UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
MESTRADO EM CLÍNICA INTEGRADA
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO GENGIVAL E MICROBIOLÓGICA
SUBGENGIVAL DE PACIENTES SADIOS PERIODONTALMENTE
SUBMETIDOS A TRATAMENTO ORTODÔNTICO
Recife – PE
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
MESTRADO EM CLÍNICA INTEGRADA
RANDERSON MENEZES CARDOSO
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO GENGIVAL E MICROBIOLÓGICA
SUBGENGIVAL DE PACIENTES SADIOS PERIODONTALMENTE
SUBMETIDOS A TRATAMENTO ORTODÔNTICO
Dissertação apresentada ao Colegiado da Pós-Graduação em
Clínica Integrada do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial
para obtenção do grau de mestre em Clínica Odontológica
Integrada.
Orientadora: Profa. Dra. Renata Cimões Jovino Silveira
Co-orientador: Prof. Dr. Paulo.R.E. Souza
Recife –PE
2011
2
Cardoso, Randerson Menezes
Avaliação da condição gengival e microbiológica subgengival de pacientes sadios periodontalmente submetidos a tratamento ortodôntico / Randson Menezes Cardoso. – Recife: O Autor, 2011. 32 folhas: il., fig., quadros.; 30 cm.
Orientador: Renata Cimões Jovino Silveira
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Odontologia, 2011.
Inclui bibliografia e anexos.
1. Ortodontia corretiva. 2. Periodontia. 3. Microbiologia. I. Silveira, Renata Cimões Jovino. II.Título.
UFPE
617.64 CDD (20.ed.) CCS2011-184
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
COORDENADOR DA PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
Profa. Dra. Jurema Freire Lisboa de Castro
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
MESTRADO EM CLÍNICA ODONTOLÓGICA INTEGRADA
COLEGIADO Profa. Dra. Alessandra Albuquerque T. Carvalho
Prof. Dr. Arnaldo de França Caldas Júnior
Prof. Dr. Anderson Stevens Leônidas Gomes
Prof. Dr. Carlos Menezes Aguiar
Prof. Dr. Cláudio Heliomar Vicente da Silva
Prof. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez
Prof. Dr. Edvaldo Rodrigues de Almeida
Profa. Dra. Flávia Maria de Moraes Ramos Perez
Prof. Dr. Geraldo Bosco Lindoso Couto
Prof. Dr. Jair Carneiro Leão
Profa. Dra. Jurema Freire Lisboa de Castro
Profa. Dra. Liriane Baratella Evêncio
Profa. Dra. Lúcia Carneiro de Souza Beatrice
Prof. Dr. Luiz Alcino Monteiro Gueiros
Profa. Dra. Renata Cimões Jovino Silveira
SECRETARIA Oziclere de Araújo Sena
TÍTULO DO TRABALHO: AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO GENGIVAL E
MICROBIOLÓGICA SUBGENGIVAL DE PACIENTES SADIOS
PERIODONTALMENTE SUBMETIDOS A TRATAMENTO ORTODÔNTICO
NOME DO ALUNO: RANDERSON MENEZES CARDOSO
DISSERTAÇÃO APROVADA EM: 26/08/2011
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. ARNALDO DE FRANÇA CALDAS JÚNIOR
Prof. Dr. DANYEL ELIAS DA CRUZ PEREZ
Profa. Dra. CÁTIA MARIA FONSECA GUERRA
Recife –PE
2011
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família que sempre
me apoiou, esteve presente e acreditou em meu potencial,
me incentivando na busca de novas realizações.
EPÍGRAFE
"Todo o futuro da nossa espécie, todo o governo das
sociedades, toda a prosperidade moral e material das
nações dependem da ciência, como a vida do homem
depende do ar. Ora, a ciência é toda observação, toda
exatidão, toda verificação experimental. Perceber os
fenômenos, discernir as relações, comparar as analogias e
as dessemelhanças, classificar as realidades, e induzir as
leis, eis a ciência; eis, portanto, o alvo que a educação
deve ter em mira. Espertar na inteligência nascente as
faculdades cujo concurso se requer nesses processos de
descobrir e assimilar a verdade."
