Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Percepção ambiental dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello
Ayres, SESI-165 e Waldorf Novalis na cidade de Piracicaba – SP
Fernanda Paiva Lemos
Monografia apresentada ao Departamento de Economia,
Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz” – ESALQ/USP, como requisito parcial para obtenção do
título de Graduação em Gestão Ambiental.
Piracicaba
2015
Fernanda Paiva Lemos
Percepção ambiental dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello Ayres,
SESI-165 e Waldorf Novalis na cidade de Piracicaba – SP
Orientador:
Profº. Dr. Antônio Ribeiro de Almeida Júnior
Monografia apresentada ao Departamento de Economia,
Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP, como requisito parcial para
obtenção do título de Graduação em Gestão Ambiental.
Piracicaba
2015
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à minha família, a qual sempre me incentivou e estimulou,
desde criança, a entrar em contato com a natureza, aprofundando minha admiração por ela
(natureza) e fazendo com que, mais tarde, surgisse a motivação para lutar em prol da
manutenção desses ambientes naturais.
Agradeço às minhas amigas e amigos que depositaram confiança em minha capacidade e
sempre estiveram caminhando ao meu lado, especialmente a Nádia (além de grande amiga,
ótima conselheira), Larissa, Marco, Mariana, Cláudia, Gabriel e Carlos.
Ao grupo de extensão PET-Ecologia (e seus participantes queridos) pela oportunidade de
participar durante dois anos extremamente gratificantes, pois me auxiliou e serviu de base
para a ideia e concretização deste trabalho.
Ao colégio Mello Ayres e seus estudantes, principalmente às coordenadoras Nomaiacy e
Maria da Penha e ao professor Fábio, que me receberam e possibilitaram a realização do
estudo.
Ao colégio SESI-165, principalmente à Vânia, demonstrando grande abertura à minha
pesquisa, assim como seus estudantes.
Ao corpo pedagógico do colégio Waldorf Novalis e seus estudantes, pela delicadeza e
dedicação ao me receberem e especialmente à professora Marcia e ao professor e colega de
curso, Victor Hugo, que demonstrou grande disposição em me auxiliar.
Ao Andrés Enrique Lai Reyes, que se dispôs alegremente a me auxiliar
consideravelmente durante o desenvolvimento da pesquisa, possibilitando a realização da
mesma com maior qualidade.
Por fim, agradeço especialmente ao orientador Antônio Almeida pela atenção, confiança,
auxílio e ricos momentos de reflexão.
3
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 5
RESUMO ......................................................................................................................... 7
ABSTRACT ..................................................................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 10
3. APROFUNDANDO OS CONCEITOS DE PERCEPÇÃO ....................................... 15
3.1. PERCEPÇÃO INDIVIDUAL: SENSORIAL E RACIONAL ................................ 15
3.2. PERCEPÇÃO SOCIAL E COMUNITÁRIA ........................................................ ..16
3.3. PERCEPÇÃO ÉTICA DO MEIO AMBIENTE...................................................... 17
4. OBJETIVOS ............................................................................................................... 18
5. METODOLOGIA....................................................................................................... 19
6. OS COLÉGIOS .......................................................................................................... 22
6.1. “ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR ELIAS DE MELLO AYRES” ................. 22
6.2. A PEDAGOGIA WALDORF ................................................................................. 23
6.2.1. Colégio “Waldorf Novalis” .................................................................................. 24
6.3. O SISTEMA SESI DE ENSINO ............................................................................. 27
6.3.1. Colégio “SESI-165” ............................................................................................. 28
67. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 29
7.1. PALAVRAS RELACIONADAS À NATUREZA ................................................. 29
7.2. LAZER QUE MAIS AGRADARIA ....................................................................... 32
7.2.1. Por Gênero ............................................................................................................ 33
4
7.3. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS GOSTAM DE FAZER NO
COLÉGIO .............................................................................................................................. 35
7.4. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS GOSTAM DE FAZER NO TEMPO
LIVRE ................................................................................................................................... 38
7.5. FATORES QUE MAIS INCOMODAM NA CIDADE DE PIRACICABA-SP .... 41
7.6. FATORES QUE MAIS AGRADAM NA CIDADE DE PIRACICABA-SP ......... 42
7.7. PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE O PLANETA ENFRENTA OU PODE
ENFRENTAR NOS PRÓXIMOS ANOS ............................................................................. 43
7.8. ARBORIZAÇÃO URBANA .................................................................................. 45
7.9. OPINIÃO SOBRE O RIO PIRACICABA .............................................................. 47
7.10. PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELOS DANOS AO AMBIENTE ..................... 51
7.11. MÍDIAS DIGITAIS............................................................................................... 52
7.11.1. Tempo de Conexão ............................................................................................. 52
7.12. PRINCIPAIS OBJETIVOS PARA O USO DAS MÍDIAS DIGITAIS PELOS
ESTUDANTES ................................................................................................................... ..54
7.12.1. Televisão............................................................................................................. 54
7.12.2. Computador ........................................................................................................ 55
7.12.3. Celular ................................................................................................................ 56
7.13. PRINCIPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE ........ 57
8. CONCLUSÕES FINAIS ............................................................................................ 58
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 61
ANEXOS ........................................................................................................................ 66
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Entrada do Colégio “E.E. Prof. Elias de Mello Ayres”. ................................... 20
Figura 2 - Entrada do Colégio “Waldorf Novalis”. ........................................................... 21
Figura 3 – Entrada do Colégio “SESI-165”.. .................................................................... 21
Figura 2 e 5 - Horta e Jardim do Colégio “Mello Ayres” ................................................. 23
Figura 6- Bairro Monte Alegre .......................................................................................... 25
Figura 7 e 8 - “Horta e composteira”; coletor de água da chuva (a ser recolocado).
“Colégio Waldorf Novalis” ...................................................................................................... 26
Figura 9 - “Casa na Árvore” e “mesa de tênis de mesa” construídos pelos estudantes do
“Colégio Waldorf Novalis” para momentos de recreação........................................................ 26
Figura 10 e 11 – Lago projetado e construído pelos estudantes; Sala de aula com janelas
amplas e vista para o bosque. Colégio Waldorf Novalis .......................................................... 27
Figura 12 – Pátio do Colégio “SESI – 165” ...................................................................... 28
Figura 13 - Oficina e jogo sobre conceitos ecológicos. Colégio "SESI-165" .................. 29
Figura 14 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio "Waldorf Novalis" ........... ..31
Figura 15 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “Mello Ayres”. .................. 31
Figura 16 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “SESI-165”. ....................... 32
Figura 17 – Média de atividades para lazer. ................................................................. 33
Figura 18 – Escolha de atividades para lazer do gênero feminino. .............................. 33
Figura 19 – Escolha de atividades para lazer do gênero masculino. ............................ 34
Figura 20 – Atividades que os estudantes mais apreciam no colégio. ......................... 35
Figura 21 - Média de atividades curriculares no colégio. ............................................ 36
Figura 22 - Média de atividades culturais/artísticas/musicais no colégio .................... 37
6
Figura 23 - Média de atividades em meio natural no colégio. ..................................... 37
Figura 24 – Atividades que os estudantes mais apreciam em seu tempo livre. ............ 39
Figura 25 - Médias de atividades em meio natural no tempo livre. ............................. 39
Figura 26 - Médias de atividades relacionadas às mídias digitais no tempo livre. ...... 39
Figura 27 - Médias da atividade "dormir" no tempo livre. ........................................... 40
Figura 28 – Fatores que mais incomodam na cidade de Piracicaba – SP. .................... 41
Figura 29 – Fatores que mais agradam na cidade de Piracicaba – SP. ......................... 42
Figura 30 - Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos
anos. ..................................................................................................................................... 43
Figura 31 – Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos
anos. Gráfico unificado (de todos os colégios). .................................................................. 44
Figura 32 – Presença de árvores no bairro em que os estudantes residem. .................. 45
Figura 33 – Opinião sobre a presença de árvores no espaço urbano. ........................... 46
Figura 34 – Opinião dos estudantes sobre a presença de peixes no Rio Piracicaba. .... 47
Figura 35 – Opinião dos estudantes sobre a qualidade da água do Rio Piracicaba. ..... 48
Figura 36 – Opinião dos estudantes sobre a preservação da mata ao redor do Rio
Piracicaba............................................................................................................................. 50
Figura 37 – Opinião dos estudantes sobre o odor do Rio Piracicaba. .......................... 50
Figura 38 – Principal responsável pelos danos ao meio ambiente. .............................. 51
Figura 39 – Tempo de mídia dos estudantes por escola ............................................... 52
Figura 40 – Opções de maior interesse para utilização da Televisão. .......................... 54
Figura 41 – Opções de maior interesse para utilização do Computador. ..................... 55
Figura 42 – Opções de maior interesse para utilização do Celular. ............................. 56
Figura 43 – Principais fontes de informação sobre meio ambiente .............................. 57
7
RESUMO
Percepção ambiental dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello Ayres, SESI-
165 e Waldorf Novalis na cidade de Piracicaba – SP
Este estudo buscou conhecer e analisar de forma quantitativa e qualitativa as percepções
ambientais dos estudantes do oitavo ano dos colégios: Mello Ayres, SESI-165 e Waldorf
Novalis, em Piracicaba – SP, assim como identificar os fatores que podem influenciar na
percepção adquirida por eles. Para tanto, os métodos utilizados foram: aplicação de
questionário, mesclando questões de múltipla escolha e questões abertas, possibilitando maior
desenvolvimento das respostas pelos estudantes e análise de alguns dados obtidos utilizando o
software SAS (Statistical Analysis System). Com os resultados obtidos, foi possível realizar
algumas considerações: tanto o ambiente escolar quanto atividades de cunho ambiental
propostas pelos colégios podem influenciar na percepção dos estudantes; o tempo (excessivo)
em que os adolescentes permanecem conectados às mídias digitais dificulta as vivências
práticas em meio à natureza que estimulem sensações e sentimentos de pertencimento e
conexão do indivíduo com a natureza. O estudo da percepção ambiental pode servir como
uma ferramenta para diagnóstico que possibilite e auxilie o planejamento e elaboração de
projetos, políticas públicas e ações em prol da conscientização ambiental.
Palavras-chave: Percepção ambiental, psicologia ambiental, mídias digitais, ambiente
escolar
8
ABSTRACT
Environmental perception of students from eighth year in schools: Mello Ayres, SESI-
165 and Waldorf Novalis in the city of Piracicaba – SP
The purpose of this study was to know and analyze quantitatively and qualitatively the
environmental perception of students from eighth year in schools: Mello Ayres, SESI-165 and
Waldorf Novales, at Piracicaba-SP, as well as identify the factors that could influence in
perception acquired by them. Therefore, the methods used were a questionnaire, merging
multiple choice questions and open questions, enabling further development of responses by
students and analyzing some data using SAS software (Statistical Analysis System). With the
results obtained, it was possible to make some considerations: both the school ambience as
environmental activities proposed by schools can influence in perception of students; time
(excessive) that teenagers remain connected to the digital media prevents them from practices
in nature which stimulate sensations and feelings of belonging and individual connection with
nature. The study of environmental perception can serve as a tool for diagnosis that enables
and assists the planning and preparation of projects, policies and actions for environmental
awareness.
