UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
ANDRÉ DE VASCONCELLOS CONDE SARAIVA
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ACIONISTAS E ADMINISTRADORES NA SOCIEDADE ANÔNIMA
São José 2010
ANDRÉ DE VASCONCELLOS CONDE SARAIVA
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ACIONISTAS E ADMINISTRADORES NA SOCIEDADE ANÔNIMA
Monografia apresentada à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI , como requisito parcial a obtenção do grau em Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. MSc. Moacir José
Serpa
São José 2010
ANDRÉ DE VASCONCELLOS CONDE SARAIVA
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ACIONISTAS E ADMINISTRADORES NA SOCIEADE ANÔNIMA.
Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de bacharel e
aprovada pelo Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Ciências Sociais e Jurídicas.
Área de Concentração: Direito Comercial: Direito Societário
São José - SC, 31 de outubro de 2010.
Prof. MSc. Moacir José Serpa UNIVALI – Campus de São José
Orientador
Prof. MSc. Nome Instituição Membro
Prof. MSc. Nome Instituição Membro
Dedico este trabalho acadêmico,
a Deus.
Aos meus pais, Francisco Conde Saraiva e Leila de Vasconcellos Fonseca,
Meus exemplos de vida,
E, por serem grandes incentivadores de mais esta empreitada.
À minha namorada Maria Carolina Corrêa.
Por estar sempre presente ao meu lado, em todos os momentos alegres e
principalmente nos momentos mais dificeis.
Minhas Avós Maria Rosa Conde e Alda de Vasconcellos (in memorian)
Juntamente com meu querido Avô Armando Derval dos Reis da Fonseca
(in memorian)
Presença espiritual em todos
os momentos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, este Grande Arquiteto do Universo,
principalmente, por me dar saúde e garra para vencer os obstáculos que
permeiam nossa vida;
Os meus amados e dedicados pais, Francisco Conde Saraiva e Leila de
Vasconcellos Fonseca, meus exemplos de vida, pessoas as quais tenho uma
enorme gratidão e admiração, que me ensinaram o valor do estudo e sempre
me motivaram na busca dos meus ideais;
A minha amada namorada Maria Carolina Corrêa, por estar sempre ao meu
lado principalmente nos momentos mais difíceis da vida.
Aos demais familiares que sempre estiveram ao meu lado ajudando, seja,
direta ou indiretamente, saibam que os tenho com muito carinho;
Aos meus queridos avós Alda de Vasconcellos, Maria Rosa Conde e Armando
Derval dos Reis da Fonseca (in memorian), que certamente onde estiverem,
estará contente por mais esta vitória alcançada;
Em especial o Professor e Orientador MSc. Moacir José Serpa, exemplo de
profissionalismo, pelo qual tenho uma enorme satisfação de ter sido seu aluno
e agora seu orientando.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total
responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho,
isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito,
a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade
acerca do mesmo.
São José - SC, 27 de Outubro de 2010.
André de Vasconcellos Conde Saraiva
RESUMO
O objeto do presente trabalho é demonstrar a responsabilidade civil dos Administradores e Acionista na Sociedade Anônima mostrando suas diferenças com base na Lei 6.404 de 1976 e no Código Civil Brasileiro. Tratando especificamente acerca da responsabilidade civil dos Administradores definidas no Artigo 158 da Lei das Sociedades Anônimas e quanto aos sócios suas responsabilidades limitadas ao preço de emissão das ações subscritas definidas no artigo 1º da mesma Lei.A primeira parte deste trabalho abordará a parte histórica da sociedade comercial no Brasil, com a chegada da família portuguesa, período em que aconteceram diversas modificações no contexto da história em nosso país. Em seguida, será apresentado o conceito de sociedade definido por doutrinadores, bem como os tipos societários e suas específicas características. No segundo momento aborda apenas sobre a Sociedade Anônima visando suas características bem com os tipos societários existentes no ordenamento jurídico. Por fim tratará da responsabilidade civil dos administradores e acionistas traçando as diferenças entre eles perante a Sociedade Anônima. Colocando o Administrador com mais responsabilidades em comparação aos Acionistas perante a Sociedade assim estudada.
Palavra-chave: Sociedade Anônima, Responsabilidade Civil, Acionistas,
Administradores.
ABSTRACT
The object of this paper is to show the liability of the Directors and Shareholders in the corporation showing their differences on the basis of Law in 1976 and 6404 Civil Code. Dealing specifically about the civil liability of the directors as defined in Article 158 of the Corporations Law on the members and their responsibilities limited to the issue price of subscribed shares as defined in Article 1 of the same Act the first part of this work will address the historical part of society business in Brazil with the arrival of the Portuguese family, during which several changes occurred in the context of history in our country. You will then be presented with the concept of society defined by scholars as well as the corporate types and their specific characteristics Addresses only the second time on the corporation aimed at its characters and with the corporate types in the existing legal system. Finally address the liability of directors and shareholders outlining the differences between them before the corporation. Placing more responsibility with the Administrator in comparison to the Shareholders to the Company as well studied.
Keyword: Corporation, Liabity, Shareholders, Managente
ROL DE ABREVIATURAS OU SIGLAS
AGO – Assembléia Geral Ordinária
AGE – Assembléia Geral Extraordinária
CC – Código Civil Brasileiro
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
LSA – Lei das Sociedades Anônimas
S.A. – Sociedade Anônima
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................... 11
1 AS SOCIEDADES COMERCIAIS NO DIREITO BRASILEIRO............. 13
1.1 HISTÓRICO DA SOCIEDADE COMERCIAL....................................... 13
1.2 CONCEITOS DE SOCIEDADES COMERCIAIS................................. 17
1.3 CARACTERISTICAS DAS SOCIEDADES EMPRESARIAIS.............. 19
1.4 TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESARIAIS....................................... 20
1.4.1 Sociedade Comandita Simples..................................................... 20
1.4.2 Sociedade em Nome Coletivo....................................................... 22
1.4.3 Sociedade Limitada........................................................................ 24
1.4.4 Sociedade em Comandita por Ações........................................... 27
1.4.5 Sociedade Cooperativa.................................................................. 28
1.4.6 Sociedade Anônima....................................................................... 30
2 A SOCIEDADE ANÔNIMA NA LEI 6404/76.......................................... 32
2.1 EVOLUÇÕES HISTÓRICAS DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS.......... 32
2.1.1 Histórico da Sociedade anônima no Brasil.................................. 35
2.2 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE ANÔNIMA... 37
2.3 TIPOS DE SOCIEDADES ANÔNIMAS............................................... 40
2.3.1 Sociedade Anônima de Capital Aberto......................................... 40
2.3.2 Sociedade Anônima de Capital Fechado..................................... 42
2.3.3 Sociedade Anônima de Economia Mista...................................... 44
2.4 ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA............................................... 45
2.4.1 Assembléia Geral............................................................................ 45
2.4.2 Conselho de Administração.......................................................... 47
2.4.3 Diretoria........................................................................................... 49
2.4.4 Conselho Fiscal.............................................................................. 50
3 A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ACIONISTAS E
ADMINISTRADORES NA SOCIEDADE ANÔNIMA........................
52
3.1 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL.................................... 52
3.1.1 Espécies e Efeitos de Responsabilidade Civil............................. 54
3.1.2 Excludentes de Responsabilidade Civil....................................... 56
3.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ACIONISTAS............................... 56
3.3 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ADMINISTRADORES.................. 58
3.3.1 Deveres e Responsabilidades dos Administradores.................. 61
3.3.1.1 Dever de diligência........................................................................ 61
3.3.1.2 Dever de lealdade.......................................................................... 62
3.3.1.3 Dever de informar.......................................................................... 64
3.3.1.4 Conflito de Interesses.................................................................... 64
3.4 AÇÃO DE RESPONSABILIDADE....................................................... 66
3.5 JURISPRUDÊNCIA............................................................................. 68
CONCLUSÃO............................................................................................ 69
REFERÊNCIAS......................................................................................... 71
11
INTRODUÇÃO
O estudo a ser realizado tem como objetivo tratar sobre a
responsabilidade civil dos acionistas e administradores, fazendo uma
comparação entre as responsabilidades e deveres destes perante a Sociedade
Anônima.
As Sociedades Anônimas ou companhias estão definidas em
dispositivo especial a Lei 6.404 de 15.12.1976. Muitos debatem acerca das
responsabilidades e deveres perante a sociedade. Entretanto, sabe-se que os
administradores possuem muito mais responsabilidades do que os acionistas,
respondendo civilmente assim como define o artigo 158 da Lei 6.404/76.
O método utilizado no presente trabalho foi o dedutivo que, conforme
demonstra PASOLD1, tem por objetivo estabelecer uma formulação geral e, em
seguida buscar as partes do fenômeno de modo a sustentá-la, ou seja, partindo
de um geral para o particular.
Esse trabalho acadêmico foi amparado em coleta de informações de
pesquisas bibliográficas, compreendendo pesquisas de obras literárias de
doutrinas jurídicas, artigos científicos, jurisprudências.
O presente trabalho foi dividido em três capítulos:
No primeiro capítulo serão abordados os principais aspectos históricos
da sociedade, no âmbito do Direito Empresarial, bem como seus conceitos e
suas características apresentadas no art. 981 do Código Civil Brasileiro. Na
seqüência abordara os tipos de Sociedades empresarias tais como: a
sociedade comandita simples, sociedade em nome coletivo, sociedade
limitada, sociedade comandita por ações, cooperativa e a sociedade anônima.
O segundo capítulo tratará dos tipos societários sob a ótica de vários
doutrinadores, a fim de exemplificar o conteúdo de forma clara e sucinta.
___________________ 1Cf. PASOLD. César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéias e ferramentas úteis para o
pesquisador do Direito. 4 ed. Florianópolis: OAB/SC Editora. 2000, p.85.
12
Ainda neste capítulo far-se-á um estudo sobre a Sociedade Anônima
no ordenamento jurídico brasileiro abordando a evolução histórica das deste
tipo societário; o início da Sociedade Anônima no Brasil, bem como seu
conceito e características. Neste mesmo capitulo será tratado sobre os tipos de
sociedades anônimas, os sócios e a sua administração.
Na seqüência, o terceiro capítulo irá versar sobre a problemática
sugerida pelo tema, ou seja, demonstrar as responsabilidades e deveres
existentes entre os administradores e acionistas, com base no Código Civil
Brasileiro (Lei 10.406/02) e em dispositivo especial, a Lei 6.404/76 - conhecida
como: Lei das S.A. Mostrando de forma resumida as responsabilidades e
deveres tanto dos acionistas bem como dos administradores. No final conclui-
se que os administradores possuem mais responsabilidades do que os
acionistas, que por sua vez podem respondem até mesmo de forma limitada ao
preço das ações que subscreveram.
13
1 AS SOCIEDADES COMERCIAIS NO DIREITO BRASILEIRO
A primeira parte deste trabalho abordará a parte histórica da sociedade
comercial no Brasil, com a chegada da família portuguesa, período em que
aconteceram diversas modificações no contexto da história em nosso país2.
Em seguida, será apresentado o conceito de sociedade comercial definido por
doutrinadores, bem como os tipos societários e suas específicas
características.
1.1 HISTÓRICO DA SOCIEDADE COMERCIAL NO BRASIL
A história do Direito Comercial no Brasil inicia-se no período do Brasil -
Colônia baseada na legislação de Portugal. Nesta época, imperavam as
ordenações Filipinas, sob a influência tanto do direito canônico como do direito
romano3.
Em 1807, com a invasão de Napoleão a Portugal, a família real
portuguesa acuada pelas tropas napoleônicas, foge para o Brasil e no ano
seguinte se instala em território brasileiro, dando início ao período luso-
brasileiro4.
Acerca deste período histórico DÓRIA define:
O período luso-brasileiro. Este começa com a chegada de D. João VI e sua real comitiva ao Brasil. Ameaçado pelas tropas de Napoleão Bonaparte, que invadiram o território português, como decorrência do bloqueio que a França decretara D João, então Regente, procura refugio no Brasil, para onde se desloca com toda sua real comitiva. Aportando em Salvador a 24 de janeiro de1808
5.
______________________
2 DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. V.1, 12 ed. Rev. Atual, São Paulo: Saraiva,
1997, p.24. 3
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 1º Volume. 29 ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 39.
4 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 1º Volume. 29 ed. Atual. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 39.
5 DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. V.1, 12 ed. Rev. Atual, São Paulo: Saraiva,
1997, p.24.
14
Dias depois da chegada da comitiva portuguesa, mais precisamente no
dia 28 de janeiro 1808, em ato realizado na câmara, foi assinada a Carta
Régia, por Dom João VI, que trouxe como grande mudança a abertura dos
portos brasileiros ao comércio livre das nações amigas6.
Este período é definido como de finalidade muito mais econômica do
que propriamente comercial. Entretanto, é bom frisar que a real abertura dos
portos ocorreu exclusivamente em 1822 com a Independência do Brasil7.
Além da Lei de abertura dos portos8, mais tarde outras leis e alvarás
acabam sendo criados, como os que determinam a criação da Real Junta de
Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, para estimular as atividades
produtivas da nação que porventura vierem a surgir9.
A abertura dos portos, além de estimular as atividades produtivas, que
até então eram escassas, pôs fim ao longo monopólio mercantil português
exercido sobre o Brasil. Com este ato Dom João estabeleceu um passo
decisivo e positivo para o país sair de sua condição de colônia. Diante deste
feito, o Brasil começa a ter diversas relações comerciais diretas com outros
países10.
BERTOLDI, acerca da evolução histórica no Brasil, comenta que:
Não há falar em direito comercial brasileiro no período do Brasil – colônia. Aquela época as normas jurídicas que regulavam a atividade mercantil seriam justamente ditadas por Portugal, adivinhas, portanto, do direito português. Somente se detecta um direito comercial brasileiro propriamente dito com a Independência do Brasil, em 1822,
marco inicial para a construção do ordenamento jurídico nacional11
.