Rui Barbosa.
AGRADECIMENTOS
À minha Família, em especial ao meu pai Reilton,
a minha mãe Livaneide e minha esposa Danielle pelo
apoio e incentivo proporcionado para que este sonho
pudesse ser realizado.
À Profa. Renata Cimões, pela orientação deste
trabalho.
Por final, a aquele, que me permitiu tudo ao longo
de toda a minha vida. A você meu DEUS, muito obrigado.
.
RESUMO
Objetivo: Avaliar a condição gengival e a presença na microbiota subgengival das bactérias Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa) e Tannerella forsythia (Tf) em pacientes periodontalmente saudáveis submetidos a tratamento ortodôntico com aparelho fixo.
Material e Métodos: Vinte pacientes foram distribuídos em dois grupos (n=10) de acordo com a necessidade de tratamento ortodôntico (Grupo Teste = apresentavam má oclusão e receberam tratamento ortodôntico; Grupo Controle = sem má oclusão e não receberam tratamento ortodôntico). Amostras microbiológicas foram coletadas com 0, 90 e 180 dias em quatro sítios pré‐estabelecidos: primeiro molar superior direito, primeiro molar inferior esquerdo, incisivo central superior direito e incisivo central inferior esquerdo. O DNA foi extraído para detecção dos patógenos periodontais Aa e Tf utilizando a técnica da Reação em Cadeia Polimerase. O índice de placa e sangramento gengival também foram registrados nos referidos intervalos de tempo.
Resultados: As médias do índice de placa reduziram no grupo Teste e no grupo Controle. Quanto à presença de cada uma das bactérias, se destaca que aos 90 e aos 180 dias foi observada a presença no grupo Teste de Aa, aos 90 dias foi observada a presença de Tf no grupo Teste e no grupo Controle.
Conclusão: Concluiu-se que a terapia ortodôntica fixa promoveu a presença dos periodontopatógenos estudados e não aumentou o índice de sangramento gengival e o índice de placa.
Palavras Chaves: Ortodontia Corretiva; Periodontia; Microbiologia.
EVALUATION OF STATUS AND GINGIVAL SUBGINGIVAL MICROBIAL OF PERIODONTALLY HEALTHY PATIENTS UNDERGOING TREATMENT ORTHODONTIC
ABSTRACT
Objective: To evaluate the gingival condition and the presence of bacteria in the subgingival microbiota Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa) and Tannerella forsythia (Tf) in periodontally healthy patients undergoing orthodontic treatment with fixed appliances. Material and Methods: Twenty patients were divided into two groups (n = 10) according to the need for orthodontic treatment (Test Group = had received malocclusion and orthodontic treatment, Control Group = no malocclusion and received no orthodontic treatment). Microbiological samples were collected at 0, 90 and 180 days in pre‐established four sites: upper right first molar, lower left first molar, upper right central incisor and lower left central incisor. DNA was extracted for detection of periodontal pathogens Aa and Tf using the technique of Polymerase Chain Reaction. The plaque index and gingival bleeding were also recorded in these time intervals. Results: The mean plaque index reduced the Test Group and Control Group. Regarding the presence of each of the bacteria, which stands at 90 and 180 days was observed in the presence of Aa Test Group at 90 days was observed the presence of Tf in the Test Group and Control Group. Conclusion: We conclude that the fixed orthodontic therapy promoted the presence of periodontal pathogens studied and did not increase the bleeding index and plaque index. Keywords: Corrective Orthodontics, Periodontics, Microbiology.
