UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA
ANÁLISE DO TEMA RESTINGA EM LIVROS
DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS DE 5ª E 6ª SÉRIES
VANESSA MOURA FERREIRA
Rio de Janeiro 2006
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA
ANÁLISE DO TEMA RESTINGA NOS LIVROS DIDÁTICOS
DE CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
VANESSA MOURA FERREIRA
Rio de Janeiro 2006
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA
ANÁLISE DO TEMA RESTINGA NOS LIVROS DIDÁTICOS
DE CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
VANESSA MOURA FERREIRA
Trabalho Final apresentado ao Departamento de Ensino de Ciências e Biologia, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Ensino de Ciências.
Rio de Janeiro 2006
FICHA CATALOGRÁFICA
Ferreira, Vanessa Moura
Análise do tema Restinga nos livros didáticos de Ciências do Ensino
Fundamental / Vanessa Moura Ferreira - 2006 -
ix, 43 p. : il
Orientador: Profª MSc Elizabeth dos Santos Rios
Monografia (Especialização) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes.
1. Restinga. 2. Ensino de Ciências. 3. Livro didático. 4. Teses. I. Rios,
Elizabeth dos Santos. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes. III. Título
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA
ANÁLISE DO TEMA RESTINGA NOS LIVROS DIDÁTICOS
DE CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
VANESSA MOURA FERREIRA
Orientadora: Profª MSc Elizabeth dos Santos Rios
Aprovada em ____ de _____________ de 2006
Prof: _________________________________
Prof: _________________________________
Rio de Janeiro 2006
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Gilberto e Maninha, pelo incentivo e apoio em todos os momentos da
minha vida.
Ao André, que se mostrou um grande amigo, tendo paciência nas horas de tensão e
que me ajudou durante toda a formatação da monografia.
À professora Elizabeth dos Santos Rios pela orientação para a realização deste
trabalho.
Às amigas Érika e Lilyane, pelo companheirismo e empréstimo dos livros didáticos.
Aos professores do Curso de Especialização de Ensino de Ciências da UERJ, pela
atenção nas aulas ministradas.
E a todos os colegas e familiares, que direta ou indiretamente, contribuíram para mais
uma conquista.
LISTA DE QUADROS
Página
Quadro 1 - Fisionomias vegetais inseridas no Domínio da Mata Atlântica – DMA,
conforme CONAMA, 1992. (1) Mapa de vegetação do Brasil, IBGE,
1993. (2) ISA, 1999 (3) Porcentagem sobre a área total do DMA. Fonte:
www. rbma.org.br
4
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página Figura 1 Áreas de Restinga: a- Restinga de Grussaí; b- Restinga de Barra de
Maricá; c- Restinga de Trancoso; d- Restinga de Neves e e- Restinga da
Marambaia. (Fotos: C. F. D. Rocha)
6
Figura 2 Espécies endêmicas de vertebrados que ocorrem em algumas Restingas:
a- lagarto tropidurídeo Liolaemus lutzae; b- teídeo Cnemidophorus
littoralis; c- teídeo Cnemidophorus nativo; d- formicarídeo
Formicivora littoralis. (Fotos: C. F. D. Rocha) Fonte: ROCHA et al.,
2003.
10
Figura 3 Coleção Ciências 22 Figura 4 Coleção Ciências 24 Figura 5 Bioma Mata Atlântica 25 Figura 6 Coleção Ciências & Educação Ambiental 26 Figura 7 Texto para leitura complementar sobre os Parques Nacionais 27 Figura 8 Mapa com a localização da Restinga de Jurubatiba (28), no Estado do
Rio de Janeiro.
28
Figura 9 Coleção Ciências Novo Pensar 29 Figura 10 Coleção Vivendo Ciências 31 Figura 11 Distribuição geográfica das Florestas Tropicais no mundo 32 Figura 12 Coleção Ciências 33 Figura 13 Coleção Série Link da Ciência 34 Figura 14 Evolução do desmatamento no Brasil nos anos de 1500, 1960 e 1988 35
SUMÁRIO
Página LISTA DE QUADROS
vi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
vii
RESUMO
ix
1- INTRODUÇÃO
1
1.1 – Objetivo
2
1.2 - Biomas e Ecossistemas
3
1.3 – Ecossistema Restinga
5
1.3.1 – Características
5
1.3.2 – Flora e Fauna
8
1.3.3 – Praia e seu Entorno
11
1.3.4 – Importância das Restingas
12
1.3.5 – Degradação das Restingas
13
1.3.6 – Leis de Proteção ao Ambiente
14
1.4 – Livro Didático no Brasil 16 2- METODOLOGIA
19
2.1 – Livros didáticos Selecionados
19
2.2 – Avaliação dos Livros didáticos 20 3 – RESULTADOS
22
4 – DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
36
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
40
RESUMO
A Restinga é um ecossistema da região costeira do Brasil e faz parte do bioma Mata
Atlântica, sendo classificada como Formação Pioneira de Influência Marinha. É constituída
por dunas, cordões arenosos e uma estreita faixa de vegetação, que vai se tornando
arborescente à medida que avança para o interior. Possui grande diversidade ambiental e
biológica, porém o solo não constitui a sua principal fonte de nutrientes e, é sobretudo a
vegetação o suporte vital desse ecossistema, que vem sofrendo com o desmatamento desde a
época do descobrimento do Brasil, o que a torna uma das áreas mais ameaçadas atualmente,
gerando uma situação preocupante no momento em que grande atenção vem sendo dada a
conservação do bioma Mata Atlântica. Por se tratar de um dos ecossistemas brasileiros, é
importante que os autores retratem as Restingas nos livros didáticos de Ciências, pois estes
são uma das ferramentas de ensino utilizadas pelos professores para atuarem com seus alunos.
Este trabalho teve como objetivo verificar como a Restinga é abordada nos livros didáticos de
Ciências do Ensino Fundamental de forma a contemplar o aluno com informações sobre a
importância deste ecossistema. Em função disso, foram analisados os livros de sete coleções
dentre as oito aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2005.
Concluiu-se que o ecossistema Restinga não está devidamente abordado e que os livros
possuem grande deficiência no que se refere ao conteúdo sobre Meio Ambiente, citando
apenas o bioma Mata Atlântica, sem retratar os ecossistemas que dele fazem parte.
1- INTRODUÇÃO
Atualmente em todo o mundo fala-se muito sobre ecologia e meio ambiente, porém
somente uma parte da população possui conhecimento suficiente a respeito dos diferentes
ecossistemas existentes no planeta. A Mata Atlântica é um bioma muito citado por diferentes
autores, devido a grande degradação sofrida ao longo do tempo, porém pouco se fala sobre as
Restingas que fazem parte deste bioma.