Logo após a independência do Brasil, as leis portuguesas continuaram ____________________ 6 DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. V.1, 9 ed. Rev. Atual, São Paulo: Saraiva,
1997, p.24. 7 DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. V.1, 9 ed. Rev. Atual, São Paulo: Saraiva,
1997, p.24. 8 Em 23 de agosto de 1808, em conseqüência da abertura dos portos ao comércio estrangeiro,
foi estabelecida no Brasil a Real Junta de Comércio, que substituíra a Mesa de Inspeção do Rio de Janeiro e estendera sua jurisdição a todas as capitanias. Disponível em: http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=811&sid=99&tpl=printerview acessado em: 27/ outubro / 2009. 9 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 1º Volume. 29 ed. Atual. São Paulo:
Saraiva, 2010, pág. 40. 10
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 1º Volume. 29 ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2010, pág. 40. 11
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.28
15
vigorando temporariamente. Este fato ocorreu pela grande dificuldade da
criação de uma legislação mercantil brasileira. Nesta mesma época
destacavam inúmeras leis e alvarás12.
Após exatos e espaçados vinte e oito anos, foi sancionada a Lei nº. 556
de junho de 1850, que promulgou o Código Comercial Brasileiro.
Assim define REQUIÃO sobre o Código de 1850:
Esse diploma, até hoje, elogiado pela precisão e técnica de sua elaboração, teve como fontes próximas o código francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833. Foi compilado, como registram os autores, em grande parte do Código português, acentuando J. X. Carvalho de Mendonça que “não era cópia servil de nenhum deles”, mas foi “o primeiro trabalho original que, com feição nova, apareceu na América”
13.
Entretanto, é bom ressaltar que o primeiro e único Código Comercial
Brasileiro (Lei nº. 556, de 25.061850) não definiu e muito menos determinou o
que seria sociedade comercial. Contudo, décadas mais tarde, com o Código
Civil de 1916, abordou-se pela primeira vez acerca das sociedades civis e
comerciais 14.
A Lei nº. 3.071, de 01.01.1916 o conceituou, no caput do art. 1.363,
abrangendo os dois tipos de sociedade, a comercial e a civil: “celebram
contrato de sociedade as pessoas que mutuamente se obrigam a combinar
seus esforços ou recursos, para lograr fins comuns‟‟15.
O Código Comercial de 1850, com a entrada do Código Civil Brasileiro
de 2002, sofreu uma grande influência da teoria dos atos de comércio. Sua
parte inicial acabou sendo revogada como define o art. 2.045 do CC:
“Revogam-se a Lei nº. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código Civil e a
Primeira parte do Código Comercial, Lei nº. 556 de 25 de junho de 1850” 16
.
_________________ 12
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 1º Volume. 29 ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2010, pág. 41 13
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 1º Volume. 29 ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2010, p.41. 14
ALMEIDA, Amador Paes de Almeida. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 31. 15
BRASIL,Código Civil Brasileiro,1916. Acesso em: 07/ outubro /2009 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L3071.hm 16
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 06 outubro 2009
16
Neste mesmo ano (1850) foram publicados os regulamentos 737 e 738,
juntamente com o Código Comercial.
O Artigo 19 do regulamento 737 definia:
Artigo 19. Considera-se mercancia:
a)compra e venda ou troca de bem móvel ou semovente, para sua revenda, por atacado ou a varejo, industrializado ou não, ou para alugar seu uso; b)as operações de câmbio, banco ou corretagem; c)as empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos; d)os seguros, fretamentos, riscos; e)quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo e à armação e expedição de navios
17
FÁBIO ULHOA comenta em sua doutrina que:
O regulamento 737/50, disciplinou os procedimentos a serem observados nos então existentes Tribunais do Comércio, apresentava a relação de atividades econômicas reputadas mercancia. Em linguagem atual, esta relação compreenderia: a) compra e venda de bens móveis ou semoventes, atacado ou varejo, para revenda ou aluguel; b) indústria; c)bancos; d)logística; e) espetáculos públicos; f) seguros;g) armação e expedição de navios
18.
Elogiado por alguns doutrinadores e criticado por outros o
Regulamento 737 firmado no ano 1850, visava regulamentar o procedimento
nos processos envolvendo questões comerciais. Entretanto, passou a ser
observado na época para as causas civis em geral.
A respeito do regulamento, BERTOLDI descreve que:
Esta disposição legal vigorou até a extinção dos Tribunais do Comércio em 1975 e a unificação civil e comercial em uma só, ocasião em que a distinção entre a condição jurídica do comerciante e a do não comerciante perdeu muito de sua importância. A partir daí, o elenco do artigo 19 do regulamento 737 acabou por tornar-se mero indicativo para a definição da atividade mercantil, perdendo sua força imperativa.
19
_________________ 17
BRASIL, Decreto nº. 737/50 disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1800-1850/D737.htm 18
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010. pág. 9. 19
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.30.
17
MARTINS, no seu Curso de Direito Comercial conceitua:
Entende-se por comerciante a pessoa, natural ou jurídica, que, profissionalmente, exercita atos de intermediação ou prestação de serviços com intuito de lucro. Os atos praticados pelos comerciantes, no exercício de sua profissão, são denominados atos de comércio por natureza ou subjetivos. A lei reconhece como comerciais outros atos, mesmo praticados por não-comerciantes. Esses atos são de comércio objetivo ou decorrente da vontade do legislador. A pessoa que os pratica não é considerada comerciante porque, no caso, o ato em si que tem natureza comercial
20.
Sendo assim, denotam-se que os atos de comércio poderiam ser
praticados por comerciantes ou até mesmo por não-comerciantes, entretanto,
apenas os comerciantes, devidamente registrados, estariam sujeitos ao direito
comercial, ficando os não-comerciantes sujeitos à doutrina civil.
Com a prática e a evolução da sociedade, as relações comerciais
foram se modificando cada vez mais, adaptando-se às novas realidades e
necessidades.
1.2 CONCEITOS DE SOCIEDADE COMERCIAIS
Em sua forma mais rudimentar, a sociedade é tão antiga quanto a
civilização. O estudo aprofundado da evolução histórica do homem nos revela
que seu desenvolvimento socioeconômico se deu de forma gradativa, levando-
o das necessidades individuais às necessidades dos grupos21.
Assim define ALMEIDA o processo de evolução do homem: [...] resultaria a conjugação de esforços que consubstanciariam a forma primitiva de sociedade, assim considerada a reunião de duas ou mais pessoas, com o propósito de combinar esforços e bens, com objetivo de repartir entre si os proveitos auferidos. Na união dessas forças, pois, encontramos as primeiras manifestações de sociedade, conquanto, obviamente, bem distanciada dos dias atuais
22.
_______________ 20
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 83. 21
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 15. ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 3. 22
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 15. ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 3.
18
Desta forma, surge a sociedade em que duas ou mais pessoas se
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados23.
Para NEGRÃO a sociedades estariam descritas como sendo:
[...] o contrato celebrado entre pessoas físicas e/ou jurídicas, ou somente entre pessoas físicas (art. 1.039), por meio do qual estas se obrigam reciprocamente a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilhar, entre sim os resultados
24.
Segundo Hernani Estrella, a sociedade comercial:
[...]é a entidade autônoma resultante de convenção, pela qual duas ou mais pessoas conjugam esforços ou recursos para o exercício da atividade mercantil (lato sensu), debaixo de firma ou denominação, partilhando os lucros e perdas daí advindas
25.
REQUIÃO, em sua obra sobre Direito Comercial, cita uma antiga lei
espanhola, a Siete Partitas, que conceituava minuciosamente a sociedade
comercial:
Fazem companhia os mercadores e outros homens entre si, para ganhar facilmente, juntando seus capitais em um, do que às vezes serem recebidos nela por companheiros: uns que sabem e entendem de comprar e vender, embora não tenha capital fazê-lo; outros que têm, mas lhes falta aquela instrução; e outros que, sem embargo de ter capital e inteligência, não querem usar deles para si mesmos.
26
REQUIÃO reserva ainda, a expressão sociedade comercial para
aquela que pratica atos de comércio, reservando a sociedade civil para a
prática de atos civis com fins econômicos27.
Não obstante, MAZIONE busca uma forma mais dogmática na
definição de sociedade comercial em sua obra, ao apresentar o conceito de
sociedade como sendo “a pessoa jurídica de direito privado não-estatal, que
__________________ 23
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 15. ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva,2010. 24
NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa. v.1. 1. Ed., rev. e atual – São Paulo: Saraiva, 2005, p. 236
25 ESTRELLA apud ALMEIDA, (2005) op. cit p.9.
26 REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São Paulo:
Saraiva, 2010. v. 1. pág. 15. 27
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1. pág. 15.
19
tem por objeto social a exploração de atividade comercial ou a forma de
sociedade por ações”. 28
Com o crescimento e desenvolvimento da humanidade, as relações
comerciais tornaram-se mais complexas, exigindo uma caracterização mais
efetiva dos atos a fim de atender a todos os aspectos. Desta forma passa-se a
discorrer sobre as características das sociedades assim como é definido no
artigo 981 do Código Civil Brasileiro.
1.3 CARACTERÍSTICAS DAS SOCIEDADES EMPRESARIAIS
As sociedades são caracterizadas quando duas ou mais pessoas se
juntam a fim de organizarem uma empresa para desfrutar de seu exercício e
assumem suas responsabilidades, através de um contrato social. Entretanto a
unipessoalidade societária é admitida apenas e exclusivamente em caráter
excepcional29.
Segundo o art. 981 do Código Civil: “Celebram contrato de sociedades
as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços,
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados‟‟30.
Assim como exemplifica o referido artigo, as sociedades são formadas
pelo menos por dois sócios. Outra característica marcante da sociedade é o
interesse dos sócios deve estar em harmonia com a função social que a
sociedade deve cumprir.
As sociedades podem ser classificadas em empresárias e não
empresariais (sociedades simples). Maria Helena Diniz difere uma sociedade
da outra:
[...] as sociedades simples são as que visam fim econômico e lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios, sendo alcançado pelo exercício de certas profissões ou pela prestação de serviços
________________ 28 MAZIONE, Luiz. Resumo de Direito Comercial. Leme: BH Editora, 2005, p. 21. 29
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa. 15. ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva,2010 30
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm.
20
técnicos. Deverão ser registradas, Registro Civil das Pessoas Jurídicas, no Cartório de Títulos e Documentos (CC art. 998), visto que exploram seu objeto social sem empresarialidade e sem organização profissional de fatores de produção
31.
Ainda:
[...] nas sociedades empresárias há capital e fim lucrativo, que são essenciais á constituição, por exercerem atividade própria de empresário sujeito a registro (CC, art. 982), devendo ser apresentadas no Registro Público de Empresas Mercantis (CC, art. 967)
32.
Até aqui buscou mostrar a parte histórica das sociedades comerciais
no Brasil, o conceito de sociedade comercial e suas específicas características.
Desta forma passa-se a discorrer sobre os tipos de sociedades comerciais,
hoje denominadas de sociedades empresariais.
1.4 TIPOS DE SOCIDADES EMPRESARIAIS
Neste tópico serão tratados os tipos societários e suas características
tendo como legislação aplicável a Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 200233
que instituiu o Código Civil. Os tipos a serem detalhados e explanados são:
sociedade em comandita simples, sociedade em nome coletivo, sociedade
limitada, sociedade em comandita por ações, sociedade cooperativa e também
a sociedade anônima, sociedade no qual tratará no capítulo posterior.
1.4.1 Sociedade em comandita simples
Considerada a sociedade comercial mais antiga de que se tem notícia,
a sociedade em comandita simples, surge na idade média, mas precisamente
___________________ 31
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. 2 ed. editora saraiva, 2009 volume 8 direito de empresa. p.158 32
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. 2 ed. editora saraiva, 2009 volume 8 direito de empresa. p.159. 33
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm
21
na cidade italiana de Florença34. Nesta sociedade caracteriza-se a existência
de dois tipos de sócios: os comanditados e os comanditários.
O artigo 1045 do Código Civil define sociedade comandita simples:
Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Parágrafo único: O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários
35.
REQUIÃO assim define sociedade em comandita simples:
Ocorre a sociedade em comandita simples quando duas ou mais pessoas se associam, para fins comerciais, obrigando-se uns como sócios solidários, ilimitadamente responsáveis, e sendo outros simples prestadores de capitais, com a responsabilidade limitada às suas contribuições de capital. Aqueles são chamados sócios comanditados, e estes, sócios comanditários
36.
Segundo BERTOLDI os comanditários são chamados de prestadores
do capital:
A sociedade comandita simpes tem como característica a existência de sócios que respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade – sócios comanditados, pessoas físicas – e sócios cuja responsabilidade é limitada ao capital investido na sociedade – sócios comanditários – que são chamados de prestadores do capital e que o fazem com a condição de não serem obrigados além dos fundos que forem declarados no contrato. A administração somente pode ser exercida pelo sócio comanditado, e seu nome é que irá compor o nome da sociedade
37.
Desta forma entende-se que os sócios comanditários têm
responsabilidade limitada em relação às obrigações contraídas pela sociedade
empresária. Sendo assim, responde-se apenas pela integralização das cotas
subscritas. Contribuindo apenas com o capital subscrito enquanto os sócios
________________
34ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa.15.ed.
rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 91
35BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 36
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1. pág. 483. 37
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.183.
22
comanditados contribuem com o capital e trabalho, além de serem
responsáveis pela administração da empresa.
DINIZ, ao comentar acerca das Sociedades Comandita Simples, assim
se expressa:
Sua responsabilidade é subsidiária, pois apenas farão tal pagamento depois de esgotado o patrimônio social. Essa sociedade poderá ser simples ou empresária. No pacto social deverão estar indicados não só os investidores (comanditários) e os empreendedores (comanditados), bem como as funções cabíveis a cada um
38.
