UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIACAO
DA SOLVENCIA DE EMPRESAS DE SEGURO NAO V I DA
Marcus Vinicius Lopes Martins
Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-graduação
e Pesquisa em Administraçao da Universidade Federal do Rio de
Janeiro , COPPEAD , como parte dos requisitos para a obtenção
do grau de Mestre em Ciências ( M . Sc . l .
Aprovada por :
- Presidente da Banca Proi . Roberto Westenberger
Proi . Cláudio Contad r
Proi . Ricardo Frischtak
Rio de Janeiro
1994
i
Martins , Marcus Vinicius Lopes
Uma Proposta de Metodologia de Avaliacao
da Solvência de Empresas de Seguro Não
Vida . Marcus Vinicius Lopes Martins . Rio de
Janeiro: COPPEAD , 1994 .
x i i , 132p .
Tese de Mestrado - Universidade Federal
do Rio de Janeiro , COPPEAD .
1 . Seguros 2 . Solvência de Seguradoras
3 . Contabilidade de Seguros . 4 . Tese (Mestr .
COPPEAD/UFRJ ) . I . Título
i i
Este trabalho eu dedico à minha mulher
Alda que sempre me incentivou e que me
acompanhou . a cada etapa vencida. ao
longo da execução desta tese .
i i i
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Roberto Westenberger , pela orientacao ,
inteligente , dedicaç&o e incent ivo ao longo de todo o
trabalho . Sem e l e , esta tese certamente n&o seria poss1vel .
Aos amigos do Centro de Estudos e Pesquisa em Seguro s , em
especial à secretária Eva , pelo apoio e interesse .
Aos professores , colegas e funcionários da COPPEAD , com os
quais convivi durante do is anos muito grati ficantes .
A todos os amigos e fami l iares que , de uma forma ou outra ,
também contribu1ram neste esforço .
iv
Resumo da Tese apresentada a COPPEAD/UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do srau de Mestre em
Ciências ( M . Se. )
UMA PROPOSTA DE METODOLOGI A DE AVALIACAO
DA SOLVENCIA DE EMPRESAS DE SEGURO NAO VIDA
Orientador
Programa
Marcus Vinicius Lopes Martins
Julho / 1994
Pro f . Roberto Westenberser
Administração
O presente trabalho tem por obj etivo propor uma metodolosia
de avaliação da solvência de empresas de sesuro não vida que
atuam no mercado brasi leiro , a partir da adaptação de um
procedimento de anál ise de solvência desenvolvido nos Estados
Unidos , o Método IRI S - " Insurance Regulatory Information
System" , acrescido ainda de um modelo estatistico que visa
determinar a quant idade de sesuradoras que necessitam de um
acompanhamento mais rigoroso em suas operações por parte do
orsanismo fiscalizador . Os resultados apresentados foram
calculados a partir de dados reais extraidos dos balanços de
1990 , 1991 e 1992 publicados pelas sesuradoras . O modelo
proposto pode ser considerado consistente no sentido de
detectar potenc iais insolvencias .
v
Abatract of the Theaia preaented to COPPEAD/UFRJ aa partial
fulfillment for the degree of Maater of Sciencea (M . Sc. )
UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIACAO
DA SOLVENCIA DE EMPRESAS DE SEGURO NAO VIDA
Chairman
Marcua Viniciua Lopea Martina
Julho / 1994
Pro f . Roberto Weatenberger
Department : Adminiatrat ion
Thia work a ima at propoaing a methodology to apot potential
inaolvenciea in the brazilian non-life inaurance induatry ,
through the adaptation of a aolvency analyaia procedure ,
developed in the United Statea , the IRIS Method - I naurance
Regulatory I nformat ion Syatem , added of a atatiatical model
that a ima at indicatins the number of inaurance companiea
that call for increaaed and cloaer resulatory attent ion . The
propoaed methodology waa teated with real data extracted from
1990 , 1991 and 1992 annual atatementa and the reaulta may be
conaidered conaiatent , in the aenae of detectins potential
inaolvenc iea .
v i
BTNf
DRMl
DRM2
ABREVIATURAS E SIMBOLOS UTILI ZADOS
Bônus do Tesouro Nacional (fiscal )
Desvio Padrào dos Números de Indices Desfavoráve is por Demonstração Financeira do Grupo i
Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das Reservas e a Margem de Solvência
Razão entre o Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas e a Margem de Solvênc ia
ERE Razão entre o Erro de Reserva Estimada e a Margem de Solvência
IPC
IRI
IRIS
I SL
ITP
MIA
MS
NAI C
NIDDF
Indice de Preços ao Consumidor
Indice de Rentab i l idade dos Inve.stimentos
I nsurance Regulatory I nformation System
I ndice de Sinistros a Liquidar
I ndice de Transferência de Prêmios
Método IRIS Adaptado
Margem de Solvência
National Association of Insurance Commissioners
Numero de Indices Desfavor&veis por DemonstraçãO Finance ira
RAM Razão entre Auxilio de Margem e Margem de So lvênc ia
RCB Razão entre Compromissos e Bens Garantidores
ROD Razão Operac ional de Dois Anos
RPM Razão entre Prêmios Retidos e Margem de Solvênc ia
vii
SUSEP
�S
VPR
*
Retorno sobre a Margem de Solvancia
Superintendência de Seguros Privados
Variação de Margem de Solvência
Variaçao de Premios Retidos
Valor Médio dos Números de I ndices Desfavoráve is por Demonstração Financeira do Grupo i
x Valor Médio dos Números de Indices Desfavoráveis por Demonstração Financeira do Grupo de Seguradoras Insolventes
viii
1
2
2 . 1
2 . 2
3
3 . 1
3.2
SUMARIO
I NTRODUCAO
A NECESSIDADE DE SEGURANCA
A Busca da Segurança
A Necessidade do Controle Oficial
A SOLVENCIA DE EMPRESAS SEGURADORAS
O Conceito de Solvência
Partes Interessadas na Solvência das Seguradoras
1
5
6
8
11
12
13
3 . 3 Fatores que I nfuenciam a SolVência 16
4 A CONTABILIDADE DAS SEGURADORAS 21
4 . 1 Importância da Contabi lidade 22
4 . 2 Contabil idade de Seguros 23
4 . 3 Plano de Contas das Sociedades Seguradoras 25
4.3 . 1 Balanço Patrimonial 29
4.3 . 1 . 1 Ativo 29
4 . 3 . 1 . 1 . 1 Ativo Circulante 29
4 . 3 . 1 . 1 . 2 Ativo Realizável de Longo Prazo 33
4 . 3 . 1 . 1 . 3 Ativo Permanente 34
4 . 3.1 . 2 Passivo 35
4 . 3 . 1 . 2. 1 Provi sOes Técnicas 36
4 . 3 . 1.2 . 2 Passivo Circulante 37
4 . 3 . 1 . 2 . 3 Exig1vel de Longo Prazo 39
ix
4 . 3 . 1 . 2 . 4 Resultado de Exercicios Futuros 40
4 . 3 . 1 . 2 . 5 Patrimonio Liquido 40
4 . 3 . 2 Demonstração de Resultados 4 1
4 . 3 . 2 . 1 Prêmios Retidos 42
4 . 3 . 2 . 2 Prêmios Ganhos 43
4 . 3 . 2.3 Sinistros 44
4 . 3 . 2 . 4 Despesas de Comercializaçao 45
4 . 3 . 2 . 5 Resultado Bruto 47
4 . 3 . 2 . 6 Variação Monetária dos Seguros Indexados 47
4 . 3 . 2 . 7 Despesas Administrativas 48
4 . 3 . 2 . 8 Despesas com Tributos e Contribuições 48
4.3 . 2 . 9 Lucros Atribuidos 49
4 . 3 . 2 . 10 Receitas / Despesas Financeiras 49
4 . 3 . 2 . 11 Resultado de Equivalência Patrimonial 50
4 . 3 . 2 . 12 Depósitos com o IRB 50
4 . 3 . 2 . 13 Outras Receitas / Despesas Operacionais 50
4 . 3 . 2 . 14 Resultado Operacional 50
4 . 3 . 2 . 15 Outras Receitas/Despesas Nao Operacionais 5 1
4 . 3 . 2 . 16 Saldo de Correçao Monetária do Ativo Permanente e do Patrimônio L1quido 5 1
4 . 3 . 2 . 17 Lucro Antes do Imposto de Renda 5 1
4 . 3 . 2 . 18 Imposto de Renda 52
4 . 3 . 2 . 19 Participaçoes e Contribuiçoes 52
x
4.3 . 2 . 20
4 . 3 . 3
4 . 3 . 4
5
5 . 1
5 . 2
5.2 . 1
5.2 . 2
5.3
5.3.1
5.3 . 1 . 1
5 . 3.1.2
5 . 3.1 . 3
5.3 . 2
5 . 3 . 2 . 1
5.3 . 2 . 2
5 . 3.2.3
5 . 3.3
5 . 3 . 3 . 1
Lucro Liquido 52
Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos 52
Demonstração das MutaçOes Patrimoniais 53
o METODO IRIS : MODELO ORIGI NAL E ADAPTACOES PROPOSTAS 54
Obj et ivo do Método 55
As Fases do Método 56
A Fase Estatistica 56
A Fase Ana l itica 57
Os Indices Originais e as Adaptações Propostas 59
I ndices Gerais 61
Razão entre Prêmios Retidos e Margem de SolVênc ia (RPM ) 61
Variação de Prêmios Retidos ( VPR ) 64
Razão entre Auxilio de Margem e Margem de Solvência (RAM) 65
Indices de Lucratividade 67
Razão Operacional de Dois Anos (ROD ) 67
Indice de Rentab i l idade I nvest imentos (IRI )
dos
Variação da Margem·de Solvênc ia (VMS )
Indices de Liquidez
Razão entre Compromissos e Bens Garantidores (RCB )
xi
72
75
77
77
5 . 3 . 3 . 2
5 . 3 . 4
5 . 3 . 4 . 1
5 . 3 . 4 . 2
5 . 3 . 4 . 3
5.4
5 . 4 . 1
5 . 4 . 2
5 . 4 . 3
5 . 5
6
6 . 1
6.2
6 . 3
6 . 4
7
7 . 1
7. 2
Indice de Premios Atrasados ( IPA )
I ndices de Reservas
Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das Reservas e a Margem de Solvência ( DRM1 )
Razao entre o Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas e a Margem de Solvência ( DRM2 )
Razao entre o Erro da Reserva Estimada e a Margem de Solvência ( ERE )
Os Indices Criados
Retorno sobre a Margem de Solvência ( RMS )
Indice de Sinistros a Liquidar ( I SL )
Indice de Transferência de Prêmios ( ITP )
A Aplicação do Método
O TESTE DO METODO IRIS ADAPTADO
A Amostra
O Procedimento Estatistico Proposto
Os Resultados Encontrados
Análise dos Resultados
CONCLUSOES E SUGESTOES
Conclusões
Sugestões
APENDICE
BIBLIOGRAFI A
xii
82
85
85
87
88
90
9 1
93
95
96
101
102
104
107
115
121
122
124
127
129
CAPITULO 1
I NTRODUCAO
1
o presente trabalho tem por obj etivo propor uma metodologia
de avaliaçao da solvenc ia de empresas de seguro nao vida que
atuam no mercado brasi leiro , a partir da adaptação de um
procedimento de anAlise de solvência desenvolvido nos Estados
Unidos , o Método IRIS - "Insurance Regulatory Information
System " , acrescido ainda de um mode lo estatistico que visa
determinar a quantidade de seguradoras que necessitam de um
acompanhamento mais rigoroso em suas operações , por parte do
organismo fiscalizador.
Conforme serA apresentado ao longo do trabalho , o método
proposto se baseia inteiramente na obtenção e análise de
indices econômico-financeiros , calculados a partir de
informaçOes
publ icadas
disponívei s nas demonstraçoes
pelas seguradoras brasileiras . Uma vez
financeiras
que tais
demonstrações são diferentes , em diversos itens , dos "annual
statements" do mercado segurador norte-americano , foram
necessárias algumas adaptações no mode lo original , tais como
alterações nas definições de alguns indices , supressão de
indices devido à falta de informações disponiveis para seus
cálculos e criação de indices adicionais , de forma a
compensar a e l iminaçso de indices do método original .
o presente trabalho não tem a pretensão de apresentar uma
solução definitiva para o problema do controle da solvência
de empresas de seguro nso vida que atuam no Brasi l , mas sim
oferecer uma ferramenta prAt ica e eficaz que possa auxiliar o
2
orgao oficial supervisor em sua atividade fiscalizadora
preventiva e corretiva junto às empresas seguradoras .
Para cumprir seus obj etivos , o estudo se divide em sete
capitulos , a começar por este onde é apresentada a proposta
do trabalho .
No segundo capitulo sao discutidas , de forma bastante
sintét ica , as razOes que j ust ificam a existência da atividade
seguradora , assim como também é abordada a questão da
necessidade do controle oficial da atividade .
o terceiro capitulo procura abordar a solvência das
seguradoras , através da discussão a respeito do conceito de
solvência e dos diversos segmentos nele diretamente
interessados .
o quarto capitulo se preocupa fundamentalmente em apresentar
as caracteristicas especificas da contabil idade das empresas
seguradoras .
No quinto capitulo o Método IRIS é descrito , sendo também
discutidas as diversas adaptações propostas nos indices
econômico-financeiros .
o capitulo 6 define o teste com o metodo adaptado e apresenta
3
o modelo estatistico proposto para auxil iar na determinação
das seguradoras que necessitam ser fiscalizadas com mais
rigor . Os resultados obtidos são apresentados e também
analisados .
No sétimo capitulo são apresentadas as conclusOes do trabalho
e também são oferecidas algumas sugestOes , visando dar
continuidade ao estudo do controle da solvênc ia das empresas
seguradoras que atuam no mercado brasileiro .
4
CAPITULO 2
A NECESSIDADE DE SEGURANCA
5
2.1 ) A BUSCA DE SEGURANÇA
A necessidade de segurança é inerente ao ser humano . Desde os
primórdios o homem sente necessidade de se proteger de
possiveis acidentes . Inicialmente esta proteção se verificou
no campo pessoal , quando os seres primitivos começaram a
buscar abrigos em cavernas e passaram a andar em grupos como
forma de se protegerem de ataques tanto de animais como
também de outros inimigos hostis .
Em uma fase posterior , o homem passa a comprovar que existem
c ircunstâncias que podem determinar a perda dos seus bens ,
total ou parcialmente , passando assim a buscar algum tipo de
proteção econômica frente a tais situações , surgindo pois a
idéia do seguro .
Palacios ( 1986 , p . 27 ) afirma que " como instituição , o seguro é
um sistema de proteção do homem e de seu patrimônio frente a
diversos riscos que ameaçam sua integridade , sua vida , seus
interesses e sua propriedade " .
Larramendi , Pardo e Castelo ( 1985 , p . 2 ) re latam que os
chineses que se aventuravam a transportar suas mercadorias
r io abaixo tomavam a precauçao de distribui- las de forma que
cada embarcação contivesse apenas uma parte da mercadoria de
cada comerciante . Assim sendo , se algum barco afundasse a
perda corresponder ia a uma pequena parte dos bens de cada um ,
evitando assim a ruina que certamente ocorreria com aquele
6
comerciante que t ivesse toda a sua carga sendo transportada
pela embarcacao que naufragara . O mesmo principio era tambem ,
adotado pelos comerciantes árabes que para cruzar os desertos
e lugares inóspitos distribu1am os seus bens entre várias
caravanas e , dentro destas , entre os diversos camelos . Em
ambos os casos , nota-se poi s que naquelas remotas eras os
principios básicos do seguro encontravam-se j á presentes .
Com o passar dos séculos as diversas atividades econômicas se
multiplicaram demandando assim o crescimento paralelo das
operações de seguro no mundo . Conforme c ita Galiza
( 1992 , p . 18 ) , nos anos finais do século XVI I I surgem na
Inglaterra as primeiras leis especificas da atividade de
seguros que exigiam como requisito básico necessário para que
o contrato fosse considerado válido a existência de um
interesse segurável .
A Revolução I ndustrial foi responsável por um grande
desenvolvimento das operações de seguro , de forma a fazer
frente aos riscos criados pelo avanço tecnológico e pela
complexidade geral da nova sociedade .
O homem contemporâneo , assim como seus antepassados ,
necessita sentir-se seguro para que possa atingir seu pleno
equi11brio psicológiCO. Riggs e Kalbaugh (198 1 , p . 210) c itam
o trabalho do psicólogo A . H . Maslow , no qual as necessidades
dos seres humanos são c lassificadas segundo uma hierarquia
7
a P irâmide de Necessidades de Maslow - que entende ser a
necessidade de segurança um dos mais fortes anseios do homem ,
ficando atrás somente das necessidades fisiológicas, estas
últimas l igadas diretamente à questão da sua sobrevivênc ia , o
que equivale a afirmar que tão logo o homem possa assegurar
sua condição de manter-se vivo , imediatamente após esta
fase , e l e j á parte para a busca de sentir-se seguro .
2 . 2 ) A NECESSIDADE DO CONTROLE OFICIAL
Conforme já abordado , é inerente ao ser humano a busca de
segurança, sej a através de proteção pessoal ou econômica ,
sendo esta última o obj etivo primordial da atividade de
seguros .
Ao assinar uma apOl ice de seguro , o segurado concorda em
pagar uma determinada quanti a - o prêmio
desvenci lhar-se da possibilidade de preju1zo
de forma
devido
a
incerteza do que pode vir a acontecer com o bem seffUrado
durante um certo intervalo de tempo . Desta forma e l e prefere
a certeza de uma pe�da menor e economicamente suportável à
incerteza de uma grande perda que pode vir a alterar seu
"status quo" . Desta forma , a empresa de seguros ao subscrever
uma apó l ice está na verdade aceitando a transferência de
risco do segurado para si própria , proporc ionando assim
segurança ao c liente .
8
Conforme Benjamin ( 1977, p . 266) "uma instituicao que se ,
destina a garantir segurança aos seus c lientes deve ser ela
própria segura . A solidez de companhias de seguro torna-se
pois uma questão de interesse pübl ico . . . . . . Ao se adquirir um
bem industrial o consumidor está obtendo algo tang1vel em
troca de seu dinhe iro enquanto que na atividade de seguros ,
como afirmam Larramendi , Pardo e Castelo ( 1985 , p . 160 )
quando se faz um seguro , dã-se o dinhe iro
em troca de uma promessa . Ao pagar-se
adiantadamente , o seguro se converte em um
campo propic io à aventura econômica , pelo que é
necessário que os segurados tenham a garantia
de que a util ização que será feita dos prêmios
que pagaram é correta . . . O seguro é um serviço
cujo preço é determinado em função de elementos
desconhec idos no momento de seu cálculo ,
portanto hã o risco deste preço ser
insuficiente , e colocar em perigo a própria
existência da empresa que presta o serviço , ou
de ser excessivo e constituir uma fraude . "
Visando não apenas assegurar a estabil idade econOmico-
finance ira das seguradoras , mas tambem obj etivando a
fiscal ização dos termos dos contratos firmados e o
impedimento de prát icas comerciais danosas ao mercado é que
9
se torna fundamental a existência de um órgão neutro, que
opere de form� eficiente na regulamentação das atividades do
mercado segurador , visando proteger os interesses dos
segurados , beneficiários, terceiros e da sociedade como um
todo .
Os diversos palses do mundo contam com órgãos próprios
encarregados da fi scal ização das atividades de seguros em
seus territórios de forma a garantir que as entidades
seguradoras atuem em harmonia com as legislações vigentes . No
Brasil cabe à Superintendência de Seguros Privados ( SUSEP ) o
desempenho desta função .
