Geotecnia de Fundações e Obras de Terra - 2018 Prof. M. Marangon
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Unidade 04
FUNDAÇÕES DIRETAS
4. 1 - Conceitos (Norma 6122-2010)
Inicialmente apresentaremos alguns conceitos adotados na área de Engenharia de
Fundações e que são considerados na norma NBR 6122 - Projeto e Execução de Fundações.
1 - Fundação Superficial (Rasa ou Direta)
Elemento de fundação em que a carga é transmitida ao terreno pelas tensões distribuídas
sob a base da fundação, e a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente à
fundação é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação.
- Sapata
Elemento de fundação superficial, de concreto armado, dimensionado de modo que as
tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo emprego de armadura especialmente
dispostas para esse fim.
Pode ter espessura constante ou variável e sua base em planta é normalmente quadrada,
retangular ou trapezoidal.
Figura 1: Imagem esquemática de uma sapata e foto durante sua concretagem
- Bloco
Elemento de fundação superficial de concreto, dimensionado de modo que as tensões de
tração nele resultantes sejam resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura. Pode ter as
faces verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar planta de seção quadrada ou retangular.
- “Radier”
Elemento de fundação superficial que abrange parte ou todos os pilares de uma estrutura,
distribuindo os carregamentos.
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- Sapata Associada
Sapata comum a mais de um pilar.
Figura 2: Sapata Associada, com viga de rigidez
- Sapata Corrida
Sapata sujeita à ação de uma carga distribuída linearmente ou de pilares ao longo de um
mesmo alinhamento.
Figura 3: Sapata Corrida, comparada com uma sapata isolada
Em relação à fundação superficial, podemos definir Baldrame e Cinta (não constantes da norma):
- Baldrame ou viga de fundação
Viga baldrame é uma fundação rasa de apoio, feita de concreto armado. Ela percorre todo
o comprimento das paredes da construção.
É um tipo comum de fundação para pequenas edificações. Constitui-se de uma viga, que
pode ser de alvenaria, de concreto simples ou armado, construída diretamente no solo, que pode
ter estrutura transversal tipo bloco, sem armadura transversal, dentro de uma pequena vala para
receber pilares alinhados. É mais empregada em casos de cargas leves como residências
construídas sobre solo firme.
Figura 4: Viga de fundação – Viga Baldrame
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- Cintas de Fundação
Elemento estrutural de associação dos vários pontos de carga/fundação.
Na extremidade de cada sapata ou bloco de coroamento deve ser executada uma cinta de
“amarração” (“travamento”) para reforço das ligações entre todos os elementos de fundação. A
presença da cinta diminui o risco do aparecimento de fissuras nas paredes da edificação em caso
de recalque diferencial, e distribui as cargas concentradas sobre o plano das fundações.
Construir cinta de fundação tem como finalidade absorver esforços não previstos,
suportar pequenos recalques, distribuir o carregamento e combater esforços horizontais. A cinta
de “amarração” geralmente é concebida de concreto armado.
Segundo Velloso e Lopes (2012), as fundações isoladas devem ser, sempre que possível,
ligadas por cintas em duas direções ortogonais. As cintas desempenham papéis importantes,
como (i) impedir deslocamentos horizontais das fundações, (ii) limitar rotações (absorvendo
momentos) decorrentes de excentricidades construtivas, (iii) definir o comprimento de
flambagem do primeiro trecho de pilares, no caso de fundações profundas ou de sapatas
implantadas a grandes profundidades e (iv) servir de fundação para paredes no pavimento térreo.
Figura 5: Sapatas “amarradas” com “cinta”, na figura, com sentido único
2 - Fundações Profundas
Aquelas em que o elemento de fundação transmite a carga ao terreno pela base
(resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de atrito do fuste) ou por uma
combinação das duas, e está assente em profundidade em relação ao terreno adjacente superior
ao dobro de sua menor dimensão em planta.
- Estacas
Elemento estrutural esbelto que, colocado ou moldado no solo por cravação ou
perfuração, tem a finalidade de transmitir cargas ao solo, seja pela resistência sob sua
extremidade inferior (resistência de ponta ou de base), seja pela resistência ao longo de sua
superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas.
- Tubulão
Elemento de fundação profunda, cilíndrico, em que, pelo menos na sua etapa final de
escavação, há descida de operário. Pode ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido
(pneumático), e ter ou não base alargada.
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Na verdade, a transmissão de carga de um tubulão não segue o conceito literal de
Fundação Profunda, por ser desprezado o atrito lateral do fuste. Mesmo assim, é referida como
fundação profunda por se tratar de profundidades de apoio como estas.
3 - Pressões Admissíveis
- Pressão Admissível de uma Fundação Superficial
Pressão aplicada por uma fundação superficial ao terreno, que provoca apenas recalques
que a construção pode suportar sem inconvenientes e que oferece, simultaneamente um
coeficiente de segurança satisfatório contra a ruptura ou o escoamento do solo ou do elemento
estrutural de fundação (perda de capacidade de carga).
Essa definição esclarece que as pressões admissíveis dependem da sensibilidade da
construção projetada aos recalques, especialmente aos recalques diferenciais específicos, os
quais, de ordinário, são os que prejudicam sua estabilidade.
- Recalques Diferencial Específico
Diferença entre os recalques absolutos de dois apoios, dividida pela distância entre os
apoios.
4 - Viga de Equilíbrio ou Viga Alavanca
Elemento estrutural que recebe as cargas de um ou dois pilares (ou pontos de carga) e é
dimensionado de modo a transmiti-las centradas às fundações. Da utilização de viga de equilíbrio
resultam cargas nas fundações diferentes das cargas dos dois pilares nelas atuantes.
Figura 6: Pilar de divisa com viga alavancada através de viga em balanço.
Fonte: CAMPOS, 2015
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Figura 7: Sapata Alavancada.
Fonte: CAMPOS, 2015
4. 2 - Prescrições e Considerações da Norma
São apresentados aqui o que prescreve a Norma Brasileira sobre a elaboração de projeto e
a execução de fundações particularmente em superfície.