O Código Civil ainda define em seu artigo 1.047 que os sócios
comanditários não podem praticar atos de gestão da sociedade e nem terem
seu nome na firma social. Caso seja feito, podem ser considerados sócios
comanditados. Desta forma acabam respondendo de forma limitada39.
Com a falta de uma categoria de sócios por mais de 180 (centro e
oitenta) dias, a sociedade é dissolvida, como determina o artigo 1.051. Caso o
sócio comanditário faleça, a sociedade não se extingue; porém os demais
sócios, com um prazo igual a 180 (centro e oitenta) dias providenciam um novo
sócio para a categoria40.
1.4.2 Sociedade em nome coletivo
A sociedade em nome coletivo, assim como a sociedade em comandita
simples, nasceu na Idade Média, na Itália. Originou-se com grupos familiares
que entre si formavam sociedades41.
MARTINS comenta acerca da evolução das sociedades em nome
coletivo:
Quando o comércio começou a desenvolver-se nas cidades italianas, as sociedades em nome coletivo, substituindo as antigas sociedades familiares, em que o patrimônio da família respondia pelas obrigações
___________________ 38
DINIZ, Maria Helena, Código Direito Civil Anotado brasileiro.14 ed. editora saraiva, 2010 p.721 39
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 22/11/2009. 40
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 41
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: direito de empresa.15.ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 99
23
assumidas pelos seus membros, principiaram a constituir-se em larga
escala42
.
Nesta sociedade, também abordada como solidária, é aquela segundo
o artigo 1.039 do Código Civil em que “somente pessoas físicas podem tomar
parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e
ilimitadamente, pelas obrigações sociais.”43.
MARTINS complementa „„trata-se de uma sociedade de pessoas ou
contratual, na qual se considera a pessoa do sócio pela responsabilidade
assumida. Visível a necessidade da capacidade do sócio para contratar.‟‟ 44
Segundo BERTOLDI “a característica essencial da sociedade em nome
coletivo é a responsabilidade ilimitada e solidária dos seus sócios‟‟.45
FÁBIO ULHOA destaca Sociedade em nome coletivo:
É o tipo societário em que todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Todos, assim devem ser naturais. Qualquer um deles, de outro lado, pode ser nomeado administrador da sociedade e ter seu nome civil aproveitado na composição do nome empresarial
46.
Segundo NEGRÃO enfatiza em sua doutrina que “a característica
principal de uma sociedade em nome coletivo é a responsabilidade solidária
dos sócios pelas obrigações sociais, subsidiariamente ao patrimônio social e de
forma ilimitada.”47
Acerca da constituição desta sociedade, assim definida pelo Código
Civil, será mediante contrato escrito, público ou particular. Em regra a firma
social levará o nome de todos os sócios, caso não seja desta forma, deverá
conter o nome de pelo menos um sócio seguida da expressão „‟ & Companhia‟‟.
A firma social é denominação usada pela sociedade no exercício de
suas atividades econômicas e deve constar expressamente do contrato social.
___________________ 42
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 233.
43 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 22/11/2009.
44 MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual Atualizado por Carlos Henrique
Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 234.
45 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito
comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.183 46
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. São Paulo. Saraiva 2010.p 147
47 NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa. 4. ed. rev. e atual. São
Paulo:Saraiva,2005, v.1, p.340.
24
BERTOLDI descreve que as Sociedades em nome coletivo podem ser
„„administradas por qualquer de seus sócios e têm como nome razão social ou
firma, esta constituída pelo nome de um dos sócios acompanhada da
expressão Cia ou ainda pode ser constituída com o nome de todos os sócios‟‟48
CAMPINHO define:
O uso da firma social dever-se-a fazer nos exatos limites do contrato social, sendo privativo daqueles que detenham os necessários poderes para a realização do negócio jurídico que a sociedade intenta celebrar.
49
Para DINIZ:
Na sociedade em nome coletivo, que é sociedade de pessoas voltadas à consecução de atividade econômica, todos os sócios,pessoas físicas (empresárias ou não), responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Portanto, todos os sócios pertencentes a uma única categoria serão solidária e ilimitadamente responsáveis, de modo que seus bens particulares poderão ser executados por débitos da sociedade, se o quinhão social for insuficiente para cobrir as referidas dívidas
50.
A sociedade em nome coletivo por sua vez será regida pelos artigos
1.039 ao 1.044 do Código Civil e, no que forem omissos, aplicará no que
couber, o disposto nos artigos 997 aos 1.038 do referido Código, relativos à
Sociedade Simples51.
1.4.3 Sociedade limitada
Introduzida em 1919, segundo FÁBIO ULHOA, a sociedade limitada no
Brasil é o tipo societário de maior presença na economia brasileira.
Representando cerca de 90% das sociedades empresárias registradas nas
___________________ 48
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.183 49
DINIZ, Maria Helena, Código Direito Civil anotado brasileiro.14 ed. editora saraiva, 2010 p.721
50 DINIZ, Maria Helena, Código Direito Civil anotado brasileiro.14 ed. editora saraiva, 2010
51 CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa. A Luz do novo Código Civil. 7 ed. Rio de Janeiro,
Renovar 2006.p. 256.
25
Juntas Comerciais52.
No que diz respeito a este tipo societário FAZZIO JR escreveu que:
o conceito de sociedade limitada deverá ser constituído a partir dos elementos fornecidos por sua regência legal. É, precisamente, o que se encontra nas conceituações dos principais comercialistas nacionais, permitindo-nos formular um conceito-síntese que contempla a sociedade limitada como pessoa jurídica constituída por sócios de responsabilidade limitada à integralização do capital social, individualizada por nome empresarial que contém o adjunto limitada
53.
Uma grande característica desta sociedade é a limitação da
responsabilidade dos sócios bem como a contratualidade.
O artigo 1.052 do Código Civil dispõe “na sociedade limitada, a
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social”54.
Assim como define o caput do artigo 1.052 do CC, a sociedade
limitada, a responsabilidade dos sócios é limitada, ou seja, cada um responde
pelas obrigações sociais no limite das suas quotas subscritas no capital social.
Entretanto é bom ressaltar, caso esteja integralizado; do contrário, todos são
solidários em relação ao montante que falta para a integralização.
CAMPINHO complementa:
Integralizado este valor, nada mais deve à sociedade. Perante terceiros, todavia, todos os sócios responderão solidariamente pela parte que faltar para preencher o pagamento das cotas não
inteiramente liberadas, isto é, não inteiramente integralizadas55
.
No entendimento de NEGRÃO:
Nesse tipo societário, se cada sócio integralizar a parte que subscreveu no capital social – se cada um deles ingressar com o valor prometido no contrato – nada mais podem exigir os credores. Entretanto, se um, alguns ou todos deixarem de entrar com os fundos
___________________
52 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 22º ed. São Paulo. editora Saraiva
2010.p.152 53
FAZZIO JR, WALDO. Manual de Direito Comercial. Ed Atlas S.A. São Paulo, SP 2009 p. 150
54 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm 55
CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa. A Luz do novo Código Civil. 7 ed. Rio de Janeiro, Renovar 2006.p. 131.
26
que prometeram, haverá solidariedade entre eles pelo total da importância faltante, perante a sociedade e terceiros.
56
MARTINS conceitua os sócios na sociedade limitada
Nas sociedades limitadas temos sócios que tanto podem ser pessoas físicas ou jurídicas; apesar das doutrinas, o legislador teve em mente manter o hibridismo, de uma sociedade mista, tanto de capital como de pessoas. Constituída por escrito particular ou público, fazem uso da denominação social, espelhando o nome empresarial, mas é essencial conter a palavra limitada, por extenso ou abreviado.
57
A sociedade limitada empresária poderá ser administrada por uma ou
mais pessoas, designadas no contrato social ou em ato separado. Contudo a
sociedade limitada seja do gênero simples, poderá ser administrada por
pessoas naturais, conforme inc. VI do artigo 997 do CC/200258.
Para FAZZIO a sociedade limitada é aquele que tem as seguintes
características:
Ato constitutivo da sociedade limitada deve conter a designação específica da cota com que cada um dos sócios entra para o capital social e o modo de realizá-la (art. 997, VI, do CC);
Cada sócio deve contribuir para o capital com alguma cota, seja
em dinheiro, seja em bens ( 1.055, § 2º, do CC); A contribuição de cada sócio deve observar os prazos e a forma
estipulados no contrato social; A responsabilidade dos sócios é limitada à importância total do
capital social 59
.
Desta forma, denota-se que os sócios na Sociedade Limitada dispõem
de fato as obrigações pelo total do capital social. Enquanto na Sociedade
Anônima, por sua vez, cada acionista responde somente com o valor que entra
na sociedade.
Segundo FÁBIO ULHOA:
Em suma, se o contrato social estabelece que o capital está totalmente integralizado,os sócios não tem nenhuma responsabilidade
___________________ 56
NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva 2005, v.1, p.351. 57
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. Atualizado por Carlos Henrique Abrão . Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 65. 58
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. 59
FAZZIO JR, WALDO. Manual de Direito Comercial. Ed Atlas S.A. São Paulo, SP 2009 p. 150
27
pelas obrigações sociais. Falindo a sociedade, e sendo insuficiente o patrimônio social para a liquidação do passivo, a perda será suportada pelos credores
60.
1.4.4 Sociedade em comandita por ações
Com o capital dividido em ações, a sociedade em comandita por ações
é regida pelas as mesmas normas relativas às sociedades anônimas, com
algumas diferenças. Enquanto as sociedades anônimas só podem utilizar
denominação, as comanditas por ações podem utilizar denominação bem como
razão social.
Como assim exemplifica o Artigo 1090 do CC:
A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação
61.
Para DINIZ, a Sociedade Comandita por Ações é de certa forma, um
tipo societário pouco usual no regramento brasileiro62.
CARVALHOSA ressalta que:
Além dos direitos cabíveis a todos os acionistas de receber dividendos do exercício, e de exercer preferência na subscrição do capital, poderá ter o direito estatutário de relevante participação nos lucros em decorrência das funções de administração da sociedade e, portanto, como compensação pelo eventual comprometimento de seu patrimônio pessoal pelas perdas sociais
63.
Nesta sociedade somente os acionistas podem ser diretores ou
gerentes, sendo nomeados no próprio estatuto. A comandita por ações possui
duas modalidades de sócios: os acionistas comanditários e os acionistas
comanditados, com direito ao dividendo mínimo estabelecido estatutariamente.
___________________
60 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 22º ed. São Paulo. editora Saraiva
2010.p.157 61
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm 62
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. 2 ed. editora saraiva, 2009 volume 8 direito de empresa. p.399. 63
CARVALHOSA. Modesto. Comentários ao Código Civil. São Paulo. Ed.Saraiva, 2005 p 335.
28
Segundo HOOG:
Este tipo de sociedade diferencia-se das demais, em especial pela proibição da administração por pessoa não-acionista. Esta administração difere das demais na terminologia, pois é denominada de diretor, o qual responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade
64.
Acerca das características da sociedade em comandita por ações
MARTINS ensina que:
As sociedades em comandita por ações se caracterizam por possuírem sócios de responsabilidade limitada e sócios que, em virtude da função que ocupam, assumem responsabilidade ilimitada e solidária pelas obrigações sociais
65.
Contudo, a sociedade em comandita por ações tem natureza
institucional e não contratual. É bom ressaltar que nesta sociedade, os
menores ou incapazes não poderão assumir funções tais como gerente ou
diretores, pois nestes casos assumem responsabilidade solitária e ilimitada
pelas obrigações66.
Nesta sociedade os órgãos sociais são divididos em assembléia geral,
diretoria e o conselho fiscal. É bom ressaltar que a assembléia geral não é o
poder mais alto da sociedade comandita por ações, assim como na companhia;
não podendo deliberar sem o consentimento dos diretores ou gerentes,
especificado pelo artigo 1.092 do CC67.
Visto a Sociedade em Comandita por Ações passa-se a discorrer
sobre outra importante Sociedade no ordenamento jurídico brasileiro, a
cooperativa.
1.4.5 Sociedade cooperativa
A Sociedade cooperativa foi difundida em todo o mundo no final do sec.
___________________ 64
HOOG, Wilson A. Zappa. Lei das Sociedades Anônimas Comentada. 2 ed. Curitiba. Juruá, 2009, p.250. 65
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. Atualizado por Carlos Henrique Abrão . Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 412. 66
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. Atualizado por Carlos Henrique Abrão . Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 412.
67 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm
29
XIX. No Brasil a primeira cooperativa brasileira, como define BECHO foi à
sociedade cooperativa econômica dos funcionários Públicos de Ouro Preto.
Neste tipo societário a responsabilidade dos sócios pode ser tanto limitada
como ilimitada68.
Segundo CAMPINHO acerca das Cooperativas:
É limitada a responsabilidade quando o sócio somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nessas mesmas operações; é ilimitada quando o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais
69.
O artigo 1094 do Código Civil brasileiro aponta as características da
sociedade:
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social; II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade
70.
Segundo REQUIÃO as:
Cooperativas se classificam também de acordo com o objeto ou pela natureza das atividades aglutinadas por elas e exercidas por seus associados. As cooperativas poderão ter qualquer objetivo, desde que este permita o exercício da vocação de tal tipo societário. Serão agrícolas, de serviços, artesanais, de consumo, de credito, de compra ou venda comuns, de eletrificação, de telecomunicações, de irrigação, de pesca. Serão mistas quanto tiverem mais de um objetivo. Somente as cooperativas agrícolas poderão manter seção de créditos.
71
________________
68 BECHO, Renato Lopes. Elementos de direito cooperativo. São Paulo: Dialética, 2002, p.18.
69 CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa. A Luz do novo Código Civil. 7 ed. Rio de Janeiro,
Renovar 2006.p. 262. 70
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm 71
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1. pág. 475.
30
Nesta sociedade é bom ressaltar que o sócio da cooperativa além de
participar como associado pode também usufruir dos serviços que ela acabe
prestando. Sendo ao mesmo tempo sócio e usuário dos serviços da
cooperativa. Entretanto, o empresário que atue no mesmo ramo, não poderá
ingressar no quadro de sócios da cooperativa.