Keywords: Environmental perception, environmental psychology, digital media, school
environment
9
1. INTRODUÇÃO
Tendo em vista o crescimento populacional mundial, o número atual de habitantes do
Planeta Terra (hoje beirando 7,2 bilhões), e a perspectiva para 2050 de 9,6 bilhões de
habitantes, segundo relatório da ONU (2015), torna-se mais evidente a preocupação de alguns
setores da sociedade com a preservação dos recursos naturais existentes, que são finitos.
Historicamente, não houve grande preocupação com a preservação e manutenção da
qualidade ambiental. O crescimento das cidades ocorreu de maneira desordenada e sem
planejamento e, até recentemente, os recursos naturais não foram considerados fatores de
grande importância. Outro elemento decisivo, é que hoje a maior parte da população se
encontra em ambientes urbanos, o que fez com que os seres humanos se afastassem do meio
rural e natural, desconectando-se da natureza e, portanto, transformando sua percepção.
Outro fator de grande importância que mudou a forma de ver, sentir e perceber o mundo e
que alterou significativamente o comportamento humano foi o rápido crescimento e
desenvolvimento das tecnologias, principalmente das mídias digitais aos quais a população
fica conectada grande parte do dia, afetando a relação entre os seres humanos, o homem com
ele mesmo e com o ambiente.
Contudo, a questão ambiental vem ganhando espaço globalmente, a partir da Conferência
da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Ambiente Humano, realizada em
Estocolmo em 1972, fomentando debates e ações decisivas, alterando significativamente a
geopolítica mundial e inspirando novos modelos de civilização, surgindo em 1987 o relatório
Nosso futuro comum, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, dando
contornos ao conceito de desenvolvimento sustentável.
Após esse período, ocorreram diversas convenções e eventos ambientais internacionais
importantes, como a Conferencia da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992 e mais recentemente, em 2012, a
“Rio+20”, entre muitas outras.
A importância da pesquisa em percepção ambiental para o planejamento do ambiente foi
ressaltada pela UNESCO (1973): “uma das dificuldades para a proteção dos ambientes
naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos
10
mesmos entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócio econômicos que
desempenham funções distintas, no plano social, nesses ambientes”.
Portanto, surge a necessidade de se identificar as diferentes percepções ambientais e seus
fatores de influência, para dessa forma, possibilitar estratégias mais eficazes de ações para
sensibilização e conscientização ambiental, transformando o comportamento humano em prol
do ambiente.
Tendo em vista a importância dessa temática, a realização deste trabalho consiste na
tentativa de identificação e no estudo da percepção ambiental de estudantes dos colégios:
“Escola Estadual Professor Elias de Mello Ayres”, “SESI-165” e “Escola Waldorf Novalis”,
todos eles localizados na cidade de Piracicaba, no estado de São Paulo, assim como a
identificação de fatores que podem influenciar essa percepção.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Coimbra (2009), a essência da questão ambiental situa-se precisamente no
relacionamento da espécie humana com o conjunto do mundo natural. O ser humano e o
mundo natural são termos relativos, há compromisso entre ambos e laços de interesse mútuo.
O fundamento relacional é a qualidade ambiental para o planeta e qualidade de vida para a
espécie humana. Portanto, não se deve mais focalizar o homem como elemento extrínseco ao
meio ambiente e superior a ele.
Frente a essa complexa realidade, um campo que tem sido explorado é o da psicologia
ambiental, projetada na Europa e nos Estados Unidos, a partir do século XX e no Brasil, a
partir da década de 1970.
Segundo Cavalcante e colaboradores (2011), a psicologia ambiental possui como objetivo
o estudo das relações entre pessoas e o ambiente, a influência do espaço físico nos seres
humanos e a compreensão da construção de significados e os comportamentos relativos aos
diversos espaços da vida, bem como as modificações e influências suscitadas pela
subjetividade humana no ambiente.
Esse campo possui o enfoque nas relações entre os comportamentos sócio espaciais
humanos (territorialidade, privacidade, apropriação, aglomeração etc.) e os diversos processos
11
psicossociais (percepção, cognição, representações e simbolizações) nos quais se baseiam
nosso comportamento.
“A psicologia ambiental é distinguível dos campos tradicionais da percepção porque a
maioria dos estímulos de que esta última se ocupa, embora provenientes do meio físico, foram
deles extraídos e aplicados a indivíduos cativos na situação controlada de laboratório [...] Isso
constitui um procedimento muito adequado aos cientistas, e muito nos ensinou acerca das
características dos estímulos e dos vários modos como as pessoas lhes respondem, mas diz-
nos muito pouco sobre o meio ambiente” (LEE, 1977, p. 13).
Uma área relacionada às questões socioambientais, localizada no campo da psicologia
ambiental, é a percepção ambiental, que também permite recolocar o homem como parte do
ambiente e não isolado deste.
O termo percepção é definido como: ato ou efeito de perceber; combinação dos sentidos
no reconhecimento de um objeto; recepção de um estímulo; ideia; imagem; representação
intelectual etc. (DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2014).
Percepção é um substantivo que se aplica ao ato, ao processo de perceber. Perceber um
fato, um fenômeno ou uma realidade, significa captá-los bem, dar-se conta deles com alguma
profundidade, não apenas superficialmente (COIMBRA, 2009).
Segundo o princípio de supersoma da Gestalt (“exposto ao olhar”), concebido na primeira
metade do século XX, segue o pressuposto de que é através do todo, ou melhor, da percepção
da totalidade é que a razão pode decodificar e assimilar uma imagem ou um conceito
(RIBEIRO et. al. 2009).
Supersoma é considerada como a indivisibilidade do todo por meio de suas partes, pois o
todo é maior que a soma de suas partes (RIBEIRO et. al. 2009).
A percepção é o primeiro passo no processo de conhecimento. Se a percepção é falha, os
juízos e raciocínios chegarão a conclusões falsas ou equivocadas (COIMBRA, 2009).
Portanto, a percepção ambiental objetiva perceber o ambiente em que se está inserido. Ela
pode auxiliar na tomada de consciência do ambiente pelo ser humano. Se há falha ou
equívoco na percepção sobre as questões ambientais, o comportamento humano acaba sendo
pautado por conclusões também equivocadas.
12
Em virtude de um novo modo de perceber o meio ambiente, influenciado pela ampliação
da discussão sobre o assunto e sobre o papel dos cidadãos em relação a esta questão, é
possível notar algumas mudanças em direção a uma maior conscientização dos padrões de
consumo (BEDANTE, 2004). Segundo Drumwright (1994, apud BEDANTE, 2004), as
decisões de compra, por exemplo, têm sido influenciadas pelo aumento da sensibilidade e da
consciência ambiental.
O nível de conscientização ambiental de cada indivíduo está diretamente relacionado com
o grau de percepção ambiental do mesmo, de acordo com Macedo (2005 apud FREITAS,
2009).
Tendo em vista a relação íntima entre a importância da percepção e a mudança de
comportamento e atitude do indivíduo, segundo Bettman (1973, apud BEDANTE, 2004), as
consequências de um comportamento adotado podem ser boas ou más com grau de valor
diferente para cada indivíduo, dependendo de suas crenças.
Seguindo esse raciocínio, para citar um exemplo, Dowling (1986, apud BEDANTE,
2004) define risco percebido tendo como base a avaliação dos possíveis resultados negativos e
da probabilidade de que esses resultados ocorram, partindo inicialmente da percepção de que
o receptor tem da negatividade da sequência de suas ações. E dessa forma, o indivíduo que
considerar sua própria atitude como negativa, estará mais susceptível e disposto a mudá-la.
Para Abram (1997) e Ferreira e Coutinho (2000), a percepção ambiental é
condicionada por fatores inerentes ao próprio indivíduo, fatores educacionais e culturais
transmitidos pela sociedade e fatores afetivos e sensitivos derivados das relações do
observador com o ambiente.
Segundo Rodaway (1994), a percepção tem duas dimensões que devem ser reconhecidas:
a percepção como sensação e a percepção como cognição. A percepção como sensação é a
relação cinética e bioquímica, entre a pessoa e o mundo, que está submetida a uma coleção de
estímulos ambientais. Essa relação é mediada pelos órgãos dos sentidos Já a percepção como
cognição refere-se a um processo mental, o qual envolve memória, associações e processos de
construção de pensamentos, os quais são mediados pela cultura. O processo de compreensão
de uma cultura não deve separar a questão biológica da cultural, pois uma pode refletir e/ou
influenciar a outra, além de sempre caminharem juntas na evolução humana (RODAWAY,
1994).
13
O estudo sobre percepção ambiental ocorre de maneira interdisciplinar, e começou a ser
incluído nas mais diversas áreas do conhecimento, além da Psicologia, como a Arquitetura,
Geografia, Filosofia, Antropologia, entre outras, e mais recentemente, como auxílio para
iniciativas na educação ambiental.
Na Arquitetura, a disseminação das pesquisas sobre a temática envolvendo percepção
ambiental ocorreu a partir da constituição do grupo “Man and Biosphere – 13” (MAB) na
UNESCO, na década de setenta, cujo foco das questões era a Percepção do Meio Ambiente. O
projeto da UNESCO enfatizava o estudo da percepção do meio ambiente como fundamental
para a gestão de lugares e paisagens que tinham importância para a humanidade (UNESCO,
1973).
O marco importante do desenvolvimento da percepção ambiental na área da Geografia foi
a sugestão do termo Geografia Humanística pelo geógrafo chinês Yi-Fu Tuan (1930): “essa é
uma forma de fazer Geografia que não prioriza gerar um conhecimento objetivo e/ou teórico,
mas um conhecimento que advém das percepções, representações, atividades e valores dos
Homens em geral”.
Assim, essa visão da geografia visa alcançar uma compreensão do mundo, através do
estudo das relações das pessoas com o meio ambiente, de seu comportamento geográfico, de
seus sentimentos e de suas ideias em relação aos espaços e aos lugares (RIBEIRO, 2009).
Segundo Oliveira (2001), o conceito de paisagem não se restringe ao âmbito da natureza,
mas envolve o ser humano com consciência, afetividade e conhecimento crítico; espaço seria
definido como espaço vivido e lugares, como dimensão existencial e perceptiva.
Já no campo da Filosofia, existem estudos sobre imaginação e afetividade e sua relação
com o ambiente, e estudos das dimensões simbólicas da relação ser humano-ambiente, por
exemplo.
Para Merleau-Ponty (1994, apud RIBEIRO, 2009), o ser humano está no mundo com o
seu corpo e é através dele que nós o conhecemos. O mundo pulsa entre os meios múltiplos de
significados, pois ele é um campo de percepções, compreensões, pensamentos e sentidos.
Existe um campo de estudo conhecido como “Media Ecology”, podendo ser traduzido
como “Ecologia das Mídias” e consiste no estudo da mídia como um “meio”, segundo
McLuhan (1964): “o meio é a mensagem”, pois acredita que o meio é que impacta
14
significativamente as relações humanas, não a mensagem específica que enviamos ou
recebemos. Segundo ele, são os materiais com os quais trabalhamos, e os métodos que
escolhemos para trabalhar com as tecnologias, por exemplo, que possuem maior significância.
Para McLuhan (1964, apud STRATE, 2008) o meio é a mensagem porque o conteúdo
não pode existir sem o “meio”. Assim, considerando apenas o fato do avanço das tecnologias
e a rápida troca desses itens tecnológicos, já é suficiente para impactar o ser humano e suas
relações com os outros e com o ambiente, independente da mensagem e da intenção que esteja
sendo passada para quem o utiliza.