A região costeira do Brasil constitui uma das áreas mais ameaçadas atualmente. As
faixas de vegetação da costa, em grande extensão, têm estado sujeitas a intenso impacto
antrópico, o que acarreta elevada degradação das planícies costeiras, das praias e das dunas de
Restinga ao longo de toda a costa brasileira, segundo Rocha et al. (2003). Anualmente, “uma
porção considerável de áreas de Restinga tem sido perdida por desmatamento” (FUNDAÇÃO
SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2001, p.32), o que gera uma situação muito preocupante, já
que vivemos um momento em que grande atenção vem sendo dada a conservação da Mata
Atlântica, o bioma mais degradado do Brasil e do qual a Restinga faz parte.
Freqüentemente o termo geral “Mata Atlântica”, engloba, principalmente na região
sul-sudeste, diversos tipos de formações vegetais florestais como: matas de planícies
litorâneas, matas de encosta e matas de altitude, o que torna mais confusa e difícil sua
delimitação. Sá (1993) cita que esta dificuldade se deve aos seguintes fatores:
“1- as formações florestais litorâneas assentadas sobre solos arenosos são muito mais vestigiais que toda a conhecida ‘Floresta Atlântica’; 2- estas florestas são tão desconhecidas florísticamente e estruturalmente quanto às mesmas; 3- alguns autores não reconhecem a individualidade de ecossistemas costeiros tais como restinga e manguezais.”
A Floresta Atlântica ou Costeira ocorre ao longo da costa brasileira acompanhando as
cadeias montanhosas, desde o Nordeste até o Sul. Em regiões muito devastadas pelo homem,
como o Nordeste, a sua existência é hoje comprovada apenas por vestígios. “No Sudeste está
a região de seu maior desenvolvimento.” (MIZUGUCHI et al., 1981, p. 125)
Devido a riqueza da biodiversidade da Floresta Atlântica e a sua importância sócio-
econômica, torna-se necessário que os livros didáticos de Ciências discorram sobre este bioma
e os ecossistemas que o compõem, como a Restinga, uma vez que devem conter informações
aprofundadas para uma boa aprendizagem, tornando-se um complemento didático seguro e
eficiente para o aluno. Sato (2003, p.33) em seu livro afirma que “mesmo nos locais com
excelentes recursos pedagógicos, os livros didáticos são ainda a maior fonte de informação.”
1.1- OBJETIVO Este trabalho teve como objetivo verificar como o ecossistema restinga é abordado nos
livros didáticos de Ciências do Ensino Fundamental de forma a contemplar o aluno com
informações sobre a importância deste tema.
1.2- BIOMAS E ECOSSISTEMAS
O termo bioma, de acordo com a definição de Ab’Saber et al. (1997, p.24) significa
um “amplo conjunto de ecossistemas terrestres, caracterizados por tipos fisionômicos
semelhantes de vegetação com diferentes tipos climáxicos.” As linhas de divisão do globo em
biomas segundo Dajoz (2005) são estabelecidas principalmente com base nos estudos da
vegetação, isto porque na maioria dos casos a vegetação proporciona os traços essenciais da
fisionomia dos biomas, sendo que os animais apresentam uma biomassa pequena.
Os ecossistemas são os conjuntos integrados dos organismos (parte biótica) e dos
fatores físicos do ambiente (parte abiótica), sendo portanto a unidade fundamental da
natureza. Segundo Negret (1982) e Odum (1985) o termo ecossistema foi proposto pelo
ecologista britânico Tansley em 1935. Anteriormente outros nomes já haviam sido propostos,
como: biocenose, de Karl em 1877; microcosmo, de Forbes em 1887 e holocenose, de
Friederichs em 1930. Todos os conceitos, porém, referiam-se especificamente ao complexo de
inter-relações existentes somente entre os seres vivos.
O Brasil devido a sua extensão continental e à grande variação geomorfológica e
climática abriga sete biomas e incalculáveis ecossistemas (BRUK, 1995). Dentre estes,
encontra-se o bioma Mata Atlântica que engloba uma área de 1.306.000 km², cerca de 15% do
território nacional, cobrindo total ou parcialmente 17 estados brasileiros, correspondendo a
um mosaico de ecossistemas florestais e outros ecossistemas associados (restingas,
manguezais, etc.), que formavam um grande contínuo florestal à época do descobrimento do
Brasil (www.rbma..org.br). É o bioma que apresenta a maior biodiversidade ecológica, sendo
o mais ameaçado do país, apresentando atualmente cerca de 7% da cobertura original. No
Quadro 1, estão representadas as fitofisionomias originais deste bioma, de acordo com o mapa
de vegetação do Brasil, IBGE (1993) in www.rbma.org.br.
As Formações Florestais incluem as florestas ombrófilas densa, aberta e mista e as
florestas estacionais semidecidual e decidual. As áreas de tensão ecológica, também são
denominadas de áreas de contato. Os encraves incluem as savanas, também denominadas de
cerrados, os estepes, também denominados de campos e os campos de altitude, todos
compreendidos no interior das Florestas Ombrófilas. Nas áreas de Formações Pioneiras estão
incluídos os mangues, as restingas, as vegetações de dunas e de cordões arenosos e as ilhas
litorâneas.
Fitofisionomias (1) km2 (2) % (3)
Formações Florestais Ombrófilas
Ombrófila Densa
Ombrófila Aberta
Ombrófila Mista
Estacionais
Estacional Semidecidual
Estacional Decidual Zonas de Tensão Ecológica
Encraves Refúgio Ecológico
Formações Pioneiras Total DMA
1 041 998
406 446
218 790
18 740
168 916
635 552
486 500
149 052
157 747 65 468
103 41 105
1 306 421
79,76 31,11
16,75
1,43
12,93
48,65
37,24
11,41
12,07 5,01 0,01 3,15
100,00
Quadro 1: Fisionomias vegetais inseridas no Domínio da Mata Atlântica –
DMA, conforme CONAMA, 1992. (1) Mapa de vegetação do Brasil,
IBGE, 1993. (2) ISA, 1999 (3) Porcentagem sobre a área total do DMA.
Fonte: www. rbma.org.br
1.3- ECOSSISTEMA RESTINGA
1.3.1- CARACTERÍSTICAS
As Restingas são reconhecidas como uma estreita faixa de vegetação que tem início
após o cordão arenoso da praia, terminando num tipo de vegetação que vai se tornando
arborescente. “Muitos autores tratam a formação florestal da restinga de maneira dissociada,
denominando a mesma de Mata Pluvial Tropical das Planícies Litorâneas Quaternárias”
(VELOSO & KLEIN in SÁ, 1993, p.5)
“Faixa de areia depositada paralela ao litoral graças ao dinamismo destrutivo e construtivo das águas oceânicas. Do ponto de vista geomorfológico, o litoral de Restinga possui aspectos típicos, tais como: faixas paralelas de depósitos sucessivos de areia, lagoas resultantes de represamento de antigas bacias, pequeninas lagoas formadas entre as diferentes faixas de areia, dunas resultantes de trabalho do vento sobre a areia da restinga, formação de barras obliterando a foz de alguns rios, etc.” (GUERRA in MOURÃO FILHO, 2001, p.4)
De acordo com Lima-e-Silva et al (1999) Restinga é a vegetação que recebe influência
marinha, presente ao longo do litoral brasileiro, também considerada comunidade edáfica, por
depender mais da natureza do solo do que do clima. Ocorre em mosaico e encontra-se em
praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando de acordo com o estágio
sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado (Fig.1).
