UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA
MBA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
EDSON PAULO MOHR
POLÍTICAS PÚBLICAS AGRÍCOLAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR: UMA
ANÁLISE DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL E EFETIVIDADE
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INSERÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR
NO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO (RS)
São Leopoldo (RS)
2010
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Edson Paulo Mohr
POLÍTICAS PÚBLICAS AGRÍCOLAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR: UMA
ANÁLISE DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL E EFETIVIDADE
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INSERÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR
NO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE RIO PARDO (RS)
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão do Agronegócio, pelo MBA em Gestão do Agronegócio da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientador: Profa. Dra. Angélica Massuquetti
São Leopoldo (RS)
2010
2
São Leopoldo, 28 de outubro de 2010.
Considerando que o Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Edson Paulo Mohr encontra-se em condições de ser avaliado, recomendo sua apresentação oral e escrita para avaliação da Banca Examinadora, a ser constituída pela coordenação do MBA em Gestão do Agronegócio.
________________________________________
Profa. Dra. Angélica Massuquetti Professora Orientadora
3
Dedico estes artigos aos agricultores e agricultoras pela coragem e dedicação à geração de
alimentos e riquezas para a nação brasileira.
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AGRADECIMENTOS
A EMATER que proporcionou a realização deste curso.
Às professoras e professores da UNISINOS pela dedicação e qualidade do curso.
À minha esposa e filhos pelo incentivo à participação.
Aos colegas de curso pelo companheirismo e convivência.
Aos colegas Edison França Vieira e Vicente João Fin pela participação na elaboração
do primeiro artigo.
À Professora Dra. Angélica Massuquetti pelo apoio e orientação para elaboração do
trabalho de conclusão de curso.
5
“....
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais
....”
Belchior
6
RESUMO
O primeiro artigo analisa a aplicação das políticas públicas para a agricultura familiar na Região Central do Rio Grande do Sul no período 2008-2010. A metodologia empregada foi a revisão bibliográfica e a análise de dados secundários de aplicação de políticas públicas para a agricultura familiar na região citada. O estudo permitiu concluir que houve um elevado volume de recursos aplicado na região central do estado. O segundo artigo analisa a importância das políticas públicas na inserção da agricultura familiar no agronegócio em Rio Pardo (RS). A metodologia empregada foi a realização de entrevistas com representantes de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, com agentes financeiros e com agricultores. Conclui-se que as políticas públicas aumentam a produção e inserem a agricultura familiar no agronegócio. Palavras-chave: Agricultura Familiar. Políticas Públicas. Agronegócio.
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LISTA DE FIGURAS
ARTIGO 1
FIGURA 1 – Localização da Região Central do estado do Rio Grande do Sul.......................17
ARTIGO 2
Figura 1 – Localização do Município de Rio Pardo no estado do Rio Grande do Sul.............31
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LISTA DE TABELAS
ARTIGO 2
TABELA 1 – Número de Estabelecimentos Agropecuários com Produção no Ano e Valor da
Produção em 31/12 por Tipo de Produção e Agricultura Familiar – Rio Pardo (RS) – 2006..33
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EMATER – Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e
Extensão Rural
EMRIOPARDO – Escritório da EMATER de Rio Pardo
FEAPER - Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos Rurais
FEE – Fundação de Economia e Estatística
FETAG/RS – Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
PGPAF – Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar
PNCF – Programa Nacional de Crédito Fundiário
PROAGRO – Programa de Garantia de Atividade Agropecuária
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
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SUMÁRIO
ARTIGO 1 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................11 2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR...............................12 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS......................................................................................16 3.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS.....................................................................................16 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO.................................................................................16 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS.........................................................18 4.1 PRINCIPAIS POLÍTICAS AGRÍCOLAS ACESSADAS PELOS AGRICULTORES FAMILIARES DA REGIÃO....................................................................................................18 4.2 QUANTIFICAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS IMPLANTADAS NA REGIÃO....................................................................................................................................20 5 CONCLUSÕES.....................................................................................................................24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................25 ARTIGO 2 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................27 2 A CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS.............................................................28 2.1 O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR.................................................................................................29 2.2 A QUALIDADE DE VIDA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS............................................29 2.3 O CONTROLE SOCIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS.................................................30 2.4 ERROS E VÍCIOS DO PASSADO....................................................................................30 3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS......................................................................................31 3.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS.....................................................................................31 3.2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO E DA AGRICULTURA FAMILIAR EM RIO PARDO.....................................................................................................................................31 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS...................................................................32 4.1 FORMA DE OCUPAÇÃO DO MEIO RURAL E PESSOAL OCUPADO EM ESTABELECIMENTOS RURAIS..........................................................................................32 4.2 MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA DA AGRICULTURA FAMILIAR.................33 4.3 ENDIVIDAMENTO AGRÍCOLA.....................................................................................34 4.4AGRICULTURA FAMILIAR E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MUNICIPAL............................................................................................................................34 4.5 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR EM RIO PARDO.........35 4.6 PERCEPÇÃO DOS AGENTES.........................................................................................36 4.6.1 PERCEPÇÃO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS.........................36 4.6.2 Percepção dos Agentes Financeiros.................................................................................37 4.6.3 Percepção da Assistência Técnica...................................................................................38 4.5.4 Percepção dos Agricultores..............................................................................................38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................41
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AS POLÍTICAS PÚBLICAS AGRÍCOLAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR:
UMA ANÁLISE DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL••••
Resumo: Este artigo tem como objetivo principal analisar a importância das políticas públicas agrícolas para o fortalecimento da agricultura familiar na Região Central do Rio Grande do Sul no período 2008-2010. A referida área é composta por 116 municípios, com grande diversidade topográfica, étnica, cultural e econômica. Trata-se de um estudo com diversos enfoques de como e porque ocorreram as ações governamentais, com seus mecanismos de intervenção, buscando-se compreender os fins, a aplicabilidade e a formulação das políticas agrícolas e visando a análise da efetividade para a finalidade proposta. Após análise das políticas públicas aplicadas na região concluiu-se que estas têm sido ferramenta de incentivo à implantação de formas diversificadas de produção, melhorando, além da renda, a qualidade da alimentação das famílias rurais. A agregação de valor à produção da agricultura familiar através da implantação de agroindústrias familiares, que podem ser financiadas pelo PRONAF, tem proporcionado aumento de renda e empregos na área rural. Empreendimentos familiares que produzem frutas, hortaliças, derivados do leite e da carne mudam a paisagem rural, aumentam a renda das famílias e oportunizam a permanência dos jovens no campo, através das diversas políticas públicas aplicadas na região. O crédito fundiário tem sido a política pública de apoio aos agricultores que ainda não tiveram acesso a terra. Palavras-chaves: Agricultura Familiar. Políticas Públicas. Políticas Agrícolas.
1 INTRODUÇÃO
A agricultura familiar desempenha papel fundamental para o crescimento da economia
do estado do Rio Grande do Sul e para a melhoria das condições de vida das populações
urbanas e rurais. As políticas públicas para agricultura multiplicam e qualificam a produção
primária e são as principais fontes de recursos para alavancar investimentos que visam
aumentos e melhorias na qualidade da produção.
De acordo com divisão administrativa da Associação Riograndense de
Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER, a Região Central do
estado do Rio Grande do Sul, formada por 116 municípios, ocupa uma área do Vale do
Taquari até o Rio Uruguai. Esta região é composta por grande diversidade de paisagens, solos,
culturas, etnias e formas de inserção econômica. O setor primário, através das atividades de
• A primeira versão deste artigo foi escrita em co-autoria com Edison França Vieira e Vicente João Fin na atividade de avaliação do Módulo I – Ambiente Macroeconômico do Agronegócio (MBA em Gestão do Agronegócio).
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agricultura e pecuária, tem grande importância para a geração de renda das populações do
campo de das cidades. As áreas urbanas dependem do desempenho da agropecuária em razão
da forte presença das agroindústrias de pequeno a grande porte.
O objetivo do artigo é analisar a efetividade e a presença das políticas públicas
agrícolas na agricultura familiar na Região Central do estado do Rio Grande do Sul no
período 2008-2010. A relevância deste trabalho reside do fato de haver crescente demanda
pelas políticas públicas aliada a uma maior atenção dos governos para com a agricultura
familiar, com o objetivo de proporcionar segurança alimentar para a população e geração de
empregos e renda no campo através da sua inserção no agronegócio.
O estudo está dividido em cinco seções: na primeira seção é apresentada a introdução
do estudo; na segunda seção são discutidas as políticas públicas para a agricultura familiar; na
terceira são descritos os métodos e procedimentos; na quarta seção são apresentados os dados
e analisados os resultados; e, por fim, na quinta seção são abordadas as conclusões.