De acordo com Marx (1867, apud DUARTE, 1995), a tecnologia revela a maneira como
o homem lida com a natureza.
Segundo a concepção de Marx (1867, apud CARVALHO, 2014), o aumento da
produtividade na lógica capitalista passa a ser o ponto crucial: quanto mais se produz, mais se
consegue vender e portanto mais se obtém lucro, permitindo assim a ampliação do capital.
Quanto menos força de trabalho se utiliza, com o uso de instrumentos mais avançados
(tecnologia), maior tende a ser a taxa de lucro e, consequentemente, maior a acumulação.
Assim, “a produção capitalista só desenvolve, portanto, a técnica e a combinação do
processo social de produção na medida em que mina, ao mesmo tempo, as fontes originárias
de toda riqueza: a terra e o trabalhador” (MARX, 1867, apud DUARTE, 1995).
Tendo em vista a importância do tema apresentado a respeito da percepção ambiental
adquirida pelo ser humano e sua transdisciplinaridade, surge o questionamento sobre a
influência do avanço das tecnologias (principalmente das mídias digitais) nesse processo e
como essa realidade impacta a relação do homem com o meio natural.
Dessa forma, procura-se entender os fatores sociais, ambientais, psicológicos, culturais e
subjetivos que envolvem a relação do ser humano com o ambiente e, assim, o estudo da
percepção ambiental serve como diagnóstico para análises e para maior entendimento sobre o
comportamento humano e seus estímulos, expectativas, julgamentos etc. e a identificação da
diferença de valores para cada individuo/comunidade.
15
3. APROFUNDANDO OS CONCEITOS DE PERCEPÇÃO
Segundo Coimbra (2009), existe diversos tipos de percepção, como exemplo: percepção
individual (sensorial e racional); percepção social ou comunitária e percepção ética do meio
ambiente.
3.1. PERCEPÇÃO INDIVIDUAL: SENSORIAL E RACIONAL
Levando em consideração o processo de conhecimento da espécie humana, nada pode
estar no intelecto sem que antes tenha passado pelos sentidos. Os sentidos, como órgãos de
relação do organismo animal com o seu mundo exterior, têm sua modalidade própria de
apreender o objeto conhecido e enviar sua representação para o sistema nervoso central, por
intermédio das sensações. Uma vez elaborado pelo cérebro, essa imagem impressa que vem
dos sentidos converte-se em imagem expressa para o sujeito cognoscitivo. O estoque de
sensações dá lugar a um estoque de ideias (confusas e desorganizadas) que, quando
relacionadas com outras ideias, o sujeito faz um juízo (afirmando ou negando qualquer
atributo). Depois, quando concatena juízos e discorre mentalmente sobre eles, parte para um
raciocínio (COIMBRA, 2009).
Essa ideia descrita por Coimbra mostra em linhas gerais, o circuito do conhecimento,
segundo a lógica aristotélica, que parte do princípio que o processo da percepção e do
conhecimento racional não se origina da ação de parte isolada do ser, mas sim de uma ação
integrada dos processos, levando em conta o ser cognoscitivo por inteiro.
Assim, considerando o meio ambiente como objeto de conhecimento, a percepção
sensorial desempenha grande papel ao detectar sinais específicos da qualidade ambiental, seja
ela boa ou positiva, seja má ou negativa. É por meio deles que se pode aferir os sintomas e
incômodos da poluição ou da degradação ambiental, por exemplo (COIMBRA, 2009).
Essa percepção sensorial é responsável por fornecer ao ser humano indicadores valiosos
de qualidade de vida.
16
A percepção sensorial é o processo alimentador do conhecimento racional que formulará
juízos e encadeará raciocínios (COIMBRA, 2009).
Já a percepção racional é um processo aperfeiçoado de conhecimento, desenvolvida no
âmbito da inteligência, apta a trabalhar com elementos imateriais de maneira concatenada,
seguindo a lógica estrutural do pensamento (por exemplo: premissas, nexo entre elas,
consequência, conclusão) (COIMBRA, 2009).
É importante ressaltar, que todos os bancos de dados pessoais, sinais, linguagem,
representações, formaram-se a partir do mundo natural e da observação da natureza, pois
estão contidas nela todas as formulações matemáticas, científicas, técnicas, filosóficas etc.
Ainda segundo Coimbra (2009), as percepções sensoriais e racionais são inseparáveis
como duas faces da mesma moeda.
3.2.PERCEPÇÃO SOCIAL E COMUNITÁRIA
A sociedade tem suas representações sociais sobre o meio ambiente que traduzem o modo
de ver ou a opinião corrente sobre a realidade ambiental. Essas representações variam de
acordo com as diferentes regiões e realidades sociais, porém, estão ligadas à cultura
dominante (COIMBRA, 2009).
Da perspectiva de Moscovici (1978, apud Mazzotti, 1997), é interessante e válido ressaltar
que as representações sociais organizam as condutas e atitudes das pessoas e, nesse sentido,
são verdadeiras para o grupo social que as construiu. A representação confere certa identidade
grupal e orienta as ações de determinado grupo social.
Essas representações geralmente resultam de fatores históricos, culturais e naturais.
“Considerando a realidade do Brasil, a par com o desperdício e as variadas agressões ao
meio ambiente – frutos da inconsciência, da ignorância ou da ganância -, convive uma
sensibilização vaga e tímida acerca dos problemas ambientais da região e do país”
(COIMBRA, 2009).
17
Assim, é importante ressaltar a importância dos efeitos do processo histórico do país,
exploratório de recursos sociais e naturais, influenciando a percepção social e coletiva da
população.
Outro fator de grande influência dessa percepção envolve os meios de comunicação de
massa, que apesar de produzirem e transmitirem mensagens de interesse ambiental, ainda são,
muitas vezes, inadequados ou reducionistas.
3.3.PERCEPÇÃO ÉTICA DO MEIO AMBIENTE
A origem etimológica da palavra “ética” vem do grego “ethos”, que significa “modo de
ser” ou “caráter” (DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO).
Segundo Vaz (1999, apud Ferreira, 2007), o uso da palavra “ética”, correspondendo a um
tipo determinado de saber, que tem por objetivo específico a práxis, ou seja, a excelência do
agir humano em sua essencial destinação: a realização do Bem na vida do indivíduo e da
cidade, por meio do qual podemos desenvolver hábitos fundamentados em valores e
princípios que possam tonar possível e agradável a morada do homem no planeta.
Segundo Coimbra (2009), e ética desenvolve no espírito humano uma percepção de valor
intrínseco das coisas e das ações que compõem o universo. As percepções sensoriais
processam-se mediante os sentidos, que fazem a ligação entre o mundo interior da pessoa e o
seu universo exterior.
De acordo com o campo filosófico aristotélico-tomista, o “sentido” ético é desenvolvido
com o desempenho dos outros sentidos. Haveria no íntimo do ser humano uma sorte de
“órgão ético”, algo entre o inato e o adquirido, que acusa o valor moral das nossas ações.
Seria como um “núcleo interior sólido”, de força espiritual, que desabrocha na consciência.
Segundo Coimbra (2009), há dupla necessidade ético-ambiental: respeitar os limites da
natureza e cuidar do planeta considerado “nossa casa”, condições absolutas para alcançar uma
convivência harmoniosa dos seres humanos entre si e com o ecossistema planetário.
18
Tendo em vista os conceitos sobre percepção apresentados, pode-se propor que os
diferentes conceitos não são totalmente separáveis e limitados, são complementares e com
alto potencial de transformação.
Por isso a importância de se identificar ações que podem influenciar de forma positiva
essas percepções, para estabelecer maior conexão entre o ser humano e a natureza, em prol da
preservação do meio ambiente físico e de fatores subjetivos e simbólicos do imaginário
humano.
4. OBJETIVOS
Os objetivos da presente pesquisa envolvem, primeiramente, conhecer e analisar as
percepções ambientais dos estudantes do oitavo ano dos colégios: “Escola Estadual Professor
Elias de Mello Ayres”, no bairro São Dimas, “Waldorf Novalis”, localizado no bairro Monte
Alegre e “SESI - 165”, no bairro Ipanema, todos localizados em Piracicaba - SP, através de
aplicação de questionários.
Assim, espera-se que as respostas obtidas através dos questionários e visitas às escolas
permitam identificar se há diferenças entre as percepções, os valores desses diferentes grupos
analisados e se há influências do ambiente escolar e do método pedagógico no processo.
Outra questão a ser analisada com a pesquisa é a existência de influência do uso das
mídias digitais pelos estudantes das escolas em suas percepções ambientais.
Como objetivo secundário, através de todos os processos citados, espera-se também
apontar algumas práticas e ações que sejam mais eficazes na tomada de consciência e
responsabilidade do indivíduo com o ambiente em que está inserido.
O estudo e identificação da percepção ambiental de cada grupo cultural, nesse caso, dos
estudantes de diferentes ambientes e métodos educacionais, é uma ferramenta fundamental
para possibilitar estratégias e ações na tentativa de sensibilizar os estudantes e seu senso de
responsabilidade com relação às questões socioambientais e reaproximá-los da natureza, para
que dessa forma, estes possam protegê-la e valorizá-la, tornando essa relação mútua benéfica
a todos.
19
5. METODOLOGIA
Existem diferentes tipos de enfoque para realização de uma pesquisa, de acordo com seu
objetivo específico: o enfoque quantitativo e o qualitativo, por exemplo.
O enfoque quantitativo utiliza coleta de dados para responder às questões da pesquisa e
testar hipóteses estabelecidas previamente, confia na medição numérica, na contagem e
frequentemente no uso da estatística para estabelecer com exatidão os padrões de
comportamento de uma população (SAMPIERI, 2006).
O enfoque qualitativo, em geral, é utilizado para descobrir e refinar as questões de
pesquisa. Segundo Grinnell (1997, apud Sampieri, 2006), às vezes, mas não necessariamente,
hipóteses são comprovadas. Com frequência esse enfoque está baseado em método de coleta
de dados sem medição numérica, como as descrições e observações. Seu propósito consiste
em “reconstruir” a realidade, tal com é observada pelos atores de um sistema social
predefinido, não se reduz ao estudo de suas partes, considera o todo (SAMPIERI, 2006).
A ênfase do estudo qualitativo não está em medir as variáveis envolvidas no fenômeno,
mas sim entendê-lo.
Já o modelo multimodal (triangulação), é a convergência ou fusão dos enfoques de
pesquisa quantitativo e qualitativo, agregando assim maior profundidade ao estudo, com uma
perspectiva mais complexa, considerando tanto os fatores objetivos quanto os subjetivos da
pesquisa.
Com relação ao tipo de estudo de uma pesquisa, segundo a classificação de Danhke
(1989, apud Sampieri, 2006), pode ser divido em: exploratórios, descritivos, correlacionais e
explicativos.
Ainda segundo Danhke (1989, apud Sampieri, 2006), os estudos exploratórios servem
para preparar o campo e possuem o objetivo de examinar um tema ou problema de pesquisa
pouco estudado, do qual se tem muitas dúvidas; os estudos descritivos procuram especificar
as propriedades, características e perfis importantes de pessoas, grupos, comunidades ou
20
qualquer fenômeno que se submeta à análise; o tipo correlacional tem como objetivo avaliar a
relação entre dois ou mais conceitos, categorias ou variáveis (em determinado contexto) e o
explicativo está destinado a responder às causas dos acontecimentos, fatos, fenômenos físicos
ou sociais.