Marks e Craigie ( 1989 , p . 142 ) afirmam que dentre as inúmeras
atribuições que lhes competem , a monitoração finance ira das
seguradoras continua sendo a função principal dos órgãos
fiscal izadores , de forma a assegurar que as companhias de
seguros permaneçam solventes e que sejam capazes de saldar
seus compromissos para com os segurados .
10
CAPITULO 3
A SOLVENCIA DE EMPRESAS SEGURADORAS
11
3 . 1 . O CONCEITO DE SOLVENCIA
A solvênc ia pode ser definida como a capacidade da seguradora
em honrar os compromissos financeiros futuros .
Segundo Westenberger ( 1993 . p . l ) " . . . podemos comparar a
relevância da so lvênc ia para uma seguradora com a boa saúde
para um ser humano " .
Gonçalves ( 1992 , p . 39-59 ) discorre a respeito da solVência de
seguradoras , do binômio risco so lvênc ia e também de
diversos métodos existentes de aval iação da solVênc ia de
seguradoras .
As companhias de seguro devem possuir três prinCipais
obj etivos relacionados à solvênc ia : continuidade ,
lucratividade e cresc imento . O primeiro deles é bastante
óbvio , uma vez que a empresa procurará saldar todos os seus
compromissos e ainda continuar existindo. Os outros do is
encontram-se fortemente inter-relacionados , uma vez que na
atividade de seguros o cresc imento de uma seguradora implica
em que se tornem maiores , em valores absolutos , as exigências
legais quanto à sua solvênc ia , sendo poi s fundamental que as
empresas estejam operando com lucratividade de forma a
financiarem seus crescimentos, sem que sejam necessarios
aportes de capital por parte dos acionistas .
12
Ferreira e Westenberger ( 1993 , p.2) abordam a questao da
liquidez , um conceito correlato à so lvênc ia e que merece
espec ial consideração . Uma seguradora é considerada liquida
enquanto t iver capacidade de gerar caixa através de receita
de prêmios , receita de investimentos , real ização de ativos ,
emprést imos ou aporte de capital para saldar seus
compromissos imediatos . Tal conceito difere da idéia de
solvência , que demanda que a seguradodra possua bens para
honrar todas as suas obrigações presentes e também futuras .
Conclui-se portanto que uma seguradora pode estar liquida sem
que atenda aos requisitos necessários de solvência podendo
também acontecer o inverso , ou sej a , é perfeitamente factivel
que uma dada seguradora sofra l iqUidação por parte do órgão
supervisor , devido a problemas de l iquidez, ainda que haj a
suficiência de bens para pagamento dos credores atuais e
futuros , o que configura uma situação de solvência .
3. 2. PARTES I NTERESSADAS NA SOLVENCIA DAS SEGURADORAS
Apesar de em uma primeira análise se pensar que a insolVência
de uma seguradora afetaria apenas os segurados , que não
teriam suas apólices honradas , na verdade existem diversos
outros setores da economia que têm seus interesses ligados à
13
•
questao da so lvenci a das seguradoras . Taylor e Buchaman
( 1988, p . 50-52 ) relac ionaram as partes que estão de alguma
forma ligadas à solvênc ia das seguradoras , a saber :
A ) Segurados
preocupação reside
Conforme j á mencionado ,
na garantia de que a
sua principal
seguradora terá
condições de honrar os compromissos assumidos .
B ) I nvestidores - Estão preocupados principalmente com a
rentabil idade do capital investido e não com a solvênc ia da
empresa . No entanto , a questão da solvência é de fundamental
importânc i a , uma vez que indicios de insolvênc ia irão
provocar a queda do valor das ações da seguradora ou poderão
impedir a distribuição de dividendos para os acionistas .
C ) Empregados - A questão da so lvênc ia da seguradora onde
trabalham afeta diretamente a segurança de seus empregos , bem
como a pol1tica de aumentos salariais da empresa .
D ) Gerênci a de Seguradora - Na atividade de seguros costuma
se saber o que está acontecendo em cada seguradora ,
principalmente os sucessos e infortúnios , os quais são
rapidamente disseminados no mercado . Desta forma , o corpo de
dirigentes da seguradora tem preocupação direta em relação à
so lvência da empresa, devido as suas reputaçOes que podem ser
afetadas em caso de insolVência da seguradora .
14
E ) Outros
totalmente
Seguradores - A atividade de seguros
na credibilidade das seguradoras
se baseia
junto aos
c l ientes , uma vez que estes compram um produto intangivel , na
confiança de que serão socorridos em caso de necessidade . Sem
dúvida alguma quando uma seguradora fica inso lvente e não
honra seus compromissos com os segurados, o mercado de
seguros como
credibi l idade
um todo e
da at ividade .
atingido , afetando assim a
A inso lvênc ia de uma seguradora pode ainda afetar diretamente
outras seguradoras quando exist irem operações de cosseguro
com a empresa insolvente .
F ) Ressegurador - No caso de insolvência da seguradora , o
ressegurador pode enfrentar problemas em relação As operações
firmadas, sej a no recolhimento de prêmio s , na quitação dos
sinistros ou em outros compromissos decorrentes do resseguro .
G ) Governo - Como legitimo representante da comunidade o
governo tem o dever de zelar pelos direitos dos seus
cidadões, cabendo a ele portanto fiscal izar a solvênc ia das
empresas seguradoras , adotando medidas preventivas e até
mesmo corretivas de forma a garantir o perfeito func ionamento
da atividade .
15
3 . 3 . FATORES QUE INFLUENCIAM A SOLVENCIA
Ferreira e Westenberger ( 1993 , p . 4-12 ) relacionam uma série
de fatores determinantes para a solvênc ia de empresas
seguradoras:
A ) Flutuação de Sinistros - A variável sinistro é aleatória
em relação à ocorrênc ia e naque las carteiras em que são
previstas perdas parciais é também aleatória em relação ao
seu valor , podendo numa variação anormal em seus valores
afetar a solvênci a da seguradora. Cabe ainda destacar a
possibil idade de ocorrênc ia de sinistros catastróficos que ,
apesar de suas baixlssimas probabil idade s , podem ter um
efeito devastador na saúde financeira das seguradoras , quando
se concretizam .
B ) Constituição de reservas - O dimensionamento correto das
reservas é de fundamental importância na preservação da
solvência . Conforme Snyder ( 1991 , p . 45 ) , das 372 insolvênc ias
registradas em empresas de seguros não vida nos Estados
Unidos de 1969 a 1990 , 86 delas tiveram como causa principal
o mau dimensionamento de suas reservas , correspondendo assim
à causa mais frequente de insolVência no período observado .
C ) Gestão financeira - Em regimes competitivos como o que se
verifica atualmente no mercado segurador brasile iro , onde as
seguradoras trabalham com resultados operacionais nulos ou
16
ate mesmo negativos e garantem seus lucros com o resultado
finance iro , este item se constitui em um dos fatores mais
importantes para a preservação da solvência .
D ) Gestao administrat iva - O dimensionamento dos custos
administrativos é peça fundamental na fixação do preço final
do produto , afetando diretamente o volume de produção da
seguradora e influenciando os niveis de lucratividade e
solvência da empresa.
E ) Gestão de comercialização - Se por um lado o pagamento de
comissões muito baixas pode dificultar a massificação da
carteira por
outro lado ,
dificulta a
desinteresse da rede de comerc ial ização , por
o pagamento de comissões elevadas também
massificação em decorrência da elevação dos
às seguradoras encontrarem seus pontos de prêmios . Cabe
equil1brio sem incorrerem no erro de pagarem comissões
elevadas sacrificando parte dos premios puros , o que
fatalmente comprometeria seus niveis de solvênc ia .
F ) Gestão de transferência de risco - A ut ilização de forma
adequada dos instrumentos de cosseguro e resseguro é de
fundamental importanc ia para a reduçao da variabilidade do
montante de sinistros na carteira , diminuindo assim . a
probabil idade de insolvenc ia da seguradora .
17
G ) Pol1tica de ace itação - Cabe a. seguradora definir as
carteiras a serem operadas e tambem quais os criterios a
serem adotados para a seleção e precificação dos riscos . Tais
procedimentos visam melhorar a qualidade dos riscos de forma
a garant ir a solvênc ia da empresa .
H ) Tarifação As tarifas devem ser dimensionadas com o
obj etivo de fazer face a todos os custos previstos havendo
ainda um carregamento que possib i l ite cobrir eventuais
osci lações do risco e proporc ione o resultado financeiro
esperado pelos acionistas . Tarifas mal dimensionadas resultam
certamente em insolvênc ias das seguradoras , sej a pelo baixo
volume de produção ( tarifas muito altas ) ou sej a pela falta
de recursos para saldar os compromissos ( tarifas muito
baixas ) .
I ) Volume de riscos assumidos - Se por um lado a massificação
da carteira é um fator fundamental na estabil ização do risco ,
reduzindo a variabilidade do sinistro em torno do sinistro
médio , por outro lado , com o aumento da produção essa
variação é cada vez maior em valores abso lutos, podendo levar
a seguradora à insolvênc i a . Segundo Snyder ( 1991 , p . 45 ) , 21%
das
vida
372 insolvências registradas em empresas de seguros nao
nos Estados Unidos de 1969 a 1990 tiveram como callsa
principal o rApido crescimento rle suas carteiras ,
correspondendo assim A segunda causa mais frequente de
18
insolvencia no periodo observado .
J ) Liquidez dos acionistas - Apesar de não estar ligado
diretamente à operação , a capacidade dos acionistas em
aportar capital adicional na empresa tem forte influência na
aval iação da solvênci a . Ao serem constatadas dificuldades de
solvência em uma seguradora , um dos primeiros pontos a serem
verificados é exatamente como se encontra distribuldo o seu
controle ac ionário , para saber se e l a está vinculada a algum
grande grupo financeiro ou , em termos de Brasil , a algum
governo estadual ou federal .
K ) Dimensionamento dos ativos e passivos - Segundo Troxel e
Bouchie ( 1990 , p . 4 ) para fins de controle de solvencia devem
ser tomadas avaliações conservadoras , o que corresponde a
considerar os menores valores dentre os posslveis para os
ativos e os maiores posslveis para os passivos .
Snyder ( 1991 , p . 45 ) a super-aval iação dos ativos em
aos valores de mercado foi a causa principal de
insolvências de empresas de seguros nao vida nos
Unidos no perlodo de 1969 a 1990 .
Segundo
relação
10% das
Estados
L ) Qual idade da gestão - Uma seguradora , assim como qualquer
outra empresa nao conseguirá sobreviver por muito tempo caso
incorra em prejulzos sistemáticos , uma vez que precisará
consumir suas reservas de forma a cobrir os resultados
negativos . Alem da capacidade gerencial da administraçao deve
19
também ser verificada a integridade moral dos dirigentes da
seguradora . Farley ( 1979 , p . 194 ) afirma que a maioria dos
casos de insolvência de seguradoras resulta de incompetência
ou fraude por parte de seus dirigentes .
20
CAPITULO 4
A CONTABILIDADE DE SEGURADORAS
2 1
4 . 1 ) IMPORTANCIA DA CONTABI LIDADE
A contab i l idade é um sistema que registra , apura e controla
as variações sofridas em um determinado patrimônio , sej a e le
de uma pessoa fisica ou juridica , em um determinado per iodo
de tempo , normalmente denominado exercicio .
Iudicibus e outros ( 1990 , p . 23 ) se referem à contab i l idade
como uma "metodologia concebida para captar ,
acumular , resumir e interpretar os fenOmenos que
registrar ,
afetam as
situa9ões patrimoniais , financeiras e econômicas de qualquer
ente . . . . , .
Segundo Mooney ( 1997 , p . 1 )
. . . a Contab i l idade é um sistema de registro ,
anál ise e verificação da história financeira de
uma organização . E um meio de comunicação dos
fatos financeiros para as pessoas que
necessitam de tais informações para a tomada de
dec isões . . . gerando dois produtos básicos :
relatórios gerenc iais que visam atender às
necessidades dos tomadores de decisão
pertencentes ao corpo da empresa e relatórios
financeiros para pessoas e órgãos interessados ,
externos à empresa " .
22
Ao final de cada exercicio de atividade s , as empresas emitem
um relatório elaborado por profissionais da área de
contabilidade , normalmente composto de quatro partes : Balanço
Patrimonial , Demonstração do Resultado , Demonstrações das
Mutações do Patrimônio Liquido e Demonstração de Origens e
Aplicaçoes de Recursos . Cabe ressaltar que as demonstraçOes
financeiras emitidas pelas empresas ao final de cada
exerc icio devem ser elaboradas em concordânc ia com os
principios contábeis geralmente aceitos , como forma de
assegurar que as informações divulgadas espelham a situação
da empresa de forma imparcial .
A depender do porte e da composição do capital da empresa ,
pode ainda ser obrigatório que as demonstrações financeiras
sej am acompanhadas do parecer de empresas auditoras
independentes , de forma a assegurar a fiel observânc ia dos
principios contábe is geralmente aceitos .
Gal iza ( 1992 , p . 77-83 ) apresenta noções
contabil idade finance ira , discorrendo sobre
contas de um balanço patr imonial padrão .
4 . 2 ) CONTABILIDADE DE SEGUROS
básicas de
as diversas
O funcionamento das empresas que atuam na at ividade de
23
seguros apresenta características bastante diferentes das
registradas em outros setore s . Ao contrário de uma indústria
que vende um produto tangivel e do qual ela sabe corretamente
o custo , as empresas de seguros vendem um produto do qual não
sabem de forma prec isa nem a data e nem o montante dos custos
em que terão que incorrer para saldar o compromisso assumido ,
e ainda recebem pagamento adiantado pe lo serviço vendido .
Cabe pois à empresa seguradora administrar de forma eficiente
a poupança de prêmios recolhidos de apól ices negociadas de
modo a poder fazer face às futuras indenizações de sinistros .
Segundo Florentino ( 1976 , p . 15 ) . . . a existência dessas
poupanças ( reservas técnicas ) e sua respectiva aplic ação em
investimentos fazem com que os Balanços das empresas de
seguros se apresentem com grupamentos espeCiais que , do lado
do Passivo não poderão ser caracterizados como capitais
próprios ou como capitais alheios . . . ·· . Do lado do Ativo faz
se também necessária a existência de contas especificas de
forma a abranger determinadas particularidades da composição
dos Ativos das seguradoras .
Neste capitulo serão apresentadas as diversas contas que
compõem o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado
das companhias seguradoras , procurando-se dar especial
atenção àquelas especificas da operação de seguros e que não
fazem parte dos demonstrativos finance iros dos demais setores
24
de at ividades .
o presente trabalho nao tem por obj et ivo e fetuar um
detalhamento aprofundado das diversas contas das seguradoras
mas , simplesmente permitir o perfeito entendimento dos dados
obtidos das demonstraçoes financeiras a serem uti lizados na
elaboração dos indices financeiros do método proposto de
controle de solvênci a .
4 . 3 ) PLANO DE CONTAS DAS SOCIEDADES SEGURADORAS
As empresas de seguros que atuam em territorio nacional
emitem suas demonstraçoes financeiras em conformidade com a
Circular SUSEP número 027 de 28 dezembro de 1988 , que aprovou
a reformulação do Plano de Contas das Sociedades Seguradoras,
instituído pela Resolução número 031/78 e Circular SUSEP
número 05/79 .
Segundo a Circular SUSEP número 027/88 , a reformulação
e fetuada teve por obj etivo
uniformizar os registros contábei s ,
racionalizar a util ização de contas ,
estabe lecer regras , critérios e procedimentos
necessários à obtenção e divulgação de dados ,
possibil itar o acompanhamento do Sistema
25
Nacional de Seguros Privados . bem como a
análise , a avaliação do desempenho e o
contro le , de modo que as demonstrações
elaboradas expressem. com financeiras
fidedignidade e transparênc i a , a situação
econômico-financeira
seguradoras" .
das soc iedades
Nas Figuras 1 e 2 são apresentadas as configurações gerais do
Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado das
empresas seguradoras , com as diversas contas componentes que
serão descritas a seguir.
Cabe observar que devido aos altos indices inflacionários
registrados no Brasil nos últ imos ano s , tornou-se necessário
sejam que as demonstrações financeiras das empresas
elaboradas tanto pelo critério da legislação societária.
apresenta os valores monetários originais do Ativo ,
que
do
Passivo e das operações efetuadas , como também pelo critério
da correção integral . que corrige monetariamente os valores
do Ativo , Passivo e operações e fetuadas para a data do fim do
exercici o .
26
FIGURA 1 - BALANCO PATRIMONIAL DAS SEGURADORAS ,
ATIVO
ATIVO CIRCULANTE
Disponlvel Aplicações Contas a Receber Créditos Operac ionais Despesas de Comercialização Diferidas Despesas Antecipadas
ATIVO REALIZAVEL DE LONGO PRAZO
ATIVO PERMANENTE
Investimentos Imob i l izado Diferido
PASSIVO
PROVI SOES TECNI CAS
Provi sOes de Prêmios Nao Ganhos Provisões de Riscos Decorridos Provisões Matemáticas
PASSIVO C IRCULANTE
Sinistros a Liquidar Débitos Operacionais Contas a Pagar Comissões a Pagar Depósitos de Terceiros
EXEGIVEL A LONGO PRAZO
RESULTADO DE EXERCI CIOS FUTUROS
PATRIMONI O LIQUIDO
27
FIGURA 2 - DEMONSTRAÇAO DO RESULTADO
( + ) ( - ) ( - ) ( - ) ( - ) ( = ) ( +/- ) ( = )
( - ) ( + ) ( + ) ( - ) ( +/- )
( - ) (+) ( - ) ( +/- )
( = ) ( +/- ) ( - ) ( - ) ( - ) ( +/- ) ( +/- ) ( + ) ( +/- )
( = ) ( +/- ) ( +/- )
(=) (-) ( - )
( = )
Prêmio Emitido Bruto Prêmios Cance lados Prêmios Restituidos Prêmios de Resseguros Cedidos Prêmios de Cosseguros Cedidos PREMIO RETIDO Variação das Reservas de Prêmios PREMIO GANHO
SINI STROS Sinistros Recuperação de Sinistros Salvados e Ressarcimentos Partic ipação em Salvados e Ressarcimentos Variação da Provisão de Riscos Decorridos
DESPESAS DE COMERCIALIZACAO Comissões Recuperação de Comissões Descontos Variação das Comissões Diferidas
RESULTADO BRUTO VariaçãO Monetaria dos Seguros Indexados Despesas Administrativas Despesas com Tributos e Contribuições Lucros Atribuidos Rece itas/Despesas Finance iras Resultado de Equivalência Patrimonial DepOsitos com IRB Outras Receitas/Despesas Operacionais
RESULTADO OPERACIONAL Outras Receitas/Despesas Não Operacionais Saldo de Correção Monetária do Ativo Permanente e PatrimÔnio Liquido
LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA Imposto de Renda ParticipaçOes e ContribuiçOes
LUCRO LIQUIDO
28
4 . 3 . 1 ) BALANCO PATRIMONIAL ,
E a demonstração finance ira que mostra a posição estática da
empresa em uma determinada data , sendo constituido
basicamente das contas de Ativo e Passivo .
Conforme o critério adotado pela SUSEP, a conta de PatrimOnio
Liquido faz parte do Passivo da empresa, não se constituindo
portanto em uma terceira subdivisão do Balanço Patrimonial
conforme considerado em diversas publ icações de
Contab i l idade . Neste trabalho sera adotado o entendimento
oficial da SUSEP a este respe ito .
4 . 3 . L 1 ) ATIVO
E a parte do Balanço Patrimonial que registra onde estão
apl icados os recursos da empresa , isto é, relaciona os bens e
os direitos que a seguradora possui . E composto pe lo Ativo
Circulante , At ivo Real izável de Longo Prazo e Ativo
Permanente .
