UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
PROPOSTAS DE REURBANIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DO RIO
DE JANEIRO BASEADAS EM MODELOS DE
SUSTENTABILIDADE
Por: Marcos Borges de Souza Orientador: Prof. Jander Leal
Rio de Janeiro 2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
PROPOSTAS DE REURBANIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DO RIO
DE JANEIRO BASEADAS EM MODELOS DE
SUSTENTABILIDADE
Esta publicação apresenta propostas de mudanças nos modelos de urbanização e ordenamento urbano no município do Rio de Janeiro, visando melhorias em sua ambiência através do aumento de áreas com maior valor ecossistêmico.
Rio de Janeiro 2015
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AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a elaboração desta monografia, fossem professores, pesquisadores acadêmicos, bem como meus amigos e colegas de trabalho e faculdade. As opiniões, críticas e propostas foram bem-vindas e ainda que não inteiramente incluídas no presente trabalho, foram sem dúvidas pertinentes na formulação de ideias e conceitos.
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DEDICATÓRIA
À minha querida tia Rute que me apoiou e susteve nos períodos de dificuldade, especialmente nesta jornada de um ano em que tive de me dedicar a esta pós-graduação e enfrentar as demais dificuldades da vida.
Aos meus saudosos parentes e amigos, os quais mesmo não mais presentes neste mundo, estariam contentes de batalharmos por um planeta mais humano e sustentável.
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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar como um grande
centro urbano como o Município do Rio de Janeiro, a despeito de todos seus
problemas ambientais e socioeconômicos, pode implementar modelos de
ordenamento territorial sustentáveis. Através das diversas experiências de
transformação de seu espaço geográfico, a cidade teve a oportunidade de aprender
com os erros e acertos demonstrados em intervenções que vêm sendo efetuadas
desde a sua fundação. Entretanto, as questões relativas à sustentabilidade
socioambiental durante as reurbanizações pretéritas, nunca foram colocadas como
prioridade. Desta forma, aqui são discorridas diferentes propostas de criação de
áreas verdes e outros modelos de planejamento urbano, sempre buscando o
enfoque multifuncional dos espaços passíveis de transformação. Nem todos os
modelos são necessariamente pertinentes à realidade do município, considerando
suas peculiaridades e problemas específicos, mas de um modo ou outro podem ser
inspiradores para que a sociedade, além da governança e dos agentes públicos,
possam buscar juntos soluções que visem uma cidade sustentável a longo prazo.
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METODOLOGIA
O presente trabalho objetivou descrever os processos pelas quais os
instrumentos de sustentabilidade em ambientes urbanos tiveram sua origem,
desenvolvimento e práticas até os dias atuais, através da coleta de informações
históricas e científicas na literatura existente para o tema proposto, com a
abordagens de autores das mais diversas formações e abordagens conceituais.
Foi feita a leitura de matérias especializadas em meio ambiente, nas
áreas de gestão, preservação e conservação dos recursos naturais, ordenamento
urbano, arquitetura urbana e paisagismo, uso e conservação dos solos,
planejamento e ordenamento dos espaços urbanos. De igual modo, foram
consultados textos de jornais, revistas e periódicos para conhecimento de fatos
históricos e da evolução do pensamento naturista desde os seus primórdios.
Foram consultados ainda artigos acadêmicos, livros didáticos, teses de
graduação e pós-graduação sobre os assuntos em discussão nos capítulos desta
monografia. A literatura específica sobre corredores verdes e multifuncionais foram
de crucial na elucidação dos conteúdos discorridos, assim como, na adição de
ideias e propostas de soluções possíveis para algumas questões e problemas
urbanos.
A análise de imagens e fotografias foi necessária para a concepção
dos espaços geográficos e suas transformações no decorrer do tempo. Neste
sentido, as imagens georreferenciadas do município do Rio de Janeiro foram de
especial importância, indicando com maior clareza e precisão as áreas de interesse,
principalmente para efeitos de comparação dos locais alterados pelas intervenções
antrópicas e as áreas com cobertura verde, indicando os locais com maior potencial
ecológico.
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Quanto aos parques da região da Barra da Tijuca e Recreio dos
Bandeirantes, foram de especial relevância as informações disponibilizadas pelo
programa do Mosaico Carioca, o qual visa interligar diferentes áreas protegidas da
cidade através de corredores verdes ou ecológicos, o que possibilita também prever
outros planos da governança pública com a integração das unidades de
conservação. Tais ações públicas foram objeto de análise crítica, ao mesmo tempo
em que os temas propostos podem ser avaliados não apenas do ponto de vista
simplesmente de "meio ambiente", mas também dentro das funções urbanas mais
amplas, o que inclui os necessariamente fatores sociais, econômicos, culturais,
entre outros.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I
CONCEITOS, MODELOS E PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA 14
CAPÍTULO II
MODELOS DE REURBANIZAÇÃO E PROPOSTAS DE IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS VERDES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 25
CAPÍTULO III
PERSPECTIVAS DOS NOVOS MODELOS DE ORDENAMENTO URBANO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO 41
CONCLUSÃO 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 56
WEBGRAFIA 58 ÍNDICE 59
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INTRODUÇÃO
Como toda metrópole, o município do Rio de Janeiro apresenta
inúmeros e sérios desafios de ordem socioambiental, os quais estão diretamente
relacionados a seu ordenamento urbano e territorial. Tal problemática teve origem
no próprio modelo de ocupação da cidade no período colonial. Quando os primeiros
europeus aqui chegaram, encontraram faixas de terra comprimidas entre o mar e
diversos morros e maciços montanhosos, além de costões rochosos e ilhas que
serviram em alguns casos, como pontos iniciais de estabelecimento, fossem como
fortificações militares ou locais de pousio.
A partir de sua fundação como cidade no ano de 1565, iniciou-se
propriamente sua colonização e o desenvolvimento de uma população fixa,
considerando ainda o fim da França Antártica pouco tempo depois. Uma vez
instituído o modelo de exploração econômica da metrópole portuguesa, as
intervenções visando melhorias na infraestrutura da cidade se consistiam tão-
somente em atender aos interesses da Coroa e a ocupação do novo território e
protegê-lo do ataque de inimigos e assaltos efetuados por estrangeiros. De mesmo
modo, como citado no site AmaUrca, ao longo dos séculos seguintes foram sendo
efetuados os primeiros aterramentos, objetivando aumentar o espaçamento junto à
faixa litorânea, em especial no estabelecimento do conhecemos hoje como o bairro
da Urca, o qual acredita-se que até o final do século XVII estivesse separado do
continente por um braço de mar, conhecida como Ilha da Trindade, onde se
situavam o morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar.
Posteriormente, na época do Brasil-Império, ainda que não existissem
leis ambientais de caráter amplo ou mesmo um pensamento ambientalista difundido
na sociedade, há de ser ressaltado o primeiro grande projeto de reflorestamento
urbano na cidade, dando origem à Floresta da Tijuca e mais tarde ao Parque
Nacional de mesmo nome. Entretanto, tal façanha ainda que permaneça como um
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exemplo emblemático da necessidade de preservação e conservação de áreas
verdes para a própria sadia manutenção da urbe, não foi suficiente para impedir o
crescimento desordenado do município. Inúmeras casas amontoadas em ruas
estreitas e em morros com pouca ou nenhuma condição sanitária, eram o retrato de
uma cidade sem um plano de desenvolvimento urbano e consciência de
sustentabilidade de seu ambiente. As inúmeras doenças e pragas que assolaram o
Rio de Janeiro até princípios do Século XX, foram um dos exemplos mais terríveis
para sua população, com inúmeros casos de vitimações em decorrência da febre
amarela e outras enfermidades infectocontagiosas, devido à ambiência insalubre e
às precárias condições urbanas existentes.
Este fato ilustra bem o que significa a implementação de um novo
modelo de paisagismo urbano sem uma visão sistêmica das necessidades locais,
não apenas sob as óticas socioeconômica e da infraestrutura tradicional, mas
também cultural. Entendendo-se aqui por cultura não apenas no sentido mais
restrito do termo, mas sobretudo como a consciência coletiva, social e integrada da
importância de uma ambiência compartilhada de forma sadia entre as intervenções
humanas na ocupação e utilização dos recursos naturais e o próprio meio físico do
qual tudo e todos dependemos para sua sustentabilidade ao longo do tempo.
Portanto, apresentamos aqui novas propostas que buscam aprofundar
a discussão referente a como a implantação de áreas verdes, ou mesmo estruturas
urbanas sustentáveis e integradas com o ambiente da cidade, podem contribuir para
a melhoria da qualidade de vida da população e auxiliar nos processos ecológicos
aos quais o Rio de Janeiro está inserido. Considerando-se ainda que vivemos uma
era de incertezas quanto ao futuro do clima no planeta, o qual pode produzir efeitos
negativos sobre seus habitantes em um futuro muito próximo, ademais dos já
percebidos em nosso tempo, devido principalmente ao acúmulo de gases poluentes
e de efeito estufa na atmosfera.
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Por estes motivos, e havendo a ciência do histórico da cidade, se torna
urgente que sejam apresentadas novas propostas que busquem aprofundar essa
discussão, em especial, no que se refere à implantação de novos modelos que
visem incrementar sua sustentabilidade, incluindo estruturas urbanas sustentáveis e
integradas com a ambiência do município. Somadas, podem contribuir para a
melhoria da qualidade de vida da população e auxiliar nos processos ecológicos aos
quais a metrópole está inserida. Considerando-se ainda que vivemos uma era de
incertezas quanto ao futuro do clima no planeta, medidas preventivas e inclusive de
precaução se tornaram indispensáveis na tomada de decisões por parte dos
gestores e demais atores urbanos.
Entramos a partir destas premissas na questão dos serviços
ecossistêmicos prestados direta ou indiretamente por um ambiente equilibrado ou
sustentável. Adiciona-se ainda o agravante de que o ambiente urbano, normalmente
por sua própria configuração estrutural e maior aglomeração de pessoas, produza
um passivo ecológico no sentido que seu consumo de recursos naturais não possa
ser saldado por si próprio. Tem-se na maioria dos casos, como o da capital
fluminense, uma alta emissão de gases poluentes, consumo de água e alimentos
em grande escala e por outro lado, pouca captura de carbono da atmosfera e de
baixa produção de alimentos in natura. Isto nos deixa mais dependentes ainda dos
serviços ambientais, os quais têm de ser otimizados de modo a deixar a balança
ecológica menos desequilibrada.
Destarte, a destruição e a não integração das áreas e espaços verdes
disponíveis irão certamente piorar este quadro. Torna-se imperioso portanto a
utilização dos recursos tecnológicos já conhecidos e de um planejamento territorial
urbano que possibilite o estabelecimento de bairros mais ecológicos, ou em outras
palavras, mais sustentáveis. Naturalmente, como grande parte da ambiência urbana
da cidade já se consolidou, o que tornaria extremamente complexa e custosa sua
remodelação completa, não caberia aqui postularmos, em termos práticos, medidas
radicais de remoções inteiras de partes residenciais estabelecidas preteritamente
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em todos os bairros e comunidades, mas sim de sugerir intervenções mais pontuais
nas áreas que necessitam de considerável aumento de superfícies verdes, e obras
visando um melhor fluxo dos processos ecológicos naturais.