Considerando os fatores citados, o estudo foi realizado mesclando o exploratório, o
descritivo e o correlacional, buscando atingir enfoque tanto quantitativo, utilizando dados
exatos e softwares de análises estatísticas, quanto qualitativo, na tentativa de aprofundar os
detalhes, com observações, levando em consideração o contexto estudado.
O software específico utilizado na análise de alguns dados foi o SAS (Statistical Analysis
System), que consiste em um sistema integrado de aplicações para análise de dados.
Tendo em vista a complexidade das questões sociais e ambientais e a importância da
identificação da percepção ambiental de determinado grupo social, é necessário conhecer
primeiramente, o contexto em que os diferentes grupos estão envolvidos.
Como mencionado anteriormente, a amostragem escolhida para o projeto envolve o
estudo com estudantes do oitavo ano dos colégios: “Escola Estadual Professor Elias de Mello
Ayres” (Figura 1), “Waldorf Novalis” (Figura 2) e “SESI-165” (Figura 3), em Piracicaba, no
interior do estado de São Paulo, que possuem algumas diferenças quanto à pedagogia de base
utilizada, mas possuem algumas iniciativas de conscientização ambiental.
Figura 3 - Entrada do Colégio “E.E. Prof. Elias de Mello Ayres”. Fonte: Fotos da autora. Data: 28/set/2015
21
Figura 4 - Entrada do Colégio Waldorf Novalis. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015
Figura 5 - Entrada do Colégio “SESI-165”. Fonte: Fotos da autora. Data: 09/out/2015
Após o primeiro contato com os colégios envolvidos na pesquisa, visitas foram realizadas
a fim de conhecer o ambiente escolar, assim como conversas com alguns representantes
pedagógicos sobre atividades ambientais educativas proporcionadas pelas escolas.
Para identificação da percepção ambiental, existem alguns métodos. Segundo Faggionato
(2002), diversas são as formas de se estudar a percepção ambiental, como questionários,
mapas mentais, representação fotográfica, desenhos etc.
O método escolhido para coleta de dados para este trabalho consiste na aplicação de
questionário (ANEXO A - Questionário), semi-aberto, contendo uma mescla de questões
abertas, possibilitando maior elaboração por parte do entrevistado e questões fechadas, de
múltipla escolha.
Com relação à estruturação do questionário, as perguntas foram separadas em partes:
identificação do entrevistado (colégio em que estuda, idade, bairro em que mora etc.);
22
vivências e afinidades, considerando o ambiente escolar e extraescolar; questões ambientais
(em eixos principais: problemas ambientais; produção agrícola e origem dos alimentos;
arborização urbana e recursos hídricos) e utilização das mídias digitais.
Os questionários foram respondidos presencialmente pelos estudantes, em sala de aula,
com duração de aproximadamente trinta minutos.
6. OS COLÉGIOS
6.1.“ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR ELIAS DE MELLO AYRES”
O colégio público “Mello Ayres” está localizado no bairro São Dimas (que completou
cinquenta anos em 2015), e possui aproximadamente 1.200 estudantes, de Ensino
Fundamental e Médio. Foi classificada como a terceira escola pública da cidade com maior
média no ENEM 2014 (JORNAL DE PIRACICABA, agosto de 2015).
A escola possui alguns professores engajados na área da educação ambiental e criaram
um projeto de horta (Figura 4) e jardim (Figura 5), implementados pelos próprios estudantes,
que também auxiliam nos cuidados diários, como regar, colher, replantar etc.
Em comemoração ao Dia da Árvore (21 de setembro no hemisfério sul), foram plantadas
algumas mudas de árvores pelo colégio, firmando a parceria entre a escola e a SEDEMA
(Secretaria de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba), que fornecerá outras mudas ao longo
do ano, com objetivo de deixar o ambiente escolar mais agradável.
As iniciativas citadas acima fazem parte do projeto “Jardim Sensorial”, em parceria com
professores da ESALQ/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade
de São Paulo) por meio do Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência),
realizado em 2014, envolvendo professores, funcionários e justamente os estudantes do atual
oitavo ano (a série escolhida para a pesquisa) (PIBID ESALQ, 2015).
23
Figura 6 e 5 - Horta e Jardim, “Colégio Mello Ayres”. Fonte: Fotos autora. Data: 28/set/2015
6.2. A PEDAGOGIA WALDORF
A Pedagogia Waldorf possui valores diferenciados dos colégios tradicionais, baseada nos
conceitos da Antroposofia (palavra derivada do grego anthropós, homem, e sophia,
sabedoria), criada em 1919 pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), contemplando
um currículo de atividades diversas.
Segundo Lanz (1979), a pedagogia Waldorf se baseia, fundamentalmente, no encontro
entre homens; em primeiro lugar, aquele entre professor e aluno. Essa relação aluno-professor
é o cerne dessa pedagogia, pois o professor é considerado mensageiro de determinada matéria,
com a responsabilidade de apresentá-la ao aluno, levando em consideração a integração desta
em um cosmo total.
A Pedagogia Waldorf tem como base o conceito de que o desenvolvimento de cada ser
humano ocorre de forma particular, portanto, o ensino deve levar em conta as diferentes
características de cada indivíduo, buscando atingir clareza do raciocínio, equilíbrio emocional
e iniciativa da ação.
Para isso, o currículo de atividades dos estudantes é desenvolvido a partir do estímulo do
“pensar, sentir e querer”, o “sentir” como elemento mediador, respeitando as etapas de
desenvolvimento do indivíduo, que ocorrem em períodos de sete anos (os setênios).
Segundo Steiner (apud LANZ, 1979), a relação íntima entre o aluno e o professor está
ligada aos três princípios pedagógicos: a imitação no primeiro setênio; a autoridade baseada
24
no amor, no segundo, e o juízo próprio, resultado da observação e da vivência própria, no
terceiro.
O professor é responsável por determinada classe ao longo de oito anos, durante o
segundo setênio (do primeiro até o oitavo ano), lecionando as matérias mais tradicionais,
como história, geografia, física, matemática etc. No terceiro setênio, as matérias são
lecionadas por professores especializados, porém, a figura do professor tutor ainda
permanece.
Assim, o currículo permeia tanto as disciplinas comuns a todos os colégios tradicionais,
como Matemática, Química, Geografia, História etc. mesclados com atividades lúdicas e
artísticas, envolvendo também agricultura, jardinagem, euritmia (desenvolvendo gestos e os
movimentos do corpo humano), artesanato, educação musical com cantos e instrumentos.
As artes e os trabalhos manuais e artesanais ocupam na pedagogia Waldorf um lugar
de destaque, pois não se trata de formar artistas e artesãos, mas sim, de proporcionar
aos jovens o contato com diversos materiais e atividades básicas da humanidade,
como fiar, tecer, forjar, modelar, esculpir, pintar etc. Assim, os jovens que passam
por essas experiências adquirem maior respeito e admiração pelos trabalhos
manuais, além de adquirirem uma sensibilidade mais aprofundada (LANZ, 1979).
Outro aspecto relevante a ser levado em consideração nessa pedagogia, é o estímulo às
crianças para não se exporem tanto aos meios tecnológicos, como televisão, computadores,
vídeo games, pois influencia os processos mentais, físicos e psíquicos das crianças. Portanto,
propõe atividades que incentivem e desenvolvam a admiração e respeito pela beleza do
mundo, entre outros aspectos.
6.2.1. Colégio “Waldorf Novalis”
Historicamente, por volta do ano de 1965, o bairro Monte Alegre na cidade de Piracicaba,
onde o colégio “Waldorf Novalis” está localizado, foi formado pelos trabalhadores (em sua
maioria, imigrantes) da Usina Monte Alegre. Hoje em dia é possível notar algumas
construções que restaram daquela época (Figura 6).
25
Figura 6 - “Bairro Monte Alegre”. Fonte: “Blog do Ronco”. Data: Março/2013.
O colégio “Waldorf Novalis”, criado em 1999, é fruto do projeto da “Associação Arcanjo
Gabriel” (atualmente “Associação Pedagógica Novalis – APN”), sociedade civil sem fins
lucrativos, de caráter educacional, cultural e beneficente, que possui como objetivo o
desenvolvimento e manutenção de Escolas Waldorf na cidade de Piracicaba.
A pesquisa foi realizada com estudantes do oitavo ano (dezesseis estudantes), que
correspondem à faixa etária de treze anos, portanto, estão no segundo setênio, segundo a
pedagogia Waldorf.
O foco durante o segundo setênio consiste em trabalhar com os sentimentos da
criança/jovem, estimulando sua fantasia, criatividade e o despertar da consciência do próprio
corpo.
No colégio “Waldorf Novalis”, os estudantes juntamente com os professores, também
construíram uma horta e uma composteira (Figura 7) (recipiente ou local para que ocorra o
processo de compostagem dos resíduos).
A compostagem é a “reciclagem dos resíduos orgânicos”: é uma técnica que permite a
transformação de restos orgânicos (sobra de alimentos em geral, podas de jardim, serragem
etc) em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico,
tendo como produto final o composto orgânico (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE –
MMA).
Há também iniciativas como implantação de coletor de água da chuva (Figura 8) para ser
utilizada em diversas finalidades, como exemplo, na irrigação da horta.
26
O ambiente em que o colégio está inserido é agradável, com a presença de muitas árvores
e diferentes espaços construídos pelos próprios estudantes para auxiliar no aprendizado e
diversão, incluindo as salas de aulas (Figuras 9, 10 e 11).
Figura 7 e 8 - “Horta e composteira”; coletor de água da chuva (a ser recolocado). “Colégio Waldorf
Novalis”. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015.
Figura 9 - “Casa na Árvore” e “mesa de tênis de mesa” construídos pelos estudantes do “Colégio Waldorf
Novalis” para momentos de recreação. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015.
27
Figuras 10 e 11 – Lago projetado e construído pelos estudantes; Sala de aula com janelas amplas e vista
para o bosque. Colégio Waldorf Novalis. Fonte: Fotos da autora. Data: 08/out/2015.
6.3. O SISTEMA SESI DE ENSINO
O SESI (Serviço Social da Indústria) foi criado em Julho de 1946, com o desafio de
desenvolver uma educação de excelência voltada para o mundo do trabalho e aumentar a
produtividade da indústria. Na tentativa de oferecer soluções para as empresas industriais do
Brasil, o SESI utiliza uma rede integrada que engloba atividades de educação, segurança e
saúde do trabalho e qualidade de vida.
O Sistema SESI de Ensino oferece educação básica integral para os trabalhadores da
indústria e seus dependentes, com objetivo de formar pessoas para o mercado de trabalho. As
escolas SESI estimulam a criatividade, capacidade de inovação, empreendedorismo,
responsabilidade social e ambiental dos estudantes. São aproximadamente 175 escolas no
Estado de São Paulo.
O Ensino Fundamental possui diversas parcerias e projetos para estimular o
desenvolvimento dos estudantes, como torneios, prêmios e incentivo a tecnologias como,
principalmente, conhecimentos na área da robótica (Programa Robótica nas Escolas).
28
6.3.1. Colégio “SESI-165”
O Colégio “SESI – 165” está localizado no bairro Ipanema, de origem simples na
periferia da cidade de Piracicaba.
O projeto de implantação do “SESI-165” nesse local é recente, começando em 2013 e não
possui espaço físico “natural” (presença de árvores estabelecidas, terra e vegetação)
privilegiado, apenas um pátio amplo cimentado, com algumas plantas (Figura 12).