4 . 3 . 1 . 1 . 1 ) ATIVO C IRCULANTE
Corresponde ao caixa em moeda corrente da seguradora e mais
os direitos que serao recebidos em dinheiro , serviços ou bens
em um prazo geralmente não superior a 360 dias . E basicamente
composto por:
29
A ) Disponivel - E constituido pelo caixa da seguràdora ,
representado por numerário e cheques ou ordens de pagamento
recebidos , acrescido ainda de aplicações financeiras de curto
prazo , isto é , aplicaçOes de resgate imediato .
B ) Aplicações - São constituidas por quatro principais
subdivisões :
1 ) Depósito
primordialmente às
Bancários a Prazo- Correspondem
aplicações do t ipo CDB , RDB , fundos de
renda fixa e outros simi lares .
2 ) Titulos Mobiliarios- Referem-se principalmente às
aplicações em ações e debêntures , sendo contabil izadas no
balanço pelo seu valor de aquisição, o que
valor histórico na coluna correspondente
corresponde ao
à legislação
societária e ao valor de aquisição corrigido monetáriamente
na coluna referente à correção integra l .
3 ) Titulos da Divida Pública- Correspondem às
aplicaçOes em titulos emitidos pelos governos municipais ,
estaduais ou federal .
4 )
ocasião
Provisão para Desvalorização . de
do encerramento do exerc lcio deve ser
Titulos- Por
verificado o
valor de mercado dos titulos mobil iarios e caso esta
avaliação sej a inferior ao valor de aquiSição dos titulos , a
sociedade é obrigada a constituir uma provisão em valor igual
30
a desvaloriza0 apurada .
� C ) Contas a Receber - São constituldas princ ipalmente de :
1 ) Prêmios Emitidos a Receber- São gerados quando da
emissão das apólices sendo nos ramos de seguros elementares
correspondentes ao volume de prêmios ainda nao pagos pelos
segurados , sej a devido às vendas a prazo de apól ice ou sej a
em virtude de atraso de pagamento por parte dos segurados .
2 ) Titulos e Créditos a Receber- Correspondem aos juros,
aluguéi s, dividendos, participações em lucro s , notas
promissórias ou outros créditos semelhantes que a seguradora
tem a receber .
3 ) Valores a Ordem de Banco Central- Esta conta faz
parte dos balanços de 1990 e 1991 , correspondendo aos
cruzados bloqueados pelo Banco Central em 15 de março de
1990 .
4 ) Seguradoras- Nesta conta são registrados os
prêmios relat ivos a cosseguros aceitos e os valores de
comissões sobre prêmios de cosseguros cedidos a congênere s .
Cabe observar que algumas seguradoras c lassificam esta conta
em Creditos Operacionais e nao em Contas a Recebe r , conforme
o critério da SUSEP .
5 ) Provisao para Devedores Duvidosos- Ao final do
31
exercicio a empresa efetua uma previsão , a partir do total
das Contas a Receber , de quanto não deverá ser recebido ,
constituindo assim uma provisão, a ser contabil izada com
valor negativo, reduzindo assim o total de Contas a Receber .
D) Créditos Operac ionais- Constituem-se princ ipalmente de:
1 ) Inst ituto de Resseguros do Brasil <IRE)- São
registrados nesta conta os valores referentes aos
prêmios emitidos pelo IRB relat ivos à retrocessão e os
valores das comissões sobre prêmios de resseguros cedidos ao
I RE .
2 ) Salvados e Ressarcimentos- Correspondem
est imativa e fetuada pela seguradora a respeito do
a uma
montante
que ela poderá recuperar após ter sido e fetuado o pagamento
da indenização ao segurado , sej a através da venda do que
restou do bem segurado ou através de ressarc imentos por parte
de terceiros envolvidos no sinistro .
E) Despesas de Comercialização Diferidas- Ao se emitirem
novas apó l ices, normalmente as despesas de comercializaQão,
tais como comissOes de corretagem, agenciamento e desconto de
prêmios são efetuadas de imediato . Tais despesas no entanto
beneficiam todo o periodo de vigência da apól ice , sendo pois
necessário
os valores
diferi-las . Nesta conta são portanto registrados
das despesas l iquidas de comercial ização,
diferidas em função da vigência do r isco , ou seja, esta conta
32
indica a parte da despesa de comercializacao proporcional ao ,
risco ainda não decorrido da apó lice . Westenberger ( 1989 ,
p . 14 , 15 ) e Suisse de Réassurances ( 1987 , p . 7-18 ) apresentam
detalhadamente os diversos procedimentos para os câlculos dos
prêmios ganhos e não ganhos conforme o decorrer da vigência
da apó l ice . Uma vez que o conceito de prêmio não ganho em
relação ao prêmio emitido é absolutamente idêntico à despesa
de comercializaçao diferida em relaçao a despesa de
comerc ial ização , tais estudos podem ser ut il izados para
maiores informações a este respeito .
F ) Despesas Antecipadas- Correspondem às despesas diversas
pagas ou creditadas no exerclcio , mas que efetivamente
referem-se ao exerclcio seguinte .
4 . 3 . 1 . 1 . 2 ) ATIVO REALI ZAVEL DE LONGO PRAZO
Correspondem aos direitos ou bens da seguradora a disposição
de terceiros onde não se espera recebimento em prazo inferior
a um ano , e também aos direitos e bens oriundos de negócios
nSo operacionais efetuados com col igadas , controladas ,
proprietários , s6cios , acionistas e diretores da empresa .
Suas principais contas são :
A ) Depositos Espec iais no I RB- Correspondem aos diversos
fundos e depositos que as seguradoras devem compulsoriamente
33
efetuar junto ao IRE .
B ) Depósitos Judiciais e Fiscais- Sao registrados nesta
conta os depósitos efetuados pela seguradora , em garantia de
pendências judiciais e fiscais.
C) Empréstimos Garantidos- Correspondem a empréstimos
hipotecários , empréstimos sob caução de t itulos ou outros
empréstimos com garanti a concedidos pela seguradora .
D ) AplicaçOes em Pa1ses Estrange iros- Correspondem ao valor
de aquisição em moeda estrangeira referente às aplioações em
titulos da divida p�bl i�a de paises estrange iros . Nesta conta
são também registradas as provi sOes técnicas ret idas pelas
soc iedades cedentes sediadas no exterior , em moeda
estrange i ra , relativas aos resseguros por elas oedidos para
empresas nacionais ou para suas representaçOes no Bras i l .
4 . 3 . 1 . 1 . 3 ) ATIVO PERMANENTE
Correspondem aos bens e direitos da seguradora considerados
como os de menor liquidez dentro do Ativo ou como sendo
indispenSáveis para o desenvolvimento das operaçOes da
empresa . E composto normalmente por :
A ) Investimentos- Correspondem princ ipalmente às
participaçoes acionarias permanentes em outras empresas , na
maioria das vezes empresas coligadas ou controladas . Esta
34
conta nao deve ser confundida com apl icacGes diversas no ,
mercado de açõe s , que são c lassificáve is no Ativo Circulante .
B ) Imobil izado- E o subgrupo do ativo permanente onde são
classi ficados os bens destinados à manutenção das atividades
da seguradora , como os imóve i s , bens móve i s , equipamentos e
outros itens indispensáve is à sua operação . Classi ficam-se
ainda no Imob i l izado as ações do IRB adquiridas pela empresa ,
uma vez que segundo o estatuto daquele órgão , 50% de suas
ações pertencem obrigatoriamente às seguradoras .
C ) Diferido- São nesta conta c lassificadas as aplicações em
recursos que contribuirão para o resultado de mais de um
exercic io , como por exemplo despesas de organização ,
implantação e instalação , dentre outras .
4 . 3 . 1 . 2 ) PASSIVO
E a parte do Balanço Patrimonial onde são registrados os
recurso de terceiros colocados na empresa , isto é , obrigações
ou dividas e também os recurso s , à disposição da empresa , que
pertencem verdadeiramente aos seus acionistas .
O Passivo das segurador.as é composto basicamente pelas
Provisões Técnicas , Passivo Circulante , Exigivel de Longo
Prazo , Resultado de Exercicios Futuros e Patrimônio Liquido .
35
•
4 . 3 . 1 . 2 . 1 ) PROVI S6ES TECNICAS
Correspondem às provisões que as empresas seguradoras têm que
constituir a partir dos prêmios cobrado s , de forma a poder
honrar os compromissos atuais e futuros , assumidos junto aos
segurados quando da emissão das apó l i ce s . São compostas
principalmente de:
A ) Provisões de Prêmios não Ganhos- Correspondem à
constituição
representa
decorrido ,
mesmo j á
de uma provisão por parte das seguradoras , que
a parce la do prêmio referente ao risco ainda não
ou seja, corresponde à parce la dos prêmios que
tendo sido recebidos , ainda não pertencem
efetivamente à seguradora , constituindo-se portanto em uma
divida . Maiores detalhamentos sobre provisões de prêmios não
ganhos podem ser encontradas em Westenberger ( 19B9 , p . 14 , 15 ) e
Suisse de Reassurance ( 19B7 , p . 7-1B ) .
B ) ProvisOes de Riscos Decorridos- As empresas seguradoras
são obrigadas a constituir provisõe s , calculadas de acordo
com as normas vigentes , para a cobertura de sinistros
ocorridos durante a vigência das apólices porém avisados
somente após o risco j á haver decorrido . Tais provisões são
fundamentais para apól ices com tempos reduzidos de vigência e
apól ices com pagamento mensal de prêmios , onde via de regra
as not i ficaçoes dos sinistros ocorrem apos as respectivas
expiraçõe s . No caso de seguros de transportes, por exemplo ,
36
tao logo e emitida uma nova ap�lice , procede-se o
provisionamento de 50% do prêmio na provisão de risco
decorrido sendo esta parcela considerada como ganha ,
normalmente , somente após haver trancorrido 0 1 ( um ) mês desde
a emissão da apól ice .
C ) Provisões
periodicamente
Matemáticas- De
em prêmio uniforme
forma
( em
a poder cobrar
moeda forte ) , as
empresas de seguro do ramo vida recebem nos primeiros anos
mais prêmios do que lhes seria devido , gerando um excesso
necessário para cobrir o déficit que se produzirá nos ültimos
ano s . Tal excesso , apesar de ter sido recebido , não pertence
à seguradora , que é portanto obrigada a constituir uma
provisão , denominada provisão matemát ica . Estas provisões
existem apenas para prêmios de seguros de vida , não sendo
portanto util izadas no presente trabalho .
4 . 3 . 1 . 2 . 2 ) PASSIVO CIRCULANTE
Corresponde aos compromissos e obrigaçOes da seguradora a
serem liquidados geralmente em prazo não superior a um ano . E
basicamente composto por :
A) Sinistros a Liquidar- Correspondem aos sinistros j á
avisados a seguradora , porem ainda nao liquidados .
B ) Débitos Operacionais - Correspondem aos registros da
37
conta Inst ituto de Resseguros do Brasi l , onde são computados
os valores referentes As comissões relativas AS retrocessões
emitidas pelo IRE, os valores de prêmios de resseguros
cedidos ao I RE , os adiantamentos obtidos do IRE em sinistros
de apó l ices com resseguro e os valores correspondentes a
outros débitos a pagar ao IRE .
C ) Contas a Pagar- Compõem-se basicamente de:
1) Débitos e Contas a Pagar- Correspondem aos juros ,
alugué is , participação em lucros de partes benefic iárias ,
dividendos e bonificações, participação da administração ,
honorários , remunerações e gratificações a empregados e
outras contas ou débitos semelhantes que a seguradora tem a
pagar .
2 ) Seguradoras- Correspondem aos valores referentes aos
prêmios de cosseguros cedido s , aos valores de comissões sobre
prêmios de cosseguros aceitos e aos valores correspondentes a
outros débitos a pagar a congêneres . Cabe observar que
algumas seguradoras c lassificam esta conta em Débitos
Operacionais e não em Contas a Pagar , conforme o critério da
SUSEP .
3 ) Provisão para Impostos de Renda- Corresponde a uma
provisão constituída pela empresa de forma a contabi lizar
como débito o valor correspondente ao imposto de renda a ser
38
pago , referente ao exercicio encerrado .
D l Comissões a Pagar- São registrados nesta conta os
valores correspondentes às comissões de corretagem a pagar ,
devidas a partir da emissão da apól ices . Cabe comentar que a
Reformulação do Plano de Contas das Sociedades Seguradoras ,
aprovado pela Circular SUSEP nttmero 027 de 28/12/1988
classifica , em sua pAg"lna 09 , esta conta como pertecente ao
subgrupo de Contas a Pagar , ao passo que em sua página 48
esta conta é c lassificada como integrante do Passivo
Circulante , porém independente de Contas a Pagar , sendo este
último o procedimento adotado pela maioria das seguradoras em
seu Balanço Patrimonial .
E l Depósitos de Terceiros- Correspondem aos pagamentos
antecipados de prêmios efetuados pelos segurados , relativos a
apól ices ainda em fase de emissão .
4 . 3 . 1 . 2 . 3 ) EXIGlVEL DE LONGO PRAZO
Corresponde
compromissos
ao grupo de contas onde são
e obrigações da seguradora a
registrados os
serem liquidados
geralmente em prazo superior a um ano . Suas principais contas
sao:
A ) Emprestimos Garantidos- Correspondem aos compromissos
39
decorrentes de empréstimos hipotecários , empréstimos
contraidos sob caução de t itulos , empréstimos bancários ,
débitos em promessas de compra e venda de imóve is ou outras
operaçoes que a seguradora tenha que pagar .
B ) Provisão para Imposto de Renda- Corresponde a uma
provisão constituida pela empresa de forma a contabil izar
como divida o valor correspondente ao imposto de renda do
exerc icio encerrado a ser pago parceladamente ao longo dos
próximos exercicios .
4 . 3 . 1 . 2 . 4 ) RESULTADO DE EXERCICIOS FUTUROS
Correspondem às receitas liquidas operac ionais e patrimoniais
recebidas no exercicio , mas que parc ial ou totalmente
referem-se ao ( s ) execicio ( s ) seguinte ( s ) .
4 . 3 . 1 . 2 . 5 ) PATRIMONIO LIQUIDO
Corresponde aos recursos da empresa que verdade iramente
pertencem aos seus acionistas , isto é , aos donos da
seguradora . E composto basicamente por :
A ) Capital Social- Const itu1do pelos recursos colocados
pelos acionistas , por ocasião da aquisição de quotas ou ações
da seguradora .
B ) Reservas de Capital- São constitu1das principalmente
por :
40
Recursos colocados pelos acionistas que excederam o
valor do capital .
- Correcao monetaria de recursos j a real izados ate suas ,
efetivas capitalizações .
- Doações e subvenções para investimentos .
C ) Reservas de Reaval iaçao- Correspondem as contra-partidas
de aumentos de valor atribu1dos a e lementos do Ativo em
virtude de novas avaliaçõe s , com laudos aprovados pela
Assembléia Geral de Ac ionistas .
D ) Reservas de Lucros- Correspondem às reservas efetuadas
por apropriação de lucros .
E ) Lucros ou Prejuizos Acumulados- E para onde são
transferidos os lucros ou prejuizos do exercicio para
posterior dec isão da empresa sobre sua destinação .
F) Ações em Tesouraria- Correspondem às ações da própria
empresa mantidas em carteira , sendo contab i l izadas com valor
negativo , por serem redutores do Patrimônio Liquido .
4 :3 . 2 ) DEMONSTRAÇAO DO RESULTADO
E a demonstração financeira que mostra de que forma o lucro
ou prejuizo foi obt ido , ordenando as receitas e despesas da
41
seguradora ao longo do exercicio . Serão descritas a seguir as
diversas contas que compõem a Demonstração do Resultado .
4 . 3 . 2 . 1) PREMIOS RETIDOS
Correspondem aos prêmios emitidos liquidos do exercicio , isto
é , são calculados a partir do volume ' total de prêmios
emitidos no exerc icio sendo então deduzidos os cance lamentos ,
as restituições , os resseguros cedidos e o s cosseguros
cedidos . Sua obtençãO envolve pois as seguintes contas :
A ) Prêmios Emitidos Brutos- Correspondem aos prêmios
emitidos brutos pela seguradora , incluindo as parcelas de
prêmios de cosseguro cedido . cosseguro aceito . resseguro
cedido e retrocessão .
B ) Prêmios Cancelados- Correspondem . aos prêmios brutos
cancelados pe la seguradora . I sto normalmente ocorre quando ,
após a apó l ice j á ter sido emitida , o segurado desiste do
seguro sem ter efetuado , total ou parcialmente , o pagamento
do prêmio .
C ) Prêmios Restituidos- Correspondem aos prêmios brutos
restituidos aos segurados , às outras seguradoras ou ao IRB ,
por cancelamentos de apó l i ces ou alterações de contrato .
D ) Prêmios de Resseguros Cedidos- Correspondem aos prêmios
brutos cedidos ao IRB em operações de resseguro .
42
E ) Premios de Cosseguros Cedidos- Correspondem aos premios
brutos cedidos a empresas congêneres em cosseguros cedidos .
4 . 3 . 2 . 2 ) PREMIOS GANHOS
Correspondem à parcela dos prêmios retidos do corrente
exerc1cio e de exerc1cios anteriore s , que foi efetivamente
ganha no exerc 1cio que ora se encerra . Os prêmios ganhos são
portanto obtidos a partir dos prêmios retidos sendo de les
subtraldas as provisões de prêmios não ganhos constituldas no
fim do corrente exerc1cio ( pois ainda não são devidas ) e
somadas as provisões de prêmios não ganhos constitu1das no
fim do exerc lcio anterior . Suisse de Réassurances ( 1987 ,
p . 7-18 ) explica detalhadamente os procedimentos de cálculos
dos prêmios ganhos . São obtidos a partir das seguintes
contas :
A ) Prêmios Retidos- Já descritos em 4 . 3 . 2 . 1 .
B ) Variação das Reservas de Prêmios- Corresponde à
diferença entre os valores da conta Provisões de Prêmios Não
GanhOs ( PPNG ) do final do exerc 1cio anterior e do fim do
corrente exerclc io . A diferença obtida será somada ao total
de prêmios retidos para se chegar aos prêmios ganhos . Cabe
observar que se as PPNG do final do exerc 1cio anterior
( corrigidas monetariamente ) forem inferiores às PPNG do final
do corrente exerc1ci o , serA somado aos prêmios . retidos um
43
valor negativo , obtendo-se assim um valor de prêmios ganhos
inferior ao valor de prêmios retidos .
4 . 3 . 2 . 3 ) SINI STROS
Correspondem aos valores dos sinistros retidos , isto é, às
despesas liquidas com sinistros relativos à competência do
exercicio . São calculados a partir das seguintes contas :
A ) Sinistros- Correspondem às despesas , efet ivamente
realizadas
competênci a .
total pago
ou não , com sinistros ocorridos no exerc icio
Desta forma o valor desta conta corresponde
de sinistro no exerc icio , somando-se a isto
de
ao
os
valores referentes aos sinistros ocorridos no exercicio e
ainda não pagos e subtraindo-se os valores pagos relativos a
exercicios anteriores . Trata-se de uma conta com valor
negativo na Demonstração do Resultado .
B ) Recuperação de Sinistros- Corresponde ao valor das
recuperações , basicamente junto ao IRB e às empresas
congêneres do pais e do exterior , de indeniza�ões
provisionadas por ocasiao dos avisos de sinistros . Trata-se
de uma conta dedutora dos sinistros retidos , sendo portanto
positiva na Demonstração do Resultado .