Existem muitas correntes que procuram tornar as cidades mais sustentáveis e resilientes, com menor pegada ecológica e com metabolismo circular, procurando fechar os ciclos de entradas e saídas de energia e matéria. (HERZOG, 2013, p. 110).
Em outras palavras, requer-se das governanças uma substituição de
um modelo tradicional, antropocêntrico e insustentável por outro, onde as soluções
venham do próprio ambiente, com a implantação de uma infraestrutura urbana mais
verde e que seja adequada na obtenção de ecossistemas mais equilibrados e ao
mesmo tempo atenda às necessidades da população.
Desta forma, as propostas que seguem são no sentido de melhorias
nas condições naturais existentes no município do Rio de Janeiro, seja em seus
sistemas ecológico, hidrológico, biótico ou socioeconômico, sendo que este último
por sua vez também pode ser dividido em vários outros quesitos a serem
considerados, tendo como exemplos importantes: mobilidade urbana, energia,
reciclagem de resíduos sólidos, redes de drenagem de águas e saneamento, áreas
de lazer, de práticas desportivas e culturais, dentre outros.
O que se tornou patente à vista dos especialistas atuantes nas áreas
ambientais, e mesmo em parte considerável da sociedade, é que medidas que
transformem a qualidade de vida nos meios urbanos não podem ser mais adiadas
ou simplesmente se tornarem medidas inconsistentes com a realidade atual e sem
sustentabilidade a longo prazo. Tais práticas e processos, estabelecidas com base
na concretagem indiscriminada dos espaços urbanos e pautadas no uso de
transportes utilizadores de combustíveis fósseis, principalmente através de veículos
particulares, se constituem hoje um modelo anacrônico para sua continuidade,
tendo em vista que há diversos bons exemplos em curso em outras cidades de
destaque. Estes incluem diferentes elementos de infraestrutura verde como por
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exemplo: a bioengenharia, as biovaletas, os canteiros e jardins de chuva, as bacias
de retenção e bacias de detenção, tetos e paredes verdes, pavimentos porosos,
ruas verdes e de uso múltiplo, assim como, um dos mais em voga atualmente que
são os corredores verdes.
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CAPÍTULO I
CONCEITOS, MODELOS E PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA
O processo de planejamento, ordenamento e gestão do território deve
ter por base a proteção e a integração dos elementos biofísicos, culturais,
recreativos e paisagísticos, de modo a promover a sustentabilidade do ambiente
como um todo. Por conseguinte, cabe aos gestores públicos nas cidades avaliarem
todos os fatores de forma bem abrangente, devendo considerar muitas vezes as
complexidades dos ambientes urbanos e os diversos elementos envolvidos,
humanos ou não, em suas tomadas de decisão.
Mesmo com as vantagens da urbanização, tais como a concentração
de bens e serviços que favorecem a expansão do capital, e a centralização de
desenvolvimento tecnológico e educacional, os quais impulsionam a indústria, o
comércio e demais serviços, existe o lado das desvantagens. As cidades, quase
sempre em expansão, consomem quantidades consideráveis de recursos naturais
como água, alimentos, energia, minerais e outros, os quais normalmente pouco
produzem, enquanto eliminam grandes quantidades de gases tóxicos, resíduos,
efluentes sanitários e outras fontes de poluição e aumento de calor.
Deste modo, tornou-se mais que urgente na presente época reverter
este processo em curso. A solução para o problema carece da transformação dos
sistemas urbanos a partir de visões holísticas, que além de integrar os espaços
antropisados com os demais ecossistemas que o circundam, façam igualmente com
que a cidade se torne, ela própria, um ecossistema sustentável. Para tal objetivo,
devemos conhecer melhor os conceitos de ecologia urbana, modelos e elementos
que propiciam incrementar práticas de sustentabilidade.
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1.1. Ecologia Urbana e Município do Rio de Janeiro
Ecologia urbana, um campo da ecologia, é uma nova área de estudos
ambientais que procura entender os sistemas naturais dentro das áreas urbanas.
Ela lida com as interações de plantas, animais e de seres humanos em áreas
urbanas. Tem como foco o estudo dos rios, da vida selvagem e das áreas livres
existentes nas cidades, com o intuito de compreender de que forma esses recursos
são acometidos por fatores do desenvolvimento de nossa época, tendo como
exemplos, a urbanização desordenada, as diversas formas de poluição, a
industrialização, supressões de remanescentes florestais, entre outros.
É a partir da ecologia urbana que conseguimos compreender o
fenômeno das cidades como parte integrante de um ecossistema vivo e em
constante mutação. Assim, há de se ressaltar sua enorme importância, o que a
torna uma matéria essencial à compreensão e, consequentemente, à possível
reversão dos problemas ambientais provenientes do desenvolvimento urbano. De
acordo com Bredariol (1997), as limitações impostas pela ecologia de determinado
lugar irá limitar ou orientar seu crescimento, de modo a evitar que sejam criados
desequilíbrios entre a cidade e a natureza (p.14).
No caso específico do município do Rio de Janeiro, esta condição se
mostra de modo quase inigualável, tendo em vista que a cidade somente existe
como a vemos hoje graças a intervenções antrópicas acentuadas, com
aterramentos em parte considerável de sua orla, drenagem de lagoas e áreas
brejosas, incluindo o desaparecimento de várias destas, canalização de rios e
córregos, desmonte de morros e supressão de quase todas as formações florestais
de suas baixadas. Portanto, sua dinâmica ecológica obedece pelo presente, regras
distintas da época em que foi iniciada sua colonização pela metrópole portuguesa.
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Torna-se imperioso, principalmente pelo fato de nos encontrarmos em
uma época de incertezas quanto ao futuro do clima global, que a governança da
cidade tome medidas baseadas nos novos modelos de médio e longo prazos,
evitando-se problemas relacionados à ocupações de áreas naturais, obras em
corpos hídricos e em suas áreas de influência e de proteção permanente, assim
como nas áreas costeiras. Todas estas, devido à perspectiva de alterações das
dinâmicas nos oceanos e das correntes de ar continentais, que por sua vez poderão
acarretar em mudanças significativas quanto às temperaturas, pluviosidade e níveis
oceânicos. Confirmando-se estas hipóteses, os prejuízos das intervenções
antrópicas poderão ir além dos financeiros, com riscos de comprometer seriamente
o ambiente da cidade e consequentemente a vida de seus habitantes.
Destarte, a criação, ampliação, conservação e os trabalhos de
educação envolvendo o estabelecimento de espaços verdes e outras áreas e
infraestruturas de sustentabilidade urbana, são de vital importância para o alcance
do equilíbrio desejado por todos, os quais dependem não apenas da governança,
mas também da participação da sociedade, haja vista que ao entendermos a cidade
como um organismo vivo e mutável, todos estão interligados e interdependentes.
Naturalmente, isso pressupõe a conscientização da população através de processos
históricos de educação ambiental e tomadas de decisão dos gestores públicos, no
sentido de promover o planejamento das ações necessárias ao uso racional e
sustentável dos espaços ao longo do tempo.
1.2. Propostas e histórico da criação e preservação de áreas verdes
Conforme citado no Manual de Arborização da CEMIG (2011), a
substituição da cobertura natural do solo por edificações e outros equipamentos
urbanos, alteram as condições de equilíbrio climático locais, atuando na regulação
térmica e na umidificação do ambiente (p. 91). Tais condições são necessárias para
manter um grau mínimo de conforto em seus habitantes, seja pelos aspectos e
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impactos incidentes referentes ao clima, sobretudo ao amenizá-lo pela diminuição
das ilhas de calor e melhoria da sensação térmica, bem como pelos benefícios
resultantes tais como a distribuição e intensidade de chuvas, permeabilidade do
solo, vazão dos rios, ventos, luminosidade, qualidade do ar, proteção a doenças
veiculadas pelas águas, evitando desta forma graves prejuízos ambientais e
socioeconômicos. De igual modo, ajudam a manter a biodiversidade local, a partir
da manutenção dos bancos genéticos da fauna e flora locais.
Podemos somar a estes as questões subjetivas e inerentes ao ser
humano, entre as quais destacam-se os níveis de contentamento gerados pelo meio
natural, ao contemplar um espaço verde no lugar de espaços quase que
completamente pavimentados. Portanto dentro desta visão, espaços com
infraestrutura cinza devem ser substituídos por outros contendo “infraestruturas
verdes”, onde o conforto humano e a qualidade de vida associam-se aos benefícios
climáticos e ambientais que a vegetação proporciona, como também às várias
funcionalidades que estes espaços podem adquirir, influenciando o homem a vários
níveis: psicológico, educativo, funcional, estético, cultural e desportivo.
Cidades e bairros que oferecem convívio social diversificado em áreas mais compactas – com residências, comércio, serviços, lazer e recreação, além de fartos espaços arborizados – nas quais se pode andar a pé em ruas agradáveis e sombreadas e ter acesso a transporte de massa, são lugares mais apreciados e valorizados. (HERZOG, 2013, p. 167).
Para tal aplicação é necessário que haja uma visão completa sobre o
funcionamento das relações ecossistêmicas das áreas em discussão. Destarte,
devem ser conhecidas as partes a serem contempladas nos estudos de interesse,
pois um sistema dinâmico, como o que ocorre em áreas urbanas possui diversos
elementos interligados e em constante funcionamento. Ainda de acordo com Herzog
(2013), são considerados em tais processos todos os fatores de forma holística,
sejam eles bióticos ou abióticos, gerados ou não pelas atividades antrópicas (p. 77).
Desta forma, os elementos que constituem o sistema possuem diversas
interconexões, ocorrendo o fluxo de matéria e energia entre eles.
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Mas de forma a melhorar os produtos e impactos originados dos fluxos
ecológicos positivos, os quais podem também ser chamados de serviços
ecossistêmicos, uma das medidas necessárias a serem incrementadas em nossas
cidades é a criação e a preservação de áreas verdes funcionais. Ao longo dos
últimos dois séculos principalmente, houve diferentes autores que idealizaram,
planejaram e ajudaram a implementar alguns modelos de áreas ou mesmo cidades,
que atendessem a requisitos de maior sustentabilidade e harmonia socioeconômica,
possibilitando que pelo presente, consideremos algumas dessas práticas na busca
pela sadia qualidade de vida nos ambientes urbanos.
1.2.1. Corredores Verdes ou Greenways
Uma das propostas criadas mais importantes diz respeito à criação dos
corredores verdes, conhecidos na literatura específica também pelo termo em inglês
greenways, os quais possuem papel fundamental na proteção dos ecossistemas
situados ao longo de rios e outros cursos d'água e assumem papel de grande
importância nos ambientes urbanos, pois além da conservação e preservação do
meio biótico, podem prevenir enchentes ao permitir um melhor escoamento das
águas pluviais, devido a uma maior permeabilidade do solo por estes conferida.
Podem ainda se constituir em corredores ecológicos dentro de áreas urbanas, que
podem e devem conectar fragmentos de ecossistemas isolados em uma cidade ou
região metropolitana.