Para PONTES DE MIRANDA “a sociedade cooperativa é sociedade
em que a pessoa do sócio passa a frente do elemento econômico e as
conseqüências da pessoalidade são profundas, a ponto de torná-la espécie de
sociedade”.72
Os órgãos da cooperativa: a assembléia geral, sendo um órgão
supremo dentro da cooperativa com poderes limitados definidos na lei e no
estatuto. O conselho de administração ou Diretoria, composta por associados,
eleitos na assembléia geral, e por fim o Conselho Fiscal composto por três
associados efetivos e mais três suplentes.
REQUIÃO complementa:
O associado da cooperativa terá, sempre, direito de debater a política administrativa e os negócios sociais. A deliberação a respeito deles estará sempre condicionada à sua isenção. O associado que tiver particular interesse em matéria a ser resolvida deve abster-se de votar, embora possa debatê-la. Trata-se de impedimento, aliás,
comum aos diversos tipos de sociedades73
.
1.4.6 Sociedade anônima
A sociedade anônima é uma sociedade de capital. Por ser uma forma
de constituição de empresas, seu capital social não se encontra atribuído a um
nome em específico.
MARTINS ao conceituar a sociedade anônima, assim se manifesta:
Sinteticamente, poder-se-á dizer que a sociedade anônima é uma sociedade empresária, cujo capital social está dividido em ações normativas, respondendo cada acionista, limitadamente, pelo terço da emissão das ações por ele subscritas ou adquiridas.
74
________________ 72
MIRANDA apud BECHO (2005), op. cit., p 94. 73
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1. pág. 475. 74
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. Atualizado por Carlos Henrique Abrão . Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 405.
31
BERTOLDI cita as características fundamentais da Sociedade
Anônima:
a) o capital social é dividido em ações; b)é sociedade de capital e não de pessoas; c) a responsabilidade dos sócios é limitada ao preço das ações subscritas ou adquiridas; d) é sempre empresarial, independentemente de seu objeto social; e) há a possibilidade de subscrição do capital social mediante apelo ao público.
75
A sociedade anônima é disciplinada por lei especial a Lei 6.404/76
com várias modificacações ao longo desses trinta e quatro anos. No capítulo
posterior, abordará com mais detalhes acerca desta sociedade.
________________
75 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito
comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.219.
32
2 A SOCIEDADE ANÔNIMA NA LEI 6404/76
As sociedades anônimas, dentre as diversas sociedades
empresariais existentes, são as que requerem normas especiais para a sua
constituição como também para seu funcionamento. As S.A estão reguladas
pela Lei nº 6.404, de 15.12.1976, conhecida, também, como Lei das S.A.‟s.
Entretanto, a Lei nº 9.457, de 05.05.1997 trouxe significativas alterações à
sistemática da Lei nº 6.404/76. Foram diversos os artigos modificados em seu
conteúdo. Após quatro anos entrou em vigor a Lei 10.303 de 31.10.2001, que
novamente modificou outros artigos da Lei anterior.
2.1 EVOLUÇÕES HISTÓRICAS DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS
As sociedades por ações foram criadas no século XV, na cidade
italiana de Gênova. Nesta época, assim como descreve Ulhoa, no início do
século XV, a República de Gênova empreendeu guerra contra Veneza, ela fez
uso desse mecanismo para renegociar dívidas existentes e levantar novos
empréstimos, de modo a arcar com as despesas da empresa bélica76.
MARTINS comenta em sua obra Curso de Direito Comercial que:
[...] uma dessas sociedades, denominada Casa de São Jorge, fundada na cidade de Gênova, foi, em 1407, transformada em Banco de São Jorge, passando a ter fins especulativos e, desse modo caracterizando-se como sociedade comercial
77.
Acrescenta, Ainda:
[...] em 1419, o Banco de São Jorge passou a possuir estatutos
_________________ 76 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 9 77
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual. Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 286.
33
regulando os direitos e obrigações dos sócios, o modo de Administração e a eleição dos administradores (Conselho Geral),revestindo-se, assim, de características de verdadeira sociedade anônima
78.
TAVARES vai mais longe e cita um importante Código, o de
Hammurabi79. Este Código, sendo um dos mais antigos da história da
humanidade, foi descoberto em 1901, por uma expedição francesa, na
Mesopotâmia. Com a descoberta, pesquisadores e historiadores obtiveram
diversas informações sobre as sociedades na Babilônia80.
TAVARES ainda discorre sobre o tema citando um parágrafo do
referido Código:
[...] o código de Hammurabi, no seu parágrafo 98, refere-se à sociedade em que todos os sócios entram com dinheiro, mercadoria ou as duas coisas para repartirem os benefícios que se obtenham e à sociedade em que um capitalista entra com dinheiro, entregando-o ao sócio para um determinado negócio ou para certa categoria de negócios
81.
Mesmo com esta constatação quanto a origem da sociedade anônima,
diversos autores acabam não desvendando com exatidão o nascimento da
Sociedade Anônima.
Diante disso ALMEIDA, comenta no seu Manual das Sociedades
Comerciais, quanto origem indefinida por diversos autores:
[...] cuidadosas investigações de renomados autores mostraram-se absolutamente infrutíferas, não conseguindo solução satisfatória para o esclarecimento da origem da sociedade anônima, que continua, por isso mesmo, obascura. Razão por que até os nossos dias, em que pensem as convicções pessoais deste ou daquele, nenhum estudioso pôde, com firmeza, calcado em elementos robustos e inquestionáveis, afirmar exatamente onde tem início a sua história
82.
_________________ 78
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual. Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 286. 79
Código de Hamurabi é um dos mais antigos conjuntos de leis escritas já encontrados, e um dos exemplos mais bem preservados deste tipo de documento da antiga Mesopotâmia. Segundo os cálculos, estima-se que tenha sido elaborado pelo rei Hamurabi por volta de 1700 a.C. disponivel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_de_Hamurabi. 80
TAVARES, Assis. As sociedade anónimas. 3 ed. Lisboa: Clássica, 1990, p.25 81
TAVARES, Assis. As sociedade anónimas. 3 ed. Lisboa: Clássica, 1990, p.25 82
ALMEIDA, Amador Paes de Almeida. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.158.
34
DÓRIA, ao complementar o assunto, faz algumas ressalvas referente a
origem da Sociedade Anônima:
[... ] a maioria dos autores, no entanto, prefere conferir à Holanda a primazia de haver revelado ao mundo o que seria considerado, mais tarde, a origem da moderna sociedade anônima. Relaciona-se, com efeito, o surgimento da hodierna sociedade anônima com a Companhia das Índias Orientais (1621), esta particulamente ligada à nossa história colonial
83.
A Companhia das Indias Orientais84 assim como foram citadas acima
por Dória, eram três organizacões distintas com o objetivos comerciais entre a
Índia e o Extremo Oriente.
DÓRIA ainda complementa discorrendo sobre as Companhias:
Todavia, se dúvidas subsistem quanto à origem da sociedade anônima, são unânimes, em afirmar os autores que a sua manifestação definitiva se deu com as companhias colonizadoras, que alcançaram grande repercussão, sobretudo na Holanda, com a Companhia das Índias Orientais, criada em 1602, e a Companhia das Índias Ocidentais, fundada em 1621.
85
Contudo, entende-se que mesmo havendo as dúvidas em torno da
origem das sociedades anônimas, as companhias colonizadoras tiveram uma
grande parcela para expansão comercial mundial ao longo da história. Visto
que, os efeitos das colonizações repercutem até os dias atuais.
Visto a parte histórica das sociedades anônimas na esfera mundial,
passa-se a abordar, no próximo item, o início da Sociedade Anônima no Brasil.
_________________ 83
DÓRIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. V.1, 12 ed. Rev. Atual, São Paulo:Saraiva, 1997,p.214 84
As verdadeiras origens da Companhia das Índias Orientais não remontam a uma época anterior ao ano de 1702, em que diferentes sociedades, aspirantes ao monopólio do comércio com essa parte do mundo, fundiram-se em uma única Companhia._______aceso em 21/09/2010 disponível em : http://www.marxists.org/portugues/marx/1853/06/24.htm 85
DÓRIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. V.1, 12 ed. Rev. Atual, São Paulo:Saraiva, 1997,p.159.
35
2.1.1 Histórico da Sociedade anônima no Brasil
Assim como foi abordado no tópico anterior, no que diz respeito ao
desenvolvimento histórico das sociedades em questão, nas Sociedades
Anônimas no Brasil não são diferentes.
REQUIÃO ao escrever acerca do surgimento da Sociedade Anônima
no Brasil, enaltece:
Assim surgiram e se impuseram as sociedades por ações no século XVII, formadas pela conjunção de capitais públicos e particulares, este na maior parte armadores náutico, e, algumas vezes, com a participação de judeus, cujos bens eram liberados, para esses investimentos, da Inquisição, como ocorreu na incorporação, sob o ministério de Pombal, da Companhia do Grão-Pará para colonização do norte do Brasil. Configuravam essas companhias verdadeiras modernamente denominadas sociedade de economia mista, formadas por capitais públicos e privados, com a finalidade de cumprir objetivos de interesse público, de forma descentralizada
86.
No Século XVII foi criado o regulamento, mas precisamente no dia 23
de agosto de 163687 que era destinado à região brasileira na época ocupada
pelos holandeses, foi promulgado em razão de estudos detalhados a respeito
da grande influência das companhias colonizadoras no Brasil88.
O citado documento teve outros reflexos, entre eles, a criação da
Companhia de Comércio do Brasil89 (Alvará de 10-03-1649) que perdurou até
1720 e foi sucedida em 1733, pela Companhia Geral do Grão-Pará e
Maranhão. Esta mantinha o indesejável privilégio do monopólio oficial do tráfico
________________ 86
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 27. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. pág. 26. 87
O principal diploma legal batavo foi o Regulamento de 23 de agosto de 1636, que se pode denominar de autêntica Carta Magna do Brasil - holandês. Por Carlos Fernando Mathias de Souza- Juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Disponível em> http://daleth.cjf.jus.br/revista/seriemon08.htm 88
ALMEIDA, Amador Paes de Almeida. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.160
89Companhia Geral do Comércio do Brasil foi uma empresa privilegiada, criada sob o
reinado de João IV de Portugal(1640-1656), em Portugal. Fundada em 1649, no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil. sua principal função era a de fornecer, em carácter de exclusivo comercial, escravos africanos para a região nordeste do Brasil. Disponivel em : http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Geral_do_Com%C3%A9rcio_do_Brasil Acesso em:22/07/2010.
36
de negros escravos. Foi sucedida pela Companhia Geral das Capitanias de
Pernambuco e Paraíba, fundada em 177990.
Décadas mais tarde, mais precisamente em 12.10.1808, o príncipe
regente D. João, através de um alvará cria o Banco do Brasil91.
Com o passar dos anos é promulgado no Brasil o Decreto n.
575.01.1848, dois anos antes da entrada em vigor do Código Comercial de
1850, que fazia alusão às Sociedades Anônimas, dispondo no seu artigo 1, in
verbis: “Nenhuma Sociedade Anônima poderá ser incorporada sem autorização
do Governo e sem que seja por ele aprovado o contrato, que a constituir‟‟92
O Código Comercial de 1850, em seu artigo 295 definia:
As companhias ou sociedades anônimas, designadas pelo objeto ou empresa a que se destinam, sem firmas sociais e administradas por mandatários revogáveis, sócios ou não sócios, só podem estabelecer-se por tempo determinado e com autorização do governo, dependente da aprovação do corpo legislativo quando hajam de gozar de algum privilégio; e devem provar-se por escritura pública ou pelos seus estatutos e pelo ato do poder que as houver autorizado
93.
Entretanto, somente em 1891, no dia 4 de julho, foi sancionado o
Decreto nº. 434 que consolidou as normas existentes em nosso Direito
decorrendo sobre as companhias. Desta forma acabou sendo um ponto
marcante a respeito de sociedades anônimas no Brasil
Com o passar dos anos e tomando em consideração a atual situação
econômica brasileira da época. foi baixado o Decreto-lei nº. 2.627 de 25.09.
1940 que introduziram algumas, porém pequenas, modificações.
________________ 90
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.160. 91
O Brasil passou a ser a sede da Coroa Portuguesa. Em 12 de outubro de 1808, através de um alvará do príncipe regente D. João, foi criado o Banco do Brasil. O capital da instituição seria constituído de 1.200 ações de um conto de réis cada uma. O lançamento público destinava-se à subscrição por grandes negociantes ou pessoas abastadas. Disponível em: http://www.bb.com.br/portalbb/page3,136,5577,0,0,1,8.bb?codigoNoticia=1088&codigoMenu=204&codigoRet=1495&bread=2_1 92
Decreto 575/1848 93
Art. 295 do antigo Código Comercial de 1850. Revogado pela L.10.406/02
37
Acerca das constantes modificações MARTINS define:
Desenvolvendo–se bastante o país, principalmente nas últimas décadas, normas mais amplas e a atualizadas se fizeram sentir na legislação reguladora das sociedades anônimas. As empresas cresceram e havia necessidade de uma participação maior de poupanças privadas para o fortalecimento das mesmas; uma serie de medidas legislativas se tornava indispensável, para que regras jurídicas servissem de sustentáculo ao desenvolvimento nacional.
94
Mas à frente, na metade da década de 60, outras leis de relevante
importância foram sancionadas. A Lei n 4.595 de 31.12.1964, que basicamente
estruturou o Sistema Financeiro Nacional95, bem como a Lei nº. 4.728, de
14.07.1965, que, visando a regular o mercado de capitais, teve reflexo direto
sobre a estrutura das Sociedades Anônimas.
Atualmente as Sociedades Anônimas no Brasil estão reguladas na Lei
nº. 6.404 de 15 de dezembro de 1976, com algumas modificações sancionadas
pela Lei nº. 9.457, de 05 de maio de 1997 bem como a Lei nº. 10.303 que
entrou em vigor em trinta e um de outubro de 2001.