Segundo Sá (1993) os tipos florestais de Restinga são assim designados por diferentes
autores: Nhundú ou Jundú (LÖEFGREN, 1896); Mata de Restinga e Mata Paludosa Litorânea
(ULE, 1901); Floresta Esclerófila Litorânea, Mata Pantanosa Litorânea (RUSCHI, 1950);
Floresta Pluvial Tropical das Planícies Quaternárias (VELOSO & KLEIN, 1961); Mata
Pluvial Tropical da Planície Costeira, Mata de Dunas ou Mata de Restinga (HUECK, 1972);
Floresta Ombrófila Densa (VELOSO, 1982); Restinga Costeira Arbórea (EITEN, 1983);
Figura 1: Áreas de Restinga: a- Restinga de Grussaí; b- Restinga de Barra de Maricá; c-
Restinga de Trancoso; d- Restinga de Neves e e- Restinga da Marambaia. (Fotos: C. F. D.
Rocha) Fonte: ROCHA et al., 2003
Floresta Permanentemente Inundada, Floresta Periodicamente Inundada e Floresta
Seca (ARAÚJO & HENRIQUES, 1984); Formação Mata de Restinga, Formação Mata
Paludosa (HENRIQUES, ARAÚJO & HAY, 1986), gerando por vezes muita confusão
nomenclatural.
Para Araújo in Sá (1993, p. 6) “o que mais dificulta a adoção de um sistema de
classificação para a vegetação das planícies arenosas costeiras são: carência de dados
fisionômicos e ecológicos para diversas áreas do litoral e a dificuldade no consenso do que de
fato vem a se constituir a vegetação de Restinga”.
Descrevendo temas brasileiros em Ecologia, o botânico Ferri (1974) refere-se à
Restinga como a “Vegetação do Litoral” onde citando a classificação de Rawistcher (1944)
classifica o litoral em rochoso, arenoso e limoso. O litoral rochoso é composto pelas rochas
que ainda sofrem o impacto da ação do mar, onde os fragmentos menores que se formam são
transformados vindo a constituir o litoral arenoso. Resultando do encontro das águas salgadas
e doces, o litoral limoso se origina, decorrente da alteração do pH e da precipitação de
partículas que se encontram presentes em suspensão.
A Restinga, com sua vegetação característica, foi considerada por Maciel (1984) como
um conjunto composto de praia, cordão litorâneo (dividido em: zona do cômoro, zona do
guriri, zona das moitas e zona dos cordões antigos), entre-cordões e lagoa.
A praia é a área desprovida de vegetação e exposta a ação constante das marés.
Cordão litorâneo: a zona do cômoro tem início onde começa a aparecer a vegetação; a zona
do guriri surge após a crista da duna onde começa a surgir o “guriri” (Alagoptera arenaria),
os cactos e gravatás (Bromelia antiacantha); a zona de moita inicia-se logo após o fim da
zona anterior, ocorrendo moitas cercadas de gravatás e a zona dos cordões antigos é uma
área mais seca que as anteriores, onde há formação arbórea em cima de antigos cordões de
Restinga. A região de entre-cordões é a faixa mais úmida da Restinga onde se encontram
brejos, e onde existem duas formações diferentes: herbácea e arbórea. Na região de lagoas:
existem dois tipos de lagoas de Restinga, um com grande volume de água, às vezes muito
doce, em outras épocas um pouco salgada. Com vegetação nas margens e às vezes flutuando
na água; o outro tipo de lagoa é uma depressão com pouca profundidade, alimentada pela
água da chuva e pelo lençol freático.
1.3.2- FLORA E FAUNA “A fauna e flora das Restingas formam em seu conjunto, associações bem típicas,
embora composta por animais e plantas encontrados nos mais diferentes ecossistemas, desde a
Mata Atlântica à Amazônia.” (MOURÃO FILHO, 2001, p.8)
A variação vegetacional das Restingas difere segundo a influência do mar (condições
distintas de salinidade) e das características físicas e hidrológicas do substrato, de acordo com
Menezes-Silva (1998). São áreas que apresentam ao longo de todo o ano uma grande
variedade de flores e frutos que podem estar presente na área de solo arenoso, em moitas
isoladas e no chão das matas baixas. As plantas encontradas com mais freqüência, são a salsa
-da-praia (Ipomoea acetosaefolia), as bromélias ou gravatás, que abrigam uma fauna formada
de pequenos animais como: lesmas, pererecas e larvas de insetos. Dentre os frutos destacam-
se o maracujá, a pitanga, o araçá e o caju, além de plantas ornamentais como as orquídeas.
(MOURÃO FILHO, 2001)
“As planícies arenosas são ocupadas por uma variedade de comunidades vegetais
devido à diversidade da sua topografia e das condições ambientais que ali se encontram,
incluindo influências marinhas e continentais. Esta diversidade propicia a formação de muitos
habitats e consequentemente, de uma flora rica e variada.” (ARAÚJO, 1984, p.156)
Atualmente falar da fauna da Restinga é mencionar algumas espécies que têm de se
deslocar deste ambiente, quando se sentem ameaçados pelo homem, para viver em outras
áreas. A ameaça vem de todos os lados e das mais diversas formas. Talvez a maior de todas
seja as transformações das áreas de Restinga em grandes loteamentos, além da derrubada da
floresta para transformar a madeira em lenha, onde posteriormente esta área é transformada
em pasto. Próximos às lagoas há a construção de marinas ou condomínios fechados, que
poluem, destroem a fauna e “privatizam o patrimônio público”. Segundo Maciel (1984) o
último registro para Leo onca (onça pintada) em Restingas no Rio de Janeiro data de 1959, a
suçuarana também desapareceu do litoral e o gato-do-mato (Felis tigrina) que durante muito
tempo substituiu os grandes felinos nas Restingas, acabou dando lugar a outro carnívoro de
porte menor, o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous).