Frischenbruder e Pellegrino (2006), citados por Herzog (2008),
conceituam que são considerados corredores verdes (ou caminhos verdes),
espaços abertos lineares que desempenham diversas funções ecológicas, como
conexão entre fragmentos de vegetação, a proteção de corpos hídricos, a
conservação da biodiversidade, a possibilidade de manejar as águas das chuvas,
além de promover múltiplos usos pela população, como recreação, transporte e
promover a coesão social.
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Esta ideia pode ser igualmente relacionada aos corredores ecológicos
inseridos na paisagem, podendo ser utilizados inclusive no embelezamento das
margens dos cursos d'água, acompanhados por vegetação natural, os quais
proporcionam valor estético e cultural a estes ambientes, geralmente associados ao
lazer e possibilitando muitas vezes o acesso a locais históricos e à contemplação de
belezas cênicas.
1.2.2. Histórico dos corredores verdes urbanos
A ideia de corredor verde remonta ao início do século XVIII, com
boulevards e parques que ligavam espaços urbanos. Já o conceito data da metade
do século XIX, com os Greenways de Frederic Law Olmsted, de acordo com
Sarmento e Mourão (2001) apud Rocha (2011). Ele foi o arquiteto responsável por
alguns dos principais projetos de paisagismo americano, como os parques de
Boston e do Central Park em Nova Iorque. Esta ideia consiste em corredores
inseridos na paisagem, geralmente baseados no saneamento das linhas de água e
nas formas naturais do terreno. Tais iniciativas decorreram igualmente da
necessidade de preservação de ambientes naturais de outros interesses, como por
exemplo, dos loteamentos para fins de expansão imobiliária.
Segundo Little (1990) e Smith & Hellmund (1993) citados por Giordano
(2004), Olmsted no ano de 1865 introduziu o conceito de parks ways (parkways),
que seriam caminhos que ligassem parques e espaços abertos entre si e com suas
vizinhanças. Tais propostas, portanto, já vislumbravam a necessidade de integração
da preservação da natureza com as atividades humanas, incluindo tanto as laborais
e de mobilidade, como a contemplação e o lazer.
No exemplo da cidade de Boston, que era até início do século XX uma
das cidades mais industrializadas dos Estados Unidos, temos um dos sistemas de
parques implantados mais bem-sucedidos até hoje, o qual ficou conhecido como
Colar de Esmeraldas (Emerald Necklace), que segundo Herzog (2013), consegue
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mimetizar a natureza, através de alagados construídos que purificam as águas
poluídas por esgoto e efluentes industriais. Em seu interior se situa o Lago Jamaica,
também projetado e construído por Olmsted, oferecendo de igual modo seus
serviços ecossistêmicos (p. 44). Antes da criação do Colar de Esmeralda, Boston
sofria seguidamente com sérios problemas de poluição de suas águas, causados
pelos vários dejetos lançados principalmente por suas fábricas, e normalmente após
enchentes, eram comuns as ocorrências de surtos contagiosos ou mesmo
epidemias.
Outro exemplo de ideia de reconstrução da paisagem urbana surgiu
com o inglês Ebenezer Howard em fins do século XIX, que idealizou a
harmonização dos ambientes urbanos como os do campo. De volta à Inglaterra,
planejou o que veio a ser conhecido como cidades-jardins, onde vislumbrou cidades
onde seus habitantes pudessem usufruir dos benefícios conjugados tanto das
benesses de uma vida urbana como infraestrutura, entretenimento e oportunidades,
como do ar puro, belezas naturais e menor custo de vida das zonas rurais. Tal
modelo, seria aplicado em subúrbios, os quais ficariam cercados por um cinturão de
terras a serem utilizadas para a agricultura. O ideal de Howard não foi apenas de
mudança na concepção da forma, mas de igual modo na funcionalidade, em seus
meios financeiro e administrativo, servindo como um modelo de cidade ideal, sadia,
bela que oferecesse a almejada harmonia socioeconômica e ambiental.
Um outro pioneiro nas ideias que impulsionaram o urbanismo
sustentável foi o arquiteto paisagista escocês Ian McHarg, com a publicação em
1969 do livro Design and Nature. Conforme observado em Farr (2013, p. 13;14),
este livro foi influenciado pela própria experiência do autor, que quando jovem
vivenciou os problemas ambientais urbanos de sua cidade natal, Glasgow, na
Escócia, inclusive quanto à estética de sua paisagem, passando a associar este tipo
de ambiência a um quadro patológico.
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Ainda segundo citado por Herzog (2013), os trabalhos de McHarg eram
dirigidos a grandes áreas, onde o planejamento buscava conciliar a proteção
ambiental em expansões urbanas ou rurais, através de estudos sistemáticos de
capacidade suporte da área, assim como, os levantamentos demonstraram a
importância de preservação de áreas que se constituem em corredores ao longo
dos rios (p. 4).
E como pode ser notado nessas diferentes perspectivas
exemplificadas ao longo da história, os corredores verdes foram se adaptando aos
respectivos contextos de cada país, e atualmente encontram-se diversos casos de
projetos bem-sucedidos no exterior e também no Brasil, normalmente com ênfase
na busca pela sustentabilidade e proteção ambiental. As próprias áreas de
preservação permanente, que foram alvo de especial interesse do antigo Código
Florestal Brasileiro (Lei 4.771/65), são relacionadas às faixas marginais dos cursos
d'água, nascentes e lagos, entre outras tipologias consideradas.
1.2.3. Tipos de corredores verdes
Little (1990) citado por Giordano (2004), classificou os corredores
verdes (greenways) em cinco tipos:
• greenways urbanos ao longo de rios e lagos, geralmente criados como parte de programas de recuperação de áreas; • greenways recreacionais, criados em corredores naturais como canais abandonados, trilhas ou estradas abandonadas, geralmente de longa distância; • corredores naturais ecologicamente significantes, normalmente ao longo de rios ou linhas de cumeada, que podem possibilitar a migração de espécies, estudo da natureza e caminhadas a pé;
• rotas cênicas ou históricas, ao longo de estradas, rodovias, rios e lagos; • sistema abrangente ou rede de greenways, baseados em formas naturais como vales ou então pela união de greenways e espaços abertos de vários tipos criando infraestruturas verdes alternativas. (GIORDANO apud LITTLE, 2004, p. 10).
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Deste modo, percebe-se que os corredores verdes ou ecológicos
abordam a multifuncionalidade, o que é diferenciada de acordo com as perspectivas
apresentadas para sua implementação, não sendo por conseguintes padrões
estanques, mas podem ser adaptados conforme as necessidades ou o
planejamento das atividades ou programas ambientais propostos pela população ou
pela governança.
1.2.4. Elementos de infraestrutura ecológica
Quanto aos elementos de infraestrutura ecológica, dentre os vários
tipos apresentados pela literatura, e que vê sendo utilizados em diferentes cidades
do mundo, inclusive em áreas rurais, podemos destacar para sua aplicação em uma
cidade como o Rio de Janeiro:
a) JARDINS DE CHUVA: Conforme o relatado no site Soluções para
Cidades, estas estruturas recebem o escoamento de água e acumulam os
excessos, formando poças que se infiltram gradualmente no solo, auxiliando o
sistema de drenagem a trabalhar dentro de sua capacidade mesmo durante os
picos de precipitação. Também chamados de sistema de biorretenção, os jardins
utilizam a atividade biológica de plantas e microrganismos para remover os
poluentes das águas pluviais, contribuindo para a infiltração e retenção da água de
chuva.
b) ALAGADOS CONSTRUÍDOS: Naturalmente eles ocorrem na forma
de brejos, pântanos ou pequenos lagos. Foram adotados artificialmente como uma
maneira de mimetizar estes ecossistemas, tratando as águas residuais através de
mecanismos químicos, físicos e biológicos. Conseguem tratar águas poluídas
recebendo as águas pluviais e retendo o excesso de contaminação, removendo-as
com o auxílio de plantas aquáticas, como as macrófitas por exemplo.
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c) BIOVALETAS: Conforme citado no site Cidades Sustentáveis, são
depressões lineares preenchidas com vegetação, solo e demais elementos filtrantes
que processam uma limpeza da água da chuva ao mesmo tempo em que
aumentam seu tempo de escoamento. É sempre associada a jardins de chuva, que
facilitam o escoamento da água, enquanto as biovaletas promovem a filtragem dos
poluentes trazidos pelo escoamento superficial, e de mesmo modo, elas conseguem
reter os poluentes e a luz solar.
d) LAGOAS PLUVIAIS: são compostas por bacias de retenção
integradas aos sistemas de drenagem. Ocupa mais espaço, mas proporciona a
retenção de grandes volumes de água. E por estar sempre com uma quantidade
mínima de água presente, mesmo em tempos entre chuvas, pode ser caracterizada
como um ambiente alagado artificial e, dependendo do controle da água retida e de
sua qualidade, pode ser adaptado como alternativa de recreação, lazer e habitat,
substituindo os piscinões que não proporcionam áreas de contemplação naturais.
e) TETOS VERDES: uma cobertura de vegetação plantada por cima
do teto de edificações, os quais diminuem o calor recebido diretamente de fora,
permitindo que em seu interior diminua o consumo de energia por aparelhos de
refrigeração. Ao mimetizar parcialmente o verde natural serve também para atrair
espécimes da fauna, o que enriquece o ambiente. De mesma forma, ajudam a
proteger os telhados de infiltrações conferindo assim maior durabilidade para os
mesmos.
f) PAVIMENTOS POROSOS OU PERMEÁVEIS: Tipo de pavimentação
onde sua superfície porosa permite o escoamento das águas decorrentes de
precipitações, até as camadas inferiores do solo. Tal aplicação, além de permitir que
o excesso das chuvas não se acumulem na superfície e possam causar inundações,
contribui também para que os lençóis freáticos sejam reabastecidos dentro da
própria área da cidade.
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g) RUAS VERDES: De acordo com Herzog (2013), são ruas
arborizadas, que integram o manejo de águas pluviais (com canteiros centrais);
reduzem o escoamento superficial durante o período das chuvas; diminuem a
poluição difusa, que é carreada de superfícies impermeabilizadas; e possibilitam dar
visibilidade aos problemas hidrológicos e de funcionamento da infraestrutura verde
(p. 167).
25
CAPÍTULO II
MODELOS DE REURBANIZAÇÃO E PROPOSTAS DE IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS VERDES NA CIDADE DO RIO
DE JANEIRO
Durante os primeiros séculos de Brasil-Colônia, o Rio de Janeiro
cresceu a passos lentos até a chegada da comitiva real de Dom João VI em 1808,
quando a cidade possuía um contingente de aproximadamente sessenta mil
habitantes. Conforme foi descrito por Vale (p.1, site do Arquivo Nacional), "a Corte
joanina, quando aqui chega, encontra uma cidade colonial não exatamente
pequena, mas acanhada, simples, que nos próximos anos realizaria um grande
esforço para se adequar à nova condição de Corte e de sede do Império português."
Por este tempo, a população estava concentrada na orla da Baía de Guanabara,
próxima aos domínios do que atualmente ainda é o Centro da cidade, de modo que
bairros que hoje são altamente urbanizados como Botafogo, Laranjeiras e Tijuca
eram basicamente áreas rurais com predomínio de fazendas.