4.2.1 - Pressão admissível
Devem ser considerados os seguintes fatores na determinação da pressão admissível:
a) profundidade da fundação:
b) dimensões e forma dos elementos da fundação;
c) característica do terreno abaixo do nível da fundação;
d) lençol d’água;
e) modificação das características do terreno por efeito de alívio de pressões, alteração
do teor de umidade de ambos;
f) características da obra, em especial a rigidez da estrutura.
4.2.1.1 - Metodologia para determinação da pressão admissível
A pressão admissível pode ser determinada por um dos critérios descritos:
• Por meio de teorias desenvolvidas na Mecânica dos Solos:
a) uma vez conhecida as características de compressibilidade, resistência ao cisalhamento
do solo e outros parâmetros, a sua pressão admissível pode ser determinada por meio de teoria
desenvolvida na Mecânica dos Solos, levando em conta eventuais inclinações da carga e do
terreno e excentricidades;
b) faz-se um cálculo de capacidade de carga à ruptura; apartir desse valor, a pressão
admissível é obtida mediante a introdução de um coeficiente de segurança, que deve ser igual ao
recomendado pelo autor da teoria; caso não haja essa recomendação, adota-se um coeficiente de
segurança compatível com a precisão da teoria e o grau de conhecimento das características do
solo, nunca menor que três. A seguir, faz-se uma verificação de recalques para essa pressão, que,
se conduzir a valores aceitáveis, será confirmada como admissível; caso contrário, o seu valor
deve ser reduzido até que se obtenham recalques aceitáveis.
• Por meio de prova de cargas sobre placa, devidamente interpretada (ver NBR 6489).
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• Por métodos semi-empíricos
São chamados de métodos semi-empíricos aqueles em que as propriedades dos materiais
são estimadas com base em correlações e são usadas em teorias de Mecânica dos Solos,
adaptadas para incluir a natureza empírica do método. Quando os métodos semi-empíricos são
usados, deve-se apresentar justificativas, indicando a origem das correlações
(inclusive referências bibliográficas).
• Por meios empíricos
São considerados meios empíricos aqueles pelos quais se chega a uma pressão admissível
com base na descrição do terreno (classificação e compacidade ou consistência). Esses métodos
apresentam-se usualmente sob a forma de tabelas de pressões admissíveis.
No caso de não haver dúvida nas características do solo, conhecidas com segurança, como
resultado da experiência ou fruto de uma satisfatória interpretação de sondagens, pode-se
considerar como pressões admissíveis sobre o solo as indicadas na tabela1.
Tabela 1 – Valores empíricos para pressão admissível
Classe
Solo
Valores
básicos
Mpa - kg/cm2
1 Rocha sã, maciça, sem laminações ou sinal de decomposição 5 50
Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 3,5 35
3 Solos cocrecionados
4 Pedregulhos e solos pedregulhosos, mal graduados, compactos 0,8 8
5 Pedregulhos e solos pedregulhosos, mal graduados, fofos 0,5 5
6 Areias grossas e areias pedregulhosas, bem graduadas, compactadas 0,8 8
7 Areias grossas e areias pedregulhosas, bem graduadas, fofas 0,4 4
8 Areias finas e médias:
Muito compactadas
Compactadas
Medianamente compactadas
0,6 6
0,4 4
0,2 2
9 Argilas e solos argilosos:
Consistência dura
Consistência rija
Consistência média
0,4 4
0,2 2
0,1 1
10 Siltes e solos siltosos:
Muito compactados
Compactados
Medianamente compactados
0,4 4
0,2 2
0,1 1
1: Notas
a) Para materiais intermediários entre as classes 4 e 5, interpolar entre 0,8 e 0,5 Mpa.
b) Para materiais intermediários entre as classes 6 e 7, interpolar entre 0,8 e 0,4 Mpa
c) No caso do calcário ou qualquer outra rocha cárstica, devem ser feitos estudos especiais.
d) Para a definição de diferentes tipos de solos, deve-se consultar a NBR 6502.
“Para situação de limitações e inseguranças no conhecimento das características do solo,
equivalendo-se da aplicação de um fator de segurança maior, pode-se adotar valores admissíveis
igual à aproximadamente 0,66 (66%) dos valores sugeridos na tabela”. (M. Marangon)
4.2.1.2 - Prescrições para determinação da pressão admissível
Na determinação da pressão admissível deve-se considerar os itens a seguir.
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• Fundação sobre rochas
Em qualquer fundação sobre rocha, deve-se para a fixação da pressão admissível, levar
em conta a continuidade da rocha, sua inclinação e influência da altitude da rocha sobre a sua
estabilidade. Pode-se assentar fundação sobre rocha de superfície inclinada desde que se prepare,
se necessário, essa superfície (chumba mentos, escalonamentos em superfícies horizontais, etc.),
de modo a evitar um deslizamento da fundação.
• Pressão admissível nas areias médias e finas, fofas; argilas moles; siltes fofos; aterros e
outros materiais
Nesses solos a implantação de fundações só pode ser feita após cuidadoso estudo com
base em ensaios de laboratório e campo, compreendendo o cálculo de capacidade de carga, o
cálculo e a analise da repercussão dos recalques sobre o comportamento da estrutura.
• Solos expansivos
No caso de solos expansivos, a pressão admissível deve-se levar em conta a pressão de
expansão e nunca ser inferior a essa.
• Prescrições especiais para solos granulares
Quando se encontram abaixo da cota de fundação até uma profundidade de duas vezes a
largura da construção, apenas solos das classes 4, 5, 6, 7 e 8 (areias e pedregulhos), pode-se
aumentar a pressão admissível em função da largura L do corpo de fundação, de acordo com a
fórmula a seguir; desde que tal largura seja maior que dois metros:
adm = 0 adm [ 1 + 0,1875 . ( L - 2 )] < 2,5 0 adm
Onde:
0 adm = Pressão admissível, de acordo com a tabela 1
L = largura, em metros ≤ 10
Nota: Para larguras de corpos de fundação menores do que dois metros, vale a mesma fórmula
para cálculo de pressão admissível, a qual será menor que a fornecida na Tabela 1.