Porém, existem iniciativas para auxílio ao desenvolvimento de conscientização social e
ambiental, como exemplo, uma parceria com um grupo de extensão da “Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz”, campus da USP (Universidade de São Paulo) em Piracicaba, na
tentativa dos estudantes universitários e os estudantes do ensino fundamental do SESI – 165
trocarem conhecimentos sobre conceitos ecológicos, e assim, poderem aplica-los,
interdisciplinarmente, aos conceitos de informática, na criação de games ecológicos
educativos.
Os estudantes do oitavo ano do SESI-165 também tiveram a oportunidade de participar
de oficinas e brincadeiras (Figura 13) com esse mesmo grupo de extensão universitária, sobre
algumas temáticas ecológicas, como a importância dos insetos polinizadores.
Figura 12 – Pátio do Colégio SESI – 165. Fonte: Foto da autora. Data: 09/out/2015.
29
Figura 13 – Oficina e jogo sobre conceitos ecológicos. Colégio SESI-165. Fonte: Fotos da autora. Data:
02/set/2015.
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como dito anteriormente, o questionário foi respondido pelos estudantes do oitavo ano
(faixa etária de treze e quatorze anos) presencialmente em sala de aula, com duração de
aproximadamente trinta minutos, abrangendo todos os estudantes presentes da classe
específica.
Entre os estudantes que responderam ao questionário, vinte e oito (dezesseis do gênero
masculino e doze do gênero feminino) estudam no colégio “Mello Ayres”, vinte e cinco
(quinze do gênero feminino e dez do gênero masculino) no “SESI-165” e dezesseis (nove do
gênero masculino e sete do gênero feminino) no colégio “Waldorf Novalis”.
7.1. PALAVRAS RELACIONADAS À NATUREZA
O primeiro exercício do questionário envolveu a citação das “quatro primeiras palavras
que vêm à sua mente quando pensa em natureza” (ANEXO A - Questionário), na tentativa de
analisar através do processo de associação de palavras, as representações sociais relacionadas
aos estudantes e ao meio natural.
30
Segundo Jodelet (1985), as representações sociais são modalidades de conhecimento
prático orientadas para a comunicação e compreensão do contexto social, material e ideativo
em que vivemos, sendo socialmente elaboradas e compartilhadas, contribuindo para a
construção de uma realidade comum.
O estudo das representações sociais é importante, pois permite identificar como os
sujeitos classificam e categorizam determinado assunto, refletindo formas de construção da
realidade e atribuição de significados (ANDRADE, 2002).
O método utilizado na tentativa de identificar essas representações consistiu na livre
associação de palavras, considerada como a relação entre ideias ou emoções através da
contiguidade, continuidade ou semelhança (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
1980, pg.11).
Com isso, o objetivo da questão específica correspondeu à identificação do conjunto de
palavras que os estudantes associam à natureza, para dessa forma, conhecer as representações
simbólicas que possuem.
A partir das respostas obtidas na questão “cite as quatro primeiras palavras que vem à sua
mente quando pensa em natureza”, a análise foi realizada através da ferramenta conhecida
como diagrama de Pareto (Figura 14, 15 e 16).
O diagrama de Pareto é a forma de colocar dados coletados em um gráfico de barras
verticais, ordenando as frequências das ocorrências. Assim, é possível coletar métricas sobre
quantas vezes ocorre cada problema ou causa (VALLE, 2007).
O Princípio de Pareto se baseia na regra 80/20, ou seja, 20% das ocorrências causam 80%
dos problemas (VALLE, 2007).
Nesse caso, foi possível verificar a frequência das palavras citadas pelos estudantes dos
colégios estudados, confirmando o princípio citado acima, concentrando a frequência
principalmente nas palavras: árvore, animais e água (para “Mello Ayres” e “SESI-165”). O
número total de palavras citadas pelo colégio “Waldorf Novalis” e “Mello Ayres”
corresponde a trinta e quatro e para o colégio “SESI-165”, trinta e dois.
31
Analisando cuidadosamente todas as palavras citadas pelos estudantes dos diferentes
colégios (ANEXO B – Palavras citadas), foi possível perceber algumas palavras que remetem
a admiração, sensações e sentimentos, como: beleza, paz, liberdade, bem – estar e preguiça
(para estudantes do “Mello Ayres”); paz, verdadeiro e beleza (para estudantes do “SESI-165”)
e pureza, beleza, vida, sonho, essencial, cativante, tranquilidade, solidão, paz, alegria e amor
(para estudantes da “Waldorf Novalis”, em maior variedade e frequência de citações).
Figura 14 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “Waldorf Novalis”.
Figura 15 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “Mello Ayres”.
32
Figura 16 – Palavras citadas pelos estudantes do colégio “SESI-165”.
7.2. LAZER QUE MAIS AGRADARIA
A questão “que tipo de lazer mais lhe agradaria?” possibilitava aos estudantes a escolha
de uma entre seis figuras/fotos entre as opções: (A) camping, (B) clube, (C) shopping, (D)
jogar vídeo game, (E) mexer no computador e (F) praia deserta.
Utilizando o software de análise estatística SAS (Statistical Analysis System), um teste
Tukey foi realizado com o objetivo de avaliar se houve diferença significativa entre as médias
das escolhas realizadas pelos estudantes dos colégios (Figura 17).
Verificando os resultados obtidos, foi possível concluir que não houve diferença
significativa entre as escolhas dos três colégios estudados, mas sim, entre as médias das
atividades escolhidas por eles.
Resultados obtidos: com 95% de confiança, as opções “camping” e “praia deserta” não
obtiveram diferença significativa entre si; as opções “praia deserta” e “computador” também
não apresentaram diferença significativa entre si, porém, as opções “camping” e
“computador”, apresentaram diferença significativa e as opções “computador”, “clube”,
“vídeo game” e “shopping” também não apresentaram diferença significativa.
33
Portanto, pode-se concluir que estatisticamente, a quantidade (média) de escolha
realizada pelos estudantes das opções indicadas, apenas apresentou diferença significativa
entre “camping” e “computador” e “camping” e “praia deserta” de “clube”, “vídeo game” e
“shopping”, mostrando que há maior preferencia por atividades envolvendo o meio natural do
que atividades em meio urbano ou digital, no que se refere a uma opção ideal de lazer.
Figura 17 – Média de atividades para lazer. Médias de atividades seguidas pela mesma letra não diferem
(95% de confiança).
7.2.1. Por Gênero
Analisando ainda a mesma questão, aplicando o teste de Tukey no SAS (Statistical
Analysis System), para confirmar se houve diferença estatística significativa entre os gêneros
para as atividades de lazer, os resultados obtidos podem ser verificados nos gráficos abaixo:
0,6
0,7
0,8
0,9
CampingPra_Des.
Comput.Clube
Vid_Game
Shopping
34
Figura 18 – Escolha de atividades para lazer do gênero feminino. Médias de atividades
seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).
Figura 19 – Escolha de atividades para lazer do gênero masculino. Médias de atividades
seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).
Assim, houve diferença significativa entre os gêneros na ordem das escolhas de lazer
que mais os agradariam e a média das escolhas por atividade entre o mesmo gênero.
Para o gênero feminino, “praia deserta” é a opção que mais agradaria. Entre as opções,
“praia deserta” difere de “clube”, “shopping” e “vídeo game” e “praia deserta” e “camping”
diferem significativamente de “vídeo game” (opção de menor interesse).
Para o gênero masculino, “camping” é a opção que mais agradaria. Entre as opções,
apenas “camping” difere significativamente de “shopping” e “computador”.
35
7.3. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS APRECIAM NO
COLÉGIO
Analisando as respostas do questionário (Figura 20), na terceira questão “quais atividades
você mais gosta de fazer no colégio?”, houve pequena variação entre as respostas dos
estudantes dos colégios. As porcentagens indicadas dizem respeito à quantidade citada de
determinada atividade.
Tanto no colégio “Mello Ayres” quanto no colégio “Waldorf Novalis”, as duas atividades
mais citadas foram: “atividade física” e “atividade em meio natural”. As atividades mais
citadas pelos estudantes do colégio “SESI-165” foram: “atividades curriculares” e “atividades
físicas” também.
Entre os estudantes do “Mello Ayres”, as atividades físicas citadas (36%) envolveram,
principalmente: jogar futebol e Educação Física; os estudantes da “Waldorf Novalis” citaram
(34%) atividades como: jogar futebol e salto à distância, por exemplo, e os estudantes do
colégio “SESI – 165” (35%) citaram: Educação Física e jogar basquete.
Com relação às “atividades em meio natural”, os estudantes do “Mello Ayres” citaram
(56%), em sua maioria: horta e jardim, demonstrando o quanto foi significativa para eles essa
iniciativa. Os estudantes da “Waldorf Novalis” citaram (21%): “deitar na grama embaixo da
sombra das árvores”, subir em árvores e atividades ao ar livre.
Os estudantes da “Waldorf Novalis” também citaram consideravelmente (21%)
“atividade Corporal/Artística/Musical”, entre elas: dança, euritmia, atividades artísticas e
tocar instrumento musical, ressaltando assim o quanto essas atividades são estimuladas pelo
colégio e o quanto os estudantes se envolvem.
As atividades que se destacaram (46%) no colégio “SESI-165” foram as “atividades
curriculares”, permeando atividades como: robótica, informática e ciências. Com destaque
significativo a influencia dos projetos na área de robótica e tecnologia, despertando o
interesse desses estudantes.
36
Figura 20 – Atividades que os estudantes mais apreciam no colégio.
Analisando os resultados obtidos após a realização do teste de Tukey no SAS (Statistical
Analysis System) para confirmar se houve diferença estatística significativa entre as médias
das atividades escolhidas pelos estudantes, foi possível identificar essa diferença entre os
colégios para as atividades: “curricular”, “cultural/artística/musical” e em “meio natural”.
Em relação às atividades curriculares (Figura 21), o colégio “SESI-165” se destacou dos
demais, pois apresentou maior preferência por este tipo de atividade, enquanto os estudantes
dos outros colégios apresentaram maior preferência por outro tipo de atividade.
Figura 21 - Média de atividades curriculares no colégio. Médias de atividades seguidas pela
mesma letra não diferem (95% de confiança).
37
Considerando o teste realizado no SAS para a preferência de atividades
“culturais/artísticas/musicais” (Figura 22), o colégio “Waldorf Novalis” e “SESI-165” não
apresentaram diferença estatística significativa. Em relação ao colégio “Mello Ayres”, o
colégio “Waldorf Novalis” apresentou diferença significativa, pois seus estudantes
demonstraram maior preferência por esse tipo de atividade. Contudo, o colégio “SESI-165”
também não apresentou diferença significativa em comparação ao “Mello Ayres”.
Figura 22 - Média de atividades culturais/artísticas/musicais no colégio. Médias de atividades
seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).
Por fim, levando em consideração a preferência dos estudantes pelas atividades em “meio
natural” (Figura 23), o teste realizado no SAS confirmou diferença estatística significativa
entre os colégios. Os estudantes do “Mello Ayres” demonstraram maior preferência por esse
tipo de atividade no colégio em comparação aos demais. Entre os estudantes do “SESI-165” e
da “Waldorf Novalis”, não houve diferença significativa.
Figura 23 - Média de atividades em meio natural no colégio. Médias de atividades seguidas
pela mesma letra não diferem (95% de confiança).