Um dos aspectos mais comentados pelos recém-chegados sobre a
cidade, e que constituiu um problema e grande desafio na empreitada de civilizar e
torná-la habitável para os europeus, eram as condições de salubridade. De acordo
com a observação de Vale, na cidade acreditava-se que o calor abafado causado
pela baixa circulação de ar era responsável pela proliferação de doenças nas ruas e
casas (p. 1). Neste período a cidade, experimentou um crescimento e uma
modernização notável. A ferrovia e os bondes que substituíram os primários
transportes coletivos alongaram a cidade para locais mais distantes, abrindo novos
bairros, a iluminação pública foi incrementada, iniciou-se o sistema de esgotos e
foram abertas valas e drenou-se novas áreas.
26
Ainda durante o século XIX foram elaborados dois planos urbanísticos
para a cidade do Rio de Janeiro: o Relatório Beaurepaire em 1843 e o Relatório da
Comissão de Melhoramentos, em 1875 e 1876. Ambos tinham, como os demais,
preocupação em questões de higiene, controle e indução do desenvolvimento da
cidade, pavimentação, abertura e alargamento de vias, além de representarem a
síntese do pensamento urbanístico do momento. Estes deram continuidade ao que
havia sido iniciada em 1816 com a Missão Artística Francesa, chefiada por Joaquim
Lebreton, ainda durante o governo de Dom João VI com a preocupação em dar
"novos ares" à cidade, onde o modelo europeu de civilidade e urbanização com
preocupações estéticas já eram resultado dos anseios da nova aristocracia
estabelecida.
Conforme visto, estes trabalhos continuaram fundamentados nas
perspectivas elaboradas pelo poder dominante à época, de que seria preciso
transformar a cidade a partir do quadro de paisagem geográfica que havia se
formado na capital do país. O relevo e a rede hidrológica existentes, aliados ao
modelo de concentração de pessoas habitando em sua região central e arredores,
levaram a uma série de medidas e planos descontínuos, mas que retornavam com a
mesma expectação de saneá-los através dos meios urbanísticos disponíveis,
novamente inspirados no que se sucedia no mundo civilizado e na Europa, em
especial.
2.1. Planos de reurbanização durante o governo republicano
No governo republicano que se seguiu, houve o primeiro grande plano
sistemático de reurbanização carioca, durante o governo do então prefeito Francisco
Pereira Passos nos primeiros anos do século passado, com a transformação urbana
da Avenida Central, hoje Rio Branco, e das Avenidas Beira-Mar e Maracanã, além
de praças e museus, inspirando-se nas mudanças efetuadas na cidade de Paris na
segunda metade do Século XIX, efetuadas pelo Barão Haussmann. A questão da
27
higienização pública ocorreu concomitante a estas, dirigidas pelo médico sanitarista
Oswaldo Cruz, diretor do Serviço de Saúde Pública, o qual visava erradicar doenças
tropicais como a febre amarela, vacinar contra a varíola e melhorar as condições de
vida da população.
A aprovação da Lei da Vacina desencadeou a revolta de boa parcela
dos moradores, com o temor de que a vacinação obrigatória fosse uma forma de
extermínio das camadas mais pobres, uma vez que estava associado aos projetos
de modernização urbana propostos por Pereira Passos e pelo Presidente da
República, Rodrigues Alves. Segundo Azevedo (2003), a Reforma teve como um
dos pontos principais a abertura da Avenida Central, onde a ligação do porto com o
centro comercial do Rio de Janeiro possibilitou o escoamento dos produtos que
chegava à cidade, o que foi considerado melhor do que a construção de diferentes
túneis que cortassem à época, os morros da Conceição, do Livramento, da
Providência e da Saúde (p. 47).
Não obstante, a execução do plano solucionou apenas parte dos
problemas, uma vez que muitos dos moradores desalojados dos cortiços demolidos
na ocasião se mudaram para locais mais afastados dos subúrbios, ou mesmo foram
morar em morros como o da Providência, ficando conhecido como a primeira favela
carioca. Por conseguinte, a questão do déficit habitacional permaneceu gerando
inclusive outro problema, de ordem ambiental, resultado da ocupação desordenada
dos morros, com o aumento da supressão vegetal e criação de novas áreas sem
saneamento e infraestrutura adequada, através do crescimento desordenado e da
favelização em diferentes pontos da cidade.
Outro modelo que seguiu aos anteriores foi o Plano Agache, como
ficou conhecido, sendo que Agache (1930), citado no site da Prefeitura do Rio de
Janeiro (2015), declara que esta foi a primeira proposta de intervenção urbanística
na cidade do Rio de Janeiro com preocupações genuinamente modernas.
Implementado no período de 1926 a 1930, introduziu no cenário nacional algumas
28
questões típicas da cidade industrial, tais como o planejamento do transporte de
massas e do abastecimento de águas, a habitação operária e o crescimento das
favelas.
Além disso, com discussões emergentes que iam desde a necessidade de um zoneamento para a cidade até a delimitação de áreas verdes, ultrapassou os limites do Academicismo das intervenções predecessoras de Pereira Passos e Paulo de Frontin. (AGACHE, 1930).
As intervenções urbanas do Plano Agache voltavam-se
preferencialmente para as regiões do Centro e os bairros da Zona Sul: Ipanema,
Leblon, Gávea, em detrimento dos subúrbios e da Zona Norte. Não sem motivo,
podem ser ainda observados nos bairros do Catete e Flamengo edifícios no estilo
belle-epoque. Abreu (1997), citado por Pires (2010), relata que o objetivo era
ordenar e melhorar a cidade segundo critérios funcionais de estratificação social do
espaço. Assim, acabou proporcionando a segregação e apartação social, na medida
em que previa habitações para as classes mais privilegiadas e de outro tipo para a
classe operária existente na cidade.
De todo modo, o Plano Agache previu mudanças muito importantes
para a paisagem do Rio de Janeiro, que foram complementadas mais tarde com o
Plano de Extensão e Transformação da Cidade, com a abertura da Avenida
Presidente Vargas, que foi realizada no início da década de 1940 durante o governo
do prefeito Henrique Dorsworth. Propôs também, pela primeira vez, o zoneamento
da cidade, que incluía a reserva de áreas verdes. Contudo, muitos das projetos não
foram sequem executados e outros apenas décadas mais tarde, como o metrô
carioca, o qual foi inaugurado no final da década de 1970. Atualmente, a expansão
das linhas metroviárias ainda se encontra em discussão, com as propostas de
construção de outras três linhas.
Desta feita, pode ser observado que quando os instrumentos de
planejamento territorial são desenvolvidos a partir de uma óptica fragmentada do
29
espaço, não contemplando deste modo, a relação de interdependência espacial
existente entre os elementos que compõem uma paisagem, os resultados não são
plenamente satisfatórios, diferentes do caso de Boston, EUA, conforme discorrido
no Capítulo I. Além deste, existem outros modelos de sustentabilidade adotados
atualmente em outras cidades importantes, os quais obtiveram conquistas
ambientais importantes, dentro de suas políticas de ordenamento urbano.
2.2. Exemplos de cidades-modelo em infraestrutura ecológica
a) VICTORIA-GASTEIZ, ESPANHA: Recebeu no ano de 2012 o título
de cidade verde da Europa. Todas as pessoas possuem uma área verde até 300
metros de distância. A Prefeitura local também trabalha com os princípios da
Agenda 21, e tem como meta diminuir o consumo doméstico de água, aumentar as
áreas verdes, eliminar sacolas plásticas, melhorar o sistema de transporte e reduzir
a emissão de gases do efeito estufa. Possui ainda 95 quilômetros de ciclovias e 598
estacionamentos para bicicletas.
Ainda de acordo com Mariuzzo (2012), as áreas verdes funcionam,
também, como escolas vivas para produção e estudo de hortas comunitárias,
jardinagem, produção orgânica, entre outros. Boa parte dos investimentos na cidade
espanhola foi direcionado para criar um sistema de transporte público mais
eficiente, com corredores de ônibus, ciclovias e utilização de energia limpa. Foram
implementadas ainda medidas para reduzir a fragmentação de habitats e monitorar
a fauna e a flora locais, resultando em um cinturão verde em torno da cidade.
b) HAMBURGO, ALEMANHA: segunda maior cidade do país, e um dos
principais portos da Europa, onde há um ousado projeto chamado de Rede Verde
(Grünes Netz), para que seja possível percorrê-la totalmente sem o uso de
automóveis, através da conexão das maiores áreas verdes municipais com as
ciclovias e as vias para pedestres. Este projeto está previsto em 15 a 20 anos para
30
sua execução e intenciona que as pessoas possam circular da periferia até o centro
sem carros. Assim as pessoas terão de circular a pé, de bicicleta ou utilizando o
transporte público.
Além disso, ainda mais áreas verdes serão acrescentadas,
aumentando para sete mil hectares esses locais na cidade e imediações, que, além
de servirem de vias para os pedestres e ciclistas, permitirão a realização de outras
atividades de lazer, e serão utilizados até mesmo para conectar habitats de animais
silvestres, permitindo que eles cruzem o município sem o risco de serem
atropelados. Mesmo já possuindo 40% de seu território com superfície verde, a
governança local pretende aumentá-la ainda mais, permitindo que sejam usadas
para práticas esportivas, além de servirem como parques, jardins e cemitérios.
c) ESTOCOLMO, SUÉCIA: É outro exemplo especialmente importante
de cidade sustentável. Uma de suas contribuições mais notáveis nos últimos anos
foi a criação do ecobairro de Hammarby Sjostäd, que nasceu no lugar de área
anteriormente degradada, a qual, a partir do ano de 1990 começou a ser
recuperada. Desde então, sua implantação se encontra em curso, prevista para
acabar em 2016. Trata-se de local situado às margens de um lago, e passou a se
constituir em uma nova forma de entender a cidade e a gestão dos recursos, como
um metabolismo urbano circular de aproveitamento dos resíduos, água, energia e
materiais usados, e não apenas pelo uso dos recursos e produção de lixo e
poluição.
O projeto conta com um sistema de coleta seletiva de resíduos
subterrâneos, os quais são reciclados. Devido a essas e outras inovações, a região
emite aproximadamente 50% menos gases de efeito estufa do que um bairro
convencional. De acordo com Herzog (2013), a mobilidade urbana também é feita
por trens do tipo VLT, que conectam o bairro com o resto da cidade de forma
eficiente e segura (p. 214). Há ainda um sistema de compartilhamento de carros e
as ciclovias que ligam o bairro com diferentes pontos da cidade. Todos os materiais
31
utilizados dentro e fora dos prédios foram cuidadosamente selecionados com base
em considerações ambientais. Os edifícios têm painéis fotovoltaicos e térmicos (que
proporcionam a metade da água quente consumida), isolamento térmico, janelas
com vidro triplo e telhados verdes.
d) SEUL, COREIA DO SUL: A despoluição do rio Cheonggyecheon foi
um dos mais bem-sucedidos programas de recuperação de cursos d'água já
realizado. Segundo o site Arquitetônico, este rio foi construído durante a Dinastia
Joseon (1392-1410) e tinha a função de dreno para a cidade. Esse córrego
sobreviveu durante centenas de anos, até 1940, quando a cidade se tornou
populosa e se fixou em torno do córrego. Gradualmente, o córrego foi coberto por
concreto e nos anos de 1970 cerca de 6 km de vias elevadas foram construídos
acima dele. Contudo, em 1999 se iniciou o planejamento por parte do poder público
local que visava recuperar a área de seu curso.