Na zona de praia a fauna é mais diversificada, sendo os crustáceos os organismos mais
freqüentes, pois suportam melhor o impacto das ondas e apresentam maior mobilidade e
habilidade para se enterrarem. As espécies mais comuns nestes ambientes são Ocypode
quadrata (Decapoda) vulgarmente chamado de siri-fantasma ou maria-farinha, Emerita
brasiliensis (Decapoda) conhecido como tatuí ou tatuira, Arenaeus cribarius (Decapoda)
chamado de siri-chita, Excirolana braziliensis (Isopoda) denominado de tatuzinho de praia,
Pseudochestoidea brasiliensis (Amphipoda) vulgarmente chamado de pulga da praia, Donax
haleyanus (Pelecypoda) conhecido como sernambi, Tivella mactroides (Pelecypoda)
chamado de sapinhangá, Pisionidens indica (Poliqueta), Hemipodus olivieri (Poliqueta) e
Mellita quinquiesperforata (Equinoderma) conhecida como pata-de-cavalo. (CARDOSO,
2000) Além destes animais são encontrados ainda os gaivotões (Larus dominicanus), a
coruja-buraqueira (Athene cunicularia) e o urubu-caçador (Cathartes aura). (MACIEL,
1984)
Nas restingas do Rio de Janeiro, como espécies endêmicas da fauna são encontradas: a
borboleta-da-praia (Parides ascanius), espécime em extinção e a libélula Leptagrion
andromache, que completa seu ciclo vital na água depositada nas folhas das bromélias
(MOURÃO FILHO, 2001). São também espécies endêmicas de áreas de Restinga os
Figura 2: Espécies endêmicas de vertebrados que ocorrem em algumas Restingas: a- lagarto
tropidurídeo Liolaemus lutzae; b- teídeo Cnemidophorus littoralis; c- teídeo Cnemidophorus
nativo; d- formicarídeo Formicivora littoralis. (Fotos: C. F. D. Rocha) Fonte: ROCHA et al., 2003
a
b
c
d
vertebrados da classe reptilia Liolaemus lutzae, também conhecido como lagartixa da areia,
Cnemidophorus littoralis e Cnemidophorus nativo. Da classe aves, ordem passeriformes a
espécie Formicivora littoralis.(Fig.2) e da classe anfíbia as espécies Xenohyla truncata,
Scinax agilis, Scinax littorea, Bufo pygmaeus e Leptodactylus marambaiae. (ROCHA et
al., 2003)
1.3.3- PRAIA E O SEU ENTORNO
Região sujeita a inundações diárias pelas marés altas. Não há plantas instaladas, salvo
algumas, com afinidade pelo sal (halófitas), que atingem o limite da maré alta. A praia
corresponde a faixa da região litorânea coberta por sedimentos arenosos e limosos,
compreendida desde a linha de baixa mar até o local em que se configura uma mudança
fisiográfica ou tem início a vegetação permanente.” (MOURÃO FILHO, 2001)
Segundo Cardoso (2000) a praia é geralmente dividida em 3 regiões:
• a supralitoral (zona de secagem), acima da marca média de maré alta,
umedecida pelo borrifo marinho.
• a mediolitoral (zona entre-marés) reúne a zona de retenção, banhada pelas
marés, mas com perda de água por capilaridade, e a zona de ressurgência (zona
de espraiamento) que é caracterizada pelo fluxo d’água sendo esse regulado
pela oscilação mareal.
• a infralitoral (zona de saturação), onde o sedimento está quase sempre imerso,
apresentando maior riqueza de espécies.
Este padrão de zonação pode sofrer modificações espacial e temporalmente, em
conseqüência da instabilidade dos diferentes parâmetros ambientais a que estão sujeitas tais
áreas.
A praia, como um ambiente de lazer e como fonte de alimentos, é foco da interferência
humana, seja pelo pisoteio, remobilização e retirada de areia ou pela poluição orgânica e
química. A forma acelerada e desordenada de ocupação das áreas litorâneas tem gerado
constante preocupação, pois a lacuna entre o conhecimento sobre o ecossistema costeiro e as
alterações antrópicas crescem a cada dia, contribuindo para a descaracterização cada vez mais
acelerada do ambiente.
A ação antrópica principalmente, ainda se faz notar à medida que se afasta da praia até
o interior da Restinga propriamente dita, onde a freqüência da retirada de plantas e das
queimadas estão contribuindo para a abertura de clareiras, e para a destruição da biocenose
local.
1.3.4- IMPORTÂNCIA DAS RESTINGAS
O ecossistema Restinga possui grande importância econômica, histórica e ecológica
embora não reconhecida diretamente pela população. Abaixo estão alguns setores em que a
Restinga é importante (www.guiaguaruja.com.br):
Ornamental e Paisagístico – apresentam espécies como bromélias e orquídeas, muito
utilizadas em ornamentações.
Industrial - as matas secas e paludosas das Restingas serviram aos propósitos
humanos até quase desaparecerem, como na produção de lenha e carvão, de engenhos de
açúcar, ou mesmo de padarias, olarias, etc. A caixeta (Tabebuia cassinóides) durante anos foi
explorada para ser usada na fabricação de tamancos, caixotes e na fabricação de lápis,
chegando a ser exportada por sua qualidade superior. Das matas paludosas também foi
retirada a jacareúba (Calophyllum brasiliensis), para servir no fabricação de mastros de naus
coloniais, postes e de jangadas. Do algodoeiro-da-praia (Hybiscus pernambucensis) muita
corda e sacaria já foram feitas.
Medicinal - pesquisas vêm comprovando o valor medicinal de várias espécies das
Restingas, por exemplo: as clusias, o sumaré, o salsão-da-praia, o cacto, etc.
Alimentício - o caju, a pitanga e a goiaba são as mais famosas frutas que ocorrem nas
Restingas, mas há outras espécies de valor: a mangaba, o bacupari e o guriri (palmeira anã).
Arqueológico - abrigam os sambaquis, depósitos deixados pelos índios que habitavam
a costa brasileira. Por eles pode-se conhecer como era a costa e a vida há mais de 3.000 anos.
Ecológico - conhecer como as espécies colonizam ambientes tão hostis é muito
importante quando se pensa em trabalhos de recuperação de áreas degradadas, como por
exemplo a irrigação no Nordeste de áreas que ficaram salinizadas. Entender como essas
espécies vivem é importante para se cultivar ou criar espécies de valor medicinal.
A preservação da Restinga facilitaria o controle, em zonas urbanas costeiras, de
espécies com potencial para pragas como cupins, formigas, escorpiões e baratas. A
preservação do solo arenoso é importante, pois este é altamente poroso o que faz com que a
água da chuva infiltre com facilidade, o que reduz os riscos de enchentes e os custos de obras
de drenagens.
1.3.5- DEGRADAÇÃO DAS RESTINGAS
Em decorrência dos elevados níveis de degradação ambiental atualmente existentes,
largas extensões de áreas de Restinga têm sido perdidas (PCRJ/Secretaria Municipal de Meio
Ambiente, 2000), e os atuais remanescentes são compostos por fragmentos de Restingas, na
maioria dos casos completamente isolados uns dos outros. O processo de fragmentação afeta
negativamente as espécies de uma comunidade que vive em remanescentes florestais,
conduzindo à erosão da biodiversidade local. As espécies mais afetadas são, geralmente,
aquelas cuja distribuição geográfica é reduzida e/ou é baixa a densidade populacional.