Diante do exposto, passa-se a discorrer sobre os conceitos das
Sociedades Anônimas e suas específicas características ensinadas por
diversos doutrinadores do Direito Empresarial.
2.2 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE ANÔNIMA
A Sociedade Anônima, também conhecida como „„Companhia‟‟, é
constituída por pessoa jurídica de direito privado, nos termos do artigo 44, II do
Código Civil Brasileiro. Assim, como especifica o Artigo 1.089 do Código Civil96
brasileiro, a Sociedade Anônima será regida por Lei especial a Lei nº. 6.404/76.
________________ 94
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual. Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 286. 95
Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de instituições e instrumentos financeiros que visam transferir recursos dos agentes econômicos. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/Pre/bcUniversidade/Palestras/BC%20e%20Universidade%202.6.2006.pdf?idioma=P Acessado em: 20/08/2010. 96
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil
38
REQUIÃO define a sociedade anônima, como:
Qualquer outro tipo de sociedade comercial, constitui empresa de fim lucrativo, sujeita às normas de licitude, isto é, de conformidade com a lei, com a ordem pública e com os bons costumes. Uma particularidade da sociedade anônima deve ser posta em destaque: qualquer que seja seu objeto, mesmo civil, sempre será ela comercial. A comercialidade lhe é inerente; é da própria essência estrutural da sociedade. Não se concebe, em face da lei, sociedade anônima de natureza civil
97.
Segundo ALMEIDA, a sociedade anônima pode ser definida como a
“pessoa jurídica de direito privado, de natureza mercantil, com o capital dividido
em ações, sob uma denominação, limitando-se a responsabilidade dos
acionistas ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas98”.
Para MENDONÇA a sociedade anônima “aquela em que os sócios,
denominados acionistas ou acionários, respondem pelas obrigações sociais até
o valor em que entraram ou prometeram entrar a formação do capital social.99”
Desta forma entende-se que neste tipo de sociedade o capital social é
fracionado em unidades representadas por ações.
Para ULHOA, a Sociedade Anônima é:
Sempre empresária, mesmo que seu objeto seja atividade econômica civil (CC/2002, art.982, parágrafo único; LSA, art.2, 1). Uma companhia constituída só por dentistas para a prestação de serviços de odontologia pelos próprios acionistas, embora tenha por objeto uma atividade não empresarial (CC/2002, art. 966, parágrafo único), será empresaria e estará sujeita ao regime jurídico- comercial
100.
As características das sociedades anônimas são especificadas no art.
1º da LSA: “A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em
ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de
emissão das ações subscritas ou adquiridas101”
________________ 97
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 27. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. pág. 2. 98
ALMEIDA, Amador Paes de Almeida. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.165. 99
ALMEIDA apud MENDONÇA p.164. 100
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 9 101
Lei No 6.404, DE 15 dezembro de 1976. acesso em:18/09/2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm
39
Assim, como descrito acima pelo artigo 1º da LSA, além da
responsabilidade dos sócios ser limitada apenas ao preço de emissão das
ações, acabam não respondendo, perante terceiro, pelas obrigações
assumidas pela sociedade.
Segundo HOOG nas sociedades anônimas „‟pode constar da
denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido
para o bom êxito da formação da empresa102‟‟
Acerca da denominação HOOG ainda comenta:
A denominação, logo, nome comercial, tem proteção constitucional, art. 5 , inc. XXIX; este fato, proteção, também está previsto no art. 1.166 do CC/02. O Departamento Nacional de Registro Comercial tem regulado o registro destas denominações sociais
103.
No entendimento de BERTOLDI a sociedade anônima:
é uma típica sociedade de capital, ou seja, suas ações em regra, livremente transferíveis a qualquer pessoa, o que significa dizer que seus estatutos, muito embora possam criar determinadas limitações, não poderão impedir a livre negociação das ações. O que importa para a sociedade é a contribuição dos sócios para a reunião do capital social, tendo pouco significado a sua qualidade pessoal.
104
Outra característica marcante da Sociedade Anônima é o uso de
denominação, para o nome comercial. Na denominação será na maioria das
vezes acrescida da palavra Sociedade Anônima ou de forma abreviada S.A. o
que acaba sendo o mais comum.
Entretanto é bom ressaltar que, caso antes da denominação tenha a
palavra companhia, ex.: Companhia Vale (antiga Vale do Rio Doce), acaba
sendo indispensável no final do nome ser acrescida S.A..
Segundo MARTINS:
Nas obrigações sociais, os diretores ou gerentes da sociedade empregarão sempre a denominação, que deve ser seguida do nome
___________________ 102
HOOG, Wilson A. Zappa. Lei das Sociedades Anônimas Comentada. 2 ed. Curitiba. Juruá, 2009, p.84.
103 HOOG, Wilson A. Zappa. Lei das Sociedades Anônimas Comentada. 2 ed. Curitiba.
Juruá, 2009, p.85.
104 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito
comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.220
40
do diretor, para identificação deste. A lei assim não o determina, mas a prática o exige, a fim de, se necessário, serem apuradas as responsabilidades em caso de exorbitar o diretor das atribuições que a lei lhe confere
105.
É bom ressaltar que a Sociedade Anônima mesmo explorando
atividade tipicamente de natureza civil, assim como a comercialização de bens
imóveis, será sempre sociedade empresarial106.
Na sociedade anônima os sócios têm livre cessibilidade das ações, não
afetando à estrutura da sociedade com a entrada ou retirada de qualquer sócio.
Independentemente do tipo de S.A que possa ser, como passa-se a comentar.
2.3 TIPOS DE SOCIEDADES ANÔNIMAS
Com base na Lei 6.404/76, as sociedades anônimas podem ser: a
sociedade anônima de capital aberto, a sociedade anônima de capital fechado
e a sociedade anônima de economia mista.
2.3.1 Sociedade Anônima de Capital Aberto
O artigo 4º da Lei das Sociedades Anônimas define quando uma
sociedade anônima será conceituada com capital aberto ou fechado „‟Para os
efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores
mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no
mercado de valores mobiliários‟‟107.
Como explica ULHOA no seu Curso de Direito Comercial, as
sociedades anônimas de capital aberto são aquelas cujos valores mobiliários
________________
105 MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual. Atualizado por Carlos Henrique
Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 289. 106
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.220
107Art.4º da Lei N
o 6.404, de 15 dezembro de 1976. acesso em:18/09/2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm
41
são admitidos à negociação no mercado de balcão108 bem como nas bolsas de
valores109.
ULHOA complementa ainda que a sociedade anônimas de capital
aberto será registrada na Comissão de Valores Mobiliários – C.V.M., diferente
das sociedades anônimas de capital fechado, que por sua vez não emitem
valores mobiliários negociáveis nesses mercados110.
O Artigo 5º da Lei 10.411/02 define a CVM:
Art. 5º É instituída a Comissão de Valores Mobiliários, entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária.
111
FAZZIO JR define as finalidades básicas da Comissão de Valores
Mobiliários:
a)Estimular a popança e sua aplicação em valores mobiliários; b)Promover a expansão e o funcionamento regular do mercado de ações;c)Estimular as aplicações em ações do capital social de companhias abertas sob o controle de capitais privados nacionais; d)Garantir a eficiência e a regularidade do mercado de capitais; e)Preservar os interesses dos investidores; f)Garantir o direito público à informação sobre negociação de valores mobiliários e sobre as companhias emissoras; g)Assegurar a equidade no mercado de valores mobiliários.
112
No entendimento de CARVALHOSA:
o conceito de valor mobiliário extrapola o de título de crédito, pertencendo a uma outra categoria jurídica, tendo função diversa. O que caracteriza é sua emissão e negociação com a finalidade de tornar-se objeto de investimento por parte dos tomadores, mediante
os diversos mecanismos próprios do mercado de capitais113
.
________________
108 Mercado de balcão são todas as distribuições, compra e venda de ações realizadas fora
da bolsa de valores. É onde são fechadas operações de compra e venda de títulos, valores mobiliários, commodities e contratos de liquidação futura, diretamente entre as partes ou com a intermediação de instituições financeiras, mas tudo fora das bolsas. Aceso em 15/08/2010. disponivel em >http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_de_balc%C3%A3o 109
COELHO, Fábio Ulhoa.Curso de Direito Comercial 14º ed. São Paulo. Saraiva 2010. p70. 110
COELHO, Fábio Ulhoa.Curso de Direito Comercial 14º ed. São Paulo. Saraiva 2010. p70. 111
Artigo 5º da Lei 10.411/02 – acesso em: 27/07/2010 disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10411.htm 112
FAZZIO JR, WALDO. Manual de Direito Comercial. Ed Atlas S.A. São Paulo,SP 2009 p190 113
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 3º vol. 6ed.Saraiva: São Paulo.1997.p 327.
42
ALMEIDA discorre sobre sociedade anônima de capital aberto:
[...] é a companhia que procura captar recursos junto ao público, seja com emissão de ações, debêntures, partes beneficiárias ou bônus de subscrição, ou ainda depósitos de valores imobiliários, e que, por isso mesmo, tenha admitido tais valores à negociação em Bolsa ( instituição pública ou privada destinada a operar ações e obrigações de companhias) ou mercado de balcão (transação dos mesmos valores sem a interferência da Bolsa
114.
O mercado de capitais ou mercado de valores mobiliários, como
ressalta MARTINS, funciona, em regra, como uma espécie de índice da
situação da empresa. acaba tendo grandes resultados, e como consequência ,
as ações tendem a ter um maior valorização no mercado. Visto, ao contrário,
as ações perdem valor115.
Desta forma, MARTINS define que,„„pela lei da oferta e procura é feita
a negociação das ações, podendo o preço das mesmas ossubir quando houver
muita procura ou baixar, se a oferta for superior à procura116‟‟.
Segundo FAZZIO JR:
a Comissao de Valores Imobiliários poderá classificar as companhias abertas em categorias, segundo as espécies e classes dos valores mobiliários por ela emitidos negociados no mercado, e especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria.
117
2.3.2 Sociedade Anônima de Capital Fechado
Ao contrário das abertas, as Sociedades Anônimas fechadas não
oferecem ao público suas ações ou outros valores mobiliários.
Para ALMEIDA, a sociedade fechada „„é a companhia que não formula
apelo a poupança pública, obtendo recursos entre os próprios acionistas ou
terceiros subscritores‟‟118.
_______________________
114 ALMEIDA, Amador Paes de Almeida. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. São
Paulo: Saraiva, 2010, p.179 115
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual. Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 291. 116
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual. Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 291. 117
FAZZIO JR, WALDO. Manual de Direito Comercial. Ed Atlas S.A. São Paulo, SP 2009 p. 186 118
ALMEIDA, Amador Paes de Almeida. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. atual São Paulo: Saraiva, 2010, p.184
43
FAZZIO JR observa ainda:
para uma sociedade aberta transformar-se em fechada, precisa requerer o cancelamente do registro à CVM, nor termos da Instrução CVM nº. 229/85, não sem antes promover o recolhimento dos valores
que colocou no mercado119
.
Desta forma denota-se que as Sociedades Anônimas fechadas são
aquelas em que o número de acionistas é mais restrito e que, embora
persistam as características da S.A. difere bastante da sociedade anônima de
capital aberto, uma vez que os sócios estão mais próximos uns dos outros.
REQUIÃO define ainda:
Restringir a negociabilidade das ações da companhia fechada dá-lhe o nítido sabor de sociedade constituí intuitu personae, na qual os sócios escolhem os seus companheiros, impedindo o ingresso ao grupo formado, tendo em vista a confiança mútua ou os laços familiares que os prendem. A affectio societatis surge nessas sociedades com toda nitidez, como em qualquer outra sociedades de
tipo personalista.120
Na concepção de MARTINS:
Nao se deve confundir a companhia fechada com a chamada sociedade familiar. Esta é sempre uma sociedade fechada, ficando, porém, as suas ações em poder dos membros de uma mesma família ou de pessoas muito aproximadas dessas; por isso essas ações não são negociadas na mercado de valores mobiliários, isto é, não são as
ações oferecidas à venda ao público em geral. 121
Vistos as Sociedades Anônimas de capital fechado e de capital aberto,
passa-se a discorrer acerca da Sociedade Anônima de Economia Mista.
Sociedade especifica no artigo 235 da Lei das S.A.s.
_______________________
119 FAZZIO JR, WALDO. Manual de Direito Comercial. Ed Atlas S.A. São Paulo, SP 2009
p. 186 120
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 27. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. pág. 57. 121
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual. Atualizado por Carlos Henrique
44
2.3.3 Sociedade Anônima de Economia Mista
A Lei 6.404/76 dispõe a respeito deste tipo societário em capítulo
específico. Conforme o art. 235 - As sociedades anônimas de economia mista
estão sujeitas a esta Lei, sem prejuízo das disposições especiais de Lei
federal.
FAZZIO JR conceitua Sociedade Anônima de Economia Mista:
E entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado , criada por lei, sob a forma de sociedade anônima, para a exploração da atividade econômica ou serviço de interesse coletivo, sob controle majoritário da Administração Pública direta ou indireta. Envolve a participação conjugada do poder público e de particulares na constituição de seu capital social e em sua administração
122.
BERTOLDI define sobre sociedade de economia mista
É uma espécie de sociedade anônima na qual se aliam recursos formados pelo capital privado e recursos advindos do poder público. A união entre capital público e privado na exploração de atividades econômicas, de interesse público não é novidade para a sociedade anônima, onde teve sua origem justamente nas companhias colonizadoras do século XVII
123.
Relativo aos órgãos sociais, as Sociedade Anônima de Economia
Mista, assim especificada anteriormente neste trabalho, possuem um regime
idêntico ao das companhias abertas.