2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR
Segundo Teixeira (2002, p.2), “Com um conceito claro de políticas públicas, todos
entendem a linguagem usada”. Assim, para avaliar os impactos econômicos e sociais, há a
necessidade, para um melhor entendimento, de conceituar o que são políticas públicas.
Percebe-se que para isso deve-se considerar em sua elaboração diversos elementos que a
compõem, tais como: a sua abrangência nas diversas esferas do poder (federal, estadual e
municipal); seu conteúdo temático (econômica, social e/ou ambiental); de quais processos
(descentralização, municipalização) as mesmas são derivadas; da participação das
comunidades (para influir ou apresentar alternativas); e, por último, a avaliação de seus
resultados.
Entendidas como um processo de mediação estabelecido pelo poder do Estado em
função do envolvimento de vários atores em projetos de interesses diferenciados e até
contraditórios, as políticas públicas podem ser compreendidas como a definição de “quem
decide o que, quando, com que consequência e para quem” (TEIXEIRA, 2002, p.2). Portanto,
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as políticas públicas somente serão assim consideradas se definirem a quem se destinam e
quais os resultados e benefícios podem ser esperados.
Por outro lado, buscando entender a sua gênese quando tem o Estado como seu
formulador, sabe-se que as políticas públicas dependem do regime político vigente e do
modelo econômico adotado. Se vinculadas a fundos públicos, assumem aspectos estratégicos
(Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, Mais Alimentos,
etc.), pois se transformam em ferramentas de alavancagem e/ou de reconstrução de atividades
produtivas (ex.: agricultura familiar), com resultados que se refletem também sobre o
emprego, a renda e a ampliação de mercado às “indústrias para a agricultura” (CARVALHO,
1992), fornecedoras de máquinas, implementos e insumos, gerando por consequência
emprego e renda tanto na cidade quanto no campo. Este modelo de desenvolvimento
capitalista é fortalecido e atende, por sua vez, os ditames do modelo econômico vigente, o
neoliberalismo. Resta saber se isto foi “pensado” ou se foi mera questão do “acaso”.
As políticas públicas estabeleciam que, num primeiro momento, eram necessários o
ajuste das finanças públicas, a aceleração do processo de descentralização e a
municipalização. O governo, em determinado momento, percebendo a importância da
pequena produção para o país, na produção de alimentos, e procurando não contrariar seus
princípios de menor intervenção na economia e de redução do assistencialismo e/ou políticas
compensatórias, teve nos programas destinados à agricultura familiar uma resposta talvez não
esperada (ou não premeditada) de sucesso na aplicação destas políticas estratégicas/públicas
para o setor e para a economia como um todo.
“O sentido do termo ‘desenvolvimento’ não costuma ser explicitado, apesar de seu
emprego ser tão frequente. Sempre se faz de conta que será bem entendido” (VEIGA, 2001,
p.104). O desenvolvimento do país, visto não apenas sob o prisma do crescimento econômico,
necessita da inserção de todas as categorias produtivas. Considerando que o desenvolvimento
não acontece por acaso e que há diferenças sociais e grandes variações na distribuição da
renda entre as famílias rurais e entre as diversas regiões, a sociedade exige ações no sentido
da promoção da justiça econômica e social. Os administradores públicos, cada vez mais
conscientes desta realidade e necessidades, também pressionados pelos movimentos sociais e
grupos de interesse, são incentivados e/ou compelidos a implantar as políticas agrícolas tão
necessárias para o harmônico desenvolvimento do país.
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As políticas públicas como um processo dinâmico, com negociações, pressões,
mobilizações, alianças por interesses etc. compreendem a formação de uma agenda comum
que pode representar ou não os interesses da maioria da população. A dependência do grau de
mobilização da sociedade civil para ser ouvida e dos meios institucionais que viabilizam a
participação social define o sucesso ou não das políticas públicas. O entendimento de
composição de classe, mecanismos internos de decisão dos diversos movimentos sociais com
seus conflitos e alianças, bem como a permeabilidade dos governos, são importantes para o
delineamento dos rumos a serem tomados (EMRIOPARDO, 2010).
A diversidade de interesses e de divisões na sociedade civil deve ser debatida,
confrontada e negociada, objetivando um consenso mínimo para o estabelecimento de uma
agenda produtiva e eficaz. A fragmentação dos diversos movimentos sociais torna mais
complexa a tarefa. A formulação das políticas públicas foi impulsionada a partir da definição
do Sistema Nacional de Crédito Rural em 1965. Também a definição de empresas públicas de
pesquisa e extensão rural, aliadas aos juros subsidiados, estabelece um marco inicial,
incentivando o debate a respeito das possíveis políticas públicas para o setor agrícola
brasileiro (EMRIOPARDO, 2010). Contudo, a participação relativa dos gastos em agricultura
por parte do governo federal tem decrescido nas últimas décadas. Entre 1980 e 1989 era
aplicado 5,5% do orçamento em agricultura, percentual este que caiu para 2,1% na década de
1990. Áreas como crédito rural, seguro agrícola e extensão rural foram as mais prejudicadas
(GASQUES, 2001).
Alguns elementos, conceitos e objetivos característicos das políticas públicas já estão
claros, como sustentabilidade, democracia, eficácia, transparência, participação e qualidade de
vida. A tradução destes elementos com parâmetros claros e objetivos por parte dos agentes
responsáveis pela sua divulgação e operacionalização é uma necessidade para que possam
nortear a implantação das políticas públicas agrícolas. A necessidade de uma nova agenda de
desenvolvimento, capaz de promover a segurança alimentar para a população brasileira e
tornar o país um dos grandes exportadores mundiais motiva a criação de diversos
instrumentos de crédito, comercialização e assistência técnica. Além destes, é objetivo
também inserir a maioria dos agricultores familiares, antes com predominância para produção
de subsistência, no processo produtivo e econômico agrícola, promovendo maior circulação
de bens e serviços e maior equidade social (EMRIOPARDO, 2010).
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Considerando que as políticas agrícolas têm um custo social, espera-se que avancem
além do caráter meramente regulatório, que transformem as bases produtivas, visando os
mercados locais e mundiais, de forma especializada e também diversificada e
profissionalizada, respeitando as características ambientais e sociais de cada região. A
sustentabilidade, como forma de garantir a qualidade de vida das gerações futuras, deve ser
condição fundamental a ser observada em todas as fases de discussão e implementação das
políticas agrícolas. Deve ser promovido desenvolvimento social e economicamente
harmônico e ambientalmente equilibrado. A necessidade de manejo racional do ambiente
natural, respeitando os limites das áreas produtivas também direciona as medidas a serem
implantadas em conjunto com a sociedade civil organizada e informada (EMRIOPARDO,
2010).
O Estado tem grande responsabilidade sobre estas realidades, sendo a sua missão
primordial aperfeiçoar constantemente as ferramentas públicas como forma de garantir o
desenvolvimento constante das populações rurais. Quais são os seus limites, o que pode ser
feito para lograr o tão propalado desenvolvimento? Quais as formas de conciliar crescimento
com sustentabilidade? Objetivo aparentemente contraditório pode ter uma solução na medida
em que forem construídos com os movimentos sociais e grupos organizados e comprometidos
da sociedade civil. A constatação de que ninguém detém a verdade definitiva leva ao debate
harmonioso e satisfatório, sem regras imutáveis e atrasadas.
O aprimoramento do conceito de desenvolvimento com base nas leis fundamentais da
ecologia cada vez mais permeia os acordos comerciais entre os grandes blocos econômicos
que dominam o cenário mundial. A exigência de comprovação da origem da matéria prima
agrícola bem como a qualidade dos alimentos configura-se como imperativo para a produção
e comércio agrícolas. A produção com objetivo meramente econômico encontra cada vez
menos espaço no cenário do agronegócio. Tanto o mercado interno como o exportador exige
respeito ao meio ambiente com a adoção de práticas sustentáveis e socialmente justas, fato
este que serve como direção às políticas implantadas (EMRIOPARDO, 2010).
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura/RS – FETAG/RS coloca o
acompanhamento e o monitoramento das políticas agrícolas, bem como a operacionalização,
como uma das suas prioridades. Intervenções no sentido de promover e qualificar a pesquisa e
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a assistência técnica e o desenvolvimento da capacidade gerencial dos (as) trabalhadores (as)
rurais bem como o desenvolvimento das cadeias produtivas fazem parte da luta sindical
(FETAG/RS, 2010).