C ) Salvados e Ressarcimentos- Correspondem aos montantes
recuperados , após o pagamento dos respectivos sinistros ,
44
relativos a comercial izacao dos salvados ou aos ,
ressarc imentos oriundos de terceiros . Trata-se de uma conta
dedutora dos sinistros retidos sendo portanto positiva na
Demonstração do Resultado .
D ) Variaçao da Provisão de Riscos Decorridos-
Corresponde A diferença entre as provisões de riscos
decorridos do final do exercício anterior e do final do
corrente exerc ício , de forma a que os sinistros ocorrido s ,
ainda que não avisados , sejam contabilizados no respect ivo
exerc ício . Se as provisões de riscos decorridos aumentam de
um ano para outro , isto provoca um aumento nos sinistros
retidos do exercício e uma diminuição no resultado do
exercicio .
4 . 3 . 2 . 4 ) DESPESAS DE OOMERCIALI ZACAO
Correspondem às despesas liquidas de comercialização
relativas aos premios ganhos no exercício . Sao calculadas a
partir das seguintes contas :
A ) Comissões - Correspondem às despesas com comissões ,
efetivamente real izadas ou não , sobre premios brutos emitidos
diretamente aos segurados , sobre prêmios de cosseguros
aceitos e sobre premios de retrocessOe s , sendo que deste
total não foram ainda deduzidas as comissões recuperadas de
cosseguros e resseguros cedidos . O valor desta conta
45
corresponde ao total de despesas de comissões efetuadas no
exercicio , somando-se a isto os valores brutos de comissões a
pagar existentes no final do exerc icio e subtraindo-se os
montantes brutos de comissões a pagar de exercicios
anteriores . Trata-se de uma conta com valor negativo na
Demonstração do Resultado .
B l Recuperações de Comissões - São incluidas nesta conta as
parcelas de comissões recuperadas pe la seguradora relat ivas
aos prêmios brutos cancelados ou restituidos e também as
comissões retidas pela seguradora referente aos prêmios de
cosseguros e resseguros cedido s . Trata-se de uma conta
dedutora das despesas de comerCialização , sendo portanto
positiva na Demonstração do Resultado .
C l Descontos Concedidos- São incluidos nesta conta os
valores liquidos dos descontos concedidos na emissão de novas
apó l ices . Estes gastos são contabil izados como uma despesa
extra que a seguradora teve que incorrer para comerc ial izar
seu produto , sendo portanto uma conta que aumenta as despesas
de comercial ização , registrada portanto com valor negat ivo na
Demonstração do Resultado .
D l Variações das Comissões Diferidas
diferença entre os valores das despesas de
diferidas do final do corrente exerc icio
46
e
Cor responde à
comercial ização
do final do
exerc icio anterior , de forma a constarem do calculo do
resultado do exercício apenas as despesas com comissões dos
prêmios efetivamente ganhos no exerc icio . Se as despesas de
comerc ial ização diferidas do final do corrente exercicio
forem inferiores às do final do exerc icio anterior , esta
conta será registrada com valor negat ivo na Demonstração do
Resultado .
4 . 3 . 2 . 5 ) RESULTADO BRUTO
E similar ao conceito de margem bruta ou lucro bruto usado
frequentemente em empresas de produção de bens , onde
corresponde a diferença entre a receita bruta e o custo de
fabr icação dos produtos vendidos . No caso de empresas de
seguros , o custo de fabr icação dos produtos vendidos é
considerado como sendo a soma das despesas de sinistros e de
comerc ializaçao . Desta forma o resultado bruto ê obtido a
partir do valor de prêmios retidos sendo dele subtraidas as
despesas liquidas com sinistros e comerc ialização .
4 . 3 . 2 . 6 ) VARIAÇAO MONETARI A DOS SEGUROS INDEXADOS:
São registradas nesta conta as contrapartidas da correção
monetária provenientes da atualizaçao das contas de Ativo e
Passivo , que tenham sido originadas da operaçao de seguros e
que sejam suj eitas a clausula de reajuste monetario .
47
Cabe acrescentar que ao serem contab i l izados os diversos
valores do At ivo e do Passivo uti l izando-se o critério da
correção integral , os montantes correspondentes a cada conta
j á se encontram corrigidos monetariamente para a data do
final do exercic io , não �endo portanto sentido registrar-se
quaisquer contra-partidas de correção monetária em uma conta
auxi liar . Por esta razão esta conta aparece sempre com valor
zero na coluna correspondente à correção integra l , sendo no
entanto de fundamental importância na contabil ização dos
valores pe lo critério da legislação soc ietár i a .
4 . 3 . 2 . 7 ) DESPESAS ADMINI STRATIVAS
Correspondem às despesas com pessoal próprio , serviços de
terceiros , public idade e propaganda , localização e
func ionamento e quaisquer outras despesas administrativas
diversas .
4 . 3 . 2 . 8 ) DESPESAS COM TRIBUTOS E CONTRIBUIçoES
Correspondem às despesas da seguradora com tributos e
contribuições que recolhe compulsori amente , como parte do seu
ciclo de operações . O imposto de renda não faz parte dessas
despesas uma vez que ele é calculado com base no lucro fiscal
do exercicio .
Cabe acrescentar que o Plano de Contas da SUSEP c lassifica
48
estas despesas como incluidas em despesas administrat ivas
sendo que muitas seguradoras optam por contabil iza- Ias
separadamente .
4 . 3 . 2 . 9 ) LUCROS ATRIBUlDOS :
São registradas nesta conta as quantias correspondentes aos
lucros atribu1dos aos segurados ou estipulantes do seguro em
apól ices de seguro de Vida Individual ou de Vida em Grupo ,
sej am elas emitidas diretamente pela seguradora ou através de
cosseguros aceitos de congêneres e retrocessões do IRE .
Trata-se pois de uma conta própria das seguradoras que operam
o ramo Vida .
4 . 3 . 2 . 10 ) RECEITAS/DESPESAS FINANCEIRAS
Correspondem as receitas líquidas decorrentes de aplicaçoes
em t itulas de renda fixa , titulos da divida pública , titulos
mobil iAr ia s , empréstimos garant idos , depÓSitos e fundos , ouro
e em outros at ivos financeiros ao longo do exerc1cio .
Caso a seguradora experimente um prejuízo financeiro ao longo
do exercicio , este valor deve ser contabilizado como despesa
finance ira sendo portanto lançado com valor negativo na
Demonstraç�o de Reaultado .
49
4 . 3 . 2 . 1 1 ) RESULTADO DE EQUIVALENCIA PATRIMONIAL
Corresponde ao acrésc imo ou diminuição do valor dos
investimentos em empresas col igadas ou controladas , após a
avaliação dos mesmos ao final do exercicio , pela equivalência
patrimonial .
4 . 3 . 2 . 12 ) DEPOSITOS COM O IRB
Correspondem
depósitos
às receitas de juros e correção monetária
retidos pelo I RB . Algumas seguradoras
dos
não
classificam esta conta separadamente , optando por inclui-la
no montante de receitas financeiras , já analisadas em
4 . 3 . 2 . 10 .
4 . 3 . 2 . 13 ) OUTRAS RECEITAS/DESPESAS OPERACIONA I S
São consideradas nesta conta a s receitas e despesas com
imóvei s , a provisão para devedores duvidosos e as
participações em lucros previstas em contratos junto aos
corretores , outras seguradoras ou ao I RB . São ainda
registradas nesta conta quaisquer outras receitas ou despesas
operacionais não cobertas por contas especificas j á
mencionadas anteriormente .
50
4 . 3 . 2 . 14 ) RESULTADO OPERACIONAL
Corresponde ao resultado da seguradora obtido a partir dos
premias retidos sendo deles subtraídos todos as despesas da
empresa com seu c iclo de operações .
4 . 3 . 2 . 15 ) OUTRAS RECEITAS/DESPESAS NAO OPERACIONAIS
São classificadas nesta conta as receitas e despesas
patrimoniais diversas , como por exemplo as participações em
lucros de outras - empresas , e também os lucros -ou prejuízos
decorrentes da realização de valores ativos da seguradora .
4 . 3 . 2 . 16 ) SALDO DE CORREÇAO MONETARIA DO ATIVO PERMANENTE E
PATRIMONIO LIQUIDO
Corresponde ao saldo resultado dos valores relativos à
correção monetária do Ativo Permanente , que representa um
ganho , e a correç&o monetaria do Patrimônio Liquido , que
representa uma perda . De forma análoga à explicação
apresentada no item 4 . 3 . 2 . 6 , esta conta apresenta sempre o
valor zero na coluna correspondente a correç&o integral .
4 . 3 . 2 . 17 ) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA
Corresponde ao resultado da seguradora apos deduzidas todas
as despesas operacionais e não operacionais efetuadas ao
5 1
longo do exercici o .
4 . 3 . 2 . 18 ) IMPOSTO DE RENDA
Corresponde ao imposto a ser recolhido junto à Receita
Federal , calculado com base no lucro obtido no exercicio .
4 . 3 . 2 . 19 ) PARTICIPAÇOES E CONTRIBUI ÇOES
Correspondem às participações e contribuições , não dedutive i s
do I mposto de Renda , que a empresa decida efetuar , como por
exemplo distribuição de parte dos lucros ao empregados .
4 . 3 . 2 . 20 ) LUCRO LIQUIDO
E o resultado final das operações da seguradora no exercicio
já deduzido todos os imposto s , despesas e contribuições .
4 . 3 . 3 ) DEMONSTRAÇAO DE ORIGENS E APLICAÇOES DE RECURSOS
Esta demonstração apresenta os recursos que contribuiram para
o capital de giro da empresa , fornecendo informa�ões quanto à
po lit ica de expansão da empresa e de como ela administra seus
recursos finance iros . Nao sera efetuado o detalhamento desta
conta no presente trabalho , uma vez que a mesma praticamente
não será util izada na obtenção dos indices financeiros do
52
metodo a ser proposto .
4 . 3 . 4 ) DEMONSTRAÇAO DAS MUTAÇOES PATRIMONIAIS
Esta conta apresenta a movimentação nas contas do Patrimônio
Liquido , ou sej a , os aumentos de capital por integralização
ou através de aproveitamento de reservas , os lucros retidos
no ano anterior e os aumentos e reduções ocorridos durante o
ano .
Esta demonstração se constitui em um apêndice do Patrimônio
Liquido e não será detalhada no presente trabalho uma vez que
não é util izado para o desenvolvimento do método a ser
proposto .
53
CAPITULO 5
o METODO IRIS MODELO ORIGINAL E
ADAPTACOES PROPOSTAS
54
5 . 1 ) OBJETIVO DO METODO
O sistema de informações de fiscalização de seguros IRIS
( Insurance Regulatory Information System ) foi desenvolvido
inicialmente em 1971 por um comite de orgaos fiscalizadores
de seguros dos estados norte-americanos , denominado NAI C
( National Association o f Insurance Commissioners ) , com o
obj etivo primario de auxiliar os departamentos estaduais de
seguro na execução de suas funções estatutárias de fiscal izar
as condições financeiras das companhias seguradoras .
Segundo a legislação norte-americana , todas as empresas ,
sejam e las de seguros ou não , são obrigadas a apresentar suas
demonstrações financeiras ao final de cada per10do fiscal ,
nos diversos estados onde as mesmas estão autorizadas a
operar . Obviamente nenhum estado tem condições de avaliar a
situação financeira de todas as empresas , imediatamente após
os recebimentos das respectivas demonstraçõe s . Assim sendo , o
IRI S auxilia a selecionar as companhias de seguro que merecem
maior prior idade na alocação dos recursos dos órgãos oficiais
nas atividades de fiscaliza�ão .
Convém frisar que o IRIS não se propõe a substituir as
anál ises financeiras dos departamentos estaduais de seguros .
O sistema visa apenas auxiliar tais departamentos em suas
funçoes fiscalizadoras .
55
5 . 2 ) AS FASES DO METODO
O método IRIS consiste de duas fases . A primeira é
estat istic a , onde são calculados os diversos índices
financeiros a partir das informações obtidas do balanço anual
e do demonstrativo de resultados das
Após isto segue-se a fase analitica ,
empresas
quando
anuais, os demonstrativos de resultados e
seguradoras .
os balanços
os indices
calculados são examinados por analistas finance iros .
5 . 2 . 1 ) A FASE ESTATISTICA
Os indices finance iros são a espinha dorsal do IRI S , uma vez
que todos os resultados obtidos nesta fase serão util izados
na fase analítica que se segue .
Segundo a NAI C Pub lication No 36 ( 1993 , p . 2 ) , diversos
estudos mostram que o IRIS tem sido bastante eficaz em
identificar companhias em apuros . No entanto , uma vez que as
condições econOmicas não são estaticas , os componentes de
cada indice são revistos anualmente e alterados sempre que
isto se faz necessário .
E importante observar que os índices obtidos são validos
apenas para identificar companhias com chances de estarem
56
enfrentando dificuldades financeiras , nao sendo eles por si
só indicat ivos de situação adversa . A real
financeira somente pode ser verificada após
anál ise por parte de profissionais habil itados .
condição
criteriosa
As faixas recomendadas para os resultados de cada indice têm
sido estabelec idas a partir de estudos de empresas que
ficaram insolventes , ou que enfrentaram
financeiros nos ult imas anos . Situar-se
sérios problemas
fora da faixa
recomendada em
necessariamente
um
que
determinado
a companhia
indice não
estej a
significa
enfrentando
dificuldades ; sinaliza apenas que deve ser verificado o que
está acontecendo . Normalmente , cerca de 15% ( quinze por
cento ) das companhias seguradoras americanas do ramo não-vida
analisadas apresentam quatro ou mais indices fora das faixas
recomendadas .
5 . 2 . 2 ) A FASE ANALITICA
Após a fase eetati et ica , o método IRIS recomenda que sej a
formada uma equipe de analistas financeiros com o obj etivo
de identificar que companhias merecem imediata atençao dos
órgãos fiscalizadores .
Ate 1988 , os analistas financeiros se dedicavam a estudar ,
57
nesta fase anal itica , os resultados das companhias que
tivessem obtido na fase estatistica quatro ou mais indices
fora das faixas recomendadas e também daquelas que mereceram
atenção imediata no ano anterior . Se houvesse tempo , eram
ainda analisados os indices das seguradoras com três
resultados fora das faixas e assim por diante . Após estas
anál ises , eram emitidos relatórios informando que companhias
requeriam atenção fiscalizadora imediata , bem como as causas
desta conclusão . Os relatórios informavam também as razões de
uma companhia não ser c lassificada para atenção fiscalizadora
imediata , caso ela t ivesse apresentado quatro ou mais valores
fora da faixa .
A partir de 1989 , a equipe de analistas passou a estudar os
resultados da fase estatistica de todas as companhias , para
depois então classificá-las da seguinte forma :
-Primeira prioridade para empresas que nessecitam de
atenção imediata .
-Segunda prioridade para empresas que exibem uma
tendênc ia adversa de solvência .
-Terceira prioridade para empresas que apresentam algum
tipo de variação muito brusca em seus indices durante o ano e
que necessitam ser analisadas , ainda que não demonstrem
tendências adversas de solvênc ia .
-Nenhuma prioridade para empresas que não apresentam
nenhuma indicação de necessidade de análise .
58
A gradacao de primeira ate nenhuma prioridade e , na verdade , ,
um indicador da ordem com que os departamentos estaduais
devem priorizar suas atividades de fiscal izaçao em relação às
diversas companhias em atividade .
Convém acrescentar que nem mesmo a designação de primeira
prioridade pode ser interpretada como garanti a de que a
companhia estej a passando por dificuldades finance iras . Cabe
portanto ao órgão fiscal izador , efetuar um estudo
compreensivo das demonstrações finance iras e dos fatores que
afetam os indices obt idos , para confirmar se a companhia
realmente necessita de uma maior atenção do controle oficial .
Juntamente à designação de prioridade em que cada companhia é
incluiua , a equipe de an�listas fornece também as razões que
levaram a tal c laSSificação .
5 . 3 ) OS INDI CES ORIGINA I S E AS ADAPTACOES PROPOSTAS
A fase estatistica do métdo IRIS util iza um total de 1 1
diferentes indices financeiros para a s companhias de seguros
do ramo não-vida e 12 indices para as seguradoras do ramo
vida . Neste trabalho serão abordados apenas os indices do
ramo não-vida , podendo a relação dos indices do outro ramo
59
ser obtida em Kaste lijn e Remmerswaal ( 1986 , p . 1 19 ) .
Os índices adotados para companhias de seguro do ramo não
vida , são classificados em quatro grupos principais:
5 . 3 . 1 ) Indices Gerais :
5 . 3 . 1 . 1 ) Razão entre Prêmios Retidos e Margem de Solvência
5 . 3 . 1 . 2 ) Variação de Prêmios Retidos
5 . 3 . 1 . 3 ) Razão entre Auxilio de Margem e Margem de
Solvência
5 . 3 . 2 ) Indices de Lucratividade :
5 . 3 . 2 . 1 ) Razão Operacional de Doi s Anos
5 . 3 . 2 . 2 ) Rentab il idade dos Investimentos
5 . 3 . 2 . 3 ) Variação da Margem de Solvencia
5 . 3 . 3 ) Indices de Liquide z :
5 . 3 . 3 . 1 ) Razão entre Compromissos e Bens Garant idores
5 . 3 . 3 . 2 ) Indice de Prêmios Atrasados
5 . 3 . 4 ) Indices De Reservas
5 . 3 . 4 . 1 ) Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das
Reservas e a Margem de Solvência
5 . 3 . 4 . 2 ) Razão entre o Desenvolvimento de Dois Anos das
Reservas e a Margem de Solvência
5 . 3 . 4 . 3 ) Razão entre o Erro da Reserva Est imada e a
Margem De Solvência
60
Ap�s o calculo dos 1 1 indices , as analises da segunda fase
devem começar a partir do exame dos resultados j á
encontrados . O analista deve observar não apenas que indices
se situam fora das faixas recomendadas , mas também o quanto
e les se afastam das c itadas faixas .
Serao agora descritos os procedimentos adotados para a
obtenção dos citados indices e também as alteraçOes efetuadas
para a adaptação à realidade brasi leira . Na abordagem de cada
um dele s , serão ainda analisados os possiveis resultados a
serem encontrados .
5 . 3 . 1 ) INDICES GERAI S :
5 . 3 . 1 . 1 ) Razão
Solvência ( RPM )
entre Prêmios Retidos e Margem de
Este indice é considerado um medidor do grau de exposição ao
risco da companhia seguradora , uma vez que o tamanho da
margem de solvência se constitui em um fator limitante ao
volume de prêmios que podem ser emitidos de mane ira segura ,
isto é , de forma a que variações inesperadas nos sinistros
não venham a por em risco a solvência da seguradora .
Chega-se a este indice pela fOrmula:
RPM = ( Prêmios Retidos / Margem de Solvênc i a ) x100 = < 300% ( 1 )
61
onde :
Os prêmios retidos sao obtidos diretamente das
demonstrações financeiras das seguradoras ;
- A margem de solvênc ia , doravante denominada apenas por MS ,
corresponde ao Patrimônio Liquido da seguradora , sendo dele
subtraidas apenas as ações da própria empresa mantidas em
carte ira , conforme definição de Troxel e Bouchie ( 1990 ,
p . 84 , 128 ) .
Cabe observar que o critério brasileiro de solvência adota
uma conceituação ligeiramente diferente para a MS . Segundo
Gonçalves ( 1992 , p . 74 ) , " . . . a Margem de Solvência é , por sua
vez , o próprio Ativo Liquido na metodologia em uso pe la
SUSEP" .