(FOSTER, 1980)
A degradação das Restingas já vem ocorrendo há muitos anos no Brasil. O ano de
1970 pode ser considerado como o marco da ocupação da Restinga de Jacarepaguá, em 1974
com a inauguração da ponte Rio-Niterói acelerou-se a ocupação do litoral norte do Estado do
Rio de Janeiro, caracterizando-se pelos “loteamentos ecológicos” na Região dos Lagos
(MACIEL, 1984). De forma geral, as Restingas atualmente continuam submetidas a
elementos de degradação similares que têm reduzido suas áreas continuamente; os mais
graves continuam sendo a expansão imobiliária, incluindo a grilagem de terras, a deposição de
lixo sobre a vegetação e a remoção clandestina de areia. O resultado tem sido intenso
parcelamento do solo em várias áreas, como ocorre em Massambaba (praias de Pernanbuca,
Figueira e Monte alto), em Arraial do Cabo e em Grussaí, no Estado do Rio de Janeiro; em
Setiba, no Espírito Santo; e em Prado e Alcobaça (paria de Guaratiba), no Estado da Bahia.
(ROCHA et al., 2003)
1.3.6- LEIS DE PROTEÇÃO AO AMBIENTE Teoricamente, ninguém deve desconhecer as leis. Na prática as leis só existem quando
a população as conhece, absorve o significado delas e as usa. Contudo parece que a população
continua a ignorar as duas leis maiores para a proteção da flora e da fauna (in TONI, 2004):
- Código Florestal (Lei Federal nº 4.771 de 15/09/1965) que em seu artigo 2º
considera de preservação permanente as florestas e as demais formas de vegetação natural
situadas de acordo com a alínea f: nas restingas, como fixadoras de dunas estabilizadoras de
mangue.
- Lei de Proteção a Fauna (Lei Federal nº 5.197 de 31/01/1967).
Historicamente, os ecossistemas costeiros no Brasil foram os mais impactados, tanto
pela ocupação, quanto pelo extrativismo a que foram submetidos. Tais fatores de ordem social
e econômica levaram e tem levado diversas comunidades vegetais a se extinguirem em
significativos trechos da costa, apesar de existirem leis para proteção destes ecossistemas,
como por exemplo as leis que protegem a Restinga e que deveriam ser respeitadas por todos
(in TONI, 2004).
- Decreto Federal nº 88.351 de 1º de junho de 1985, estabelece multas para quem
destruir as Restingas.
- Resolução CONAMA nº 004 de 18 de setembro de 1985, declara a Restinga como
“Reserva Ecológica”.
- Lei nº 7.661 de 16 de maio de 1988 - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
(PNGC), que em seu artigo 3º estabelece que o PNGC deverá prever o zoneamento de
usos e atividades na Zona Costeira e dar prioridade à conservação e proteção, entre
outros, dos seguintes bens: I- recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes,
parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e
lagunares, baías e enseadas, praias; promontórios, costões e grutas marinhas; restingas
e dunas; florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas.
- Resolução CONAMA nº 303/02, declara em seu artigo 3º, inciso IX as Restingas
como Áreas de Preservação Permanente.
1.4- LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL
Foi a partir da década de 30, através de decretos, leis e medidas governamentais, que
se iniciou a história do livro didático no Brasil. Em Programas e compêndios de história para
o ensino secundário brasileiro – 1931/1956, Holanda (1957, p.105), defende a tese de que o
livro didático nacional é uma conseqüência direta da Revolução de 1930.
“Com efeito, a queda da nossa moeda, conjugada com o encarecimento do livro estrangeiro, provocado pela crise econômica mundial, permitiu ao compêndio brasileiro – antes mais caro do que o francês – competir comercialmente com este.” O Decreto-lei 1.006 de 30/12/1938 definiu, pela primeira vez, o que deveria ser
entendido por livro didático.
“Art. 2º, § 1º - Compêndios são livros que exploram total ou parcialmente a matéria das disciplinas constantes dos programas escolares; § 2º - Livros de leitura de classe são os livros usados para leitura dos alunos em aula; tais livros também são chamados de livros de texto, livro-texto, compêndio escolar, livro escolar, livro de classe, manual, livro didático.” (OLIVEIRA, 1986, p.13)
Nesse período o livro já era considerado uma ferramenta da educação política e
ideológica, sendo caracterizado o Estado como censor no uso desse material didático.
Contudo, o interesse pela qualidade e disseminação dos livros didáticos tornou-se notório,
oficialmente, com a criação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) a partir do
Decreto 91.542 de 19/08/1985, que em seu artigo 2º estabelece a avaliação rotineira dos
mesmos (FREITAG et al, 1997; NÚÑEZ et al, 2002). Recentemente a Resolução/CD/FNDE
nº 603, de 21/02/2001 (in www. Fnde.gov.br), passou a ser o mecanismo que organiza e
regula o PNLD. Diferentes comissões para a avaliação dos livros didáticos já foram criadas
pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), com intuito de melhorar a qualidade desta
avaliação. Porém, de acordo com Núñez (2002) esse processo tem sido lento ao longo dos
anos, confrontando algumas vezes com interesses editoriais, que não estão relacionados com
as orientações para se trabalhar o Ensino de Ciências.
O livro didático é ainda objeto de polêmica no meio acadêmico. É um tema complexo,
pois envolve não somente a escola, mas diversas outras esferas da sociedade, como a família,
o governo e as editoras. “Em uma educação já tão castigada pelos problemas sociais, o livro
didático torna-se a explicação mais fácil para a péssima situação educacional atual.”
(GELAPE & MENDES, 2005, p.76)
Em O livro didático em questão, Freitag et al. (1997) afirmam que se com o uso do
livro didático, o ensino no Brasil é sofrível, sem ele seria incontestavelmente pior, já que é
com a ajuda do livro que o professor estabelece roteiro de trabalhos para o ano letivo, dosa as
atividades de cada aula e ocupa os alunos em classe e em casa, com os seus deveres. Por isso
no livro didático, tudo precisa estar em função da situação coletiva da sala de aula, para que
com ele se aprenda conteúdos, valores e atitudes específicos, sendo que se espera que a
aprendizagem não se processe apenas pela leitura das informações que o livro fornece, mas
também pela realização das atividades que ele sugere. Assim, de acordo com Lajolo (1997) a
qualidade dos conteúdos do livro didático – informações e atitudes – precisa ser levada em
conta nos processos de escolha e adoção do mesmo, bem como, posteriormente, no
estabelecimento das formas de sua leitura e uso.
Um livro não pode conter informações incorretas, porque estas levariam seus usuários
a operarem com significados inadequados as suas vidas. Mas se o livro didático não pode e
não deve conter informações erradas nem subscrever determinados valores e comportamentos,
muitas vezes informações erradas e valores perniciosos insinuam-se – de forma menos ou
mais velada – em alguns livros didáticos usados em diferentes escolas brasileiras (LAJOLO,
1997). O bom livro didático diferencia-se do livro didático ruim pelo tipo de diálogo que
estabelece com o professor, durante o planejamento do curso. O livro bom, adequado e
correto, também pressupõe que o professor personifique o seu uso na sala de aula. Já o livro
ruim exige que o professor interfira de forma sistemática nos conteúdos e atividades propostos
e considerados inadequados. Segundo Megid Neto (2003) trabalhar em classe com um livro
inadequado exige excepcional firmeza, pois serão vários os momentos e as situações em que o
professor precisará dizer à classe que o livro merece ressalvas, que o que este diz não está
certo. Contudo o livro didático continua sendo uma importante ferramenta de ensino e
aprendizagem, e por isso é necessário que os autores busquem atualizar os conteúdos de
maneira correta, inclusive no que se refere aos conceitos relacionados ao meio ambiente.