A necessidade de maiores volumes de produção, tanto no sentido de reduzir custos
como garantir alimentos para uma população urbana crescente, é um aspecto que direciona as
políticas públicas para a modernização e a sustentabilidade das atividades rurais. O conceito
de democracia também interfere de forma positiva na formulação das políticas agrícolas,
suscitando debates, conflitos e disputas pelos recursos públicos. O necessário progresso do
país exige qualificação dos pequenos e dos grandes produtores rurais, justificando políticas
agrícolas em diferentes escalas de produção. A construção das políticas públicas para a
agricultura é tarefa árdua e conflituosa, com possíveis desgastes políticos. Porém, os governos
têm compromisso com o país e, assim, devem estar imbuídos de espírito democrático e
responsável (EMRIOPARDO, 2010).
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
3.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Os dados sobre as principais políticas públicas agrícolas governamentais aplicadas na
região foram obtidos junto a EMATER/RS e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário –
MDA. Salienta-se que sindicalistas que compõem a base de sustentação da FETAG/RS
participam, juntamente com profissionais de assistência técnica, agentes financeiros e
movimentos sociais, da formulação e negociação, bem como da execução, dos diversos
instrumentos governamentais de apoio à agricultura familiar. A opinião destes atores também
foi considerada para a elaboração do presente artigo.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO
Para esta pesquisa, foi considerada a região abrangida pelos Escritórios Regionais da
EMATER de Estrela e de Santa Maria, composta por 116 municípios da Região Central do
Rio Grande do Sul, abrangendo os Vales dos Rios Caí, Taquari, Pardo, Jacuí e Vacacaí (figura
1). Esta região caracteriza-se por uma grande diversidade étnica, geográfica e cultural, bem
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como a diversidade de produção. As propriedades são caracterizadas, na maioria, pelas
pequenas extensões de área, exceção àquelas direcionadas à pecuária de corte, ovinocultura e
produção de grãos. Estão cadastradas na Região Central do estado 86.456 famílias,
classificadas como agricultores familiares. O estado do Rio Grande do Sul conta com 429.957
estabelecimentos classificados como agricultura familiar. A Região Central do estado ocupa,
aproximadamente, 28% da área do Rio Grande do Sul (EMRIOPARDO, 2010).
Figura 1 – Localização da região Central do estado do Rio Grande do Sul Fonte: EMATER/RS (2010).
A região foi colonizada por imigrantes alemães, italianos e portugueses
preponderantemente. As culturas de pequena escala são tabaco, milho, feijão, arroz irrigado,
horticultura e fruticultura. Também as pequenas criações de suínos, aves e gado leiteiro
proporcionam renda aos agricultores familiares. A integração com as grandes agroindústrias
processadoras da região dinamiza e incentivas as cadeias produtivas do tabaco, suínos, aves e
leite. Muitos agricultores com pequenas ou médias áreas de terras dedicam-se às culturas de
soja, arroz irrigado e milho e enfrentam dificuldades em função da baixa renda destas
atividades por unidade de área, que são cadeias produtivas características das grandes
propriedades (EMRIOPARDO, 2010).
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A agricultura familiar da região ainda sente o reflexo das políticas dissociadas da
preocupação com o desenvolvimento social e econômico no âmbito das comunidades rurais
que, paulatinamente, assistem a uma sensível redução das alternativas de ingresso econômico
e de ocupação das famílias. Atualmente, procurando resgatar exatamente as potencialidades
destes agricultores familiares e o fortalecimento deste setor da agropecuária nacional, os
governos federal e estadual propõem políticas públicas de fomento e programas de agro-
industrialização e certificação de produtos, como forma de criar novas oportunidades no meio
rural e resgatar um traço tão característico desta forma social de produção, que, apesar de suas
limitações e dificuldades, muito tem contribuído para o desenvolvimento desta região. Por se
tratar de pequenas unidades familiares de produção, enfrentam dificuldades de inserção no
mercado, geralmente por escala de produção reduzida ou deficiências tecnológicas
(EMRIOPARDO, 2010).
A agricultura familiar da região sofreu profundas mudanças a partir da década de
1970, até então caracterizada por grande diversificação de atividades agrícolas, especialmente
milho, feijão, soja, fumo, suínos e bovinocultura de leite. Com a modernização dos métodos
de produção através da Revolução Verde, os agricultores passam a se especializar,
abandonando os pequenos sistemas de produção. A indústria do tabaco se expande na região,
além das agroindústrias integradoras de suínos, aves e leite. A diminuição da importância da
produção de alimentos e a excessiva participação da fumicultura na renda das unidades,
caracterizando uma monocultura, provocaram diversos efeitos negativos para muitas famílias
e para a região. O poder de barganha dos agricultores bem como a rentabilidade da lavoura
tem sido decrescente (EMRIOPARDO, 2010).
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 PRINCIPAIS POLÍTICAS AGRÍCOLAS ACESSADAS PELOS AGRICULTORES
FAMILIARES DA REGIÃO
As principais políticas públicas aplicadas na região são o crédito rural, o seguro
agrícola, o programa de garantia de preços e o crédito fundiário. O Crédito Rural, através do
PRONAF, financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores
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familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros
dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de
crédito do país. O acesso ao PRONAF inicia-se na discussão da família sobre a necessidade
do crédito, seja ele para o custeio da safra ou atividade agro-industrial, seja para o
investimento em máquinas, equipamentos ou infra-estrutura. Podem acessar o PRONAF
agricultores proprietários, arrendatários, posseiros ou meeiros, quilombolas e pescadores
artesanais, que detenham área de até quatro módulos fiscais. Na região, isto representa área de
80 hectares. No mínimo 80% da renda deve provir da atividade rural (MDA, 2010).
O Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar – PGPAF garante às
famílias agricultoras que acessam o PRONAF Custeio ou o PRONAF Investimento, em caso
de baixa de preços no mercado, um desconto no pagamento do financiamento, correspondente
à diferença entre o preço de mercado e o preço de garantia do produto (EMATER, 2008).
O Seguro da Agricultura Familiar é uma ação dirigida exclusivamente aos agricultores
familiares que contratam financiamentos de custeio agrícola pelo PRONAF. Foi instituído no
âmbito do Programa de Garantia de Atividade Agropecuária – PROAGRO e atende a uma
reivindicação histórica do agricultor: produzir com segurança e com relativa garantia de
renda. Assim, o Seguro da Agricultura Familiar – PROAGRO MAIS não se limita a cobrir
todo o valor financiado, o seguro garante 65% da receita líquida esperada pelo
empreendimento financiado. Este seguro cobre prejuízos provocados por granizo, vendaval,
geada, estiagem, variação excessiva de temperatura ou chuva excessiva. As principais culturas
da região incluídas no sistema são milho, feijão, arroz, mandioca e soja (EMATER, 2008).
O Crédito Fundiário, instrumento de financiamento de área de terras para agricultores
familiares sem terra, tem sido acessado pelas famílias que até então produziam na condição de
meeiros, arrendatários ou posseiros. O enquadramento no programa estabelece renda bruta
anual máxima de R$ 15.000,00 e patrimônio familiar inferior a R$ 30.000,00. Também
devem ser comprovados cinco anos de atividade agrícola. Através deste instrumento de
crédito os agricultores familiares, como novos proprietários, estabilizam a condição financeira
e têm condições de investir em melhorias que resultam em melhor inserção nos mercados e
aumentam a qualidade de vida dos seus membros (EMRIOPARDO, 2010).
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O Programa de Agroindústria Familiar, criado por lei estadual durante a administração
do governador Olívio Dutra, identificado pela marca Sabor Gaúcho, trouxe uma nova
oportunidade para os agricultores familiares gaúchos, pois permitiu que as famílias, a partir da
sua produção e dos conhecimentos de industrialização de alimentos, pudessem comercializar
estes produtos através do bloco de produtor. Para acessar o programa, a família deveria
atender os quesitos de enquadramento da agricultura familiar, ou seja, possuir Declaração de
aptidão ao PRONAF – DAP e bloco de produtor e produzir no mínimo 70% da produção das
matérias primas. Este programa, enquanto política pública atende os anseios vindos da base e
dos movimentos sociais (EMRIOPARDO, 2010).
O Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos Rurais – FEAPER foi
criado com o principal objetivo de inserir os agricultores familiares nas diversas cadeias
produtivas viáveis na região, através de recursos que atendem a projetos de desenvolvimento
regional priorizados pelo Orçamento Participativo com base nas reivindicações locais. É uma
política pública importante e que busca trazer a diversificação através das atividades como
fruticultura, olericultura, bovinocultura de leite, agroindústrias familiares, entre outras
(EMRIOPARDO, 2010).