O Ativo Liquido , conforme definido na Resolução CNSP 08/87 , é
obtido a part ir do Patrimônio Liquido , sendo efetuados
ajustes que podem exigir o uso de informa�ões não disponive is
nas demonstrações financeiras das empresas . Tais ajustes são :
Adições :
- Lucros não realizados da carteira de ações e quotas de
fundos de investimentos de a�ões ;
- Receitas de exercíc ios futuros efet ivamente recebidas ;
62
Deducoes : ,
Destaque de capital para Departamento de Previdênc ia
Privada ( corrigido monetariamente ) ;
ParticipaçOes , diretas ou indiretas , em soc iedades
congêneres e/ou entidades abertas de previdência privada
de fins lucrat ivos , atualizadas pela equivalência
patrimonial ;
- Despesas antec ipadas ;
- Despesas de exercíc ios futuros efetivamente incorridas ;
No presente trabalho , serão calculados os valores dos
diversos índices do I RI S , adotando como margem de solvênc ia a
definição original do método . sendo o Patrimônio Liquido
obtido diretamente a partir das demonstrações financeiras das
seguradoras .
Conforme o valor deste índice se aproxima do l imite superior
da faixa recomendada ( 300% ) , faz-se necessário pesquisar
quais as causas da elevação encontrada . Nestes casos , a
presença de algum dos seguintes fatores , pode funcionar como
atenuante desta ocorrênc i a :
- A existência de uma menor RPM do grupo como um todo , caso a
companhia faça parte de um grupo de empresas afi liadas .
- A existência de lucros crescentes de forma estáve l .
- Uma baixa concentração de nesócios em linhas de seguros de
maior risco .
63
Uma adequada proteçao de resseguro contra catástrofes ,
grandes perdas , etc .
Um portfOlio de investimentos conservador e avaliado
corretamente .
5 . 3 . 1 . 2 ) Variaçao de Premios Retidos ( VPR )
Este indice indica o cresc imento ou a queda no vo lume de
prêmios retidos pela seguradora .
Calcula-se por :
VPR = [ ( Prêmios Retidos do Corrente Ano - Prêmios Retidos do
Ano Anterior ) 1 Prêmios Retidos do Ano Anterior ] x
x 100 >= - 33% =< 33% ( 2 )
Flutuações nos prêmios retidos fora da faixa recomendada de
+- 33% sinalizam a necessidade de uma anál ise de suas causas .
Tais resultados podem ser devidos A expansão das operações em
l inhas rentáveis e adiçao de novas l inhas de negóc ios , mas
também podem ser decorrência do aumento de prêmios emitidos
oriundos da prát ica de tarifas menores que as do mercado ,
numa estratégia de captação de recursos para quitação de
débitos financeiros , o que pode ser extremamente perigoso .
Resultados inferiores a -33% podem também indicar uma
acentuada reduçao do n1vel de operações , talvez por
dificuldades financeiras .
64
Resultados anormais neste indice indicam a necessidade da
análise conjunta de outros indices financeiros . Uma razão
relat ivamente baixa entre prêmios emitidos e margem de
so lvência ( indice 5 . 3 . 1 . 1 ) , associada a uma adequada razSo
operacional de dois anos ( indice 5 . 3 . 2 . 1 ) e indices adequados
de reservas ( indices 5 . 3 . 4 . 1 , 5 . 3 . 4 . 2 e 5 . 3 . 4 . 3 ) ,
acompanhados de um mix de produtos relativamente estáve l ,
geralmente permite A empresa operar de forma segura , mesmo
com indices desfavoráveis de variação de prêmios emitidos .
5 . 3 . 1 . 3 ) Razão
Solvência ( RAM )
entre Auxilio de Margem e Margem de
o método IRIS utiliza este indice com o obj etivo de medir a
queda percentual que ocorreria na MS das seguradoras que
operam no mercado americano , se as operações de resseguro
cedido fossem cance lada s .
o indice razão entre auxilio de margem e M S é definido por :
RAM = ( Auxilio de Margem I MS ) x 100 = < 25% ( 3 )
o auxilio de margem e formado pelas comissoes de resseguro
recebidas pe lo segurador primário referentes aos prêmios não
65
ganhos de resseguros cedidos para companhias não afil iadas .
As transações de resseguro entre companhias de um mesmo grupo
não são consideradas , uma vez que as operações de resseguros
internamente ao grupo poderiam mascarar o real auxilio de
margem de uma companhia independente . Uma vez que o auxilio
de margem não é diretamente reportado nas demonstrações
financeiras , ele pode ser est imado por :
Auxi l io de Margem = Taxa Est imada de Comissão em Resseguros x
x Prêmios Não Ganhos em Resseguros Cedidos para não
Afil iadas ( 4 )
Cabe observar que no Plano de Contas das seguradoras
americanas , as comissões de resseguros cedidos não são
diferidas , sendo imediatamente incorporadas â MS ,
independente do fato de ainda não ter decorrido o risco
integralmente , constituindo-se portanto em um efetivo auxilio
para a margem de so lvênc ia . Assim sendo , pode ocorrer que uma
parte significativa da MS seja composta por comissões de
prêmios não
estabil idade
ganhos em resseguros cedidos , de
da empresa sej a dependente
cooperação do ressegurador .
forma que a
da continua
No Plano de Contas da SUSEP , tais comissões sofrem
um tratamento contâbil diferente do procedimento americano .
No Brasi l , o segurador primario deve creditar na conta de
66
Despesas de Comercial izacao Diferidas a parcela da comissao ,
referente ao prêmio ainda não ganho do resseguro cedido . Ao
longo da vigência da apó l ice vão sendo lançados débitos na
conta de Despesas de Comercialização Diferida s , de forma que
as comissões de resseguros cedidos somente passam a integrar
a MS , após terem sido efet ivamente ganhas .
Constata-se portanto que para as empresas seguradoras que
operam no mercado brasi leiro , não existe sentido em se
calcular o lndice RAM , uma vez que as comissões de prêmios
não ganhos de resseguros cedidos não constituem auxi l io algum
para a MS , até que sej am efetivamente ganhas .
Com base no exposto , este indice não será util izado na
adaptação do Método IRI S ao mercado brasi leiro .
5 . 3 . 2 ) INDICES DE LUCRATIVIDADE
5 . 3 . 2 . 1 ) Razão Operacional de Do is Anos ( ROD )
A Razão Operacional de Dois Anos é um indice obtido a partir
da soma de três outros :
ROD = ( Sinistralidade de Dois Anos + Indice de Despesas de
Dois Anos - Indice de Receita dos Invest imentos de Dois
Anos ) x 100 =< 100% ( 5 )
67
onde ,
S inistralidade = ( Sinistros Retidos / Prêmios Ganhos ) ( 6 )
Indice de Despesas = ( Despesas de Comercial ização + Despesas
com Tributos e Contribuições + Despesas Administrativas -
- Outras Rece itas Operac ionais ) / Prêmios Retidos ( 7 )
Indice de Receita dos Invest imentos = Rece ita Liquida de
Investimentos / Prêmios Ganhos ( 8 )
Convém sal ientar que o método original define o Indice de
Despesas como a relação entre as despesas incorridas e os
prêmios retidos , conforme mostra a fOrmula ( 7 ) . Segundo
Troxel e Bouchie ( 1990 , p . 187 ) . . . . . a razão desta abordagem
deve-se ao fato de que os custos de comerc ial ização são
fun�ão dos prêmios - retidos , conforme as normas contábe is
adotadas . . . . . .
Conforme j á mencionado neste capitulo , o plano de contas
americano não efetua o diferimento das despesas de
comercialização , sendo portanto mais indicado que tais
despesas sejam divididas pelo vo lume de prêmios retidos de
forma a se obter um indice adequado de desempenho .
No entanto , pelo plano de contas da SUSEP , as deBpesas de
comerc ial ização que aparecem no demonstrativo de resultados
68
da seguradora , sofrem diferimento e correspondem , portanto ,
as despesas de comercial izacao relat ivas a competenci a do ,
periodo . Uma vez que as despesas administrativas , as depeRas
com tributos e contribui ções e as outras receitas
operac ionais são também aque las relat ivas à competênc ia do
per iodo analisado , a definição do Indice de Despesas deve
então sofrer uma alteração em sua adaptação para o mercado
brasi leiro , substituindo-se na formula os premios retidos
pelos prêmios ganhos .
o Indice de Despesas fica então :
Indice de Despesas = ( Despesas de Comerc ialização + Despesas
com Tributos e Contribuições + Despesas Administrat ivas -
- Outras Receitas Operac ionais ) / Prêmios Ganhos ( 7a )
As definições de Sinistral idade e do Indice de Receita dos
Invest imentos não sofrem alterações , uma vez que jã ut il izam
os prêmios ganhos em suas fórmulas .
Troxel e Bouchie ( 1990 , p . 221 ) apontam que a receita liquida
dos investimentos é composta pelos rendimentos financeiros ,
dividendos e receita de aluguéis , não inclu indo , no entant o ,
os ganhos ou perdas de capital decorrentes da realização de
ativos . Na adaptacao deste item para a real idade brasi le ira ,
adotou-se como rece ita l iquida dos investimentos o montante
69
obtido a part ir da soma do resultado financeiro com os
dividendos recebidos , acrescido ainda da rece ita de depositos
no I RB . A receita de aluguéis não fo i considerada pelo fato
de tal informaçao não estar dispon1ve l , separadamente , nas
demonstrações financeiras das seguradoras brasileiras ,
cabendo ressaltar que tal procedimento atua no sentido de
reduzir a receita l iquida de investimentos , sendo portanto um
critério conservador em termos de análise da solvência de
seguradoras .
o Indice de Receita dos Investimentos fica então :
Indice de Receita dos I nvestimentos = ( Resultado Financeiro +
+ Dividendos Recebidos + Receita de Depositos no IRB ) /
/ Prêmios Ganhos ( 8a )
Para a obtenção da ROD devem ser tomados os valores de dois
ano s , isto é , os valores adotados devem ser relativos aos
desempenhos do corrente ano e do anterior .
Os montantes referentes aos sinistros retidos , despesas de
comerc ialização , despesas
despesas administrativas ,
com tributos
receitas de
e contribuiçõe s ,
depositos no IRB ,
outras receitas operacionais , resultado financeiro ,
dividendos recebidos e premios ganhos sSo obtidos diretamente
da demonstraçao de resultados das empresas seguradoras . Cabe
70
observar que os dividendos recebidos sao informados na parte
relat iva à demonstração de origem e apl icação de recursos .
A razão final obtida desta forma indica a lucratividade das
operações de uma companh i a , sendo resultados inferiores a
100% indicadores de lucros , ao passo que um resultado
superior a 100% sinaliza a existencia de prej uízo nas
operações . Assim sendo , a faixa recomendada para os resutados
encontrados tem como limite superior o valor de 100% .
Resultados superiores a 100% neste teste indicam que a
seguradora terá que realizar ganhos de capital ou então
recorrer à sua margem de solvenc ia , de forma a poder saldar
seus compromissos e fechar seu c iclo operacional .
o teste se baseia em resultados de do is anos no
serem depuradas as flutuações causadas por
indevidas de receitas e custos entre dois
subsequentes .
intuito de
alocações
per iodos
A análise criteriosa dos três sub-indices que compõem a ROD
pode ser de grande auxilio na determina�ão das possive ia
causas de um mau desempenho de uma empresa , se e devido a um
alta sinistral idade
comercializaçao ou
ou a altos niveis
administrativas ou
retornos de seus investimentos .
7 1
de despesas de
ainda a baixos
5 . 3 . 2 . 2 ) Indice de Rentabil idade dos I nvestimentos ( IRI )
Este indice reflete a rentabilidade e a qualidade geral do
portfo l io de investimentos da seguradora , expressa sob a
forma de percentagem entre a receita l iquida dos
investimentos e a quantia média investida durante o ano .
Calcula-se este indice por :
IRI = [ Receita Liquida dos Investimentos / ( Caixa +
+ I nvestimentos Médios » ) x 100 >= 5% ( 9 )
A receita l iquida dos investimentos pode ser obtida
diretamente a partir da soma dos itens resultado finance iro ,
dividendos recebidos e receitas de depositos no IRE, conforme
expl icado no indice anterior .
Quanto ao denominador , o mesmo deve ser obtido a partir da
seguinte operaç&o :
Caixa + I nvest imentos Médios = 1/2 x [ ( A+C-F-E ) + ( B+D-G » )
( 10 )
onde ,
A , B = ( Ativo Circulante Disponivel + Ativo Circulante
Aplicaçoes + Ativo Permanente Imobilizado ) , do
corrente ano e do anterior ;
72
C , D = ( Titulos e Creditos a Receber ) , do corrente ano e do
anterior ;
E = ( Resultado Financeiro + Dividendos Recebidos +
+ de DepOsitos no I RE ) , do ano corrente , ou sej a ,
é idêntico ao valor do numerador ;
F , G = Empréstimos tomados de curto e de longo prazos , do
corrente ano e do anterior
Cabem aqui algumas observaçoes :
Os valores de ativo circulante di sponivel , ativo
circulante apl icaçoes , ativo permanente imobi l izado e t itulos
e créditos a receber são obtidos diretamente do ativo das
empresas .
Não são considerados empréstimos os montantes a serem
pagos ao ressegurador ou a outras seguradoras referentes a
atividades de resseguros e cosseguros . Neste item inc luem-se
apenas os empréstimos tomados junto a instituições
financeiras ou junto a empresas col igadas ou controladas .
O método inclui os imóve is da seguradora como parte do
montante de caixa e investimentos , porêm exclui as
participações acionárias em controladas e col igadas , talvez
por considerar que tais part ic ipações não sej am uma opção de
invest imento e sim uma condiçao inerente a sua existencia .
O procedimento de subtrair a rece ita liquida dos
invest imentos do [ caixa + investimentos] do final do ano
corrente visa obter um segundo valor para o [ caixa +
73
invest imentos] do final do ano anterior para , em conjunto com
o valor real , poder ser calculada uma media que e
interpretada como um valor ajustado para o [ caixa +
investimentos ] do final do ano anterior .
De forma a se trabalhar com valores que espe lham a
realidade , ao serem analisadas as demonstrações finance iras
de 1990 e 1991 das empresas que operam no Brasi l , devem ser
incluídos no denominador deste índice as quantias bloqueadas
pelo Banco Central em 15/03/90 .
Baixos indices de rentabil idade dos investimentos podem ser
causados por :
Investimentos que visam grandes ganhos de capital a longo
prazo , porem com pouco retorno de curto prazo . Cabe aos
analistas examinar criteriosamente estes investimentos quanto
às suas estabil idades e l iquidez .
- Grandes investimentos em instalações administrat ivas . Deve
ser verificada a real capacidade da empresa de suportar tais
investimentos , de forma a manter sua liquidez sem ter que
elevar , de modo acentuado , suas taxas de comerc ial ização .
Montantes significativos pagos a titulo de j uros de
emprést imo s . Mais uma vez cabe aqui uma atenção especial
quanto à liquidez da seguradora .
Despesas excessivas em seus invest imento s . Pode ser que o
montante de tais despesas estej a muito elevado devido ao mau
gerenciamento do portfolio de investimentos .
74
5 . 3 . 2 . 3 ) Variacao da Margem de So lvenc ia ( VMS ) ,
Este teste visa obter uma medida da melhoria ou da
deter ioração da condição financeira da seguradora durante o
ano , através da variaçao percentual de sua margem de
solvênc ia.
Cabe observar que nas demonstrações financeiras das
seguradoras americanas não existe a conta de Ativo referente
às Despesas de Comerc ial ização Diferidas . Assim sendo , antes
de se calcular a variação percentual da margem de Bo lvênc ia ,
é necessário que esta sofra um ajuste quanto às despesas de
comerc ialização , uma vez que elas reduzem de imediato a
margem , tão logo da emissào das novas apól ices , apesar de
serem devidas a todo o per iodo de cobertura aos segurados .
Ao se adaptar este indice para o mercado brasi leiro , deve-se
usar diretamente a margem de so lvência , obtida das
demonstra�ões finance iras , sem nenhum ajuste adicional , haj a
vista que a existencia da conta de Despesas de
Comercialização Diferidas impede que a margem de solvência
sej a reduz ida do valor correspondente as despesas de
comerc ializaçao , tao logo sejam emitidas as novas apo lices ,
independente do risco ainda por decorrer .
7 5
A forma de se calcular este indice , bem como sua faixa
recomendada é :
VMS = ( Variação Na Margem de Solvênc ia I Margem de Solvênc ia
Do Ano Anterior ) x 100 >= - 10% =< 50% ( 1 1 )
onde ,
Variação na Margem de Solvênci a = Margem de Solvência do
Corrente Ano - Margem de So lvênc ia do Ano Anterior ( 12 )
o l imite inferior da faixa recomendada para este índice ê
fixado pelo NAI C em - 10% , uma vez que resultados inferiores a
este valor podem indicar quedas muito preocupantes na margem
de solvência .
Quanto ao limite superior de 50% , sabe-se que não é comum que
uma companhia seguradora estâvel apresente um resultado que
exceda este valor . Apesar de um cresc imento
solvênc ia desta ordem de grandeza ser
na margem de
possivel , tal
desempenho
sinalização
insolvênc ia .
espetacular tende a ser interpretado como uma
de instab i l idade que pode antecipar uma
Segundo a NAI C publ icat ion No 36 ( 1993 , p . 17 ) ,
estudos efetuados em diversas seguradoras apontaram um
notãvel cresc imento deste índice pouco antes da inso lvênc i a .
Aumentos sensíveis neste índice podem ainda ser ocasionados
76
por alteracees no gerenc iamento , no controle ou mesmo na ,
propriedade da seguradora , enquanto que decréscimos são
geralmente devidos a resultados fracos nos investimentos ou
nas transações de risco propriamente ditas .
Alguns fatores como ganhos ou perdas de capital , pagamentos
de dividendos e alteraçoes nas operaçoes de resseguros podem
ser também responsáve is por grandes alterações neste indice .
5 . 3 . 3 ) INDI CES de LIQUIDEZ
5 . 3 . 3 . 1 ) Razao entre Compromissos e Bens Garantidores ( RCB )
Este indice fornece uma indicação da capacidade de uma
companhia seguradora de l i quidar seus débitos , util izando
para este fim os bens de que ela hoj e dispõe . Ele relaciona
portanto os compromissos a saldar como uma percentagem dos
bens garantidores , a saber :
RCB = ( Compromissos / Bens Garantidores ) x 100 =< 105% ( 13 )
o total de compromissos a saldar ê considerado como sendo a
di ferença entre o Passivo Total e o Patrimônio Liquido da
seguradora , ficando entao :
Compromissos = Passivo Total - Patrimônio Liquido ( 14 )
77
Bens Garantidores = Ativo Circulante Disponivel + Ativo
Circulante Aplicações + Titulos e Créditos a Receber +
+ Ativo Permanente Imobil izado + Prestações a Receber de
Prêmios Vendidos a Prazo ( 15 )
A fim de melhor adequar este indice para a util ização nas
seguradoras do ramo não-vida em operação no Brasil , são
propostas algumas adaptações :
o método IRI S não inclui no denominador deste indice o
valor referente aos investimentos efetuados em empresas
coligadas ou controladas . Apesar de não ser um at ivo com
l iquidez , deve-se ter em mente que o fato de fazer parte de
um grupo pode func ionar como uma espécie de garant ia à
continuidade dos negócios da seguradora , devido à
possibilidade de aporte de capital por parte do grupo em caso
de necessidade .
Na adaptação do método ao mercado brasileiro pensou-se em
duas hipoteses alternativas para contornar esta questão . A
primeira delas consiste em incluir-se também o Ativo
Permanente em Investimentos como parte dos bens garantidores
e a segunda corresponde a seguir o procedimento do método
original de nao incluir os investimentos em col igadas ou
controladas como parte dos bens garantidores , com a ressalva
78
de que caso se obtenha um resultado adverso para este teste ,
o mesmo deve ser repetido com base no balanco conso lidado do ,
grupo do qual a seguradora faz parte , para que se possa
verificar se o grupo , como um todo , tem condições de dar
suporte financeiro à seguradora .
