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UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO ACADÊMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Catarina André Hand
PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
ALGUMAS IMPLICAÇÕES NO TRABALHO DOCENTE
Sorocaba/SP
2010
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Catarina André Hand
PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
ALGUMAS IMPLICAÇÕES NO TRABALHO DOCENTE
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade de Sorocaba, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Educação.
Orientador: Prof. Dr. Vicente de Paula Almeida Junior
Sorocaba/SP
2010
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Catarina André Hand
Proposta Curricular do Estado de São Paulo:
implicações e impactos no trabalho docente.
Dissertação aprovada como requisito
parcial para obtenção do grau de
Mestre no Programa de Pós-
Graduação em Educação da Univer-
sidade de Sorocaba.
Aprovado em 07/12/2010
BANCA EXAMINADORA:
Prof.Dr. Vicente de Paula Almeida Junior
UNISO – Sorocaba/SP
Prof. Dr. Wilson Sandano
UNISO – Sorocaba/SP
Prof. Dr. Waldemar Marques
UFSCAR – Sorocaba/SP
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Dedico esta pesquisa ao meu marido,
Michael Hand e ao meu filho, Andrew Hand,
companheiros de lutas e de alegrias.
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Agradeço imensamente a efetivação deste trabalho:
- Aos meus amigos da Diretoria de Ensino de São Roque,
pela ajuda, incentivo, idéias, ânimos, empréstimos de livros e ou-
tros demonstrações de carinho no início de meus trabalhos. Sem
eles eu não teria retornado à vida acadêmica.
- Aos Trabalhadores da Educação da Escola pesquisada.
Sem o empenho e colaboração deles o objeto de pesquisa não te-
ria logrado êxito.
- Aos professores e colegas da UNISO que me deram luz
e orientação durante todo o processo. Incluo aqui os Professores
que fizeram parte da Linha de Pesquisa Trabalho Docente:
Prof.Dr.Fernando Casadei Salles e Prof.Dr.Jorge Cammarano
Gonzalez
- Aos meus professores orientadores, Prof. Dr.Celso João
Ferreti que me abraçou na entrada e ao Prof.Dr.Vicente de Paula
Almeida Junior que tão bem me acolheu,orientou e me abraçou na
saída.
Muito obrigada....
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Resumo
Este estudo trata do processo de Implantação do Currículo Oficial do Estado
de São Paulo, ocorrido em 2008 e 2009. Envolve os sentidos que os profes-
sores atribuem à educação e ao seu próprio trabalho, bem como suas avalia-
ções sobre as condições para realizá-lo e dele retirar satisfações pessoais e
sociais. Estarão os professores alinhados a essa nova proposta? Na concep-
ção deles, estará essa nova proposta alinhada aos interesses e necessidades
de seus alunos e da sociedade como um todo? Os docentes percebem-se
como autores ou co-autores dos cadernos elaborados para aplicação do Cur-
rículo Oficial em sala de aula? O objetivo é efetivar um trabalho com rele-
vância social e qualidade científica, que possa vir a contribuir para futuras
formulações e implementações de políticas públicas, visando a educação co-
mo meio de construção de sociedade justa e democrática. A ênfase foi o da
perspectiva do Trabalho do Professor, analisando os fatos colhidos à luz das
bibliografias existentes sobre o assunto e de registros encontrados em uma
escola púbica estadual, que diz respeito direto ao tema, e entrevistas com dez
professores da mesma escola. Conclui-se que os professores estão execu-
tando uma política que não foi por eles pensada. Esta, além de doutrinária,
emana poder, pois estabelecem as normas, diretrizes, avaliação e controle
sobre os conjuntos de atividades nucleares da escola.
Palavras-chave: Trabalho docente. Curriculo. Reforma educacional. Políticas
educacionais
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Abstract
This study focuses on the process of Curriculum Implementation of the Official
State of São Paulo, in 2008 and 2009. It involves the feelings that teachers
apply to education and their own work as well as their evaluations of the condi-
tions to do it and receive in return personal and social satisfaction. Are teach-
ers aligned to this new proposal? In their view, this new proposal will be
aligned with the interests and needs of the students and society as a whole?
The teachers perceive themselves as authors or coauthors of notebooks de-
signed for implementation of Official Curriculum in the classroom? Our goal is
to produce work of social relevance and scientific quality, which will contribute
to future formulation and implementation of public policies aimed at education
as a means of building a fair and democratic society. Our emphasis was the
prospect of the teachers work, analyzing the facts collected in the light of exist-
ing bibliographies on the subject and records found in a state public school,
which relates directly to the issue, and interviews with ten teachers from the
same school. We conclude that teachers are running a policy that was not
designed for them. This, as well as doctrinal, exudes power, they establish
standards, guidelines, evaluation and control over the sets of nuclear activities
of the school.
Keywords: Teaching Work, Curriculum, Educational Reform, Education Policy
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇAO .........................................................................................10
2 CURRICULO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO............................16
2.1 Políticas e Reformas Educacionais......................................................16
2.1.1 Final dos anos 1980 e Década de 1990..........................................20
2.1.2 Leitura Crítica..................................................................................33
3 SOBRE A IMPLANTAÇAO: IMPLICAÇÕES E IMPACTOS...................44
3.1 O que dizem o Supervisor da Escola e os Professores Coordenado-
res da Oficina Pedagógica....................................................................44
3.2 O que dizem os Professores.................................................................55
4 CONSIDERAÇOES FINAIS......................................................................57
REFERÊNCIAS...............................................................................................61
APÊNDICE A - Proposta Curricular do Estado de São Paulo – Compila-
ção efetuada pela autora ....................................................66
APÊNDICE B – Termos e relatórios de visita da Supervisão da escola e
dos Professores de Coordenação da Oficina Pedagógica
ano/2008...............................................................................74
APÊNDICE C - Termos e relatórios de visita da Supervisão da escola e
dos Professores de Coordenação da Oficina Pedagógica
ano/2009..............................................................................85
APÊNCIDE D – Entrevista Professor 1....................................................104
APÊNCIDE E – Entrevista Professor 2....................................................106
9
APÊNCIDE F – Entrevista Professor 3 .................................................108
APÊNCIDE G - Entrevista Professor 4.................................................110
APÊNDICE H- Entrevista Professor 5 .................................................111
APÊNDICE I - Entrevista Professor 6 ....................................................113
APÊNDICE J - Entrevista Professor 7 .................................................115
APÊNDICE K - Entrevista Professor 8 .................................................116
APÊNDICE L- Entrevista Professor 9 ..................................................117
APENDICE M – Entrevista Professor 10 ..............................................119
ANEXO A – Ficha de avaliação do professor sobre a aplicação dos
Cadernos do professor......................................................120
10
1. INTRODUÇAO
Os filósofos interpretam o mundo de diversas maneiras,
importa porém, transformá-lo.
Karl Marx
Com o propósito de investigação sobre o trabalho dos Professo-
res das escolas públicas estaduais paulistas, este estudo, no âmbito da PP-
GE/UNISO (Universidade de Sorocaba) foi efetuado. A qualidade científica e
relevância social deste estudo vêm ao encontro do que propõe a Universidade
de Sorocaba no curso de Mestrado em Educação, proporcionando a oportuni-
dade de cumprir o compromisso firmado de realizar uma pesquisa com a con-
sistência teórica pretendida e exigida pela Universidade.
Na área de Concentração “Educação Escolar”, foi trabalhada a
questão dos impactos ocorridos sobre o trabalho docente, resultantes da im-
plantação da nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a Edu-
cação Básica analisando as questões que envolvem o espaço escolar, o tra-
balho do professor e todos os processos históricos que influenciaram nesse
trabalho, seja para sua transformação ou para sua acomodação, tendo como
mediação as políticas educacionais produzidas por um Estado e uma socie-
dade capitalista. A pesquisa foi efetuada em uma escola pública estadual ju-
risdicionada à região que a Secretaria de Estado da Educação denomina Pólo
04, Região da Grande Sorocaba. Esta escola tinha, no início do ano letivo
2008, 1009 alunos, distribuídos em três períodos (manhã, tarde e noite) das
quatro séries do ciclo II do Ensino Fundamental e das três séries do Ensino
Médio. Contava com uma Diretora, uma vice-diretora, uma professora-
coordenadora do Ensino Fundamental, um professor-coordenador do Ensino
Médio. O quadro se compunha de trinta e dois professores.
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A escola em tela será, neste trabalho, referida somente como
“Escola” e traremos informações mais específicas sobre a mesma no decorrer
desta dissertação.
Temos ciência de que as diferentes e freqüentes reformas edu-
cacionais têm uma forte incidência sobre a resistência e/ou a acomodação do
professor ao seu trabalho e que esse profissional é responsável tanto pela
transposição do cotidiano escolar como pela permanência nele, o que faz do
trabalhador em educação um elemento de extrema importância no contexto
escolar, valorizando-o em seu conhecimento historicamente acumulado e no
impacto que as implantações de reformas têm sobre seu trabalho.
Cabrera e Jaén (1991, p. 206) enfatizam a importância do traba-
lho docente dentro da instituição escolar:
... Por sua situação social como intelectuais, assim como
por serem produto qualitativo do sistema educacional, os
professores têm a possibilidade e a obrigação moral e
política de analisar, interpretar e compreender a socie-
dade em seu conjunto, o papel da escola na mesma e sua
própria situação em ambas e, em conseqüência, de atuar
crítica e conscientemente.
Dentro da linha de pesquisa Trabalho Docente é interessante e
oportuno propor uma dissertação que busque a identificação e a análise das
características e possíveis causas – e também das características – do des-
compasso existente entre a formulação e implementação das políticas educa-
cionais na esfera pública, pelas instâncias dirigentes (secretarias de educa-
ção, coordenadorias, diretorias de ensino) e sua efetiva aplicabilidade e de-
senvolvimento em sala de aula. A investigação de todo o horizonte nos é mui-
to importante, pois esta pesquisa procura desenvolver uma crítica ao discurso
de que a resistência dos docentes às mudanças seria o pivô do fracasso do
processo ensino/aprendizagem.
A intenção é efetivar um trabalho com relevância social e qua-
lidade científica que possa vir a contribuir para futuras formulações e imple-
mentações de políticas públicas, visando a educação como meio de constru-
ção de sociedade mais justa e democrática. . Nosso objetivo com a análise da
Proposta Curricular é de subsidiar debates entre os professores no
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que é comum a todas as disciplinas, pela necessidade subjacente de proble-
matizar os condicionantes teóricos e políticos do currículo ora implantado.
Percebemos, a partir de nossa vivência nas escolas, que no uni-
verso do exercício da docência e da construção do cotidiano escolar, há difi-
culdade para a implantação das propostas pedagógicas que fundamentam as
políticas educacionais, emanadas pelos diversos Setores que compõem a
Secretaria Estadual de Educação.1 Para Cabrera e Jaén (1991-p.206) ao
convencimento dos professores de que tais propostas carregam consigo os
significados que valorizam, se deve, em grande parte, o sucesso de tais pro-
postas.
... a situação dos professores permite resistir e criar respostas às sistemáticas tentativas por parte da Administração para controlar o conteúdo de seu tra-balho e das formas de transmissão dos conheci-mentos – através de meios e tecnologias “inovado-ras” – e de suas concepções sobre a sociedade e sobre a escola. O êxito histórico de algumas destas iniciativas “impostas” não só se deve a seu atrativo intrínseco, mas ao convencimento por parte do pro-fessorado de que resolvam questões alheias ao processo educativo em si....
A questão central deste estudo, tendo como referência o proces-
so de Implantação do Currículo Oficial, ocorrido em 2008 e 2009, envolve os
sentidos que os professores atribuem à educação e ao seu próprio trabalho,
bem como avaliações sobre as condições para realizá-lo e dele retirar satisfa-
ções pessoais e profissionais. Compreender as características e alcance des-
te processo é indispensável para a compreensão das dinâmicas do atual pro-
cesso educacional. Estarão os professores alinhados a essa nova proposta?
Na concepção deles, estará essa nova proposta alinhada aos interesses e
necessidades de seus alunos e da sociedade como um todo? Os
1 COGSP e CEI - Coordenadorias de Ensino da Grande São Paulo e do Interior; CENP Coordenadoria de Es-
tudo e Normas Pedagógicas; CEE – Conselho Estadual da Educação; FDE – Fundação de Desenvolvimento
da Educação
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docentes percebem-se como autores ou co-autores dos “cadernos” elabora-
dos para a implementação do Currículo Oficial em sala de aula?
Há a possibilidade de se trabalhar óticas distintas: pode-se in-
vestigar o fenômeno na perspectiva dos docentes e, ao mesmo tempo, buscar
analisá-lo a partir da ótica dos dirigentes e também dos técnicos da SE, en-
carregados de elaborar análises teóricas que fundamentam as propostas em
questão. Nossa ênfase, porém, foi o da perspectiva do trabalho do professor,
analisando os fatos colhidos à luz da bibliografia existente sobre o assunto,
dos registros encontrados na escola que dizem respeito direto ao tema e en-
trevistas com professores da mesma escola.
O desenvolvimento da pesquisa se orientou pelas seguintes hi-
póteses:
a) A elaboração e implantação do Currículo Oficial foi efetuada
por Resolução, sem a participação dos envolvidos, especi-
almente dos professores que, em relação aos demais profis-
sionais da educação, são aqueles que estão na ponta, exe-
cutando uma política que não foi por eles pensada.
b) O currículo estabelecido emana poder quando estabelece as
normas, diretrizes, avaliação e controle sobre os conjuntos
de atividades nucleares da escola.
c) A atual Proposta é coerente com a política social de São
Paulo, isto é, o Capitalismo, e faz parte de uma ampla políti-
ca Nacional, com diretrizes Neoliberais e financiadas por or-
ganizações internacionais que teriam como objetivo sanar os
problemas educacionais do Terceiro Mundo, adequar a mão
de obra barata ao mercado de trabalho, tornando-a disponí-
vel para a exploração do Capital.
d) A responsabilidade do sucesso ou insucesso na implantação
da Proposta foi atribuída à instituição escolar, havendo
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grande ênfase no trabalho do gestor. Tendo sido colocado o
princípio central na aprendizagem, o professor fica sendo so-
mente um intermediário e facilitador.
Dividimos o trabalho em dois capítulos:
- O Primeiro refere-se às políticas e reformas implantadas até o
surgimento do Currículo Oficial do Estado de São Paulo,bem como a sua leitura
crítica.
- O Segundo compreende a pesquisa de campo efetuada na
escola onde se verifica o processo de implantação do Currículo Oficial, no
anos 2008 e 2009; o nível de aceitação dos professores com relação às dire-
trizes propostas e na viabilidade das mesmas na formação dos alunos.
O segundo capítulo”conversa” com o primeiro, obtendo os en-
tendimentos e convicções sobre os fatos ocorridos na escola e sobre as opi-
niões emanadas pelos professores entrevistados.
Iniciamos explicitando qual é nosso conceito de Reforma Educa-
cional. Para tal utilizamos Sacristán (1996) que é o referencial que mais se
aproxima ao nosso próprio parecer: Reforma Educacional “é a implantação de
inovações que incidem nos projetos políticos, culturais e econômicos de uma
determinada rede de ensino”. Explanamos, também, a política de reforma e-
ducacional ora em evidencia.
Seguimos contextualizando as reformas educacionais que mais
afetaram o trabalho do professor, no Estado de São Paulo, ocorridas entre o
final da década de 1980 até a implementação do Currículo Oficial. Em especi-
al, buscamos compreender alguns dos principais eixos norteadores que con-
duziram as ações e as medidas adotadas para a reforma da educação no Es-
tado. Entendemos que esse relato faz-se necessário para a compreensão
dos fatos e para dar maior condição de problematizar os condicionantes polí-
ticos e teóricos subjacentes à elaboração e adoção do atual currículo oficial.
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Foi dada seqüência com uma explanação da Proposta Curricu-
lar, sua forma de apresentação, análise crítica da mesma à luz das teorias e-
xistentes.
Os documentos, em todas suas formas e formatos que chega-
ram à escola, ao professor e ao aluno, foram por nós compilados e apensa-
dos a este trabalho (apêndice A) para propiciar ao leitor fácil acesso e enten-
dimento.
A Pesquisa de Campo implicou em procurar, na unidade esco-
lar, os registros escritos durante e sobre o processo de implantação da Pro-
posta Curricular. Deparamo-nos com um rico registro dos gestores da Direto-
ria de Ensino, em termos e relatórios de visita, que acompanham, cronologi-
camente, toda a implantação da Proposta Curricular. Também foi feita obser-
vação na escola e entrevistas com dez professores que estavam atuando em
sala de aula nos anos 2008 e 2009.
A transcrição ipsis litteris dos contidos nos termos e relatórios
citados também se encontra apensado a este, como apêndices B e C. As en-
trevistas com os professores são as apêndices de D a M.
A leitura crítica do documento da escola, bem como comentá-
rios dos pressupostos políticos e pedagógicos implicados no processo de sua
elaboração vem acoplado à reação dos professores com relação à implanta-
ção do novo currículo.
Sabemos que nossa pesquisa nos conduzirá a indicadores e
não a certezas enfáticas – de resto, algo impossível e perigoso, pois tudo o
que não desejamos é o risco de cairmos em afirmações absolutas – mas te-
mos consciência de que estes indicadores nos permitiram elaborar reflexões
significativas sobre o tema que trabalhamos.
16
2. CURRÍCULO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.
Karl Marx
2.1 Políticas e Reformas Educacionais
Considera-se, aqui, Reforma Educacional, a implantação de
inovações que incidem nos projetos políticos, culturais e econômicos de uma
determinada rede de ensino. Neste caso, na rede de ensino das escolas es-
taduais do Estado de São Paulo, as políticas de reforma vêm com grande
carga de mudança e inovação, provocando desestabilização “num meio valio-
so de conhecimento acerca da realidade do sistema educacional como tal, à
medida que nelas fica manifesto o comportamento da totalidade daquele sis-
tema e de seus componentes diante dos programas que se tenta implantar”
(SACRISTÁN, 1996, p. 51).
Em um contexto onde se pretendem mudanças, as políticas de
reforma se evidenciam, e são valorizadas as reformas na área da educação
visto esta ser capaz de definir grande parte da formação das pessoas que a
sociedade requer. “... a política educacional é carregada de intenções, e são
justamente as intenções o que há de comum em todos os tipos de política e-
ducacional. Aprendendo a ler as intenções de uma política educacional, você
se torna capaz de perceber que tipo de gente a sociedade está querendo,
qual o projeto de ser humano que nela predomina” (MARTINS, 1993, p.10).
A palavra reforma não é neutra e, quase sempre, revela um ti-
po de resposta dada pelos governos com o intuito de solucionar determinados
problemas ou crises. A reforma da educação proposta no decorrer dos anos
90 pelo Governo do Estado de São Paulo representou, na realidade, um dos
desdobramentos da reforma de Estado, calcada no conceito de descentraliza-
ção e na adoção de critérios de
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eficiência/eficácia e qualidade de mercado, complementadas com uma paula-
tina transferência das responsabilidades do estado para a comunidade.
Desse modo, as políticas formuladas, bem como as diretrizes
educacionais fixadas, introduziram nas Diretorias Regionais de Ensino e nas
instituições escolares da rede estadual a visão e os conceitos próprios e antes
empregados somente no contexto economicista e empresarial: racionalização
organizacional, padrão de gestão e melhoria de qualidade.
O Documento “Principais Diretrizes Educacionais para o Esta-
do de São Paulo” (SEE, 1995, p. 301) mostra quais são os eixos dessa refor-
ma:
O resultado desse processo é a profunda crise do sistema de ensino, que precisa ser urgentemente melhorado e remodela-do. A consciência dessa necessidade não se restringe aos profissionais do ensino, mas atinge a população toda. Faz-se necessária uma reforma radical dos padrões de gestão, um aumento criterioso dos recursos acompanhado de racionali-zação dos gastos e um planejamento estratégico integra-do, coerente e realista, fundado em prioridades que permitam, em curto prazo, a solução dos problemas mais graves e a cri-ação de condições de aperfeiçoamento contínuo de todo o sistema, a médio e longo prazo.(grifo nosso)
Conforme o referido documento, a racionalização organizacional
implica no enxugamento da máquina administrativa, informatização adminis-
trativa, por meio de repasse de verbas para as escolas comprarem computa-
dor, aparelhos multimídias, capacitação para os funcionários e reorganização
da rede de ensino. Os estabelecimentos de ensino, a partir do ano letivo de
1996, deveriam optar entre o oferecimento de classes de 1ª a 4ª séries ou de
5ª a 8ª séries do ensino fundamental e ainda o ensino médio. As mudanças
no padrão de gestão consistem na descentralização da gestão da educação,
em particular na extinção das Divisões Regionais de Ensino, transferência de
recursos financeiros para as escolas e municipalização do ensino. Por fim, a
pretendida melhoria da qualidade de ensino implica na reorganização, valori-
zação do magistério (Programa de educação
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continuada), classes de aceleração, salas ambientes, avaliação externa do
rendimento escolar (por exemplo, SARESP), adoção de recursos pedagógi-
cos e projetos especiais nas escolas (Escola Solidária, Escola da Família, en-
tre outros).
Importante refletirmos sobre as idéias contidas, e muitas vezes
não explícitas, nas diretrizes detalhadas acima. Como afirmamos há pouco,
as reformas não são neutras, ao contrário, induzem a uma visão de sociedade
e, por conseguinte, de educação e de escola. Trazem determinadas conse-
qüências para o trabalho educacional e educativo, seja nos âmbitos da for-
mação, da gestão da organização escolar.
Nessa perspectiva, a leitura dos principais documentos produzi-
dos pela Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo nos per-
mite sintetizar alguns dos principais eixos que nortearam a construção e a im-
plementação das políticas educacionais nos anos 90 e que representam, nes-
ta década, as tendências das políticas públicas para a educação no Estado de
São Paulo, quais sejam: autonomia, qualidade e avaliação.
O incentivo à autonomia, como proposto pela Secretaria Estadu-
al, predomina mais no aspecto financeiro que propriamente no sentido peda-
gógico, por isso, a crescente descentralização da gestão das instituições es-
colares, valorização das parcerias entre escola, comunidade, empresa e pri-
vatização da educação. Esta última não se efetiva somente pela transferência
de serviços públicos à esfera privada, mas por propiciar as condições objeti-
vas para a formação de um mercado de consumo educacional, cada vez mais
crescente, quando o Estado se exime de suas responsabilidades e quando
permite a deterioração dos serviços públicos essenciais à população (HAD-
DAD, 1998).
Com efeito, de um lado, ao governo cabe estabelecer as diretri-
zes gerais. À instituição educativa, de outro cabe elaborar as suas
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estratégias, incorporando o conceito de auto-regulação, o que permitiria fun-
cionar com relativa autonomia.
A execução dessa política compreende certos instrumentos: ne-
cessidade de implementar mecanismos de controle de resultados, estabele-
cendo critérios mínimos de qualidade e eficiência; necessidade de desregula-
ção financeira e social, introduzindo a lógica de gestão empresarial; necessi-
dade de dispor de sistema avaliativo concreto, prático e fiável dos resultados
da ação administrativa, por meio da aplicação de provas padronizadas (AL-
MEIDA JÚNIOR, 2002).
Todavia, a palavra qualidade, termo presente no discurso oficial,
se restringe aos critérios de eficiência (cumprimentos das metas e objetivos) e
eficácia (menor custo). Faz, portanto, referência à qualidade de mercado, e
não social. Por sua vez, a avaliação, segundo a lógica oficial, diz respeito não
aos processos educativos, mas aos aspectos performáticos das escolas e de
seus agentes. A avaliação se limita a uma atividade predominantemente tec-
nicista ou às questões de operacionalidade, vale dizer, à mensuração dos re-
sultados. Daí a ênfase nos indicadores quantitativos.
Deste modo, as políticas educacionais, empreendidas no contex-
to da reforma de Estado, em particular no Estado de São Paulo, nascem num
quadro de descentralização dos mecanismos de financiamento e gestão do
sistema educacional. Como remetem à questão da eficiência ou ineficiência
das instituições, dos dirigentes, dos alunos e professores, funcionam mais
como fator de incremento do mercado de trabalho. Nessa ótica, a educação,
antes vista como direito social, passa, agora, a ser concebida como “direito do
consumidor”.
20
2.1.1 Final dos anos 1980 e década de 1990.
A essência do homem capitalista foi elevada à essência capitalista do homem.