Através dos Fundos Rotativos Municipais podem ser acessados recursos, de forma
simples e sem burocracia. São geridos pelos Conselhos Agropecuários Municipais, o que
garante a acessibilidade, bem como permite investimentos rápidos àquelas famílias que não
necessitam volumes maiores de recursos. Os municípios que geriram adequadamente este
aporte financeiro alocado a juro zero ou muito baixos, ou apenas em equivalência de produto
como milho, têm obtido êxito em atender demandas para agroindústrias familiares,
equipamentos e implementos para diversificação de novas atividades e renda, entre os
principais (EMRIOPARDO, 2010).
4.2 QUANTIFICAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS IMPLANTADAS NA REGIÃO
Através do PRONAF, que é uma linha de crédito exclusiva para agricultores
familiares, quilombolas e pescadores artesanais, são oferecidos recursos para a modernização
das propriedades rurais ou implantação de lavouras anuais ou perenes. Os maiores volumes de
recursos são direcionados para investimentos em máquinas e equipamentos, construções de
benfeitorias, agroindústrias ou bovinocultura de leite. Destaca-se o volume de tratores
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financiados pelo PRONAF Mais Alimentos. Foram financiados, em 2010, 78.365 projetos de
custeio ou investimento com valor de R$ 557.372.690,00. Cabe ressaltar que muitas famílias
podem ser beneficiadas por dois contratos no mesmo ano, de custeio para formação de
lavouras e para investimentos (SECRETARIA DA AGRICULTURA FAMILIAR, 2010).
Através do Programa de Garantia de Preços da agricultura familiar, os beneficiários
que obtiveram financiamentos para diversas culturas e criações, tais como feijão, arroz e
bovinocultura de leite, conseguiram descontos na quitação do financiamento, pois os preços
dos produtos financiados estavam abaixo do preço estipulado pelo governo, que serve de
balizador para a viabilidade econômica dos projetos de financiamento (EMRIOPARDO,
2010).
O PROAGRO MAIS, como instrumento de garantia de renda mínima, foi reativado a
partir da grande seca de 2004/2005 que atingiu todo o estado do Rio Grande do Sul. Durante o
ano de 2008 foram beneficiados 17.956 famílias neste estado, representando R$
46.940.380,00 em indenizações, não sendo possível citar o volume de acessos ao seguro na
região pesquisada. A partir daquele ano, o referido seguro foi qualificado no sentido de prover
uma renda mínima para os beneficiários, com segurança na avaliação dos prejuízos e critérios
transparentes no cálculo dos benefícios (EMRIOPARDO, 2010).
O Crédito Fundiário, através do Programa Nacional de Crédito Fundiário, tem
proporcionado que famílias, até então dependentes de arrendamentos ou relações de parceria,
atinjam a condição de proprietários, melhorando as condições econômicas e sociais e
alavancando também o desenvolvimento de municípios com economia de base agrícola. Na
região, até o ano de 2010, o número de famílias beneficiadas atinge o número de 3.342
projetos, sendo que 80% destes já estão contratados. O valor máximo financiado é de R$
40.000,00 por projeto. Além do crédito para a compra da terra, estas famílias têm acesso ao
financiamento do PRONAF A, no valor máximo de R$ 20.000,00, para a estruturação da
propriedade. Ressalta-se que os juros destes financiamentos são baixos e os beneficiários
obtêm descontos consideráveis quando os pagamentos são realizados nas datas previstas
(EMRIOPARDO, 2010).
A EMATER/RS deu continuidade ao trabalho iniciado pelo Programa Estadual de
Agroindústrias, fomentando as iniciativas e qualificando demandas dos agricultores
22
familiares, sendo que até o ano de 2010 estão sendo assistidas 286 agroindústrias na Região
Central do estado. Os recursos liberados pelo FEAPER têm sido pequenos, não atendendo a
todas as demandas, o que acaba frustrando os produtores. Nos anos de 2007 a 2010 foram
liberados apenas 61 projetos no valor de R$ 1.514.558,00, de um total de 383 projetos e
valores de R$ 2.396.091,10 (EMATER/RS, 2010).
Com relação aos financiamentos disponibilizados pelos Fundos Rotativos Municipais,
não se dispõe de dados por serem administrados de forma independente por cada município
(EMRIOPARDO, 2010).
4.3 AVANÇOS E LIMITES
Como principais limites na aplicação destas políticas públicas podem ser citadas as
dificuldades no gerenciamento dos recursos do crédito, a falta de visão sistêmica dos técnicos
envolvidos, a falta e/ou baixa qualidade da assistência técnica, a falta de integração dos
mercados, estrutura de comercialização e de agregação de valor. Mesmo com as dificuldades
citadas, a inadimplência do PRONAF fica abaixo de 3%. A aplicabilidade e a efetividade dos
recursos do crédito rural nem sempre acabam concretizadas, um bom exemplo são os projetos
e os valores elaborados e que, efetivamente, são contratados. As dificuldades quanto às
exigências de aval por incapacidade dos agricultores familiares, garantia de bens insuficiente,
proponentes pertencerem a grupos de investimento coletivos, os quais ainda não liquidaram o
contrato, entre outros, trazem reflexos negativos na contratação de novos financiamentos.
O maior desafio para o sucesso dos empreendimentos beneficiados pelo Programa
Nacional de Crédito Fundiário refere-se ao gerenciamento das propriedades. O fato de os
agricultores beneficiários do Crédito Fundiário terem trabalhado até então na condição de
arrendatários, meeiros ou assalariados rurais, não os proporciona experiência para
administrarem o “seu próprio negócio”, não tendo por vezes os conhecimentos necessários
para a condução das atividades agrícolas propostas nos projetos. O endividamento excessivo
de diversos beneficiários também tem sido um dos problemas enfrentados, motivando a
inadimplência. A proporção de famílias inadimplentes com o Programa atinge 30%, sendo
que a maioria opera e produz suficientemente para a amortização do financiamento e com
condições de proporcionar boa qualidade de vida para a família. Mesmo assim, os 70% de
agricultores “em dia” com os compromissos bancários justificam a manutenção do Programa,
23
visto estarem gerando renda para a família e produzindo riquezas para a região. Apesar dos
avanços, frutos da luta dos trabalhadores rurais, persistem obstáculos burocráticos, jurídicos,
econômicos e políticos à efetivação da reforma agrária por este instrumento de crédito.
O Seguro Agrícola tem sido qualificado no sentido de não cair no fosso da “Indústria
do PROAGRO”, fato que motivou a suspensão do programa em safras passadas. Os técnicos
foram orientados, os peritos foram qualificados e os agricultores foram conscientizados da
correta aplicação e observação das normas do PROAGRO. O Rio Grande do Sul é o estado
onde os agricultores mais têm acessado a este programa em função do elevado número de
contratos do PRONAF Custeio e das intempéries que têm atingido o estado.
As maiores dificuldades do Programa Estadual Agroindústrias referem-se a aspectos
da legislação sanitária, que prefere enquadrar as agroindústrias familiares aos moldes das
grandes agroindústrias, com base nas leis federais e estaduais existentes. As dificuldades que
se referem à comercialização são também um gargalo, pois quando a origem dos produtos é
animal, se a mesma faz parte do Sistema de Inspeção Municipal – SIM, a área limite de
comercialização é o município, o que às vezes não comporta um aumento da produção.
Também existem problemas de padronização e de procedimentos entre os diversos órgãos
encarregados de fiscalizar as agroindústrias.
Os Fundos Rotativos Municipais apresentam baixos níveis de financiamento devido,
principalmente, ao fato de que a maioria das prefeituras da região enfrenta dificuldades
financeiras.
O sucesso para as políticas públicas depende inicialmente de orientação técnica. O
Sistema de Extensão Rural, como meio de incentivo e qualificação das políticas públicas, está
presente em toda a região, sendo um serviço diferenciado prestado para a agricultura familiar.
Durante o ano de 2009 foram atendidas, pela extensão rural oficial, 39.014 famílias nos 116
municípios da Região Central do estado. Algumas Secretarias Municipais de Agricultura
também implantaram Serviços Municipais de Extensão Rural. Com a recente aprovação da
Lei Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, os administradores públicos e os
agricultores familiares almejam o fortalecimento e a qualificação da extensão rural oficial.