SUMÁRIO
Lista de Ilustrações........................................................................................... 10
Introdução........................................................................................................... 11
Material e Método.............................................................................................. 13
Participantes, exame clínico e amostras...................................................... 13
Extração do DNA......................................................................................... 16
Processamento através da técnica de PCR................................................. 16
Análise Estatística........................................................................................ 18
Resultado............................................................................................................ 18
Discussão............................................................................................................ 21
Conclusão........................................................................................................... 24
Referências......................................................................................................... 24
Anexos ................................................................................................................ 30
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 – Critérios de inclusão e exclusão usados para selecionar a amostra..... 14
Quadro 2 – Microorganismos e primers específicos para a PCR........................... 17
Tabela 1 – Estatísticas do índice de placa e sangramento gengival por tempo de
avaliação segundo o tempo.....................................................................................
19
Tabela 2 – Avaliação das bactérias Tf e Aa por tempo de avaliação e grupo........ 19
Tabela 4 – Avaliação da presença de bactéria (Tf e/ou Aa) por tempo de
avaliação segundo o grupo.....................................................................................
20
INTRODUÇÃO
Nas décadas passadas testemunhou-se um aumento gradual no número de
pacientes que se submeteram a tratamento ortodôntico com aparelhos fixos. A maioria
destes pacientes buscava a assistência para melhorar a estética dento-facial, em
detrimento da minoria, que procurava o serviço por problemas funcionais1.
O aparelho ortodôntico pode influenciar na formação, maturação e quantidade
do biofilme, devido ao aumento na energia livre de superfície produzido pela
incorporação dos brackets e bandas nos elementos dentários e consequentemente
promoção de alterações no periodonto1,2,3.
Estudos relatam que o aparelho ortodôntico influencia no aumento do acúmulo
de placas, inflamação/sangramento gengival, e colonização de importantes bactérias
periodontogênicos3-7.
Muitos microrganismos bucais são definidos como periodontopatógenos, mas
um número reduzido de bactérias é responsável pela infecção dos tecidos periodontais.
Estes poucos microrganismos pertencem às mais de 400 espécies de bactérias capazes
de colonizar a cavidade bucal em seus mais variados locais. E, vários8,9,10 estudos
demonstraram que são estes microrganismos que apresentam capacidade de induzir o
desenvolvimento de gengivites e periodontites em humanos. Especialmente nas
periodontites, observa-se à associação das seguintes bactérias: Aggregatibacter
actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia, Eikenella
corrodens, Tannerella forsythia, Fusobacterium nucleatum, Capnocytophaga spp,
Peptostreptococcus micros, Campylobacter rectus3,11-20. Apesar da associação de
algumas bactérias com a doença, existem casos onde foi relatado a saúde periodontal na
presença dos referidos patógenos21.
Preocupado com os possíveis danos periodontais ocorridos durante a terapêutica
ortodôntica com aparelhos fixos, Naranjo et al. (2006)22 realizaram uma pesquisa com
30 pacientes saudáveis submetidos a tratamento ortodôntico para avaliar a influência do
aparelho no acúmulo de placas e colonização de bactérias periodontopatológicas.
Concluíram que a instalação dos brackets influenciaram no acúmulo de placas e
colonização de importantes bactérias periodontopatológicas e proporcionaram uma
super-infecção bacteriana, resultando em uma maior inflamação e sangramento
Lee et al. (2005)2 objetivando detectar e comparar a presença de
periodontopatógenos na placa subgengival de adultos que utilizavam aparelho
ortodônticos fixos, realizaram uma pesquisa com 36 indivíduos, dezenove destes
pacientes não utilizavam nenhum dispositivo ortodôntico, e estes compreendiam o
grupo Controle. Outros 17 indivíduos apresentavam dispositivos ortodônticos fixos. As
amostras foram colhidas e processadas utilizando a Reação em Cadeia Polimerase para
detectar a presença de seis espécies periodontopatógenas: Treponema denticola,
Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia, Prevotella nigrescens, Prevotella
intermedia, e Actinobacillus actinomycetemcomitans. Concluíram que a T. forsythia, T.
denticola, e o P. nigrescens eram significativamente mais comuns nas amostras obtidas
dos pacientes ortodônticos do que nas amostras obtidas dos pacientes do grupo
Controle, não-ortodônticos.