• Prescrição especial para solos argilosos
As pressões admissíveis indicadas na Tabela 1 para solos argilosos ( classe 9 ), entendem-
se aplicáveis a um corpo de fundação não maior que 10m2. Para maiores áreas carregadas ou na
fixação da pressão média admissível sobre um conjunto de corpos de fundação ou totalidade da
construção, deve-se reduzir os valores na Tabela 1, de acordo com a fórmula abaixo:
adm = 0 adm S
10 > 0,5 0 adm
Onde:
S = área total da parte considerada, ou da construção inteira, em m2
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• Aumento da pressão admissível em decorrência da profundidade da fundação
As pressões admissíveis constantes da tabela 1, para os solos de classes 4 a 8, devem ser
aplicadas quando a profundidade da fundação, medida a partir do topo da camada escolhida para
assentamento dos elementos de fundação, for menor ou igual a um metro; quando a fundação
estiver a uma profundidade maior e for totalmente confinada pelo terreno adjacente, os valores
básicos podem ser acrescidos de 40% para cada metro de profundidade além de um metro,
limitado ao dobro do valor da Tabela 1.
Nota: Em qualquer caso, pode-se somar a pressão calculada, mesmo aquela que já tiver sido
corrigido conforme o peso efetivo das camadas de solo sobrejacentes, desde que garantida a sua
permanência.
4.2.2 - Dimensionamento
As fundações em superfície devem ser definidas através de dimensionamento geométrico
e de cálculo estrutural.
4.2.2.1 - Dimensionamento geométrico
No dimensionamento geométrico deve-se considerar as seguintes solicitações:
a) cargas centradas;
b) cargas excêntricas;
c) cargas horizontais.
• A área de fundação solicitada por cargas centradas deve ser tal que a pressão transmitida
ao terreno, admitida uniformemente distribuída, seja a pressão admissível conforme 2.1.
• Diz-se que uma função é solicitada por carga excêntrica quando for solicitada:
a) por uma força vertical cujo suporte não passa pelo centro de gravidade da superfície de
contato da fundação com o solo;
b) por uma força vertical e por forças horizontais situadas fora do centro da base da
fundação.
• No dimensionamento de uma fundação solicitada por carga excêntrica deve-se atender as
seguintes prescrições:
a) a resultante das cargas permanentes deve passar pelo núcleo central da base da
fundação;
b) a excentricidade da resultante das cargas totais é limitada a um valor tal que o centro
de gravidade de base da fundação fique na zona comprimida, determinada na suposição de que
entre o solo e a fundação não possa haver tensões de tração;
Notas: No caso de fundação retangular de dimensões “a” e “b”, as excentricidades “u” e “v”,
medidas paralelamente aos lados “a” e “b”, respectivamente, devem satisfazer à condição:
u
a
v
b
1
9
No caso de uma função circular plena de raio “r”, a excentricidade “e” deve satisfazer a
condição:
e
r 0 59,
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c) nas sapatas dos pilares situados nas divisas de terrenos, a excentricidade deve ser
eliminada mediante o emprego de soluções estruturais como por exemplo, as vigas de equilíbrio.
• Para equilibrar a força horizontal que atua sobre uma fundação em sapata ou bloco, pode-
se contar com o empuxo passivo e o atrito entre o solo e a base da fundação. O coeficiente de seu
emprego de segurança ao deslizamento deve ser, pelo menos, igual a 1,5.
4.2.2.2 - Cálculo estrutural
O cálculo estrutural deve ser feito de maneira a atender às normas estruturais brasileiras, e
observar as condições abaixo:
• As sapatas para pilares isolados e as sapatas corridas podem ser calculadas como placas
(por ex.: pelo método de linhas de ruptura, por método baseado na teoria da elasticidade ou pelo
método das bielas). Em qualquer caso deve-se considerar que:
a) quando calculadas como placas, não se pode deixar de considerar o puncionamento;
b) para efeito de cálculo estrutural, as pressões na base das fundações podem ser
admitidas como uniformemente distribuídas, exceto nos casos das fundações apoiadas sobre
rocha;
c) quando a sapata for submetida a cargas excêntricas, pode-se, na falta de um processo
mais rigoroso, uniformizar a pressão, adotando-se a maior dos seguintes valores: dois terços do
valor máximo ou a média dos valores extremos;
d) para efeito de cálculo estrutural de fundações apoiadas sobre rocha, o elemento
estrutural deve ser calculado como peça rígida, adotando-se o diagrama de distribuição da figura1
Figura 1 - Diagrama de distribuição de pressões
• os blocos de fundação podem ser dimensionados de tal maneira que o ângulo , indicado
na figura 2, satisfaça a equação:
tg
=
f1
1
Onde:
= pressão no terreno
ft = tensão admissível de tração no concreto
ft
f tk
2 5
0 8
,
,
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Conforme na NBR 6118, a resistência característica do concreto é dada por:
ftk = fck para fck 18MPa
ftk = 0,06 fck + 0,7 para fck > 18mpa
Quanto à distribuição das pressões sob a base do bloco, é aplicável o mesmo já disposto
para sapatas.
As vigas e placas de fundação podem ser calculadas pelo método de coeficiente de recalque
ou por um método que considere o solo como um meio elástico contínuo.
4.2.3 Disposições construtivas
4.2.3.1 Profundidade mínima
A base de uma fundação deve ser assente a uma profundidade tal que garanta que o solo
de apoio não seja influenciado pelos agentes atmosféricos e fluxos d’água. Nas divisas de
terrenos vizinhos, salvo quando a fundação for assente sobre rocha, tal profundidade não deve ser
menor que 1,5 metros.
4.2.3.2 Implantação de fundações de qualquer obra em terrenos acidentados
Nos terrenos com topografia acidentada, a implantação de qualquer obra e de suas
fundações deve ser feita de maneira a não impedir a utilização satisfatória dos terrenos vizinhos.