Primeiramente, foram removidas milhares de toneladas de concreto
dos viadutos que cobriam o rio, na maior parte já canalizado, fase esta que demorou
até 2003. Além da remoção da auto-estrada acima, houve a recuperação das águas
do Cheonggyecheon e um surgiu um grande parque linear urbano, com 5.8 km de
extensão, 400 hectares e 80 metros de largura. Para facilitar o acesso ao local, além
da construção de novas pontes, o sistema de transporte coletivo foi ampliado, o que
significou uma redução no número de veículos nos arredores. Tudo isso para
recuperar a paisagem na região e melhorar a qualidade de vida da população. As
interferências urbanísticas e as obras de melhoria ambiental fizeram a temperatura
na área do canal cair em média 3,6°C em relação a outras regiões da cidade.
e) PORTLAND, E.U.A: Durante o século XIX, esta cidade do estado do
Oregon, foi apontada como uma das metrópoles mais poluídas do território norte-
americano. Na época o centro urbano não possuía sistemas de saneamento básico,
ou seja, os esgotos ficavam a céu aberto e os rios eram contaminados pelos
resíduos. Além disso, as indústrias madeireiras abusavam do corte de árvores, o
32
que prejudicou a atmosfera local. No entanto, na década de 1970, uma crise atingiu
os empreendimentos que desmatavam área, dando à cidade uma oportunidade
para implantar ações de preservação ambiental e se tornar sustentável.
Disposta a desenvolver uma economia completamente nova, o
governo local ofereceu incentivos para atrair empresas de tecnologia e companhias
preocupadas com a sustentabilidade. De mesma forma, investiu na preservação de
áreas verdes e construiu a malha de transporte público mais diversificada dos
Estados Unidos. Portland possui mais de uma centena de parques e demais áreas
verdes e uma cobertura de dossel arbóreo em vinte e seis por cento de sua área.
Apesar de ficar em um dos países que mais poluem o nosso planeta, foram
encontradas alternativas sustentáveis para tornar a cidade mais verde. Todos os
prédios de lá são construídos com materiais reutilizados, também foi assinado pelo
governo um compromisso para a diminuição da emissão de dióxido de carbono e foi
estabelecido um limite de avanço da urbanização para que não prejudique a
existência da área verde que a cerca.
2.3. Previsões legais das áreas verdes urbanas no Brasil
De acordo com o Art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA Nº 369/2006,
considera-se área verde de domínio público "o espaço de domínio público que
desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da
qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e
espaços livres de impermeabilização".
Segundo o disposto na página oficial do Ministério do Meio Ambiente
(2015), as áreas verdes urbanas "são consideradas como o conjunto de áreas
intraurbanas que apresentam cobertura vegetal, arbórea (nativa e introduzida),
arbustiva ou herbácea e que contribuem de modo significativo para a qualidade de
vida e o equilíbrio ambiental nas cidades." Essas áreas verdes estão presentes
33
numa enorme variedade de situações: em áreas públicas; em áreas de preservação
permanente - APP's; nos canteiros centrais; nas praças, parques, florestas e
unidades de conservação urbanas; nos jardins institucionais; e nos terrenos públicos
não edificados.
A arborização urbana, além da função paisagística, proporciona
inúmeros benefícios à população, tais como: redução da poluição devido aos
processos de oxigenação, neutralizando seus efeitos na população; diminuição da
poluição sonora, reduzindo ruídos das grandes cidades; diminuição das
temperaturas externas, absorvendo parte dos raios solares; redução na velocidade
dos ventos; sombreamento; abrigo e alimento à fauna existente; influência no
balanço hídrico; valorização visual e ornamental do espaço urbano; sensação de
conforto psicológico; instrumentos de educação ambiental; etc.
É preciso no entanto ressaltar a diferença entre áreas verdes e áreas
livres, o que pode ocasionar uma ideia errônea tanto por parte da governança local,
como pela população, do que está sendo proporcionado em termos de serviços
ecossistêmicos dentro dos ambientes urbanos e dos respectivos zoneamentos. Pois
há um entendimento atual, mais especializado, de que as áreas verdes urbanas
além de cumprir funções ecológicas importantes, como já discorridas neste trabalho,
e sirva à população de modo recreativo, de mesmo modo deve possuir a maior
parte de sua cobertura não impermeabilizada, ou seja, devem predominar os solos
livres e com vegetação.
Sob este entendimento, torna-se mais claro que a mera existência de
espaços urbanos abertos, tais como praças, largos e outros terrenos simplesmente
livres de construções, não são capazes de defini-los como "áreas verdes", pois
ainda que sejam locais que causem algum impacto positivo, ou ao menos amenizem
a conjuntura de degradação ou sufocamento ambiental nas cidades, estão muito
aquém das tipologias desejáveis como integrantes do meio natural, ou mesmo
34
daquelas que o mimetizam, e citadas no capítulo anterior, tendo os corredores
ecológicos e parques e jardins públicos como alguns dos exemplos mais notáveis.
2.3.1. Principais áreas verdes na cidade do Rio de Janeiro
Conforme citado no programa em parceria dos governos municipal,
estadual e federal, denominado Mosaico Carioca de Áreas Protegidas (2011), as
áreas florestadas no município estão concentradas em seus três maciços: da Tijuca,
da Pedra Branca e Gericinó-Mendanha. Os demais fragmentos florestais
observados atualmente estão espalhados em meio à malha urbana dominante,
principalmente em parques públicos e áreas úmidas. Desta forma, estes últimos se
encontram fragmentados, o que dificulta bastante os processos de conservação
natural, os quais necessitam das conexões com outras áreas para a perpetuação do
fluxo gênico das espécies da fauna e da flora, podendo assim manterem sua
biodiversidade a longo prazo.
Outra questão a ser enfrentada é a da má distribuição destas áreas
com cobertura vegetal. Segundo informações do próprio Mosaico Carioca, dos 80
(oitenta) bairros que possuem menos de 1% de cobertura florestal, a maior parte,
cerca de 63% estão localizados na zona norte. Os 9 (nove) bairros com mais de
50% de cobertura florestada encontram-se nas zonas sul e oeste da cidade,
notadamente estando vinculadas às áreas situadas no Maciço da Tijuca e no
Maciço da Pedra Branca e respectivos entornos, ou em fragmentos de suas
adjacências.
Há ainda um projeto desenvolvido pelo Instituto Pereira Passos para a
criação de um falso túnel com cobertura verde, que interligue os Maciço da Tijuca e
da Pedra Branca, a qual ficaria sobre a Rua Cândido Benício em Jacarepaguá.
Contudo, esta seria apenas uma das medidas que poderiam ajudar no problema,
sem entretanto resolvê-lo. Se não houver um planejamento de amplo alcance, que
aborde além dos corredores situados entre as formações florestais, estas seriam
35
apenas medidas paliativas, uma vez que outros fatores como desmatamentos,
danificação de encostas e o agravamento dos efeitos de borda ainda continuem
ocorrendo.
Quanto aos parques públicos, numa concepção genérica de todas as
áreas de interesse ambiental da cidade, incluindo os bosques, jardins, parques e
demais unidades similares, percebe-se claramente que também existe uma relação
desigual. Enquanto que na Zona Sul e na região dos sistemas lagunares da Barra
da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, tem-se diversas opções de espaços verdes
acessíveis à população, os subúrbios e restante da zona oeste contam com poucos
destes. Ao longo de quase toda a orla marítima, desde o início do Aterro do
Flamengo junto à Baía de Guanabara até a região de Guaratiba, há mais de uma
dezena destes locais regidos pelo Poder Público ou com status de Unidades de
Conservação, se destacando os diversos Parques Naturais Municipais criados ou
reformulados nos últimos anos.
Enquanto alguns deles são extensos como o Parque ou Aterro do
Flamengo e o Parque Natural Municipal de Marapendi, a maioria ocupa áreas
menores, o que de qualquer forma são locais importantes para servir de referência
ao lazer, à contemplação natural, à educação ambiental, ou mesmo servindo de
refúgio ecológico, tal como o Parque Municipal Chico Mendes, criado com o objetivo
de preservar a Lagoa das Tachas e seu entorno, bem como, espécies da fauna e da
flora deste trecho remanescente de restinga, sendo a mais emblemática o jacaré-
de-papo-amarelo (Caiman latirostris), a qual encontra-se ameaçada. De igual modo,
encontra-se em curso o projeto de corredor ecológico ligando este parque ao de
Marapendi, ao longo do Canal das Tachas, permitindo que haja a integração entre
as duas unidades, também dentro do programa do Mosaico Carioca.
Por outro lado, a zona norte e subúrbios cariocas possuem poucas
opções neste sentido. Considerando que esta região foi tradicionalmente ocupada
com fins industriais, comerciais e residenciais, pouco foi idealizado ao longo das
36
décadas passadas com o intuito de deixar espaços verdes com fins de preservação
ambiental. A única área verde de destaque é a Quinta da Boa Vista no bairro de
São Cristóvão, antiga moradia da família imperial, sendo aberto à visitação pública
para lazer. Possuindo belos cenários com árvores centenárias e áreas gramadas,
conta ainda com um lago para passeio com pedalinhos, grutas artificiais e
esculturas que o ornamentam, além do próprio Museu Nacional, é certamente um
dos parques mais visitados da cidade.
Mais distante do centro da cidade e inaugurado no recente ano de
2012, temos o Parque Municipal de Madureira que é o terceiro maior da cidade,
perdendo apenas para o Aterro do Flamengo e a Quinta da Boa Vista. O projeto, de
acordo com informações da Prefeitura do Rio, possui além do plantio de 800
árvores nativas, 450 palmeiras e cinco lagos com fontes iluminadas, além da
construção de quiosques, arena de eventos, quadras esportivas, pista de skate, lago
e ciclovias. Trata-se de uma área singular nesta região, não tão-somente por abrigar
uma superfície verde em meio a um mar de outras impermeabilizadas, mas também
por proporcionar atrações culturais e harmonizar espaços de entretenimento,
convívio social e educacionais numa ambiência multifuncional. A crítica que pode
ser feita ao projeto é em relação ao paisagismo, que deveria incrementar a
arborização com espécies nativas sombreadoras, uma vez que as palmeiras
implantadas não são cumprem esta função a contento, sendo priordialmente de
aspecto ornamental.
Tal situação também pode ser verificada no entorno do complexo
esportivo do Maracanã, onde durante as obras de reforma do Estádio Mário Filho,
foram utilizadas palmáceas transplantadas para a ornamentação do local, quando
deveria ter sido priorizado o plantio de espécimes frondosas apropriadas, o que
permitiria a diminuição do efeito de ilha de calor já existente no bairro, considerado
um dos mais quentes da zona norte justamente pela arborização precária. Desta
forma, perdeu-se uma oportunidade de se promover um novo modelo de
paisagismo urbano na região, uma vez que há uma pista compartilhada em seu
37
entorno, assim como uma praça nas imediações, a qual foi alterada apenas com o
objetivo de mitigar o problema crônico das inundações, e não contemplou outros
projetos de sustentabilidade nas imediações do estádio, inclusive junto à
Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ao longo do rio Maracanã.