38
7.4. ATIVIDADES QUE OS ESTUDANTES MAIS APRECIAM EM SEU
TEMPO LIVRE
Observando os resultados da quarta questão do questionário “quais atividades você mais
gosta de fazer em seu tempo livre?” (Figura 24), houve variação nas respostas dos estudantes
dos colégios “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis”.
Tanto os estudantes do “Mello Ayres” (54%), quanto os do “SESI-165” (24%), citaram
em sua maioria atividades relacionadas às mídias digitais, como exemplo, jogar vídeo game,
assistir televisão, utilizar o computador e celular. Em segundo lugar, 17 e 18% das atividades
citadas nos colégios, respectivamente, foram relacionadas à “atividade física”.
Os estudantes do colégio “Waldorf Novalis” citaram em sua maioria (17%) atividades
“em meio natural”, como exemplo, “passear e dançar no jardim”, subir em árvores e passear
na chácara.
Em segundo lugar, 14% das atividades citadas pelos estudantes da “Waldorf Novalis”
foram: “atividade física”, “atividade corporal/artística/musical” e “atividades de
entretenimento”, como ouvir música, assistir filmes e seriados.
Com o resultado dessas análises, é possível perceber o grande interesse por parte dos
estudantes da faixa etária estudada (treze e quatorze anos) em atividades físicas e atividades
relacionadas às mídias digitais e entretenimento em seu tempo livre.
Os estudantes do colégio “Waldorf Novalis” se destacam, principalmente, no interesse
por atividades “em meio natural” em seu tempo livre também. Isso pode ser explicado pela
afinidade que possuem com esse meio, além da oportunidade que esses estudantes possuem
de desfrutar desse ambiente no próprio colégio (disponível em tempo integral).
39
Figura 24 – Atividades que os estudantes mais apreciam em seu tempo livre.
Considerando o teste realizado no SAS, os estudantes da “Waldorf Novalis”
demonstraram maior preferência por atividades em “meio natural” em seu tempo livre,
apresentando diferença significativa dos estudantes do “Mello Ayres”. Porém não houve
diferença estatística significativa em comparação aos estudantes do “SESI-165” (Figura 25).
Levando em consideração a preferência dos estudantes do “SESI-165” e do “Mello
Ayres”, não houve diferença estatística significativa entre si.
Figura 25 - Médias de atividades em meio natural no tempo livre. Médias de atividades
seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).
40
Tendo em vista a preferência dos estudantes por atividades relacionadas às mídias digitais
em seu tempo livre, os estudantes do “Mello Ayres” se destacaram dos demais, demonstrando
maior preferência por esse tipo de atividade. Os estudantes dos colégios “SESI-165” e
“Waldorf Novalis” não apresentaram diferença significativa entre si (Figura 26).
Figura 26 - Médias de atividades relacionadas às mídias digitais no tempo livre. Médias de
atividades seguidas pela mesma letra não diferem (95% de confiança).
Por fim, tendo em vista a preferência dos estudantes pela atividade “dormir”, os
estudantes do “SESI-165” e da “Waldorf Novalis” não apresentaram diferença estatística
significativa entre si, demonstrando maior preferência por esse tipo de atividade. Porém, os
dois colégios demonstraram diferença significativa com relação aos estudantes do “Mello
Ayres” (Figura 27).
Figura 27 - Médias da atividade "dormir" no tempo livre. Médias de atividades seguidas pela
mesma letra não diferem (95% de confiança).
41
O teste Tukey no SAS também foi realizado para as demais atividades citadas pelos
estudantes dos colégios estudados, porém não demonstrou diferença estatística significativa
entre eles para preferência dessas atividades.
7.5. FATORES QUE MAIS INCOMODAM NA CIDADE DE PIRACICABA –
SP
Na questão “o que mais lhe incomoda em sua cidade?” também houve pequena variação
nas respostas dos estudantes (Figura 28). As porcentagens indicadas também mostram relação
à quantidade citada de determinado fator de incômodo.
Os colégios “Mello Ayres” e “Waldorf Novalis” tiveram 34% e 21% das citações,
respectivamente, sendo a poluição o fator de maior incômodo. O fator com maior número de
citação (24%) pelos estudantes do “SESI-165” foi o trânsito e em segundo lugar (16%), a
poluição também.
Figura 28 – Fatores que mais incomodam na cidade de Piracicaba – SP.
42
7.6. FATORES QUE MAIS AGRADAM NA CIDADE DE PIRACICABA – SP
Em contrapartida, na questão “o que mais lhe agrada em sua cidade?” (Figura 29) os
colégios “Mello Ayres” e “SESI-165” tiveram 26% e 39% das citações, respectivamente,
relacionadas a “lugares turísticos” como fator que mais os agrada na cidade de Piracicaba, em
São Paulo.
Já entre os estudantes da “Waldorf Novalis”, 31% das citações foram relacionadas à
“natureza/vegetação/arborização”.
Porém, entre as citações relacionadas aos lugares turísticos de Piracicaba, o Rio
Piracicaba, Rua do Porto e Engenho Central foram bastante ressaltados, podendo ser
considerados também, de certa forma, como contendo “natureza/vegetação/arborização”.
Assim, é possível perceber a admiração dos estudantes por locais que possuem alguma
preservação do ambiente natural.
Figura 29 – Fatores que mais agradam na cidade de Piracicaba – SP.
43
7.7. PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE O PLANETA ENFRENTA OU PODE
ENFRENTAR NOS PRÓXIMOS ANOS
Na questão: “cite três problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos
próximos anos”, os quatro problemas ambientais mais citados foram os mesmos nos três
colégios, apenas houve variação na ordem em que foram mais citados (Figura 30).
Os quatro problemas ambientais mais citados pelos estudantes, não necessariamente
nessa ordem, foram: desmatamento, mudanças climáticas, problemas com os recursos hídricos
(poluição e/ou escassez) e poluição, no geral (principalmente poluição do ar).
Outros problemas ambientais relevantes foram citados, como extinções (de ecossistemas,
espécies e habitats) e geração de lixo.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Pew Research Center, com sede em Washington,
nos Estados Unidos, em que 45.350 pessoas foram entrevistadas, abrangendo quarenta países,
a mudança climática é uma preocupação que atinge grande parte dos países do mundo,
principalmente os menos desenvolvidos economicamente.
Os entrevistados foram solicitados a indicar seu nível de preocupação sobre sete temas:
mudanças climáticas, a instabilidade econômica, ISIS (Estado Islâmico), governos ou
ciberataques às empresas, as tensões entre a Rússia e seus vizinhos e disputas territoriais entre
a China e os países vizinhos (SCIENTIFIC AMERICAN, 2015).
Segundo a pesquisa, os dados mais elevados estão na América Latina, onde 61% da
população afirma estar muito preocupada com o fenômeno das alterações climáticas,
principalmente no Peru e no Brasil, países que possuem alto índice de desmatamento.
Tendo em vista as informações retiradas da pesquisa norte americana realizada em 2015,
é possível perceber que a preocupação com relação às alterações climáticas se confirma
também para os estudantes dos colégios estudados (Figura 31), juntamente com o
desmatamento, que é um fator agravante das mudanças do clima.
44
Figura 30 - Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos anos.
Figura 31 – Problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos anos. Gráfico
unificado (de todos os colégios).
45
7.8. ARBORIZAÇÃO URBANA
Com relação à arborização urbana, também não houve grande variação nas respostas dos
estudantes dos colégios estudados, mesmo existindo variedade entre os bairros onde residem.
Apenas a maioria dos estudantes do colégio “Mello Ayres” considera que a arborização de
seus bairros está abaixo do ideal.
A questão “com relação à presença de árvores, você considera que seu bairro: (A) é
excessivamente arborizado; (B) é pouco arborizado ou (C) está ideal” obteve como resposta
(Figura 32):
- 32%, 84% e 56% dos estudantes dos colégios “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf
Novalis”, respectivamente, considera que a presença de árvores no bairro em que residem está
ideal;
- A maior parte dos estudantes do “Mello Ayres” (57%) considera que a presença de
árvores no bairro em que residem está abaixo do ideal;
- Pequena parte dos estudantes dos colégios “Mello Ayres” (11%), “SESI-165” (8%) e
“Waldorf Novalis” (13%) considera que a presença de árvores no bairro em que residem é
excessiva.
Figura 32 – Presença de árvores no bairro em que os estudantes residem.
46
É importante ressaltar que os bairros em que os alunos residem não correspondem
necessariamente aos bairros em que os colégios estão inseridos.
Segundo o estudo realizado pelo pesquisador Flávio Henrique Mendes da “Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz”, campus da USP – Universidade de São Paulo,
Piracicaba está abaixo do índice ideal (de 20% a 30%) de cobertura arbórea, com apenas
9,8%.
“Dos bairros mapeados, o Santa Cecília possui mais árvores, com 20,9%, seguido pela
Cidade Jardim, com 20,6%, Vila Independência com 14,5%, São Judas com 13% e São
Dimas com apenas 5,5%.” (G1 – PIRACICABA E REGIÃO, 2015).
Segundo Lima Neto e Melo & Souza (2009), o Índice de Cobertura Arbórea (ICA) pode
ser considerado como o percentual da soma das áreas de copa arbórea em relação à área total
da rua ou bairro.
Tendo em vista as respostas dos estudantes e os dados sobre cobertura arbórea da cidade
de Piracicaba, é possível perceber uma diferença entre as percepções dos estudantes e os
dados reais da cidade, que estão muito abaixo do índice ideal, principalmente os estudantes do
“SESI-165”.
Isso talvez possa ser explicado pelo fato do colégio não possuir índice significativo de
elementos naturais. Assim, a base de comparação da arborização para eles não possui
realidades distintas, ou seja, os dois ambientes em que frequentam possuem pequena
quantidade de árvores.
Também é importante ressaltar que a diferença de percepção pode estar relacionada com
a diferença do índice de arborização entre os bairros em que os estudantes residem.
Na questão “em relação à arborização urbana, você diria que: (A) no espaço urbano,
árvores causam mais problemas do que benefícios ou (B) no espaço urbano, árvores causam
mais benefícios do que problemas” (Figura 33), grande parte dos estudantes dos colégios
estudados assinalaram a segunda alternativa: 86% dos estudantes do “Mello Ayres”; 92% dos
estudantes do “SESI-165” e 100% dos estudantes da “Waldorf Novalis”.
47
Figura 33 – Opinião sobre a presença de árvores no espaço urbano.
Segundo Silva Filho e colaboradores (2002, apud FREI; 2008) entre os benefícios
propiciados pela arborização estão: bem estar psicológico ao ser humano, sombra para
pedestres e veículos, redução da poluição sonora, proteção e direcionamento do vento,
melhoria na qualidade do ar, redução da amplitude térmica e abrigo para pássaros e insetos.
Portanto, não há duvidas de que as árvores proporcionam mais benefícios que problemas
no ambiente urbano, desde que devidamente planejadas e manejadas.
7.9. OPINIÃO SOBRE O RIO PIRACICABA
Analisando a questão: “considerando sua opinião sobre o Rio Piracicaba, dê uma nota
de 0 a 5 para os itens abaixo (sendo 0: péssimo; 1: ruim; 2 e 3: regular; 4: bom e 5: ótimo):
(A) Presença de peixes; (B) Qualidade da água; (C) Preservação da mata ao redor do rio e (D)
Odor, foi possível perceber que os estudantes dos colégios estudados consideram bem
negativa a situação em que o rio se encontra.