Karl Marx
Não seria viável dissertarmos sobre a implantação da Proposta
Curricular, ocorrida no início de 2008, sem a devida contextualização. A políti-
ca que propiciou a elaboração e implantação da reforma educacional iniciou
no final da década de 1980, tendo seu ápice com a promulgação na Lei de Di-
retrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996.
Analisando os dados que nos fornece Fracalanza (1999), for-
mamos convicção de que a década de 1990 iniciou-se com uma imensa dimi-
nuição do poder aquisitivo dos salários dos professores da rede pública esta-
dual paulista e baixa eficiência do sistema de ensino, o salário auferido pelos
professores da rede de ensino estadual sofreu uma perda de quase 80% em
seu valor real, entre os anos de 1980 a 1993. O Estado de São Paulo, por in-
termédio de sua Secretaria de Educação, era responsável, em 1980, por 80%
das matrículas iniciais no Ensino Fundamental no estado. Nesse mesmo ano,
os municípios respondiam por 10,5% e as escolas particulares, 9,5% das ma-
trículas nesse nível de ensino. Em 1994, as escolas estaduais ainda eram
responsáveis por 78,7% do total das matrículas, enquanto aos municípios e
às escolas particulares cabiam, respectivamente, 9,5% e 11,8% das matrícu-
las iniciais no Ensino Fundamental2. Havia professores desmotivados, índi-
ces elevados de repetência dos alunos, precariedade nas instalações físicas
das escolas3. Enquanto em 1980 as receitas de impostos financiavam 79,4%
do total das despesas do estado, em 1993 estas financiavam 46,4 % do total
das despesas. Enquanto no primeiro triênio da década de 1980 as despesas
realizadas pela Secretaria da Educação representavam pouco menos de 17%
das despesas totais do estado, nos três primeiros anos da década de 1990
respondiam por pouco mais de 10%.
2 A fonte privilegiada para a coleta desses dados é a publicação Sinopses Históricas do MEC/Sediae/Seec.
3 Com base em levantamento realizado pela Apeoesp em 1990, em escolas distribuídas pelas 17 divisões regio-
nais de ensino, na região metropolitana e interior
21
A promulgação da Constituição da República Federativa do Bra-
sil, efetuada em 1988, mostrava novas possibilidades propiciadas por altera-
ções no financiamento da educação para os estados.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de de-zoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manuten-ção e desenvolvimento do ensino.
As construções de novas escolas e as adaptações realizadas,
em tantas outras, representaram parcela significativa de gastos se compara-
das aos recursos empreendidos na formação e salário dos professores, bem
como na manutenção dos prédios e equipamentos nas unidades já existen-
tes4.
As escolas do Estado de São Paulo não diferiam dessa realida-
de e ficaram à mercê dos avanços e retrocessos determinados pelas conve-
niências e inconveniências das políticas educacionais de cada governo, de
cada gestão pública.
As últimas discussões sobre o currículo no Estado de São Paulo,
conforme afirma Noronha (2009) e nossa vivência profissional podem alcan-
çar, ocorreram durante o Governo Montoro, em 1986, quando foi possível de-
bater amplamente diferentes concepções, em vários encontros ocorridos. No
entanto, os debates ficaram “na teoria”, e não se pôde constatar nenhuma a-
ção efetiva para implementação das propostas.
O Plano decenal de Educação, a vigorar de 1993 a 2003, indica
a necessidade de reformas educacionais no Brasil. Segundo Torres (1996), o
Banco Mundial destaca-se entre as várias agências ao apresentar uma pro-
posta articulada em relação à educação nos países em desenvolvimento.
Ainda sob a égide da LDB anterior, Lei 5692/71, mas no período
considerado de transição, 1990 a 1996, houve a Instituição da Escola Padrão;
a Reorganização das escolas, seguida da municipalização e a criação do
4 Estudos realizados por Castro (1985) comprovam esses dados.
22
SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São
Paulo), que afetaram diretamente o trabalho docente. Faremos uma breve
explanação de cada uma.
No início dos anos 1990, de 1991 a 1994, houve a implementa-
ção da Escola-Padrão 5. As primeiras escolas, e as mais beneficiadas foram
as que participaram da primeira etapa, ocorrida em fevereiro de 1992. Em
1993 houve outras escolas a iniciarem no projeto, tendo este perdurado até
1994.
Nos próprios boletins divulgados pela Secretaria de Estado da
Educação, na época, constatava-se que os recursos destinados para constru-
ção e ampliação das unidades escolares eram imensamente superiores aos
previstos para pagamento, capacitação de professores e compra de materiais
e equipamentos, (microcomputadores, laboratório de ciências, etc.) que facili-
tassem o processo ensino/aprendizagem.
Tratava-se de melhor organização do tempo e do espaço esco-
lar. O mérito do projeto revelou-se no esforço de prover a escola pública de
melhores condições de funcionamento, de coordenação pedagógica, tempo e
condições para estudo e reflexão pelos professores sobre seu trabalho (surgi-
ram as primeiras HTPCs (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo), incenti-
vo à dedicação plena e exclusiva na própria escola, para os professores e
gestores, jornada de trabalho menores das que imperavam na época.
Para participar do Programa, a escola teria que apresentar o seu
próprio projeto político-pedagógico, que seria coordenado pelos gestores da
Unidade Escolar. O problema é que esse projeto não foi para todos, tinha o
caráter experimental, e a escolas contempladas foram exatamente aquelas
que possuíam melhores condições de gestão pedagógica. Algumas ações
significativas perduraram e expandiram-se às outras escolas (como a coorde-
nação-pedagógica e as HTPCs) mas adaptadas em novo contexto.
5 Decreto 34.935/1991
23
Após o fim da escola padrão e estando ainda sob a égide da po-
lítica de reformas, a Secretaria de Estado iniciou o processo de reorganização
das escolas, em 1996, por força de Resolução6. Consistiu na separação dos
alunos do primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1a. a 4a. série), dos alunos
do segundo ciclo (5a. a 8a. série) e, em alguns locais, formando escolas exclu-
sivas de atendimento ao Ensino Médio. Havia argumentos de benefícios pe-
dagógicos e psicológicos aos alunos, mas a predominância clara era a de ra-
cionalização dos recursos.
Os prejuízos causados às famílias pela separação de irmãos e
amigos, com a dificuldade de deslocamento das crianças, foram enormes e
pouco se falou sobre as intenções políticas e as exigências vindas de órgãos
financeiros internacionais. Perdeu-se com relação ao pedagógico, tanto que
esse tipo de organização já está sendo revista na prática pela própria secreta-
ria.
Quanto ao psicológico, vale citar Sass (2000, p. 64):
É desconhecida qualquer teoria psicológica que recomendas-se seriamente a separação, nos termos propostos, de crian-ças mais novas das mais velhas. Obviamente não se quer a-qui tornar indiferentes as necessidades, os interesses, as von-tades e as possibilidades reais de uma criança de sete anos daquelas de um adolescente de 15 anos. A ponderação que aqui se apresenta incide sobre o seguinte ponto: não há justi-ficativa razoável para tornar o convívio de diferentes faixas e-tárias como um mal ou um bem em si. Essa convivência pode propiciar o exercício do poder dos mais fortes sobre os mais fracos, dos maiores sobre os menores, dos grupos sobre os indivíduos, mas podem também favorecer o respeito mútuo, o desenvolvimento da solidariedade entre os mais velhos com os mais jovens, a redução da frieza...
A escola reorganizada, de forma intencional e planejada, deixou
o “solo fértil” para a “Municipalização” a ser efetuada nas escolas públicas es-
taduais. As escolas que passaram a atender somente os alunos de 1a. a 4a
séries, puderam passar a ser administradas pelo município “de porteira fe-
chada”, termo comum usado na época para esclarecer que todo o material (i-
móvel, móvel, pedagógico, tecnológico, humano, etc.) passaria a outra
6 Resolução SE 15 de 13 de fevereiro de 1996
24
esfera da administração pública. Algumas regiões (como a de São Roque)
municipalizaram todo o ensino fundamental, ficando sob a administração pú-
blica estadual somente o Ensino Médio.
O processo teve início em 19967, mas só após a aprovação do
Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização do Magistério) que ocorreu em dezembro do mesmo ano, é
que a adesão dos municípios foi significativa, ocorrendo o ápice em números
no ano de 1997. Isso porque antes uma parcela das receitas públicas era
destinada à educação como um todo e a proposta do FUNDEF era definir
uma parcela que atendesse especificamente ao ensino fundamental (1ª a 8ª
série), através de uma redistribuição dos recursos provenientes de impostos
aplicados pelos municípios e Estados. A implantação do Fundef, portanto, se
deu efetivamente em 19988.
A partir de 2001, iniciou-se o declínio nas adesões dos municí-
pios, não sendo mais incentivada, pela Secretaria de Estado, a municipaliza-
ção do segundo ciclo do ensino fundamental. O incentivo para a municipaliza-
ção do primeiro ciclo, no entanto, gradualmente, ocorre até os dias de hoje,
havendo a tendência e incentivos para que toda a rede de 1o ao 5o ano (con-
forme denominação atual) seja administrada pelos governos municipais.
Sobre esse assunto temos ricos trabalhos de pesquisa, onde é
constatado que a “regionalização” dos dados altera o resultado no sucesso ou
insucesso nesse programa de governo. Tomando o cuidado de não cairmos
numa visão simplista onde seria ignorado todo o traçado de uma política edu-
cacional, podemos dizer que os municípios que apresentam uma sustentabili-
dade econômica possuem também maiores chances de proporcionar um en-
sino de melhor qualidade. Citando Azanha (1991), podemos dizer que é evi-
dente que municipalizar o ensino, instituindo um
7 Decreto 40.673/96, alterado por Decreto 40.889/96 e Decreto 41.054/96
8 A fonte privilegiada para a coleta desses dados é a publicação Sinopses Históricas do
MEC/Sediae/Seec.
25
sistema próprio num sentido amplo, é coisa muito diferente de municipalizar o
ensino apenas assumindo a administração de uma rede de escola. No entan-
to, a maioria dos municípios do Estado de São Paulo não possui rede própria
e nem ao menos supervisão própria do sistema, cabendo ainda às organiza-
ções estaduais a sobrecarga da ordenação do sistema, sem que lhe seja pró-
prio. Ainda segundo Azanha (1991 p.67).
A simples administração local do ensino não representa por si só nenhuma garantia de sua efetiva democratização e pode até mesmo ser oportunidade de exercício de formas mais du-ras de coerção sobre o processo administrativo e sobre o ma-gistério... A municipalização do ensino só é defensável se pu-der contribuir para a melhoria do ensino.
Na mesma dinâmica das reformas e agora com as escolas reor-
ganizadas, o Estado de São Paulo beneficiou-se, entre outros estados, do
convênio firmado entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Mi-
nistério da Educação, contando com recursos para reestruturação do ensino.
Para tanto, precisava provar, com números, que a política de reforma estava
obtendo êxitos, não somente administrativo, mas estrutural, isto é, seria ne-
cessário demonstrar objetivamente o sucesso pedagógico no processo de a-
prendizagem.
Para a avaliação, necessária e obrigatória, dos efeitos das im-
plementações das políticas, somente a participação nas avaliações externas
do SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), desde 1990,
não satisfaziam mais as necessidades do Estado. Com essa alegação, a Se-
cretaria de Estado da Educação implantou o SARESP – Sistema de avaliação
de rendimento escolar do estado de são Paulo9 –, em 1996, que se justificaria
pelo fato de se avaliar todo universo da rede estadual e não mais trabalhar
com amostragem. Na atualidade é aplicado anualmente para medir e compa-
rar o avanço dos conhecimentos e das competências adquiridas pelos alunos.
Na época, o documento de implantação apontou a rede pública
estadual como responsável por 80% das matrículas na Educação Básica, em
9 Resolução SE no. 27, de 29 de março de 1996.
26
todo o Estado. Neste contexto, as redes municipais e particulares foram con-
vidadas a participar das avaliações, havendo somente recentemente (a vigo-
rar em 2010), obrigatoriedade na participação10.
Com relação às avaliações externas aplicadas às pelas escolas,
podemos citar Franco (1994), que aponta a complexidade da qualidade do
ensino como um produto social e histórico, sendo que as estratégias de avali-
ação seriam muito mais um indicador do posicionamento político ideológico,
mutável ao longo do tempo, do que um indicador de qualidade da instituição.
Foi sob essa orientação política educacional que se deu a apro-
vação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
9394/1996.
A partir da Nova LDB e até os dias atuais, citaremos as princi-
pais reformas efetuadas e/ou incorporadas pelo governo do Estado de São
Paulo que mais incidiram no trabalho do professor e que antecederam a im-
plantação da nova proposta curricular: possibilidade de reclassificação dos a-
lunos; progressão continuada no ensino fundamental e progressão parcial no
ensino médio; Rede do Saber e programa de educação continuada aos pro-
fessores (PEC); criação das ouvidorias; estabelecimento de mudanças no es-
tágio probatório dos professores e demais trabalhadores do magistério e cria-
ção do IDESP (índice de desenvolvimento da educação no Estado de São
Paulo).
A Reclassificação dos alunos11 é um mecanismo que consiste
em rever e alterar a classificação do aluno, matriculando-o em série mais a-
vançada em relação à anteriormente cursada, observada a correspondência
idade/série. Este mecanismo possibilita, através de prova que prevê habilida-
des e competências traçadas para determinadas séries e disciplinas, o avan-
ço dos alunos às séries superiores.
10
Deliberação CEE 84/2009 11
Resolução SE 20, de 5 de fevereiro de 1998.. Del.CEE 10/97. Indicação CEE no. 9/97
27
Esses modelos de ações educacionais, com cunho social, sem-
pre visam (teoricamente) atenuar as desigualdades sócio/econômicas na so-
ciedade capitalista, mas, em outra ponta, no entanto, “entra-se numa roda vi-
va” formando ano a ano, dia a dia, novos alunos para a futura “compensação”.
Conforme Ribeiro (1993), mesmo após numerosos fracassos, os
alunos que se evadem já permaneceram, em média, 6,4 anos na escola fun-
damental. O que confirma que há disposição das famílias e dos alunos em
adquirir educação escolar e, em contraponto, uma baixa eficiência do sistema
em atender essa expectativa.
Na educação pública predominam as ações compensatórias, fo-
calizadas na precária atuação do Estado na oferta de políticas universalistas,
em detrimento das preventivas. A reclassificação dos alunos é um exemplo
dessas ações consideradas compensatórias, denota a necessidade da ade-
quação idade/série para o desinchaço do sistema e da melhora nos índices a
serem apresentados às instituições internacionais.
Outro exemplo, que se faz necessário citar, para chegarmos ao
objeto principal da implantação da Proposta Curricular é o da progressão con-
tinuada no ensino fundamental12 e a parcial no ensino médio13. Sobre esse
assunto, muitos estudos foram elaborados no mundo acadêmico. Constitui-se
na não retenção nas quatro primeiras séries do ensino fundamental (ciclo I),
nas quatro ultimas séries do ensino fundamental (ciclo II) e matrícula por dis-
ciplina no ensino médio, possibilitando ao aluno a avanço dos estudos para a
série superior, com dependências a serem “cursadas” em determinadas disci-
plinas.
O Regime de Progressão Continuada objetiva uma “forma ino-
vadora” para o processo de avaliação na escola. Pressupõe a avaliação como
um instrumento essencial na observação da progressão do aluno, com inter-
venções periódicas e individuais na aprendizagem deste, podendo haver
12
Resolução SE 98 de 23/12/1998 13
Resolução SE 21, de 05 de fevereiro de 1998.
28
reprovação somente por excesso de faltas ou no final de cada ciclo, somente
por uma vez.
Sousa (2001) diz que o sistema de avanços progressivos impli-
ca em uma adaptação dos objetivos educacionais às potencialidades de cada
aluno, avaliando o aproveitamento de cada um, em função de suas capacida-
des. Ora, como poderiam os professores, por mais esforçados que fossem al-
cançar esse nível de avaliação, acompanhamento e intervenção sem signifi-
cativas mudanças no sistema? No ensino fundamental, o que seria progres-
são continuada passou, popularmente, a ser chamada de “promoção automá-
tica”. Com relação ao ensino médio, as escolas mostraram-se despreparadas
administrativamente para a condução do novo sistema. Deparamo-nos atual-
mente com “pendências” na vida escolar de alunos que acabam muitas vezes
sendo resolvidas administrativamente com regularização de vida escolar co-
mumente utilizando-se o argumento da “recuperação implícita”, após a supos-
ta conclusão do curso.
Crescendo cronologicamente com as reformas implantadas após
a Nova LDB, surgiu a necessidade de oferecer formação em nível superior
para professores efetivos de 1a a 4a séries da rede pública estadual, atenden-
do ao disposto pela nova LDB. Para atender a esse contingente de profissio-
nais sem formação superior, espalhado por todo o estado foi criada a Rede do
Saber. A Secretaria da Educação investiu em recursos de videoconferência,
teleconferência, ferramentas de gestão e ambientes colaborativos na Internet.
O PEC (Programa de Educação Continuada) de formação universitária, de-
senvolvido entre os anos de 2001 e 2002 foi acompanhado por agência exter-
na com relação à utilização dos recursos financeiros investidos. Isso justificou
a ampliação da infra-estrutura criada para atendê-lo, estendendo-a a todos os
profissionais que compõem os quadros da Secretaria de Estado. Desta forma,
em maio de 2003, foi inaugurada a Rede do Saber.
29
O desenvolvimento e a implantação da Rede do Saber exigiram
não só a instalação de uma enorme infra-estrutura física, bem como a articu-
lação de recursos de telecomunicação e o desenvolvimento de soluções in-
formatizadas integradas especialmente concebidas para viabilizar a gestão da
operação e a organização de processos logísticos inusitados.
A administração de todo esse conjunto de comunicação é feita
pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, responsável pela manutenção dos
recursos de infra-estrutura e suporte em todas as localidades. Há, no mínimo,
uma instalação em cada Diretoria de Ensino Regional14 . É uma rede de in-
formática e telecomunicações que se vale da Intragov (infra-estrutura de da-
dos do Estado de São Paulo) conectando os estúdios de geração de video-
conferência aos ambientes de aprendizagem a Prodesp (Processamento
de Dados do Estado de São Paulo) para acesso à internet e à
Central de Operações da Rede do Saber, que fica na Sede da Secretaria de
Estado. Comporta um sistema de comunicação entre as diversas equipes, de
forma a deixar registros automáticos de todos os relacionamentos, documen-
tos eletrônicos, mensagens, agendamentos, relatórios e planilha de controle.
A compreensão da maneira como o governo centralizou e con-
trolou as escolas através da utilização dessa tecnologia de informação é im-
portantíssima. A afirmação da política neoliberal veio através dos autores es-
tudados nesses programas e do convencimento ao professor de que existe
apenas uma forma de se pensar politicamente a educação.
Segundo Poulantzas (1977), o Estado é um lugar privilegiado da relação
orgânica entre o trabalho intelectual e a dominação política, que se materializa em ca-
da uma das instituições que o compõem, assim como nos agentes que nelas trabalham:
estes agentes participam, ainda que involuntariamente, na exclusão do saber (e na legi-
timação do poder) que afeta os grupos sociais subordinados.
14 O Estado conta hoje com noventa e uma Diretorias de Ensino
30
Na contra-mão do processo de descentralização foi instituída no
ano de 199915, a Ouvidoria da Secretaria de Estado da Educação, órgão cen-
tralizado e com sede de exercício no prédio central da Secretaria da Educa-
ção, localizado na Praça da República, na cidade de São Paulo. Tem como
objetivo avaliar a procedência de sugestões, reclamações e denúncias efetu-
adas pela população de todo o Estado de São Paulo, constituindo-se em mais
um instrumento de controle do trabalho do professor. É imensa a burocracia
em “averiguação do ocorrido” após a criação de tal órgão. Se por um lado os
pais e alunos ficaram mais próximos “dos órgãos centrais” para registrarem
seus descontentamentos, na outra ponta os professores passaram a necessi-
tar provar sua idoneidade em toda e qualquer ação reclamada, em sua gran-
de maioria de autores anônimos, sem nenhuma relevância para o trabalho do
docente. No entanto, tanto os profissionais da educação quanto toda a co-
munidade escolar, submetem-se a essa, entre outras, ação racionalizadora e
centralizadora do estado. Sobre esse assunto, citamos novamente Cabrera e
Jaèn (1991-p.202) que nos deixam claro que a legitimação do poder está a
frente de ação política como essa:
Em educação não é o capital diretamente que, a partir de sua condição de proprietário dos meios de produção, da força de trabalho e do produto final, fomenta as medidas racionalizado-ras. São os administradores do Estado os responsáveis por este processo e o fazem sob determinações substancialmente diferentes das que afetam ao capital. Estes agentes encon-tram-se condicionados em suas atuações pela necessidade de manterem-se à frente dos aparelhos de Estado; a legitimi-dade de seu poder não deriva de sua qualidade de “proprietá-rios”, dependendo antes da valorização que o conjunto da so-ciedade atribui a suas decisões e ações, e esta valorização diz respeito às funções que são atribuídas ao Estado, que in-cluem não só contribuir para a acumulação, mas, particular-mente, assegurar a legitimidade da ordem social. Ao atuar fo-mentando uma transformação racionalizadora do trabalho do-cente com critérios semelhantes aos utilizados pelo capital na produção, os “administradores do Estado” têm de aparentar (e conseguir convencer os diferentes setores implicados em e-ducação) que atuam com “neutralidade”, que se trata de me-didas que favorecem a sociedade em seu conjunto, e isso de-ve ser logrado no marco de uma sociedade onde os distintos agentes e classes sociais transformam expectativas e participam de interesses em torno da educação substancialmente contraditórios e variáveis.
15 Resolução SE no. 180 de 24 de novembro de 1999 – Institui Ouvidorias na Secretaria da Educação. Inte-
gração das ouvidorias, Resolução SE 93 de 15 de dezembro de 2004.
31
Outro exemplo de ação racionalizadora e centralizadora atual é
o Estágio probatório16 ao qual se submetem os profissionais da educação pa-
ra a efetivação do cargo público. Apesar de já existir há muitos anos, atual-
mente foi revisto por Decretos e Resoluções e condiciona o comportamento
desses profissionais nos três primeiros anos de exercício, após terem sido a-
provados em prova de conhecimentos e títulos, à avaliação e aprovação dos
órgãos centrais. A avaliação é efetuada regularmente e é composta de itens
que detalham se o professor seguiu as estratégias de ensino pré-
determinadas, se trabalhou com as competências e habilidades exigidas, isto
é, “se curvou” à política ora determinada para conseguir a efetivação em seu
emprego.
Concluiremos esse tópico citando o IDESP (Índice de Desen-
volvimento da Educação de São Paulo), que supostamente seria um indicati-
vo de qualidade das escolas estaduais paulistas. Em decorrência o IDESP é a
instituição de bonificação por resultados obtidos no cumprimento das metas
estabelecidas para a unidade de ensino
Na avaliação da qualidade das escolas feita pelo IDESP consi-
deram-se dois critérios complementares: o desempenho dos alunos nos exa-
mes do SARESP e o fluxo escolar (porcentagem de alunos promovidos).
Tem o papel de fornecer um diagnóstico da qualidade da escola, apontando
os pontos em que esta precisa melhorar e sinalizando sua evolução ano a
ano.
Desde 2007 a escola recebe “uma nota”, que seria o índice de
desenvolvimento e uma meta, com novo índice a ser alcançado no próximo
período letivo. O alcance ou não do índice proposto se refletirá em bonifica-
ção financeira a ser paga aos profissionais daquela escola, proporcionalmente
ao índice atingido.
16
Decreto 52.344, de 09 de novembro de 2007. Resolução SE-21, de 26.03.2009 e Resol. SE.
23, de 27.03.2009
32
As metas por escola se constituem em mais um instrumento de
convencimento à população da legitimidade do poder do estado, forçando os
professores a utilizarem metodologia e conteúdos pré-determinados pelo Es-
tado, pois será assim que os alunos serão “medidos” nas avaliações externas.
Sobre essa política de ensino/aprendizagem implementada pelo Governo do
Estado de São Paulo, de “competências e habilidades” é que foi apresentada
a Proposta Curricular, sobre a qual iniciaremos a explanação.
33
2.2 Leitura Crítica
A cultura é um privilégio. A escola é um privilégio. E não queremos que seja assim.Todos os jovens deveriam ser i-guais perante a cultura.