Neste trabalho resolveu-se optar pela primeira alternativa ,
em virtude de se poder chegar a um resultado do teste
uti l izando apenas os dados das demonstracões financeiras da
própria seguradora .
Uma vez que os débitos oriundos de operações com o I RE e
com outras seguradoras fazem parte dos compromissos a saldar ,
recomenda-se então que os créditos operacionais com o IRE e
com outras seguradoras sejam incluldos nos bens garantidores ,
de forma a lançar no denominador uma contra-part ida aos
débitos de mesma natureza incluldos no numerador .
Recomenda-se na análise das demonstrações financeiras de
1990 e 1991 incluir-se nos bens garant idores os montantes
bloqueados pelo Banco Central , de forma a se tentar e l iminar
a influencia do c itado bloqueio neste resultado .
-Os valores referentes às prestaçoes a receber de apólices
vendidas a prazo nso sso informados nas demonstrações
financeiras . Uma vez que a conta Premios Emitidos a Receber
corresponde ao volume de prêmios ainda não pagos pe los
79
segurados , tanto os relativos às vendas a prazo como
os atrasados , será considerado conservadoramente
também
que o
montante referente às vendas a prazo corresponde a 50% dos
Prêmios Emitidos a Receber .
Com base nas adaptações e fetuadas , a fOrmula ( 15 ) passa para :
Bens Garantidores = Ativo Circulante Dispon1vel + At ivo
Circulante Aplicações + T1tulos e Créditos a Receber +
+ Ativo Permanente Imobil izado + Ativo Permanente
Investimentos + Créditos Operacionais IRB + Créditos
Operacionais Seguradoras + Cruzados Bloqueados + ( 0 . 50 x
x Prêmios Emitidos a Receber ) ( 15a )
Em virtude de se ter modificado o valor dos bens
garantidores , sobretudo com a inclusão dos investimentos em
col igadas e controladas , recomenda-se então reduzir a faixa
aceitáve l para a relação compromissos para bens garantidores
de 105% máximo para o limite de 100% . A fOrmula ( 13 ) passa
então para :
RCB = ( Compromissos / Bens Garantidores ) x 100 =< 100% ( 13a )
Os diversos valores a serem empregados nos cálculos devem ser
obtidos diretamente a partir das demonstrações financeiras
das seguradoras .
80
Segundo a NAI C publication No 36 ( 1993 , p . 19 ) , an�lises de
companhias insolventes têm mostrado que muitas de las , em seus
últimos anos de operação , apresentaram sensiveis e levações
neste indice .
E conveniente efetuar-se uma análise a respeito do tempo
necessário para a obtenção de caixa a partir dos bens
garantidores . Também é importante considerar o quanto se
conseguirá , na verdade , apurar atravas deles . Com base em
di ferenças entre os valores que aparecem nas demonstrações
financeiras e os valores de mercado , pode acontecer que
algumas empresas apresentem estimativas superavaliadas de
l iquidez com base em bens contabil izados a valores bastante
superiores aos do mercado . O contrário pode também acontecer ,
sobretudo no
contabil izados
Brasi l , onde diversos bens aparecem
apenas por seus valores histór icos , não
espelhando de forma alguma seus valores reais .
Assim sendo , resultados encontrados fora da faixa recomendada
para este indice devem conduz ir os analistas para um exame
adequado das reservas e dos reais valores de mercado dos
bens , no sentido de realmente se saber como esta a liquidez
da companhia .
81
5 . 3 . 3 . 2 ) Indice de Premios Atrasados ( IPA )
Este indice fornece uma indicação de quanto a MS da
seguradora está dependente de ativos de liquidez questionável
e que frequentemente não são convertidos em moeda corrente ,
caso a seguradora venha a sofrer liquidação ou intervenção .
o indice é calculado por .
IPA = ( Prêmios Atrasados a Receber I Margem de Solvência ) x
100 =< 40% ( 16 )
Segundo Troxe l e Bouchie ( 1990 , p . 28 , 60 ) , os prêmios
atrasados a receber correspondem aos prêmios ainda não
recebido s , devido a problemas de atraso de pagamento , sobre
apó l ices emitidas no periodo correspondente aos ültimos
noventa dias anteriores à data do balanço , liquidos das
comissões de agentes , somados aos prêmios não recebidos de
cosseguros e resseguros aceitos e subtraidos os prêmios não
pagos de cosseguros e resseguros cedidos . Como o indice se
refere apenas aos prêmios atrasados , não devem ser
considerados os montantes referentes às prestações vincendas
a receber oriundas de vendas a prazo .
Na adaptação à realidade brasile ira , a menos das comissões ,
os prêmios liquidos a receber podem ser calculados por :
82
Premios Liquidos a Receber = Premios Emitidos a Receber +
Créditos Operacionais IRE + Créditos
Seguradoras Débitos Operac ionais IRE
Operacionais Seguradoras
Operacionais
Débitos
( 17 )
onde todas as parcelas podem ser obtidas diretamente das
demonstraçOes finance iras das seguradoras .
Considerando-se de forma bastante conservadora que 33% dos
prêmios a receber se referem aos prêmios em atraso sobre
apó l ices emitidas no periodo correspondente aos últimos
noventa dias anteriores à data do balanço , o valor dos
Prêmios Atrasados a Receber pode ser aproximado por :
Prêmios Atrasados a Receber = 0 . 33 x Prêmios Liquidos a
Receber ( 18 )
O procedimento adotado para o calculo dos premios atrasados a
receber tende a encontrar um valor superior ao real , sendo
portanto conservador , devido a do is pontos principais :
- Não foram consideradas as comissOes , o que reduziria o real
valor dos prêmios a receber .
O indice de 33% de atraso nos premios a receber e
extremamente alto e somente em uma seguradora com sérios
83
problemas em seu setor de cobranças este índice poderia ser
encontrado .
Cabe ainda observar que para que este índice realmente
fornecesse uma correta indicacão de quanto a margem de
solvênc ia está dependente de ativos de liquidez questionável ,
deveria ser considerada no numerador apenas a parce la de
prêmios atrasados a receber relativa aos riscos j á
decorridos , uma vez que a parcela de prêmios referente aos
riscos não decorridos ainda faz parte das reservas , não tendo
portanto ainda sido incorporada à margem de solvênci a .
Para que sej a poss1vel o cAlculo deste 1ndice utilizando-se
apenas informações obtidas a partir das demonstrações
financeiras das seguradoras brasileiras , não esta sendo
levada em conta , neste trabalho , a questão dos prêmios
atrasados serem relativos a riscos j A decorridos ou não .
84
5 . 3 . 4 ) INDI CES de RESERVAS
Da forma como as demonstracees financeiras sao efetuadas ,
pelas seguradoras no Bras i l , não são fornecidos nos balanços
contabeis os dados necessarios para o calculo dos três
indices de reservas do IRI S , ficando portanto impossive l , a
part ir das informaçOes hoj e publ icamente disponive i s , a
obtenção dos três indices de reservas .
Com o obj etivo de completar a descricão dos onze itens do
IRI S , serão apresentados a seguir os indices de reservas ,
sabendo-se a priori que , por ora , os mesmos não serão
apl icados para as seguradoras do mercado brasi leiro .
5 . 3 . 4 . 1 ) Razão entre Desenvolvimento de Um Ano das Reservas e
a Margem de So lvênc ia ( DRM1 )
Uma boa forma de examinar as práticas de constituição de
reservas de sinistros de uma seguradora e comparar o
desenvolvimento dos custos de sinistros com as provisões
efetuadas para os mesmos .
Assim sendo , a adequaçao das reservas efetuadas ao final do
ano anterior pode ser medida comparando-se as mesmas com o
total de pagamentos efetuados durante o corrente ano ,
85
relat ivos aos contratos j a existentes ao final do ano
anterior , acrescido das reservas ainda existentes ao final do
corrente ano , re lativas aos mesmos contratos . Este indice
fica então :
DRM1 = ( Desenvolvimento de Um Ano das Reservas I Margem de
onde ,
Solvência do Ano Anterior ) x 100 =< 25% ( 19 )
Desenvolvimento de Um Ano das Reservas = Pagamentos de
Sinistros e fetuados durante o ano relativos aos
Contratos j á existentes ao final do ano anterior +
+ Provisôes ao final do corrente ano
mesmos contratos Provisôes ao
anterior
relativas
final do
aos
ano
( 20 )
Resultados acima de 25% indicam a necessidade de uma análise
mais profunda no sentido de se verificar a causa da
defic iência de reservas , focando-se tal estudo na
determinação de que l inhas de negócios causaram a deficiência
e na averiguação a respe ito da intencional idade ou não de se
ter subaval iado as reservas .
Convém ressaltar que um valor positivo para o desenvolvimento
de um ano das reservas indica uma subaval iaçao de reservas ,
enquanto que valores negativos evidenciam uma superavaliação
das mesmas .
86
Uma forma de se verificar se as reservas estao sendo
propositadamente subavaliadas , consiste em ana l i sar os
valores dos índices de desenvo lvimento de um e dois anos das
reservas , DRM1 e DRM2 , dos últimos exerc ícios . Se as reservas
tiverem sido frequentemente subavaliadas ou se os resultados
do indices de do is anos são consistentemente piores que os
índices de um ano , isto normalmente e interpretado como um
forte indic io de problemas na seguradora .
5 . 3 . 4 . 2 ) Razão entre o Desenvolvimento de Dois
das Reservas e a Margem de Solvência ( DRM2 )
Anos
Para calcular o Desenvo lvimento de Dois Anos das Reservas , as
reservas de sinistros a l i quidar ao final do segundo ano
precedente são comparadas com o total de pagamentos sobre
e l as efetuados no ano anterior e no corrente ano acrescido
das reservas sobre tais sinistros ainda existentes ao final
do corrente ano .
Este indice é então obtido por :
DRM2 = ( Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas / Margem de
So lvenc ia do Segundo Ano Precedente ) x 100 =< 25% ( 2 1 )
87
onde ,
Desenvolvimento de Do is Anos das Reservas = Pagamentos de
Sinistros efetuados ao longo do corrente ano e do
anterior relativos aos contratos j a existentes ao
final do segundo ano precedente + Provisões ainda
existentes ao final do corrente ano relativas aos
mesmos contratos - Provisões ao final do segundo ano
precedente ( 22 )
Valem para este índice as mesmas observações efetuadas para o
anter ior .
5 . 3 . 4 . 3 ) Razão entre o Erro da Reserva
Margem de Solvência ( ERE )
Este lndice tem por finalidade est imar
Est imada
a sub
e a
ou
superaval i ação de reservas do corrente ano , util izando para
isto os desenvolvimentos de um e dois anos das reservas ,
calculados nos índices anteriores .
Para se chegar a este índice é necessário um roteiro de
cálculos um pouco mais trabalhoso que o empregado nos
anter iores , a saber :
88
ERE = ( Erro De Reserva Est imada / Margem De Sol vencia ) x
onde ,
x 100 =< 25% ( 23 )
Erro de Reserva Est imada = Estimativa de Reservas Requeridas-
- Reservas Efetuadas no corrente ano
Est imativa de Reservas Requeridas
corrente ano x Taxa Média de
para Prêmios
= Premios
Reservas
( 24 )
Ganhos no
desenvolvidas
( 25 )
Taxa Média de Reservas Desenvolvidas para Prêmios = 1/2 x
x [ Taxa de Reservas desenvolvidas para Prêmios do ano
anterior + Taxa de Reservas desenvolvidas para Prêmios
do segundo ano precedente ] ( 2 6 )
Taxa de Reservas Desenvo lvidas para Prêmios do Ano Anterior =
= ( Reservas
+ Desenvolvimento
efetuadas no ano anterior +
de Um Ano das Reservas ) / Prêmios
Ganhos do ano anterior ( 27 )
Taxa de Reservas Desenvolvidas para Premios do Segundo Ano
Precedente = ( Reservas e fetuadas no segundo ano
precedente + Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas )
/ Premios Ganhos do segundo ano precedente ( 28 )
89
Resultados neste lndice podem ser distorcidos por trocas
sign ificativas no volume de premios . Um aumento muito
acentuado no vo lume de prêmios ganhos pode produzir uma
indicação de deficiência maior que a real .
Precisa-se portanto de cuidado ao se analisar este lndice uma
vez que ele compara uma reserva real com uma estimativa da
reserva requerida que , como toda est imativa , tem uma margem
de erro ne la embutida .
5 . 4 ) OS iNDICES CRIADOS
Com a eliminação de quatro dos onze lndices do Método IRIS
original , alguns aspectos fundamentais da atividade
seguradora ficaram sem nenhum parâmetro de investigação , como
por exemplo os volumes de reservas técnicas e os montantes
envo lvidos em operaçOes de cosseguros e resseguros .
Existiu po is a necessidade de serem criados alguns novos
indices , de forma a preencher os possiveis vaz ios de ixados
quando da adaptação do Método IRIS ao mercado brasile iro .
Foram então gerados três novos indices , 0 6 quai s serão
descritos a seguir .
90
5 . 4 . 1 ) Retorno sobre a Margem de Solvenc ia ( RM S )
Segundo Horta ( 199 1 , p . 5 ) , podem ser considerados como
objet ivos permanentes de uma seguradora :
a ) Melhorar os seus resultados finais relativamente ao
período financeiro anter ior ;
b ) Melhorar a sua capacidade de penetracao no mercado ;
c ) Aumentar o seu ativo , capacidade financeira e liquidez ;
Uma empresa seguradora que opere sistematicamente de forma
defic itária nao conseguirá a médio prazo atingir os objet ivos
citados , e somente poderá garantir a sua permanência no
mercado às custas de aportes de capital por parte de seus
acionistas .
A questao da sobrevivênc ia de uma empresa deficitária torna
se ainda mais critica no Brasil onde , devido às altas taxas
de inflação verificadas nos últimos anos , é possível a
obtenção de ganhos reais superiores a 20% ao ano , apl icando
se no mercado finance iro .
Em um ambiente atipico como este , qualquer empresa que
sistematicamente não apresente lucro , seja ela seguradora ou
nao , tende a desaparecer do mercado , uma vez que os
acionistas tem a alternativa de auferir lucros reais
9 1
significativos em operações financeiras , utilizando para isto
o capital que antes estava investido na empresa .
No caso espec ifico das seguradoras , o prejuizo ao final do
exerc 1cio irá implicar em uma diminuição da MS da empresa ,
provocando assim uma redu�ão da capacidade de reten�ão de
riscos da seguradora .
A não ser que haj a um aporte de capital dos acionistas , o
prej u1zo resultante das operações irá obrigar a seguradora a
trabalhar com um menor "buffer " para fazer frente a sinistros
inesperados , o que significa uma maior exposição da empresa a
poss1veis problemas de insolvênc i a , caso a seguradora
continue operando nos mesmos patamares de riscos
Criou-se entao o índice Retorno sobre a Margem de So lvenc ia ,
definido por :
RMS = [ ( A + B ) I ( C + D ) ) x 100 >= 0% ( 29 )
onde ,
A - Lucro liquido do corrente ano ;
B - Lucro liquido do ano anterior ;
C - MS do ano corrente ;
D - MS do ano anterior ;
92
o teste se baseia em resultados de dois anos com o obj et ivo
de que sej a detectada apenas uma real situacao deficitaria
por parte da seguradora , e não um prejulzo esporádico iso lado
que pode ocorrer como fruto de um exerc lcio atlpico , sem que
isto necessariamente indique que a seguradora esteja
atrvessando dificuldades .
Pela formul a ( 29 ) , verifica-se que se uma seguradora
apresentar prejulzos em dois exerc lcios consecutivos ou se o
prejulzo de um ano for superior em módulo ao lucro do outro
ano , o seu RMS será inferior a zero , quaisquer que sej am suas
MS ' s , indicando portanto o não atendimento a este indice .
Ainda assim , deve ser calculado o RMS para que se possa
avaliar o quanto representam estes resultados em relação às
margens de solvênc i a . Tal valor é de suma importância para
que se possa analisar a magnitude das dificuldades
financeiras , caso existam , enfrentadas pe la seguradora .
5 . 4 . 2 ) Indice de Sinistros a Liquidar ( I SL )
Um dos primeiros sintomas de que uma seguradora está
enfrentando dificuldades financeiras constitui-se no atraso
dos pagamentos das indenizaçoes aos segurados , por falta de
caixa da empresa para o cumprimento de suas obrigações
contratuais .
93
Quando isto ocorre , verifica-se na seguradora um cresc imento
anormal do montante relativo aos sinistros pendentes , o que
contabi lmente pode ser verificado pe lo aumento da conta de
Sinistros a Liquidar .
Foi então criado o Indice de Sinistros a Liquidar com o
objet ivo de comparar a evolução percentual da reserva de
Sinistros a Liquidar com a evolução percentual dos Sinistros
retidos , do ano corrente em relação ao anterior . Este indice
é definido por :
1 SL = [ ( A - B l /B - ( C - D l /D J x 100 =< 20% ( 30 l
onde ,
A - Sinistros a l iquidar do corrente ano ;
B - Sinistros a liquidar do ano anterior ;
C - Sinistros retidos do corrente ano ;
D - Sinistros retidos do ano anterior ;
A fórmula ( 30 ) indica que a evoluçãO percentual da Reserva de
Sinistros a Liquidar pode ser no máximo 20% m�ior que a
evolução percentual dos sinistros Retidos . Quando isto não se
verifica , o montante de sinistros pendentes está aumentando
bem ac ima do aumento do montante de sinistros , o que pode
indicar problemas financeiros por parte da seguradora .
94
5 . 4 . 3 ) Indice de Transferenc ia de Premios ( ITP )
Quando uma seguradora se depara com problemas de caixa , ela
pode se senti r tentada a reduzir seu volume normal de
resseguros e cosseguros cedido s , v isando reter o maior volume
possivel de prêmios para poder saldar seus compromissos
pendentes .
Nestas situações a empresa pode inc idir no grave erro de
assumir riscos que normalmente deveriam ser em parte
repassados , o que acaba por expor a seguradora a uma possivel
insolvênci a , pelo fato d e trabalhar em um patamar de riscos
superior â capacidade tecnicamente recomendáve l de sua margem
de solvência .
Foi então criado o Indice de Transferênci a de Prêmios com o
obj etivo de comparar a evolução percentual do volume de
prêmios cedidos com a
emitidos , sendo estes
evo lução
�ltimos
percentual
considerados
dos prêmios
antes das
transferências dos prêmios . O novo indice é definido por
ITP = [ ( A+B-C-D ) / ( C+D ) - ( E+A+B-F-C-D ) / ( F+C+D ) ] x 100 >= -20%
( 3 1 )
95
onde ,
A - Resseguros cedidos do corrente ano ;
B - Cosseguros cedidos do corrente ano ;
C - Resseguros cedidos do ano anterior ;
D - Cosseguros cedidos do ano anterior ;
E - Premios retidos do corrente ano ;
F - Prêmios retidos do ano anterior ;
A formula ( 31 ) indica que a evolução percentual dos prêmios
cedidos não pode ficar mais que 20% abaixo da evolução
percentual dos prêmios emitidos , sob a hipótese de estar a
seguradora operando em um nivel de riscos superior ao
recomendável .
5 . 5 ) A APLI CAçAO DO METODO
Conforme j á mencionado no Capitulo 4 , as demonstrações
financeiras publicadas pelas empresas seguradoras em
atividade no Brasil obedecem a Circular SUSEP número 027 de
28/12/88 , que aprovou a reformulação do plano de contas das
sociedades seguradoras , instituido pela Resolução número
031/78 e Circular SUSEP número 05/79 .