2.3.2. Avaliação dos sistemas hidrológicos na cidade
Outro ponto a se destacar é quanto aos recursos hídricos existentes no
município do Rio de Janeiro, uma vez que boa parte de suas águas estão poluídas
de alguma forma, seja por esgoto doméstico e industrial ou através da
contaminação por resíduos sólidos. Conscientes de que o abastecimento de água
potável depende da preservação de mananciais, os quais dependem
invariavelmente de sua cobertura florestal, assim como da manutenção da
qualidade dos lençóis freáticos, não há como se discutir captação e fornecimento de
água sem mencionar a conservação do solo e da tipologia vegetal nele existente.
Inclui-se junto a este quesito fundamental, a prevenção a enchentes e aos efeitos
de chuvas intensas que ocorrem principalmente nos meses de verão.
De modo geral, os rios cariocas encontram-se em estado muito ruim,
especialmente quanto à qualidade de suas águas. A falta de saneamento aliada à
falta de controle de um sem número de lançamentos de efluentes clandestinos e de
resíduos sólidos ao longo de seus trajetos são a principal causa da poluição. Seriam
necessários investimentos de grande porte por parte do poder público para resolver
ou ao menos mitigar a situação atual. Esta realidade se coaduna com outro
problema ambiental crônico do município, que é o da poluição das águas das baías
de Guanabara e de Sepetiba. Não há de se continuar planejando ações de
despoluição destas, sem que concomitantemente sejam implementadas medidas de
despoluição e saneamento dos rios, córregos e canais que nelas deságuam.
Em relação a alguns cursos d'águas, têm sido executadas diversas
obras nos últimos quatro anos em virtude dos programas e demais compromissos
38
assumidos para a cidade receber os Jogos Olímpicos de 2016, onde as principais
intervenções ocorrem na região da Grande Tijuca e na Bacia de Jacarepaguá. Na
primeira o objetivo principal é evitar as enchentes que normalmente acometiam a
Praça da Bandeira, a qual já teve um "piscinão" concluído. De acordo com o site da
Prefeitura do Rio de Janeiro, outras continuam em andamento, como as obras
sendo efetuadas para o desvio de parte da vazão do Rio Joana, além da
canalização de trecho do Rio Trapicheiros, também na Tijuca. Na Bacia de
Jacarepaguá foram investidos outros milhões de reais, com previsão total de
macrodrenagem em 14 cursos d'água, entre eles o do rio São Francisco, com a
canalização em parte de seu trajeto, o que visa diminuir igualmente o efeito
perturbador das inundações ocasionais.
Daí se percebe claramente que a maior parte dos problemas hídricos
do município, como também ocorre na maioria das metrópoles brasileiras, está
relacionado à impermeabilização dos solos, o que poderia ser evitado com a
implantação de estruturas que aumentem a infiltração das águas superficiais, além
da filtragem dessas, sejam igualmente elementos que aumentem a permeabilização
do solo, que incrementem a biodiversidade em ruas, avenidas e praças dos bairros,
trazendo também a amenização do microclima local com o aumento da vegetação e
possibilitem atrair ao mesmo tempo caminhantes e ciclistas. De mesmo modo,
podem servir em alguns casos como locais de contemplação ecológica e cultural,
como visto em alguns dos exemplos implementados em cidades de outros países.
As soluções possíveis são várias, como podemos observar nos
elementos de infraestrutura verde mencionados, as quais naturalmente demandam
políticas de gestão ambiental específicas com planejamento e direcionamento de
recursos públicos e privados para este fim. Talvez isso demande inicialmente uma
cobrança ao poder público por parte da sociedade organizada, o que por sua vez
necessita estar ciente da disponibilidade dos métodos e sistemas aplicáveis, que na
verdade se trata mais em mimetizar a natureza do que criar tecnologias de ponta.
39
Alguns dos sistemas apresentados no Capítulo I deste trabalho, em
especial, as lagoas pluviais, os jardins de chuva e os wetlands (áreas alagáveis),
seriam bem aplicáveis no município, considerando seus índices de pluviosidade
elevados durante parte do ano. Ademais, não apresentam custos impraticáveis pela
governança nem por particulares. No Estado do Rio de Janeiro, uma Estação de
Tratamento de Esgotos que tem apresentado resultados interessantes é a ETE de
Ponte dos Leites em Araruama, a qual utiliza o sistema Wetland, sendo o esgoto
totalmente tratado por meios naturais, em conjunto com outras quatro estações que
atendem aos municípios de Saquarema, Araruama e Silva Jardim.
Um exemplo claro quanto à necessidade do uso destes sistemas de
tratamento naturais, pode ser observado no sistema lagunar da Barra da Tijuca e
adjacências, onde os altos índices de poluição por efluentes líquidos e resíduos
sólidos, desmatamento de suas margens, aterros e assoreamento nos corpos
hídricos das lagoas que o compõe, acabaram por acarretar em perda de parte
considerável de suas funções ecológicas, principalmente para a fauna e flora locais.
Estes elementos bióticos, dos quais dependiam da sadia qualidade de suas águas
para sua existência e reprodução, afetando também a vida marinha que dependia
desta interação ecológica, na qual diferentes espécies utilizavam este sistema como
habitat e local para nidificação e desenvolvimento.
Segundo Tonhasca (2005), as matas galerias, também chamadas de
ciliares, devem ser protegidas a fim de que sejam evitados a erosão em suas
margens e o assoreamento de seu leito. Quando estas são suprimidas, o aumento
de volume de sedimentos e da turbidez da água diminuem a incidência de luz e
afetam o crescimento e a reprodução de várias espécies. Além disso, o
desmatamento aumenta a exposição à luz solar direta, o que eleva a temperatura
da água. Deste modo, este tipo de vegetação é essencial na manutenção da
estabilidade das bacias hidrográficas, da qualidade de suas águas e de sua
biodiversidade (p. 143).
40
Como também citado anteriormente, a grande proporção de superfícies
impermeabilizadas em detrimento de áreas verdes e outros elementos de
infraestrutura ecológica, conforme exemplificadas no capítulo anterior, igualmente
se constituem em uma das causas principais desse problema, especialmente onde
as intervenções pretéritas alteraram a dinâmica dos fluxos naturais, o que neste
caso permitia que as águas escoassem normalmente até o mar, mesmo em áreas
planas.
É o que ocorre por exemplo, com o rio Maracanã que deságua no
Canal do Mangue, que por diversas vezes transbordou e causou inúmeros
transtornos à população residente e ao tráfego que chega à região da Praça da
Bandeira. Obras para construções de sistemas do tipo "mergulhão" tem sido
realizadas na região da Grande Tijuca, mas certamente não seriam a melhor opção
de contenção das enchentes, se fossem considerados que estruturas de concreto
não podem substituir modelos que utilizam os próprios sistemas naturais como
captadores e condutores de águas, tal como o que restaurou o rio Cheonggyecheon
na Coreia do Sul, conforme vimos acima.
41
CAPÍTULO III
PERSPECTIVAS DOS NOVOS MODELOS DE ORDENAMENTO URBANO NO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO
Conforme comentado neste trabalho, as políticas de reconstrução do
espaço urbano instituídas pelo poder público na cidade foram focadas
principalmente no embelezamento e abertura de novas vias de tráfego e maior
mobilidade urbana, ainda que tivessem em alguns dos projetos o cunho sanitário-
higienista. Entretanto, nenhuma destas iniciativas preocupou-se em se estabelecer
uma igualdade de direitos entre as classes mais favorecidas e as mais pobres,
especialmente no que diz respeito ao alcance dos bens e serviços fornecidos pelo
estado.
De mesma forma, ainda não vimos ser implementada uma efetiva
política de gestão socioambiental que abarque todos os cidadãos de modo mais
justo e igualitário, onde os moradores das zonas norte e oeste da cidade tenham as
mesmas oportunidades à sadia qualidade de vida que os que vivem nas zonas sul,
central e na região da Barra da Tijuca e Recreio. As reformas urbanas que
privilegiaram estas últimas ao longo dos anos acabam por se reproduzir
historicamente nas grandes obras do presente, haja vista que as incluídas no
cronograma para os Jogos Olímpicos de 2016 pouco devem avançar neste quesito
e parecem não contemplar esta carência crônica, onde são priorizadas as aberturas
de novas vias de mobilidade para veículos automotores, as quais podem aumentar
ainda mais a degradação dessas áreas e de seus entornos.
Eventos como desapropriação de terrenos em pontos valorizados e de
especulação imobiliária na cidade, acabam normalmente por deslocar a população
mais pobre cada vez mais para outras áreas desocupadas, perpetuando o processo
42
de favelização notadamente ao longo de rios e sobre os morros, que são justamente
as áreas de preservação permanente mais acessíveis e em maior disponibilidade no
município, considerando que não há equipamentos de infraestrutura que atendam a
todos, incluindo serviços básicos de saneamento e coleta de resíduos sólidos.
Este processo histórico de degradação ambiental urbana se reproduz
exatamente neste contexto de segregação socioeconômica da população, os quais
inviabilizam melhorias significativas dos padrões ecológicos na cidade, havendo de
um lado grandes bolsões de pobreza inseridos numa ambiência de baixo potencial
de exercício da própria cidadania, que por sua vez tenderá a manter os fatores que
propiciam a poluição e contaminação dos solos e das águas, em um círculo vicioso
que somente poderá ser rompida através da educação de qualidade, e em caráter
transversal, através da educação ambiental de crianças, jovens e adultos,
projetando alcançar resultados no futuro e também no presente.
3.1. Perspectivas a partir da governança
A diminuição das desigualdades sociais devem ser um leme na busca
pela sustentabilidade nas áreas urbanas, haja visto que a pobreza se constitui em
um fator desencadeador de diversos comportamentos de degradação ambiental.
Uma vez que não existem mecanismos de geração de renda, habitação, saúde e
educação eficientes, a tendência é que o meio físico seja depauperado cada vez
mais pelos excluídos das benesses econômicas. Como citado por Carrera (2005, p.
24), "não haverá cidade sustentável sem que haja anteriormente um perfeito
equilíbrio entre a distribuição dos direitos e garantias individuais".
Apesar do quadro ainda desfavorável da realidade atual, houve
avanços em termos institucionais, especialmente no que concerne à legislação
aplicável ao uso e ocupação dos solos urbanos. A Lei Municipal Complementar nº
111/2011, que dispõe sobre a Política Urbana e Ambiental do Município, instituiu o
43
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de
Janeiro, e foi mais um passo importante no estabelecimento de compromissos
assumidos pelo Poder Público em prol do desenvolvimento sustentável, uma vez
que as prerrogativas envolvendo o desenvolvimento econômico estão postas de
forma conexa com o uso racional das áreas urbanas e preveem políticas de gestão
territorial.