Devido às alterações periodontais que o tratamento ortodôntico pode
desencadear, vê-se necessário avaliar alterações no acumulo de placa, sangramento
gengival e as possíveis mudanças da microbiota subgengival de pacientes saudáveis
periodontalmente submetidos a tratamento ortodôntico, levando em consideração a
presença da Tannerella forsythia (Tf) e do Aggregatibacter actinomycetemcomitans
(Aa).
MATERIAL E MÉTODO
Participantes, exame clínico e amostras
O presente estudo clínico aleatório não controlado obteve a aprovação junto ao
Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE – 0079.0.172.000-09), e foi realizado em um
consultório privado, localizado em Recife, capital do estado de Pernambuco, Região
nordeste do Brasil.
A amostra estudada foi constituída de 20 pacientes, alunos do curso de
graduação em Odontologia, que procuraram atendimento ortodôntico no período de
janeiro a junho de 2010, diagnosticados saudáveis periodontalmente1,23 que se
enquadravam nos critérios de inclusão e exclusão contidos na Tabela1.
Quadro 1 – Critérios de inclusão e exclusão usados para selecionar a amostra
Critérios de inclusão
1. Idade igual ou superior a 18 anos;
2. Mínimo vinte e quatro dentes naturais;
3. Aceitar participar da pesquisa;
Critérios de exclusão
1. Profundidade a sondagem maior ou igual que 4 mm;
2. Perda de inserção maior ou igual que 3 mm;
3. Gengivite;
4. Perda óssea observada radiograficamente;
5. Alteração sistêmica;
6. Fumar;
7. Grávida ou lactente;
8. Tratamento periodontal nos últimos 6 meses;
9. Uso de antibióticos nos últimos seis meses, bem como durante o tratamento;
10. Uso de anti-inflamatório de forma crônica;
11. Coroas protéticas nos dentes avaliados;
12. Uso de colutório;
13. Aparelho ortodôntico;
14. Lesão de cárie com cavitação;
15. Problemas respiratórios (adenóide e amigdalite).
16. Rinite;
17. Sinusite crônica;
18. Deformidades faciais;
19. Oclusopatias moderadas e graves.
Os pacientes selecionados foram distribuídos em dois grupos (n=10) de acordo
com a necessidade de tratamento ortodôntico (Grupo Teste = pacientes que
apresentavam maloclusão e receberam tratamento ortodôntico; Grupo Controle =
pacientes sem maloclusão e não receberam tratamento ortodôntico). Todos alunos
selecionados com maloclusão, apresentavam classe I de Angle com diastemas ou
apinhamento menor que quatro mm.
Inicialmente foi avaliado Índice de Placa (Silness e Löe24) e sangramento
gengival (Ainamo e Bay25) com auxílio de uma sonda periodontal milimetrada tipo PC-
15 (Sonda da Universidade da Carolina do Norte, Trinity®). Após esses procedimentos,
foi dado o início a coleta das amostras microbiológicas. A partir de então, o campo foi
isolado relativamente com gaze estéril, sendo a matéria alba removida com pelotas de
algodão estéril e posteriormente, seco com leve jato de ar. Cones de papel estéreis nº 30
(Dentsply, Petrópolis - Brasil) foram inseridos no interior do sulco gengival (médio-
vestibular) e permaneceram no local por 30 segundos em quatro sítios pré-
estabelecidos: primeiro molar superior direito, primeiro molar inferior esquerdo,
incisivo central superior direito e incisivo central inferior esquerdo. Os cones de papel
foram transportados para o mesmo tubo tipo Eppendorf e armazenados a -20°C para
posterior extração de DNA e análise através da Reação em Cadeia Polimerase (PCR). O
procedimento foi realizado para cada paciente do grupo Teste e Controle.