A Lei das Sociedades por ações prevê a forma como este tipo
societário deve ser administrado e, para isto, elenca os órgãos responsáveis
pela sua administração, cujo assunto passa-se a escrever.
________________
122 FAZZIO JR, WALDO. Manual de Direito Comercial. Ed Atlas S.A. São Paulo, SP 2009
p. 190 123
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.321
45
2.4 ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA
Na Sociedade Anônima, para que se tenha um bom funcionamento,
faz-se necessário uma organização. Ao todo são quatro os principais órgãos
definidos na Lei 6.404/76 na companhia: a assembléia geral, o conselho de
administração, a diretoria e o conselho fiscal.
Segundo ULHOA, „„além destes, quatro principais órgãos, o estatuto
por sua vez poderá prever, livremente, a existência de órgãos técnicos de
assessoramento ou execução124‟‟.
A seguir será abordado cada um dos quatro órgãos citados acima,
tratando-se, também, da sua importância, bem como sua função dentro de uma
companhia.
2.4.1 Assembléia Geral
A assembléia geral é a reunião dos acionistas a fim de decidir diversos
assuntos relacionados à companhia.
O artigo 121 da Lei das S.A. define que:
A assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento
125.
Segundo ULHOA a assembléia geral „„é o órgão máximo da sociedade
anônima, de caráter exclusivamente deliberativo, que reúne todos os acionistas
com ou sem direito a voto”. 126
Todavia, entende-se que a assembléia geral é o órgão de maior poder
____________________
124COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva
2010.p 193 125
Art. 121 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm 126
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 196.
46
deliberativo na sociedade anônima. Nesta assembléia será decidido sobre a
formação do conselho, quem serão seus integrantes, entre outras atribuições
decididas na mesma.
Assim com define o artigo 131 da LSA as assembléias gerais podem
ter dois tipos de espécies: a assembléia ordinária (AGO) e a assembléia
extraordinária (AGE) 127.
BERTOLDI define:
a assembléia geral extraordinária, por sua vez, caberá deliberar sobre todos os demais assuntos não constantes da enumeração supra, sendo possível a realização conjunta da AGE com a AGO, sempre que houver a necessidade de se discutir matérias não constantes do elenco do art.132 da Lei 6.404/76.
128
A assembléia geral ordinária será realizada obrigatoriamente uma vez
por ano, nos termos do art. 132.
Segundo REQUIÃO:
A assembléia geral ordinária obrigatória terá por objeto receber a prestação de contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; deliberar a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição dos dividendos; eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; aprovar a correção da expressão monetária do capital social conforme o artigo168.
129
Segundo MAMEDE a assembléia geral tem poderes para decidir todos
os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar
convenientes à sua defesa e ao seu desenvolvimento130`..
A competência privativa da assembléia geral é definida conforme o
previsto no artigo 122 da LSA:
Artigo 122 - Compete privativamente à assembléia-geral: I - reformar o estatuto social; II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142;
________________
127 Art. 131 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. acesso em:18/09/2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm 128
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.220
129 REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 27. ed. atual. São Paulo:
Saraiva, 2010. v. 2. pág. 2.
47
III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas; IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1
o
do art. 59; V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120); VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias; VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata. Parágrafo único. Em caso de urgência, a confissão de falência ou o pedido de concordata poderá ser formulado pelos administradores, com a concordância do acionista controlador, se houver, convocando-se imediatamente a assembléia-geral, para manifestar-se sobre a matéria
130.
Acerca da convocação e competência da assembléia geral REQUIÃO
comenta que:
Qual o poder legítimo para convocar validamente a assembléia geral? Em primeiro lugar compete ao conselho de administração, se houver, já que sua existência é facultativa no sistema da lei (a não ser que seja sociedade aberta, de capital autorizado e de economia mista). Não existindo conselho de administração cabe os diretores convocá-la, observando o disposto no estatuto
131.
2.4.2 Conselho de Administração
Nas palavras definidas por FÁBIO ULHOA o conselho de
administração:
É o órgão, em regra, facultativo. Trata-se de colegiado de caráter deliberativo, ao qual a lei atribui parcela da competência da assembléia geral, com vistas a agilizar a tomada de decisões de
interesse da companhia132”.
O Conselho de Administração por ser um órgão colegiado, as suas
deliberações, exclusivamente, terão eficácia se forem definidas por reunião
devidamente convocadas e instaladas.
________________
130 Art. 122 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm 131
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 27. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. pág. 206. 132
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 193
48
O processo deliberativo do Conselho de Administração resguarda
melhor o interesse social, em comparação com o processo decisório individual
da diretoria. E, nas companhias fechadas, a facultatividade seria justificada
pela tendência à profissionalização da administração, que levaria também a
situar os controladores no Conselho de Administração, deixando aos
administradores profissionais de empresa o encargo de efetivamente geri-las.
Segundo MAMEDE
Se o conselheiro eleito reside ou tem domicílio no exterior, a sua posse no órgão fica condicionada à constituição de representante residente no país, com poderes para receber citação em ações contra ele propostas com base na legislação societária, mediante procuração com prazo de validade que deverá estender-se por, no mínimo, três anos após o término do prazo de gestão do conselheiro
133.
Desta forma denota-se caso o conselheiro tenha sua residência no
exterior, sua posse se condiciona perante um representante no país, com
poder para receber citação, em ações que tenham base na legislação
societária.
Quanto à composição do conselho de administração REQUIÃO define: O estatuto determinará o número de conselheiros, que será no mínimo, de três. Poderá, contudo, respeitado esse mínimo legal, estabelecer o máximo e o mínimo. Conterá também, o estatuto o modo de substituição dos conselheiros, o processo de escolha e substituição do presidente do Conselho, pelo próprio Conselho ou Assembléia. Indicará o prazo de gestão, que não poderá ser superior a três anos, permitindo a reeleição
134.
Segundo MAMEDE a assembléia geral tem poderes para decidir todos
os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar
convenientes à sua defesa e ao seu desenvolvimento135..
________________
133 MAMEDE, GLADSTON. Manual de Direito Empresarial. 4ª ed. Atual São Paulo. Atlas 2009
p.235 134
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22ª ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 193 135
MAMEDE, GLADSTON. Manual de Direito Empresarial. 4ª ed. Atual São Paulo. Atlas 2009 p.235
49
2.4.3 Diretoria
FÁBIO ULHOA afirma que “a Diretoria é órgão de representação legal
da companhia e de execução das deliberações da assembléia geral e do
conselho de administração136”.
A diretoria é órgão executivo da companhia, composta por, no
mínimo, duas pessoas, eleitas pelo conselho de administração, ou, se este não
existir, pela assembléia geral. Compete aos seus membros, no plano interno,
gerir a empresa, e, no externo, manifestar a vontade da pessoa jurídica, na
generalidade dos atos e negócios que ela pratica.
CARVALHOSA diferencia Diretoria de Conselho de administração:
A diretoria é um órgão necessário da administração de todas as companhias, como já se referiu. Não é um órgão colegiado permanente (§ 2º deste art. 143), pois seus membros têm poderes de representação e exercem funções individualmente sem embargo de deliberação colegiada (§ 2º). Exatamente aí reside a diferença entre Conselho de Administração e diretoria. Esta é um órgão que reúne um conjunto de poderes e atribuições harmônicas entre os seus membros, os quais os exercem individualmente. Já o Conselho
de Administração é um órgão que reúne um conjunto de poderes e atribuições, que são exercitados coletivamente pelos seus membros.
137
Assim como define BERTOLDI
a diretoria tem existência obrigatória em toda a sociedade anônima. Como órgão executivo da companhia, é encarregada da administração direta da sociedade, cabendo-lhe realizar em concreto os objetivos sociais e metas traçadas pela assembléia geral, bem como pelo conselho de administração
138.
___________________
136 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva
2010.p 193 137
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 3° vol. 6ed. Saraiva: São Paulo.2008.p138 138
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.320
50
2.4.4 Conselho Fiscal
Para ALMEIDA o conselho fiscal é “o órgão fiscalizador da companhia.
Sua adoção se prende à necessidade de estabelecer rigoroso controle e
fiscalização sobre os atos praticados pela administração139.”
Segundo ULHOA
O conselho fiscal é órgão de assessoramento da assembléia geral, na apreciação das contas dos administradores e na votação das demonstrações financeiras da sociedade anônima. Sua existência é obrigatória, mas seu funcionamento é facultativo.
140
O conselho fiscal é composto por, no mínimo, três e, no máximo, cinco
membros titulares. Sua principal função, como já demonstrado, é a de fiscalizar
a atividade desenvolvida pelos administradores, nunca se pode confundir o
objetivo do conselho fiscal com o objetivo dos administradores, pois este tem
por intuito conduzir os negócios sociais da companhia, e por conseqüência, a
aquele que atua como fiscal destas atividades141.
Segundo HOOG para alcançar as metas da função:
os membros do conselho podem convocar assembléias, preferencialmente mensal, para o acompanhamento das estratégias operacionais e táticas, junto aos administradores e gerentes, que deverão estar munidos de seus relatórios, evidenciando a relação de seus objetivos
142.
A lei n.º10.303/01 introduziu a possibilidade de os membros do
conselho agirem individualmente (art. 162, I, SA), permitindo-lhes a
fiscalização, também individual, dos atos dos administradores e os
cumprimentos de seus deveres legais e estatutários.
________________
139ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das Sociedades Comerciais. 18 ed. São Paulo:
Saraiva, 2010, p.231. 140
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 200 141
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.321 142
HOOG, Wilson A. Zappa. Lei das Sociedades Anônimas Comentada. 2 ed. Curitiba. Juruá, 2009, p.244.
51
O conselho fiscal é composto por, no mínimo, três e, no máximo, cinco
membros titulares. Sua principal função, como já demonstrado, é a de fiscalizar
a atividade desenvolvida pelos administradores, nunca se pode confundir o
objetivo do conselho fiscal com o objetivo dos administradores, pois este tem
por intuito conduzir os negócios sociais da companhia, e por conseqüência, a
aquele que atua como fiscal destas atividades143.
Segundo HOOG para alcançar as metas da função:
os membros do conselho podem convocar assembléias, preferencialmente mensal, para o acompanhamento das estratégias operacionais e táticas, junto aos administradores e gerentes, que deverão estar munidos de seus relatórios, evidenciando a relação de seus objetivos
144.
________________
143 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito
comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.321 144
HOOG, Wilson A. Zappa. Lei das Sociedades Anônimas Comentada. 2 ed. Curitiba. Juruá, 2009, p.244.
52
3 A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ACIONISTAS E
ADMINISTRADORES NA SOCIEDADE ANÔNIMA
Neste terceiro capítulo será tratado acerca da responsabilidade civil
dos acionistas e dos administradores na sociedade anônima mostrando suas
diferenças. Na sua parte inicial abordará os conceitos de responsabilidade civil,
suas espécies e efeitos existentes no ordenamento jurídico brasileiro como
também as excludentes de responsabilidade civil.
Num Segundo momento, o enfoque do estudo desloca-se da visão
comparativa entre os acionistas e administradores no que se refere as suas
responsabilidades e deveres perante a companhia. Serão discutidos diversos
deveres regulados pela Lei nº. 6.404/76. Dentre os deveres a serem
apresentados estão: o dever de diligência, o de lealdade, dever de informar e o
conflito de interesses. Estes deveres são primordiais para o bom
funcionamento da Companhia.
3.1 CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL
Assim como define GONÇALVES, a palavra responsabilidade origina
do latim spondeo, vinculando de certa maneira nos contratos verbais do direito
romano145.
Segundo GONÇALVES:
Toda atividade que acarreta prejuízo traz em seu bojo, como fato social, o problema da responsabilidade. Destina-se ela a restaurar o equilíbrio moral e patrimonial provocado pelo autor do dano. Exatamente o interesse em restabelecer a harmonia e o equilíbrio violados pelo dano constitui a fonte geradora da responsabilidade civil
146.
________________ 145
GOLÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. IV: responsabilidade civil. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.1. 146
GOLÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. IV: responsabilidade civil. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.1.
53
No entendimento de VENOSA:
O termo responsabilidade, embora com sentidos próximos e semelhantes, é utilizado para designar várias situações no campo jurídico. A responsabilidade, em sentido amplo, encerra a noção em virtude da qual se atribui a um sujeito o dever de assumir as conseqüências de um evento ou de uma ação
147.
Por sua vez assim como define STOCO „„a responsabilidade civil
envolve, antes de tudo, o dano, o prejuízo, o desfalque, o desequilíbrio ou do
patrimônio de alguém‟‟148.
Desta forma entende-se que sem a ocorrência do dano, não há
responsabilidade civil, pois esta „‟na obrigação imposta, em certas condições,
ao autor de prejuízo, de repará-lo.
Segundo Maria Helena Diniz responsabilidade civil
É a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ele responde,por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal
149
Denota-se que tal medida é salutar para punir aqueles que deixam de
cumprir suas obrigações e, acima de tudo, como forma de prevenir que estes
atos sejam praticados.
_______________ 147
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 10ª ed.São Paulo: Saraiva, 2010. p.1. 148
ESTOCO,RUI. Tratado de Responsabilidade Civil : doutrina e jurispudência. 7ª ed São Paulo: Saraiva,2007. p 118.
149DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil V.7, 23ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.34.
54
3.1.1 Espécies e efeitos de responsabilidade civil
A ordem jurídica deseja que todo administrador exerça a sua função
em prol da sociedade, haja vista seu compromisso de envidar todos os
esforços visando ao cumprimento do fim social.
No ordenamento jurídico brasileiro possui algumas espécies de
responsabilidade civil. A responsabilidade contratual, extracontratual, subjetiva,
objetiva, direta e por fim a responsabilidade indireta.
DINIZ esquematiza e comenta cada uma delas em seu Curso de
Direito Civil:
Responsabilidade contratual – se oriunda de inexecução contratual.
Responsabilidade extracontratual – se resultante da violação de um dever geral de abstenção pertinente aos direitos reais ou de personalidade
Responsabilidade subjetiva – fundada na culpa ou dolo por ação ou omissão, lesiva a determinada pessoa.
