar seu conhecimento sobre omundo. E ela, por sua vez, busca no jovem adolescenteo amor ausente de seu marido que partiu para aGuerra. Sobre este tema, o diretor Robert Mulliganfez uma belíssima poesia cinematográfica, relatandocom sensibilidade o despertar de um jovem para oamor. A inesquecível trilha sonora, ganhadora doOscar, composta por Michael Legrand e a belafotografia fazem deste filme uma obra que retrata comperfeição o clima daquela época. Dentro de umaatmosfera romântica e sensível, Verão de 42 setransforma numa apaixonante história de amor, ondedesejos, sonhos e descobertas se misturam em um verãomágico e inesquecível”. Ou checar a relaçãoclassificatória dasescolas de EnsinoMédio no Brasil,segundo resul-tados do ENEM.Confesso! Belisqueiprimeiro a sobre-mesa. A cena emque Hermie – nadrogaria vendetudo – tenta com-prar preservativos,é admirável, anto-lógica. Nunca viinsegurança tãobem expressa. Mas,por idiossincrasia, voltei à obrigação; a devoção ficoupara mais tarde.

Infelizmente alguns Sistemas de Ensino quenegociam apostilas, desvirtuaram os resultados dasprovas do ENEM que, inicialmente, evidenciavam otrabalho realizado pelo alunado ao longo de sua vidaacadêmica em determinada escola. Agora os Sistemasconfinam um grupo reduzido de estudantes do EnsinoMédio em instituições montadas para tal, recrutadosem diversos pontos do país, verdadeiros profissionaisde concursos, para obter as melhores colocações. A

concorrência saudável, salutar, entre escolas educadorasdesapareceu. A última lista do ENEM revela desaver-gonhadamente essa realidade.

Não se deve negar aos exames IDEB, ENEM, ENADE, omérito de estabelecerem avaliações nacionais, internas, naEducação brasileira. Em nível externo, o exame PISA da OCDEcompleta esse diagnóstico porque compara o desempenho donosso alunado com os de diversos países. A cada exame realizado,reafirma-se a necessidade de ampla reforma educacional, sempreprotelada. Por inércia, por descaso, para não ferir poderososinteresses corporativistas. Como consequência, os brasileiros,de todas as classes, continuam imersos na ignorância, noanalfabetismo funcional, na indigência intelectual.

Particularmente, o ENEM nasceu de uma emulação doSAT (Scholastic Assessement Test), um exame educacionalpadronizado nos Estados Unidos, aplicado a estudantes doEnsino Médio, que serve de critério para admissão dasuniversidades norte-americanas. O exame foi introduzido em 1926,é aplicado sete vezes ao ano, em outubro, novembro, dezembro,janeiro, março (ou abril), maio e junho. Não se sabe por que oMEC não adquiriu a expertise e a tecnologia da organizaçãoamericana sem fins lucrativos, College Board, que realiza o SAT,para adequá-lo à realidade brasileira. Os burocratas preferiramreinventar à roda, inicialmente pela quadrada, passando pelaovalada, até chegar, não se sabe quando, a roda circular. A opçãode fazer um único exame anual em país continental como o Brasil,requer uma logística de guerra para atender a mais de nove milhõesde candidatos; as correções de número tão grande de redaçõesde uma única vez são realizadas por batalhões de arregimentados,o que dificulta a homogeneização de parâmetros; o banco dequestões continua sendo montado e testado vagarosamente aquino Brasil e não raro acontecem vazamentos. Tudo isso remete aum primarismo incompreensível. Questões das disciplinasmatemática, física, química, biologia, história e geografia gerais,são universais. Não precisam ser elaboradas aqui. Podem nomáximo, sofrer adaptações. Por que não se compram os bancosde questões de outros exames estrangeiros?

O ENEM ainda é uma avaliação externa razoável dentreoutras que fazemos em nosso Colégio Helyos. Nada além disso.O MEC tenta aplicar critérios de mérito ao ENEM e o colocacomo condição primeira para acesso às universidades públicasbrasileiras. Ao mesmo tempo, incentiva o aumento no percentualde cotistas matriculados. O aluno pode obter uma excelente notano exame e ser preterido por alguém que ficou com a pontuaçãomuito inferior. No vestibular para o curso de medicina da Unicamp,SP, este ano, comemorou-se o fato de que 82% dos estudantesingressos eram cotistas. Como para toda idiotia existe uma astúcia,muitos alunos da classe média optam por matricular-se em escolaspúblicas, pagar cursinhos caros, renomados e conseguir seusintentos. De toda sorte, as universidades públicas brasileirasestão em descenso, declinantes; a maior delas, a USP(Universidade de São Paulo), está tecnicamente falida. Nenhuma

aparece entre as 100 melhores do mundo. Com asituação deficitária do erário federal, a perspectiva éde cortes de recursos, salários e de greves recorrentes.Infelizmente não temos esperança de mudança positivadesse quadro no próximo decênio.

Por outro lado, as relações entre indivíduos,organizações e nações, sejam elas sociais, econômicas,científicas, tecnológicas, comerciais se globalizam comrapidez inédita. Formar para essa nova vida, mesmoem pequenas cidades, é formar para um mundointerligado, que desconhece fronteiras físicas; que falao idioma inglês nas esferas de decisão; que elegeu oregime de mérito, de resultados, como condição desucesso; que considera a ajuda, o apoio, necessáriosem situações temporárias mas abomina a dependênciaperene. Nosso Colégio Helyos tem resposta a essesdesafios. Há mais de três anos, estamos implantandoo Projeto Educação em Tempo Integral e FormaçãoBilíngue que avança sistematicamente tanto naconstrução da estrutura física como na implantaçãode atividades pedagógicas, diárias, em inglês.

Educar crianças e jovens em tempo integral,requer uma estrutura física que lhes permita mudar deambiente e atividades várias vezes ao dia. De outraforma, a rotina se torna enfadonha, estressante. Nossoprojeto contempla salas temáticas para disciplinas eatividades. É o aluno que se desloca pelo colégio. Oprofessor de Química aguarda os alunos na sala deQuímica, equipada e ambientada para essa disciplina;o de Educação Física nas quadras. O de Jogos deRaciocínio, Música, Dança nos espaços respectivos.Os alunos deslocam-se entre os vários prédios atravésde passarelas, por razões óbvias de segurança. Sejacom relação ao tráfego de veículos, seja para evitarassaltos e transtornos semelhantes. Uma soluçãoadotadas em vários países tanto para escolas comopara hospitais. As instalações estarão prontas no finalde 2017. Para isso recebemos recursos de um bancoregional que se notabiliza por apoiar projetosinovadores no Nordeste.

Para quem falaria somente de ENEM aconversa se alongou. Entretanto, valeu a pena cederao entusiasmo e começar a descrever um projetonecessário que colocará a Bahia e particularmente anossa Feira de Santana em destaque no cenárioeducacional brasileiro. Aliás – sem falsa modéstia –tem sido assim. Continuaremos na próxima semana.

Prof. Teomar Soledade Júnior.blog: www.educarfeira.org

e-mail: [email protected]

Asinstalações

estarãoprontas no

final de 2017.

Para issorecebemos

recursos de umbanco regional quese notabiliza porapoiar projetosinovadores no

Nordeste.


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