Uma vez divulgadas as demonstrações financeiras de uma
9 6
seguradora , seu nível de solvenc ia pode ser prel iminarmente
avaliado a partir da obtenção dos dez indices componentes do
Método IRIS adaptado , doravante denominado MIA , permitindo
assim verificar o número de indices que se situam fora das
faixas recomendadas e , dentre estes , de quanto os mesmos se
afastam dos l imites pré-estabelecidos das faixas aceitáveis .
Para a aplicação
inicialmente um
do
total
modelo ,
de 49
é necessário
valores a
extrair-se
partir das
demonstraçoes financeiras divulsadas pelas seguradoras ao
final de cada exerc icio . São elas :
- Ativo c irculante disponivel do ano corrente ;
- Ativo circulante disponivel do ano anterior ;
- Ativo circulante aplicações do ano corrente ;
- Ativo circulante aplicações do ano anterior ;
- Prêmios emitidos a receber do ano corrente ;
- Titulos e créditos a receber do corrente ano ;
- Titulos e créditos a receber do ano anterior ;
- Créditos operacionais IRE do ano corrente ;
- Créditos operac ionais seguradoras do ano corrente ;
- Ativo permanente investimentos do ano corrente ;
- Ativo permanente imobi l izado do ano corrente ;
- Ativo permanente imobilizado do ano anterior ;
- Ativo total do ano corrente ;
- Sinistros a liquidar do ano corrente ;
- Sinistros a liquidar do ano anterior ;
- Debitos operac ionais I RE do ano corrente ;
97
- Débitos operacionais seguradoras do ano corrente ;
- Empréstimos de curto prazo do anop corrente ;
- Empréstimos de curto prazo do ano anterior ;
- Emprést imos de longo prazo do ano corrente ;
- Empréstimos de longo prazo do ano anterior ;
- Patrimônio liquido do ano corrente ;
- Patrimônio liquido do ano anterior ;
Prêmios de resseguros cedidos do ano corrente ;
Premios de resseguros cedidos do ano anterior ;
Prêmios de cosseguros cedidos do ano corrente ;
- Premios de cosseguros cedidos do ano anterior ;
- Prêmios retidos do ano corrente ;
- Prêmios retidos do ano anterior ;
Prêmios ganhos do ano corrente ;
Premios ganhos do ano anterior ;
Sinistros retidos do ano corrente ;
Sinistros retidos do ano anterior ;
- Despesas de comerc ial izaçao do ano corrente ;
Despesas de comercial ização do ano anterior ;
Despesas administrat ivas do ano corrente ;
Despesas administrat ivas do ano anterior ;
Despesas com tributos e contribuiçoes do ano corrente ;
- Despesas com tributos e contribuiçOes do ano anter ior ;
- Receitas/despesas financeiras do ano corrente ;
Receitas/despesas financeiras do ano anterior ;
Receitas de depositos no I RE do ano corrente ;
98
- Receitas de depósitos no I RE do ano anterior ;
- Outras receitas/despesas operacionais do ano corrente ;
- Outras receitas/despesas operacionais do ano anterior ;
- Lucro l íquido do ano corrente ;
- Lucro l i quido do ano anterior ;
- Dividendos recebidos do ano corrente ;
- Dividendos recebidos do ano anterior ;
Convém ressaltar que os valores a serem extraidos diretamente
das demonstrações financeiras das seguradoras , devem ser
aqueles obtidos pe lo critério da corre�ão integral , e não
aqueles referentes ao critério da legislação societár i a . Tal
precaução é de fundamental importânc ia para que os resultados
encontrados nos diversos indices não estejam distorcidos
pelas altas taxas de inflação registradas no Brasi l .
Cabe ainda comentar que ao serem usados nas diversas fórmulas
os valores relativos ao ano corrente e ao ano anterior , ambos
devem estar expressos em moeda com a mesma data-base . O
critério da correção integral j á divulga os valores
referentes ao ano anterior corrigidos monetariamente para a
data de encerramento do ano corrente , podendo portanto tais
valores ser utl izados diretamente nas equaçOes dos indices .
O cálculo dos indices corresponde à fase estat istica do
Método IRI S . Uma vez obtidos os indices pode-se então passar
à fase analitica do método , que corresponde à avaliação
99
tscnica dos resultados encontrado s , a ser efetuada por
anal i stas financeiros espec ial izados em so lvênc ia de
seguradoras .
100
CAPITULO 6
O TESTE DO METODO IRIS ADAPTADO
101
6 . 1 ) A AMOSTRA
Existem hoj e em atividade , no Brasi l , seguradoras de diversas
origens , como por exemplo empresas ligadas a bancos e
empresas estatai s , dentre outras . Tais seguradoras costumam
seguir di ferentes criterios de operacao , conforme ,
estabelecidos pelos respectivos acionistas maj oritârios .
Gal iza ( 1992 , p . 61 - 63 ) classifica as seguradoras em quatro
grandes grupos , a saber :
a ) Grupo I - Financeiras ou ligadas a bancos - sso aque las
ligadas a algum banco privado nacional , isto é , são
controladas ou coligadas a algum banco ;
b ) Grupo 1 1 - Estrange iras - são aque las cuj a maior parte
de seu capital pertence a empresas multinacionais de
seguros , a empresas estrangeiras ou a bancos de capital
externo ;
c ) Grupo 1 1 1 - Estatais - são aquelas l i gadas aos governos
estaduais ou federal , sendo tal l i gação geralmente efetuada
através de um banco do governo ;
d ) Grupo IV Independentes - sso aquelas ligadas a
investidores nac ionais privados , que não sej sm banco s ;
102
A fim de se testar o M I A , resolveu-se adotar esta
classificação que divide as seguradoras em quatro grupos
principais , sendo no entanto cr iado um quinto grupo extra,
formado por seguradoras que sofreram intervenção da SUSEP nos
últ imos quatro anos .
A amostra de cada um dos quatro primeiros grupos foi formada
por c inco diferentes seguradoras do ramo nao-vida , tendo-se o
cuidado de escolher empresas com diferentes niveis de
performance dentro do grupo .
Para cada empresa pertencente aos quatro
foram calculadas tres séries de dez
primeiros grupos ,
1ndices , relativas
respect ivamente às demonstrações financeiras de 1990 , 1991 e
1992 por elas divulgadas .
Tal procedimento assegurou portanto , quinze séries de indices
para cada um dos grupos I , 1 1 , 1 1 1 e IV .
No quinto grupo , infelizmente , somente fo i possivel obter
quatro séries de indices , sendo duas delas re lat ivas às
demonstrações finance iras de duas diferentes seguradoras e as
outras referentes às demonstrações de 1990 e 1991 de uma
terceira seguradora .
Para a obtenção das sér ies de indices foram extrai dos os 49
103
valores c itados no item 5 . 5 deste trabalho , diretamente das
demonstracoes financeiras publ icadas . ,
Cabe registrar que os valores referentes aos ativos
monetários , passivos monetários e contas de demonstrativos de ·
resultados relat ivos ao ano de 1989 e obt idos na co luna de
ano anterior das demonstraçoes de 1990 , tiveram que ser
multiplicados por 2 . 0048 antes de serem ut i l izados nas
formulas , de forma a corrigir a defasagem ocorrida entre a
variação da BTNf e do I PC ao longo de 1990 . Maiores
informações sobre este fator de correção podem ser
encontradas em Gonçalves ( 1992 , p . 80 ) .
6 . 2 ) O PROCEDIMENTO ESTATISTICO PROPOSTO
A partir de cada demonstração financeira de um determinado
exerc 1cio é obt ida , pela aplicação do MIA , uma série de
resultados dos dez 1ndices , podendo então �er registrado o
respectivo número de índices desfavoráveis por demonstra�ão
financeira , doravante denominado NIDDF .
Uma vez que existem c inco seguradoras em cada amostra dos
quatro prime iros grupos , pode ser entao um conjunto de 15
N I DDF ' s por grupo . A partir destes quinze valores pode-se
estati sticamente calcular o valor médio e o desvio padrão dos
104
15 NIDDF ' s , denominados x L e d . , onde •
i representa cada
diferente grupo .
Para o grupo V , formado por seguradoras que sofreram
intervençao da SUSEP nos ult imos quatro anos , calcula-se de *
forma análoga o valor médio dos 4 N I DDF ' s , denominado x .
* De posse de x
então possivel
e dos quatro pares ordenados (x. , d . ) , é
sugerir um procedimento
L. •
estatístico
objet ivando definir a percentagem de seguradoras a serem
analisadas com mais rigor em cada grupo . Tal percentagem é *
obtida pe la aplicaçao de x nas curvas normais definidas
pelos parametros x . e d . para cada um dos grupos I , l I , 1 1 1 e • •
IV .
Este procedimento é mostrado na Figura 3 , onde a área
hachurada corresponde a percentagem de seguradoras a serem
criter iosamente analisadas no respectivo grupo .
x . x� ,
Figura 3 - Definiçao da percentagem de anAlise
105
Neste trabalho os valores e d . de cada grupo serao L
obtidos , por simplificação , a partir das três demonstrações
financeiras de cada uma das c inco seguradoras de cada grupo .
Na prática , uma vez publicadas as demonstraçoes das
seguradoras ao fim do exerc lcio , os valores x . e d. de L L
cada
grupo devem ser calculados util izando-se os resultados
oriundos da aplicação do MIA nas seguradoras , em atividade ,
integrantes de cada grupo .
A percentagem calculada desta forma , quando mult ipl icada pelo
número total de seguradoras em atividade em cada grupo , ira
indica� a quantidade de empresas a serem anal isadas com maior . .
rigor em cada grupo .
E importante acrescentar alguns procedimentos adicionais ,
visando aumentar ainda mais a eficácia do método proposto , a
saber :
a ) O número de empresas a serem criteriosamente analisadas
em cada grupo deve corresponder ao primeiro inteiro
imediatamente superior ao resultado obtido na multiplicação
da quantidade de seguradoras pel a percentagem extra1da da
curva normal . Este procedimento assegura que pelo menos uma
seguradora de cada grupo sej a criteriosamente investigada ,
por melhor que sejam os desempenhos de seus componentes .
106
b ) Uma vez definido o nttmero de empresas a serem
investigadas em cada grupo , estas devem ser selec ionadas
com base na quant idade de indices desfavoraveis que as
mesmas apresentaram . Caso haja empate , deve ser escolhida a
empresa que registrou desempenho desfavorAvel no indice de
maior incidência de resultados adversos do grupo V .
Permanecendo ainda o empate , deve-se utlizar então o indice
de segunda maior incidência de resultados adversos do grupo
V , e assim por diante .
c ) Qualquer seguradora que apresentar quatro ou mais
resultados fora das faixas recomendadas , deve ser
investigada independente de ter sido ou não selec ionada
pelos critérios j á descritos . Este limite de quatro indices
adversos foi por muito tempo adotado pelo Método IRIS
original .
6 . 3 ) OS RESULTADOS ENCONTRADOS
Os resultados obtidos pela aplicação do MIA nos diferentes
grupos de seguradoras da amostra , são apresentados nas
Tabelas 1 a 5 . Além dos nttmeros de indices fora das faixas
recomendadas , calculou-se também em cada um dos grupos , os
valores médios dos resultados de cada indice .
As c itadas tabelas são apresentadas a seguir
107
TABELA 1 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS LIGADAS A BANCOS
INDI CES E FAIXAS DE ACEITACAO
RPM MAX 300%
NUMERO DE
INDICES
15
: VPR : 15 : : MIN-33% , MAX 33% : l --------------- l ---------
ROD MAX 100%
IRI MIN 5%
I I 15
15
' - - - - - - - - - -- - - - - : - - - - - - - - -
VMS 15 MIN- 10% , MAX 50% :
RCB 15 MAX 100%
I NCIDENCIA QUANTITATIVA
FORA DA FAIXA
INCIDENCIA PERCENTUAL
FORA DA FAIXA
o 0 . 0%
3 20 . 0%
--- --- -- - - - - - - , - ------ - - - - - - -
3 20 . 0%
VALOR MEDIO DO
INDICE I I I I
- - - - - - - - - - - - l 87 . 1 :
I I
- - - - - - _ _ _ _ _ _ 1 I
10 . 1 :
- - - - - - - - - - - - l 84 . 4 :
-- --- - - - --- -- - --- -- --- - - - -- - - - - - - - - - - - - - : 2 13 . 3% 20 . 2 :
I ,
-------------- -------------- ------------ l 1 , 6 . 7% , 9 . 4 :
, , , ,
-------------- : -------------- : ------------ l
O : 0 . 0% : 44 . 7 : I I
, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ : _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1
IPA MAX 40%
15 O 0 . 0% : 6 . 5
RMS MIN 0%
ISL MAX 20%
ITP MIN -20%
15 o I
--------- l --------------15 : 2
15 2
--------------- l --------- --------------
TOTAL 150 13
0 . 0%
13 . 3%
13 . 3%
8 . 7%
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
108
10 . 9
-27 . 1 ,
------------ l 5 . 3 :
TABELA 2 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS ESTRANGEI RAS
INDICES E FAIXAS DE ACEITACAO
RPM MAX 300%
VPR MIN-33% , MAX 33%
NUMERO DE
INDICES
15
15
INCIDENCIA INCIDENCIA : VALOR MEDIO QUANTITATIVA : PERCENTUAL : DO
FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA : INDICE - - -- - -- -- - - - - - - - - - - --- - - - ---- : - - - - - - - --- - -
3 : 20 . 0% : , , , ,
207 . 9
- - --- --- - - - - --- - - - - - - - - - - - -- - : - - - - - - - --- - -
3 : 20 . 0% : -2 . 5
- - - - - - _ _ _ _ _ _ 1
ROD MAX 100%
IRI MIN 5%
1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
VMS MIN- 10% , MAX 50%
RCB MAX 100%
I PA MAX 40%
RMS MIN 0%
15
15
15
15
15
15
5 33 . 3%
1 6 . 7%
5 33 . 3%
5 33 . 3%
1 6 . 7%
- - - - - - - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - - - -
6 : 40 . 0% , ,
- - - - - - - - - -- - - - , - - - - - - ----- - --
,
89 . 6 :
- - - - --- ----- : 12 . 8 :
, ,
- - - - - -- -- - - - 1 18 . 8 :
- - - - - - --- - - - : 77 . 0 '
20 . 3
- 13 . 3
I SL 15 3 20 . 0% -7 . 7 MAX 20%
- - - - --- ---- -- - - - - - - - - --- -- - - - - - - -- - - -- - - - ---- - ---- -- --- - - - --- - - -
ITP 15 3 20 . 0% -0 . 5 MIN -20%
--------------- 1 --------- -------------- - - --- - - - - - - - -- - --- - - - - - --- -
TOTAL : 150 35 23 . 3% , ,
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- -- - - - - - - - - -- - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - --
109
TABELA 3 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS ESTATAI S
INDI CES E FAIXAS DE ACEITACAO
RPM MAX 300%
NUMERO INCIDENCIA INCIDENCIA : VALOR MEDIO DE : QUANTITATIVA : PERCENTUAL : DO
INDI CES : FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA : INDICE --- - ----- : --------- ----- -------------- : ------------
15 : 3 20 . 0% : 178 . 7 I I
--------- 1 -------------- ---- --------I
VPR MIN-33% , MAX 33%
15 : 3 20 . 0% 9 . 4 :
ROD MAX 100%
--------- : --------- -----
15 : 4 26 . 7% 93 . 8
I RI 15 7 46 . 7% 4 . 7 MIN 5%
VMS 15 5 33 . 3% 17 . 1 : MIN-10% , MAX 50% I
I -- ---------- ,
I
RCB 15 2 : 13 . 3% 52 . 2 : MAX 100% I
I --------------- ------ - -- : ------ -------- : ------------- - ----------- - :
IPA 15 : 1 : 6 . 7% MAX 40%
10 . 4 :
------------------------- 1 ----------------------------- ------------RMS : 15 : 5 : 33 . 3% 2 . 9
MIN 0% : : : --------------- : --------- : -------------- 1 -------------- ------------
I SL : 15 : 7 : 46 . 7% 1 . 6 MAX 20% : : :
- - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - : - - - - - - -- - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - I - - - - � - - - - - - -
ITP : 15 : 6 : 40 . 0% : 27 . O : MIN -20% : : : : l --------------- l --------- l -------------- l -------------- 1 -------------
TOTAL : 150 : 43 : 28 . 7% : I I
110
TABELA 4 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS INDEPENDENTES
INDI CES E FAIXAS DE ACE I TACA0
NUMERO DE
INDICES
INCIDENCIA INCIDENCIA : QUANTITATIVA : PERCENTUAL : FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA
: VALOR MEDIO DO
INDICE - - - - - - - - - - - - - - - : - - - - - - - - - : - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - -
RPM : 15 : 2 : 13 . 3% : 209 . 4 MAX 300% : :
. - - - - - - - - - - - - - - - : - - - - - - - -- : - - - - - - - - - -- -- - - - - --- - - - - - - - -- - - - - - -- - --- -
: VPR : 15 : 2 : 13 . 3% -2 . 3 : MI N-33% , MAX 33% : : --------------- l --------- : -----------------------------
ROD MAX 100%
, , , ,
15
- - - - - - -- -- -- - - - : - - - - - --- -
IRI : 15 MIN 5% :
- - - - - - - - - - - --- - : - - - -- - - - -
VMS : 15
1 : 6 . 7%
6 : 40 . 0%
1 : 6 . 7% , MI N- 10% , MAX 50% ' : - - ---- - - - - - - - - -
RCB MAX 100%
IPA MAX 40%
: - - - -- - - - - - - - - - -
, RMS MIN 0%
I SL MAX 20%
- - - - - - - - - : -- - - - - - - - - - - - --- - - - - - - - - - - - - -
15 : 2 : 13 . 3%
- - -- - - -- - : - - - - - - - - - - - - - --- - - - - - - -- -- - --
15 : O : 0 . 0%
-- - -- - - - - : -- - - - - - - - - - --- - - - - - - - -- - -- - - -
15 : O ' 0 . 0% , ,
- - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - -
15 : O 0 . 0%
- -- --- -- - : - - - - - - - - - - - - - -
9 1 . 4
10 . 2
16 . 6
78 . 9 ,
14 . 8
8 . 2
-2 . 9
ITP MIN -20%
15 : 3 20 . 0% , 16 . 8 : , ,
- - - - - -- - - - - - - - - : - - - -- - - - - : - - - - - --- - - - - - -
TOTAL 150 : 17
1 1 1
- - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - -
11 . 3% :
,
TABELA 5 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS QUE SOFRERAM INTERVENCAO
INDICES E FAIXAS DE ACEITACAO
RPM MAX 300%
VPR MIN-33% , MAX 33%
ROD MAX 100%
NUMERO DE
INDICES
INCIDENCIA INCIDENCIA : QUANTITATIVA : PERCENTUAL : FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA
- - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
4 : 1 25 . 0% , ,
: VALOR MEDIO DO
INDICE , , , ,
- - - - - - _ _ _ _ _ _ 1 ,
201 . 3 :
_ _ _ _ _ _ _ _ _ 1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - l 4 3
4 1
75 . 0% 4 . 3 : , ,
- - --- - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - l 25 . 0% 98 . 7 :
IRI 4 2 50 . 0% 7 . 8 : MIN 5%
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , - - - - - - - - - - - - --
VMS MIN- l0% , MAX 50% '
,
4 ' 3
RCB 4 1 MAX 100%
IPA MAX 40%
4 o ,
-------------- ------------ l 75 . 0% - 11 . 1 :
---- - - --- - - - - - - - --- - - - --- - : 25 . 0% 80 . 7 :
, ,
- - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - : 0 . 0% 8 . 8 :
, ,
- - - - - - - - _ _ _ _ _ _ 1 _ _ _ _ _ _ - - - - - - - - _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1
RMS MIN 0%
4
4
,
4 ' 100 . 0%
2 50 . 0%
,
- 15 . 3 : , ,
- - - - - - - - - - - - 1 42 . 4 :
, ,
I SL MAX 20% I
, l ---------------, , , ,
ITP MIN -20%
1 ---------------TOTAL
4
40
- - - - - - - - - - - - : 2 50 . 0% -33 . 5 :
19 47 . 5%
112
Observa-se que os resultados encontrados para o grupo das
seguradoras que sofreram intervençao sao nitidamente
diferentes dos demais . No c itado grupo obteve-se uma
incidência percentual de indices fora da faixa de 47 . 5% ,
demonstrando que quase a metade de todos os indices nele
obtidos não obedeceu aos limites pré-estabelecidos de
aceitação , o que é uma forte indicação da eficácia dos
indices propostos .
