UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA JÚNIOR
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2016
2
ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA JÚNIOR
MANEJO AGRONÔMICO PARA MELHORIA DE CARACTERÍSTICAS
PRODUTIVAS E ECONÔMICAS DE UM CANAVIAL, DESTINADO À
PRODUÇÃO DE AÇÚCAR MASCAVO, NA REGIÃO DE VISCONDE DO RIO
BRANCO.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Universidade Federal de
Viçosa como parte das exigências para a
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.
Modalidade: Projeto Técnico
Orientador: Márcio Henrique
Pereira Barbosa
Coorientadores: Luís Cláudio
Inácio da Silveira
Coorientadores: Adriano Cirino
Tomaz
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2016
3
ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA JÚNIOR
MANEJO AGRONÔMICO PARA MELHORIA DE CARACTERÍSTICAS
PRODUTIVAS E ECONÔMICAS DE UM CANAVIAL, DESTINADO À
PRODUÇÃO DE AÇÚCAR MASCAVO, NA REGIÃO DE VISCONDE DO RIO
BRANCO.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Universidade Federal de
Viçosa como parte das exigências para a
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo. Modalidade: Projeto Técnico
APROVADO:
Prof. Nome Completo
(Orientador)
(UFV)
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me guiado nestes anos e me feito merecedor deste
acontecimento;
Agradeço imensamente aos meu pais, Toninho e Rosa Eni, que moldaram meu
caráter e me deram toda educação e amor, sou eternamente grato por tudo que fizeram
por mim;
A minha irmã por ser sempre uma grande fonte de conselhos e ter me motivado
a estar onde estou hoje. Ao meu cunhado, pela amizade e exemplo de dedicação;
A minha namorada, Daniela, por todo carinho e compreensão;
Aos meus companheiros, moradores e agregados, da República Zagaia,
estaremos sempre juntos!
Aos funcionários do Engenho Santo Antônio, por me ajudarem neste processo
de aprendizagem;
Aos meus amigos Ítalo e Wilian, pela grande ajuda na realização deste trabalho;
Aos participantes da banca, meu orientador Professor Márcio Barbosa, Dr. Luis
Cláudio, Ms. Adriano e Professor Gilberto.
Por fim, o meu mais sincero obrigado!
5
RESUMO
A cidade de Visconde do Rio Branco possui uma grande produção de açúcar
mascavo, sendo esta atividade uma tradição na cidade. O processamento, ainda muito
artesanal, vem se aperfeiçoando principalmente pelo desenvolvimento de fábricas
especializadas na região, porém a tecnologia de produção da matéria prima, a cana-de-
açúcar, está defasada, fazendo-se necessário estudos como este, para obtenção de uma
base de conhecimento que ajudarão estes produtores na otimização do manejo de seus
canaviais, fortalecendo sua eficiência econômica e aumentado sua produtividade. O
projeto traz em sua metodologia, recomendações sobre todas as etapas de implantação e
condução de uma lavoura, tomando como base um modelo de características gerais e
químicas, representativas da área de interesse do projeto. Para a produção de açúcar
mascavo, o produtor deve focar na produção de sacarose, que com base nas
recomendações nutricionais, manejo varietal, plantio e manejo de possíveis variáveis
aqui descritas em recomendações técnicas, elevará esta produção, conseguindo
alavancar cada vez mais a sua agroindústria.
Palavras chaves: Açúcar mascavo, cana-de-açúcar, projeto, recomendações,
Visconde do Rio Branco, manejo, canavial.
6
ABSTRACT
The city of Visconde do Rio Branco has a large production of brown sugar
which is a traditional activity. The processing still very handmade and mainly comes to
the development of specialized factories in the region. The technology of sugar cane
production is lagging behind and it making studies like that, necessary to obtain a based
knowledge that will help producers to optimize their sugar cane management,
strengthen their economic efficiency and increase their productivity. The project has
methodological recommendations on all stages of planting and conducting the sugar
cane crop based on a model of general and chemical characteristics. For the brown
sugar production, the producer should focus on sucrose production, which is based on
nutritional recommendations, varietal management, planning and management of
described variable techniques, that will increase production and leverage its
agroindustry more and more.
Key words: brown sugar, sugar cane, project, recommendations, Visconde do Rio
Branco, management, sugar cane crop.