4.2.3.3 - Fundações em cotas diferentes
• No caso de fundações contíguas assentes em cotas diferentes, uma reta passando pelos
seus bordos deve fazer, com a vertical, um ângulo ( ver figura 3 ), que dependerá das
características geotécnicas do terreno ( conforme 2.1.2-a ), observando-se que:
a) para solos pouco resistentes, 60o
b) para rochas, = 30o
• A fundação situada em cota mais baixa deve ser executada em primeiro lugar, a não ser
que se tomem cuidados especiais.
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Figura 3 - Fundações em cotas diferentes
Nota: Em fundações que não se apoiam sobre rochas deve-se executar anteriormente à execução
da fundação uma camada de concreto de regularização de, no mínimo, 10cm ocupando toda a
área da cava de fundação.
4. 3 - Capacidade de Carga dos Solos
No que se segue, referir-nos-emos às fundações superficiais em que a profundidade de
assentamento da fundação no solo é menor ou igual à sua largura, segundo abordagem
apresentada pelo Prof. Homero Pinto Caputo.
Quando uma carga proveniente de uma fundação é aplicada ao solo, este deforma-se
e a fundação recalca, como sabemos. Quanto maior a carga, maiores os recalques. Como
indicado na Fig. 1, para pequenas cargas os recalques são aproximadamente proporcionais.
Fig. 1 e 2 - Variação do recalque em função da pressão aplicada no solo.
Das duas curvas pressões-recalques mostradas, observa-se que uma delas apresenta uma
bem definida pressão de ruptura pr , que, atingida, os recalques tornam-se incessantes. Este
caso, designado por ruptura generalizada, corresponde aos solos pouco compressíveis
(compactos ou rijos). A outra curva mostra que os recalques continuam crescendo com o
aumento das pressões, porém não evidencia, como anteriormente, uma pressão de ruptura; esta
será então arbitrada (pr’) em função de um recalque máximo (r’) especificado. Nesse caso,
denominado ruptura localizada, enquadram-se os solos muito compressíveis (fofos ou moles).
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Atingida a ruptura, o terreno desloca-se, arrastando consigo a fundação, como mostrado
na Fig.2. O solo passa, então, do estado “elástico” ao estado “plástico”. O deslizamento ao
longo da superfície ABC é devido a ocorrência de tensões de cisalhamento () maiores que a
resistência ao cisalhamento do solo (r).
Recentemente tem sido mencionado um outro tipo de ruptura, que ocorre por
puncionamento, ainda em fase de investigação.
Pressão de Ruptura x Pressão Admissível
A pressão de ruptura ou capacidade de carga de um solo é, assim, a pressão pr , que
aplicada ao solo causa a sua ruptura. Adotando um adequado coeficiente de segurança, da
ordem de 2 a 3, obtém-se a pressão admissível, a qual deverá ser “admissível” não só à ruptura
como as deformações excessivas do solo.
O cálculo da capacidade de carga do solo pode ser feito por diferentes métodos e
processos, embora nenhum deles seja matematicamente exato.
Coeficientes de segurança - Não é simples a escolha do adequado coeficiente de
segurança nos cálculos de Mecânica dos Solos.
Tendo em vista que os dados básicos necessários para o projeto e execução de uma
fundação provêm de fontes as mais diversas, a escolha do coeficiente de segurança é de grande
responsabilidade.
O quadro 1 resume os principais fatores a considerar.
Fatores que influenciam a
escolha do coeficiente de
segurança
Coeficiente de Segurança
Pequeno Grande
Propriedades dos materiais Solo homogêneo
Investigações geotécnica
amplas
Solo não homogêneo
Inestigações geotécnicas
escavadas
Influências exteriores tais
como vento, água, tremores
de terra, etc.
Grande número de informações,
medidas e observações
disponíveis
Poucas informações disponíveis
Precisão do modelo de
cálculo
Modelo bem representativo das
condições reais
Modelo grosseiramente repre-
sentativo das condições reais
Consequências em caso de
acidente
Consequencia finan-
ceiras limitadas e sem
perda de vidas
humans.
Consequencias finan-
ceiras consideráveis e
risco de perda de
vidas humanas.
Consequencia finan-
ceiras desastrosas e
elevadas perdas de
vidas humanas.
Fórmula de Terzaghi:
Para deduzi-la, consideremos em um solo não coesivo uma “fundação corrida”, ou seja,
uma fundação com forma retangular alongada.
A teoria de Terzaghi se originou nas investigações de Prandtl, relativas à ruptura plástica
dos metais por puncionamento.
Retomando esses estudos, Terzaghi aplicou-os ao cálculo da capacidade de carga de um
solo homogêneo que suporta uma fundação corrida e superficial.
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Segundo esta teoria e como ilustrado nas Figs. 3 e 4, o solo imediatamente abaixo da
fundação forma uma “cunha”, que em decorrência do atrito com a base da fundação se desloca
verticalmente, em conjunto com a fundação. O movimento dessa “cunha” força o solo adjacente
e produz então duas zonas de cisalhamento, cada uma delas constituída por duas partes: uma de
cisalhamento radial e outra de cisalhamento linear.
Fig. 3
Fig. 4
Assim, após a ruptura, desenvolvem-se no terreno de fundação três zonas: I, II e III, sendo
que a zona II admite-se ser limitada inferiormente por um arco de espiral logarítimica.
A capacidade de suporte da fundação, ou seja, a capacidade de carga, é igual à resistência
oferecida ao deslocamento pelas zonas de cisalhamento radial e linear.
Da Fig. 5, obtém-se:
AB = b
cos
onde é o ângulo de atrito inteiro do solo. (também indicado por ou )
Sobre AB, além do empuxo passivo Ep, atua a força de coesão:
C = c . AB = bc
cos.
Para equilíbrio da cunha, de peso P0, tem-se:
P + P0 - 2C sen - 2Ep = 0 ou,
P = 2C sen + 2Ep - P0, ou ainda:
P = 2 bc
cos sen + 2Ep -
1
2 (2b . b.tg) ou,
P = 2 bc tg + 2Ep - b2 tg,
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sendo o peso específico.
Daí:
Pr = P
b2 = c tg +
E
b
p
1
2b tg.