Desta forma, o planejamento urbano deve igualmente seguir alguns
requisitos fundamentais para a melhor obtenção de seus resultados. Entre os mais
importantes, tem de ser conhecidos os pontos fortes e fracos da cidade em análise;
devem ser orientadas as ações e resultados a curto, médio e longo prazo; todos os
atores sociais relacionados, ou stakeholders, devem estar envolvidos nos processos
de decisões a serem tomadas; o conhecimento dos demais sistemas sejam eles
naturais ou socioeconômicos; a identificação dos pontos-chaves do processo;
conhecimento da legislação e normas específicas relacionadas.
Exemplos disso, são as manifestações contrárias à parte das
remoções previstas para a construção da Ligação Transolímpica e à criação do
novo campo de golfe em trecho da APA do Marapendi, próximo à lagoa de mesmo
nome. Em ambos os casos, os interesses do governo municipal foram colocados à
frente das consultas participativas, onde percebe-se a afronta ao próprio Plano
Diretor do Município (Lei Complementar nº 111/2011), que estabeleceu em seu Art.
2º os seguintes princípios:
I - desenvolvimento sustentável, de forma a promover o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a equidade social;
II - função social da cidade e da propriedade urbana; III - valorização, proteção e uso sustentável do meio ambiente, da paisagem e do patrimônio natural, cultural, histórico e arqueológico no processo de desenvolvimento da Cidade;
IV - universalização do acesso à infraestrutura e os serviços urbanos;
V - democracia participativa, de forma a se promover ampla participação social;
44 VI - universalização do acesso à terra e à moradia regular digna;(...)
IX - garantia de qualidade da ambiência urbana como resultado do processo de planejamento e ordenação do território municipal(...)
A norma acima explicitada denota que os interesses da coletividade
não podem ser geridos por fatos circunstanciais - tais como eventos esportivos
passageiros, ainda que do porte de uma Olimpíada - uma vez que devem ser
priorizados os legados permanentes e de cunho social. Há de se ressaltar que os
projetos acima citados irão promover a supressão de vegetação natural, incluindo
trechos de Mata Atlântica, seja nas formações sucessionais em áreas interferidas
pela Transolímpica, ou relativa aos resquícios de restinga da APA de Marapendi em
discussão no segundo caso.
Questões como esta podem consistir em retrocessos ao resgate da
sustentabilidade nos bairros, os quais de um lado necessitam de mais áreas verdes
para o aumento da qualidade vida e incremento dos serviços ecológicos oferecidos
pelos ecossistemas preservados. E ainda segundo o proposto por Carrera (2005, p.
54), "a questão urbana é tratada de forma extremamente economicista, distanciada
dos modernos princípios do Direito Ambiental", em detrimento da atuação dos
agentes urbanísticos que é vinculada ao interesse social, conforme preceitua o Art.
2º, incisos III e XVI, da Lei 10.257/01, ou o Estatuto da Cidade.
Outrossim, a falta de um plano gestor ou de manejo do entorno das
Unidades de Conservação também colabora para sua ocupação irregular, seja por
um processo de favelização ou pela aquisição por grandes construtoras. A omissão
do poder de controle e fiscalização por parte dessas autoridades ambientais
favorece amplamente estes impactos, que alimentam um círculo vicioso de perda da
qualidade ambiental urbana, de concentração de renda para alguns e perpetuação
dos modelos de pobreza, muitas vezes justapostas pela vizinhança geográfica e no
entanto separadas pelo abismo social.
45
3.2. Perspectivas da população
A sociedade carioca pode ser considerada como de tradição urbana.
Diferentemente de outras capitais nacionais, onde a vocação agrária do interior de
seus estados tenha concedido uma atmosfera mais provinciana às cidades, a
capital fluminense desde cedo assumiu o caráter de sede governamental e de
vocação para receber "gente de fora", desde os tempos de colônia, ainda que em
tempos posteriores tenha sido relegada a um segundo plano, mas que a partir do
emblemático ano de 1808 se consolidou como a capital cultural do país e uma das
principais portas de entrada do Brasil.
Mas dado a sua evolução histórica e remodelamentos urbanos
implementados, conforme já discorridos, o município do Rio de Janeiro continua
tendo uma sociedade de vanguarda em muitos aspectos, porém ainda tímida
tratando-se de assuntos relacionados à gestão e ao ordenamento ambientais. Como
se pode observar, apenas nos últimos anos tem-se exigido maiores cuidados e
investimentos na preservação de seu patrimônio natural. E mais além disso, tem
sido discutido quanto à integração e participação dos bairros e comunidades nos
assuntos relativos à sustentabilidade urbana.
Seja nas discussões fomentadas pela mídia, e que normalmente são
as de grande impacto sobre a qualidade de vida da população, como a que há
bastante tempo questiona a qualidade das águas das lagoas e praias da cidade,
seja nas de pequeno interesse das massas, tal como a que visa a implantação de
corredores verdes e outras áreas ambientalmente protegidas, ocorreu um despertar
quanto à necessidade urgente de rever os comportamentos dos cidadãos.
A promulgação de lei que multa os indivíduos que descartam resíduos
sólidos em logradouros públicos, é um indício de que forças emergentes da própria
sociedade civil organizada não aceitam mais passivamente antigos hábitos e
46
práticas de degradação do ambiente urbano. A maior participação de populares em
audiências públicas e nas mídias sociais das questões de interesse comum,
igualmente indica uma reeducação nos padrões de cidadania.
3.2.1. Mobilidade urbana
A Prefeitura da cidade apresentou o PNUS - Plano de Mobilidade
Urbana Sustentável, o qual intenta criar medidas que melhorem o tráfego urbano
adotando práticas que abordem o interesse público de forma participativa, através
de modais motorizados ou não motorizados. Tal iniciativa prevê inclusive o
atendimento às exigências contidas nas normas referentes à Política Municipal de
Mudanças Climáticas (Lei Municipal nº 5.248/11) e à Política Nacional de Mobilidade
Urbana (Lei Federal nº 12.587/12).
Em igual propósito, o PNUS deve ser executado consoante o
estabelecido no Plano Diretor do Município (Lei Complementar nº 111/11), o que
denota que as alterações já devem ser planejadas sob a ótica da gestão territorial e
ambiental pré-determinadas em valores democráticos e participativos da população
em geral. Veremos com isso, se o Poder Público atenderá as expectativas mais
urgentes dos cidadãos, tendo em vista que ao longo das últimas décadas foram
priorizadas as obras de abertura de grandes vias, em especial as Linhas Vermelha e
Amarela, que após diversas consultas públicas e discussões várias, acabaram
privilegiando interesses de particulares e o uso apenas da opção do modal
rodoviário, o que contemplou apenas em parte às necessidades do transporte de
massa, rápido e de qualidade.
Na região de Jacarepaguá por exemplo, no contexto dos recém-criados
Trilha Ecológica, Ligação Transolímpica e o Projeto Corredores Verdes da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, encontra-se atualmente uma das maiores
expansões imobiliárias da cidade, principalmente no bairro da Freguesia, onde
muitas das antigas casas e sítios tiveram seus terrenos vendidos para as empresas
47
construtoras que sem demora têm inaugurado uma grande quantidade de edifícios e
condomínios, que em quase nada o faz se diferenciar da Barra da Tijuca e Recreio,
exceto que estes possuem largas avenidas cortando suas extensões. Considerando
que as novas edificações da Freguesia, Taquara, Pechincha e adjacências
normalmente possuem cada uma, dezenas de vagas de garagem, e ao mesmo
tempo esses bairros e suas cercanias não foram projetados para receber tal volume
de novos veículos, é de se acreditar que em pouco tempo o tráfego na região
poderá entrar em colapso.
Este modelo de expansão imobiliária é incompatível com um modelo
sustentável de mobilidade urbana, como o da capital sueca, Estocolmo, onde em
seu bairro ecológico modelo foi implantado um sistema de veículos leves sobre trilho
conectando-o ao centro da cidade. De mesmo modo, as ruas tornaram-se
multifuncionais, pois além da arborização existente, são oferecidos também diversos
outros serviços urbanos. No caso de Jacarepaguá, obviamente por sua realidade já
consolidada, soluções têm de ser propostas para contornar o problema, de maneira
que haja limites para o erguimento de novas edificações, vagas de estacionamento
e outras formas de contenção do aumento vertiginoso do fluxo de veículos
particulares, em especial.
Considerando que o Rio de Janeiro é uma grande metrópole, tornou-se
praticamente senso comum dos especialistas em temas urbanos, que o metrô seja
a melhor saída. Este, além de ser um dos meios de transporte mais limpos, com
menor impacto ecológico, também é considerado um dos mais eficientes, rápidos e
seguros. Tendo em vista a previsão de inauguração da estação do Jardim
Oceânico, na Barra da Tijuca, para o ano de 2016, é uma oportunidade ímpar para
a região cobrar das autoridades uma linha metroviária que possa conectá-la com os
bairros de Jacarepaguá, incentivando que seus moradores utilizem o transporte de
massa em substituição aos carros de passeio.
3.2.2. Zoneamento urbano e áreas verdes
48
Segundo Bredariol, as cidades se diferenciam pelas características do
sítio onde estão construídas, pela sua posição em relação aos elementos
circundantes, pelo seu desenvolvimento histórico, suas funções propriamente
urbanas e sua inserção nas relações cidade-campo (1997). De mesmo modo, é de
fundamental importância o conhecimento dos potenciais e vocações dos locais onde
a iniciativa privada pode ser autorizada a intervir. Grandes empreendimentos com
maior impacto devem ser preferencialmente direcionadas aos sítios já antropisados,
gerando menor custo ecológico para o município, assim como, projetos com alto
potencial poluidor não podem ser aprovados em áreas de relevante interesse
ambiental ou de visitação pública.
Quanto ao que foi proposto dentro do programa do Mosaico Carioca,
os corredores verdes ligando os Parques Naturais Municipais do Marapendi e Chico
Mendes, e futuramente este último ao canal do Rio Morto e à Prainha, poderão ser
uma oportunidade de expansão desse modelo de área sustentável até outros
bairros e regiões da cidade, e talvez para outros estados do país, tendo em vista
que o projeto é apoiado, entre outros, pelo Ministério do Meio Ambiente. Neste
sentido, poderiam ser integrados ainda outros parques ou áreas verdes do
município, como os acima citados com os Bosques da Barra e da Freguesia, ou
mesmo com o Parque Estadual da Pedra Branca.
Desta forma, haveria um incentivo maior da população em ser
coparticipante quanto à preservação e conservação destas áreas, na medida em
que houvesse a percepção da integração dos espaços, quebrando o paradigma da
visão dicotômica de ambientes natural e construído, fazendo com que os indivíduos
se sintam parte importante dos processos ecológicos relacionados. Tais iniciativas,
podem perfeitamente serem fomentadas pelas associações de moradores e demais
entidades organizadas da sociedade civil, a despeito das próprias ações inerentes
aos órgãos gestores de governo e ambientalistas.
49
Outro ponto que não pode ser mais encoberto é quanto à favelização
de áreas não ocupadas, geralmente situadas próximas a morros ou cursos d'água.
Portanto, torna-se crucial que sejam dadas finalidades a essas áreas
ambientalmente sensíveis e de importância estratégica para a cidade, seja através
da proteção aos recursos hídricos, ou pelo próprio planejamento urbanístico, tendo
em vista o imenso passivo de degradação desses locais, onde o poder público
municipal há muito se omite em defendê-los de forma ostensiva.