Responsabilidade objetiva – se encontra sua justificativa no risco.
Responsabilidade direta – se proveniente da própria pessoa imputada: o agente responderá, então, por ato próprio.
Responsabilidade indireta – se promana de ato de terceiro, vinculado ao agente, de fato de animal ou de coisa inanimada sob sua guarda
150
Assim, constata-se que para cada tipo de ato praticado pelo
administrador que venha de encontro com os interesses da Companhia ele
poderá, após a apuração da veracidade responder por esta ação praticada.
Para CARVALHOSA:
O princípio é de que a responsabilidade, perante terceiros por atos ilícitos dos seus administradores, é da companhia. Isso porque, em face do caráter orgânico da representação, todos os atos praticados pelos administradores são da companhia. Em que pese esta assertiva, quando o administrador pratica atos que possa sem argüidos como prejudiciais à Companhia, pode-se indagar sobre a natureza deste ato praticado pelo administrador, se foi um ato de boa-fé ou não
151.
_________________
150 DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil V.7, 23ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.34. 151
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 3° vol. 6ed. Saraiva: São Paulo.1997.p. 327
55
Aqui se pode falar, sobre o princípio da desconsideração da
personalidade jurídica, previsto no art. 50 do Código Civil e art. 28 do Código
de Defesa do Consumidor que prevêem que, quando o administrador, no
exercício de sua função pratique atos que resultem prejuízos à Companhia e
comprovada a gravidade e conseqüência deste ato, poderá ser argüido este
princípio para punir quem praticou o ato.
O artigo 50 do Código Civil assim se manifesta sobre o assunto:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica
152.
O artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor define: Art. 28 - O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1º ( vetado) § 2º - As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste Código. § 3º - As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste Código. § 4º - As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5º - Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores153.
Os referidos dispositivos legais pretendem frear os prejuízos
patrimoniais que os administradores vêm provocando à Companhia.
_________________
152 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm 153
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm
56
3.1.2 Excludentes da responsabilidade civil
No campo civil só afastam a responsabilidade por ato ilícito alguma das
causas excludentes, como o caso fortuito ou força maior como também a culpa
exclusiva da vítima, que têm força de romper o nexo causal154.
Segundo VENOSA
O conceito de ordem objetiva gira sempre em torno da imprevisibilidade ou inevitabilidade, aliado à ausência d culpa. A imprevisibilidade não é elemento especial a destacar: por vezes, o evento é previsível, mas são inevitáveis os danos, porque impossível resistir aos acontecimentos. Desse modo, desaparecido o nexo causal, não há responsabilidade. A idéia é válida tanto na responsabilidade contratual como na aquiliana
155.
3.2 RESPONSABILIDADE DOS ACIONISTAS
Nas sociedades Anônimas a responsabilidade dos Acionistas ou sócios
como são conhecidos possuem responsabilidades, porém menores do que os
administradores perante a companhia.
O art. 1º define que „„a companhia ou sociedade anônima terá o capital
dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada
ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas156‟‟.
Desta forma, denota-se que a Sociedade Anônima se diferencia das
demais formas de sociedades no ordenamento jurídico brasileiro,
principalmente por ser uma sociedade eminentemente de capital dividido em
ações e pela responsabilidade dos seus acionistas, limitadas ao preço das
ações que subscreveu diferente dos administradores.
_________________
154 ESTOCO, RUI. Tratado de Responsabilidade Civil : doutrina e jurispudência. 7ª ed São
Paulo: Saraiva,2007. p.791.
155 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. 10ª ed.São Paulo:
Saraiva, 2010. p.98. 156
Art. 1º da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm
57
Acerca das ações subscritas REQUIÃO comenta:
Aderindo à sociedade anônima, em sua fundação, como „„subscritor‟‟, este transforma-se em acionista tão logo a sociedade anônima se constitua, e tenha seus atos arquivados no Tribunal de Comércio. Apresenta-se como titular das ações, e é, por isso, a figura central da sociedade anônima. Seu objetivo visa à formação da sociedade, como geradora de riqueza, que pode lhe proporcionar dividendos, que correspondem às ações que detiver
157.
MARTINS descreve em seu curso de direito comercial que:
A principal obrigação do acionista é pagar à sociedade as ações subscritas ou adquiridas; a esse pagamento se dá o nome de integralização, sendo ações integralizadas aquelas cujo preço total foi
pago a sociedade.158
Complementa ainda, que:
[...] ao subscrever as ações com integralização parcelada, o acionista constitui-se devedor da companhia; desse modo, em caso de negociação dessas ações não integralizadas, fica ele responsável solidário com os cessionários pelo pagamento das prestações que faltarem para integralização das ações cedidas ou transferidas Cessa, entretanto, essa responsabilidade, em relação a cada alienante, no fim de dois anos a contar da data da cessão ou transferência
159
FAZZIO JR faz menção ao artigo 1º da Lei das sociedades anônimas e
ainda complementa sobre o assunto:
A responsabilidade do acionista é limitada no sentido de que se obriga, apenas, pela integralização do valor das ações que subscreve, quer dizer, pela parcela do capital social que adquire. Não responde pelas dívidas da sociedade, mas tão-somente pela integralização da ação. Participa da sociedade com risco restrito ai valor pelo qual se compromete. Propende mais para a condição para a condição de investido, no empreendimento, do que para o status de sócio
160.
_________________
157 MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual Atualizado por Carlos Henrique
Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 345 158
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 2º Volume. 27ª ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2010, p168. 159
MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 33.ed. atual Atualizado por Carlos Henrique Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 345
160 FAZZIO JR, WALDO. Manual de Direito Comercial. Ed. Atlas S.A. São Paulo SP 2009.
pág. 177.
58
O acionista por sua vez, ao adquirir ações, acaba usufruindo de
diversos direitos perante a Companhia. Tendo como o principal direito, o de
votar nas deliberações da assembléia geral.
O artigo 109 da LSA assegura quais são os direitos essenciais dos
sócios na companhia:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - participar dos lucros sociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. § 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares. § 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembléia-geral. § 3
o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências
entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar
161.
Contudo, constata-se que, mediante o a integralização das ações
subscritas, o acionistas responde ilimitadamente, diante da sociedade, sendo
assim, nada deverá nem a sociedade nem a terceiros que com ela porventura
venham a negociar. Desta forma é a Companhia, por sua vez, que responderá
com todo o seu patrimônio, caso venha ocorrer um momento de insolvência.
3.3 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ADMINISTRADORES
Os Administradores são aqueles que estão à frente da Companhia.
Conforme o artigo 146 da LSA, para compor os órgãos de administração da
________________
161 Art. 109 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm
59
Companhia as pessoas interessadas devem obedecer alguns requisitos
básicos para que possam ser eleitas e, consequentemente, nomeadas para
estes cargos.
Assim como foi tratado no capítulo anterior um desses requisitos é, no
caso dos diretores, terem residência no exterior. Como exemplifica o artigo 146
§ 2º, deverá apontar um representante legal no país:
Art.146 Poderão ser eleitos para membros dos órgãos de administração pessoas naturais, devendo os membros do conselho de administração ser acionistas e os diretores residentes no País, acionistas ou não. §1
o A ata da assembléia-geral ou da reunião do conselho de
administração que eleger administradores deverá conter a qualificação e o prazo de gestão de cada um dos eleitos, devendo ser arquivada no registro do comércio e publicada. § 2
o A posse do conselheiro residente ou domiciliado no exterior fica
condicionada à constituição de representante residente no País, com poderes para receber citação em ações contra ele propostas com base na legislação societária, mediante procuração com prazo de validade que deverá estender-se por, no mínimo, 3 (três) anos após o término do prazo de gestão do conselheiro
162.
A Lei é clara quando determina que os administradores que, ao agirem
como membros da administração da Companhia, desde que sejam em atos
regulares de gestão, não respondem pessoalmente pelas obrigações assim
contraídas e estas responsabilidades acabam sendo exclusivos da própria
Companhia.
O antigo Decreto-Lei nº.2.627/40 definia em seu artigo 121 que os
diretores não são pessoalmente responsáveis pelas obrigações que contraírem
em nome da sociedade e em virtude de ato regular163.
Entretanto com a entrada da em vigor da Lei das Sociedades
Anônimas, a lei procurou explicitar de forma minuciosa, para um melhor
entendimento dos empresários, acerca dos deveres e responsabilidades dos
administradores nas Companhias.
_________________
162 Art. 146 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm
163 Decreto-lei nº. 2.627/40 – revogado pela Lei das Sociedades Anônimas
60
Assim como é definido pelo Art. 158 o administrador poderá ser
responsabilizado civilmente quando causar prejuízos para a Companhia.
O artigo 158, a LSA estabelece que o:
Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar, quando proceder:I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;II - com violação da lei ou do estatuto. 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral. § 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles
164.
[...]
Segundo MAGALHÃES o pressuposto da responsabilidade dos
administradores deriva de um dever de natureza comum que se comete a
quem quer que esteja na administração de bens ou interesses alheios165.
O referido artigo cita todas as responsabilidades dos administradores
perante a empresa, até mesmo respondem civilmente pelos prejuízos que
individualmente, causarem. Diferentemente dos acionistas que respondem
limitadamente ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
A responsabilidade dos administradores nas Companhias será sempre
presumida quando se tratar de atos violadores da lei ou dos estatutos. A este
respeito assim define o § 5º do artigo 158166.
No entendimento VALVERDE:
As ações ou omissões, na maior parte das vezes voluntárias, envolvendo em muitos casos, a responsabilidade penal dos
__________________ 163
Art. 158 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm 165
MAGALHÃES, Roberto Barcelos de. Lei das Sociedades Anônimas. 2 ed. Ed. Freitas 166
Art. 158 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas
61
administradores, como na distribuição de dividendos fictícios na aceitação em penhor ou caução de ações da própria sociedade, na ocultação de interesses opostos aos da sociedade em qualquer operação social.
167
Complementa ainda, que:
nem por isso será ele menos responsável pelos prejuízos que ocasionar a sociedade, aos sócios ou a terceiros, pois a única coisa que o prejudicado terá que provar é o nexo de causalidade entre o ato violador da lei ou dos estatutos e o prejuízo sofrido
168
3.3.1 Deveres e responsabilidade dos Administradores
A Lei das Sociedades Anônimas em sua seção IV que compreende os
artigos 153 ao art. 160, define e caracteriza os deveres e as responsabilidades
dos administradores na Companhia. Estes deveres, como foram dito, são
essenciais para própria Companhia. Conforme o dispositivo os deveres são: o
dever de diligência, o de lealdade, o de evitar conflito de interesses e o dever
de informar.
Na ótica de BERTOLDI:
O principal dever do administrador é o de bem administrar a companhia, empregando todos os seus esforços para que os objetivos sociais sejam plenamente alcançados. O legislador procurou balizar a atuação dos administradores da companhia mediante a imposição de diversas normas de conduta
169.
3.3.1.1 Dever de diligência
O primeiro dever do administrador, assim com especifica o artigo 153,
é o de zelar pela defesa dos interesses da Sociedade, tratado, por sua vez,
como dever de diligência. Este dever evita que a minoria tenha seus direitos
________________ 167
MAGALHÃES, Roberto Barcelos de. Apud MIRANDA VALVERDE, Trajano. Sociedade por Ações. Rio de Janeiro, 2002, Forense, p322 168
MAGALHÃES, Roberto Barcelos de. Apud MIRANDA VALVERDE, Trajano. Sociedade por Ações. Rio de Janeiro, 2002, Forense, p322 169
BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.327
62
privados daqueles que possuam o poder de mando da sociedade em
questão170.
Carvalho de Mendonça comenta acerca do assunto: “os
administradores devem usar no desempenho do cargo a diligência que o
negociante ativo e probo costuma empregar na gerência dos próprios
negócios171”.
Para um melhor entendimento o cumprimento deste dever o artigo 154
da LSA determina que:
Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bom em público e da função social da empresa
172.
Denota-se que o artigo citado acima, além de consagrar as finalidades
ou objetivos da atividade do administrador, também traça o perfil institucional
das sociedades anônimas, visando estabelecer um equilíbrio entre interesses
privados da Companhia com os do bem público, tendo em vista a função social
que a empresa desempenha.
Nas palavras de CARVALHOSA:
Nas hipóteses de negligência, imprudência ou imperícia,o administrador, ou seja, na quebra do seu dever de diligência, a relação de causalidade entre o dano jurídico ou material sofrido pela companhia e a omissão ou ação do administrador. Desse nexo objetivo surge o dever, do administrador, de indenizar a companhia, independente de ter ele agido ou não com culpa ou dolo
173 3.3.1.2 Dever de lealdade
Os deveres de lealdade dos administradores estão definidos nos
artigos 155 e 156 da Lei 6.404/ 76. De certa forma, infelizmente nem sempre os
administradores cumprem este dever com a exatidão necessária.
________________ 170
Art. 153 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm
171 REQUIÃO apud Mendonça op cit.
172 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 3° vol. 6ed. Saraiva:
São Paulo.1997.p. 153
63
Segundo ULHOA “administrador não pode usar, em proveito próprio ou
de terceiro, informação pertinente aos planos ou interesses da companhia e à
qual teve acesso em razão do cargo que ocupa agindo sempre com
lealdade173”
O artigo 155 da LSA define:
Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter reserva sobre os seus negócios, sendo-lhe vedado: I - usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem prejuízo para a companhia, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em razão do exercício de seu cargo; II - omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando à obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de interesse da companhia; III - adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe
necessário à companhia, ou que esta tencione adquirir174
.
Conforme REQUIÃO o acionista:
Se prende, por um dever ético, à sociedade, com muito mais fortes razões deve o administrador pautar sua atuação dentro de princípios de lealdade para com a empresa. Embora isso esteja implícito na conduta de qualquer pessoa dentro do grupo social em que vive e atua, a lei resolveu reiterar, como regra expressa, o dever de lealdade do administrador
175.