Entrando-se com a consideração do valor de Ep, que omitiremos para não alongar, a
expressão final obtida por Terzaghi escreve-se:
Onde Nc, Nq e N são fatores de capacidade de suporte, função apenas do seu ângulo de
atrito () do solo e definidos por:
Nq = etan tan2 (45º + /2) Nc e Nq: Expressões apresentadas por Reisnner (1924),
adotado por Vésic (1975)
Nc = (Nq - 1) cot
N = 2 (Nq + 1) tan N: Expressão apresentada por Meyerhof (1955)
Para os dois tipos de ruptura obtém-se, em função de , os valores de Nc, Nq e N,
fornecidos pela Fig. 5 (segundo Terzaghi e Peck, 1948)
Fig. 5
A fórmula que vem de ser obtida refere-se a fundações corridas.
Para fundações de base quadrada de lado 2b.
Prb = 1,3 cNc + 0,8 bN + hNq
e de base circular do raio r:
Prb = 1,3 cNc + 0,6 rN + hNq
pr = c Nc + b N + h Nq
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A análise até aqui exposta refere-se ao caso de “ruptura generalizada”. Em se tratando
de “ruptura localizada”, os fatores a usar serão Nc’, N’ e Nq’ (fig. 6), adotando-se um ’
dado por tg ’ = 2/3 tg e c’ = 2/3 c. Os valores N’ são obtidos entrando-se com ’ nas linhas
cheias ou com nas linhas tracejadas.
Explicando o significado dos termos da fórmula de Terzaghi, pode-se escrever (fig. 6).
pr = cNc bN hN
coesão atrito
q
sobrec a
1 2
arg
* Para os solos puramente coesivos, como = 0º, Nq = 1,N = 0 e Nc = 5,7, obtém-se:
pr = 5,7c + h.
Fig. 6
* Para as areias (c = 0)
pr = 1bN + 2hNq’
o que mostra que a capacidade de carga das areias é proporcional à dimensão da fundação e
aumenta com a profundidade.
Vimos que para fundações corridas de comprimento L e largura 2b, em argilas ( = 0º):
pr = cNc + h
Introduzindo, agora, as razões 2b/L e h/2b (que deverá ser menor que 2,5), o valor de Nc é
obtido pela fórmula de Skempton:
Nc = 52
b
L 1
10
h
b
Para fundações quadradas e circulares constata-se experimentalmente que o valor máximo
de Nc é igual a 9.
* Ocorrência de NA
Abaixo do nível d’água deve-se usar o peso específico de solo submerso, o que reduzirá o
valor da capacidade de carga.
Se h = 0:
pr = 5,7c,
o que dará:
pr = 5,7c, para fundações corridas
e:
prb = prr = 5,7 x 1,3c = 7,4c, para fundações
quadradas e circulares.
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Fórmula Generalizada (Meyerhof)
Pela fórmula de Terzaghi vimos que para carga vertical centrada e fundação alongada, a
capacidade de carga dos solos é dada pela fórmula:
pr = cNc + hNq + 1
2 bN
onde aqui, b é a largura total da fundação.
Generalizando-a para as fundações de diferentes formas, que tem a sua origem
principalmente nos estudos de Meyerhof, ela se escreve:
pr = sccNc + sqhNq + 1
2 sbN
com os fatores de capacidade N dados pelo Quadro 1 e os coeficientes de formas pelo Quadro 2.
Quadro 1 - Meyerhof 0.º 5.º 10.º 15.º 20.º 22,5.º 25.º 27,5.º 30.º 32,5.º 35.º 37,5.º 40.º 42,5.º
Nc 5,1 6,5 8,3 11,0 14,8 17,5 20,7 24,9 30,1 37,0 46,1 58,4 75,3 99,2
Nq 1,0 1,6 2,5 3,9 6,4 8,2 10,7 13,9 18,4 24,6 33,3 45,8 64,2 91,9
N 0,0 0,3 0,7 1,6 3,5 5,0 7,2 10,4 15,2 22,5 33,9 54,5 81,8 131,7
Quadro 2
Forma da Fundação Coeficiente de Forma
sc, sq s
Corrida 1,0 1,0 1,0
Retangular
(b < a) 1 + 0,3
b
a 1 - 0,4
b
a
Quadrada (a = b) 1,3 1,0 0,8
Circular (D = b) 1,3 1,0 0,6
Influência de na extensão e profundidade da superfície de deslizamento. De especial
interesse é observar a influência da variação do ângulo de atrito interno na extensão e
profundidade da superfície de deslizamento, como indicado na Fig. 7.
Fig. 7
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88
4. 4 - Determinação da Capacidade de Carga Admissível (Taxa de Trabalho)
Uma vez definida a capacidade de carga do solo, restaria dividi-la pelo fator de
segurança, para obter-se a taxa de trabalho ou tensão admissível do solo. Tem-se:
pr
FS
O quadro 3 resume os valores a considerar.
Categoria Estruturas Características Prospecção
Típicas de Categoria Completa Limitada
A
Pontes Ferroviárias
Alto-Fornos
Armazéns
Estruturas Hidráulicas
Muros de Arrimo
Silos
Provável ocorrer as máximas cargas de
projeto; consequência de ruptura são
desastrosas
3,0 4,0
B
Pontes Rodoviárias
Edifícios Públicos
Indústrias Leves
As máximas cargas de projeto apenas
eventualmente podem ocorrer;
consequências de ruptura são sérias
2,5 3,5
C Prédios de Escritórios
e/ou de Apartamentos
Dificilmente ocorrem as máximas
cargas de projeto.
2,0 3,0
Exemplo de cálculo da capacidade de carga admissível de uma sapata de fundação, em
tf/m2, em solo de predominância argilosa (argila média), obtida a partir da adoção dos parâmetros
“coesão”, “ângulo de atrito” e “peso específico” através de tabelas de correlações com a
consistência da argila.
Fig 8 – Planilha de cálculo em Excel
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89
Entre os projetistas brasileiros de fundações tem sido comumente empregado o índice de
medida da resistência à penetração do amostrador padrão utilizado nas sondagens à percussão.