Gramsci
A Proposta Curricular do Estado de São Paulo17 foi apresentada
para aplicação em todas as escolas públicas estaduais, no início do ano leti-
vo/2008. No final do mesmo ano, deixou de ser Proposta e passou a ser Cur-
rículo Oficial, com aplicação obrigatória, por determinação da Resolução SE –
76, de 07/11, publicado em Diário Oficial do Estado de São Paulo em
08/11/2008, pg.29.
Resolução SE - 76, de 7-11-2008.
Dispõe sobre a implementação da Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, nas escolas da rede estadual [...]
Artigo 1º- A Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, elaborada por esta Pasta, a ser implantada no ano em curso, passa a consti-tuir o referencial básico obrigatório para a formulação da pro-posta pedagógica das escolas da rede estadual.
Parágrafo único - A Proposta Curricular, que complementa e amplia as Diretrizes e os Parâmetros Curriculares Nacionais, incorpora as propostas didáticas vivenciadas pelos professo-res em suas práticas docentes e visa ao efetivo funcionamen-to das escolas estaduais em uma rede de ensino.
Artigo 2º - A Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio contempla os componentes curriculares a seguir relacionados e
consubstanciados nas propostas curriculares de Língua Por-tuguesa, Arte, Educação Física. Língua Estrangeira Moderna - Inglês, Matemática, Ciências, Física, Química, Biologia, Histó-ria, Geografia, Filosofia e Sociologia.
Parágrafo Único - As Propostas Curriculares de que trata o caput do artigo são complementadas por um conjunto de do-cumentos, com orientações didáticas e expectativas de a-prendizagem, distribuídas por níveis de ensino, anos e sé-ries.[...]
17
concebida por Maria Ines Fini, Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo, Luiz Carlos Menezes e
Ruy Berger, sob a coordenação da primeira.
34
O processo teve inicio, para os docentes, em 2007 com espaço
no Site da Secretaria de Estado da Educação para sugestão dos professores.
O início da implantação deu-se em fevereiro de 2008 com o recebimento pe-
los alunos e professores de material em formato de “Jornal” para os alunos e
de “revista” para os professores, onde atividades de revisão dos anos anterio-
res estavam prescritas com a determinação da aplicação nos quarenta e dois
primeiros dias de aula e, em seqüência, durante o primeiro bimestre, seria im-
plementado o “caderno” que a escola e os professores iriam receber. Posteri-
ormente, foram apresentados os cadernos dos segundo, terceiro e quarto bi-
mestres, respectivamente.
Para ser incluído neste trabalho e facilitar o conhecimento e/ou
entendimento da estrutura dos documentos que compõem a Proposta Curri-
cular do Estado de São Paulo, os mesmos foram por nós compilados (apêndi-
ce A).
A proposta curricular apresenta-se, ao professor e ao aluno, sob
a forma de “Caderno do Professor” e “Caderno do aluno”, organizados por
disciplina (Português; Arte; Educação Física; Matemática; Biologia; Física;
Química; História; Geografia; Filosofia e Sociologia) dividido em quatro cader-
nos bimestrais para as três séries anuais do ensino médio e quatro, para o
ensino fundamental. Cada professor e cada aluno obterão, portanto, quatro
cadernos anuais, por disciplina e série. Estes foram entregues às escolas
somente no início de cada bimestre em andamento.
No “caderno do professor” são apresentadas situações de a-
prendizagem a serem trabalhadas pelo professor no ensino dos conteúdos
disciplinares específicos. Os conteúdos, habilidades e competências vêm a-
companhados de orientações para procedimentos, métodos e estratégias em
sala de aula e para a avaliação e recuperação.
Para os gestores foi apresentado também o “Caderno do Ges-
tor”, três no ano, com orientações para a gestão do currículo, contemplando
todas as atividades a serem efetuadas com os professores, conforme previsto
no calendário escolar, além das sugestões para as HTPCs
35
- horas de trabalho pedagógico coletivo18 – que ocorrem semanalmente na
escola, conforme carga horária do professor. Temos, por exemplo, o caderno
do Gestor do início do ano, com orientações, métodos e estratégias para a
gestão do planejamento escolar, avaliação do ano anterior, reuniões de fe-
chamento do bimestre, etc. O mesmo ocorre com os outros momentos, nas
ações pensadas e antecipadas pelos autores dos cadernos. O documento
prevê, inclusive, a coordenação de ações entre as disciplinas, quanto à vida
cultural da escola e ao fortalecimento de suas relações com a comunidade.
O documento base, por nós tratado como documento 1, merece
nossa atenção pois é onde estão apresentados os princípios teóricos/políticos
e sociais do currículo e será comentado a seguir, com citações do próprio do-
cumento.
Declara, o documento, que a Secretaria procura cumprir seu
dever de garantir a todos uma base comum de conhecimentos e competên-
cias, para que as escolas funcionem de fato, como uma rede. Define a escola
como espaço de cultura e articulação de competências e conteúdos curricula-
res. Sabemos, no entanto, que uma coisa é o que se estabelece e outra é o
que se consegue realizar.
Características cognitivas e afetivas seriam valorizadas para a
aprendizagem do aluno, como as capacidades de resolver problemas, traba-
lhar em grupo, continuar aprendendo e agir de modo cooperativo. A qualidade
da educação seria vista como oportunidade de acesso das camadas mais po-
bres da sociedade à inserção no mundo produtivo, solidário e com respeito às
diferenças e às regras de convivência.
Ser estudante, nesse mundo que expõe o jovem desde muito cedo às práticas da vida adulta – e, ao mesmo tempo, poster-ga a sua inserção profissional -, é fazer da experiência escolar uma oportunidade para aprender a ser livre e ao mesmo tem-po respeitar as diferenças e as regras de convivência. [...]
Criamos uma civilização que reduz distancias, que tem ins-trumentos capazes de aproximar as pessoas ou de distanciá-las, que aumenta o acesso à informação e ao
18
Portaria CENP 01/09 e LC 836/97
36
conhecimento, mas que também acentua as diferenças cultu-rais, sociais e econômicas... (p. 5)
A base da educação proposta é o “aprender a aprender e o a-
prender a fazer e a conviver”, incorporar a diversidade, manter o equilíbrio so-
cial, apropriar-se da multiplicidade de linguagens e códigos do cotidiano.
A capacidade de aprender é trabalhada não apenas dos alunos,
mas na própria escola, enquanto instituição educativa: tanto as instituições
como os docentes têm de aprender. O princípio é de aplicar com os professo-
res a mesma didática a ser aplicada com os alunos. A equipe gestora (su-
pervisores, coordenadores e diretores) tem a responsabilidade de formação
continua dos professores. Convivência diária seria intencionalmente utilizada
como situação de aprendizagem. Todas as atividades da escola seriam curri-
culares. “Nessa escola, o professor não se limita a suprir o aluno de saberes,
mas é parceiro de fazeres culturais...” (p.8)
O currículo se compromete a formar crianças e jovens para que
se tornem adultos preparados para exercerem suas responsabilidades com o
trabalho, família e sociedade; compreender o mundo e propor explicações...
“em síntese, ele poderá enfrentar problemas e agir de modo coerente em fa-
vor das múltiplas possibilidades de solução ou gestão” (p.9)
Competência, nesta proposta é visto como “os modos de ser, ra-
ciocinar e interagir podem ser depreendidos das ações e das tomadas de de-
cisão em contextos de problemas, tarefas ou atividades” (p.9). Cabe ao pro-
fessor valorizar o desenvolvimento das competências dos alunos ponderando
os aspectos cognitivos, afetivos e sociais dos mesmos. A ênfase é dada à
aprendizagem sendo apontada com a diferenciação entre o que é ensinado e
o que é aprendido pelo aluno. “A escola deverá ser tão diversa quanto são os
pontos de partida das crianças que recebe” (p.10).
É dada prioridade para a competência da leitura e da escrita. A
competência da leitura e escrita na proposta vai além da linguagem verbal e
teria como base o desenvolvimento do pensamento antecipatório, combinató-
rio e probabilístico, citado como característico do período da
37
adolescência: “A produção de bens e serviços foi em grande parte automati-
zada e cabe a nós programar as máquinas, utilizando linguagens específicas”
(p.11). A centralidade na competência leitora e escrita não só é colocada co-
mo objeto de todas as séries e disciplinas, mas também nas ações dos gesto-
res sobre a educação continuada aos professores.
O professor é visto como um profissional da aprendizagem e não
mais do ensino. A expressão “educar para a vida” entra em evidência tornan-
do as competências gerais e constantes e os conteúdos menos específicos e
mais variáveis. A ênfase na aprendizagem desloca-se para a necessidade de
“aprender a aprender”. “Continuar aprendendo é a mais vital das competên-
cias que a educação deste século precisa desenvolver” (p.14).
A proposta curricular apresenta as cinco competências para a-
prender formuladas no referencial teórico do ENEM (Exame Nacional do En-
sino Médio):
a). Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das
linguagens matemática, artística e científica.
b) Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimen-
to para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-
geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
c) Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informa-
ções representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar si-
tuações-problema.
d) Relacionar informações, representadas em diferentes formas,
e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argu-
mentação consistente.
38
e) Reconhecer os conhecimentos desenvolvidos na escola para
elaborar propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valo-
res humanos e considerando a diversidade sociocultural.
Todos os educandos, na proposta, deveriam ter a compreensão
do significado da ciência, das letras e das artes. “Todos os alunos deverão
passar pela alfabetização cientifica, humanista, lingüística, artística e técnica
e constituir as competências para reconhecer, identificar o que é próprio de
uma área de conhecimento, avaliar a importância dessa área ou disciplina em
sua vida e em seu trabalho” (p.16). A relação ocorreria na aplicação das teori-
as em contextos reais ou em simulações de contextos reais, em cada discipli-
na do currículo.
Também cita a necessidade das relações entre educação e tec-
nologia, “compreensão dos fundamentos científicos dos processos produtivos”
(p.17), “domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a pro-
dução moderna” (p.17). Acepções no currículo como educação tecnológica
básica, incluiriam aprender lidar com computadores e conviver no mundo em
que a tecnologia está presente; compreensão dos fundamentos científicos e
tecnológicos da produção. No documento está prevista a introdução da tec-
nologia em todas as áreas, não havendo disciplinas especificamente “tecno-
lógicas”.
É dada, na proposta, explícita prioridade para o contexto do tra-
balho. “Se analisarmos o conjunto das recomendações já analisadas, o traba-
lho enquanto produção de bens e serviços revela-se a prática humana mais
importante para conectar os conteúdos do currículo com a realidade... A valo-
rização do trabalho é tida como uma crítica ao bacharelismo ilustrado que por
muito tempo predominou nas escolas voltadas para as classes sociais privile-
giadas” (p.18).
À medida que a tecnologia vai substituindo os trabalhadores por autômatos na linha de montagem e nas tarefas de rotina, as competências para trabalhar em ilhas de produção, associ-ar concepção e execução, resolver problemas e tomar deci-sões tornam-se mais importantes do que conhecimentos e
39
habilidades voltadas para postos específicos de trabalho. (p.19)
As disciplinas do currículo no ensino médio, na proposta, não
devem ser apenas propedêuticas nem voltadas estritamente para o vestibular.
A preparação para o trabalho, na escola, deve se dar na aprendizagem de
competências básicas que sejam pré-requisitos de formação profissional. “Em
muitos casos essa opção pouparia tempo de estudo para o jovem que precisa
ingressar precocemente no mercado de trabalho”.(p.20)
Apesar de o material apresentar-se ao aluno e ao professor, di-
vididos por disciplinas, estas foram agrupadas em quatro grandes áreas:
- A área das Ciências da Natureza, no atual currículo, compre-
ende a disciplina de Ciências no Ensino Fundamental e as disciplinas de Bio-
logia, Física e Química, no Ensino Médio. Estariam presentes na sociedade
na investigação de materiais, das substancias, da vida e do cosmo. Associar-
se-iam às técnicas e às tecnologias em todos os setores de produção e de
serviços.“Jovens que concluem a educação de base devem saber se expres-
sar e se comunicar com as linguagens da ciência e fazer uso de seus conhe-
cimentos” (p. 22).
Não seriam estabelecidas fronteiras nítidas entre as disciplinas
da mesma área. “Todas as Ciências da Natureza fazem uso de instrumentos
matemáticos em seus procedimentos de quantificação, análise e modelagem”
(p. 23). A reunião de um conjunto de disciplinas é visto como um recurso didá-
tico/pedagógico. A área deve promover conhecimento para ser aprendido e
dominado pelo próprio aluno e utilizado para resolução de problemas em con-
textos reais. O ensino das Ciências da Natureza deveria buscar compor o de-
senvolvimento da cultura cientifica com a “promoção de competências mais
gerais ou de habilidades específicas, uma efetiva apropriação das ciências
como qualificação pessoal, não simplesmente como ilustração cultural” (p.25)
- A Matemática encontra-se sozinha em uma área. Para justificar
tal opção são expostas três razões:
40
a) A especificidade da Matemática ficaria esmaecida se fosse
agregada à área de Linguagens, visto, entre outras razões, que a multiplicida-
de de sentidos da língua natural é intencionalmente controlada na expressão
Matemática.
b) A incorporação de Matemática na área de Ciên-
cias poderia distorcer o fato de que a Matemática constitui um conhecimento
especifico da educação básica.
c) O tratamento da Matemática como área especifica
pode facilitar a “compreensão critica dos inúmeros recursos tecnológicos de
que dispomos para a representação de dados e o tratamento das informa-
ções”.(p.30)
- A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias compre-
ende as disciplinas “Arte”, “Educação Física”, “Inglês”, e “Língua Portuguesa”.
Propõe uma mudança na forma como as disciplinas devem ser
ensinadas. “O conhecimento de natureza enciclopédica, sem significação prá-
tica, é substituído por conteúdos e atividades que possibilitam a interação do
aluno com sua sociedade e o meio ambiente” (p.31). Trabalha-se com a
construção do conhecimento lingüístico, musical, corporal, gestual, das ima-
gens e das formas.
No eixo da linguagem artística deverá ser visto o eixo da produ-
ção (poético), o da recepção (eixo estético) e o da crítica.
Na Educação Física deverão estar associados corpo, movimento
e intencionalidade. Os alunos devem perceber e compreender os sentidos e
significados das diversas manifestações do corpo.
A aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna (no caso, In-
glês) deveria possibilitar o acesso a bens culturais da humanidade. “Assim,
41
não só o estudo da língua materna, mas também o das LEM são excelentes
meios para sensibilizar os alunos para os mecanismos de poder associados a
uma língua” (p. 32)
- A área de Ciências Humanas e suas tecnologias compreende
as disciplinas de Filosofia, Geografia, História e Sociologia. Essas disciplinas
deverão contribuir para uma formação que permitisse ao aluno “compreender
as relações entre sociedades diferentes; analisar os inúmeros problemas da
sociedade em que vive e as diversas formas de relação entre homem e natu-
reza. (p. 35)”.
Como já dissemos uma coisa é o que se estabelece e outra é o
que se consegue realizar e entendemos que tal proposta nasceu com alguns
vícios já existentes na política de reforma educacional estabelecida desde o
final da década de 1980, por nós já citada. Nosso objetivo com esta análise é
de subsidiar debates entre os professores, no que é comum a todas as disci-
plinas, pela necessidade subjacente de problematizar os condicionantes teóri-
cos e políticos do currículo ora implantado.
Saviani (2009, p. 30) nos dá uma boa definição para políticas
curriculares e currículo:
As políticas curriculares dizem respeito às relações que se es-tabelecem na tomada de decisões sobre elaboração, execu-ção, controle e avaliação do currículo escolar. Consistindo em elementos selecionados da cultura e da sociedade e organizados para fins de ensino-aprendizagem, o currículo se expressa no conjunto de matérias/disciplinas es-colares e respectivos programas. Os processos de sua elabo-ração e implementação, nos vários âmbitos, são repletos de contradições e resultam em decisões negociadas. [...]o currículo se expressa no conjunto de matérias/disciplinas escolares e respectivos programas, os quais, por sua vez, consistem em elementos selecionados da cultura global da sociedade e organizados para fins de ensino-aprendizagem. Aqui, também, para maior precisão, podem ser situados os e-lementos nucleares; os conhecimentos e, dentre eles, os co-nhecimentos científicos. Estes seriam a essência do currículo, o seu conteúdo. O currículo, aliás, é sempre relacionado a conteúdos – definidos de acordo com as prioridades estabele-cidas conforme finalidades da educação escolar e do publico a que se destina. E a organização curricular consiste na disposição dos conteúdos básicos de cada componente e das indicações metodológicas para seu
42
desenvolvimento. Disto se conclui que a organização curricu-lar implica a organização do trabalho pedagógico.
As políticas curriculares ora implementadas emanam poder, pois
estabelecem as normas, diretrizes, avaliação e controle sobre os conjuntos de
atividades nucleares da escola.
A imposição de “manuais didáticos” é analisada por Hypolito
(1997-p. 21) como um elemento centralizador que se opera à medida que se
eleva o nível de determinação externa, de “racionalização do trabalho”, em
detrimento do tempo para pensar e planejar:
Há, com efeito, modificações substanciais quanto ao que se entende por qualificação profissional. Qual deve ser a forma-ção adequada para esse profissional que é um trabalhador do ensino e não mais aquele profissional ilustrado, bem qualifica-do? Dependendo da lógica, o professor mais adequado tanto pode ser aquele profissional bem preparado, quanto pode ser aquele que não está apto a pensar, mas mostra-se um perfei-to executante. Numa ótica tecnicista, o trabalhador do ensino ideal executa o que está prescrito pela supervisão e previsto nos manuais”.
Enguita (1991-p. 6) reforça a idéia que “pacotes fechados” for-
mam professores tecnicamente inoperantes:
... associando-se a ênfase nas experiências pessoais e na subjetividade dos professores àquela das “competências”, que visa formar um profissional tecnicamente competente, mas po-liticamente inoperante, disciplinado, adaptado, fechamos o quadro. O professor “treinado” para saber o “como” ensinar, pouco deve se preocupar com “o que” ensinar, visto que lhe são destinados pacotes e programas de ensino pré-estabelecidos.
O currículo implantado pela SEE (Secretaria de Estado da Edu-
cação) está fundamento na aquisição de competências e habilidades, sendo
que as competências relacionadas à leitura e escritas são o pivô dessa orga-
nização curricular e transpassam por todas as disciplinas.
Campos (2002), diz que quando o desenvolvimento das compe-
tências passa a ser a tarefa principal da formação e os “saberes da
prática” assumem lugar central na definição da própria prática pedagógica,
essa ocorrência acontece em detrimento do conhecimento teórico/cientifico.
43
Também Shiroma (2003, p. 68) aponta relações entre a questão
da profissionalização e a difusão da noção de competências como lógica ori-
entadora dos processos de formação de professores, de forma desvirtuadora
do saber científico.
O conceito de hegemonia que explana sobre a imposição da
hegemonia de blocos da burguesia através do consentimento e da repressão
está bem exemplificado neste contexto educacional de apresentação de um
currículo pronto e acabado que segue uma mesma política de reforma que
vem ocorrendo desde o final da década de 1980. Segundo Neves (2005), o
contexto histórico que começou a tomar forma no início do século XX perdura
até hoje e é o da crescente exploração do trabalhador objetivando a acumula-
ção do capital e, no plano político, a fúria para legitimação dos padrões soci-
ais regidos pelo capital. A escola pública também é burguesa, pois o poder
está com a burguesia. E, em última estância, são eles os idealizadores do no-
vo currículo oficial.
Na educação a coesão cívica encontra seu auge. Há o direcio-
namento de todas as diretrizes possíveis para o encaminhamento das aulas,
atitudes e meios de convivência. São Grêmios Estudantis com Regimentos
prontos. O Regimento das próprias escolas também possuem uma base úni-
ca, são pré-determinadas normas de convivência e, sobretudo, o currículo ofi-
cial, que contem as “competências e habilidades” a serem desenvolvidas pe-
los alunos, bem como o conteúdo e a forma para alcançar tais objetivos.
A nova proposta curricular vem ao encontro de estratégias que
surgiram como alternativas aos efeitos do neoliberalismo. Vamos trabalhar em
favor da mulher, do negro, do índio..., com “analgésicos” momentâneos e a-
ções incentivadores ao protagonismo juvenil e coletivo, onde a sociedade lo-
cal é chamada para um pacto social de auto-solução e responsabilização de
seus problemas. No entanto, esse mesmo poder que chama e financia a
sociedade, leia-se “escola”, molda e avalia suas ações, conforme seus pró-
prios projetos.
44
3 SOBRE A IMPLANTAÇAO: IMPLICACÓES E IMPACTOS
A escola completa tenderá a incorporar todas as áreas do sa-ber humano..de todo o saber elaborado pela humanidade.
Gramsci
3.1 O que dizem o Supervisor da Escola e os Professores Co-
ordenadores da Oficina Pedagógica.
Sabemos que nossa pesquisa nos conduzirá a resultados provi-
sórios e não a certezas enfáticas – de resto, algo impossível e perigoso, pois
tudo o que não desejamos é o risco de cairmos em afirmações absolutas.
Temos consciência, contudo, de que estes indicadores nos permitiram elabo-
rar reflexões significativas sobre o tema que trabalhamos. Segundo Minayo
(1998), no campo da pesquisa social o debate tem sido perene e nunca con-
clusivo, mesmo porque nosso objeto de estudo possui consciência histórica:
... O objeto das Ciências Sociais é histórico. Significa que as sociedades humanas existem num determinado espaço, num determinado tempo, que os grupos sociais que a constituem são mutáveis e que tudo, instituições, leis, visões de mundo são provisórios, passageiros, estão em constante dinamismo e potencialmente tudo está para ser transformado.
Trabalharemos, fundamentalmente, com registros obtidos na es-
cola em análise: Termos e Relatórios de Visita emitidos pelo Supervisor de
Ensino e Professores Coordenadores da Oficina Pedagógica da Diretoria de
Ensino, durante os anos 2008 e 2009 (período de implantação da proposta),
sobre o tema; entrevista com os professores, das diversas disciplinas, que a-
tuavam em sala de aula no mesmo período e observações nos diversos am-
bientes.
45
A análise dos Termos e Relatórios acima citados, bem como a
observação, será de primordial importância para dar confiabilidade às respos-
tas obtidas nas entrevistas.
A escola em análise é pública estadual, jurisdicionada à região
que a Secretaria de Estado da Educação denomina Pólo 04, Região da Gran-
de Sorocaba. Possuía, no início do ano letivo 2008, 1009 ( mil e nove) alu-
nos, distribuídos em três períodos (manhã, tarde e noite) e entre as quatro sé-
ries do ciclo II do Ensino Fundamental e as três séries do Ensino Médio. Dez
salas de aula no prédio, sendo que no período da manhã as dez salas são uti-
lizadas, e no período tarde e noite, somente nove. Tem uma biblioteca com
bons títulos, porém mal organizados. Uma sala de informática com aparelhos
absoletos que permitem o acesso a internet somente da forma discada; não
possui laboratório de Ciências e Biologia. Conta com uma Diretora, uma vice-
diretora, uma professora-coordenadora do Ensino Fundamental e um do En-
sino Médio. O quadro comporta trinta e dois professores, mas eram raros os
dias em que o quadro estivesse preenchido. Em 2008 obteve o taxa de pro-
moção de somente 68%, e ficou com um saldo de 50 (cinqüenta) alunos do
Ensino Médio em dependências. O serviço de limpeza do prédio é terceiriza-
do ainda assim os gestores pedagógicos precisam se ocupar também desses
serviços. Há muita reclamação de falta de funcionários para os serviços de
secretaria e inspetoria de alunos.
Esta pesquisa é especial por tratar de assunto atual e de extre-
ma importância entre as reformas educacionais adotadas pelo Estado de São
Paulo. Iniciou no segundo semestre de 2009 se estendendo até o primeiro
semestre de 2010 e não obteria êxito se não fosse pela colaboração direta
dos educadores da escola.
Acreditamos que a fala dos profissionais que estão atuando em
sala de aula e envolvidos diretamente com a implantação do currículo, na
ponta, pode expressar a realidade do processo.
46
Foram analisados os relatórios que os Assistentes Técnicos Pe-
dagógicos19 fizeram em visitas à unidade escolar, bem como os Termos de
acompanhamento e avaliação efetuados pelo Supervisor , nos anos 2008 e
2009. Os trechos que fazem referência direta à implantação do currículo, fo-
ram transcritos ipsis litteris, por data de visita, e apensados a este trabalho
(apêndices B e C). Para atender a ética e o rigor acadêmico, foram retirados
os nomes das pessoas ou instituições ou qualquer outro dado que induzissem
à identificação.
