UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL
NÍVEL ESPECIALIZAÇÃO
ELIANA CONCEIÇÃO RHODEN
UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE
PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO
CAMPO DOS ESTUDOS DE GÊNERO
SÃO LEOPOLDO
2010
ELIANA CONCEIÇÃO RHODEN
UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE
PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO
CAMPO DOS ESTUDOS DE GÊNERO
Monografia de conclusão apresentada no
Curso de Especialização em Educação Infantil,
vinculada ao Programa de Pós Graduação em
Educação Infantil da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos – UNISINOS, como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista
em Educação Infantil.
Orientador: Prof. Dr. Luciano Bedin da Costa
SÃO LEOPOLDO
2010
ELIANA CONCEIÇÃO RHODEN
UMA PROFESSORA QUE SE DESINSTALA POR MEIO DE
PERGUNTAS SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO
CAMPO DOS ESTUDOS DE GÊNERO
Monografia de conclusão apresentada no
Curso de Especialização em Educação Infantil,
vinculada ao Programa de Pós-Graduação em
Educação Infantil da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos – UNISINOS, como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista
em Educação Infantil.
Aprovado em ____ / ____ / 2010.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Luciano Bedin da Costa (Orientador) – Universidade do Vale do Rio dos
Sinos – UNISINOS
Profª Tassiana Martins Kelm Faria
Dedico este trabalho
A Deus,
Por não me deixar desistir, pois sempre pedia
sua ajuda em minhas orações, nos momentos
de descrença em mim mesma.
Ao meu filho,
Que muitas e muitas vezes não dei a merecida
atenção e pelas inúmeras vezes que perturbei
seu sono ao digitar o trabalho em seu quarto,
pois o computador está instalado lá.
A minha mãe
Sempre preocupada com meus estudos à noite
e pelo fato de chegar tarde.
Ao meu marido
Por sua paciência, apoio e compreensão.
E a mim
Que, apesar de alguns obstáculos que julguei
intransponíveis, continuei tentando escrever
esta monografia. E consegui.
AGRADECIMENTOS
Ao meu filho Andrei pela paciência e por minha ausência nos momentos em
que eu julgava importantes para mim, do mesmo modo que ele julgava-os
importantes para ele;
Ao meu marido Dionisio que sempre me ouve nos momentos bons e ruins de
«escola» e me motiva a seguir adiante;
À minha mãe Osmilda e ao meu pai Kuniberto;
À minha cunhada Ilda Clara que está sempre me incentivando e acreditando
no meu trabalho de alfabetizadora e educadora;
A todos/as professores/as que estiveram presentes e contribuíram para
ampliarmos nosso conhecimento durantes as aulas de quintas-feiras, sextas-feiras à
noite e nos sábados pela manhã e tarde;
Mas, um em Especial ao meu orientador Luciano Bedin da Costa que me
ajudou e muito, me incentivou, me aconselhou, me motivou, me ouviu, enfim foi
maravilhoso e acima de tudo me fez “olhar”, novamente, a Educação e o papel do/a
Educador/a de um outro ângulo, me fazendo entender que podemos ir além da sala
de aula e que o/a nosso/a educando/a não está só na sala de aula mas no dia a dia
da nossa própria existência enquanto Professor/a. Muito Obrigada.
“Nascemos para dentro de culturas e
sociedades que existem independentes de nós,
que nos condicionam concretamente. No
entanto, a continuidade destas instituições
depende de nossa anuência (aprovação)”.
(Heller)
RESUMO
Quando se fala em Inclusão é importante que se busque o que é Inclusão,
quem devemos incluir, porque incluir e como incluir. Este trabalho teve como um dos
objetivos entender através de leituras, situações presenciadas, de perguntas e de
ênfase da mídia sobre a questão de Inclusão. Porém quando se fala em Inclusão
logo se associa à ideia de Deficiência Física e/ou Mental.
No entanto, Inclusão vai muito além daquilo que se pensa, e este assunto
está diretamente ligado à Escola, local este onde são erguidos ou derrubados tabus,
conceitos e preconceitos. E foi dentro deste espaço Escola que resolvi aprofundar
meu trabalho sobre Inclusão, mas não a Inclusão voltada para a questão física e/ou
mental, mas sim a Inclusão daquilo que julgamos e subjugamos diferente, fora dos
padrões sociais. É na Escola que divido meu tempo, minhas conversas, minhas
dúvidas, meus questionamentos. É na Escola e através dela que se constrói o
SUJEITO da História, o Sujeito crítico ou acomodado; não só o/a aluno/a mas,
também, o/a professor/a que chega com seus “vícios e seus saberes” e muito bem
acomodados/as; porém poderão ser modificados ou reforçados, dependerá da
vontade e do desejo de cada um/a.