As tabelas a seguir, publicadas pela Maria José Porto, em Prospecção Geotécnica do
Subsolo - 1979, traduzem relações entre o índice de resistência à penetração (SPT) com taxas
admissíveis para solos Argilosos e Arenosos.
Quadro 4 (Maria José Porto)
Relações entre índice de Resistência à Penetração (SPT) com as Taxas Admissíveis
para Solos Argilosos
Argila
NO de Golpes
Tensões
( Kg
Admissíveis
/cm2 )
SPT Sapata Quadrada Sapata Contínua
Muito Mole 2 < 0,30 < 0,20
Mole 3 - 4 0,33 - 0,60 0,22 - 0,45
Média 5 -8 0,60 - 1,20 0,45 - 0,90
Rija 9 - 15 1,20 - 2,40 0,90 - 1,80
Muito Rija 16 - 10 2,40 - 4,80 1,60 - 3,60
Dura > 30 > 4,80 > 3,60
Quadro 6 (Maria José Porto)
Relações entre índice de Resistência à Penetração (SPT) com as Taxas Admissíveis
para Solos Arenosos
Areia No de golpes SPT Tesão Admissível
(Kg/cm2)
Fofa 4 < 1,0
Pouco Compacta 5 - 10 1,0 - 2,0
Medianamente Compacta 11 - 30 2,0 - 4,0
Compacta 31 - 50 4,0 - 6,0
Muito Compacta > 50 > 6,0
4. 5 - Determinação da Taxa de Trabalho a partir de Prova de Carga (Segundo a NBR 6489, apresentado por Bueno, B.S. e outros, Pub. 204 - UFV)
A execução de Prova de Carga para a obtenção da Capacidade de Carga dos Solos em
fundações diretas é feita através do “Ensaio de Placa”.
O Ensaio de Placa, conforme croqui da fig. Apresentada a seguir, constitui um modelo
clássico de análise da capacidade de carga dos solos.
Os valores de r e r,
refletem medidas das tensões de ruptura dos solos para as
condições de rupturas geral e local. No primeiro caso, há uma clara destinação do ponto de
ruptura; segundo, o máximo recalque tolerável (max) é que irá determinar a carga que o solo
deve suportar em face da obra projetada.
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90
Execução do ensaio de placa
A NBR 6489 fixa a metodologia a ser observada para a realização da prova de carga
sobre placa.
A placas deve ser rígida e não ter área inferior a 0,5 m2; será colocada no fundo de um
poço de base nivelada ocupando toda a área. A relação entre a largura e a profundidade do
poço para a prova deverá ser a mesma que a relação existente entre a largura e a profundidade
da futura fundação.
A carga será aplicada em estádios sucessivos de, no mínimo, 20% da taxa de trabalho
admissível provável do terreno.
Em cada estádio de carga, os recalques, com precisão de 0,01m, serão lidos
imediatamente após a aplicação da carga e após intervalos de tempo sucessivamente dobrados
(1, 2, 4, 8, 16, ...n minutos). Só será aplicado novo acréscimo de carga depois de verificar a
estabilidade dos recalques (com tolerância máxima de 5% do recalque total neste estádio,
calculado entre duas leituras sucessivas). O dispositivo de leitura dos recalques deve estar
acoplado em barras apoiadas a uma distância de 1,5 vezes o diâmetro da placa, distância esta
medida a partir do centro da placa.
O ensaio deverá ser levado até, pelo menos, observar-se um recalque total de 25mm ou
até atingir-se o dobro da taxa admitida para o solo.
A carga máxima alcançada no ensaio, caso não se vá até a ruptura, deverá ser mantida,
pelo menos, durante 12 horas.
A descarga deverá ser feita em estádios sucessivos, não superiores a 25% da carga total,
lendo-se os recalques de maneira idêntica à do carregamento e mantendo-se cada estádio até a
estabilização dos recalques, dentro da precisão requerida.
Resultados obtidos de uma prova de carga.
Interpretação dos resultados do ensaio de prova de carga .
O critério convencional não considera a diferença de comportamento (resultante dos
fatores já citados nos métodos de determinação da capacidade de carga) da placa e da sapata, e
pode ser visualizada na figura a seguir apresentada.
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91
i) se ocorre a ruptura do solo (ruptura geral)
p
FS
r ; FS=2,0
ii) se ocorre uma deformação excessiva (ruptura local ou puncionamento)
max = ?
max = 25 mm
25
10
mm
FS
mm
; FS = 2,0
A taxa de trabalho será o menor valor dentre a tensão que provoca um recalque de 25 mm
reduzida por um fator de segurança e a tensão que provoca um recalque de 10mm.
iii) quando a reação é insuficiente.
A taxa de trabalho será obtida dividindo-se pelo coeficiente de segurança a tensão
máxima atingida no ensaio, n, que deverá atuar por um tempo mínimo de 12horas. A taxa assim
obtida deverá ser menor do que a tensão que provoca um recalque de 10 mm.
p
FS
r ; FS=2,0
10mm
4. 5 - Exemplos de Análise e Dimensionamento Geotécnico
Avaliação da Capacidade de Suporte dos Solos de Fundações Rasas.
Considere os resultados de SPT para os primeiros metros de prospecção realizados em um
terreno praticamente plano.
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92
1º) Capacidade de carga para uma sapata corrida, assente no horizonte de areia (para a mínima
escavação), com cálculo:
a) Argila => N=6 => consistência média (próximo de mole se N=5)
Parâmetros TAB.3, por exemplo: = 1.6 t/m3 (média-mole)
C = 2.5 t/m3 (menor valor para média)
= 0
b) Areia => N=9 => medianamente compacta (menor valor para med. compacta)
Parâmetros TAB.3, por exemplo: = 1.9 t/m3
C = 0 t/m3
= 35º (menor valor)
Cálculo da Capacidade de Carga:
41
421
58
cc
NS
NS
NS
=> ruptura generalizada “areia med. comp.”