2- METODOLOGIA
O desenvolvimento deste trabalho se deu a partir da análise dos livros didáticos de
Ciências, onde foram escolhidas sete coleções dentre as oito aprovadas pelo Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2005. Devido a viabilidade de aquisição dos mesmos
junto às editoras, obteve-se um total de dezesseis livros. Em seis coleções foram selecionados
os exemplares de 5ª e 6ª séries, porque apenas estas séries abordam o tema Meio Ambiente. A
coleção “Ciências Novo Pensar” foi toda analisada por apresentar o conteúdo Meio Ambiente
em todas as séries do terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental, contemplando assim os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1998).
Consultas às bibliotecas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro foram realizadas, assim como a diferentes sites da Internet.
Com relação as referências bibliográficas, estas foram elaboradas segundo a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2000).
2.1- LIVROS DIDÁTICOS SELECIONADOS
Os livros utilizados para análise pertencem a quatro editoras, que são:
• Editora Ática
- Autor: Fernando Gewandsznajder
5ª série – Ciências - o Planeta Terra.
6ª série – Ciências - a Vida na Terra.
- Autores: Carlos Barros & Wilson Roberto Paulino
5ª série – Ciências - o Meio Ambiente.
6ª série – Ciências - os Seres Vivos.
- Autor: Daniel Cruz
5ª e 6ª séries – Coleção Ciências e Educação Ambiental.
• Editora FTD
- Autores: Demétrio Gowdak & Eduardo Martins
5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries – Coleção Ciências Novo Pensar.
- Autoras: Maria de La Luz & Magaly Terezinha dos Santos
5ª e 6ª séries – Coleção Vivendo Ciências- Nova Edição.
• Editora Ediouro / Grupo Positivo
- Autora: Cecília Valle
5ª e 6ª séries – Coleção Ciências.
• Editora Moderna
- Autoras: Silvia Bortolozzo & Suzana Maluhy
5ª e 6ª séries – Coleção Série Link da Ciência
2.2- AVALIAÇÃO DOS LIVROS DIDÁTICOS Para análise dos livros didáticos e posterior avaliação, tomou-se como parâmetros as
seguintes perguntas:
A- O ecossistema Restinga é abordado nos livros didáticos?
B- Os livros abordam o bioma Mata Atlântica?
C- Ao falar sobre o bioma Mata Atlântica, os livros didáticos citam as Restingas
como parte deste bioma?
D- Os livros mostram a flora e a fauna das Restingas?
E- A conservação das Restingas é abordada pelos livros didáticos?
F- Os livros em algum momento citam as praias?
G- Os livros trabalham com exercícios e textos para a discussão sobre as Restingas?
3- RESULTADOS A partir da análise dos livros didáticos selecionados, foram obtidos os seguintes
resultados:
1ª Coleção: Ciências (Fig.3)
Autor: Fernando Gewandznajder (2002)
No livro da 5ª série, a Unidade I trata dos seres vivos e o ambiente. O capítulo um
denominado “O que a ecologia estuda” aborda os temas relacionados à espécie, habitat, nicho
Figura 3: Coleção Ciências
ecológico, população, comunidade, ecossistema e biosfera. O autor cita a Mata Atlântica e
alguns animais que dela fazem parte, como o mico-leão-dourado, a suçuarana e o gato-do-
mato, que já tiveram as Restingas como habitat, segundo Maciel (1984). Contudo esta
informação não é mencionada pelo autor.
No livro da 6ª série a Unidade VI é voltada para os seres vivos no planeta, sendo que
no capítulo vinte e nove denominado “O ambiente terrestre”, o autor trabalha os “grandes
ecossistemas”, descrevendo o tipo de vegetação que possuem, a região do planeta onde se
localizam e os animais característicos. A Mata Atlântica é descrita como uma floresta tropical
de clima quente e úmido, localizada no litoral brasileiro e que foi bastante devastada pela ação
do homem. O autor não menciona a Restinga, que faz parte deste bioma.
Figura 4: Coleção Ciências
2ª Coleção: Ciências (Fig.4)
Autores: Carlos Barros & Wilson Roberto Paulino (2004)
No livro da 5ª série, Ciências – O Meio Ambiente, a Unidade I é dedicada aos seres
vivos e o ambiente. O capítulo dois desta unidade, intitulado: “Ecossistema: onde a vida
acontece”, traz a definição de ecossistema como sendo: “o conjunto formado pelo meio
biótico e o meio abiótico que num ambiente trocam energia e matéria.” (p.13) e logo abaixo
mostra uma foto da Mata Atlântica, que os autores destacam como um ecossistema “muito
conhecido”. (Fig.5)
Outros tipos de ambientes também são mencionados, como por exemplo: o mar, o
pasto, os rios e lagos.
A Unidade V destaca a preservação dos mais variados ambientes, tais como:
aquáticos, terrestre e ambientes com parques nacionais, reservas biológicas e estações
ecológicas. No capítulo trinta e um é discutida a preservação do ambiente aquático. Os
autores iniciam este capítulo citando a poluição dos manguezais e mostram a foto do mangue
na Estação Ecológica da Juréia (SP) . No final é mencionado o lançamento de esgotos nas
praias citando que: “Os esgotos lançados nas praias trazem riscos também para os banhistas,
que podem ser contaminados por microorganismos causadores de doenças ou por resíduos
tóxicos.” (p.219), mas não descreve a Restinga como um todo, limitando-se a poluição
ambiental presente nas praias.
No livro da 6ª série, Ciências – Os Seres Vivos, na Unidade VII - “Os seres vivos e o
meio ambiente”, o capítulo trinta e cinco aborda a distribuição da vida na biosfera,
trabalhando os ecossistemas aquáticos e terrestres, e citando a Mata Atlântica como um
exemplo de floresta úmida tropical, sem no entanto mencionar a Restinga como parte deste
bioma.
Figura 5: Bioma Mata Atlântica.
Figura 6: Coleção Ciências & Educação Ambiental
3ª Coleção: Ciências & Educação Ambiental (Fig.6)
Autor: Daniel Cruz (2002)
No livro da 5ª série - o meio ambiente, em nenhum capítulo o autor menciona o
ecossistema Restinga e o bioma Mata Atlântica.
No livro da 6ª série - os seres vivos, no início do capítulo trinta intitulado, “Biosfera, o
lugar da vida na Terra”, o autor propõe uma atividade entre aos alunos, quando coloca em
destaque o seguinte texto: “Troque idéias com seus colegas: quais os principais ecossistemas
da biosfera da Terra? Como os seres vivos estão adaptados a eles?”(p.285)
Ainda neste capítulo, o autor retrata “os grandes ecossistemas terrestres”(p.288), e a
Mata Atlântica é citada como parte da floresta úmida tropical, não sendo mencionada a
restinga. No final do capítulo há um texto para leitura complementar sobre os Parques
Figura 7: Texto para leitura complementar sobre os Parques Nacionais.