Amostras microbiológicas e os índices de placa e sangramento gengival foram
coletados no mesmo dia antes da instalação do aparelho e repetidos com 90 e 180 dias
para o grupo Teste (dois homens e oito mulheres) e realizados com 0, 90 e 180 dias para
o grupo Controle (seis homens e quatro mulheres) pelo próprio pesquisador em
ambiente de consultório com luz artificial e equipamentos de proteção individual.
Todos pacientes do grupo Teste receberam bandas com tubos soldados (Morelli,
Sorocaba - Brasil) nos primeiros molares superiores e inferiores e brackets metálicos
0,022X0,030” Roth Standard (Morelli, Sorocaba - Brasil) nos incisivos, caninos e pré-
molares superiores e inferiores de modo que os acessórios nem o material utilizado para
fixação (resina e ionômero de vidro) não entrassem em contato com a gengiva ou sulco
gengival. Todos pacientes foram orientados e monitorados quanto a higienização
durante todo o período avaliado.
Extração do DNA
Para a extração de DNA foi utilizada a matriz comercial de purificação kit
QIAamp DNA investigator (Qiagen, Colônia - Alemanha), seguindo o protocolo
determinado pelo fabricante.
Processamento através da técnica de Reação de Cadeia Polimerase
A reação de amplificação foi realizada com um volume total de 25µl contendo
1,3µl de MgCl2 a 50mM (LGC Biotecnologia, Cotia - Brasil), 2,5µl de dNTP 2mM
(LGC Biotecnologia, Cotia - Brasil), 1µl de cada primer inicializador e finalizador a 10
µM (Invitrogem®, São Paulo - Brasil), 2,5µl de 10x PCR tampão (LGC Biotecnologia,
Cotia - Brasil), 0,2µl da Taq DNA polimerase a 5U/µl (LGC Biotecnologia, Cotia -
Brasil), 11,5µl de água de injeção e 3µl de DNA da amostra. Em todas as reações de
amplificação, foi utilizada uma reação da amplificação sem amostra de DNA como
controle negativo para verificação da possibilidade de contaminação.
O termociclador (Biocycler, Hangzhou - China) foi programado da seguinte
maneira: 1ª fase - “hot start” (94° C por 5 minutos); 2ª fase – dividida em três etapas e
realizada por 30 ciclos – 1) desnaturação do DNA alvo por aquecimento (94°C por 30
segundos), 2) anelamento dos primers (temperatura de anelamento de acordo com cada
primer utilizado por 30 segundos), 3) extensão (72° C por 30 segundos); e 3ª fase -
extensão final (72° C por 5 minutos). Os primers utilizados durante a PCR neste estudo
foram espécie-específicos para a porção 16S rDNA, a seqüência utilizada foi de acordo
com Ashimoto et al.26 , e a temperatura de anelamento foi a mesma adotada por Ávila-
Campos e Velásques21 (Quadro 2).
Quadro 2 - Microorganismos e primers específicos para a PCR.
Microrganismo Primer Temperatura de
anelamento da
PCR
Extensão
do amplicon
(pb*)
Aa F - GCT AAT ACC GCG TAG AGT CGG
R - ATT TCA CAC CTC ACT TAA AGG T
50ºC
557
Tf F - GCG TAT GTA ACC TGC CCG CA
R - TGC TTC AGT GTC AGT TAT ACC T
60º C
641
*pb – pares de base.
Após essa etapa, 9,5µl dos produtos da PCR foram adicionados a 0,5 µl do
corante fluorescente blue green (LGC Biotecnologia, Cotia - Brasil) e submetidos à
eletroforese em gel de agarose a 1,5%. Posteriormente, as corridas de eletroforese foram
visualizadas em luz ultravioleta e fotografadas para posterior análise. A massa
molecular padrão 100 pb ladder (LGC Biotecnologia, Cotia - Brasil) foi incluída na
corrida da eletroforese. Todas as amostras negativas para os patógenos pesquisados
foram repetidas e confirmadas.