22 /8.17/2.1788.794.98
420.19.1415.16.1
cmKgmtq
q
NbNhNCq
r
r
bqaacr
Obs.: b = 0.5 x B
A parcela de qr correspondente a 98.4 t/m2 é devido a sobrecarga (profundidade de
assentamento) e a parcela de qr correspondente a 79.8 t/m2 é devido a base (largura – “atrito na
base”).
Observe os fatores de influência no
dimensionamento de fundações diretas
Nestes exemplos são realizadas várias
análises, para efeito de comparação de
resultados.
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93
Assim, para FS = 3.0 (Prédio de Apartamento – Prospecção limitada – Parâmetros
estimados por tabelas), tem-se:
2/9.53
8.17cmKg
FS
qradm
Análise do valor da taxa do terreno estimada (calculada)
5,9 Kg/cm2 é aceitável?
Vejamos: i) Norma NBR 6122 sugere:
Areias grossas, fofas a compactas de 4 a 8
(média 6 Kg/cm2)
Areias finas e médias, med. comp. a comp. de 2 a 4
ii) Valores sugeridos pela Mª José do Porto:
Solos arenosos, sapata corrida até 6 Kg/cm2 .... ok 5,9 Kg/cm2
2°) Dimensionamento de uma sapata (corrida, quadrada ....) a partir do valor da capacidade de
carga (taxa admissível ) calculado, como no exemplo anterior.
)( calculadaouarbitradataxa
FundaçãonatocarregamenFF
AA
F
Só que: )(bfpreFS
pr onde b = dimensão da fundação
Logo:
Arbitra-se um valor esperado para “b” e calcula-se o valor de . A partir de , calcula-
se a área necessária
FA e b.
Se o valor de b distanciar muito do “b” anteriormente arbitrado no cálculo da taxa ,
recalcular o valor de pr e com este novo “b” e depois a nova área
FA e b (a dimensão da
fundação) até convergir.
O dimensionamento de Fundações rasas em areia poderia ser feito arbitrando-se o valor
da capacidade de suporte do solo (taxa) e determinado diretamente o valor de b, calculada a área
necessária para a fundação.
3°) Capacidade de suporte para o NA na base da camada de argila (ao nível de assentamento):
b) areia γsub =?
γsub = 2,0 – 1,0 γsub = γsat – γa
γsub = 1,0 t/m² γsat > γnat
se γsat = 2,0 t/m²
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94
2/66,43
14
²/0,144,140420,10,14,98
inf4,98,4,98
cmKg
cmKgq
luenciadanãoparcelaasendobNq
r
br
Observa-se que os valores apresentados em “tabelas” como valores admissíveis não
discutem a condição de estar ou não sob a ação do NA.
Tem –se valores de sob NA sempre menores que na condição de não ocorrer.
Considere agora a hipótese dos dois materiais ocorrerem em posição inversa:
ilaa
areiab
arg)
)
Coeficientes de forma diferentes – “argila” (Ruptura Localizada)
1'
0'
5'
Nq
N
Nc
4°) Capacidade de carga para as condições apresentadas no 1° exemplo:
²/57,03
71,1
arg
²/71,11,1785,225,14
00,15,19,17,55,2
cmKg
coesão
asobrecparcela
cmKgq
q
bNNhNCq
r
r
aqbbcar
Se coesão pouco maior, por exemplo: c = 3,5 t/m²
qr = 2,28 Kg/cm² e = 0,76 Kg/cm²
Análise do valor da taxa do terreno estimada:
0,57 Kg/cm² é aceitável ?
Vejamos: i) Norma NBR 6122 sugere:
- Argila de consistência média => 1 Kg/cm²
- O N – SPT = 6 indica o menor valor para a consistência média.
Observa-se que a norma não sugere valor para argila mole
- Se 66% de 1 Kg/cm² = 0,66 Kg/cm²
ii) Valores sugeridos pela Mª José do Porto:
De 0,6 a 1,2, como temos o valor inferior de N-SPT para a
consistência média => = 0,6 Kg/cm².
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95
5°) Se argila com N – SPT = 12 ao nível da sapata:
N = 12 => consistência rija
Parâmetros: γ tab. 3 γ =1,9 1,9 t/m²
tab. 4 γ = 1,76 – 2,08
C tab. 2 0,5 < C < 1,0
8 < N < 15
N = 12 C = 0,75 Kg/cm²
tab. 3 5 < C < 15
)1911(1510 aderijaNcomoC
como 12 < 15 , logo: 7,5 < 10 t/m² OK!
tab. 5 75 < Su < 150
Su = C = 75Kn/m² = 7,5 t/m² = 0,75 Kg/cm²
Veja quer as tabelas mostram certa relação entre os valores sugeridos.
Então:
²/52,13
58,4
²/58,48,4585,275,42
00,15,19,15,77,5
cmKg
maiorcoesãoparcela
cmKgq
q
r
r
Análise:
i) Norma sugere 2 Kg/cm² 66% de 2,0 = 1,32 Kg/cm²
ii) Mª José Porto sugere 1,2 a 2,4, observado o valor de N – SPT no
intervalo para “rija” , ²/50,112 cmKg
OBS.: O dimensionamento da capacidade de carga ( e conseqüente taxa admissível ) pode ser
calculado para uma argila – desconsiderado o ângulo de atrito, φ = 0, independente da dimensão
da fundação. A partir do valor de , obtém-se a sua dimensão b, calculando-se a área necessária:
FA
Conclusão:
“ A capacidade de carga de uma “areia” é proporcional a dimensão da Fundação e da pressão de
sobrecarga enquanto que, a capacidade de carga de uma “argila” não é proporcional à dimensão
da Fundação, só sendo da pressão de sobrecarga e do valor da coesão”.
6°) Qual a dimensão que deve ter uma sapata quadrada para uma carga centrada de 11,8 t, a
uma profundidade de 1,5m, em uma argila que se consegue molda-la com relativo esforço.
Solução:
Argila de consistência média a rija
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96
Parâmetros
?