24
Cabe ressaltar o trabalho de parceria entre movimentos sociais e sindicais, agentes
financeiros, extensão rural e prefeituras municipais, visando a qualificação e a ampliação dos
recursos das políticas públicas direcionadas para a agricultura familiar.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As principais políticas públicas acessadas pela agricultura familiar, citadas neste
artigo, contribuem de forma decisiva para a manutenção das famílias no campo e para a
geração de riquezas que movimentam as economias dos 116 municípios que fazem parte desta
região. Os representantes sindicais dos agricultores familiares colocam a efetivação e a
qualificação destes instrumentos como base da luta de reivindicações. As políticas públicas
agrícolas têm efeito social na medida em que fortalecem os laços familiares, estimulam a
permanência do jovem no campo e resolvem questões de gênero até então relegadas a um
segundo plano.
Em que pese a deficiência de políticas públicas oriundas dos governos estadual e
municipais, estes também julgam como fundamental o apoio à agricultura familiar pelas
políticas públicas agrícolas como instrumento de melhorias econômicas e sociais. Ressalta-se
que as políticas públicas citadas foram as mais acessadas pelos agricultores familiares da
região. Outras formas de apoio, como financiamentos para construções e reformas de
moradias e compras e aquisições de alimentos pelo governo federal, estão disponíveis, porém,
são acessadas em menor escala e com menores impactos econômicos e sociais.
A diversificação de culturas tem sido tema recorrente nas discussões a respeito da
sustentabilidade econômica e técnica dos pequenos empreendimentos familiares. As políticas
públicas têm sido ferramenta de incentivo e implantação de formas diversificadas de produção
melhorando, além da renda, a qualidade da alimentação das famílias rurais. A agregação de
valor à produção da agricultura familiar através da implantação de agroindústrias familiares,
que podem ser financiadas pelo PRONAF, tem sido bastante difundida em toda a região.
Empreendimentos familiares que beneficiam frutas, hortaliças, derivados do leite e da carne
mudam a paisagem rural, aumentam a renda das famílias e oportunizam a permanência dos
jovens no campo.
25
Atualmente, novas políticas públicas estão sendo gestadas, enquanto que as existentes
passam por um processo de qualificação pelos governos, serviços de extensão rural e
movimentos sociais e sindicais. A nova agenda de desenvolvimento a ser construída,
necessária para aumentar as exportações e proporcionar segurança e soberania alimentar para
a população, passa pela formulação e apresentação de políticas públicas democráticas,
eficientes e qualificadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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27
EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INSERÇÃO DA
AGRICULTURA FAMILIAR NO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DO
MUNICÍPIO DE RIO PARDO (RS)
Resumo: O objetivo do estudo é analisar as interferências das políticas públicas, no sentido de verificar sua eficácia para a inserção da agricultura familiar no agronegócio, no município de Rio Pardo (RS) no período 1998-2010. O estudo buscar entender a influência dos diversos instrumentos governamentais disponíveis, principalmente as linhas de crédito, na superação da barreira da subsistência para níveis produtivos e econômicos que permitam a inserção no “mundo dos negócios” com melhoria da qualidade de vida, permanência dos jovens no campo e desenvolvimento do município. Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o assunto, com dados qualitativos das políticas públicas aplicadas no município e entrevistas com agricultores, representantes sindicais, agentes financeiros e assistência técnica. O resultado do trabalho mostra a importância das políticas públicas para o desenvolvimento econômico das famílias e do município. Conclui-se que as políticas públicas, quando bem orientadas, são importantes ferramentas para a inserção dos agricultores familiares no agronegócio. Palavras-Chave: Políticas Públicas. Agricultura Familiar. Agronegócio.
1 INTRODUÇÃO
A dinâmica da agropecuária implica em melhorias constantes no seu modo de inserção
nos mercados. Neste contexto, destaca-se o debate em torno do agronegócio, que indica
qualquer negócio gerado através de algum produto da atividade agropecuária. Contudo,
diversos entendimentos, por desconhecimento, interesses e motivações políticas ou até de
cunho religioso rotulam como algo somente de grandes produtores que lidam com
commodities. As políticas públicas, no entanto, representam possibilidades de aumento e
qualificação da produção da agricultura familiar e proporcionam condições de atualização dos
meios de produção, armazenagem e comercialização, inserindo este segmento da atividade
agrícola no agronegócio.
O município de Rio Pardo (RS), por suas características históricas, econômicas e
culturais, apresenta forte dependência das atividades agropecuárias. As grandes extensões de
terras férteis e o clima adequado possibilitam o desenvolvimento de culturas anuais e perenes
e criações, que são fonte de renda fundamental para a manutenção das famílias rurais e para o
desenvolvimento comercial e industrial do meio urbano. O agronegócio em Rio Pardo
28
abrange atividades com as culturas de fumo, milho, arroz, soja, eucalipto, frutas e hortaliças.
As criações de bovinos de corte e leite e a ovinocultura são também importantes atividades
para a geração de renda no município.
Este artigo tem como objetivo geral a verificação da efetividade das políticas públicas
como instrumento de geração de renda, de inserção no agronegócio, de desenvolvimento
social e segurança alimentar para a agricultura familiar do município. A relevância deste
estudo reside no fato de que os recursos aplicados em políticas públicas são originários de
fontes públicas, sujeitas às auditorias e fiscalizações e focadas no desenvolvimento social e
econômico da população, motivo de avaliação e de prestação de contas à sociedade.
O estudo está dividido em cinco seções. Na primeira seção é feita uma breve descrição
da importância da agricultura familiar de Rio Pardo e das políticas públicas. Na segunda seção
são abordados aspectos referentes à construção das políticas públicas, os objetivos e a
qualidade, o controle social e os problemas na aplicação dos respectivos recursos públicos. Na
terceira seção são descritos os métodos e procedimentos para a elaboração deste artigo, bem
como a caracterização do município. Na quarta seção são analisados dados referentes à
ocupação e estratificação fundiária de Rio Pardo, as principais políticas públicas para
agricultura e a percepção de agentes executores e beneficiários destas. Na quinta seção são
feitas as considerações finais e a conclusão do artigo.
2 A CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Políticas públicas são ferramentas, programas ou conjunto de ações criadas com a
finalidade de regular e direcionar as ações a serem desenvolvidas em uma determinada área.
Surgem por interesses de grupos organizados e/ou de governos. As políticas públicas voltadas
ao mundo rural podem ter como objetivos a produção de alimentos abundantes e baratos, a
permanência das pessoas no campo e/ou a venda de insumos e máquinas modernas
(EMRIOPARDO, 2010).
A construção das políticas públicas passa por debates a partir das bases, promovidas
pelos movimentos sociais e sindicais. O “nascedouro” das “vontades” e sonhos dos
agricultores e agricultoras são as reuniões e as assembléias, onde todos expressam as suas
29
dificuldades para acessar os diversos mercados. A inserção no agronegócio é um desafio
constante para as famílias do meio rural.
2.1 O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA
AGRICULTURA FAMILIAR
As políticas públicas têm papel fundamental para o desenvolvimento da economia e
para a melhoria das condições de vida das populações rurais. As políticas públicas fortalecem
e valorizam a agricultura familiar, modernizam os meios de produção e oferecem alimentos
diversificados e acessíveis para a população urbana.
No município de Rio Pardo, com economia altamente dependente da produção
agrícola, o grau de aplicação das políticas públicas, notadamente o crédito rural, tem
influência direta na circulação de impostos e riquezas nos meios urbano e rural
(EMRIOPARDO, 2010).
2.2 A QUALIDADE DE VIDA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS
As políticas públicas têm influência direta sobre a qualidade de vida das pessoas no
meio rural, contudo, as populações residentes nas áreas rurais mais distantes foram
tradicionalmente esquecidas. Deficiências em infra-estrutura como estradas, eletrificação e
comunicação somente foram solucionadas a partir das últimas décadas. Isto também pode ser
considerado como uma das causas do êxodo rural, muito presente nos municípios com base de
produção agrícola (EMRIOPARDO, 2010).
As políticas públicas em execução têm, além do viés econômico, objetivos claramente
sociais e de melhoria de qualidade de vida. Os programas Luz Para Todos, Minha Casa Minha
Vida são exemplos importantes. As políticas públicas com objetivos produtivos e econômicos
também melhoram a qualidade de vida das pessoas do campo na medida em que aumentam a
capacidade de investimentos em moradias, alimentação, cultura e lazer (EMRIOPARDO,
2010).
30
2.3 O CONTROLE SOCIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Os mecanismos estabelecidos pela ordem social que disciplinam e submetem os
indivíduos a determinados padrões de comportamento ou controle social estão presentes na
aplicação das políticas públicas no meio rural. As regras dos diversos programas estão sendo
internalizadas pelos agentes operadores e público alvo. Isto posto, verifica-se melhora na
aplicação dos recursos, tanto na qualidade quanto na maior eficácia dos resultados. A
formação e a qualificação dos agentes executores das políticas públicas, através de cursos,
seminários e material didático, aumentam a produtividade destes e melhora a eficiência na
aplicação dos recursos (EMRIOPARDO, 2010).