Atentamos para o fato de que a leitura do transcrito (apêndices
B e C) propicia uma excelente e concreta visão sobre a integralidade do pro-
cesso de implantação da nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo
na unidade.
A adoção pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
de um currículo único para todo o estado facilita-nos a análise do mesmo,
mas prejudica, certamente, a análise sobre os resultados da implantação, pois
não podemos incorrer no vício de desconsiderar as especificidades regionais
e aí, as diferenças encontradas em cada unidade de ensino, a concepção de
mundo de cada grupo de educadores e educandos.
Os professores tomaram contato com o primeiro material que
seria o início da implantação da Nova proposta curricular do Estado de São
Paulo, no planejamento escolar/2008, que ocorreu nos dias 13, 14 e 15 de fe-
vereiro. Os registros existentes na escola e as declarações dos professores
nos dão absoluta clareza que esses não foram consultados sobre a elabora-
ção da Proposta Curricular, nem a “consulta” aberta na Internet atingiu-os.
As aulas iniciariam segunda-feira, dia 18. Foram entregues
“revistas para os professores, acompanhadas de jornais para os alunos” onde
19
A Diretoria de Ensino é composta de Uma Oficina Pedagógica que comporta Assistentes Técnicos Pedagógi-
cos (ATPs), por disciplina do currículo. Há então o ATP de Matemática, ATP de Português, de Ciências, etc. Em
2009, for força de legislação, a denominação da função de ATP foi alterada para PCOP (professor de coordena-
ção da Oficina Pedagógica).
47
estavam contidas as aulas para os primeiros quarenta e dois dias letivos, a tí-
tulo de “revisão”. O conteúdo foi o mesmo para duas séries. Um mesmo jor-
nal para as 5as. e 6as. Séries, outro para as 7as. e 8as., outro para as 1as e
2as. séries do Ensino Médio e, finalmente, um para a 3ª.série. Houve empe-
nho por parte dos professores para entendimento do material, apesar das crí-
ticas de haver o mesmo conteúdo para duas séries. Ressaltaram o grau de
densidade do proposto, exigindo mais tempo que o planejado para sua exe-
cução, não possibilitando ao professor nenhuma reflexão em seu fazer peda-
gógico, e a falta de material para sua execução. Os professores mostraram-se
preocupados com a avaliação a qual os alunos seriam submetidos após esse
período de 42 dias letivos.
Em 11 de Março de 2008 percebe-se, na escola, o primeiro co-
mentário, durante uma reunião de HTPC, da possibilidade de o Estado conti-
nuar com a política de enviar “apostilas” para que os professores aplicassem.
A Assistente Técnica Pedagógica da Diretoria de Ensino declara saber so-
mente que os professores receberão um “caderno de orientações” e que o en-
foque seria nas habilidades de leitura e escrita para todas as séries.
Embora o discurso no documento oficial tenha um forte apelo à
autonomia da escola e à sua participação, na prática o que ocorre é a separa-
ção entre os “pensantes” que determinam o que fazer e os “executores”. Se-
gundo Bobbio (2000, p.955), essa forma de poder fundamenta e mantém uma
sociedade de desiguais onde os superiores comandam e os inferiores se
submetem.
Em 31 de Março de 2008 ocorreu o primeiro dos dois dias de
planejamento após o período intitulado de “recuperação intensiva”. Os Pro-
fessores Coordenadores e Diretores das Escolas já haviam recebido capaci-
tação, pela Diretoria de Ensino, sobre a Nova Proposta Pedagógica e coube a
eles, com o uso do “Caderno do Gestor” e DVDs enviados pela Secretaria de
Estado, repassar aos professores o contido na “Proposta Curricular” e no
“Caderno do Professor” que, na verdade, trata-se de uma apostila a ser se-
guida, com os alunos, durante o primeiro bimestre. A esse
48
movimento foi dado o nome de “aprender a aprender”: os gestores e profes-
sores aprendem a nova forma de ensinar os alunos a aprenderem.
Foram distribuídos vídeos aos professores da rede, onde as o-
rientações estão prontas, acabadas.Com essa infinidade de normas rígidas,
sobra muito pouco para a tal comentada flexibilidade voltada à autonomia da
escola. O distanciamento entre o currículo determinado e a possibilidade da
total realização contradiz com as necessidades de uma rede gigantesca como
é a de São Paulo.
Ao se analisar a forma como os professores foram consultados
para a implantação da Proposta Curricular, por simples meio de Internet, sem
ampla divulgação e sem retorno aos apontados, pode-se afirmar que ela traz
no seu bojo uma concepção centralizada e autoritária, diferindo do “discurso
democrático” que consta na própria proposta. E essa consulta ocorre somente
para legitimação do processo. Sabe-se que a implantação do Currículo Oficial
foi efetuada de forma contundente, por Resolução, sem a devida participação
dos envolvidos, especialmente os professores que, em relação aos demais
profissionais da educação, são aqueles que estão na ponta, executando uma
política que não foi por eles pensada. Essa cultura autoritária nas políticas
educacionais vem de longa data, atrelada a interesses políticos que nem
sempre coincidem com os interesses reais da sociedade e/ou com a necessi-
dade sentida pelos trabalhadores da área, desconsiderando a experiência ad-
quirida por estes trabalhadores no desenrolar de sua carreira. Alguns autores,
como Apple (1989), afirmam que a implantação do modelo tecnocrático em
educação submete o ensino à “lógica racionalizadora do capital” que envolve
uma série de diretrizes metodológicas e didáticas as quais retiram do profes-
sor o poder de decisão sobre os fins de seus trabalhos.
No início de Abril foi realizada a prova aos alunos que avaliou o
“período de recuperação”. A supervisão e coordenadores da oficina pedagó-
gica acompanharam o processo de implantação na escola, intensivamente,
durante o primeiro semestre, onde foi suspenso todo e qualquer projeto ou a-
tividade pedagógica que pudesse tirar o foco da Proposta. Professores, de
forma geral, se empenharam e reclamaram sobre o
49
tempo limitado e pré-determinado para as atividades, de falta de material e
espaços pedagógicos como, por exemplo, a sala de Internet. Alguns professo-
res discordaram de algumas seqüências didáticas, alguns conteúdos e/ou do
que consideram “inapropriados ou inadequados” nos cadernos.
A preocupação com o tempo intensifica, visto os dias programa-
dos para o 1º bimestre estarem se esgotando, pois percebem que o número
de aulas proposto nos cadernos do professor é inferior ao necessário para fa-
zer um trabalho de qualidade, com as estratégias e os conteúdos seleciona-
dos nos referidos cadernos. A falta do “caderno do aluno” e a impossibilidade
de xerocopiar todos os textos necessários agravam a situação. O desconten-
tamento com os cadernos cresce, sendo apontadas, pelos professores, falhas
didático/pedagógicas. Foi indicado o instrumento “fale conosco” que estaria
aberto no Site da Secretaria da educação para reclamações e sugestões.
Pelos relatos percebe-se nitidamente que os professores “so-
frem pressões” para a implantação da nova proposta, pelas cobranças cons-
tantes do Diretor, pela necessidade de preenchimentos de planilhas para o
acompanhamento de suas aulas, pelas visitas constantes dos professores
coordenadores em sala de aula e dos Assistentes técnicos pedagógicos da di-
retoria, na escola e também em sala de aula, e das avaliações externas as
quais seus alunos já se submeteram e continuarão a se submeter durante o
ano letivo. É gritante também o esforço de grande parte dos professores junto
com o despreparo dos mesmos para a implantação.
Pela fala de uma professora, sem que houvesse contraponto, fi-
ca claro que o Projeto Pedagógico da escola não estava em consonância com
a Nova Proposta Curricular, o que não nos surpreende, pois a Proposta Pe-
dagógica foi elaborada pela escola e a Proposta Pedagógica foi elaborada pe-
la Secretaria de Estado.
O primeiro semestre/2008 encerra-se com as atividades referen-
tes ao primeiro bimestre, em quase todas as séries e disciplinas.
50
O segundo semestre inicia-se com o replanejamento. Os gesto-
res da escola seguem a risca as indicações e orientações recebidas através
do Caderno do Gestor, neste momento, o volume 2. Há, neste volume, um
questionário a ser respondido pelos professores, cujas respostas foram sinte-
tizadas durante a visita de um ATP (anexo A), onde os professores responde-
ram maciçamente que utilizaram os cadernos, porém os conteúdos previstos
foram contemplados só parcialmente, que as situações de aprendizagem fo-
ram interessantes também em parte, que a adequação das situações de a-
prendizagem foram “parcialmente” adequadas para o desenvolvimento das
habilidades e competências, que houve um grau de dificuldade muito alto pa-
ra a implementação, falta de material e pouco tempo para desenvolver muito
conteúdo.
Na contra-mão do que poderíamos deduzir pelas respostas
anteriores, foi também respondido pelos professores que reconheciam as
vantagens do uso sistemático do caderno para sua própria formação e de
seus alunos e o nível de satisfação foi de médio a alto; somente 10% de-
monstraram nível de satisfação “zero”.
Durante o segundo semestre do ano 2008, houve uma pausa
dos agentes da Diretoria de Ensino com relação às atividades de implantação
da nova proposta. Somente é registrada a existência de um curso on-line para
os professores, contemplando as disciplinas específicas, cujas inscrições fo-
ram feitas no mês de Setembro. Tal pausa se dá por força de uma Instrução
conjunta emanada pelos órgãos da Secretaria de Estado da Educação20 onde
há a reestruturação da Oficina Pedagógica e, como todas as ações de refor-
mas educacionais, demandam tempo de adequação. A partir de tal reestrutu-
ração a função de Assistente Técnico Pedagógico (ATP) passa a denominar-
se Professor Coordenador da Oficina Pedagógica (PCOP), mas suas funções
a serem efetuadas nas escolas não se alteram, não havendo, portanto, impli-
cações para o trabalho do professor.
Para o ano 2009, os alunos também receberam os cadernos, o
que não ocorreu no ano anterior, que veio a facilitar o processo de implanta-
20
Instrução conjunta CENP/DRHU de 02/07/2008
51
ção da Proposta curricular que, como já mencionado, por força de legislação,
passa a ser Currículo Oficial do Estado de São Paulo.
O Planejamento inicial de 2009 deu-se nos dias 11, 12 e 13 de
Fevereiro, com subsídios enviados pela Secretaria de Estado, onde constam
“sugestões” de avaliação diagnostica, para a primeira semana de aula. Orien-
tações são emanadas pelo site “São Paulo faz escola”. No entanto, nem todos
os cadernos dos alunos e professores chegaram, falhas e atrasos foram per-
cebidas em todo o período pesquisado.
Pelos apontamentos existentes na escola conclui-se que a esco-
la em tela obteve alto índice de perda em 2008 (evasão e retenção): 32%
(trinta e dois por cento). Pela avaliação dos gestores, a implementação da
proposta curricular em 2008 também não resultou sucesso:
... analisando, com a coordenadora, a implementação da Pro-posta Curricular, em 2008, chegou-se à conclusão que foi uma verdadeira batalha com os professores e muitos não seguiram as atividades previstas nos cadernos, o que sugere que, com o caderno do aluno em 2009, será preciso um acompanha-mento mais de perto dos professores...
O currículo escolar não é ahistórico e tem vínculo direto com o
contexto político, social e econômico no qual está inserido. No Estado de São
Paulo, os números recentes mostram21 que os índices de aprendizagem estão
aquém do esperado. O baixo aproveitamento constatado de nossos alunos e
o fato do Estado de São Paulo, também historicamente, ser referência para
outras regiões do Brasil, faz deste nosso referencial de pesquisa algo de ex-
trema importância.
A avaliação diagnóstica a ser efetuada nos primeiros dias de au-
la deveria subsidiar a formação das turmas de recuperação paralela, princi-
palmente em Língua Portuguesa e Matemática. Os professores se
21
Instrumentos geradores dos números
SARESP – sistema de avaliação do rendimento do Estado de São Paulo – 2007/2008
IDESP – índice de desenvolvimento da educação básica do Estado de São Paulo – 2007/2008
ENEM, Prova Brasil e PISA.
52
preocupam, pois faltam cadernos de alunos, alguns materiais didáticos e en-
frentam problemas com a transmissão da videoconferência. Continuam as
cobranças para a aplicação da proposta em sala de aula, pelos gestores da
escola e da Diretoria de Ensino. Os professores apontam divergências entre o
caderno do professor e caderno do aluno, entre estes e os livros didáticos e a
falta de tempo para estudos.
No final do mês de março, os gestores da escola encontram, em
alguns armários de professores, material de aluno que deveria ter sido aplica-
do e não o foram, o que denota que alguns professores “disseram” que aplica-
ram as atividades, mas não o fizeram.
Os professores questionam o não recebimento do “bônus” refe-
rente ao ano 2008, pois o valor foi calculado sobre o índice do IDESP, que
considerou principalmente o índice de promoção dos alunos do ano anterior.
Como índice de promoção da escola foi baixo, somente de 68%, os professo-
res não fizeram jus a essa “premiação”.
Durante a avaliação diagnóstica constatou-se que um aluno, da
1ª série do EM , ainda não estava alfabetizado e dois, com o nível de alfabeti-
zação bastante precário.
Em Maio percebe-se que há professores registrando suas aulas
de forma muito genérica, não havendo a possibilidade de precisar se está ha-
vendo ou não o atendimento ao currículo oficial, como também se viu a mes-
ma atividade registrada em séries diferentes, o que não atenderia à comanda
superior. Iniciou-se um intensivo monitoramento, pelos gestores, daquilo que
os professores estavam aplicando com os alunos, percebendo-se muitos
“desvios” do determinado no Currículo Oficial.
No mês de Junho a escola passa a enfrentar problemas ocasio-
nados pelo excesso de falta de professores: aulas e conteúdos não dados. A
maior ausência dos docentes deve-se às licenças-saúde e a faltas/dias, por
motivos particulares, não avisadas com antecedência, e, portanto, não provi-
das de professores substitutos eventuais.
53
Os professores apontam aspectos positivos e negativos da pro-
posta. No positivo se sobressai o fato de terem o material pronto, principal-
mente para os alunos. No aspecto negativo, é de comum acordo que as aulas
previstas nas determinadas situações de aprendizagem não são suficientes
para trabalhar em sala de aula e que algumas situações de aprendizagem es-
tão acima da realidade do nível de aprendizagem dos alunos.
No final do 1º. Semestre houve uma avaliação, considerada ex-
terna, elaborada pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino, e os alunos
não obtiveram bom aproveitamento. Inicia-se, após o recesso prolongado pela
Secretaria da Saúde (Gripe H1N1) uma “corrida” para que houvesse bom de-
sempenho no Saresp/2009.
No mês de Agosto foi declarado que os alunos do período da
manhã estariam sem professor de Física já fazia três meses. Em Setembro
havia, ao menos, três professores de Matemática, um de Língua Portuguesa e
um de Inglês em Licença-saúde.
Nos acompanhamentos dos gestores percebe-se grande dificul-
dade dos professores em seguirem o currículo oficial, dificuldades estas não
declaradas diretamente, mas explicitadas através dos apontamentos nos diá-
rios de classe e cadernos dos alunos. Um Professor de Matemática declara
ao Coordenador, abertamente, que não utiliza o material do aluno enviado pe-
la Secretaria de Estado.
Percebe-se preocupação dos gestores em relação ao “atraso”
nas atividades dos alunos. Em Setembro, algumas classes e/ou disciplinas i-
niciavam as atividades correspondentes ao segundo bimestre e outras, havi-
am desenvolvido 50% correspondente ao mesmo período. É “sugerido”:
... Considerando que todos os conteúdos previstos para o ano
letivo devem ser contemplados, a PCOP sugere aos professo-
res que façam uma escala de tempo adequada para tratar ca-
da conteúdo que ainda falta ser trabalhado, ficando a critério
do professor trabalhar o tema correspondente a cada uma das
unidades de cada volume.
54
As falas dos professores durante as entrevistas corroboram
com o fato já detectado de que os professores, e mesmo os gestores locais,
não foram ouvidos para que subsidiassem a formulação da Nova Proposta curri-
cular do Estado de São Paulo. A mesma foi apresentada aos professores, aos
poucos, em vésperas da aplicação, havendo o conhecimento total do que foi
formulado somente no final do ano 2008, com os recebimentos dos cadernos
referentes ao último bimestre.
De forma geral, os professores trabalharam com as apostilas,
denominadas cadernos, como puderam, como o tempo favoreceu, “dando um
jeitinho, uma driblada”, sem que fossem feitas grandes manifestações a res-
peito. Temem pelo não recebimento do Bônus, novamente, ou por serem a-
cusados como “culpados” pelos colegas da escola não receberem o Bônus.
Possuem dificuldades para estudar e preparar suas aulas no tempo pré-
determinado, apontando também como causa a falta de infra-estrutura que
recebem.
Sentem-se, os educadores, pressionados pelas avaliações ex-
ternas onde umas, como o SARESP, cobram habilidades supostamente pre-
vistas no Currículo Oficial e outras, como os Vestibulares das universidades
públicas e o ENEM, cobram conteúdos. Não rejeitam, o trabalho docente vi-
sando o desenvolvimento de habilidades e competências, mesmo porque não
possuem ainda um total entendimento dessa didática. Há, contudo, consenso
na fala de que o currículo não poderia ficar como estava. O que fazer?
À luz de Jaén e Cabrera (1991), a autonomia e a participação do
professorado em funções conceituais, não se vêem totalmente anuladas, por-
quanto não são exigências que derivam da própria configuração do trabalho
docente como um trabalho que se realiza com seres humanos, que se dá
concretamente em salas de aula separadas onde o docente trabalha sozinho,
e onde sua autoridade se apóia em critérios de legitimidade relativos à sua
suposta “superioridade intelectual” com relação ao alunado. Mas todo o pro-
cesso de reforma que impõe um modelo tecnocrático em educação afasta os
professores da reflexão e tomada de decisões sobre os fins e conteúdo do
ensino e tem como efeito a progressiva desqualificação do mesmo.
55
3.2 O que dizem os professores
Qui si convien lasciare ogni sospetto. Ogni viltà convien che sia morta"(Que aqui se afaste toda a suspeita).
Karl Marx (em artigo para o New York Daily – Jornal que existiu de 1841 a 1924)
Foram entrevistados dez professores que estavam trabalhando
em sala de aula no período da implantação da Proposta Curricular, isto é, nos
anos 2008 e 2009, com disciplinas diferentes, contemplando, no total, doze
disciplinas: Física, História, Filosofia, Sociologia, Matemática, Arte, Geografia,
Português, Química, Inglês, Ciências e Biologia. Trata-se de cinco professo-
res do sexo feminino e cinco do sexo masculino, com idades entre 26 e 57
anos e de 02 a 23 anos de magistério
Todos os professores entrevistados declararam ter tido conheci-
mento da Proposta Curricular somente no início do ano letivo 2008 por ocasi-
ão do Planejamento Escolar, quando receberam o documento das mãos do
coordenador ou do diretor da escola. O recebimento da Proposta Curricular foi
seguido de leitura e orientação efetuada pelos Coordenadores da Escola. Pe-
los Termos dos gestores sabe-se que essa orientaçao ocorreu no dia 31 de
março de 2008, após os primeiros quarenta e dois dias de aula utilizados pa-
ra recuperação. Três professores, o que corresponde a 1/3 dos entrevistados,
declararam ter recebido a orientação na Diretoria de Ensino, ainda no mês de
Fevereiro.
Uma das professoras esclarece, o que também está explícito nos
relatórios, que essa leitura e/ou orientação efetuada refere-se ao Documento
intitulado Proposta Curricular do Estado de São Paulo, no que é comum a to-
das as disciplinas. Nenhum professor fez referência a alguma orientação so-
bre os “cadernos dos professores” onde estão contidas as aulas a serem da-
das pelos professores de cada disciplina.
56
De todos os professores apenas um declarou não aplicar a nova
proposta curricular; um declaroou aplicar totalmente e os oito restantes “adap-
tam... tentam aplicar... aplicam dentro do possível... aplicam parcialmente,
etc.” Isto confirma o resultado do questionário mencionado na visita da ATP
da Escola da Família à escola, no dia 30 de Julho de 2008. Ou seja, nem to-
dos os professores passaram a aplicar as novas diretrizes curriculares pro-
postas pela Secretaria da Educação e os que a aplicara, o fizeram de modo
parcial, mediante ajustes.
Apesar da não aceitação total do contido nos cadernos, o nível
de satisfação com a proposta de um currículo comum é grande por parte dos
professores, ficando a insatisfação por conta de inadequação do tempo real
depreendido com o previsto para a realização das atividades. Foi grande
também a quantidade de professores (50%) que explicitaram a não concor-
dância com a política emanada nas seqüências didáticas apresentadas nos
cadernos para os alunos e com a obrigatoriedade do uso da proposta Curricu-
lar que, como já afirmamos, deixou de ser “Proposta” para tornar-se Currículo
Oficial do Estado de São Paulo.
57
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As idéias dominantes de uma época nunca passaram das i-déias da classe dominante
Karl Marx
No decorrer deste trabalho, apontamos como as reformas edu-
cativas estão intimamente relacionadas com as reformas de Estado. As políti-
cas educacionais e as diretrizes fixadas para a reforma da educação no Esta-
do de São Paulo são melhor compreendidas quando observadas sob esta óti-
ca.
Durante a década de 1980 a Educação no Estado de São Paulo
passou por um período de estagnação. A promulgação da Constituição da
Republica Federativa do Brasil, efetuada em 1988, no entanto, proclamou a
obrigatoriedade da União aplicar, anualmente, na manutenção e desenvolvi-
mento do ensino, nunca menos de dezoito por cento, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resul-
tante de impostos. As escolas, então, ficaram a mercê das conveniências polí-
ticas educacionais de cada Estado.
No Estado de São Paulo as reformas iniciaram ainda antes da
Nova Lei de Diretrizes e bases da Educação e muitas incidiram diretamente
no trabalho docente: a instituição da Escola Padrão; a reorganização das es-
colas, seguida da municipalização do ensino; a criação do SARESP; a implan-
tação das classes de aceleração, sem que os professores fossem consulta-
dos ou tivessem a oportunidade de opinar sobre. No entanto, foram eles que
sofreram os desgastes com a diferenciação ocorrida com a Escola Padrão, o
descontentamento dos pais e comunidade com a reorganização e municipali-
zação das escolas, a forte reação dos alunos com a avaliação externa, entre
outros.
58
Após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
as reformas “ganharam corpo” e perpetua-se a política da implantação sem
considerar as opiniões prévias dos docentes, como, por exemplo, a possibili-
dade de reclassificação dos alunos; progressão continuada no Ensino Fun-
damental e Progressão Parcial no Ensino Médio; Rede do Saber e programa
de educação continuada aos professores (PEC); criação das ouvidorias; esta-
belecimento de mudanças no estágio probatório; criação do IDESP, culmi-
nando com a injunção na implantação do currículo oficial.
A implantação do Currículo Oficial foi efetuada de forma con-
tundente, por Resolução, sem a devida participação dos envolvidos, especi-
almente dos professores que, em relação aos demais profissionais da educa-
ção, são aqueles que estão na ponta, executando uma política que não foi por
eles pensada. Esta, além de doutrinária, emana poder, pois estabelecem as
normas, diretrizes, avaliação e controle sobre os conjuntos de atividades nu-
cleares da escola. Essa opção política é fortemente percebida, entre outros
fatores:
- Pela entrega dos documentos nas escolas que foi efetuada de
forma parcial, conforme a necessidade e urgência da imediata aplicação.
- No contido nos Cadernos dos Gestores também verifica-se
que as ações a serem efetuadas juntos aos professores já foram pensadas e
antecipadas pelos autores dos cadernos, deixando aos gestores a determina-
ção do “cumpra-se”.
- Na declaração dos Gestores da Diretoria de Ensino no Termo
de 11 de Março de 2008 onde fica claro o desconhecimento das próximas a-
ções dos órgãos centrais.
- Na atitude registra no Termo de 17/04/2008 onde foi delibe-
radamente cortado todo e qualquer projeto ou atividade pedagógica pensada
pelo professor que pudesse tirar o foco da Proposta Oficial.
59
A atual Proposta é totalmente coerente com a política social que
o Estado defende, isto é, o Capitalismo, e faz parte de uma ampla política Na-
cional, financiadas por organizações internacionais que teriam como objetivo
“sanar” as dificuldades do Terceiro Mundo, adequar a mão de obra barata que
esses países propiciam, tornando-a disponível para a exploração do Capital.