Além de já terem identificado problemas como poluição, relacionado ao Rio
Piracicaba na questão “o que mais lhe incomoda na cidade de Piracicaba – SP?” os estudantes
puderam opinar sobre fatores específicos.
48
Considerando o item “presença de peixes” (Figura 34), a opinião geral dos estudantes
do colégio “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis” é “regular”, sendo 36%, 48% e
56%, respectivamente e “ruim”, 36%, 40% e 19%, respectivamente.
Tendo em vista os últimos períodos de estiagem no estado de São Paulo, não foi rara a
ocorrência de episódios de grande mortandade de peixes do Rio Piracicaba.
Milhares de peixes foram encontrados mortos na tarde desta quarta-feira (12) no Rio
Piracicaba (SP). Várias espécies diferentes boiavam às margens do manancial, que
vive a seca mais rigorosa para o período nos últimos 50 anos. Não foi a primeira
mortandade verificada neste verão no trecho (G1 PIRACICABA E REGIÃO, 2014).
Figura 34 – Opinião dos estudantes sobre a presença de peixes no Rio Piracicaba.
Com relação ao item “qualidade da água” (Figura 35), a avaliação também foi bastante
negativa, acumulando a maior parte das respostas em “ruim” e “péssimo”.
A porcentagem dos estudantes do colégio “Mello Ayres” para a opção “ruim” foi 39% e
50% para “péssimo”. Para os estudantes do “SESI-165”, 56% classificaram como “ruim” e
24%, “péssimo”. Por fim, os estudantes da “Waldorf Novalis”, 38% classificaram como
“ruim” e 44%, “péssimo”.
Segundo a pesquisa realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP),
com objetivo de avaliar a poluição doméstica fluvial na zona urbana do município de
Piracicaba, envolvendo 365 dias de coleta e análises, foi possível identificar a influência das
ocupações agrícolas, urbanas e industriais na qualidade e quantidade de água disponível.
49
Além disso, foi registrado porcentagens além do limite máximo permitido pelas entidades
ambientais de elementos como fosfato (trinta e duas vezes a mais) e carbono orgânico
particulado e dissolvido (VENDRAMINI et. al. 2011).
Assim, há forte coerência entre a percepção dos estudantes do oitavo ano e os índices
encontrados na pesquisa citada acima.
Figura 35 – Opinião dos estudantes sobre a qualidade da água do Rio Piracicaba.
O item “preservação da mata ao redor do rio” (Figura 36) foi o que mais obteve
distribuição significativa entre as classificações, porém, com destaque às opções “regular”
para o colégio “Waldorf Novalis” (56%) e “Mello Ayres” (36%), e “bom” para o “SESI-165”
(36%).
De acordo com Ferras e colaboradores (2001, apud LUCAS et. al. 2010), a Bacia do Rio
Piracicaba é uma das mais degradadas do país devido à elevada taxa de ocupação urbana, do
desenvolvimento industrial e intensa atividade agrícola.
Devido à grande citação do Rio Piracicaba, Engenho Central e Rua do Porto em outras
questões, é possível que essa percepção dos estudantes esteja mais relacionada à parte urbana
do rio.
Assim, vale retomar brevemente o histórico da ocupação da orla urbana do Rio
Piracicaba, com uma política de reapropriação das margens do rio, iniciada em princípios dos
anos 1970, através de uma série de ações articuladas de longo prazo.
50
As ações em torno dessa política tinham por princípio a reapropriação do vasto
trecho da orla do rio (...), conformando um complexo de áreas públicas ao longo das
suas margens urbanas. Apesar de reconhecido, seu potencial paisagístico, turístico e
para o lazer não havia sido aproveitado até então, carecendo de ações efetivas para
dotá-lo de uma necessária infraestrutura (OTERO, 2012).
Mais tarde, surgiu o Projeto Beira-Rio, que estabelece um conjunto de diretrizes para
intervenções públicas e particulares às margens do Rio Piracicaba, tendo por princípio “a
preservação do patrimônio cultural, considerado como a integração entre o natural e o
construído”, de acordo com Otero (2012, apud VANALE, 2014).
Porém, é importante ressaltar também, que a partir dos anos 2000, houve um
aquecimento do mercado imobiliário no município de Piracicaba. Um dos locais que
despertou a atenção do setor imobiliário foi, justamente, a área junto à orla do rio Piracicaba,
devido à valorização da região e expressiva qualificação urbanística e paisagística após os
investimentos e estruturação do local (VANALE, 2014).
Figura 36 – Opinião dos estudantes sobre a preservação da mata ao redor do Rio Piracicaba.
O último item “odor” foi o que recebeu a pior avaliação (Figura 37). Grande parte das
classificações se concentrou em “péssimo”, sendo 75%, 48% e 56%, para “Mello Ayres”,
“SESI-165” e “Waldorf Novalis”, respectivamente.
51
Todos os itens para avaliação relacionados ao Rio Piracicaba possuem íntima ligação
entre si, na medida em que a falta de preservação da mata ciliar às margens pode contribuir
para a piora da qualidade da água, influenciando assim na presença de peixes e no mau odor.
Figura 37 – Opinião dos estudantes sobre o odor do Rio Piracicaba.
7.10. PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELOS DANOS AO AMBIENTE
Analisando os resultados obtidos na questão “qual seguimento você classifica como
principal responsável pelos danos ao meio ambiente?” (Figura 38) a maior parte dos
estudantes escolheu a opção “sociedade em geral” e em seguida, o “setor industrial”.
Assim, para a “sociedade em geral”: 55% do “Mello Ayres”; 56% do “SESI-165” e 63%
da “Waldorf Novalis”.
Para o “setor industrial”: 38% do “Mello Ayres”; 28% do “SESI-165” e 25% da
“Waldorf Novalis”.
É válido ressaltar que apesar dos estudantes morarem em uma região de produção
agrícola significativa, apenas uma pequena porcentagem dos estudantes do Colégio “Waldorf
Novalis” (6%) assinalou o “setor agrícola” como principal responsável pelos danos ao
ambiente.
Todos os setores indicados são responsáveis, em diferentes níveis, pelos impactos ao
meio ambiente.
52
Figura 38 – Principal responsável pelos danos ao meio ambiente.
7.11. MÍDIAS DIGITAIS
7.11.1. Tempo de conexão
Utilizando o software de análise estatística SAS (Statistical Analysis System), o teste
Tukey foi realizado com objetivo de avaliar se dois ou mais grupos, no caso específico os
colégios, diferem entre si de maneira significativa com relação à média de tempo que os
estudantes permanecem conectados às diferentes mídias digitais (celular, computador e
televisão).
Verificando os resultados obtidos (Figura 39), ressaltando o índice de confiança de 95%,
é possível identificar diferença significativa entre os colégios estudados para o tempo de
conexão do celular apenas.
Os colégios “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis” não apresentaram diferença
significativa entre si com relação ao tempo de conexão nas mídias digitais: computador e
televisão.
Porém, com relação ao tempo médio de conexão no celular, “Mello Ayres” e “SESI –
165” apresentaram diferença do colégio “Waldorf Novalis”, que obteve tempo médio
significativamente menor que os demais.
53
Figura 39 – Tempo de mídia dos estudantes por escola. Médias de escolas seguidas pela mesma letra não
diferem (95% de confiança).
O tempo de conexão dos jovens nas mídias digitais nos últimos anos tem aumentado
consideravelmente.
Uma pesquisa do IBOPE Media (2013), mostra que em dez anos o consumo da internet
aumentou 50%. Em 2003, apenas 35% dos brasileiros acessavam a rede e, em 2013, o número
alcançou 85%.
Os dados obtidos pelas respostas dos estudantes dos colégios estudados seguem essa
tendência e como destaque, o tempo médio de conexão, principalmente do celular, é
extremamente alto e pode trazer consequências significativas para o desenvolvimento
humano, principalmente para os jovens.
Entre as diversas críticas à utilização dessas mídias, segundo Carr, a natureza caótica e
descentralizada da internet está diminuindo a nossa capacidade de concentração e
contemplação profundas (GALILEU, 2010).
Também há comentários positivos. Segundo a pesquisa realizada pelo neurocientista
Small (2008), da Universidade da Califórnia, a área no cérebro das pessoas responsável pela
tomada de decisões e raciocínio complexo apresentou maior atividade com os estímulos da
internet.
54
Porém, é válido ressaltar que enquanto os estudantes permanecem conectados a essas
mídias durante grande parte de seu dia, acabam deixando de admirar e vivenciar outras
atividades práticas em meio natural, por exemplo.
7.12. PRINCIPAIS OBJETIVOS PARA O USO DAS MÍDIAS DIGITAIS
PELOS ESTUDANTES
As análises a seguir fazem parte do questionamento sobre as principais finalidades do
acesso dos estudantes às diferentes mídias digitais. Nessa questão, os estudantes puderam
classificar mais de uma opção com o mesmo nível de importância.
7.12.1. Televisão
As opções de maior interesse escolhidas pelos estudantes dos diferentes colégios
estudados foram semelhantes. Os estudantes classificaram “filmes” como principal interesse
ao permanecerem conectados à televisão, seguido por “seriados” (Figura 40).
Como opções de menor interesse, escolheram entre: “ver jornal” e “novela” ou
“programas informativos” (para “Mello Ayres” e “SESI-165”) e “esportes” (para “Waldorf
Novalis” e “SESI-165”).
55
Figura 40 – Opções de maior interesse para utilização da Televisão.
7.12.2. Computador
Tendo em vista as opções de maior interesse escolhidas para a mídia “computador”,
houve maior divergência entre os colégios (Figura 41).
A principal opção escolhida entre os estudantes do “Mello Ayres” e do “SESI-165” foi:
“música e vídeos”, sendo 64% e 57% dos estudantes desses colégios, respectivamente.
Entre os estudantes do colégio “Waldorf Novalis”, a opção escolhida como a principal
finalidade para conexão ao computador foi “pesquisa” (58% dos estudantes). Como segunda
opção, também escolheram “música e vídeos” (50%).
A rede social “facebook” corresponde à segunda opção mais assinalada pelos estudantes
do “SESI-165” (52%). Para os estudantes do “Mello Ayres”, a segunda opção escolhida foi
“jogos” (43%).
É válido ressaltar a pequena porcentagem para “notícias”.
56
Figura 41 – Opções de maior interesse para utilização do Computador.
7.12.3. Celular
Para uso efetivo do celular, as opções classificadas pelos estudantes foram relativamente
parecidas (Figura 42). Como finalidade mais relevante (entre 60 e 80%, aproximadamente),
classificaram “whatsapp (aplicativo social) e/ou SMS (mensagem de texto)”.
Em seguida, as opções escolhidas foram “facebook e/ou outras redes sociais” (59% e
79% para “Mello Ayres” e “SESI-165”, respectivamente). Para os estudantes da “Waldorf
Novalis” essa opção não foi muito relevante (29%).
A opção “vídeos e/ou músicas” também corresponde a uma das principais finalidades
para conexão ao celular.
Novamente “notícias” obteve menor relevância na classificação das opções pelos
estudantes.
57
Figura 42 – Opções de maior interesse para utilização do Celular.