2.4 OS ERROS E VÍCIOS DO PASSADO
Os agricultores familiares do Brasil foram historicamente excluídos do
desenvolvimento econômico e das principais políticas agrícolas, tanto em volume de recursos
quanto nos demais instrumentos de armazenagem e de comercialização. Em que se
considerem os esforços governamentais, visando maior abrangência de público, permanecem
os velhos erros e vícios do passado. Discriminação por pobreza ou analfabetismo impede o
acesso de muitos agricultores descapitalizados aos financiamentos. A necessidade de aval ou
bens como forma de garantia dos financiamentos inviabiliza o acesso aos financiamentos para
muitos agricultores (EMRIOPARDO, 2010).
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF foi
criado visando facilitar o acesso dos agricultores familiares ao crédito rural, diminuindo a
concentração de renda e poder proporcionada pelas políticas agrícolas tradicionais. Os dados
atuais indicam que o crédito rural subvencionado está favorecendo setores mais estruturados
da agricultura familiar, ocorrendo o fenômeno da modernização desigual, onde os
economicamente mais aptos se adaptam ao viés produtivista ainda preconizado pelo programa
(EMRIOPARDO, 2010).
31
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
3.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Inicialmente é apresentada a situação geral do município, com descrição técnica,
econômica e social, bem como das principais políticas públicas acessadas pela agricultura
familiar. Também é realizada uma breve revisão bibliográfica das políticas públicas para a
agricultura familiar e suas interfaces com os diversos agentes operadores. O desenvolvimento
do artigo está baseado em entrevistas abertas realizadas no período de agosto a setembro de
2010, com agentes financeiros, sindicato dos trabalhadores rurais e agricultores, com as
percepções qualitativas e quantitativas sobre as interferências das políticas públicas na
inserção da agricultura familiar no agronegócio.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO E DA AGRICULTURA FAMILIAR EM RIO
PARDO
O município de Rio Pardo está localizado às margens direita e esquerda do Rio Jacuí,
na confluência deste com o Rio Pardo (figura 1). Com área de 2.050 km2 e com altitude média
de 56 m em relação ao nível do mar, o clima é subtropical, apresentando verões muito quentes
e invernos frios, com geadas frequentes. As médias anuais de temperatura variam entre 18° e
20°C e a precipitação pluviométrica média é de 1.560 mm (EMRIOPARDO, 2010).
Figura 1 – Localização do Município de Rio Pardo no estado do Rio Grande do Sul Fonte: IBGE (2010).
32
A população de Rio Pardo é composta por 37.783 habitantes, sendo 18.473 homens e
19.310 mulheres (2000). A população urbana é de 26.041 habitantes e a rural é de 11.742
habitantes (2000) (IBGE 2010). O Produto Interno Bruto do município foi de R$
349.000.000,00 no ano de 2007 (FEE, 2010).
A região se caracteriza pelas formas variadas de vegetação. O relevo é caracterizado
por baixas altitudes, com ocorrência de coxilhas e várzeas. Ao norte as pequenas e médias
propriedades junto aos rios Pardo e Jacuí formam uma zona tipicamente colonial. Ao sul há
ocorrência de extensas várzeas e áreas de coxilha, onde predominam a pecuária e lavouras de
soja e arroz irrigado, em grandes propriedades. As áreas campestres que caracterizam a região
sul, ocupada em parte pelos campos nativos, vêm sendo substituídas pela pastagem
melhorada, por cultivos diversificados e nas planícies próximas aos rios, pela cultura do arroz
irrigado (EMRIOPARDO, 2010).
A vocação agropastoril do município, pelas condições de clima, solo e topografia
favoráveis, proporciona condições para grandes empreendimentos dedicados à produção de
grãos e bovinos de corte. Já nas propriedades médias e pequenas predominam as atividades de
fumicultura e bovinocultura de leite.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
4.1 FORMA DE OCUPAÇÃO DO MEIO RURAL E PESSOAL OCUPADO EM
ESTABELECIMENTOS RURAIS
A ocupação da região de Rio Pardo pelos açorianos teve inicio em 1752, através da
distribuição de terras para produção de trigo e bovinocultura e outros alimentos para
abastecimento da colônia. A partir de 1824 teve início a imigração alemã, ocupando áreas
menores e caracterizando a produção de subsistência. Desta forma, o município de Rio Pardo
ainda apresenta duas áreas características: ao sul, na margem direita do rio Jacuí predominam
áreas maiores, com pecuária extensiva e lavouras de soja, arroz e reflorestamento; no lado
norte, as pequenas áreas de agricultores familiares que se dedicam à fumicultura,
bovinocultura de leite, milho e lavouras de subsistência (EMRIOPARDO, 2010).
33
O espaço rural de Rio Pardo é marcado pela grande diversidade étnica, econômica,
social e cultural. As etnias que povoaram o município deixaram e cultivam raízes profundas
de seus ascendentes. Hábitos culturais, gastronômicos e sociais são motivos de comemorações
e eventos nas comunidades. O espaço agrícola do município (tabela 1) é marcado por grande
heterogeneidade em termos de distribuição de área, sendo composto por 2.711 propriedades
familiares e 641 estabelecimentos patronais. As propriedades familiares ocupam 17% da área
e as patronais representam 83% da área (IBGE, 2006).
Tabela 1 – Número de Estabelecimentos Agropecuários com Produção no Ano e Valor da Produção em 31/12 por Tipo de Produção e Agricultura Familiar – Rio Pardo (RS) -
2006
Agricultura familiar
Variável
Nº de estabelecimentos % Valor da produção – mil reais %
Total 3.352 100,00 92.235 100,00 Não familiar 641 19,12 52.574 57,00 Agricultura familiar 2.711 80,88 39.661 43,00 Fonte: IBGE (2006).
A agricultura familiar, em que pese a baixa área ocupada, é responsável por 43% do
Valor Bruto da Produção (VAB) enquanto que a agropecuária patronal responde por 57% do
VAB (IBGE, 2006). Este dado mostra a importância econômica das políticas para a
agricultura familiar.
4.2 MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA DA AGRICULTURA FAMILIAR
A modernização da agricultura, tanto na questão dos meios de produção quanto nas
melhores condições de vida dos agricultores, por vezes não implica em alteração das relações
de troca e de distribuição de terras e de renda bem como intensificam alguns processos de
degradação ambiental. Os modelos empresariais e comerciais, mesmo em pequena escala,
implicam em maior pressão sobre as áreas até então abandonada (EMRIOPARDO, 2010).
A tecnificação das atividades agrícolas promoveu aumentos de produtividade com
menor necessidade de mão de obra, implicando em deslocamento de famílias para as regiões
urbanas, nas periferias das grandes cidades, provocando os conhecidos problemas sociais. A
necessidade de maior disponibilidade de mão de obra em períodos de colheita motiva a
34
contratação de peões de fora, geralmente da periferia das cidades, sem vínculo empregatício.
Pessoal geralmente sem qualificação, econômica e socialmente vulnerável, prestando serviços
aos agricultores consolidados, através de uma relação de trabalho precária – mais uma
contradição da modernidade agrícola (EMRIOPARDO, 2010).
A falta de qualificação da maioria dos agricultores pode ser considerada como uma
das causas das contradições do desenvolvimento no meio rural. A formação básica é de ensino
fundamental, sendo que poucos participaram de cursos de formação e qualificação, mesmo
que estes tenham sido oferecidos sem custo aos agricultores familiares. A justificativa
normalmente é “falta de tempo” (EMRIOPARDO, 2010).
As políticas públicas para agricultura familiar proporcionam condições de acesso às
novas tecnologias e mercados. A falta de formação e deficiências culturais aliadas às
lideranças arcaicas e conservadoras mantêm muitas famílias em estágio “arcaico”, com baixas
condições econômicas e pouco incentivo aos jovens a permanecerem no campo em Rio Pardo
(EMRIOPARDO, 2010).
4.3 ENDIVIDAMENTO AGRÍCOLA
A necessidade de aquisição ou renovação de equipamentos “força” os agricultores a
obterem seguidos financiamentos, aumentando ou mantendo endividamento constante.