)"",3.(³/8,1
)(0
C
rijaemédiaentretabmédiovalorclássicovalormt
desprezado
tab. 2 C = 0,5 Kg/m² maior média
menor rija
tab. 3 C = 5,0 t/m² menor rija
tab. 5 Valores médio para consistência média (relativo esforço)
)7540(5,57 eentreC Cadotado = 50 KN/m²
²/5,10,1
cos
cos
²/32,13
97,3
²/97,3²/75,397,205,37
00,15,18,17,553,1
8,03,1
cmKgaprática
nautilizados
empíri
prátiValores
cmKgFS
pr
cmKgmtq
q
NbNhNCq
r
r
qcr
8,0
0,1
3,1
:.
S
Sq
Sc
OBS
Cálculo da área necessária e de “L”:
cmLAL
cmcmKg
KHA
FA
A
F
5,94
²4,8939²/32,1
11800
Logo:
7°) Se a profundidade de assentamento for 2,0 m ?
²/35,1
²/06,4²/65,400,10,28,105,37
cmKg
cmKgmtqr
Pouca diferença, no caso de argila, se mantido o valor da coesão constante, o que não
ocorre na prática.
Os valores de coesão são crescentes com a profundidade.
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97
4.6 – Fundações em aterros
A utilização da compactação consiste na melhoria das características geotécnicas,
particularmente no que diz respeito a sua densificação (aumento do peso específico) o que
implica em conseguimos maiores pressões admissíveis e menores recalques se comparado com o
solo em sua condição natural “in situ”.
O fato de se ter fundações diretas assentes em aterro não nos garante termos uma
situação favorável, ou com melhores condições de estabilidade uma vez que o grau de
compactação obtido na execução do aterro pode não ser satisfatório a ponto de imprimir ao solo
uma densidade maior que este poderia apresentar na condição natural antes de sofrer escavação e
compactação.
Ensaio para verificação do Grau de compactação (GC) de solo compactado. À esquerda em
argila, através do método de Hilf e à direita em material granular, através do frasco de areia.
Obs.: GC = Campo / Labotarório
Não só o problema da densidade da massa de solo a ser obtida, mas problemas
executivos como a falta de homogeneidade do conjunto, (não garantia de uma estrutura uniforme
e constante), descontinuidade de solo compactado, falta de suporte da base do aterro podem ser
também são responsáveis pelo insucesso que possa advir de uma Fundação Direta em aterro.
A foto mostra um rolo compactador em
uma das várias “passadas”, na execução
de um aterro em que foi especificado
GC = 100% do PN (Energia do Proctor
Normal).
O referido aterro receberá fundações de
edificação no município de
Leopoldina/MG.
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98
AVALIAÇÃO NUMÉRICA DA CAPACIDADE DE CARGA EM ATERRO EM FUNÇÃO DE
SE OBTER UM GRAU DE COMPACTAÇÃO MENOR QUE PREVISTO.
Considere a execução de um aterro em que se obtenha um peso específico seco de 1,74
t/m3 e na umidade ótima de 2,05 t/m3. Considere que este solo nas suas condições anteriores à
compactação apresentava peso específico de 1,8 t/m3 “in situ”.
Calculemos a taxa admissível para uma sapata corrida (como exemplo, para comparação)
assente a 1,50 de profundidade.
Argila: máx. “in situ” = 2,05 t/m3 (na ótima)
nat. “in situ” = 1,80 t/m3 c = 5 t/m3 (tab 3)
a) Terreno natural, não “densificado” (compactado)
2
2
/04,13
12,3
/2,3105,180,1157,5
cmkg
mtqr
(Maria José sugere 0,9 Kg/cm2)
b) Solo compactado – Aterro
b.1) GC = 100% campo = lab 2,05 t/m3 na umidade ótima de compactação.
No exemplo hotm = 18%
Se hotm = 14,1% nat “aterro” = 2,00 t/m3 c = 15 t/m3 (tab 3)
2
2
/95,23
85,8
/5,8805,100,21157,5
cmkg
mtqr
(Maria José sugere 2,7 Kg/cm2)
b.2) GC = 95% nat “aterro” = 3/90,100,295,0 mt c = 10 t/m3 (tab 3)
2
2
/99,13
98,5
/85,5905,190,11107,5
cmkg
mtqr
(Maria José sugere 1,99 Kg/cm2)
Observe que a estrutura do solo compactado passou de uma taxa de 1,04 para 2,95
Kg/cm2 se alcançada a densidade máxima de laboratório (como frequentemente especificado na
construção dos aterros para assentamento de fundações rasas) e cai de 2,95 para 1,99 Kg/cm2
pelo fato do GC ficar abaixo em apenas 5%.
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99
4.7 – Reforço de Fundações Diretas
Sobre a execução de reforço em Fundações Diretas, pode-se executar como alternativa,
estacas do tipo broca sob a base da fundação a ser concretada.
Estacas brocas são fundações consideradas profundas, executada por perfuração com
trado e posteriormente concretada. Destacada aqui por ser opção de procedimento construtivo a
ser eventualmente utilizado conjuntamente com sapatas.
Executada para contribuir com a capacidade de carga das fundações diretas (sapatas e
blocos), em terrenos de baixa capacidade de carga.
Imagem de um exemplo de sapata com reforço de estacas broca
4.8 –Detalhamento de Sapatas
• SAPATA PARA OS PILARES P1 = P8 = P12 = P19 (25 x 25) 4 x
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100
• SAPATA PARA OS PILARES P6 = P7 = P17 = P18 (17 x 25) 4 x
Dimensionamento do Conjunto de Sapatas
Considerações a serem feitas, na elaboração de um projeto:
* Igual solução de fundação (evitar solução mista em uma mesma “planta”)
* Igual cota de assentamento
* Igual Capacidade de carga no Terreno (? – depende da dimensão da “planta”)
Planta de Forma Final
* Arredondado em 5 cm
* Agrupadas em intervalos de dimensões (adotados valores apropriados, evitando muitas
dimensões para o conjunto de sapatas)
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101
Exemplo de planta final de projeto de fundações diretas, em sapatas, cintadas, e com sapatas
isoladas, associadas e com vigas de equilíbrio junto à divisa.
Exemplo de planta final de projeto de fundações em sapatas
Fonte: Velloso e Lopes (2012)