Nacionais brasileiros (Fig. 7), a Restinga de Jurubatiba (RJ) é citada e há um mapa que mostra
sua localização no Estado do Rio de Janeiro (Fig.8).
A única menção à Restinga é feita neste texto, porém só há a citação de Jurubatiba, por
pertencer a um dos Parques Nacionais. Em nenhum momento o autor explica o que é
Restinga.
Figura 8: Mapa com a localização da Restinga de Jurubatiba (28), no Estado do Rio
de Janeiro.
Em seguida o autor apresenta uma atividade em que o aluno deve responder as
seguintes perguntas:
“1. Você já teve a oportunidade de visitar um Parque Nacional? Em caso positivo, descreva as suas impressões do passeio. 2. Na sua opinião, por que é necessário que órgãos governamentais mantenham preservadas áreas ambientais por todo o país?”(p.295)
No livro da 6ª série quando o autor aborda os ecossistemas terrestres brasileiros,
poderia ter mencionado a Restinga, porque forma junto com a praia, a costa do litoral do
Brasil. No final de cada livro há um glossário contendo as palavras utilizadas especificamente
em Ciências, e sugestões de leitura que incluem revistas, livros e sites, onde também não foi
mencionado o tema Restinga para esclarecimento do aluno.
Figura 9: Coleção Ciências Novo Pensar
4ª Coleção: Ciências Novo Pensar (Fig.9)
Autores: Demétrio Gowdak & Eduardo Martins (2002)
No livro da 5ª série encontra-se apenas a citação da Mata Atlântica como exemplo de
ecossistema e não havendo referência à Restinga. O autor sugere sites, como o do Ministério
do Meio Ambiente e SOS Mata Atlântica, para que o aluno possa se aprofundar no assunto.
No livro da 6ª série o autor ao trabalhar os ecossistemas terrestres, aborda as florestas
tropicais, mencionando somente a floresta Amazônica como exemplo no Brasil. A Mata
Atlântica não é retratada, assim como a Restinga.
O livro da 7ª série trabalha com o problema da poluição no meio ambiente e não cita a
Restinga e nem a Mata Atlântica.
O livro da 8ª série que na unidade de Ecologia trata das “agressões ao meio ambiente”
e “poluição e saúde”, também não menciona a Restinga e a Mata Atlântica.
5ª Coleção: Vivendo Ciências- Nova Edição (Fig.10)
Autoras: Maria de La Luz & Magaly Terezinha dos Santos (2002)
No livro da 5ª série, no capítulo quinze que se destina aos climas da Terra, as autoras
ao abordarem a zona tropical, apresentam um mapa com a distribuição geográfica das
Florestas Tropicais no mundo, porém na América do Sul só é destacada a Floresta
Amazônica, não retratando a Floresta Tropical Atlântica. A legenda destaca que na América
Latina existe uma floresta tropical, porém as autoras não mencionam o erro cometido pelo
autor do mapa que omitiu a distribuição geográfica da Mata Atlântica. (Fig.11) Ao longo do
texto que segue o mapa as autoras apenas citam: “A Mata Atlântica, floresta que cobria boa
parte do litoral brasileiro na época do descobrimento, foi quase totalmente destruída” (p.139),
não dando ênfase a Restinga.
Figura 10: Coleção Vivendo Ciências
Figura 11: Distribuição geográfica das Florestas Tropicais no mundo.
O livro da 6ª série no capítulo três sobre “Biomas”, traz um mapa com a distribuição
dos principais biomas do mundo, o qual mostra na costa brasileira a Floresta Tropical. Ainda
neste capítulo, dentro de biomas brasileiros as autoras abordam a Mata Atlântica destacando a
sua extensão no ano de 1500 e atualmente, através de uma ilustração. Nenhuma referência à
Restinga foi encontrada no livro da 6ª série.
Essa coleção apresenta no final dos seus livros referências de pesquisas
complementares, como: sugestões de bibliografias e sites de instituições científicas e revistas.
Dentre os sites estão: IBAMA, Fundação SOS Mata Atlântica, Ministério do Meio Ambiente
e outros.
A coleção retrata a Mata Atlântica, porém não há um aprofundamento sobre o tema
que desmembrado levaria ao estudo das Restingas e Manguezais, ecossistemas que fazem
parte deste bioma. As Restingas poderiam ser mostradas através de ilustrações e em textos
para leitura complementar.
6ª Coleção: Ciências (Fig.12)
Autora: Cecília Valle (2004)
No livro da 5ª série no capítulo quatro, intitulado “A Terra e a vida”, a autora retrata o
assunto ecossistema através de fotos da Mata Atlântica, da Mata de Araucária e do
Manguezal, sendo que este não é citado como fazendo parte da Mata Atlântica. Em nenhum
capítulo a Restinga é mencionada.
No livro da 6ª série no capítulo um que trata “Os seres vivos e o ecossistema”, existem
fotos sobre a caatinga, o pantanal, o manguezal, arrecifes e uma floresta, a qual ela não
menciona a que bioma pertence, e através das fotos, propõe aos alunos que façam uma lista de
animais, relacionando-os aos ambientes apresentados. A seguir a autora conceitua
ecossistema, enfatizando a interação entre o ambiente físico, os seres vivos e os fatores físicos
e químicos. No final do capítulo apresenta um texto para leitura complementar sobre
biodiversidade, onde descreve a Mata Atlântica como a floresta brasileira mais ameaçada. A
Restinga não é mencionada em nenhum capítulo.
Figura 12: Coleção Ciências
7ª Coleção: Série Link da Ciência (Fig.13)
Autoras: Silvia Bortolozzo & Suzana Maluhy, 2004
No livro da 5ª série no capítulo “Esta é sua vida” as autoras abordam o desmatamento
da Mata Atlântica, dando destaque a exploração do pau-brasil durante a colonização. A
evolução do desmatamento em diferentes ecossistemas brasileiros é retratada em três mapas,
correspondentes aos anos de 1500, 1960 e 1988 (Fig.14). No primeiro mapa pertinente ao ano
de 1500 a Restinga é colocada junto com o ecossistema Manguezal. Apenas esta citação da
Restinga é feita ao longo de todo o livro.
Figura 13: Coleção Série Link da Ciência.
No livro da 6ª série há um capítulo sobre a Mata Atlântica, intitulado “Rainha da
biodiversidade” em que as autoras destacam mais uma vez o pau-brasil e a sua exploração
desde o início da colonização. É dada ênfase sobre a diversidade da fauna e da flora, listando
espécies ameaçadas de extinção, espécies endêmicas e a preocupação com a preservação
ambiental. Embora o capítulo seja só sobre a Mata Atlântica, não há nenhuma menção aos
ecossistemas que fazem parte deste bioma, como a Restinga.