Historicamente, o que se observou foi que ao serem efetuadas grandes
obras de transformação urbana, mesmo havendo utilidade pública e interesse
social, a regeneração dos bairros não acompanhou estes processos, o que aliados
a outras questões crônicas ligadas à educação, inclusão social e geração de
trabalhos e renda, propicia até o presente o crescimento das comunidades de baixa
renda. Conforme se sabe, estas pressionam ainda mais o equilíbrio urbano, seja
pelo lançamento de efluentes sanitários e descarte de resíduos sólidos em locais
impróprios, ou pelo adensamento populacional nas áreas outrora livres e que
acabam por se tornar novas áreas impermeabilizadas e estéreis.
Os benefícios de proteger as áreas de interesse ecossistêmico,
conforme já ressaltado, vão desde valores intangíveis de manter para as gerações
futuras um ambiente saudável, até as suas aplicações práticas de suporte ambiental
para o presente, os quais podem ser incentivos produtivos para sua salvaguarda
atual pela coletividade. Considerando que esses locais possam ser aproveitados
inclusive com fins socioeconômicos, dentro dos limites da sustentabilidade, como
por exemplo a destinação ao lazer e entretenimento, ao uso desportivo e ao turismo,
motivado através da contemplação da paisagem e beleza cênica.
3.3. Educação ambiental e cidadania
Considerando o meio ambiente como constituinte do espaço público -
um bem coletivo - onde os atores disputam os seus interesses, a proteção
50
ambiental pode ser uma solução para um determinado conflito, mas pode ser
justamente a causa de outros conflitos, dependendo de como essa política é
negociada com as populações locais ou como é construído o conceito de
conservação.
Quando se fala em problemas ambientais, a grande maioria das
pessoas aponta o poder público como o principal responsável por apresentar as
soluções. Poucos atribuem à sua comunidade ou aos próprios indivíduos a
responsabilidade de lidar com as questões, enquanto a própria Constituição Federal
afirmar ser um dever de todos, ou seja, da coletividade. Contudo, percebe-se que
um dos motivos principais para este contrassenso a cultura do não engajamento da
população em geral, como cidadãos coparticipantes e corresponsáveis dentro dos
processos de tomadas de decisão.
Assim, a corresponsabilização é um dos elementos principais para
pensarmos a questão da degradação ambiental urbana e para que busquemos não
somente as mitigações desta, mas também a agregação de interesses no
enfrentamento de problemas. De acordo com Jacobi, isso demanda que seja criado
cada vez mais, uma dimensão de permeabilidade na tomada de decisões públicas,
que envolvam não somente os entes da sociedade civil organizada, mas igualmente
aqueles que historicamente ficaram excluídos (1995).
Considerando ainda os termos da Resolução Nº 2/2012 do Conselho
Nacional de Educação/Conselho Pleno, que estabelece as diretrizes curriculares
nacionais para a Educação Ambiental, que em seu Art. 13 relaciona entre outros, os
seguintes incisos:
II - garantir a democratização e o acesso às informações referentes à área socioambiental; III - estimular a mobilização social e política e o fortalecimento da consciência crítica sobre a dimensão socioambiental; IV - incentivar a participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania (...)
51
Temos que nos casos em discussão na cidade do Rio de Janeiro, tem
havido uma evolução neste sentido. Não apenas pela aplicação da legislação em si,
a qual obriga a comunicação e demais considerações aos atores sociais envolvidos,
mas também com o crescimento dos movimentos relativos à conscientização de
camadas populares de seus direitos e deveres, dentro de uma cidadania mais
participativa. Tal fomento, em boa parte das vezes, não se origina da educação
ambiental formal ou não-formal oriundas da ação governamental, mas sim através
de trabalhos realizados por associações de bairro, cooperativas e outras
organizações não-governamentais - ONG's.
Desta forma, as expectativas de conscientização ambiental dos
cidadãos do município do Rio, como se pode prever para os de qualquer outra
cidade brasileira, estão mais voltadas para formadores de opinião que se levantem
no meio da sociedade local do que em uma espera passiva por soluções da
governança, as quais normalmente dependem de vontade política, vencimento da
burocracia para o estabelecimento de suas programações, além da disponibilidade
de recursos financeiros que muitas vezes são limitados ou mesmo contingenciados.
Tais iniciativas podem igualmente surgir dentro das universidades, que
ademais de seu caráter educativo regular, possui ainda as atribuições de extensão e
pesquisa. Assim, novos conhecimentos e práticas desenvolvidos a partir do
ambiente acadêmico, podem e devem ser aplicados como projetos de melhorias da
qualidade de vida urbana. É de se esperar que a inovação com técnicas que
facilitem por exemplo, o plantio de espécies para o reflorestamento urbano, ou
mesmo de simples hortas comunitárias com produção orgânica, sejam fomentadas
a partir daquilo que foi desenvolvido dentro do campus universitário.
Outrossim, a educação ambiental também deve ser aplicada através
dos programas de responsabilidade socioambiental das empresas, sobretudo
daquelas que são utilizadoras diretas de recursos naturais ou que são
potencialmente poluidoras. Além de compensarem os impactos causados ao
52
ambiente comum a todos, os projetos educacionais planejados por seus gestores
ambientais, podem e devem trazer as comunidades de sua área de influência para
perto de seus objetivos de mitigação de possíveis danos, bem como, conscientizá-
los de que ações rotineiras das pessoas comuns também são de grande impacto
para a cidade quando somadas e repetidas no cotidiano, possibilitando que se
transformem elas próprias em multiplicadoras do conhecimento.
53
CONCLUSÃO
A partir das considerações apresentadas, podemos compreender
melhor como esta metrópole difere em complexidade de um ecossistema natural,
exibindo um metabolismo muito mais intenso por unidade de área, exigindo um
influxo maior de energia concentrada, grande necessidade de entrada de materiais
e uma saída maior e mais tóxica de resíduos. Tão-somente através da
conscientização da coletividade acerca destes processos ecológicos específicos da
cidade, é que os Planos Diretores e demais políticas e normas de controle e
desenvolvimento urbano obterão maior êxito na condução de melhorias reais e
sustentáveis em sua gestão, tanto ambiental como administrativa em um todo.
Graves problemas, como a degradação de áreas verdes ou mesmo
protegidas, a elevação dos níveis de poluição química, sonora ou visual, o trânsito
muitas vezes caóticos causado pela mobilidade urbana mal planejada ou
gerenciada, são fatores que causam sérios riscos à saúde das pessoas, tanto pelo
ocasionamento de doenças somáticas, como pelo aparecimento de distúrbios
psíquicos. Estes aumentam as perdas não apenas na qualidade de vida da
população, mas também afetam a produtividade econômica do município
prejudicando por sua vez a ordem social.
O círculo vicioso dos chamados males da vida moderna, inclui outras
situações de ordem prática, relacionadas diretamente à diminuição ou
disfuncionalidade dos serviços ecossistêmicos que o ambiente urbano equilibrado
poderia nos proporcionar. Como discutido, a supressão de vegetação em áreas
críticas favorece o risco cada vez maior de enchentes e do assoreamento de rios, já
bastante deteriorados em sua maioria pelos despejos de efluentes sanitários e
dejetos industriais. Em um mundo receoso quanto às mudanças climáticas em
curso, a perda de fontes valiosas de água potável por si só já se configura em um
sério prejuízo para a população do Rio de Janeiro.
54
É mister que tão-somente investimentos em infraestruturas verdes ou
ecológicas poderão mitigar ou reverter os danos já causados, assim como a análise
de novas intervenções passíveis de autorização pelo Poder Público deverão
necessariamente considerar todos os fatores de risco à ambiência da cidade, sejam
conhecidos ou não (princípio da precaução). De mesma sorte, os projetos de cunho
ecológico, tanto dos corredores verdes interligando os parques e remanescentes
florestais do município, não podem ser deixados em segundo plano, a despeito de
outros interesses, mesmo de ordem política ou econômica.
Apesar das incontáveis dificuldades da realidade existente, há também
muitos bons exemplos de sustentabilidade alcançados por outras cidades, seja
dentro do país ou no exterior. Naturalmente, estas conquistas se deram através da
conscientização e da educação disponibilizadas a seus habitantes. Espera-se
igualmente desta governança local, o mesmo grau de comprometimento com a
sociedade que aquelas tiveram, e de mesmo modo, faça se cumprirem as leis já
existentes, em especial, as que versam sobre o ordenamento territorial e a garantia
dos direitos dos cidadãos ao ambiente sadio, justo e equilibrado, para as presentes
e as futuras gerações.
Evidentemente que para que a legislação seja aplicada desta forma,
não apenas os órgãos e gestores públicos devem ser responsabilizados, uma vez
que a participação popular é decisiva nas tomadas de decisão concernentes à
coletividade. Destarte, a educação ambiental em suas diferentes formas faz-se
essencial para que seja alcançada a sustentabilidade socioambiental. A
municipalidade, as empresas e a sociedade civil organizada devem unir esforços
conjuntos ou em paralelo, visando fomentar a participação das camadas mais
carentes na busca por soluções da problemática urbana.
Através do resgate na vida dos cidadãos da consciência da relação
homem-natureza, onde através da criação de espaços livres, arborizados,
dinâmicos, multifuncionais e com a presença de vida silvestre, as pessoas possam
55
readquirir os elos quebrados pela cultura contemporânea de compartimentação do
indivíduo, a qual, com a presença de locais de contemplação das relações
ecológicas do ambiente, possa igualmente surgir uma reinterpretação da própria
vida urbana em si, principalmente do conceito de que as cidades também são
ecossistemas vivos, os quais, entretanto, precisam estar conectados aos demais
sistemas, de modo que seu equilíbrio permaneça estável para sua existência futura.
56
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59
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTRO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 08 INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I CONCEITOS, MODELOS E PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA 14 1.1. Ecologia Urbana e Município do Rio de Janeiro 15 1.2. Propostas e histórico da criação e preservação de áreas verdes 16 1.2.1. Corredores Verdes ou Greenways 18 1.2.2. Histórico dos corredores verdes urbanos 19 1.2.3. Tipos de corredores verdes 21 1.2.4. Elementos de infraestrutura ecológica 22
CAPÍTULO II MODELOS DE REURBANIZAÇÃO E PROPOSTAS DE IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS VERDES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 25 2.1. Planos de reurbanização durante o governo republicano 26
2.2. Exemplos de cidades-modelo em infraestrutura ecológica 29 2.3. Previsões legais das áreas verdes urbanas no Brasil 32 2.3.1. Principais áreas verdes na cidade do Rio de Janeiro 34 2.3.2. Avaliação dos sistemas hidrológicos na cidade 37
CAPÍTULO III PERSPECTIVAS DOS NOVOS MODELOS DE ORDENAMENTO URBANO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO 41 3.1. Perspectivas a partir da governança 42 3.2. Perspectivas da população 45 3.2.1. Mobilidade urbana 46
60 3.2.2. Zoneamento urbano e áreas verdes 47 3.3. Educação ambiental e cidadania 49
CONCLUSÃO 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 56 WEBGRAFIA 58