A ideia desta monografia é DESACOMODAR, ainda que pequena a vontade
em mudar, aquilo que já parecia ESTABELECIDO. É assim que tem que ser e assim
será!!!??? Não !!! Não é assim; há que se mexer, desarrumar, desacomodar tudo e
TODOS/AS. Por que tem que ser assim e não pode ser de outro jeito de outra
forma?
Por que nós Professores/as falamos em direitos iguais, valorizações,
equidades; se ainda nos subjugamos, somos tomados/as de preconceitos,
concordamos com aquilo que nos é conveniente para não nos desacomodarmos
perante os desafios, questionamentos, obstáculos com os quais, muitas vezes,
fechamos os olhos e dizemos que não sabemos resolver e vamos passando o/s
problema/s adiante?
Sabemos que temos e devemos Incluir. Porém as perguntas são:
Sabemos, realmente, o que é Inclusão?
Quem Incluir?
Por que Incluir?
Quando Incluir?
De acordo com o dicionário Cultural da Língua Portuguesa (pág.749), “incluir
é conter; encerrar; abarcar; conter na sua área; compreender; envolver.” Mas, tudo
tem dois lados, então vamos verificar o que quer dizer Excluir (pág.601), “excluir é
por fora de; eliminar; rejeitar; omitir; afastar; expulsar; abandona; retirar; suprimir.”
Diante destes significados para Incluir e Excluir, qual o papel da Escola
enquanto instituição e espaço de formação de cidadãos/as? Estaria a Escola
incluindo e/ou excluindo?
A resposta não está somente na Escola, mas num todo, numa sociedade
estruturada e construída sobre uma base patriarcal onde o homem (figura
masculina) é o detentor do saber e do poder e a mulher (figura feminina) lhe coube,
apenas, o papel de mulher que ouve, escuta, apreende o saber sem o direito de
transmiti-lo: “...ensinar não é profissão para uma mulher; que ela deve permanecer
calada. Escutar e apreender sem demonstrar o que sabe...” (As mulheres e a
ciência, 1987, p.17).
Nesta fala se percebe que há uma exclusão, um preconceito sobre a mulher e
seus saberes, ocorre uma dicotomia entre homem e mulher. Caímos mais uma vez
na questão de Incluir; mas quem e como incluir?
A idéia de Inclusão/Exclusão não surgiu por acaso, mas sim tem todo um
contexto histórico. Podemos dizer que a soberania masculina sobre a feminina,
assim pensada e reforçada por escritos através de uma metáfora:
“Os homens ficariam capacitados para conquistar e dominar a natureza,
sacudi-la nas suas bases.” (As mulheres e a ciência, 1987, pág.19)
Então se conclui que o homem poderia fazer o mesmo com a mulher, e com
tudo aquilo que representava o feminino, pois se percebia um sistema de valores, de
supremacia, assim como a natureza era um objeto a ser dominado pelo homem, ele
teria o poder sobre a mulher. Ainda mergulhando no texto se observa claramente
que o objetivo dos sábios (sendo estes homens) que se criaram na segunda metade
do século XVII seria o de criar uma filosofia masculina da qual o que era feminino
deveria ser necessariamente eliminado. (As mulheres e a ciência, pág.19).
Eis que nos vemos diante de uma “exclusão” explícita e por que não dizermos
machista? Antes mesmo de entendermos o que é Inclusão precisamos saber porque
eram as mulheres as mais excluídas de todo o contexto social; exclusão esta que
ainda permanece nos dias de hoje, mas no qual muito a mulher, tem contribuído
para que isto continue ocorrendo nos dias de hoje; se por um lado a História
interferiu, participou para que houvesse exclusão da mulher e de tudo o que
lembrasse o feminino, como uma forma de se fazer presente no contexto social, hoje
muita coisa permanece quase que imutável, também, por contribuição da própria
mulher que se omite e, muitas vezes, se conforma, se conforta com tal situação.
Por que elas estavam e ainda permanecem à margem da SOCIEDADE?
Sociedade como um todo, cuja “marginalização” feminina é preconizada e afirmada
pela própria Igreja quando nos diz e nos faz acreditar que Eva foi uma parte retirada
de Adão que estava em sono profundo e que esta mesma Eva teria sido a causadora
de toda uma desgraça para a humanidade e para Adão, quando o tirou do paraíso. E
nós, todos/as, fomos crescendo, ouvindo e acreditando que as mulheres são
“menos” que os homens, e que, se não fossem eles nos ceder uma parte de seu
corpo não estaríamos aqui. E durante anos se acreditou que o homem é mais
inteligente do QUE a mulher como diz o padre católico e filósofo cartesiano
Malebranche: “as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens já que sua
fibra cerebral é mole e delicada, carecendo completamente da dureza, solidez, força
e consistência da fibra cerebral masculina.” (As mulheres e a ciência, 1987, pág.20).