A responsabilidade do sucesso ou insucesso na implantação
da Proposta foi direcionada para a Escola , havendo grande ênfase no traba-
lho do Gestor. Tendo sido colocado o princípio central na aprendizagem, o
professor fica sendo somente um intermediário e facilitador.
A atual política educacional surge com o firme propósito de
formar cidadãos adaptados ao sistema social vigente, fazendo-se encarar to-
das as diferenças de forma natural, normal e, portanto, aceitável. A convivên-
cia dentro das diferenças é moldada e as políticas são meramente compensa-
tórias, não incidindo na estrutura da sociedade, na raiz dos fatos que geram
as diferenças.
Nesse ponto encontra-se e encaixa-se, perfeitamente, a leitura
aqui especificada nesta pesquisa. Com essas reformas monopolistas, dificul-
ta-se cada vez a possibilidade de ações contra-hegemônicas no interior de
nossas escolas. A forçada internalização dos valores de resiliência, entre ou-
tros, estão tirando dos professores a capacidade de resistência. Os professo-
res não são incentivados a refletir sobre os interesses e necessidades de
seus alunos, relacionando-os aos elementos de um currículo escolar
Respondemos, neste momento, nossas indagações iniciais.
- Os docentes não se percebem como autores, ou co-autores, dos
cadernos elaborados para a aplicação do currículo oficial em sala de aula,
sentem-se somente um intermediário e facilitador.
- Apesar da não aceitação total do contido nos cadernos, o nível
de satisfação com a existência de uma Currículo Comum é grande por parte
60
dos professores, ficando a insatisfação por conta de inadequação do tempo
real depreendido com o previsto para a realização das atividades.
- Foi grande também a quantidade de professores (50%) que ex-
plicitaram a não concordância com a política emanada nas seqüências didáti-
cas apresentadas nos cadernos para os alunos e com a imposição da obriga-
toriedade do uso da proposta Curricular que, como já vimos, deixou de ser
“Proposta” e tornou-se O Currículo Oficial do Estado de São Paulo.
No presente momento, existe a necessidade de problematizar
os aspectos teóricos e políticos do currículo ora implantado, com o objetivo de
subsidiar debates entre os professores, alunos e toda a comunidade. Objetivo
e desafio proposto por este trabalho, clama-se à resistência política do pro-
fessorado frente aos processos de controle público de seu trabalho.
Valorizar o papel dos educadores que deve ter condições míni-
mas de trabalho e de liberdade para passar o seu conteúdo e considerá-los
como intelectuais que, de fato, o são, deveria ser o papel de um Estado trans-
formador.
61
REFERÊNCIAS
Na escolha da bibliografia, consolida-se a base teórica da
pesquisa.
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(orgs). O Banco Mundial e as políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1996.
66
Apêndice A: Proposta Curricular do Estado de São Paulo
(Compilação efetuada pela autora)
Documento 1 -“Base”
Apresenta os princípios e conceito da Proposta Curricular
- a escola que aprende
- currículo como espaço de cultura
- Currículo referido a competências
- Currículo que tem como prioridade a competência leitora e es-
critora.
- Currículo que articula as competências para aprender.
- Currículo contextualizado no mundo do trabalho
Foco em:
- Orientações para gestão do currículo na escola.
- Orientações para gestão da aprendizagem na sala de aula.
Documento 2 -“Cadernos do Gestor”
Entregues a todos os Professores Coordenadores das Escolas,
Professores Coordenadores da Oficina Pedagógica, Vices-Diretores, Direto-
res, Supervisores de Ensino e Dirigente Regional de Ensino
- Apresenta a organização do trabalho dos especialistas respon-
sáveis pela gestão do currículo na escola.
67
- Agenda cronograma, atividades e organização de recurso para
o trabalho do diretor, do professor coordenador, do Professor Coordenador da
Oficina Pedagógica e do Supervisor.
Documento 3 -“Cadernos do Professor”
- Propõe atividades docentes para todas as aulas, em todas as
séries e disciplinas.
- Organização por bimestre com:
- Indicação clara das competências e habilidades a serem de-
senvolvidas pelos alunos, em cada tema ou tópico dos conteúdos.
- Organização das aulas.
- Material complementar a ser utilizado
- Propostas de avaliação.
- Projetos de recuperação paralela.
Documento 4 – Cadernos dos alunos
(apresentados somente no inicio do ano letivo 2009)
- Apresenta as aulas conforme o Caderno do Professor.
- exercícios, mapas, tabelas
- Textos complementares
- Indicadores Bibliográficos
- Dicas de Estudo
- revisão
68
Produtos e suporte para as ações
- 20 CDs com textos, imagens e áudio para apoio ao trabalho
docente.
- Videoproducers” para orientação do trabalho docente, por bi-
mestre/disciplina
- 1“site”interativo e informati-
vo..http://www.saopaulofazescola.sp.gov.br
A área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias\
Elaboração da proposta para a disciplina de Ciências:Júlio
C.F.Lisboa; Maria Augusta Q.R.Pereira e Yassuko Housoume. Biologia: Ghis-
leine Trigo Silveira e M.Augusta Q.R.Pereira. Física: Mauricio Pietrocola e
Yassuko Hosoume. Química: M. Eunice Marcondes e Hebe Ribeiro da Cruz
Peixoto. Coordenação de Luis Carlos de Menezes
1. O que ensinar em Ciências, Biologia, Física e Química
Competências gerais Habilidades gerais e específi-cas
- representar
-
comunicar-se
-
conviver
- ler e se ex-pressar
com textos, ico-
nes, cifras, gráfi
cos, tabelas e
fórmulas.
-
converter uma
linguagem
- registrar medidas
e observa-ções
-
descrever situa
coes
-
planejar e fazer
entrevistas
- sistemati-zar da
dos
-
elaborar re-latórios
-
participar de reu-
niões
-
argumentar
69
em
outra
- trabalhar em gru-
Pó
- investigar e inter
vir em situ-ações
reais
- formular questões
-
realizar ob-ser-
vações
-
selecionar variá-
veis
-
estabelecer rela-
ções
- interpretar, propor
e fazer ex-peri-
mentos
-
fazer e veri-ficar
Hipóteses
- diagnosti-car e
enfrentar pro-
blemas, in-dividu-
almente ou em
equipe
- estabele-cer co-
nexões e dar con-
texto
- relacionar in-for-
mações e proces-
sos com seus
contextos e com
diversas á-reas de
conhecimento
- identificar dimen-
sões soci-ais, éti-
cas e estéti-cas
em ques-tões téc-
nicas e cien-tificas
- analisar o papel
da ciência e da
tecnologia no
presente e ao
longo da História
A Matemática e as áreas do conhecimento
Proposta elaborada por Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, Jose Luiz Pastore Mello, Nilson Jose Machado, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy Cesar Pietropaolo e Walter Spinelli
70
O que ensinar: conteúdos fundamentais
Há quatro grandes blocos temáticos. Números; Geometria;
Grandezas e medidas; Tratamento da Informação.
1. Números: “Tem por objetivo principal a ampliação da idéia
do campo numérico por meio de situações significativas que problematizem
essa necessidade” (Proposta de Matemática – p.45)
2. Geometria: Reconhecimento, representação e classificação
das formas planas e espaciais
3. Grandezas e medidas: Aparecem para favorecer a interdisci-
plinaridade e a transdisciplinaridade “uma vez que suas conexões com os ei-
xos de números e geometria se dão quase naturalmente”(Proposta de Mate-
mática – p.46)
4. Desenvolvem as competências relacionadas ao eixo argu-
mentação e decisão. Ensino Fundamental: Organização e análise de dados.
Ensino Médio: estudo de matrizes; pesquisa estatística; estatística descritiva e
de inferência estatística; estratégias de contagem e cálculo de probabilidade.
A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Propostas elaboradas por - Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan,
Gisa Picosque, Mirian Celeste Ferreira Dias Martins e Sayonara Pereira. Edu-
cação Física: Adalberto dos Santos Souza, Jocimar Daolio, Luciana Venancio,
Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Sergio Roberto Silveira. LEM – Inglês: Adrian
Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Livia de Araujo Donnini Ro-
drigues, Priscila Mayum Hayama e Sueli Salles Fidalgo. Língua Portuguesa:
Debora Mallet Pezarin de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, Jose Luis Mar-
ques Lopez Landeira e Joao Henrique Nogueira Mateos.
71
Em Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental, há o objetivo
de apresentar o texto em situações de comunicação diversificadas, sendo
proposto, para cada bimestre, um eixo de organização. Cada eixo tem o texto
em uma dada situação como base para a organização dos estudos. Assim,
em todos os anos do Ensino Fundamental II, serão estudados
- 1º bimestre: Tipologias e gêneros textuais
- 2º bimestre: Tipologias e gêneros textuais
- 3º bimestre: Texto, discurso e história
- 4º bimestre: Texto, discurso e história
No Ensino Médio, os conteúdos disciplinares foram organi-
zados em quatro grandes campos de estudo:– Campos de Estudo –
Linguagem e Sociedade - Análise principalmente externa da
língua e da literatura em sua dimensão social como instituições.
Leitura e expressão escrita - Estudo das características dos gê-
neros textuais desde um lugar de receptor e/ou produtor na materialidade es-
crita da linguagem verbal. Os gêneros textuais são concebidos como aconte-
cimentos sociais em que interagem características específicas do gênero com
elementos sociais e subjetivos.
Funcionamento da Língua - Análise principalmente interna da
língua e da literatura como realidades (intersemióticas).
Produção e compreensão oral - Aspectos relacionados à produ-
ção e escuta do texto oral.
A área de Ciências Humanas e suas tecnologias
72
Autores das Propostas Curriculares. Filosofia: Adilton Luís
Martins e Paulo Miceli. Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva,
Raul Borges Guimarães, Regina Célia Bega dos Santos, Regina Célia Corrêa
de Araújo e Sérgio Adas. História: Diego López Silva, Glaydson José da Silva,
Mônica Lungov Bugelli, Paulo Miceli e Raquel dos Santos Funari
A aprendizagem da Geografia na educação básica, entendida
como um processo de construção da espacialidade, deve considerar os se-
guintes objetivos:
- Desenvolver domínios de espacialidade e deslocar-se com
autonomia.
- Reconhecer princípios e leis que regem os tempos da nature-
za e o tempo social do espaço geográfico.
- Diferenciar e estabelecer relações dos eventos geográficos
em diferentes escalas.
- Elaborar, ler e interpretar mapas e cartas.
- Distinguir os diferentes aspectos que caracterizam a paisa-
gem.
- Estabelecer múltiplas interações entre os conceitos de paisa-
gem, lugar e território.
- Reconhecer-se, de forma crítica, como elemento pertencente
ao e transformador do espaço geográfico.
- Utilizar os conhecimentos geográficos para agir de forma ética
e solidária, promovendo a consciência ambiental e o respeito à igualdade e
diversidade entre todos os povos, todas as culturas e todos os indivíduos.
Na disciplina de História os principais conceitos a serem vistos
seriam:
73
No Ensino Fundamental: Tempo e Sociedade; História e Me-
mória; História e Trabalho; Cultura e Sociedade.
No Ensino Médio: História e Diversidade; História e Trabalho;
Cultura e Sociedade
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Apêndice B: Termos e Relatórios de Visita da Supervisão e dos Pro-
fessores de Coordenação da Oficina Pedagógica / ano 2008
13 de fevereiro de 2008 (o Planejamento escolar ocorreu nos
dias 13, 14 e 15) Supervisora e ATPs de Arte e Ciências
-[...] Os professores assistiram ao vídeo “São Paulo Faz Escola”
sobre o material apresentado e em seguida receberam a revista do professor
e o jornal do aluno. Os materiais foram distribuídos aos professores que apre-
sentaram sede nesta unidade escolar.[...] Discutiram ainda, aspectos sobre a
organização do inicio das aulas, do uso do jornal do aluno. A direção colocou
de forma clara e objetiva sobre a importância destes primeiros 42 dias de au-
la, voltados para o pontapé inicial de implantação do currículo.[...] Em seguida
os professores formaram grupos por área para um estudo mais detalhado do
material, demonstrando grande preocupação em se apropriar da proposta pa-
ra bem executá-la. Alguns professores julgaram interessantes as atividades
propostas no jornal, mas citaram que alguns alunos terão muitas dificuldades
em desenvolve-las.[...] Mencionei também que a Oficina Pedagógica está pla-
nejando uma Avaliação que será feita no final dos primeiros 42 dias de aula.
25 de fevereiro de 2008 – ATPs de Educação Especial e Arte
-[...] Durante o HTPC realizado pela diretora da unidade escolar,
diversos assuntos foram discutidos. Cada professor estava com o seu jornal e
com a revista do professor. Muitos professores disseram que estão utilizando
o material e que gostaram do conteúdo apresentado e estão cientes da ne-
cessidade de estudar e preparar as aulas.[...] os professores expuseram as
maiores dificuldades, uma delas é o fato do jornal apresentar as mesmas ati-
vidades para duas séries, o que, segundo eles, causa facilidade para as tur-
mas mais avançadas e dificuldades para as turmas as quais ainda não viram
os conteúdos propostos. Quanto ao fato de que as atividades pré-
estabelecidas tolhem a criatividade do professor, a que se acrescentar que,
esta mesma criatividade deverá ser utilizada para a adequação das mesmas
para as diversas turmas que se apresentam com suas diferenças e
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peculiaridades próprias. Pude notar o empenho dos professores em fazer o
melhor pra seus alunos...
26 de fevereiro de 2008 – Supervisora e ATP de Português.
- [...] Pude conversar com vários professores de diversas disci-
plinas, sobre o trabalho com o jornal, sua adequação, receptividade, dificulda-
des, etc. Todos elogiaram o material, no entanto, ressaltaram o grau de den-
sidade no desenvolvimento das propostas [...] A professora de Arte relatou es-
tar com dificuldade na execução de algumas atividades no Ensino Médio, de-
vido ao fato de necessitarem de material específico e os alunos não trazerem
o solicitado. Em matemática a dificuldade maior é o fato de cada atividade es-
tar voltada para um conceito, exigindo do professor mais tempo que o plane-
jado para possibilitar ao aluno condições de execução do proposto. Educação
Física também traz um trabalho com o corpo humano, contrariando muitas
vezes o desejo do aluno de estar em quadra com bola [...] Em Geografia, o
problema principal, neste momento, é o conceito de espacialidade que o alu-
no de quinta série ainda não construiu, dificultando a execução de atividades
envolvendo espaço e escala.[...] Segundo os professores com os quais con-
versei, as atividades trazem uma densidade no seu desenvolvimento, mas
que não chega a comprometer sua execução, ao contrário, exige uma maior
atenção para todas suas ações, não possibilitando ao professor nenhuma re-
flexão em seu fazer pedagógico.[...] Apesar das dificuldades relatadas, os pro-
fessores estão tranqüilos e dispostos, dando o melhor que podem para atingir
os objetivos deste período de recuperação, mas estão preocupados com o
tempo de aplicação e com uma possível avaliação após esse período de 42
dias.
04 de Março de 2008. ATP de arte
[...] as maiores dificuldades estão relacionadas à questão do
tempo para a realização das atividades e à disciplina de Matemática, pois as
questões necessitam de uma revisão bastante abrangente. [...] Conversei
com a professora de Arte que apresentou algumas dificuldades na utilização
do material no primeiro ano do ensino médio, por ser a linguagem de dança e
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orientei que pedisse aos alunos para que tragam musicas que gostam e que
criem suas danças para representar em sala de aula. [...] Em seguida visitei
salas de aula. A primeira foi a 5ª série B com aula de Arte. A segunda foi a 5ª;
série C, em aula de Geografia. Em ambas as salas os alunos estavam com o
jornal aberto sobre a carteira e os professores conduzindo as atividades.
11 de Março de 2008 – ATPs de Matemática e Ciências
[...] Durante o HTPC a Diretora abordou o assunto do jornal e
sobre a possível continuidade da distribuição desse tipo de material pela Se-
cretaria da Educação. Nesse momento pedi a palavra esclarecendo que, até o
momento, sabemos da produção e distribuição de um “caderno de orienta-
ções” que vem para os professores, e não para todos os alunos[...] Houve
também a necessidade de esclarecimentos sobre o enfoque do material, em
todas as disciplinas, no trabalho com as habilidades de leitura e escrita.
12 de Março de 2008 – ATP de Educação Física
[...] Havia solicitação da Professora de Educação Física para
que eu fizesse uma visita a esta escola, a mesma estava enfrentando dificul-
dades em fazer a correção dos textos produzidos pelos alunos e também com
a questão do tempo para repassar todo o conteúdo. Conversamos e pude ori-
entá-la que as coisas devem acontecer sem atropelo e que neste momento
não devemos perder o foco do trabalho com o jornal [...] Também tive a opor-
tunidade de estar presenciando uma aula do 1º ano de EM e a professora es-
tava trabalhando a aula de no. 07. [...] Esclareci que, para a continuidade do
ano letivo, a escola não terá material escrito para os alunos e que somente os
professores receberão um caderno de orientação.
18 de Março de 2008 – Supervisora e ATP de Língua Portu-
guesa
[...] Acompanhei alguns professores e a direção ao HTPC. Em-
bora a vice-diretora estivesse com a pauta programada para a discussão dos
dados relativos ao rendimento da escola no Saresp 2007, passou-me a
77
palavra para responder questionamentos referentes ao trabalho com o jornal
e o momento atual da reestruturação curricular na rede estadual. Foi uma
conversa bastante agradável sobre a perspectiva da leitura e da escrita no bo-
jo das diversas disciplinas e nossa responsabilidade, enquanto profissionais
da educação, no desenvolvimento holístico de nossos alunos. [...] Conversa-
mos sobre a apresentação da proposta para a coordenação. A diretora relatou
ainda, as dificuldades deste período devido às mudanças que estão ocorren-
do, pois as coisas estão acontecendo de forma rápida e as respostas não es-
tão prontas.
31 de Março de 2008 (primeiro dia de Planejamento/2008,
após a recuperação intensiva) Supervisora e ATP de Educação Especial
- Os encontros de planejamento nos dia de hoje e amanhã têm
como objetivo a implementação da nova proposta, que deverá nortear toda a
ação pedagógica da escola, num movimento de “aprender a aprender” por
parte de todos os envolvidos.[...] A coordenadora apresentou os fundamentos
da Proposta curricular (DVD) e a supervisora também colocou a importância
da proposta e ainda enfatizou as metas que devem ser alcançadas.[...] A co-
ordenadora seguiu a pauta proposta no caderno do gestor e apenas realizou
algumas adaptações. [...] Após a leitura da proposta curricular os professores
elaboraram suas sínteses e apresentaram para os demais colegas. O questi-
onamento mais freqüente é em relação ao tempo para a realização do conte-
údo proposto. A coordenadora encerrou a reunião pedindo aos professores
que pensassem sobre seu comprometimento para a aplicação desta nova
proposta.
17 de Abril de 2008 – ATPs de Arte e Língua Portuguesa
[...] Primeiramente conversei com a coordenadora sobre a apli-
cação das provas. O coordenador estava realizando o levantamento dos alu-
nos que faltaram nos dias anteriores e não realizaram a avaliação[...] No in-
tervalo conversei com a professora de Arte, comentei sobre o CD- Educação
em Arte e que há a possibilidade de se trabalhar a próxima situação-
aprendizagem. A professora disse que está trabalhando com os
78
cadernos e que não há problemas. [...] Na HTPC, os professores estavam
corrigindo as avaliações, aplicadas nos dias anteriores (15 e 16 de Abril), do
período de recuperação. O coordenador foi então aplicar a prova para os alu-
nos que faltaram [...] Conversei também com a coordenadora, em relação á
aplicação da proposta curricular e a utilização dos cadernos do professor e
ela me disse que não há problemas, os professores estão utilizando o materi-
al. A professora de Biologia colocou a sua preocupação em relação ao conte-
údo de primeiro e segundo ano do ensino médio e do conteúdo da quinta e
sexta séries do ensino fundamental.[...] Chamou minha atenção a inscrição de
muitas turmas, por um mesmo professor, nas Olimpíadas de Língua Portu-
guesa, o que pode implicar negativamente na implementação da Proposta,
por incompatibilidade de atividades.Do mesmo modo, segundo me foi dito,
uma professora de Português tem solicitado muitas leituras complementares,
do tipo lista de vestibular, com previsão de datas para devolutivas com rese-
nhas (ou resumos), o que já ocasionou reclamação de pais. Sugiro verifica-
ção, junto à professora, dos objetivos dessas leituras, bem como compatibili-
zação delas com as atividades/temas propostas nesse momento, na turma
em questão, para que não haja conflito entre Proposta Oficial da SEE e con-
teúdos efetivamente trabalhados pelo professor. [...] A Internet discada é mui-
to morosa e, muitas vezes, não possibilita o acesso aos materiais disponibili-
zados na rede, como o dossiê do aquecimento global, proposto para o traba-
lho nas disciplinas de Apoio Curricular, gerando não apenas desconforto, mas
também insegurança aos professores, no desenrolar das atividades,e, certa-
mente, será um dificultador neste período de avaliação com o trabalho do jor-
nal, cuja pesquisa está no ar e os professores têm prazo para responder (até
30/04). No entanto, apesar das limitações desses recursos, professores e e-
quipe gestora tem se esforçado para implementar a proposta a contento, aco-
lhendo as proposições da SEE e desencadeando as ações necessárias na
U.E.. .
22 de Abril de 2008 – Supervisora
[...] Conversei com os coordenadores sobre a videoconferência
realizada na semana passada sobre a divulgação das avaliações na internet.
79
[...] Em uma das salas pude presenciar a professora utilizando o caderno do
professor. No período da manhã, eu conversei bastante com a coordenadora
sobre os projetos realizados nos anos anteriores e sobre a implantação da
proposta, onde percebemos que não há resistências e que os professores es-
tão utilizando o material proposto pela Secretaria, apenas sentem necessida-
de de ferramentas de apoio, como xerox, principalmente em Inglês, cujos tex-
tos selecionados são relativamente grandes, dificultando, por vezes, ativida-
des de leitura, já que sem o texto impresso, o professor consome muito tempo
para repassá-lo na lousa.[...] A professora de Matemática colocou que o mate-
rial está bom, mas que para a quinta série o tempo não está adequado, pois
há necessidade de um estudo mais aprofundado dos conceitos apresentados.
De forma geral, os professores disseram estar preocupados com o tempo,
pois percebem que os números de aulas propostos nos cadernos do profes-
sor, é inferior ao necessário para fazer um trabalho de qualidade com as es-
tratégias e os conteúdos selecionados nos referidos cadernos. [...]
13 de Maio de 2008 – ATPs de Matemática e Língua Portu-
guesa
[...] a Professora de Língua Portuguesa fez várias observações
em relação à proposta curricular, questionando a falta do material. Relatou
que há muitos aspectos positivos, mas que também há uma série de adequa-
ções que devem ser realizadas. Relatou que os conteúdos se apresentam de
forma superficial e que não há um aprofundamento no estudo da gramática.
Sugerimos que além de colocar as questões para nós, os professores partici-
pem do “Fale Conosco” e coloquem as reclamações e as sugestões. Perce-
bemos que a professora está realmente trabalhando a proposta, pois suas ar-
gumentações se apresentam com propriedade [...] A seguir conversamos com
outros professores de Português que queriam dirimir dúvidas didáti-
co/pedagógicas. Aproveito este instrumento para parabenizar a postura des-
ses professores: apresentam prática condizente com as teorias discursivas
atuais, concernentes as adotadas pela Proposta Curricular em fase implemen-
tar.
80
21 de Maio de 2008 – Supervisora (Conselho de série –
1º.bimestre)
[...] Conversamos um pouco sobre a implementação da Propos-
ta, a necessidade de adequação de recursos materiais, de planejamento ante-
rior, de registro do desenvolvimento das atividades, relatando possíveis difi-
cultadores, necessidade de adequações posteriores, etc.[...] Ao abrir a pala-
vra, uma das professoras de Língua Portuguesa presente falou de seu des-
contentamento com os cadernos do professor, que, a seu ver, estão muito
empobrecidos de conteúdos e numa abordagem superficial. Ao longo da con-
versa fica claro, porém, é que a professora, na verdade, está com dificuldade
para preparar-se para o que está proposto, uma vez que demanda tempo de
preparação e execução, quase sempre, menos que o previsto pelo próprio
material [...] A professora de Inglês presente falou de sua preocupação com
os resultados, pois embora se cobre da escola a qualidade, o que resulta são
sempre números que, em sua frieza, nem sempre há caminhos adequados
para justificativas do resultado obtido e intervenções possíveis a serem apli-
cadas. [...] Solicitei um conjunto de provas aplicadas como avaliação dos pri-
meiros quarenta e dois dias de aula, para verificar se os critérios de correção
de redação foram devidamente aplicados.