Também os altos custos de implantação das lavouras implicam em comprometimento
antecipado dos resultados da atividade. A questão de endividamento fica ainda mais grave
naquelas famílias com baixa qualidade em gestão financeira. Assim, diversas famílias
enfrentam dificuldades no momento de liquidar os financiamentos por falta de recursos. As
seguidas frustrações de safras, devido às estiagens, resultaram em maiores índices de
inadimplência (EMRIOPARDO, 2010).
O índice de adimplência dos agricultores familiares de Rio Pardo com os agentes de
crédito rural tem sido satisfatório no município. Com relação às reservas financeiras –
poupanças ou outras aplicações – os agricultores têm poucos recursos aplicados, segundo os
agentes financeiros, o que os impede de maior “barganha” para acesso aos diversos serviços
oferecidos (EMRIOPARDO, 2010).
35
4.4 AGRICULTURA FAMILIAR E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MUNICIPAL
A economia de Rio Pardo depende do desempenho do setor agropecuário. A grande
área disponível, as condições climáticas favoráveis e a tradição em agropecuária pelos
colonizadores são fatores que impulsionaram a economia local. Os principais produtos da
agricultura familiar são fumo, arroz, milho, mandioca, leite e frutas. O Valor Bruto da
Produção da agricultura familiar foi de R$ 39.661.000 em 2006 (IBGE, 2006).
As políticas públicas promovem o acesso a terra e às modernas tecnologias de
produção, melhorando o nível econômico das famílias e desenvolvendo o município
(EMRIOPARDO, 2010).
4.5 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR EM RIO PARDO
As principais políticas públicas para a agricultura familiar em Rio Pardo são: crédito
rural, seguro agrícola, crédito fundiário e o programa de garantia de preços. Através do
crédito rural são financiadas as lavouras e os equipamentos agrícolas. As principais lavouras
financiadas pelo PRONAF Custeio são milho, soja e hortigranjeiros. Através do PRONAF
Investimento são financiados os equipamentos e construções (EMRIOPARDO, 2010).
O seguro agrícola tem sido importante ferramenta de garantia de rendimento para as
culturas de milho e arroz. Através do PROAGRO MAIS, os produtores têm renda mínima
garantida e a certeza de que não permanecerão inadimplentes junto aos agentes financeiros em
caso de frustração de safra devido às adversidades climáticas (EMRIOPARDO, 2010).
O crédito fundiário, através do Programa Nacional de Crédito Fundiário – PNCF,
possibilita àquelas famílias que plantavam em áreas de terceiros a aquisição de terras em
condições favoráveis de prazos de pagamentos e juros baixos. Limite para aplicação desta
importante política pública é a baixa disponibilidade de áreas a serem enquadradas no
programa (EMRIOPARDO, 2010).
O Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar – PGPAF é um mecanismo
para enfrentar eventual queda de preço no momento da comercialização da produção,
garantindo a renda da agricultura familiar. Consolida uma ação de governo de forma
36
permanente e prévia às possíveis oscilações de preços. É um desconto no pagamento do
financiamento, correspondente à diferença entre o preço de mercado do produto (momento do
pagamento) e o preço de referência (definido antes da contratação) (EMRIOPARDO, 2010).
O crédito rural tem sido a principal política agrícola que beneficia os agricultores
familiares de Rio Pardo. No ano de 2006 foram beneficiadas 204 famílias com financiamentos
em investimento e 588 projetos de custeio para lavouras (IBGE, 2006). No ano de 2009 foram
financiados 710 famílias com custeio de lavoura e 48 projetos de investimentos. Através do
PNCF, 11 famílias foram beneficiadas para aquisição de áreas de terras e implantação de
infra-estrutura, no período de 2005 a 2010. O Seguro Agrícola foi pouco utilizado na safra
2009/2010 em função das poucas intempéries. Três agricultores foram indenizados em função
do excesso de chuvas que prejudicou algumas lavouras de arroz. Através do PGPAF, os
agricultores têm sido beneficiados com descontos de 1,6 a 21,3% relativos à amortizações ou
liquidações de custeios de milho, arroz, feijão ou leite (EMRIOPARDO, 2010).
4.6 PERCEPÇÃO DOS AGENTES
4.6.1 Percepção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Na visão dos representantes sindicais ligados a FETAG/RS, na última década
aconteceram “avanços consideráveis no meio rural”. Assim, o Presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais – STR de Rio Pardo, A. S. Menezes, cita o crédito rural, com juros
diferenciados e atrelados aos preços mínimos, os diversos mecanismos de aquisição, a
garantia de preço, entre outras políticas públicas para a agricultura familiar, como forma de
apoio ao desenvolvimento. “Não temos problemas, temos soluções”, cita o Presidente do
STR. O acesso às informações técnicas, o zoneamento agrícola, o acompanhamento das
lavouras pela assistência técnica são “facilidades” oferecidas aos agricultores (MENEZES,
2010).
Preocupa também os representantes sindicais a questão do endividamento de muitas
famílias: “Estão indo com muita sede ao pote”. O acesso facilitado ao crédito não é bem
administrado por algumas famílias, gerando excessivo endividamento. A política
governamental de incentivo ao biodiesel também tem reflexos positivos para a agricultura
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familiar, segundo o Presidente do STR: “Os agricultores são pagos com R$ 1,00 a mais que o
mercado oferece, pelo saco de soja, até o limite de 1.000 sacos” (MENEZES, 2010).
Mas não é somente na questão econômica que o representante dos agricultores tece
elogios às políticas públicas. Também na questão habitacional, através dos financiamentos
subsidiados para reformas e construções de casas “as famílias melhoram as condições de vida
e permanecem no campo”. Outra política pública muito importante foi o “Luz Para Todos”,
através do qual as famílias moradoras em locais mais isolados tiveram acesso à energia
elétrica (MENEZES, 2010).
Os agricultores sem terra também têm acesso à reforma agrária “pacífica e ordeira,
sem protestos nem invasões”, segundo o Presidente do STR. Através do Programa Nacional
de Crédito Fundiário, as famílias adquirem áreas com condições de prazos e juros reduzidos.
O Presidente do STR é enfático: “todas as políticas públicas inserem a agricultura familiar no
agronegócio e melhoram a qualidade de vida” (MENEZES, 2010).
4.6.2 Percepção dos Agentes Financeiros
As políticas públicas têm sido altamente benéficas para a agricultura familiar, segundo
o Gerente da Carteira Agrícola do Banco do Brasil de Rio Pardo, Sr. A. Meinhardt. “O crédito
Rural é motivo de organização contábil, tributária e fiscal da propriedade e das atividades
desenvolvidas”. Através do acesso ao sistema bancário a família passa a operar com os outros
“produtos” do banco, quais sejam: seguros, cartões, aplicações e poupanças. Estas atividades
mudam a cultura organizacional da propriedade e da atividade e melhoram as condições de
produção e de qualidade de vida, segundo o Gerente da Carteira Agrícola.
Segundo Meinhardt (2010), o grande “compromisso” do crédito rural é aumentar a
produção, com aumento de renda da atividade. A melhoria da qualidade de vida também é
importante, porém, o maior objetivo é a “geração de produção com maior rentabilidade”.
“Estes objetivos têm sido alcançados”, de acordo com a visão dos agentes financeiros.
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4.6.3 Percepção da Assistência Técnica
A extensão rural considera desenvolvimento mais do que simplesmente crescimento
econômico. O crescimento da economia e o aumento da eficácia dos sistemas de produção
mostram-se insuficientes para atender as necessidades essenciais da população, podendo
causar transtornos ambientais e sociais, em não sendo bem direcionados. Assim, as políticas
públicas têm sido repensadas e avaliadas. A aplicação dos recursos, principalmente do crédito
rural, tanto em lavouras como em equipamentos ou áreas de terras, passa por diversas
avaliações internas e com as parcerias. A busca da sustentabilidade, em seu sentido mais
amplo, é condição fundamental para a aplicação das políticas públicas para a agricultura
familiar (EMRIOPARDO, 2010).
O desenvolvimento a ser catalisado pelo Estado e pelas organizações da sociedade tem
como objetivo mudanças econômicas e sociais, com equilíbrio ambiental, sempre tendo em
foco a potencialização dos limitados recursos disponíveis. A extensão rural propõe ações com
características de inovação, profissionalismo, ética, credibilidade e responsabilidade
(EMRIOPARDO, 2010).
4.6.4 Percepção dos Agricultores
O agricultor J. C. Medeiros, a esposa e duas filhas residem na localidade de João
Rodrigues. Possuem área de 29 ha, onde produzem leite e fumo para comercialização. A
produção diária de leite das 14 vacas em lactação é de 250 litros. A família também produz a
maior parte dos alimentos consumidos. O primeiro financiamento pelo PRONAF acessado
pela família foi no ano de 2004 para aquisição de um trator usado. “O juro foi mais alto que
atualmente”, segundo o Sr. Medeiros. A partir daquele ano também foram financiadas as
lavouras de milho (MEDEIROS, 2010a).