Desta forma, entende-se que lealdade deva estar presente na conduta
de qualquer pessoa e, ainda mais, de quem se presta a administrar uma
Companhia. Sendo assim, o administrador não pode, de forma alguma, utilizar
da função que lhe foi dada para obtenção de vantagens indevidas para si ou
para interposta pessoa possa se beneficiar deste ato, e até mesmo com a
comunicação indevida sobre os segredos dos negócios da companhia.
________________ 173
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 204. 174
Art. 155 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm 175
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de direito comercial. 27. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. pág. 247
64
Segundo HOOG:
A lealdade do administrador está vinculada ao comprometimento, porque a lealdade afina-se com a preservação da empresa, que vai além da norma societária, por constituir um pressuposto intrínseco para o exercício do cargo de administrador
176.
3.3.1.3 Dever de informar
No dever de informar, assim como especificado no artigo 157 da LSA,
ao tomar posse do cargo, o administrador deverá informar os valores
mobiliários de emissão da Companhia como, também, de outras empresas do
grupo caso seja titular177.
Segundo ULHOA „‟outro aspecto do dever de informar, diz respeito aos
interesses que o administrador de Companhia aberta possua nos negócios
sociais, os quais têm os acionistas o direito de conhecer178‟‟.
Outro dever do administrador perante a companhia é informar qualquer
movimentação à bolsa de valores mobiliários e divulgar pela imprensa qualquer
deliberação dos órgãos sociais.
Aqui fica evidenciada aquela obrigação do administrador, sempre que
entender necessário, comunicar qualquer fato que entenda seja relevante, para
evitar que fique caracterizado aquilo que é conhecido como informação
privilegiada.
3.3.1.4 Conflito de interesses
Este também é um dos deveres dos administradores, ou seja, estes não podem
“[...] intervir em qualquer operação social em que tiver interesse conflitante com
o da companhia [...], segundo o previsto no artigo 156 da LSA146.
_________________
176 HOOG, Wilson A. Zappa. Lei das Sociedades Anônimas Comentada. 2 ed. Curitiba.
Juruá, 2009, p.226 177
Art. 157 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm 180
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial 22º ed. atual São Paulo. Saraiva 2010.p 204
65
É bastante enfático o referido dispositivo legal quando proíbe os
administradores de agirem, no exercício de suas funções, em benefício próprio.
Segundo a Lei, nenhum administrador poderá se utilizar do cargo que exerce
para se beneficiar; este ato será passível de nulidade e o administrador será
obrigado a ressarcir à Companhia pelos prejuízos causados em decorrência de
atos praticados que caracterizem conflito de interesses.
Desta forma, denota-se que o administrador, no exercício de suas
funções, evitará qualquer atuação que coloque os seus interesses pessoais em
conflito com os interesses da companhia, assim como define o artigo 156 da
LSA181.
No entendimento de REQUIÃO:
A lei não impede que o administrador contrate com a companhia a que serve. Pode ele, em sua atividade particular, estranha à companhia, ter oportunidade de negociar com ela, não o fazendo como administrador, mas como terceiro estranho. A lei admite, todavia, que assim proceda, pois esse contrato pode ser de relevância para a sociedade, mas desde que em condições razoáveis ou eqüitativas, idênticas às que prevalecem no mercado ou àquelas em que a companhia, as vantagens que dele tiver auferido.
182
Vistos os deveres dos administradores na Sociedade Anônima passa-
se a abordar acerca da responsabilidade civil a luz do Código Civil, tratando do
conceito de responsabilidade civil, suas espécies, bem como os tipos de
responsabilidade.
Conforme a Legislação vigente no país, tanto os sócios como os
administradores da Sociedade Anônima têm responsabilidades diferenciadas
dentro da Companhia. Para que se tenha um total controle e responsabilidades
perante a sociedade, criam-se órgãos técnicos e consultivos, assim como visto
no capítulo anterior. Esta distribuição dos órgãos torna a sociedade muita mais
organizada com o objetivo de separar as responsabilidades e deveres de cada
um dentro da Companhia.
_________________
181Art. 156 da 6404/76 - Lei das Sociedades Anônimas. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm 182
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 2º Volume. 27ª ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2010, p168
66
Deste modo BERTOLDI define que:
A sociedade anônima, precisa ser organizada internamente para a promoção dos seus objetivos sociais. Evidentemente, seria inviável que todos os acionistas estivessem presentes no dia-a-dia da sociedade, encarregados de sua administração, razão pela qual as técnicas de administração aconselham, e o direito regula, a existência de órgãos através dos quais a sociedade irá exprimir sua vontade
183.
Na concepção de FAZZIO JR, “o acionista não é só um apostador. Na
condição e sócio da companhia, observa um sistema jurídico próprio de direito
e deveres estabelecido, desde logo, pela LSA184”.
Vistos os deveres dos Administradores na Sociedade Anônima passa-
se a abordar a Ação de Responsabilidade.
3.4 AÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Na Lei 6.404/76 autorizou a qualquer acionista, em um prazo de 3
meses, a contar da primeira assembléia geral ordinária, promover a ação se
porventura a sociedade não o fizer. Deve-se ressaltar que os benefícios desta
ação serão da Sociedade e não do acionista, assim como, exemplifica o artigo
159 da referida Lei.
Em outras palavras BERTOLDI salienta
que o administrador responde “pelos prejuízos causados à companhia, cabendo à assembléia geral deliberar sobre o ingresso em juízo com a ação de responsabilidade civil para ressarcimento dos prejuízos causados
185“.
A esse respeito, REQUIÃO comenta que:
No caso de a ação de responsabilidade ser promovida por iniciativa do acionista, os resultados da ação deferem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-lo, até o limite daqueles resultados, de todas as despesas que tiver efetuado, corrigidas monetariamente e mais juros
legais186.
_________________
183BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito
comercial, 2 ed. Atual editora Revista dos Tribunais São Paulo, SP. pág.327
184 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 10ª ed. – São Paulo: Atlas, 2009
185 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso Avançado de Direito Comercial. Vol. I: teoria do direito
186REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 2º Volume. 27 ed. Atual. São Paulo:
Saraiva, 2010, pág.260
67
Acrescenta, ainda, que:
Quando o ato ilícito praticado causar diretamente prejuízo a acionista ou terceiro, terão estes legitimidade para promover a ação contra a companhia e contra o administrador responsável solidariamente
187.
Deve-se registrar que, no caso de deliberação de assembléia geral
favorável à propositura da ação de responsabilidade civil, o administrador
deverá ser destituído de suas funções e deveres, haja vista que, neste
momento ficou evidenciada a perda de confiança dos acionistas no
desempenho do administrador. Por outro lado, deve-se registrar que, mesmo
havendo uma legislação que trata especificamente sobre a responsabilidade
dos administradores por atos de gestão, na prática constata que, em muitos
casos, esta responsabilização não tem sido facilmente comprovada.
De qualquer forma, aqui cabe transcrever o pensamento de
CARVALHOSA:
A ação individual do acionista tende à satisfação de seus interesses pessoais, ainda que não estranhos aos do colégio acionário. A intenção do acionista não é restabelecer a ordem coletiva, ainda que esta tenha sido afetada. O seu intento é obter a reparação de um prejuízo jurídico ou patrimonial que direta e pessoalmente sofreu
188.
O principal objetivo é o de ter a reparação do dano causado à
Companhia e, indiretamente, aos seus acionistas. A preservação do patrimônio
da Companhia é motivo que fundamenta a ação de responsabilidade civil por
atos praticados por administradores no exercício de suas funções.
Desta forma, a Lei se preocupou em apresentar um remédio para
tentar garantir prejuízos à Companhia por atos ilegais dos administradores, ou
seja, aqueles praticados com deslealdade, abuso ou desvio de poder, e, acima
de tudo, violadores da Lei e do estatuto social da Companhia. Basta, portanto,
que a Lei seja cumprida.
__________________
187REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 2º Volume. 27 ed. Atual. São Paulo:
Saraiva, 2010, pág.260 188
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 3° vol. 6ed. Saraiva: São Paulo.1997.p. 327
68
3.5 JURISPRUDÊNCIA
Com relação à ação responsabilidade civil dos administradores, é de
grande valia transcrever este julgado proferido pelo Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro:
Sociedade anônima. Ação de responsabilidade civil dos administradores. Inércia da assembléia geral. Legitimação extraordinária do acionista minoritário. Percentual do artigo 159, § 4.º , da Lei 6404. Verificação no momento em que ocorreu a lesão. Inexistência de prejudicialidade externa em relação à demanda, na qual se questiona o aumento do capital social. Agravo provido.
Os desembargadores da Décima Câmara do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro votaram de forma unânime o agravo de instrumento
dando provimento ao recurso. Com base no artigo 159, da Lei 6404/76 que
estabelece por sua vez a ação de responsabilidade civil contra o administrador
que causou danos ao patrimônio da companhia.
______________ 189
Brasil. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro - Agravo de Instrumento sob n.2007.002.33.363, Relator: Desembargador Bernardo Moreira Garcez Neto. Julgamento: 21/05/2008. http://srv85.tjrj.jus.br/ConsultaDocGedWeb/faces/ResourceLoader.jsp?idDocumento=0003E4A6764AC67044385AFCEA2627920572B4DEC35B624F
69
CONCLUSÃO
No presente trabalho acadêmico buscou-se fazer um estudo sobre a
formação das sociedade comerciais no Direito Brasileiro e suas diferentes
formas de constituição, desde a chegada da família real portuguesa, passando
pelas diversas modificações exigidas pelas transformações ocorridas no
contexto da história de nosso país.
Assim sendo, após o estudo da parte histórica do tema, foi feita uma
análise dos diversos tipos de sociedade comerciais, definidos por critérios que
as classificam conforme se tome em consideração a responsabilidade civil dos
sócios, a personificação, a forma do capital ou a estrutura econômica da
empresa. A saber: a sociedade comandita simples, considerada o tipo de
societário mais antigo que se tem noticia; a sociedade em nome coletivo; a
sociedade limitada, que no Brasil é o tipo societário de maior presença na
economia e que reveste de mais importância por atender ao enorme interesse
pragmático que passa a despertar na constituição da pequena e média
empresa, em virtude da sofisticação atribuída à sociedade anônima pelas Leis
nº 6.404, de 15/12/1976 e 10.303, de 31/10/2001; a sociedade cooperativa e a
sociedade anônima, que requer normas especiais para sua constituição e seu
funcionamento.
Num segundo momento ficou evidenciado que em uma sociedade
comercial, hoje denominada empresária, segundo o Código Civil brasileiro, os
acionistas, ou seja, aqueles que contribuem para que a sociedade alcance o
seus objetivos, exercem papel diferente dos administradores, haja vista que, a
estes são dados os deveres de representar a sociedade e, portanto, passam a
ter uma maior responsabilidade perante a ela.
Ao acionista caberá suprir a sociedade de recursos necessários à sua
sobrevivência e, se não o fizer, responderá por este ato nos termos da
legislação vigente.
Por outro lado, os administradores, a partir do momento em que são
eleitos, passam a ter responsabilidades pelos seus atos, até porque, a própria
70
legislação determina que este deva empregar no exercício de suas funções
todo o cuidado e administrar a sociedade com probidade.
A responsabilidade civil consiste, portanto, na obrigação do
administrador indenizar a sociedade por perdas e danos, quando proceder
culpa ou dolo ou com violação da Lei ou do estatuto (art.158 LSA).
Sendo assim, a Lei por sua vez, determina que o administrador, no
âmbito de diretoria, responderá civilmente pelos prejuízos que causar,
procedendo com culpa ou dolo, mesmo que praticado atos dentro das suas
atribuições ou poderes perante a companhia, pois dessa forma, acaba violando
a finalidade do interesse social, representando vantagens particulares para o
administrador ou até mesmo para terceiros.
Hoje, convive-se com uma legislação que, há qualquer momento,
desde que devidamente comprovado o fato, pode levar tanto o administrador
como o acionista a responsabilização pelos seus atos. Aqui fala-se do princípio
da desconsideração da personalidade jurídica que trouxe uma forma de
responsabilizar todo aquele que, através de seus atos, provoque prejuízos à
sociedade.
Feitos estes comentários, deve-se, finalmente, acrescentar que o
Direito Comercial, que constitui o disciplinamento jurídico do desenvolvimento
econômico, passou e passa por contínuas transformações para adaptar-se
rapidamente às inovações e às alterações legislativas impostas pelo
desenvolvimento econômico –social do País.
71
REFERÊNCIAS
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72
FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 10ª ed. – São Paulo: Atlas, 2009. ______. Direito Empresarial Brasileiro: Direito Societário: sociedade simples e empresaria. Volume 2 – 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. HOOG, Wilson A. Zappa. Lei das Sociedades Anônimas Comentada. 2ª ed. Curitiba. Juruá, 2009. MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 33ª ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2010. MAMEDE, GLADSTON. Manual de Direito Empresarial. 4ª ed. Atual São Paulo. Atlas 2009 MAZIONE, Luiz. Resumo de Direito Comercial. Leme: BH Editora, 2005. NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa. v.1. 1ª. Ed., rev. e atual – São Paulo: Saraiva, 2005. ______. Manual de Direito Comercial e de Empresa. V.1, 4ª ed. rev. e atual – São Paulo: Saraiva, 2006. PASOLD. César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. 4ª ed. Florianópolis: OAB/SC Editora. 2000. ______. Vade Mecum Compacto. 1ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009. REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 29ª ed., São Paulo: Saraiva, 1º vol., 2010.
73
______. Curso de Direito Comercial. 2º Volume. 27ª ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2010. ESTOCO, RUI. Tratado de Responsabilidade Civil : doutrina e jurispudência. 7ª ed São Paulo: Saraiva,2007. TAVARES, Assis. As sociedade anónimas. 3ª ed. Lisboa: Clássica, 1990.
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