03 de Junho de 2008 – ATP de Arte
[...] O Coordenador organizou uma planilha, uma por série, onde
o professor deveria registrar o conteúdo que foi trabalhado na série até o dia
29/05 e se o conteúdo do caderno do professor do primeiro bimestre foi reali-
zado ou não. Registrar o que ficou faltando e quantas aulas serão necessá-
rias para que este possa concluir o caderno. [...] no HTPC os professores rea-
lizaram o preenchimento desta planilha e também conversaram sobre o que
estava faltando e sobre o tempo previsto para encerrar o conteúdo do primei-
ro bimestre.
10 de Junho de 2008 – Supervisora e ATP de Matemática
[...] Participamos do HTPC, que estavam presentes sete profes-
sores de várias disciplinas, comentaram a questão das notas bimestrais com-
parando com as notas da prova do jornal. [...] Sugerimos que as
81
comparações necessárias sejam feitas de bimestre para bimestre e, a nota da
prova do jornal comparada com a nota da prova unificada que será feita pela
Diretoria de Ensino para termos uma visão mais rigorosa dos dados.[...] A pro-
fessora de Geografia estava nervosa com o conteúdo da sétima série do se-
gundo bimestre, onde relatou que o conteúdo de geografia abrange o conteú-
do de química e biologia[...] A professora de educação física relatou que teve
dificuldades em encontrar alguns filmes que estavam citados no caderno do
primeiro bimestre.[...] Alguns professores colocaram que os conteúdos e os
objetivos da proposta pedagógica da escola devem ser adequados à nova
proposta, pois se há necessidade de se ter um currículo único, a proposta pe-
dagógica da escola deve acompanhá-lo.
19 de Junho de 2008 – ATPs de Arte, Matemática e Ciências
[...] Conversamos principalmente sobre a Nova Proposta Curri-
cular do Estado de São Paulo. Achamos muito interessante a planilha criada
pela escola para acompanhamento dos cadernos do professor, sendo uma
tabela em que cada linha estavam as séries e as colunas nomeadas com as
situações de aprendizagem, que deveria ser preenchida com as siglas APL
(atendeu plenamente), A (atendeu), NA (não atendeu) e AP (atendido parci-
almente), podendo assim verificar o andamento dos professores com as ativi-
dades da Nova Proposta [...] A pauta da reunião era sobre os assuntos do ca-
derno do gestor 2, mas com a nossa presença o assunto principal foi a im-
plementação da Nova Proposta Curricular. Todos os professores presentes
argumentaram que estão seguindo as atividades propostas do Caderno do
Professor, porém reclamaram da insuficiência de tempo, ou seja, ainda estão
desenvolvendo as atividades do primeiro caderno. Dissemos aos professores
para que ficassem menos ansiosos, pois a maioria dos professores de outras
escolas está passando pelo mesmo problema.[...] Orientamos também sobre
algumas diretrizes da Nova Proposta Curricular, sobre as exigências do SA-
RESP, como também sobre a Prova Unificada, ação da Diretoria de Ensino, a
ser aplicada nos dias 07 e 08 de Julho, esclarecendo muitas questões.
82
29 de Julho de 2008 (reunião de replanejamento)- Supervi-
sora e ATP de História
[...] os professores do Ensino Médio se agruparam em outra sala
para preencherem as ficha 6: Avaliação do professor sobre a aplicação dos
cadernos do professor do primeiro e segundo bimestres (anexo I) e em con-
junto preencher as fichas de quantas situações de aprendizagem foram de-
senvolvidas na escola.[...] O professor de História detectou que o caderno do
2º. Bimestre do 1º. Ano do Ensino Médio contempla os conteúdos do 1º. Bi-
mestre, e conclui que os cadernos não estão de acordo com a proposta, pois
segundo a proposta os conteúdos a serem trabalhados no 2º. Bimestre seri-
am outros. O ATP de História esclareceu que o professor tem razão, mas os
conteúdos devem ser trabalhados de acordo com o caderno, devido os conte-
údos serem muito extensos e que em um bimestre seria insuficiente abordar
todos os assuntos referentes ao 1º. Bimestre, e sendo assim seria necessário
fazer um replanejamento de acordo com os cadernos do professor.
30 de Julho de 2008 (reunião de replanejamento) – ATP do
Programa Escola da Família
A ATP faz menção a uma ficha de avaliação constante do Ca-
derno do Gestor vol.2, (anexo I)
[...] Aproveitei para realizar um levantamento estatístico da ficha
de avaliação individual. Apenas um professor da escola não respondeu ao
questionário.
Em relação às respostas pude perceber que:
Questão 1 – 99% respondeu que utilizou o caderno do professor
em suas aulas.
Questão 2 – 99% respondeu que o conteúdos previstos no ca-
derno do professor foram contemplados parcialmente.
83
Questão 3 – 88% respondeu que, em parte, as situações de a-
prendizagem apresentadas no caderno do professor foram interessantes,
conseguindo despertar o interesse dos alunos.
Questão 4 – 82% respondeu que, parcialmente as situações de
aprendizagem apresentadas no caderno do professor foram adequadas para
que os alunos pudessem desenvolver as habilidades e competências previs-
tas para a série, bimestre e disciplina.
Questão 5 – 60% respondeu que os instrumentos de avaliação
propostos no caderno do Professor foram aplicados parcialmente.
18% respondeu totalmente aplicados e
22% respondeu que não foram aplicados
Questão 6 – 50% respondeu que pode diversificar suas estraté-
gias de avaliação utilizando o caderno do professor como instrumento.
20% que pode usar os resultados da avaliação como diagnóstico
para recuperação contínua
20% que aprendeu um pouco mais sobre elaborar instrumentos
de avaliação.
10% respondeu que não aplicou os instrumentos de avaliação
propostos no Caderno do Professor.
Questão 7 – Com relação à aplicação das propostas de recupe-
ração continua constante no Caderno do Professor.
50% respondeu que foram aplicadas, mas não ajudaram os alu-
nos a superar os problemas de aprendizagem.
50% respondeu que não foram aplicadas.
Questão 8 – 90% respondeu que o nível de satisfação com a
Proposta é de Média a Alta.
10% respondeu o nível de satisfação 0 (zero)
84
Questão 9 – 80% respondeu que houve um grau de dificuldade
muito alto em relação aos aspectos apontados.
Questão 10 – 70% respondeu que os conteúdos são muito am-
plos para serem abordados em pouco tempo.
30% não respondeu
Questão 11 - 99% respondeu que reconhecem as vantagens do
uso sistemático do caderno para sua formação e atuação e na aprendizagem
dos alunos.
Questão 12 - 99% respondeu que há falta de material e muito
pouco tempo para muito conteúdo. [...]
Durante o 2º. Semestre de 2008, apesar de a escola ter recebi-
do visitas da Supervisão, não há menções específicas nos registros sobre a
implantação ou aplicação da Proposta Pedagógica, a não ser sobre o curso
“A rede aprende com a Rede”, no dia 09/09 “...em sua sala, o coordenador
comentou sobre a importância do curso „A rede aprende com a rede‟ que irá
dar suporte ao trabalho docente pois irá trabalhar o conteúdo específico de
cada disciplina, o que foge do alcance dos coordenadores...”
85
Apêndice C :Termos e Relatórios de Visita da Supervi-
são e dos Professores de Coordenação da Oficina Pe-
dagógica/ ano 2009
13 de Fevereiro de 2009 - (planejamento em 11, 12 e 13/02)
Supervisora e PCOP de Alfabetização
[...] A Diretora disse que os subsídios para o Planejamento foram
utilizados em parte, devido ao pouco tempo para seu estudo, já que o mesmo
foi disponibilizado com atraso pela SEE. [...]
20 de Fevereiro de 2009 – PCOPs de Língua Inglesa e Geo-
grafia
[...] A visita foi para acompanhar o início do ano letivo juntamen-
te com as sugestões propostas para a primeira semana de aula, que deverá
ser uma semana diagnóstica. As avaliações diagnosticas ainda não ocorre-
ram justamente por não ter o quadro completo de professores. Segundo o co-
ordenador, elas ocorrerão o mais rápido possível. Como nem todos os cader-
nos/disciplinas dos alunos chegaram, os professores utilizaram o material su-
gerido no Site “São Paulo faz escola. [...] Algumas reivindicações foram feitas,
como pedidos de CDs relacionados aos conteúdos dos cadernos do professor
e gravuras para as aulas de Arte. [...]”.
26 de Fevereiro de 2009 – PCOP de Língua Portuguesa
[...] Conversei bastante com os professores coordenadores, bem
como com a vice-diretora, explanando sobre a proposta de trabalho para o
ano 2009. Disse que durante o primeiro semestre farei acompanhamento pe-
dagógico junto à escola, com visitas quinzenais, auxiliando os professores
coordenadores. De tudo que vimos, nosso principal desafio é reverter o alto
índice de reprovação da escola em 2008, com 32%. Pedi aos coordenadores
86
que conversem com os professores e levantem dados que expliquem esse
índice e tracem um plano de ação, para que em 2009 esse índice seja diminu-
ído. Também é bastante alto o número de retenções parciais, com cerca de
50 alunos em dependência, principalmente do 1º para o 2º ano do Ensino
Médio. [...] Analisando, com a coordenadora, a implementação da Proposta
Curricular, em 2008, chegou-se à conclusão que foi uma verdadeira batalha
com os professores e muitos não seguiram as atividades previstas nos cader-
nos, o que sugere que, com o caderno do aluno em 2009, será preciso um
acompanhamento mais de perto dos professores, auxiliando-os a observar as
mudanças e convertê-las em benefícios didáticos para professores e alu-
nos.[...] A Diretora também falou das dificuldades e avanços, comentou da
importância de o professor ter conhecimento da proposta pedagógica que, es-
te ano, já é Currículo Oficial da Secretaria de Educação do Estado de São
Paulo.[...] havia um acúmulo de trabalho e a vice-diretora necessitou estar na
secretaria, acumulando funções, já que a agente de organização escolar es-
tava afastada do trabalho desses dias. Percebemos que a escola ficou preju-
dicada na parte pedagógica pela falta de funcionários.
03 de Março de 2009 – PCOP de Matemática
[...] a equipe demonstrou também expectativa com relação aos
resultados do SARESP/IDESP de 2008, para que sirvam de parâmetro de a-
nálise do trabalho escolar. [...] ficou evidente a boa aceitação das orientações
curriculares da SEE e do uso dos materiais fornecidos, havendo, nesse mo-
mento, uma expectativa pela chegada do total dos cadernos dos alunos, para
que o trabalho proposto seja mais bem desenvolvido com esse suporte.
05 de Março de 2009 – Coordenadora da Oficina Pedagógica
[...] Durante a HTPC os professores estudaram sobre as pers-
pectivas da SE para 2009, caderno do Gestor – volume 1. Nos primeiros dias
de aulas os professores trabalharam as Práticas Pedagógicas, e também as
atividades diagnósticas encontradas no caderno do gestor, para as
87
disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática, que será através deste di-
agnóstico a formação das turmas para a Recuperação Paralela. [...] o que fi-
cará falho será o plano de algumas disciplinas, como, por exemplo, Matemáti-
ca, que ainda falta material do aluno.[...] O professor de Física comentou que
as práticas pedagógicas desta disciplina eram muito fáceis, que os alunos re-
solveram rapidamente.[...] Houve algumas solicitações como: a professora de
Arte me pediu que verificasse sobre um material de apoio (CDs); a professora
de Língua Portuguesa pediu para que eu verificasse sobre a falta do material
do “Apoio do Saber”. Em relação aos Cadernos dos Alunos está faltando: ma-
temática da sétima série, oitava e primeiro colegial e, o caderno de História do
terceiro colegial. Há uma 6ª; série que não chegou nenhum caderno e nem
está provisionado. [...] sobre o projeto DAC (disciplinas de apoio curricular) a
PC nos informou que não conseguiu assistir a primeira videoconferência de
apresentação do curso, por motivo de problemas de acesso à internet e que o
Kit multimídia da sala dos professores não está funcionando.[...] O professor
de Geografia me apresentou alguns erros no caderno dos alunos que não es-
tavam nas erratas do site “São Paulo faz escola”.
12 de Março de 2009 – Supervisão
[...] Analisamos o Plano de Gestão, e a validação deste é de
2007/2010, sugerimos que a equipe escolar faça uma retomada no documen-
to para que possa incorporar o Currículo do Estado de São Paulo, iniciado em
2008. [...] antes do HTPC, conversei com a professora de Geografia e ela me
falou sobre alguns erros que há no caderno de geografia do aluno e sobre um
CD de um vídeo que é pedido no caderno e que ainda não está disponível ao
professor.
16 de Março de 2009 – PCOPs de Filosofia e de Matemática
[...] O professor coordenador nos relatou sobre os cadernos de
Filosofia. Segundo suas informações, de maneira geral, está na metade dos
conteúdos das três séries da disciplina; acompanha as atividades dos alunos,
88
procurando dar vistos nos cadernos e dando nota de participação. [...] o grupo
dialogou sobre uma série de ações que a escola deve propor e fazer cumprir,
sobre a falta de professores que estão em licença, a falta dos professores
sem avisos, falta de valores éticos e sociais dos alunos. Há um consenso en-
tre todos os professores de que o currículo, os cadernos e os projetos têm tu-
do para dar certo, se houver compromisso e responsabilidade por parte de to-
da a equipe escolar. [...] no intervalo entre os HTPCs, solicitei à PC que pe-
gasse alguns cadernos e apostilas de alguns alunos para que nós duas pu-
déssemos analisar e verificar se os alunos estão acompanhando adequada-
mente o que o professor sugere em sala de aula. Pela análise dos cadernos
pudemos perceber que todos os professores estão trabalhando de acordo
com o Currículo do Estado de São Paulo, adequando as atividades de acordo
com a necessidade dos alunos. Os professores, neste aspecto, tendo em vis-
ta o currículo, apesar das dificuldades, estão trabalhando de acordo com o
esperado. [...] A PC perguntou a todos os professores quais situações de a-
prendizagem do caderno do professores que eles já teriam desenvolvido com
seus alunos. Com esta ação a PC consegue ter uma visão ampla do que cada
série e turma estão aprendendo.
20 de Março de 2009 – Supervisão, PCOPs de Língua Portu-
guesa e Matemática
...No HTPC foram tratados assuntos como desenvolvimento do
currículo, subsidiado pelo caderno do aluno, e os professores de Biologia e
Matemática enfatizaram algumas incorreções e descompassos entre o cader-
no do professor e o caderno do aluno, provocando algumas situações de a-
prendizagem equivocadas por trazerem seqüências de atividades ou exem-
plos dúbios [...] Os professores estão utilizando os cadernos do aluno e tam-
bém o livro didático e, segundo alguns disseram, essa associação traz em si,
por vezes, um dificultador, já que nem sempre o livro didático adotado pela
escola tem a mesma linha didático-metodológica e, até mesmo conceitual, do
currículo oficial do estado de São Paulo, obrigando o professor a fazer um
verdadeiro malabarismo para conciliar esses instrumentos, em beneficio da
aprendizagem. [...] a sala de informática está desativada, pois os equipamen-
tos são absoletos e necessitam de reparos. [...] No
89
desenvolvimento do currículo, a coordenadora relatou como dificuldade dos
professores no uso dos cadernos do aluno a falta de tempo para estudo, ao
que indicamos que fosse disponibilizado um espaço nas HTPCs com esse
fim.[...] durante a reunião o professor coordenador juntamente com alguns
professores fizeram um estudo do SARESP que se encontra no caderno do
gestor volume 1/2009.[...] Conversando com as professoras de Matemática
elas nos falaram da grande dificuldade dos alunos da quinta série que ainda
não sabem a tabuada e apresentam muitas dificuldades em resolver as quatro
operações fundamentais.[...] Atendendo a solicitação da coordenação, a
PCOP de Matemática atendeu a professora de Matemática esclarecendo al-
gumas dúvidas que surgiram nos Cadernos do professor. As duvidas eram
poucas, sendo a compreensão de alguns conteúdos da 7ª série. A professora
tem conhecimento do assunto, mas como no caderno existem situações de
aprendizagens com outras metodologias para conduzir o conteúdo, acabam
surgindo dúvidas.
26 de Março de 2009 – PCOPs de Língua Portuguesa e Ed.
Física
[...] O coordenador precisa acompanhar o desenvolvimento do
currículo de cada professor, antecipar necessidades, acolher e minimizar as
ansiedades e promover uma comunidade aprendente, inserindo no processo
de aprendizagem não só os alunos como também os professores. [...] Achei
interessante a planilha que os professores preencheram para o 1º bimestre,
contendo: (seqüências dos cadernos da SEE) disciplina, série, total de aulas,
temas a serem abordados, aulas previstas, recursos metodológicos, recursos
materiais e uma parte contendo observações para que caso o mesmo não
consiga desenvolver todo conteúdo tenha espaço para justificar. Isso se torna
interessante para que o PC possa acompanhar com maior facilidade e provi-
denciar os materiais requisitados com antecedência. [...] Há uma preocupação
com os alunos que não se encontram alfabetizados, prejudicando o andamen-
to da sala.
90
31 de Março de 2009 – PCOP de Filosofia/Sociologia
...Conversei com a Professora da disciplina de Filosofia discutin-
do algumas erratas do caderno que não foram apresentadas no site da edu-
cação. Ela me falou sobre a dificuldade de trabalhar com a terceira série do
Ensino Médio, sendo que um dos motivos é a quantidade de aulas por sema-
na: uma. Realmente essa mudança na grade curricular dificultou o trabalho do
professor de Filosofia nas salas. [...] O professor Coordenador levantou a
questão sobre o retorno de atividades que precisam ser dadas aos alunos a
fim de que conheçam suas dificuldades e os professores possam promover
estratégias que melhorem o andamento de aprendizagem desses estudantes.
Foi levantada essa questão em razão de que foram encontradas, em alguns
armários de professores, umas quantidades significativas de atividades que
não foram desenvolvidas com os alunos.
02 de Abril de 2009 – PCOPs de Geografia e Ed. Física.
...Iniciamos uma conversa sobre o desempenho da U.E. no I-
DESP e percebemos que o grupo de professores está bastante empenhado
apesar de se apresentar aborrecido quanto ao Bônus recebido. Eles não a-
cham justa a maneira como foram avaliados, pois esta escola apresentava al-
guns problemas principalmente com respeito à evasão que, de certa maneira,
acaba prejudicando a evolução no cumprimento das metas.
16 de Abril de 2009 – Supervisão
...Todos sabemos que a escola necessita de maior quantidade
de funcionários, havendo, muitas vezes, desvio de função [...] A atribuição das
aulas de recuperação do Ensino Fundamental II deverá acontecer assim que
forem homologadas, o mais tardar na próxima semana. Quanto ao ensino
médio não foram criadas as turmas pois há dificuldade com respeito ao espa-
ço físico e, se colocadas aos sábados, o fator é transporte.[...] O professor da
disciplina de Química expressou sua preocupação quanto alguns experimen-
tos do caderno do aluno, e também com relação às atividades
91
deste mesmo caderno, onde algumas perguntas, ditas “abertas”, têm dificul-
tado a correção e finalização para os alunos.[...] Finalizando a reunião, a Pro-
fessora Coordenadora expressou a preocupação de que alguns alunos da 1ª.
Série do EM poderiam estar não alfabetizados. Os alunos eram três, conver-
sei com eles e somente um deles não está alfabetizado se encontrando entre
os níveis silábico e silábico-alfabético.[...] Entre um período e outro conversei
com alguns alunos que disseram que estão gostando do caderno e das ativi-
dades, sendo mais fácil de acompanhar as atividades, sem necessitar copiar
tantos textos ou mesmo do professor ter que entregar tanta coisa mimeogra-
fada ou xerocada.
24 de Abril de 2009 – PCOP de Matemática.
...Neste dia, os alunos fizeram o Provão-Bimestral. A prova de
hoje era composta das disciplinas: Língua Portuguesa, História, Geografia, Fi-
losofia e Inglês. Terminará na segunda-feira com as disciplinas: Matemática,
Física, Química e Biologia.
05 de Maio de 2009 – PCOP de Língua Portuguesa
...pude olhar algumas cadernetas de registro do professor e al-
guns pontos chamaram a atenção, como o registro de uma mesma atividade
para séries diferentes, em Leitura e Produção de Texto: como não havia ne-
nhum tipo de observação, embora a atividade fosse a mesma, houve uma va-
riação na abordagem do aprofundamento, já que séries diferentes pressupõe
níveis de aquisição de leitura e de escrita diferentes? Não foi possível perce-
ber pelos apontamentos, a organização dos conteúdos nas modalidades or-
ganizativas, como foi orientado em mais de uma oportunidade, em reuniões
de professores coordenadores: seqüência didática, atividade permanente e
projeto. Muitos professores registram os conteúdos de maneira muito genéri-
ca, não sendo possível perceber o currículo por meio dos apontamentos: a-
penas meia dúzia de cadernetas trazia referencia às situações de aprendiza-
gem dos cadernos dos professores e registro do trabalho como caderno do
aluno. Se não há registro, o caderno do aluno não estaria sendo utilizado pela
92
maioria dos professores? Não há registro de utilização do livro didático. A ca-
derneta precisa ser um pouco mais clara, já que ela deve trazer o histórico do
que foi, efetivamente, trabalhado em sala de aula, por isso sugiro que os co-
ordenadores conversem com os professores sobre isso.
12 de Maio de 2009 – PCOPs de Matemática, Física e Histó-
ria.
...Conversamos com a diretora que também se fez presente nes-
ta HTPC, nos informando sobre as ótimas práticas pedagógicas e postura de
muitos professores de sua escola. Partindo desta observação, a Diretora
constata mais comprometimento e interesse dos alunos nas disciplinas dos
professores comprometidos com o Currículo da Secretaria de Estado da Edu-
cação. Quanto aos Cadernos do Professor e Cadernos dos Alunos, ela pediu
cuidado na utilização pois já houve a identificação de divergências entre eles,
além de alguns erros ortográficos e conceituais. [...] Comparecemos na sala
de aula da Professora de Matemática. Observei que os alunos não estavam
usando o caderno do aluno, e que as atividades propostas a eles, naquele
momento, se tratavam de funções de 1º grau, assunto previsto para o 2º bi-
mestre. O assunto previsto para o 2º bimestre, realmente é Função de 1º
grau, mas antes de chegar direto neste assunto é trabalhada a introdução
deste conteúdo que seriam as grandezas diretamente e inversamente propor-
cionais, para trabalhar a relação entre duas grandezas. Espero que a profes-
sores possa compartilhar com os alunos estes itens do Bimestre quando o
caderno chegar nas mãos dos alunos, lembrando que a Oficina pedagógica
estará se organizando para fazer uma possível Prova Unificada no final do 1º
semestre, que prevê competências e habilidades retiradas do caderno do alu-
no.
19 de Maio de 2009 – PCOPs de Química, Arte e Educação
Física
...durante a HTPC os professores tiveram conhecimento do ma-
terial de Recuperação Paralela. Orientamos os professores presentes que
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o caderno de aluno é exclusivamente dele, podendo o aluno responder no
próprio caderno. Neste tempo de organização de material solicitei ao PC que
trouxesse alguns cadernos dos alunos para analisarmos os conteúdos desen-
volvidos pelos professores. Analisamos alguns cadernos dos alunos de 1º e
3º anos do Ensino Médio e constatamos que a disciplina de Química está de
acordo com o Currículo da Secretaria. No final da reunião a pedido do PC, os
professores relataram como foi o procedimento com o material do Currículo
durante o 1º Bimestre. Todos os professores apontaram pontos positivos e
negativos. Positivos: existem situações de aprendizagem bem diversificadas e
interativas. Negativo: é o tempo, sendo quase impossível vencer todos os
conteúdos, no qual algumas turmas apresentam muitas defasagens, cabendo
ao professores fazerem algumas retomadas e adaptações para alcançar seus
objetivos. Mesmo com esses empecilhos do tempo e defasagens dos alunos,
os professores, no geral, estão bem estruturados e conscientes, sendo que
em alguns momentos fazem adaptações em alguns conteúdos que, em suas
visões, seria quase impossível trabalhar da maneira sugerida, sendo o caso
de Educação Física e Arte.[...] Enquanto a coordenadora passava nas salas
de aulas tratando da distribuição dos cadernos do segundo bimestre, conver-
samos com dois professores de Matemática sobre o andamento do caderno
do 1º bimestre de Matemática. Os mesmos afirmaram que estão terminando.