Já na safra 2004/2005, devido à forte estiagem que atingiu a lavoura, houve
indenização pelo Seguro Agrícola/PROAGRO. Antes, segundo a filha, “se plantava por conta,
não tinha seguro nenhum. Nas safras anteriores perdemos aproximadamente R$ 30.000,00 nas
lavouras. Tivemos que vender algumas vacas para cobrir o prejuízo”. Segundo a filha, “sem
estas políticas públicas não teríamos condições de produzir. Agora, com o seguro, é possível
plantar com mais tranqüilidade” (MEDEIROS, 2010b). O maior controle do governo em
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relação ao seguro (PROAGRO) também é visto como aspecto positivo, pelo Sr. Medeiros:
“Antes tinha muita marmelada” (MEDEIROS, 2010a).
A família foi beneficiada com o financiamento de um trator Massey Ferguson, modelo
275 4 x 4, em nome na filha. O trator é utilizado para preparo das lavouras de pastagens,
milho e fumo e também para realizar as operações de ensilagem e distribuição de estercos nas
lavouras. O Sr. Medeiros justifica: “sem equipamentos adequados e modernos os filhos vão
embora”. O agricultor também opera um trator que foi cedido para o grupo de agricultores da
localidade pela Prefeitura Municipal de Rio Pardo. Este equipamento foi adquirido com
recursos de emenda parlamentar. Segundo o agricultor, “a maioria a dos agricultores se
beneficia do trator, porém alguns não valorizam este serviço” (MEDEIROS, 2010a).
A família tem interesse em adquirir uma área de terras para as filhas, pelo Programa
Nacional de Crédito Fundiário. Quando “aparecer uma terra boa nas proximidades, vamos nos
inscrever”. A família também “sente a falta” de um veterinário para orientação na
bovinocultura de leite. Seria “uma obrigação da Secretaria Municipal da Agricultura manter
um veterinário. Também seria importante a Prefeitura oferecer máquinas pesadas, para
arrancar tocos, fazer terraplanagens e escavações” (MEDEIROS, 2010a).
O agricultor F. J. Limberger e sua esposa Jane N. M. Limberger residem na localidade
de Passo da Taquara, distante 20 km da cidade de Rio Pardo. Cultivam arroz irrigado há 10
anos. Antes produziam fumo e milho. O primeiro financiamento pelo PRONAF foi para
plantio de milho na resteva do fumo. A partir do ano de 2000 passam a cultivar arroz irrigado,
em 5,0 ha, sendo esta lavoura financiada pelo PRONAF. A lavoura foi aumentada na medida
em que a família “aprendeu” a lidar com a cultura e os resultados foram satisfatórios. Na safra
2009/2010 foram cultivados 43 ha, com produção de 3.300 sacas de arroz, sendo financiados
12 ha para o custeio de lavoura. A estimativa inicial era de 5.500 sacas, porém, devido ao
excesso de chuvas houve “quebra” da produção (LIMBERGER, 2010).
O financiamento de investimento pelo PRONAF, em 1988, foi para aquisição de
equipamentos para irrigação da lavoura de arroz. No ano de 2008 foi financiada uma grade,
um motor elétrico e uma bomba de água. Durante o ano de 2009 a família acessou o Programa
PRONAF Mais Alimentos para aquisição de trator Massey Ferguson 4 x 4, novo. Além destes
financiamentos, a família está diversificando as fontes de renda da propriedade através da
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implantação de 4 ha de eucaliptos, financiada pelo PRONAF Floresta, no valor de R$
7.000,00, com oito anos de carência e mais cinco prestações anuais. O agricultor acessou uma
vez o seguro agrícola, devido ao evento de estiagem que atingiu a lavoura de milho. A lavoura
de arroz nunca foi indenizada pelo seguro agrícola (LIMBERGER, 2010).
O agricultor e sua esposa vêem como ponto forte da política pública PRONAF os
baixos juros. Já com relação à burocracia e às cobranças de “taxas” pelo banco, têm algumas
críticas: “o banco exagera, nas taxas, seguros, encarecendo o financiamento”. Citam como
exemplo o trator financiado pelo PRONAF Mais Alimentos, onde o preço do trator foi R$
69.428,00, mas o custo final do financiamento “vai chegar a R$ 88.838,00”. O Banco do
Brasil está cobrando, além do capital e juros de 2% ao ano, seguro do trator financiado e
seguro de vida do mutuário. “Como se tudo isto não bastasse, ainda pedem que o mutuário
faça o seguro do carro”, critica o agricultor. As demoras de atendimento pelo banco, por falta
de atendentes, também são motivos de crítica (LIMBERGER, 2010).
A família não faz controle de custo de produção da lavoura, mas apesar do preço baixo
do arroz, acredita que obtém boa rentabilidade com a atividade, visto que consegue ter um
bom padrão de vida e mantém os equipamentos e benfeitorias em boas condições. Apesar das
críticas, o mutuário e sua esposa reconhecem que as políticas públicas para a agricultura
familiar são muito úteis, melhorando as condições de produção e aumentando a rentabilidade
da atividade rural (LIMBERGER, 2010).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criação e a implantação das políticas públicas para a agricultura familiar marcam
um momento importante da agricultura brasileira. Pela primeira vez na história do país foram
criados programas comprometidos com a agricultura familiar. Desafio maior é ampliar a
participação dos agricultores familiares nesta importante política de desenvolvimento, já que
há a dificuldade de entendimento dos financiamentos e a noção de fluxo de caixa, entre outros
meios de monitoramento e de gestão.
O índice de inadimplência no município de Rio Pardo é inferior a 2%. Saliente-se que
inadimplência maior implica em paralisação de todas as operações de crédito rural/PRONAF
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por parte dos agentes financeiros. O aperfeiçoamento do PRONAF, com melhores índices de
investimento dos recursos com maior geração de renda e “inclusão econômica” são metas a
serem perseguidas pelos diversos movimentos sociais que constróem aquela política pública.
A extensão rural e as diversas parcerias que atuam na aplicação do crédito rural se
qualificam e desempenham papel fundamental na execução e na orientação da aplicação dos
recursos. As rendas não agrícolas cada vez mais presentes no meio rural devem também ser
inseridas nas diversas políticas públicas. O abandono de definições meramente burocráticas é
uma necessidade para a “diversificação” rural. A profissionalização dos (as) produtores (as)
visa o melhor desempenho das atividades convencionais e busca de outras fontes de renda que
impliquem em melhor qualidade de vida e fixação dos jovens no campo.
As políticas públicas não podem ser vistas como mero sistema de crédito com taxas
diferenciadas, mas sim como uma ferramenta de incentivo à criatividade, inovação e
modernização através da presença estatal no campo. As maiores exigências do mercado
consumidor urbano também devem ser atendidas, já que estão na origem dos recursos de
maior parte dos impostos pagos pelos trabalhadores urbanos.
As políticas públicas visam desenvolvimento social e econômico, justo e sustentável,
pautado por relações de poder equilibradas entre a cidade e o campo e são poderosas
ferramentas para a inserção da agricultura familiar no agronegócio. Estes objetivos têm sido
alcançados pelas políticas públicas para a agricultura familiar em Rio Pardo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA (FEE). Disponível em: <http://www.fee.tche.br>. Acesso em: 22 de set. de 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Agropecuário 2006. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 14 de set. de 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 04 de out. de 2010. LIMBERGER, F. J. Agricultor de Passo da Taquara (Rio Pardo), 2010. Entrevista concedida a Edson Paulo Mohr em agosto de 2010. MEDEIROS, J. C. Agricultor de João Rodrigues (Rio Pardo), 2010a. Entrevista concedida a Edson Paulo Mohr em agosto de 2010. MEDEIROS, A. Agricultora de João Rodrigues (Rio Pardo), 2010b. Entrevista concedida a Edson Paulo Mohr em agosto de 2010. MENEZES, Aldemir dos Santos. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo, 2010. Entrevista concedida a Edson Paulo Mohr em setembro de 2010. MEINHARDT, A. Gerente da Carteira Agrícola do Banco do Brasil de Rio Pardo, 2010. Entrevista concedida a Edson Paulo Mohr em setembro de 2010. SISTEMA UNIFICADO DE PROGRAMAS DE EXTENSÃO RURAL (SUPER). Disponível em: <http://www.emater.tche.br>. Acesso em: 08 de out de 2010.