Análise Estatística
A análise foi realizada em duas fases: descritiva e analítica. Para comparação
dos dados intra-grupo e entre grupos foram utilizados média, desvio padrão e mediana
(Técnicas de Estatística Descritiva); t-Student com variâncias iguais ou desiguais,
F(ANOVA) com medidas repetidas com comparações LSD (Least significance
diferences) e teste Exato de Fisher (Técnicas de estatística inferencial).
O nível de significância utilizado na decisão dos testes estatísticos foi de 5,0%.
Os dados foram digitados na planilha Excel e o “software” estatístico utilizado para a
obtenção dos cálculos estatísticos foi o SPSS (Statistical Package for the Social
Sciences) na versão 15.
RESULTADOS
Na Tabela 1 se apresenta as estatísticas do índice de placa e de sangramento
gengival segundo o grupo e o tempo de avaliação quando foram considerados todos
os dentes. As médias do índice de placa no grupo Teste reduziram de 1,17 no dia 0
para 1,06 com 180 dias, enquanto que no grupo Controle as médias reduziram de 1,06
para 1,01. Diferenças significativas entre os grupos foram verificadas na avaliação
com 90 e 180 dias.
As médias do sangramento gengival variaram de 0,03 a 0,05 no grupo Teste e
de 0,01 a 0,04 no grupo Controle e não se comprova diferença significativa entre os
dois grupos no período avaliado. Entre as avaliações observa-se pequenas oscilações,
sendo comprovada diferença significativa no grupo Controle entre 0 a 180 dias.
Tabela 1 – Estatísticas do índice de placa e sangramento gengival por tempo de avaliação segundo o grupo Grupo
Variável Tempo de avaliação Teste Controle Valor de p Média ± DP (Mediana) Média ± DP (Mediana) • Índice de placa 0 dia 1,17 ± 0,15 (1,14) 1,06 ± 0,07 (1,05) (A) p(1) = 0,050 90 dias 1,13 ± 0,13 (1,07) 1,02 ± 0,03 (1,00) (AB) p(1) = 0,027* 180 dias 1,06 ± 0,06 (1,05) 1,01 ± 0,02 (1,00) (B) p(1) = 0,032* Valor de p P(3) = 0,055 p(3) = 0,041* • Sangramento 0 dia 0,03 ± 0,04 (0,02) 0,01 ± 0,02 (0,00) (A) p(1) = 0,115
Gengival 90 dias 0,05 ± 0,05 (0,04) 0,04 ± 0,02 (0,04) (B) p(2) = 0,358 180 dias 0,03 ± 0,04 (0,04) 0,02 ± 0,02 (0,02) (AB) p(2) = 0,276 Valor de p P(3) = 0,389 p(3) = 0,025* (*): Diferença significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste t-Student com variâncias desiguais para comparação entre os grupos em cada avaliação. (2): Através do teste t-Student com variâncias iguais para comparação entre os grupos em cada avaliação. (3): Através do teste F(ANOVA) para medidas repetidas para a comparação entre as avaliações em cada grupo. Obs.: Se todas as letras entre parênteses são distintas comprova-se diferença significante entre as avaliações correspondentes através das comparações pareadas de LSD.
Na Tabela 2 se analisa a presença de cada uma das bactérias segundo o grupo.
Na avaliação com 0 dia nenhum paciente apresentou as bactérias Tf e Aa; com 90 dias
foi observado a presença da bactéria Aa em três pacientes apenas no grupo Teste. Na
avaliação com 180 dias se verifica a presença da bactéria Tf em dois pacientes em
cada grupo, enquanto que a bactéria Aa estava presente em quatro pacientes do grupo
Teste e ausente em todos os pacientes do grupo Controle.