Figura 14: Evolução do desmatamento no Brasil nos anos de 1500, 1960 e 1988.
4- CONCLUSÃO E DISCUSSÃO O ecossistema Restinga não é devidamente abordado nos livros analisados e estes são
deficientes no que se refere ao assunto Meio Ambiente, citando apenas o bioma Mata
Atlântica sem ao menos retratar quais os ecossistemas que dele fazem parte. Seria importante
que os autores tratassem com profundidade tal tema, por ser o livro didático uma das
ferramentas utilizadas pelos professores para trabalharem com seus alunos.
Um dos conteúdos destacados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
relacionados ao Meio Ambiente, ressalta que o aluno deve ser capaz de avaliar as alterações
na realidade local, a partir do conhecimento que eles têm dos ecossistemas mais próximos.
Tal conteúdo expressa que:
“A observação das especificidades dos ecossistemas próximos aos estudantes, (utilizando-se de técnicas apropriadas para cada caso), facilitará a comparação com os demais. Esse passo é fundamental para a avaliação de alternativas de intervenção, e para a definição de soluções mais adequadas para problemas de desequilíbrio ambiental. Para avaliar alterações em seu ambiente, os alunos necessitam conhecer, ao menos em parte, a diversidade de elementos existentes no local em que vivem, perceber a dinâmica das interações desses elementos e o papel de cada um na determinação da qualidade ambiental.” (PCN MEIO AMBIENTE, 2000, p. 211)
Para que os alunos conheçam, pelo menos em parte, a diversidade de elementos que
existem no local em que vivem, concluímos que seria necessário que o livro didático
trabalhasse os biomas brasileiros e seus respectivos ecossistemas na íntegra. Contudo, os
autores continuam destacando apenas alguns ecossistemas, considerados por eles como
principais, deixando de descrever ecossistemas como a Restinga, entre outros.
O PCN de Ciências do Ensino Fundamental ressalta a importância das atividades de
Ciências Naturais serem distribuídas no 3º e 4º ciclos, de tal forma que os alunos recebam
informações progressivas nas diferentes séries de aprendizagem. Contudo das sete coleções
analisadas, que foram aprovadas pelo Programa Nacional do Livro didático (PNLD) do
Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 2005, apenas a coleção do Demétrio Gowdak &
Eduardo Martins retrata o tema Meio Ambiente em todas as séries. Mesmo esta coleção, que
está de acordo com o PCN, não menciona a Restinga em nenhum de seus livros.
A coleção Ciências & Educação Ambiental do autor Daniel Cruz foi a única que citou
a Restinga no livro da 6ª série. A menção da Restinga de Jurubatiba encontra-se em um texto
para leitura complementar sobre os Parques Nacionais brasileiros. Apesar de não aprofundar o
tema em discussão, o autor ao colocar tal texto desperta o aluno para a importância de se
manter preservadas áreas ambientais, dentre elas Jurubatiba. Esta região do Parque Nacional
da Restinga de Jurubatiba foi escolhida como um dos sítios do Programa Brasileiro de Longa
Duração, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o que aumenta
os esforços para o maior conhecimento deste ecossistema. Esse programa, desenvolvido em
escala mundial, integra instituições de pesquisa do país e do exterior o que possibilita um
amplo intercâmbio de conhecimentos e de pesquisadores. (ALBERTONI, 1999). Desta forma,
torna-se pertinente sugerir ao autor Daniel Cruz usar esta informação em seu livro, já que se
trata de um programa importante relacionado à Restinga, de forma que o aluno compreenda a
importância deste ecossistema nos seus aspectos físicos, biológicos, culturais e sócio-
econômicos.
A Restinga tem relevante importância em diferentes setores: no alimentício quando do
consumo de frutas como o caju, a pitanga, a goiaba e a mangaba; medicinal ao poder
terapêutico de plantas como o salsão-da-praia e o cacto; ornamental, onde plantas como a
bromélia e a orquídea são muito utilizadas no paisagismo; ecológico devido a importância dos
animais endêmicos, como a lagartixa-da-areia (Liolaemus lutzae), a borboleta-da-praia
(Parides ascanius), e a ave Formicivora littoralis. Está também relacionada às atividades de
lazer e turismo, sendo a praia a região da Restinga mais conhecida e freqüentada pelos
banhistas, e portanto bem próxima ao convívio da população. No entanto, não é mencionada,
na maioria dos livros didáticos, sendo citada apenas no livro da 5ª série dos autores Carlos
Barros & Wilson Roberto Paulino, quando descrevem a poluição nas praias, não
estabelecendo a relação Restinga-praia.
O fato da Restinga fazer parte do bioma Mata Atlântica e possuir importância em
diferentes áreas, a torna um ecossistema que deve estar presente na literatura escolar. Quando
os autores mencionam em seus livros que a Mata Atlântica está reduzida a cerca de 7,0% do
seu território original, deveriam incluir nesta porcentagem as Restingas e os Mangues, pois
estes são parte do bioma. Nas coleções analisadas que abordam os Manguezais, não há
menção que estes fazem parte da Mata Atlântica e no livro da 6ª série dos autores Demétrio
Gowdak & Eduardo Martins, a Mata Atlântica não é nem citada quando as florestas tropicais
são abordadas. Concluímos que estes livros aprovados pelo PNLD do MEC para serem
adotados pelos professores, deveriam possuir informações corretas e completas, uma vez que
estes são constantemente manuseados pelos alunos como fonte de informação do aprendizado.
Sugere-se aos autores que os livros didáticos apresentem um conteúdo aprofundado
em relação aos ecossistemas brasileiros, dando mais destaque a diversidade de ambientes que
nosso país possui, o que pode ser feito através de textos que ressaltem as características
físicas, de fotos da flora e da fauna, de mapas com a localização geográfica e exercícios sobre
o tema. Os autores devem incluir as Restingas ao abordarem a Mata Atlântica, que deveria ser
trabalhada inicialmente como um todo (ou seja, um bioma) e depois dividida nos ecossistemas
que dela fazem parte: Florestas, Mangues e Restingas, explicando que todos estão
interligados, levando o aluno a compreender bioma e seus ecossistemas, pois a idéia que os
livros passam é de que os ambientes são áreas isoladas umas das outras.
Pesquisas em publicações científicas que informem sobre as características da
Restinga como um todo, além de artigos de jornais, de revistas e sites que aproximam o aluno
do seu dia-a-dia, devem ser incluídos nos livros didáticos. É importante que estes contenham
também atividades diversas que despertem o interesse do aluno sobre o ambiente, como jogos,
dinâmicas de grupo, atividades teatrais, criação de painéis, elaboração de textos, etc de forma
a estimular a interdisciplinaridade. Uma outra sugestão é que se inclua nas legendas referentes
à flora e à fauna informações sobre quais ecossistemas estes espécimes pertencem, mesmo
que estejam em capítulos que não abordem o tema Ecologia, contribuindo com os alunos na
compreensão da distribuição e caracterização das espécies em seus espaços geográficos,
compondo os diferentes biomas.
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