Em entrevista para a revista Super Interessante (2008), Bauerlein (professor e autor norte
americano): “segundo o instituto Nielson Media Research, nove entre os dez sites mais
populares entre os adolescentes são redes de relacionamento”. O que ressalta novamente a
tendência dos adolescentes em passarem a maior parte de seu tempo conectados às mídias
digitais, para utilizarem, principalmente, as redes sociais.
7.13. PRINCPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE
No último item do questionário, a questão envolvia a classificação das principais fontes
de informação consultadas ou recebidas pelos estudantes sobre meio ambiente (Figura 43).
As principais fontes classificadas como principais foram: “escola” (principalmente para o
“Mello Ayres” e “Waldorf Novalis”) e “internet” (principalmente para o “SESI-165”).
Existem alguns pontos importantes que devem ser ressaltados, como: a pequena consulta
ao jornal e à família como meios relevantes de fontes de informações.
58
Figura 43 – Principais fontes de informação sobre meio ambiente.
Outro fator a ser considerado é a qualidade da informação que os estudantes recebem,
pois classificaram a internet como uma das fontes principais. Porém, quando questionados
sobre a finalidade em que utilizam as mídias digitais de acesso à internet, a porcentagem de
itens escolhidos como relevantes, como “notícias”, “programas informativos” e “pesquisa”,
por exemplo, é extremamente baixa.
Dessa forma, a escola como principal fonte de informação sobre meio ambiente também
cumpre papel fundamental na medida em que, além de repassar e aprofundar informações e
conhecimentos relevantes, pode despertar o interesse e curiosidade do aluno.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da percepção ambiental dos grupos sociais é de extrema importância para
conhecer e identificar valores que estes possuem a respeito do ambiente e das relações
envolvidas com o ser humano.
O desenvolvimento da pesquisa com os colégios envolvidos permitiu ressaltar algumas
observações:
59
- Os estudantes do oitavo ano dos colégios: “Mello Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf
Novalis” apresentaram interesse, admiração e/ou curiosidade por atividades de lazer que
envolvem contato com a natureza, como “camping” e “praia deserta”. Ou seja, seria
interessante incentivar e criar oportunidades para concretizá-las, pois pode ser extremamente
benéfico.
- Existe influência do próprio ambiente, nesse caso, o escolar, nas observações e
percepções ambientais dos estudantes. O ambiente escolar que busca preservar suas áreas
naturais estimula a admiração e preferência dos estudantes por atividades e vivências em meio
natural.
Como exemplo, é possível citar a relação entre a escassez de elementos naturais, como
árvores, vegetações, terra etc. no colégio “SESI-165” com a porcentagem de estudantes desse
colégio (mais de 80%) que considera ideal a arborização do bairro em que residem (que está
consideravelmente abaixo do índice ideal de arborização), pois não possuem realidade distinta
para comparação.
Assim como os estudantes da “Waldorf Novalis”, que possuem oportunidade de maior
contato com elementos naturais no próprio colégio, demonstraram maior interesse em
atividades em meio natural em seu tempo livre também.
- Outro fator relevante é a relação entre práticas de cunho ambientais realizadas pelo
colégio no estímulo ao contato e admiração de elementos naturais pelos estudantes. Os
estudantes do “Mello Ayres”, por exemplo, se destacaram na escolha por atividades em meio
natural no colégio (a grande maioria citou horta e jardim como atividades que mais os
agrada).
Essa mesma turma participou do projeto de implantação de horta e jardim sensorial no
colégio e apreciaram essa iniciativa.
60
- O tempo em que os estudantes permanecem conectados às mídias digitais,
principalmente ao celular, com objetivo de utilizarem as redes sociais, é consideravelmente
alto.
É válido ressaltar que o tempo excessivo em que permanecem conectados às mídias
equivale a menos tempo (em quantidade e qualidade) em que poderiam desfrutar de vivências
e sensações em conexão com a natureza.
Os estudantes do colégio “Waldorf Novalis” se destacaram na média de tempo
(consideravelmente inferior aos demais) em que permanecem conectados ao celular, podendo
desfrutar mais de atividades em meio natural em seu tempo livre, como dito anteriormente.
Já que a aquisição e inclusão das mídias digitais se tornou realidade constante na maior
parte dos colégios, é importante estimular práticas que tentem incluir conceitos ecológicos aos
meios digitais utilizados pelos estudantes, como exemplo, os games ecológicos desenvolvidos
pelos estudantes do “SESI-165”.
Porém, não substituem práticas e vivências reais de conexão ao meio natural, que
permitem estímulos às sensações e sentidos dos indivíduos.
- A escolha das palavras citadas pelos estudantes do colégio “Waldorf Novalis” na
primeira questão (ANEXO A – Questionário), envolveu maior quantidade de substantivos
abstratos e demonstraram valor diferenciado em relação à natureza como elemento intrínseco
ao indivíduo (exemplo das palavras citadas: vida e essencial) e como fonte de sensações e
sentimentos (como exemplo: pureza, beleza, sonho, cativante, tranquilidade, solidão, paz,
alegria e amor).
É válido refletir a respeito dos fatores que podem ter influenciado na escolha das
palavras, como: tempo significativamente reduzido de conexão às redes sociais e mídias
digitais; maior contato com a natureza, tanto no colégio quanto no tempo livre e maior
incentivo à realização de atividades culturais, musicais e artísticas, como estímulo e
desenvolvimento da sensibilidade.
61
- Tendo em vista a escola como principal fonte recebida/consultada pelos estudantes
sobre assuntos ligados ao ambiente, assim como significativa fonte de vivências, é de extrema
importância que a mesma informe e desperte o interesse dos mesmos, a curiosidade e a prática
de atividades envolvendo o meio natural.
Com a realização da pesquisa foi possível identificar que há necessidade de aprofundar
os estudos na área da percepção ambiental, principalmente de métodos adequados para
auxiliar no conhecimento da percepção dos grupos de interesse.
Para finalizar, o estudo serve de ferramenta de base e auxílio para: gestão ambiental,
elaboração de projetos na área da educação ambiental e políticas públicas, assim como a
realização de práticas que estimulem a conexão do ser humano com a natureza, entre outros
fatores.
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66
ANEXOS
67
ANEXO A
Questionário sobre a percepção ambiental dos estudantes dos colégios “Mello
Ayres”, “SESI-165” e “Waldorf Novalis”.
Idade: ______
Gênero: Masculino Feminino
Cidade/Estado de origem: _____________ /_____
Bairro onde mora: _________________________
Ano: _______ ___
Há quantos anos você estuda nesse Colégio? ____________
Caso tenha estudado em outro colégio, identifique: Público Privado
1- Cite as quatro primeiras palavras que vem à sua mente quando pensa em natureza:
1. __________________________ 2. __________________________
3. __________________________ 4. __________________________
2- Que tipo de lazer mais lhe agradaria?
(Assinale o círculo ao lado de apenas uma das opções que mais lhe agrada)
68
3- Quais atividades você mais gosta de fazer no colégio?
_____________________________________________________________________
4- Quais atividades você mais gosta de fazer em seu tempo livre?
_____________________________________________________________________
5- O que mais lhe incomoda em sua cidade?
69
_____________________________________________________________________
6- O que mais lhe agrada em sua cidade?
_____________________________________________________________________
7- Cite três problemas ambientais que o planeta enfrenta ou pode enfrentar nos próximos
anos:
1_________________________________________________________________
2_________________________________________________________________
3_________________________________________________________________
8- Assinale as alternativas que representam consequências geradas pela monocultura (a
cultura exclusiva de um produto agrícola):
Perda da biodiversidade do ecossistema.
Aumento da qualidade de água dos recursos hídricos.
Redução do número de trabalhadores.
Diminuição do número de animais polinizadores.
Geração de renda para o produtor.
Não necessita da aplicação de produtos químicos.
Perda da fertilidade do solo.
Mecanização da produção.
·.
9- Você acredita que o alimento que consome:
É proveniente da agricultura familiar e não possui risco de contaminação por
produtos químicos (agrotóxicos), portanto, são alimentos orgânicos.
É proveniente da agricultura familiar e produtos químicos podem ter sido
utilizados, deixando resquícios no alimento.
70
É proveniente da produção em larga escala, mecanizada e sem utilização de
produtos químicos (pesticidas, herbicidas, adubo químico etc).
É proveniente da produção em larga escala, mecanizada e com utilização de
produtos químicos para controle de pragas, portanto, o alimento pode estar
contaminado.
Não sei.
10- Você possui informação a respeito da origem do alimento que consome?
Sim Não
Se sim, de qual fonte recebe essa informação? ___________________________
11- Com relação à presença de árvores, você considera que seu bairro:
É excessivamente arborizado.
É pouco arborizado.
Está ideal.
12- Em relação à arborização urbana, você diria que:
No espaço urbano, árvores causam mais problemas do que benefícios.
No espaço urbano, árvores causam mais benefícios do que problemas.
13- Considerando a sua opinião sobre o Rio Piracicaba, dê uma nota de 0 a 5 para os
itens abaixo (sendo 0: péssimo; 1: ruim; 2 e 3: regular; 4: bom e 5: ótimo):
_______ Presença de peixes _______ Qualidade da água
_______ Preservação da mata ao redor do rio _______ Odor
71
14- Qual seguimento você classifica como principal responsável pelos danos ao meio
ambiente?
O governo As indústrias O setor agrícola
A sociedade em geral O setor comercial
15- Quanto tempo você permanece conectado em cada mídia digital e para qual
finalidade?
Televisão
não utilizo
menos de 1h
por dia
entre 1h e
menos de 2h por dia
entre 2h e
menos de 4h por dia
entre 4h e
menos de 6h por dia
entre 6h e
menos de 8h por dia
mais de 8h por
dia
Para qual objetivo? (Enumere de 1 a 8, sendo 1 a opção de
maior interesse e 8, menor interesse):
_____ Ver Jornal
_____ Novela
_____ Seriados
_____ Programas informativos
_____ Filmes
_____ Desenhos animados
_____ Esportes
_____ Outros: __________________________
72
Computador
não utilizo
menos de 1h
por dia
entre 1h e
menos de 2h por dia
entre 2h e
menos de 4h por dia
entre 4h e
menos de 6h por dia
entre 6h e
menos de 8h por dia
mais de 8h por
dia
Para qual objetivo? (Enumere de 1 a 7, sendo 1 a opção de
maior interesse e 7, menor interesse):
_____ Facebook
_____ Email
_____ Sites de música / vídeos
_____ Notícias
_____ Jogos
_____ Pesquisa
_____ Outros: __________________________
Celular (uso efetivo)
não utilizo
menos de 1h
por dia
entre 1h e
menos de 2h por dia
entre 2h e
menos de 4h por dia
entre 4h e
menos de 6h por dia
entre 6h e
menos de 8h por dia
mais de 8h por
dia
Para qual objetivo? (Enumere de 1 a 9, sendo 1 a opção de
maior interesse e 9, menor interesse):
_____ Facebook e outras redes sociais
_____ Whatsapp ou SMS (mensagem de texto)
_____ Telefonar
_____ Jogos
_____ Notícias
_____ Despertador
_____ Tirar fotos
_____ Vídeos / Músicas
_____ Outros: __________________________
73
16- Quais são as suas principais fontes de informação sobre meio ambiente? (Enumerar
de 1 a 7, sendo 1 a mais importante e 7 a menos importante, as opções abaixo):
______ Internet ______ Televisão ______ Jornal
______ Escola ______ Família ______ Amigos
______ Outro: ______________________
74
ANEXO B
Palavras Citadas