Tabela 2 – Avaliação das bactérias Tf e Aa por tempo de avaliação e grupo
Grupo Tempo de avaliação Bactéria Teste Controle Valor de p N % N % TOTAL 10 100,0 10 100,0 Tf • 0 dia Presente - - - - ** Ausente 10 100,0 10 100,0 • 90 dias Presente - - - - ** Ausente 10 100,0 10 100,0 • 180 dias Presente 2 20,0 2 20,0 p(1) = 1,000 Ausente 8 80,0 8 80,0
Aa • 0 dia Presente - - - - ** Ausente 10 100,0 10 100,0 • 90 dias Presente 3 30,0 - - p(1) = 0,211 Ausente 7 70,0 10 100,0 • 180 dias Presente 4 40,0 - - p(1) = 0,087 Ausente 6 60,0 10 100,0 (1): Através do teste Exato de Fisher.
Na tabela 3 se observa a presença de bactéria (Tf e/ou Aa) por tempo de
avaliação segundo o grupo, bem como o risco relativo. Na avaliação com 90 dias
apenas três pacientes do grupo Teste apresentaram bactérias (Tf e/ou Aa); com 180
dias quatro pacientes do grupo Teste e dois pacientes do grupo Controle apresentaram
bactérias (Tf e/ou Aa). O risco relativo com 180 dias para os pacientes do grupo Teste
foi duas vezes maior comparando ao grupo controle, porém sem significância
estatística.
Tabela 3 – Avaliação da presença de bactéria (Tf e/ou Aa) por tempo de avaliação segundo o grupo Grupo
Tempo de avaliação Bactéria Teste Controle Valor de p RR (IC 95%) n % n % TOTAL 10 100,0 10 100,0 • 0 dia Presente - - - - ** *** Ausente 10 100,0 10 100,0 • 90 dias Presente 3 30,0 - - p(1) = 0,211 *** Ausente 7 70,0 10 100,0 • 180 dias Presente 4 40,0 2 20,0 p(1) = 0,628 2,00 (0,47 a 8,56) Ausente 6 60,0 8 80,0 1,00 (**): Não foi determinado devido à ocorrência de ausência de uma das categorias. (**): Não foi determinado devido à ocorrência de prevalência nula em um dos grupos. (1): Através do teste Exato de Fisher.
DISCUSSÃO
Vários estudos abordam a influência do aparelho ortodôntico na saúde bucal,
principalmente ligados aos aspectos periodontais, como sangramento gengival, alteração
no acúmulo de placa e presença de bactérias periodontopatógenas1,3,7,22,27-29,30,.
O presente estudo teve como objetivo avaliar mudanças quanto a presença de
inflamação gengival, placa e patógenos periodontais (Aa e Tf), que são conhecidamente
associados à progressão e severidade da doença periodontal10,31, em uma amostra de
pacientes sadios periodontalmente submetidos a tratamento ortodôntico com aparelho
fixo.
Para o índice de placa, observou-se uma média maior no grupo de paciente que
recebeu aparelho ortodôntico quando comparado ao grupo Controle. Este resultado
ratifica a teoria de estudos3,22,32 que afirmam a influência do aumento do índice de placa
ao aumento da energia livre de superfície devido a incorporação dos brackt´s e bandas
nos elementos dentários2. Analisando a média no intervalo de tempo avaliado, houve
uma diminuição no índice tanto no grupo Teste como no grupo Controle, possivelmente
ligado ao fato dos pacientes conhecerem as técnicas de higienização, aos estímulos e/ou
monitoramento, uma vez que todos foram instruídos periodicamente da necessidade de
um bom auto-controle de placa durante o tratamento ortodôntico.
Considerando o índice de sangramento gengival, não foi encontrado qualquer
influência no uso do aparelho ortodôntico no período avaliado, havendo apenas uma
oscilação na média dos valores, tanto para o grupo Teste como Controle, que
considerando o desvio padrão, tornaram-se insignificante. Assim como o índice de
placa, tal fato pode ser explicado devido à boa higienização apresentada pelos pacientes
durante todo o período, aos estímulos quanto a higienização e/ou monitoramento, apesar
de alguns autores afirmarem que o tratamento ortodôntico influencia no surgimento de
inflamação/sangramento gengival, devido a dificuldade de higienização2,22,32 e o
movimento dentário proporcionar uma resposta inflamatória ao periodonto33.