Para a aplicaçao do procedimento estat1stico proposto , foram
ainda calculados para cada um dos grupos I , l I , 1 1 1 e I V , o
valor médio e o desvio padrão dos NIDDF " s . Os resultados
encontrados são apresentados na Tabe la 6 .
TABELA 6 - VALOR MEDIO E DESVIO PADRAO DOS N I DDF " S
Grupos
I - Bancos
1 1 - Estrange iras
r r r - Estatais
rv - Independentes
Valor Medio (x. ) Desvio padrao ( d. ) L L
0 . 87
2 . 33
2 . 87
1 . 13
0 . 96
2 . 24
1 . 7 1
0 . 88
Para o grupo V , formado pelas seguradoras que sofreram *
intervencao nos ultimos quatro anos , foi calculado x = 4 . 7 5 , ,
113
*
onde x corresponde ao valor medio dos NIDDF ' s deste grupo .
*
A partir de x e dos quatro pares ordenados ( x . , d . ) , é • •
possivel calcular a percentagem de seguradoras que devem ser
criteriosamente analisadas em cada grupo , *
através da
aplicação de x nas curvas normais definidas por ( x. , d . ) , • •
conforme j á mostrado na Figura 1 . As percentagens obtidas são
apresentadas na tabela a seguir .
TABELA 7 - PERCENTAGENS CALCULADAS PARA CADA GRUPO
Grupos
I - Bancos
1 1 - Estrangeiras
I I I - Estatais
IV - Independentes
Percentagem a ser analisada
0 . 002%
14 . 0 10%
1 3 . 570%
0 . 002%
Cabe ressaltar que a Tabela 5 anteriormente apresentada é de
vital importânc ia para a uti l ização do procedimento
estatistico proposto , uma vez que ne la é apresentada a
incidência percentual de resultados fora da faixa de cada
indice para o grupo de seguradoras que sofreram intervenção .
Conforme j a mencionado na observaçao b do item 6 . 2 , tal
114
incidencia percentual deve servir como criterio de decismo ,
caso haj a empate na quantidade de indices desfavoravei s
quando da seleção das empresas a serem investigadas em cada
grupo .
6 . 4 ) ANALISE DOS RESULTADOS
De forma a possibi l itar uma melhor visualizaçao dos valores
médios de cada indice nos cinco grupos de seguradoras , foi
montada a Tabela 8 , a partir dos resultados das Tabelas 1 a 5
j á apresentadas .
Com base na Tabela 8 pode-se observar
a ) Os cinco grupos apresentaram valores medios do indice
Razão entre Prêmios Retidos e Margem de Solvênci a ( RMS )
dentro da faixa aceitável . O grupo das seguradoras ligadas
a bancos apresentou um valor médio bastante inferior aos
observados nos demais grupos , devido princ ipalmente às suas
elevadas margens de solvências e não a pequenos volumes de
prêmios retidos como a rela�ão parece indicar .
Este aspecto dos grandes valores de MS encontrados nas
seguradoras ligadas a bancos j a havia sido destacado por
Gonçalves ( 1992 , p . 83 ) que apontou como uma possivel
expl icaçao para este fato , a alta competênc ia dos grandes
115
TABELA 8 - VALORES MEDIOS DOS INDICES PARA CADA GRUPO
INDICES E FAIXAS DE ACEITACAO
RPM MAX 300%
VALORES MEDIOS DOS INDICES
BANCOS : ESTRANG . ESTATAI S : INDEPEND . INTERV . -- - - - - -- - , - ---- - - - -,
87 . 1 : 207 . 9 - - - - -- - - - 1 -- - - - - - - - -- - - - - -- -
178 . 7 : , ,
209 . 4 201 . 3
- - - _ _ _ _ _ _ 1 _ _ _ _ _ _ - - - -- - - - - - � - : - - - - - - - - - - - - - --- -- , , ,
VPR : 10 . 1 : -2 . 5 9 . 4 : -2 . 3 4 . 3 : MIN-33% , MAX 33% : ,
, - - - - - -- - - - - - - - - : - - - - -- - - - l - - - - - - -- - _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - ---- , - --_ _ _ _ _ _ 1
ROD 84 . 4 89 . 6 93 . 8 91 . 4 : 98 . 7 MAX 100%
I RI MIN 5%
VMS : MIN- 10% , MAX 50%
20 . 2 12 . 8 I 4 . 7 , ,
--- - - - - - - 1 --- , - - - - -
9 . 4 , 18 . 8 : 17 . 1
- - - - - - - - - : -- - ----- -
RCB 44 . 7 77 . O : 52 . 2 MAX 100%
- - - - - - - - - : ---- - - -- -
10 . 2 7 . 8
16 . 6 - 11 . 1
--------- 1 ---------78 . 9 : 80 . 7
- - - - - -- -- , - - - - - -- - -, IPA
MAX 40% 6 . 5 20 . 3 : 10 . 4 14 . 8 : 8 . 8 :
RM5 MIN 0%
I 5L MAX 20%
ITP MIN -20%
, ,
- - -- - --- - : - - - - - --- - --------- 1 10 . 9 - 13 . 3 : 2 . 9
, , I ,
8 . 2 - 15 . 3 :
- - - - - - - - - - -- - - -- - - l - - - - - - - - - l - - - - - - - -- - - - - - - - - -
-27 . 1 : -7 . 7 : 1 . 6 : -2 . 9 42 . 4 , , , ,
--------- : --------- 1 --------- 1 --------- , ---------5 . 3 : -0 . 5 : 27 . 0 : 16 . 8 : -33 . 5
1 1 6
conglomerados finance iros em investir o capital excedente ,
nao se importando em manter suas seguradoras muito
capitalizadas , talvez até mesmo para auferir vantagens
fiscais .
b ) Apesar dos c inco grupos apresentarem valores favoráve is
para o indice Razão Operacional de Dois Anos ( ROD ) , nota-se
que apenas o grupo das seguradoras que sofreram intervenção
apresenta um valor médio para a ROD próximo ao l imite
superior da faixa ace itave l , indicando portanto um patamar
de custos bastante superior aos verificados nos demais
grupos .
c ) No indice correspondente Rentabi lidade
Invest imentos ( IRI ) , os valores médios mais adversos
encontrados nos grupos de seguradoras estatais
dos
foram
e de
seguradoras que sofreram intervenção nos ültimos anos ,
enquanto que a maior rentabilidade foi registrada no grupo
das seguradoras ligadas a bancos .
Os resultados encontrados confirmam a eficiência da gestão
finance ira das seguradoras l igadas a bancos , conforme j a
comentado na observaçao a e tambem indicam uma ma
administração financeira dos recursos por parte das
seguradoras estatais .
d ) Apenas as seguradoras do grupo V apresentaram um valor
1 17
médio desfavorável para o indice de Variaçao da Margem de
Solvência ( VMS ) . Analisando-se a Tabela 5 , vê-se que 75%
das seguradoras do grupo V apresentaram resultados
desfavoráve is para este indice , indicando que um decréscimo
superior a 10% na MS pode ser considerado um importante
indicio de dificuldades financeiras por parte da
seguradora .
e ) Os grupos de seguradoras estrangeiras e de seguradoras
que sofreram intervençao , foram os únicos que apresentaram
valores médios do indice Retorno sobre a Margem de
Solvênc ia ( RSM ) fora da faixa recomendada . Analisando-se as
Tabelas 2 e 5 , observa-se que apenas 40% das estrangeiras
apresentaram resultados desfavoráveis para a RSM , enquanto
que 100% das seguradoras que sofreram intervençao
apresentaran resultados adversos para este indice ,
indicando ser ele um eficaz sinalizador de problemas
financeiros na seguradora .
f ) Somente o grupo das seguradoras que sofreram intervenção
apresentou valores médios desfavoráve is para os indices de
Sinistros a Liquidar ( I SL ) e de Transferência de Prêmios
( ITP ) . Pela Tabela 5 nota-se que 50% das seguradoras do
grupo V apresentaram resultados adversos para estes
índices , o que leva a concluir que os mesmos sao
indicadores eficientes de problemas de inso lvênc ia nas
1 18
seguradoras .
Continuando a analise dos resultados encontrados , convem
ressaltar que o MIA se mostrou bastante eficaz no sentido de
apontar problemas de insolvência de seguradoras do ramo nao
vida em atividade no Brasi l . Enquanto que o grupo formado
pelas seguradoras que sofreram interven9ao apresentou uma
média de 4 . 75 indices desfavorávei s por demonstração
financeira , os grupos I , l I , 1 1 1 e IV apresentaram médias de
0 . 87 , 2 . 33 , 2 . 87 e 1 . 13 indices adverso s , respectivamente ,
conforme mostra a Tabela 6 .
Nota-se que os piores resultados foram en90ntrados no grupo
das empresas que realmente tiveram problemas de insolvencia
nos últimos ano s .
A média de 2 . 87 indices adversos para a s empresas estatais
não deve causar surpresas , uma vez que no geral tais empresas
não se constituem em "modelos de excelência administrativa " ,
e que muitas delas somente sobrevivem graças às generosas
injeGões de capital por parte dos respectivos acionistas
maj oritário s .
Quanto a media de 2 . 33 índices desfavorave is encontrada para
as seguradoras ligadas a grupos estrange iro s , talvez este
fato possa ser explicado pela alta competencia e apo io
técnico de suas matrizes , que auxil iam e orientam na
119
atividade de "underwriting " , permitindo que tais empresas
trabalhem muito proximas ou ate mesmo ultrapassem , em algumas
vezes , os l imites normalmente recomendâve is , possibilitando
que as mesmas operem com baixos niveis de capitalizacão .
No que diz respeito ao procedimento
observa-se pe la Tabela 7 que os
estatistico proposto ,
grupos de empresas
estrangeiras e estatais são os que devem ter os maiores
números de empresas criteriosamente analisadas , enquanto que
as seguradoras
independentes não
ligadas a bancos e as
apresentaram indicaçOes de
insolvência pela apl icação do MIA .
120
seguradoras
riscos de
CAPI TULO 7
CONCLUSOES E SUGESTOES
121
7 . 1 ) CONCLUSôES
A proposta de um novo método de avaliação da solvência para
as empresas de seguro não-vida no Brasil parece ter sido
plenamente atingida .
Conforme j a menc ionado , o grupo das empresas que
problemas de inso lVênc ia nos �ltimos anos
enfrentaram
fo i o que
apresentou o maior número de resultados desfavoráveis no
método proposto , indicando que a adoção do MIA pode se
constituir em um eficiente mecanismo de alerta no sentido de
identificar seguradoras que atravessam ou que possam vir a
atravessar , em um futuro proximo , problemas financeiros em
seus ciclos operacionai s .
Cabe observar que além dos indices adaptados do Método IRIS
original , os três novos indices criados se mostraram bastante
eficazes quanto à identificação de problemas financeiros nas
seguradoras . Sobretudo o indice Retorno sobre a Margem de
Solvência , que no grupo de seguradoras insolventes apresentou
uma incidência de 100% de resultados desfavoráve is , deve ser
considerado como um fortissimo indicador de dificuldades
financeiras de uma seguradora , uma vez que nenhuma empresa ,
qualquer que sej a sua linha de atividades , consegue
sobreviver por muito tempo amargando resultados negativos ao
1 22
final dos exercic ios .
A fim de veri ficar a e ficác ia do método proposto , decidiu-se
aval i ar as empresas que compõem o grupo V também pe lo método
de solvênc ia atualmente adotado pela SUSEP . Os resultados são
apresentados no Apêndice , onde se pode verificar que as
mesmas demonstrações que pelo método proposto apresentaram
uma média de 4 . 75 indices desfavorávei s , atenderam plenamente
as exigências de solvência atualmente em vigor no Brasil .
Com base no exposto , o MIA pode ser sem dúvida alguma
considerado e ficaz no sentido de aux i l iar a SUSEP no controle
de solvenci a das seguradoras do ramo não-vida em atividade no
Brasi l .
Convém mais uma vez lembrar que os resultados encontrados no
MIA devem servir apenas para orientar o órgão fiscal izador
quanto à priorizacão de suas atividades de acompanhamento das
operações das empresas . Qualquer conc lusão definitiva somente
deverá ser tomada após uma análise criteriosa dos resultados
encontrados , efetuada por espec ial istas financeiros .
A grande vantagem do MIA é o fato de que todos os seus
indices podem ser calculados a
disponive is nas demonstrações
publ icadas pelas empresas , o
partir das
financeiras
que permite
fiscalizador uma prime ira análise dos principais
123
informações
oficialmente
ao orgao
indicadores
de desempenho das seguradoras , em um espaço de tempo bastante
reduz ido .
A util izacao do MIA pode ser de grande valia nao apenas para
o órgão oficial de controle da so lvênc ia no Brasil , mas
também para os corretores de seguros em geral , que de uma
maneira simples e rápida podem avaliar o desempenho das
diversas empresas de seguros não-vida em atividade , visando
indicar aos seus segurados aquelas companhias que apresentam
menores nümeros de 1ndices desfavoráveis nos resultados do
MIA .
7 . 2 ) SUGESTOES
Os três 1ndices do método original que obj et ivavam a
avaliação das reservas da seguradora
suprimidos por falta de informações
tiveram que
dispon1ve is
ser
nas
demonstrações financeiras das seguradoras brasi leiras . Mesmo
tendo sido criado o I ndice de Sinistros a Liquidar , o aspecto
das reservas deve ser analisado com maior profundidade em um
método que se proponha a avaliar a solvênc ia de empresas
seguradoras , ficando portanto a sugestão de que a SUSEP exi j a
das seguradoras informações mais detalhadas a respeito do
desenvolvimento de suas reservas , tais como mostrado em
Suisse de Reassurances ( 1987 , p . 18-34 ) .
124
o presente estudo visou a adaptacao do Metodo IRIS apenas
para as seguradoras que operam no segmento não-vida . Uma vez
que cabe à SUSEP a fiscalização de todas as seguradoras em
atividade , faz-se pois necessârio que o mesmo trabalho sej a
também implementado para as seguradoras que atuam no segmento
vida .
Cabe ressaltar que o Método IRI S , em sua fase estatist ica ,
calcula o número de indices desfavorâveis de cada seguradora
e , somente em uma etapa posterior , é que são analisados
qual itativamente os pontos em que a empresa nào apresentou
desempenhos dentro das faixas aceitáveis . V isando aperfeiçoar
esta fase do método , poderiam ser atribuidos pesos
diferenci ados aos diversos indices , conforme os graus de
influênc ia dos mesmos na indicação de inso lvênc i a , de forma a
que o NIDDF passasse a demonstrar um total qual itat ivamente
ponderado de indices desfavorávei s , e não apenas a simples
soma aritmética dos mesmos , como se todos t ivessem a mesma
importância para o resultado final .
Um outro ponto que merece um estudo mais aprofundado diz
respe ito a aproximaçao pela curva normal que foi util izada no
procedimento estat1stico proposto , quando da determinação do
número de seguradoras a serem analisadas em cada grupo .
Talvez uma outra distribuiçãO de probab i l idades seja mais
adequada , dadas às caracter1st icas do evento em questão .
125
Convém ainda mencionar que a partir da obtenção dos índices
econômico-financeiros do MIA , a solvênc ia das seguradoras
poderia também ser avaliada ut i l izando-se uma técnica
estat istica denominada aná l ise descriminante múltipla , onde
seria calculado um parâmetro de solvênc ia para cada
seguradora através de uma combinacão l inear ou quadrAtica dos
resultados encontrados para os diversos indices . Estudos a
respeito do emprego desta técnica na anAlise de faléncias de
empresas podem ser encontrados em Altman e outros ( 1977 ,
p . 3-54 ) e Kasznar ( 1987 , p . 45-80 ) , sendo portanto possivel
que os mesmos sej am adaptados tambem para a analise da
solvênc ia de seguradoras .
E importante ainda ressaltar que a adoça0 do MIA poder ia , a
médio prazo , possibilitar a criaç!l.O de um "ranking" de
seguradoras , onde as mesmas seriam c lassificadas conforme
seus desempenhos nos testes ao longo dos anos , indicando
tendênc ias ascendentes ou descendentes de desempenho , e
também com base nos pareceres de analistas financeiros
especial izados em operações de seguradoras . Esta realidade j á
e encontrada hoj e em países estrange iros , exist indo inclusive
empresas independentes especial izadas na confecç!l.o destes
" rankings" , que servem de suporte pra corretores e segurados
em geral .
126
APENDI CE
o obj etivo deste apêndice é apresentar os resultados
na aplicação do critério atual de solvência da
obtidos
SUSEP às
demonstrações financeiras das seguradoras do grupo V , isto é ,
do grupo de empresas que enfrentaram problemas de insolvência
nos últimos anos .
De acordo com a Resolução CNSP número 008/89 de 21/07/1989 ,
todas as soc iedades seguradoras que operam no pais devem
apresentar , por ocasião do encerramento das demonstrações
financeiras de junho e dezembro , uma MS satisfatória que
consiste na existência de um Ativo Liquido no minimo igual ao
maior dos seguintes valores :
a ) Vinte por cento da média anual do total da receita
l iquida de prêmios emitidos nos últimos 36 meses ;
b ) Um terço da média anual do total dos sinistros ocorridos
e avisados nos últimos 60 meses .
o At ivo Liquido é obtido a partir do Patrimônio Liquido ,
sendo este procedimento j á comentado no item 5 . 3 . 1 . 1 .
Por questão de simplificaçao na obtençãO dos resultados ,
foram adotadas as mesmas aproximaçOes
GonGalves ( 1992 , p . 79-81 ) , a saber :
utiJ.izadas por
a ) Os Ativos Liquidos foram obtidos diretamente dos mapas
127
demonstrativos de solvencia da SUSEP ;
b ) Ao invés das médias dos ultimos três anos para os
premios e c inco anos para os sinistros , foram util izados os
prêmios do últ imo ano e os sinistros médios dos últ imos
dois ano s .
O s resultados obtidos são apresentados n a tabela a seguir .
TABELA 9 - APLI CACAO DO CRITERI O BRASILEIRO DE
SOLVENCIA AS EMPRESAS DO GRUPO V
Demonstrações
Financeiras
Empresa A - 1990
Empresa B - 1990
Empresa C - 1990
Empresa C - 1991
Ativo Liquido
20% x Premios
3 . 46
2 . 32
3 . 39
1 . 45
Ativo Liquido
33% x Sinistros Médios
6 . 50
1 . 53
2 . 23
1 . 82
verifica-se pois que as demonstrações financeiras das
empresas que enfrentaram probemas de insolvência nos
últimos anos não acusaram nenhuma irregularidade , quando
submetidas ao criterio de solvência atualmente adotado pela
SUSEP .
128
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