Segundo um dos professores, os alunos da 8ª.série C têm muita defasagem
na aprendizagem, logo é sempre necessário revisar conteúdos anteriores.
02 de Junho de 2009 – Supervisão e PCOPs de Ciências e
Química
[...] Problemas enfrentados no momento pela escola: tem ocorri-
do uma grande falta de professores devido à licenças saúde ou motivos parti-
culares, sendo que alguns faltam sistematicamente. A escola tem procurado
substituir os ausentes por professores eventuais na mesma área, que procu-
ram suprir da melhor forma a ausência dos professores, porém a constância
dessa situação tem causado um certo desgaste nos alunos e prejuízos para o
desenvolvimento do currículo....[...] Ainda não chegaram todos os cadernos
do segundo bimestre de algumas disciplinas porém,
94
conversando com os professores, pude perceber que estão utilizando o mate-
rial de 2008.[...] Aproveitei para perguntar sobre o andamento dos cadernos,
se estão utilizando, se têm alguma dúvida, se estão complementando com al-
gum outro material de apoio, enfim, se estão gostando. Segundo o que me re-
lataram, os cadernos possuem pontos positivos e negativos, De maneira ge-
ral, no aspecto positivo, falaram sobre a praticidade da utilização dos cader-
nos, na qual diminuiu o uso da lousa; as figuras, as fotos e os gráficos tam-
bém foram destacados como pontos positivos pois é um facilitador; alguns
exercícios e textos também foram elogiados por alguns professores. No as-
pecto negativo, é de comum acordo que as aulas previstas nas determinadas
situações de aprendizagem não são suficientes para trabalhar em sala de au-
la; algumas situações de aprendizagem estão acima da realidade do nível de
aprendizagem dos alunos, por isso, em muitos conteúdos é preciso retomar
pré-requisitos fundamentais para o andamento da matéria. Essas dificuldades
realmente são problemáticas contempladas por grande parte dos professores.
18 de Junho de 2009 – Equipe da Diretoria de Ensino com-
posta pelos PCOPs das diversas disciplinas e Supervisão
...A equipe de atendimento ao currículo da Oficina Pedagógica
esteve na U.E. para auxiliá-los a identificar e compreender suas principais di-
ficuldades, em busca de soluções possíveis que minimizem os impactos ne-
gativos no desenvolvimento didático-pedagógico da Unidade escolar.[...] Para
cada problemática levantada um conjunto de ações foi sendo indicado (resga-
te da versão preliminar do Caderno do Gestor 1, de 2008.[...] A coordenadora
também comentou sobre a sua posição a respeito da prova unificada, ela não
deixou os professores analisarem as provas, considerando que é uma avalia-
ção externa os professores também deveriam ser surpreendidos para que os
resultados também tenham uma boa aparência.[...] pedimos aos professores
o plano de ensino do 2º bimestre e as cadernetas para análise do andamento
dos conteúdos do 1º bimestre...[...]Também foi discutido sobre a devolutiva da
análise das provas dos professores. A PCOP, antes de passar as devolutivas,
explicou que as análises foram feitas de
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maneira geral, isto é, cada PCOP, de sua disciplina, analisando as provas en-
viadas pelas escolas, pontuou os aspectos positivos e negativos e relatou em
sua devolutiva, suas observações.
28 de Julho de 2009 – Dia de análise do SARESP/2008 pela
escola - PCOPs de Língua Inglesa e Filosofia/Sociologia
Estivemos na escola para acompanhar as atividades do Dia do
SARESP na Escola. A abertura foi feita pela Diretora que delineou a pauta do
dia mostrando também os cadernos que seriam usados durante os trabalhos.
A pauta seguiu as orientações recebidas na última reunião de Diretores e Co-
ordenadores[...] a transmissão da videoconferência foi assistida com proble-
mas no áudio e vídeo, impossibilitando a clareza do que se estava sendo
passado...[...] De maneira geral, foi tratado sobre as matrizes de referencia e
os níveis de proficiência.[...] Discutiu-se sobre a cobrança dos bons resultados
no SARESP por parte da Secretaria da Educação. Alguns professores criti-
cam essa cobrança em razão do atraso dos materiais que auxiliam os profes-
sores nas aulas.
18 de Agosto de 2009 – Supervisão e PCOP de Educação Fí-
sica
...Verificamos que na Pauta da Reunião não havia o assunto
“Curso a Rede aprende com a Rede/2009”, pedimos licença ao PC para ori-
entarmos os professores presentes sobre a realização da pré-inscrição que
irá até o dia 21 de Agosto.[...] Aproveitando a presença da PCOP de Ed Físi-
ca, o Professor comentou sobre a luta de Boxe que está presente no Currícu-
lo Oficial, alegando que é incoerente trabalhar com os alunos essa luta devido
ao incentivo à violência e as conseqüências de seqüelas futuras por causa
dos socos na cabeça. A PCOP disse-lhe que esta é uma luta que não pode
deixar de trabalhar por estar presente no currículo oficial.[...] A PC falou com
os professores sobre o desempenho dos alunos na Prova Unificada elaborada
pela Oficina Pedagógica. O resultado, na maioria das disciplinas, foi insatisfa-
tório, tendo uma porcentagem de acertos acima de 50% somente
96
as disciplinas de Sociologia e Inglês.[...] No final da reunião os gestores co-
mentaram sobre a falta de professores existentes na escola.
28 de Agosto de 2009 – PCOPs de Física e Química
...Conversamos com a professora que leciona Física e Química
sobre as dificuldades encontradas no desenvolvimento das situações de a-
prendizagens do caderno do aluno. A mesma disse que a maior dificuldade é
a execução das experiências, pois a escola não tem laboratório e alguns ma-
teriais são difíceis de encontrar ou até mesmo de manusear em sala de aula.
01 de Setembro de 2009 – Supervisão e PCOPs de Matemá-
tica, Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Filosofia
Nossa visita é de acompanhamento pedagógico devido ao baixo
desempenho da escola na prova Saresp 2008.[...] Em relação ao curso “A re-
de aprende com a rede” foi avisado sobre a prorrogação da pré-inscrição a
alguns professores já se inscreveram [...] Solicitamos à Coordenadora alguns
cadernos dos alunos, sendo um de cada série, para observação do desenvol-
vimento das atividades relacionadas aos conteúdos do currículo. A mesma
nos atendeu prontamente e nos informou que já faz três meses que os alunos
do período da manhã estão sem professor de Física.[...] a PCOP de Inglês
conversou com a Professora que atua nas 5as, 6as e 7as séries e pode cons-
tatar, por meio dos cadernos dos alunos que ela mostrou, que as situações de
aprendizagem estão sendo desenvolvidas adequadamente e que a professo-
ra, por meio de correção na lousa, possibilita aos alunos a verificação e auto-
correção. Nas quintas séries foi trabalhada a origem da língua, quando foi in-
troduzido o uso de dicionário que, segundo a professora, o número insuficien-
te de exemplares dificulta o trabalho.[...] A PCOP de Língua Portuguesa olhou
alguns cadernos de alunos do período da manhã que haviam sido recolhidos
para esse fim. Pode observar que há presença de cópia de texto expositivo do
caderno do professor desnecessariamente, bastava a explicação dialogada.
Há questões com respostas equivocadas num caderno, sem correção, mas
com visto do professor, o que pode levar o aluno a deduções errôneas de al-
guns conteúdos. Também constatou registro de história da literatura, de ma-
97
neira linear, contrariando a proposta do currículo do ensino médio que propõe
o ensino da literatura a partir de textos, numa perspectiva espiral e comparati-
va, relativizando, dialogicamente, através do tempo. O maior dificultador a-
pontado pelos professores é a não linearidade no ensino de literatura, no en-
sino médio, e a complexidade dos textos, bem como a extensão dos mesmos
para as quintas séries.[...] O rendimento na disciplina de Filosofia está bastan-
te baixo. Uma das professoras de Filosofia disse que há pouco tempo para
aplicação do conteúdo e muita falta no período noturno, em razão de que mui-
tos alunos vêm direto do trabalho.[...] Anotei uma dificuldade da Professora de
Física para passar à PCOP responsável. Ela não está compreendendo alguns
resultados propostos pelo caderno em algumas atividades. Avisei-a que iria
encaminhar essas dúvidas e que entraria em contato.
04 de Setembro de 2009 –PCOPs de Ciências e Física
...A professora de Ciências relatou-me que não realiza muitas
propostas de experimentação por falta de material e de laboratório. Já outra
professora, das 5ª.séries, relatou que está utilizando o material fornecido pela
SEE em suas aulas e, no momento, desenvolve as atividades do Caderno do
aluno do 2º. Bimestre e pude ver os produtos de uma das atividades sobre a
fotossíntese.[...] em Física foi feita a análise somente dos cadernos universitá-
rios dos alunos, pois os cadernos do aluno fornecidos pelo Estado não esta-
vam com eles por não ter aula de Física neste dia. A PCOP percebeu que a
professora trabalhou Cinemático (movimento uniforme e função horária do
movimento), assunto não previsto no currículo do 1º ano do EM. A PCOP so-
licita que a professora trabalhe os conteúdos sugeridos no caderno do profes-
sor para complementar o caderno do aluno, sendo que os conteúdos que de-
vem ser trabalhado devem estar de acordo com o currículo oficial.
06 de Setembro de 2009 – PCOP de Língua Portuguesa
... Após o café conversei com o grupo de professores presentes,
reforçando o foco da leitura e da escrita no currículo oficial, em todas as disci-
plinas. Os professores ficaram bastante a vontade, fizeram perguntas sobre
98
as questões elaboradas, as situações de aprendizagem previstas nos cader-
nos[...] Muitos professores não são leitores e, por conseguinte, não conse-
guem estimular os alunos nas atividades de sala de aula, mantendo-os no
primeiro nível de leitura, que é o de decodificação.[...] Aproveitando a oportu-
nidade, alguns professores mostraram-me amostras de provas aplicadas em
salas. Uma professora usou questões do banco de itens do Saresp, já outro
professor apresentou questões que divergem um pouco do que está proposto
no currículo oficial. Sugiro que o professor se atente ao fato de que o estudo
da literatura deve contemplar os eixos de contextualização previstas nos ca-
dernos, ou seja, anacrônica, diacrônica e interativa.[...] Sugiro a aplicação de
proposta de redação, com tema atual e aplicação dos critérios oficiais de cor-
reção, por meio do qual seja possível conferir o domínio lingüístico desses a-
lunos. Solicito que uma amostra dessas produções corrigida me seja envia-
da.[...] Pedi aos coordenadores, cópias das provas elaboradas para submetê-
las à apreciação da Oficina Pedagógica. Solicitei aos professores da disciplina
“Leitura e Produção” que me enviem um relatório sobre essas aulas, até o dia
22 de Outubro, contendo os seguintes itens: textos trabalhados, atividades
desenvolvidas e produções dos alunos com as devidas comandas e interven-
ções do professor responsável.
11 de Setembro de 2009 – PCOPs de Língua Portuguesa e
Matemática
...conversamos com a vice-diretora e, posteriormente com a pro-
fessora coordenadora e ambas nos informaram que está ocorrendo a falta de
três professores de Matemática, que se encontram em licença, sendo que um
deles ministra aulas na 3ª série C do Ensino Médio, série que será avaliada
pelo SARESP 2009. A equipe gestora está muito preocupada pois está difícil
conseguir professores habilitados para lecionar essas aulas e dar continuida-
de ao currículo. Solicitamos à PC caderno de Matemática de alguns alunos
das seguintes séries: 6as. 7as. e 8as. do Ensino Fundamental. Consta no
caderno do aluno da 6ª série A, do Professor que se encontra
em licença médica à alguns dias, que ele trabalhou os conteúdos do currículo,
mas as atividades apresentadas nos cadernos são somente de cálculos, e-
99
xercícios mecânicos, sem nenhuma atividade contextualizada. A PC nos in-
formou que o Professor não utilizada o caderno de atividades fornecido pelo
Estado pois o mesmo acha as atividades muito difíceis.[...] No caderno do
professor de Matemática encontramos oito unidades para serem desenvolvi-
das no Bimestre. Algumas das unidades não trazem situações de aprendiza-
gem cabendo ao professor selecionar em livros didáticos algumas atividades
contextualizadas referentes ao conteúdo, para a complementação do Currícu-
lo. [...] Durante a aula de leitura, pelo que presenciamos e pelos cadernos dos
alunos que pudemos olhar, a professora em questão está trabalhando equi-
vocadamente com conteúdos de Língua Portuguesa de forma tradicional (có-
pia de textos conceituais e atividades de conferencia na lousa); neste dia o
tema era continuidade da reforma ortográfica. O caderno dos alunos traz uma
série de atividades semelhantes e nenhum registro de atividades de leitura ou
produção de texto que tenham sido desenvolvidos ao longo do ano.[...] Volta-
mos para a sala de coordenação e conversamos sobre esse fato com a pro-
fessora coordenadora que disse já ter conversado diversas vezes com a refe-
rida professora, assim como também já o fez a Diretora, sem que haja uma
mudança nessas aulas.[...] Aproveitando a oportunidade da visita a PCOP de
Língua Portuguesa foi assistir uma aula de leitura e escrita cuja temática era
“notícia de jornal”. Não houve oportunidade de conversar com a professora,
por isso, solicita ao coordenador, que oriente-a a conduzir o trabalho em sala
de aula, conforme orientação dada: utilização das modalidades organizativas
do trabalho pedagógico, fazendo uso das seqüências lógicas.[...] realça, ainda
que, segundo a mesma orientação acima citada, os textos trabalhados devem
ser literários.[...] solicita que a orientação dada para a organização didática
dessa disciplina seja retomada e como sugestão para a professora, deixa re-
gistrado as seqüências didáticas postadas no link Hora a Leitura, no portal da
CENP, locado no site da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
17 de Setembro de 2009 – PCOPs de História e Língua Ingle-
sa
...Conversamos com a Professora que leciona História e Geo-
grafia e a mesma mencionou a dificuldade em responder um item da cruzadi-
nha, questão do caderno do aluno do 3º. Ano de Geografia, que já havia pro-
100
curado na Internet e não encontrou solução. Orientamos a professora que o
gabarito do caderno do aluno encontra-se no site do “São Paulo faz escola”
mas a mesma disse-nos que não sabia como encontrar.[...] Conversamos
com a Professora de Inglês do 3º C, ela disse que os alunos apresentam-se
um tanto desmotivados, pois o grupo de alunos é menos participativo prova-
velmente porque os cadernos curriculares apresentam textos mais longos e
complexos, voltados para o mundo do trabalho, inclusive com a produção do
texto do gênero currículo. Ela solicitou à PCOP, auxilio para planejar e buscar
estratégias no desenvolvimento desse conteúdo. As turmas do 2º.A e B, 3º A
e B estão sem professor de Inglês neste momento e as aulas estão sendo mi-
nistradas por professores eventuais com os quais não tivemos contato neste
dia.[...] De forma geral, os últimos conteúdos, nos cadernos, se refere ao ca-
derno Volume 2. Um dos causadores deste atraso foi o período de suspensão
de aula por causa da gripe suína. Considerando que todos os conteúdos pre-
vistos para o ano letivo devem ser contemplados, pedimos aos PCs que ori-
entem os professores em relação à organização da escala de tempo adequa-
da para tratar cada conteúdo que ainda falta ser trabalhado. E que também os
professores apropriem-se da Matriz de referencia do SARESP e fiquem aten-
tos quanto às habilidades selecionadas na matriz, na perspectiva de ter uma
visão de quais competências e habilidades o SARESP espera que os alunos
tenham desenvolvido.
25 de Setembro de 2009 – PCOPs de Língua Portuguesa e
Matemática
...Não havia, no período da visita, nenhum professor de Língua
Portuguesa para conversar, então verifiquei alguns cadernos de alunos e
também produções feitas nas aulas de Leitura. Os professores de Língua Por-
tuguesa não concluíram o segundo caderno e, uma série está ainda no início,
que, segundo a professora coordenadora, deve-se ao fato de a professora es-
tar em licença e a sala tem sido acompanhada por vários professores eventu-
ais. Por causa disso, é possível inferir, a partir das atividades registradas nos
cadernos, que não há uma seqüência muito clara dos conteúdos, podendo-se
observar muitas atividades soltas, teoria gramatical ou textual, mas sem a de-
vida articulação, dentro do foco previsto pelo currículo proposto.[...] Foi possí-
101
vel analisar pastas com produções de alunos da disciplina Leitura e Produção
e pelo conteúdo, apenas um professor está trabalhando com textos literários,
conforme orientação feita em junho deste ano. Do modo como estão monta-
das as pastas, tem-se a impressão de que o trabalho está sendo temático e
não a partir de um gênero ou autor, do mesmo modo também não está sendo
obedecido a orientação do trabalho nas modalidades organizativas, já que
não há registro de seqüência didática, projeto ou atividade permanente. Sugi-
ro que o Professor Coordenador retome as orientações sobre essa disciplina
de modo a garantir o foco no currículo oficial no Estado de São Paulo.[...] A-
proveitando a oportunidade, deixo na escola o portfólio do Apoio Curricular de
Língua Portuguesa enviado para a Oficina Pedagógica, junto com a devolutiva
analítica da PCOP, que retrata bem a necessidade do investimento da escola
na produção escrita, uma vez que, embora haja um roteiro de trabalho pre-
vendo a produção verbal, os registros apresentados, a exemplo de alguns
trabalhos apresentados na Leitura e Produção, convergem para a produção
de imagem, não contribuindo para o aperfeiçoamento do domínio lingüístico
discursivo[...] A PCOP de Matemática analisou os cadernos de alguns alunos
da 6ª. e B, 5ª.A e B 7ª.A e 8ª.A, que envolve quatro professores. Os profes-
sores estão trabalhando os conteúdos do Currículo do Estado de São Paulo,
sendo que alguns estão iniciando o segundo caderno e outros já desenvolve-
ram cerca de 50%. Através das atividades apresentadas nos cadernos, a
PCOP percebeu que os professores estão se estendendo muito em alguns
conteúdos, com muitas atividades repetitivas.[...] Devido ao período de sus-
pensão de aula, por causa da AH1N1 e à defasagem dos alunos, os conteú-
dos estão atrasados. Considerando que todos os conteúdos previstos para o
ano letivo devem ser contemplados, a PCOP sugere aos professores que fa-
çam uma escala de tempo adequada para tratar cada conteúdo que ainda fal-
ta ser trabalhado, ficando a critério do professor trabalhar o tema correspon-
dente a cada uma das unidades de cada volume, sendo que alguns temas
poderão ser
estendidos para mais de uma semana, enquanto de outra unidade poderá ser
tratado de modo simplificado.
102
30 de Setembro de 2009 – Supervisão e PCOPs de Filosofi-
a/Sociologia, Educação Física, Língua Inglesa e Geografia.
...Uma outra professora de Língua Inglesa que leciona para as
6ªs e 7a séries solicitou apoio junto aos cadernos no tocante às atividades in-
terativas, pois a mesma disse que os alunos além de indisciplinados não tem
interesse em aprender[...] A PCOP de Geografia conversou com uma profes-
sora de Geografia que expôs que a troca constante de professores fez com
que houvesse um atraso nas situações de aprendizagem previstas e, tendo
em vista a proximidade do Saresp, a mesma está fazendo adequações e a-
daptações para minimizar e sanar as lacunas deixadas. Como na escola ain-
da não está disponível o ambiente para pesquisa, ela está fazendo as pesqui-
sas que são solicitadas nos cadernos em sua casa e posteriormente trazendo
para os alunos. Também perguntei sobre um material áudio-visual de apoio
solicitado no currículo que foi enviado para a escola e a mesma disse desco-
nhecer. [...] Olhei alguns cadernos de aluno e constatei que os conteúdos es-
tão bastante atrasados, chegando a 50% do volume 2, o que pode compro-
meter o desenvolvimento do previsto para o ano letivo, uma vez que já esta-
mos no final do terceiro bimestre, restando apenas um para contemplar os
dois cadernos restantes. [...] Como o professor não havia trabalhado anteri-
ormente de forma sistemática com os cadernos, por estar apenas como even-
tual, sente-se inseguro diante das situações de aprendizagem e, às vezes, faz
adaptações que fogem do foco do currículo proposto para a série. Um exem-
plo disso são as retomadas de teoria gramatical, desarticulada com o uso lin-
güístico pela tipologia apresentada para a série. [...] Uma professora de Ma-
temática relatou que para desenvolver o currículo usa o caderno do aluno jun-
to com o livro didático, afirmação comprovada pela observação dos registros
nos cadernos dos alunos. Por causa da defasagem já mencionada, as turmas
demandam mais tempo que o previsto nas situações de aprendizagem, por
terem um ritmo de aprendizagem mais lento. A sugestão feita pela PCOP é
que, apesar desses dificultadores elencados é que os professores se apropri-
em da matriz de
referencia do Saresp, para Matemática, correspondendo aos conteúdos pre-
vistos com as habilidades selecionadas, adequando o tempo para trabalhar os
103
conteúdos que ainda faltam. [...] A PCOP de Educação Física conversou com
uma professora de Ed.Física e, também aproveitando a oportunidade, verifi-
cou as atividades desenvolvidas nas 7as, 8as, e 1as séries. Percebeu que es-
tão sendo desenvolvidas coerentemente com o previsto no currículo dessa
disciplina, apesar das aulas práticas serem bastante prejudicadas, por falta de
espaço adequado. Sugeriu, então, que com a impossibilidade de trabalhar al-
gumas atividades práticas, os alunos utilizem a internet, revistas e livros, para
ampliar o conhecimento e trabalhar as competências e habilidades através
desses recursos, não podendo, entretanto, perder o foco do currículo. [...] Em
virtude do Saresp, o PCOP de Filosofia elaborou algumas sugestões de ques-
tões que trabalham com as competências e habilidades de interpretação, lei-
tura e escrita. Como os cadernos, em alguns momentos, apresentam ativida-
des muito conceituais, é necessário trabalhar esse tipo de questão. Finaliza-
mos falando da importância do acompanhamento do currículo, tendo em vista
os conteúdos, a habilidades e as competências que serão avaliadas no Sa-
resp.
104
Apêndice D: Entrevista Professor 1
Sexo masculino, 48 anos, 23 anos de magistério na rede particu-
lar, somente 02 anos na rede estadual, trabalha somente com o Ensino Mé-
dio. Tomou conhecimento da atual proposta no início do ano letivo/2008, atra-
vés do Professor Coordenador. Leu a Proposta e aplica, dentro do possível.
Professor de Física
Os professores não aceitam a nova proposta principalmente os
professores efetivos. Sou Ocupante de Função Atividade, categoria "L", não
aprovado no concurso. Na semana passada, comecei a dar aula de Física e
os alunos disseram que o professor anterior mandou jogar os cadernos de a-
tividades no Lixo.
Às vezes eu sinto que deveríamos apresentar as propostas nas
séries iniciais, indo gradativamente introduzindo ano a ano. A estratégia é
perfeita, mas a clientela ainda não está preparada para esse tipo de ensino.
Os alunos das séries iniciais (se os cadernos chegarem nas datas corretas)
foram e serão amplamente beneficiados: porem, os das series finais ficaram
confusos e perderam na mesma proporção que ganharam os alunos das seri-
es iniciais.
O currículo deixa muita responsabilidade na mão do aluno, e jo-
gar a responsabilidade para os alunos não vai dar certo, eles não querem ser
responsável.
Eu perguntei para os alunos o objetivo de eles estarem na esco-
la, muitos disseram que se não vierem o conselho tutelar obriga e prendem os
seus pais. O interesse social é muito indefinido por parte dos alunos.
Gosto das estratégias apresentadas nos cadernos, mas eles não
chegam nas datas certas, ou seja, no inicio de cada bimestre (ou no final do
anterior). Se os cadernos chegassem nas datas corretas talvez não houvesse
a opção de não trabalhá-los.
105
Não concordo totalmente com a Proposta Curricular, alguns con-
teúdos necessitam ser adaptados, já que são coisas irreais para nossa cultura
e cotidiano.