Quanto à presença de periodontopatógenos na placa sub-gengival, observou-se a
presença da bactéria Aa apenas no grupo Teste e um número crescente no grupo de
pacientes que apresentaram a referida bactéria durante o período avaliado. Na avaliação
de 180 dias, observou-se que 50% dos pacientes que apresentaram a bactéria Aa já a
possuíam com 90 dias. Quando observado o risco relativo do paciente apresentar a
bactéria Aa e/ou Tf, constatou-se que o grupo de pacientes que utilizou aparelho
ortodôntico possuía duas vezes mais chance de apresentar bactérias que o grupo de
pessoas que não utilizaram apesar de não haver significância estatística. O fato
preocupa, uma vez que as bactérias têm um potencial patogênico34 e o número de
adultos que procuram tratamento ortodôntico vem aumentando nos últimos anos35.
A avaliação confirma o resultado de várias pesquisas para a bactéria Aa, que
afirmam que a instalação do aparelho fixo promove uma super-infecção de bactérias
periodontopatógenas2,3,22,29,32,36. Este fato não foi confirmado para a bactéria Tf, uma
vez que a bactéria só foi encontrada em quatro pacientes (90 dias), sendo dois do grupo
Teste e dois no grupo Controle. Isto pode ter ocorrido possivelmente pela rigidez nos
critérios de inclusão e exclusão da pesquisa, pelo baixo número de participante no
presente estudo, e/ou pela boa higienização, estímulo e monitoramento durante o
tratamento ortodôntico, não tornando os dados detectáveis.
Como limitação, a pesquisa apresentou principalmente um baixo número de
pacientes. Tal fato deve-se a dificuldade na obtenção de participantes que se
enquadrassem nos critérios de inclusão e exclusão e na seleção da maloclusão,
necessários para eficácia dos resultados na citada pesquisa.
Para o desenvolvimento do estudo, estabeleceram-se critérios de inclusão e
exclusão bem delineados, divergindo de alguns estudos pré-existentes23,27,32, 30,36 ,37 que
negligenciaram alguns fatores que poderiam influenciar diretamente nos aspectos
periodontais estudados, como a respiração bucal e as deformidades faciais. Tais
cuidados visaram a promoção de uma amostra mais homogênea, logo um menor número
de vieses.
Pacientes que apresentaram história pregressa de problemas relacionados a
rinite, sinusite, adenóide e amidalites foram excluídos devido a possibilidade de
apresentar um padrão de respiração alterado, predominantemente oral, uma vez que este
tipo de respiração é considerado fator de risco para o desenvolvimento de doenças
periodontais38.
As deformidades faciais e as maloclusões moderadas e graves produzem um
impacto social e pscicológico negativo, comprometendo a auto-estima e a qualidade de
vida dos indivíduos39-41. Portanto, tornaram-se selecionáveis, pacientes que não
apresentavam deformidades faciais e oclusopatias moderadas e graves, pois alterações
físico-psico-sociais poderiam gerar desestímulos no processo de higienização bucal.
Além deste fator, as maloclusões moderadas ou graves por si só já produziriam maior
dificuldade no auto-controle da placa e poderiam necessitar durante o tratamento
ortodôntico de dispositivos como: elásticos inter-maxilares, disjuntores maxilares e
distalizadores, que desta forma aumentariam o grau de dificuldade na higienização.
CONCLUSÃO
Os resultados da presente investigação mostraram que:
• houve uma diminuição no índice de placa dos grupos no período avaliado;
• o índice de sangramento gengival não apresentou qualquer relação com o
tratamento ortodôntico;
• a terapia ortodôntica fixa promoveu um aumento no número de pacientes que
apresentaram a bactéria Aa, porém insignificante para proporcionar danos ao
periodonto de uma pessoa saudável.
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ANEXOS