APRESENTAÇÃO
O desconhecimento dos adultos acerca da ideia de Inclusão social, não só
deficiente e/ou mental, pode muitas vezes significar um isolamento, cujos resultados
podem ser contrários ao que se espera para que ocorra a integração do Sujeito, do/a
aluno/a, do/a educando/a, em um mundo em que todos/as devem ter os mesmos
direitos e as mesmas oportunidades independente de suas condições pessoais,
sociais, culturais.
Entender as especificidades da criança, do/a jovem, do/a adulto/a ao recebê-
los na Escola é a certeza de abrir um horizonte para que o conhecimento se integre
em sua vida. Permite que o desconhecido passe a se tornar uma realidade.
Também é na Escola que o estímulo se torna parte da vida da criança, do/a
educando/a, do/a aluno/a e favorece seu desenvolvimento integral.
Quando a criança, enquanto aluno/a-educando/a, vai à Escola, sua vida
passa a ter, ritmo, rotina e a possibilidade de criar suas próprias concepções, bem
como “reformular” algumas já impregnadas, advindas do contexto familiar, mas que
com o convívio com os/as amiguinhos/as e professores/as, poderão ou não ser
reafirmadas e/ou mudadas.
Cabe ao/a Educador/a-Professor/a, também, esta responsabilidade.
Incluir na Escola e na Sociedade não significa, apenas, “colocar para dentro”,
junto com todos/as. É preciso integrar, garantir direitos e deveres.
Esta monografia tem a intenção de chamar a atenção e fazer com que haja
uma, certa, compreensão do que é Inclusão, não a inclusão de pessoas com
deficiência física e/ou mental, pois isto tem sido falado, repetido, escrito, mas sim
uma Inclusão Social, que se inicia na família e perpassa pela Escola. É pensar e
repensar a Inclusão Social de todos/as que de um modo ou outro são “jogados/as” à
margem da sociedade, são Excluídos/as, pois Inclusão e Exclusão não estão e não
podem estar separados, uma se dá em função da outra.
E de que forma a intervenção da Educação Infantil pode ajudar a enfrentar
este desafio de Excluir/Incluir? A partir do momento em que ela seja um espaço,
inicial, de preparação para o próximo desafio que será no Ensino Fundamental a
afirmação do aluno/a-educando/a e sua participação, permanência ou não na
Escola, que tantas vezes ajuda e, também, oprime este/a aluno/a-educando/a.
A partir de experiências teórico práticas na Educação Infantil, as crianças
elaboram suas « teorias », suas concepções, seus conceitos e muitas vezes
preconceitos, que só serão derrubados, debatidos se Educadores/as-
Professores/as estiverem, também, “despidos/as” e “desmascarados/as”, para
juntos/as reverem e repensarem seu modo de ser e pensar.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................7
1.1 INCIPT: UMA CARTA DE INTENÇÕES.................................................................7
1.2 OBJETIVOS...........................................................................................................8
1.2.1 Objetivo Geral............................... .....................................................................8
1.2.2 Objetivos Específicos........................ ...............................................................8
1. 3 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................8
2 A GEOGRAFIA ESCOLAR.............................. .......................................................10
2.1 O ESPAÇO ESCOLA: ENTRE A CRÍTICA E O REFORÇO DE RÓTULOS........10
2.2 ENCATADORAMENTE CRUEL: A SALA DOS PROFESSSORES......................11
3 DO CONCEITO AO PRECONCEITO......................................................................13
3.1 GÊNERO & SOCIEDADE....................................................................................13
3.2 NO FUNDO DA CAIXA DE BRINQUEDOS..........................................................15
3.3 O QUE FRASES FEITAS FAZEM........................................................................17
4 DESAFIOS..............................................................................................................18
4.1 PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA CULTURA: UMA DUALIDADE A SER
REPENSADA.............................................................................................................18
4.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: INCLUIR O QUÊ?......................................................20
4.3 AS INSTITUIÇÕES, O PODER E A DISCIPLINA DA VIDA: LUGARES
MANTIDOS................................................................................................................21
4.4 O MACHISMO ENCARNADO NA VIDA COTIDIANA..........................................22
5 CONCLUSÃO........................................ .................................................................25
REFERÊNCIAS.........................................................................................................30