106
Apêndice E: Entrevista Professor 2
Sexo feminino, 37 anos, 04 de magistério. Disciplina de Histó-
ria.Teve conhecimento da atual proposta no início de 2008, com orientação
feita pelo Professor Coordenador. Trabalha com o Ensino Fundamental e com
o Ensino Médio. Leu a proposta, tenta aplicar.
A proposta é boa, mas seria impossível trabalhar somente ela.
Os alunos ainda estão naquela mente de questionários de respostas prontas,
sendo assim, desenvolvo com eles critérios de leituras e opiniões próprias a
respeito do assunto a ser tratado, dessa forma estimulo a pensar e refletir. Al-
guns colegas também trabalham dessa forma e, é claro, adaptando da melhor
forma a cada classe, escola e realidade do educando.
Gosto de trabalhar com habilidades e competências e entendo
que o processo de aprendizado de um individuo não deve apenas estar con-
templado em conteúdos, desta forma acredito que o aluno tem sua visão de
mundo que deve ser estimulada, para que este se desenvolva como um cida-
dão pleno.
Gostaria de ressaltar somente que o tempo de horas que eles
dizem ser necessário para aplicar as aulas, dependendo da turma, não é sufi-
ciente. E em outros casos o numero de aulas que temos, exemplo no meu ca-
so que dou aulas de História no 3º ano do Ensino Médio, é realmente impos-
sível aplicar o conteúdo sugerido nas apostilas.
Se trabalhássemos somente com as atividades dos cadernos,
não daria certo, muitas vezes não correspondem com a realidade de cada
comunidade. Para sanarmos as dificuldades encontradas nas apostilas do
caderno do aluno, revemos as situações de aprendizagem trazendo próximo à
realidade da sala.
Somente a atual proposta deixará a situação social da mesma
forma e quem ganhará serão sempre os políticos que necessitam de pessoas
107
com menos informações possíveis para que se continue a manipulação já e-
xistente sobre todo o território nacional.
A responsabilidade do sucesso e do não sucesso da educação
sempre caiu sobre o professor, e essa situação continuará acontecendo, pois
a lei implantada é simplesmente uma escrita esquecida em papel.
108
Apêndice F: Entrevista Professor 3
Sexo feminino, 31 anos, trabalha somente com o Ensino Médio,
teve conhecimento da atual proposta somente no momento da implantação,
em 2008. Recebeu orientação sobre a nova proposta, no mês de Fevereiro,
em orientação técnica efetuada pela Diretoria de Ensino. Leu a proposta cur-
ricular e somente aplica os cadernos porque assim foi determinado. Entende
que “quase todos” os conteúdos que deve ensinar aos alunos estão contem-
plados nos cadernos, mas não entende direito o que seria trabalhar com habi-
lidades e competências. Disciplina Filosofia e Sociologia.
É preciso um grande trabalho de base, dando suporte para os
professores, antes de trabalhar com habilidades e competências. Os cader-
nos do Estado mudam de assunto muito rapidamente, não permitindo que o
aluno tenha domínio do conteúdo. Logo, o professor precisa fornecer todo o
conteúdo antes de abordar cada questão do caderno, o que impossibilita sua
conclusão. O caderno do 4º.bimestre, por exemplo, nunca será usado.
Gostaria que houvesse mais tempo para se trabalhar com os
cadernos pois eles chegam atrasados e fica muito corrido, principalmente pa-
ra os professores com poucas aulas semanais.
Acredito que não existe boa aceitação da proposta curricular por
parte dos professores, pois muitos que convivo estão totalmente desanima-
dos, pois acham que o Governo não está nem aí para a classe dos professo-
res.
Foi ignorada a opinião dos professores sobre a nova proposta
curricular, os professores são os últimos a saber sobre alguma mudança.
O Estado está simplesmente buscando soluções como naquele
velho ditado: tapar o sol com a peneira.
109
O professor fica sendo visto somente como intermediário e facili-
tador e o conteúdo didático está muito complexo para facilitar o aprendizado
do aluno.
Mas não nos resta outra saída. Ou se trabalha esses cadernos
para „prepararmos os alunos‟, ou nossos alunos não vão bem nas avaliações
externas e não somos merecedores do bônus por desempenho.
110
Apêndice G: Entrevista - Professor 4
Sexo masculino, 37 anos, 12 de magistério, trabalha com o en-
sino fundamental e ensino médio, com a disciplina Matemática, leu a proposta
e aplica. Entende não ter a opção de não trabalhar com os cadernos.
Muitos professores estão tentando implantar a proposta curricu-
lar, mas muitos se cansam, pois às vezes, dependendo da unidade escolar,
falta material e até espaço físico e algumas vezes até descaso da direção da
unidade escolar. Muitos temas da proposta estão um pouco fora da realidade
dos educandos, são de difícil abordagem e temos que nos desdobrar para fa-
cilitar o ensino daquele tema, pois está fora de nossa realidade também.
Na escola que tenho contato, a maioria das disciplinas não ven-
ce os cadernos a cada bimestre, e os professores optam por trabalhar de sua
maneira os temas sugeridos nos cadernos, mas o pouco tempo não permite
explorá-los melhor. Usar um pouco o livro didático como complemento é o
máximo que podemos fazer.
Entendo que seja importante trabalhar com habilidades e com-
petências, mas é preciso também trabalhar com conteúdo, não por ele ser o
mais importante do processo, mas por ser exigência do mercado (vestibula-
res, concursos, etc.).
A intenção do Governo é adequar os nossos alunos para servir
os mais ricos e poderosos.
O trabalho dos Diretores e Coordenadores está em evidência e
nós professores que trabalhamos na formação do cidadão, deveríamos ser
mais valorizados e não sermos tratados com indiferença pelos nossos gover-
nantes.
111
Apêndice H: Entrevista Professor 5
Sexo feminino, 44 anos, 14 de magistério, trabalha com a disci-
plina Arte, no ensino fundamental. Teve conhecimento da Proposta curricular
através de orientação técnica efetuada pela Diretoria de Ensino, em Fevereiro
de 2008. Não trabalha com a proposta apesar de a “ordem ser para traba-
lhar”. Entende que os colegas também não trabalham com a proposta, so-
mente dizem fazê-lo.
Com relação ao fato de termos de trabalhar com habilidades e
competências é até interessante. Porem os vestibulares não trabalham com
competências e habilidades, mas sim com conteúdos. O ENEM, por exemplo,
que foi criado para dar igualdade de condições de acesso às universidades,
avaliava as habilidades e competências e, hoje, voltou a ser conteudista. Por-
tanto a desigualdade de condições continuará existindo, ou seja, as classes
favorecidas, que estudam em escolas tradicionais e aprendem todos os “con-
teúdos”, continuarão sendo favorecidas e as classes desfavorecidas, que até
se favoreceram por algum tempo com o ENEM, voltaram a continuar sendo
desfavorecidas. Ou seja, a educação publica é estrategicamente planejada
para não funcionar. Os alunos egressos da escola pública “não devem ter o
direito de se transformar e transformar o seu redor, pois, como desfavorecidos
que são, deverão continuar analfabetos políticos, propiciando a desigualdade
de classes, a má distribuição de renda e, conseqüentemente, a má distribui-
ção de informação”. Informação e conhecimento, dentro do universo capitalis-
ta, são uma forma de capital. Se tiver informação e conhecimento, tem-se, de
certa forma, poder. Porém o poder “não deve mudar de mãos”.
E aí? O que fazemos? Nos rebelamos em nome da igualdade de
oportunidades e condições? Ou simplesmente desistimos, cansados e des-
motivados que estamos e desvalorizados que somos?
Quem é o culpado? O professor? O Diretor? O Governo? O Sis-
tema Capitalista?
112
O que fazer? A resposta está na “boa vontade” daqueles que
podem fazer mudar. Porem, eles não querem mudar; “querem mandar”.
O processo de implantação do currículo foi de forma contunden-
te, sem a participação do professor no processo decisório, como vem ocor-
rendo sempre... Na disciplina de Arte, o nível de vocabulário é extremamente
elevado, os alunos não têm o menor embasamento.
Além disso, o nível de conhecimento que tais apostilas exigem é utópico na
escola pública. O aluno não tem que "aprender / assimilar nada", pois ele
será promovido automaticamente, independentemente de seu sucesso ou
fracasso enquanto aprendiz.
Então, ele mesmo, caindo neste engodo, simplesmente "detesta" esses "ca-
derninhos" porque, como muitos alunos afirmam, tratam de coisas das quais
nunca ouviram falar. E quem é o culpado? O professor é claro! Afinal, o Esta-
do tem que achar um culpado para o fracasso de seu sistema educacional,
certo?
E quem é responsabilizado e penalizado por mais um fracasso imposto por
esta política neoliberal? O professor.
Eu, de minha parte, enquanto professora, não preciso de "receita, passo a
passo" para dar aulas. Primeiro porque não sou imbecil, consigo avaliar um
material e aplicá-lo sem necessariamente ter que ler o "caminho das pedras"
e segundo, porque o que preciso é de respeito.
Será que talvez fosse interessante nós professores fazermos uma "cartilha"
estilo esses cadernos, com todos os passos de como se respeitar um
profissional que está desacreditado, desmotivado, desvalorizado, de-
sassalariado?
Será que este grupo de teóricos muito bem remunerado para “detonar o pro-
fessor na mídia” não sabe o que é respeito?
113
Apêndice I: Entrevista - Professor 6
Sexo feminino, 57 anos, 12 de magistério, trabalha com o ensino
médio, com a disciplina Geografia. Tomou conhecimento da proposta no início
do ano letivo de 2008.
Recebi orientação do Coordenador da escola mas somente so-
bre a Proposta Curricular geral, que foi entregue pelo Coordenador, lemos e
demos a devolutiva somente sobre a proposta. Relativo aos cadernos do pro-
fessor e aluno não recebemos orientação. Entendo que até teria possibilidade
de não trabalhar com os cadernos, porém o projeto é importante, pois traba-
lha a atualidade e resgata o passado.
Segundo meu critério de avaliação quanto a Proposta Curricular,
penso que veio auxiliar a Educação num momento, em que por falta de nor-
mas e diretrizes, o ensino público caminhava sem um ponto objetivo de saída
e muito menos de chegada. A Proposta Curricular veio significar um eixo, pelo
qual nortearia uma estrutura, que no mínimo iria atender às necessidades bá-
sicas as quais o aluno necessita para compor sua história cultural, na passa-
gem pela escola.
Pensando numa ampliação maior, mais definitiva e elucidativa,
para o pretendente seguir seus estudos, deve-se ampliar estes currículos,
mas tendo como base a proposta geradora, que rompendo com os padrões
formais da educação, atendeu as necessidades dos jovens do século XXI.
Em face de tanto descontentamento de professores e alunos na
época em que assumi o cargo, que não faz tanto tempo assim, acorreu-me a
idéia de que algo deveria ser feito em função de tanto descaminho. Confesso
que como professora e com pouca experiência na ocasião, estava bastante
descontente também.
Assim aceitei o Currículo Oficial, como algo a ser experimenta-
do, e confesso, sem imposição, mesmo porque a palavra Proposta me dá a-
bertura para modificações e acréscimos que julgar necessário para atender a
tal clientela. Isto é por conta do professor e uma reciclagem também é neces-
114
sária, para acompanhar um currículo que não é estático. Veja que estou fa-
lando por mim.
Muitos professores utilizam a proposta parcialmente por resis-
tência e muitas vezes por desconhecer os conteúdos (situações de aprendi-
zagem) dos cadernos. Falta investimento em formação do currículo.
Gostei realmente dos cadernos do aluno e do professor e utilizei-
os (só não consegui utilizá-los totalmente – por falta de tempo – no quarto bi-
mestre, mas aproveitei algumas partes que considerei mais importantes). O li-
vro didático é também importante e necessário. Vejo os cadernos dos alunos
e do professor como um ensaio de planejamento bimestral. É só estudá-los
bem e seguir o que se planejar...
Minha preocupação não é saber se tem intenções políticas, o
porquê, ou se financiam a atual Proposta, mas sim aproveitar do momento e
dela, ajudar o aluno a ser consciente através do ensino e das questões que
envolvem nossa vida enquanto cidadãos; seu caráter ideológico e condutor do
seu próprio destino. Isso não significa ignorar, mas não perder mais tempo e
sair do comodismo. Não é uma tarefa fácil, requer tempo e trabalho árduo.
Não haverá êxito do aluno, do professor e nem dos gestores se
todos não olharem para um mesmo objetivo e contarem com a responsabili-
dade do Estado e da família. O fracasso ou o sucesso será de todos. A políti-
ca educacional deverá ser voltada para a formação do indivíduo, que um dia
poderá representar um povo livre e soberano.
O processo de aprendizagem de um indivíduo não deve apenas
estar contemplado em conteúdos, dessa forma acredito que o aluno tem sua
visão de mundo, que deve ser estimulado para que se desenvolva como um
cidadão pleno.
115
Apêndice J: Entrevista - Professor 7
Sexo masculino, 26 anos, formado em Letras a 02 anos, Leciona
Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e Médio. Teve conhecimento
da atual Proposta Curricular somente na época da implantação , em 2008, a-
través do Professor Coordenador da escola. Declara ter lido a proposta antes
de começar aplicar os cadernos e tenta aplicá-la de forma integral.
A Diretora não „“obriga‟ a aplicação, mas „força” bastante. En-
tendo que o caderno não condiz com o aprendizado dos alunos, pois não res-
peita o nível de cada classe. Isso dificulta muito as aulas, pois o professor tem
que sair do caderno para passar outro conteúdo de pré-requisito para só de-
pois voltar à regularidade do caderno. Fica muito difícil de trabalhar um conte-
údo atual se o aluno está com seu aprendizado atrasado.
Os conteúdos são coerentes, mas nem todos os alunos acom-
panham ao mesmo tempo, necessitando assim da diversidade metodológica e
essencialmente estudos extraclasses que a maioria destes não demonstra in-
teresse.
Entendo ser uma boa proposta, mas às vezes parece que quem
elaborou está “viajando na maionese”. Diversas vezes os alunos tiram um sar-
rinho... Professor, nada a ver essa lição aqui... Num vou fazer essa „merda‟
que tão pedindo aqui não... Professor, se eu fizer só essa parte aqui “ta certo,
né"? Só que eu uso...e quando eles não entendem o porque de determinada
lição eu tento explicar e mostrar.
Habilidade e competência são, sem dúvida, boas estratégias e
preparam amplamente o aluno, mas nem todos nós, educadores, tivemos
formação para atuar dessa maneira em sala de aula e estamos sobrecarrega-
dos de trabalho para compor nosso salário estando em mais de uma escola,
em séries e cursos diferentes.
116
Apêndice K: Entrevista Professor 8
Sexo masculino, 40 anos, 13 de magistério, trabalha somente
com ensino médio. Teve conhecimento da nova proposta através de orienta-
ção técnica oferecida pela Diretoria de Ensino. Leu a proposta e aplica parci-
almente, em algumas aulas. Entende que não há a opção legal de não traba-
lhar com os cadernos. Professor de Química.
Acredito que a sensação é a mesma e coletiva em todas as es-
colas da SEE, no que tange o novo currículo e sua implementação. Em meu
primeiro ano percebi que a aceitação do novo programa pelos professores e
até mesmo por mim, foi boa. As complicações começaram a partir do momen-
to em que os bimestres foram chegando com seus cadernos e suas "situa-
ções de aprendizagens", novos temas, temas contextualizados, desenvolvi-
mentos de competências e habilidades, proposições didáticas diferenciadas,
seqüências didáticas, mudanças nas formas de avaliação, salas de aulas ca-
da vez mais heterogêneas em todos os sentidos e a falta de formação dos
professores para trabalharem com as novas abordagens dos cadernos dos
alunos, principalmente no ensino médio, onde há a maior ocorrência de re-
clamações e criticas sobre os conteúdos e abordagens.
A proposta curricular dá bastante abertura para adequação da
proposta pedagógica da escola, as duas se completam, os temas e os conte-
údos são mais direcionados para a formação do aluno cidadão, e o desen-
volvimento da leitura e escrita.
Acredito que a necessidade da unificação de um currículo era o
que se esperava por pelo menos quase a maioria dos professores da rede es-
tadual, através de enquetes, pesquisas, depoimentos no fale conosco, etc...
Talvez a participação na escolha da confecção e produção de como seria o
novo currículo não teve um envolvimento direto.
117
Apêndice L: Entrevista Professor 9
Sexo masculino, 33 anos, 2 de magistério, trabalha com ensino
fundamental e médio. Recebeu, em 2008, os cadernos para serem aplicados,
sem que houvesse orientação. Aplica parcialmente nas disciplinas de Língua
Português e Língua Inglesa.
Eu aplico, mas tem alguns exercícios que são jogados. Para que
efetue a aprendizagem antes, preciso ensinar todos os conceitos para depois
utilizar o caderno, caso contrario os alunos não conseguiriam resolver os pro-
blemas propostos. Falta muita coisa como gramática e ortografia
A proposta curricular não foi bem aceita pelos professores em
função da condição de preparação e formação dos atuais professores na rede
em adaptar e criar adaptações que atendam o desenvolvimento por compe-
tência e a dificuldade de quebra de paradigma. Acredito que os cadernos são
apenas a ponta do iceberg, um apoio, e o professor deve ter o discernimento
de complementá-los de forma coerente.
Na verdade, os cadernos nem apresentam conteúdo específi-
co... apesar de assim constar na proposta curricular...ainda acho os cadernos
muito vagos.... Refiro-me às disciplinas de Língua Português, Inglês, Artes e
Geografia. Educação Física, uma professora da escola que eu trabalho adora!
Matemática, falam muito bem também. Os alunos não conseguem se identifi-
car com os cadernos de Língua Portuguesa, isso para todas as séries. Ouço
muito: - Aí, professor, esse caderninho é muito chato... As aulas estão tão
chatas...Professor, eu odeio esse caderno do Governo. Quinta série ainda dá
pra passar.
A proposta foi imposta e na rede não funciona porque tanto o
coordenador pedagógico como o diretor não têm autonomia na gestão do pro-
fessor em sala de aula.
118
Vejo a educação no Estado como uma educação “fazente” e não
pensante. O que posso garantir é que o Estado, de fato, não assume seu pa-
pel fornecendo as condições mínimas e básicas necessárias.
119
Apêndice M: Entrevista Professor 10
Sexo masculino, 47 anos de idade, 20 de magistério, trabalha
com ensino fundamental e médio. Teve conhecimento da proposta com orien-
tação dada pelo professor coordenador, no início do ano letivo de 2008. Leu e
proposta e aplica, porque entende que não tem outro jeito, que não existe a
opção de não aplicar. Acredita que quase todos os colegas aplicam pelo
mesmo motivo. Entende que os conteúdos que estão nos cadernos não con-
templam a necessidade dos alunos e que trabalhar com habilidades e compe-
tências não seja uma boa estratégia. Professor de Ciências e Biologia.
Com relação à nova proposta curricular do Estado o que tenho a
dizer é que manda quem pode e obedece quem tem juízo. Não podemos es-
quecer que existe o bônus... Entendo, no entanto, que como estava não podia
continuar, pois cada professor seguia por um lado.
Posso complementar ou diversificar a forma trabalhada, porque
muitas vezes a realidade do aluno não permite, no caso de pesquisas em si-
tes, onde trabalho não tem sala de informática e tem vários alunos carentes.
Os conteúdos são abordados, porem superficialmente. É neces-
sária a complementação através de um livro didático. Ás vezes é necessário
que o aluno tenha um conhecimento pré-adquirido para resolver os exercícios
propostos na apostila e isso nem sempre condiz com a realidade que vive.
Alunos da rede pública de ensino saem com defasagem de con-
teúdo. O SARESP foi conteudista, a prova da UNESP e UNICAMP foi puro
conteúdo. Não podemos achar que o aluno do estado não tem direito de fazer
um bom vestibular.
O caderno de Biologia do EM, em Botânica, começa com a se-
guinte frase: “- Mamãe... se a galinha come milho, a planta come terra?” Isso
é uma afronta a inteligência humana! Um absurdo! Pois botânica cai nos me-
lhores vestibulares e nossos alunos não estarão preparados, nunca, para fa-
zer uma universidade pública.
120
Anexo A
FICHA 6: AVALIAÇÃO DO PROFESSOR SOBRE A A-
PLICAÇÃO DOS CADERNOS DO PROFESSOR DO 1° e 2º BIMES-
TRES
(contido no caderno do Gestor vol1. – 2008) Disciplina: _______________________________
1. Nestes bimestres, você utilizou o Caderno do Pro-
fessor em suas aulas?
( ) sim. ( ) não. Por quê?
__________________________________________________________________
2. Os conteúdos previstos no Caderno do Professor de
disciplina/ciclo bimestre foram contemplados?
( ) sim, totalmente. ( ) sim, parcialmente. ( ) não. Por quê?
__________________________________________________________________
3. As Situações de Aprendizagem apresentadas no
Caderno do Professor foram interessantes, conseguindo desper-
tar o interesse dos alunos?
( ) sim, totalmente. ( ) sim, em parte. ( ) não foram interessantes.
4. As Situações de Aprendizagem propostas no Ca-
derno do Professor foram adequadas para que os alunos pudes-
sem desenvolver as habilidades e competências previstas para a
série, bimestre e disciplina?
( ) sim, totalmente. ( ) sim, parcialmente ( ) não foram adequadas.
121
5. Os instrumentos de avaliação propostos no Caderno do Professor foram:
( ) totalmente aplicados. ( ) foram parcialmente aplicados. ( ) não foram aplicados.
6. Se você recorreu aos instrumentos de avaliação
propostos no Caderno do Professor de disciplina/série/bimestre,
assinale apenas a maior vantagem desta utilização:
( ) não apliquei os instrumentos de avaliação propostos no Caderno do Professor
( ) pude diversificar as minhas estratégias de avaliação. ( ) aprendi um pouco mais sobre como elaborar instrumentos de avaliação. ( ) pude usar os resultados da avaliação como diagnóstico para a recuperação
continua. ( ) apliquei os instrumentos, mas não identifico nenhuma vantagem por tê-los
utilizado. 7. As propostas de recuperação contínua propostas no Caderno do
Professor de disciplina: ( ) foram aplicadas e adequadas, porque os alunos conseguiram superar os
problemas de aprendizagem. ( ) foram aplicadas, mas não ajudaram os alunos a superar os problemas de
aprendizagem ( ) não foram aplicadas. 8. Se você utilizou o Caderno de Professor para ministrar as aulas
previstas na disciplina/ série, assinale o seu nível de satisfação em relação aos seguintes
aspectos: Nível O - Insatisfação Nível 3 - Média satisfação Nível 5 - Alta satisfação Outros níveis - Valores intermediários a) clareza do texto e das informações. ( ) b) nível de dificuldade das Situações de Aprendizagem propostas em relação à série. ( ) c) qualidade das ilustrações. ( ) d) conteúdos propostos face ao número disponível de aulas. ( ) e) diversidade de estratégias propostas. ( ) f) indicação de materiais complementares para consulta do professor. ( ) 9. Atribua uma pontuação de 1 a 5 aos fatores que interferiram no
trabalho com os Cadernos do Professor: 1 significa "dificultou muito", 3 significa que nem dificultou nem contribuiu e 5 significa "contribuiu muito". As outras notas correspondem a níveis intermediários de avaliação.
( ) O número de alunos em sala de aula.
122
( ) O interesse dos alunos. ( ) A disciplina na sala de aula. ( ) O material de apoio. ( ) O tempo para preparar as aulas. ( ) O apoio dos gestores da escola ( ) A coerência em relação à Proposta Curricular. ( ) O domínio da maioria dos alunos em relação aos conteúdos das séries anteriores. ( ) As Situações de Aprendizagem propostas. Escolha até 4 Cadernos do Professor para sua avaliação considerando os
indicadores abaixo. 10. Aponte os principais erros ou imprecisões nas orientações e conteúdos do
Caderno do Professor. _______________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
11. Em sua opinião, quais as vantagens que o uso sistemático do
Caderno do Professor pode representar para: a) a sua formação:
______________________________________________________________________ _______________________________________________________________
______________________ b) a sua atuação docente:
________________________________________________________________ _______________________________________________________________
______________________ c) a aprendizagem dos alunos:
____________________________________________________________ _______________________________________________________________
______________________ 12. Em sua opinião, quais as críticas e obstáculos ao uso sistemático do
Caderno do Professor no contexto da implementação da Proposta Curricular? _______________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________