7
Sumário
1. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA ....................................................... 10
2. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11
3. OBJETIVOS E METAS ........................................................................... 12
4. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................... 13
4.2. A cana-de-açúcar ..................................................................................... 14
5. METODOLOGIA ..................................................................................... 15
5.1. Introdução ............................................................................................. 15
5.2. Características do modelo ..................................................................... 15
5.3. Plantio ................................................................................................... 17
5.3.1. Planejamento da lavoura ................................................................ 17
5.3.2. Variedades ...................................................................................... 18
5.3.3. Limpeza da área ............................................................................. 26
5.3.4. Espaçamento .................................................................................. 27
5.3.5. Preparo de solo ............................................................................... 27
5.3.6. Controle de cupins e formigas ....................................................... 27
5.3.7. Programa de correção e adubação do solo ..................................... 28
5.3.8. Mudas ............................................................................................. 34
5.3.9. Disposição das mudas na área ........................................................ 35
5.4. Pragas .................................................................................................... 35
5.5. MIPD – Manejo Integrado de Plantas Daninhas .................................. 39
5.6. Colheita ................................................................................................. 41
5.6.1. Manejo da palhada ......................................................................... 42
5.7. Recomendações para aplicações ........................................................... 42
6. CRONOGRAMA ..................................................................................... 44
ORÇAMENTO ............................................................................................... 46
8
7. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 47
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Características físicas gerais para a cidade de Visconde do Rio Branco
- MG ............................................................................................................................... 16
Tabela 2 - Características Químicas Gerais dos solos de Visconde de Rio Branco
- Análise Representativa com dados médios de 6 análises de solo cedidos pela
EMATER - MG (Visconde do Rio Branco). .................................................................. 17
Tabela 3 - Variedades Recomendadas para a Região de Rio Branco - MG e as
respectivas Vantagens, Época de colheita e Ambiente de produção. ............................. 20
Tabela 4 - Variedades Recomendadas e suas respectivas características em
função das principais doenças que ocorrem n região de Visconde de Rio Branco -MG.21
Tabela 5 - Características de Produtividade e características inerentes às
variedades recomendadas ............................................................................................... 22
Tabela 6 - Cana Planta - Tabela para avaliação de doses de P e K em função da
produtividade esperada e da disponibilidade dos nutrientes - de acordo com a 5°
Aproximação. ................................................................................................................. 32
Tabela 7 - Cana Soca - Tabela para avaliação de doses de N, P e K em função
da produtividade esperada e da disponibilidade dos nutrientes - de acordo com a 5°
Aproximação, (1999). ..................................................................................................... 34
Tabela 8. Orçamento para implantação de 1ha de cana-de-açúcar na região de
Visconde do Rio Branco (Preços baseados em casa agropecuárias, mão de obra e
serviços da cidade).......................................................................................................... 46
Lista de Figuras
Figura 1- Catálogo completo para Variedade RB855453 ................................... 23
Figura 2 - Catálogo completo para Variedade RB 937570 ................................. 23
Figura 3 - Catálogo completo para Variedade RB83554 .................................... 24
Figura 4 - Catálogo completo para Variedade RB 855536 ................................. 24
Figura 5 - Catálogo completo para Variedade RB 867515 ................................. 25
Figura 6 - Catálogo completo para Variedade RB 928064 ................................. 25
Figura 7 - Catálogo completo para Variedade RB855453 .................................. 26
Figura 8 - Representação de sequência de processos para preparo do Solo. ...... 27
9
Figura 9 - Modelo de Caminhamento para coleta de Amostras de Solo. ........... 30
Figura 10 - Recomendação para distribuição de inimigo natural (Cotesia
flavipes) e forma de alocação de potes em plantas. ........................................................ 36
Figura 11 - Representação do dano de Broca-da-cana (Diatreia
saccharalis):Fonte: Canaonline ....................................................................................... 37
Figura 12 - Ataque de Cotésia sp. à Broca-da-Cana. Fonte: gebio.com.br ........ 37
Figura 13 - Detalhe de Praga: Cigarrinha (Mahanarva fimbriolata) .................. 38
Figura 14 - Detalhe de Espuma representando a presença de Cigarrinha
(Mahanarva fimbriolata) ................................................................................................. 39
Figura 15 - Cigarrinha sobre ataque de fungo Entomopatogênico (Metharizium
anisopliae). ...................................................................................................................... 39
Figura 16 - Cronograma geral das Operações de plantio do canavial (Figuras A e
B) .................................................................................................................................... 45
Lista de Equações
Equação 1 - Equação para Quantidade de Calcário a ser aplicado. .................... 30
Equação 2. Equação para quantidade de Calcário a ser aplicado(Dose final). ... 31
Equação 3 - Quantidade em quilos de adubo mineral (Q) a ser aplicado por
metro linear de sulco....................................................................................................... 32
Equação 4 - Quantidade em quilos de adubo (Q) (Cama de frango) a ser aplicado
por metro linear de sulco. ............................................................................................... 32
10
1. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA
A) Identificação da Proposta
Título: Manejo agronômico para melhoria de características produtivas e
econômicas de um canavial, destinado à produção de açúcar mascavo, na região
de Visconde do Rio Branco.
Proponente: Antônio Carlos de Oliveira Júnior
CPF: 105.953.936-59
Tel: (31) 99380-7170
Email: [email protected]
Formação: Graduando em Engenharia Agronômica
Cargo/função: Estudante
11
2. INTRODUÇÃO
A cidade de Visconde do Rio Branco, localizada na zona da mata mineira, mais
precisamente na microrregião de Ubá, traz em suas marcas sociais, culturais e
principalmente econômicas, a cultura da cana-de-açúcar. Essa característica se deve,
principalmente, pela presença de usinas de beneficiamento durante 112 anos (1885-
1997) na cidade (SIMONCINI, 2011), acarretando em uma ampla dependência da
população a esta cultura, e assim, fazendo-nos entender o porquê da presença deste
cultivo até os dias atuais.
Com a decadência das usinas, os produtores de cana, que ocupavam a grande
maioria do território rural da cidade de Visconde do Rio Branco, buscaram alternativas
de incremento na renda através do beneficiamento artesanal, surgindo então os
pequenos engenhos destinados a produção de açúcar mascavo, rapadura, melado e
cachaça.
Em um estudo informal feito pela Emater-VRB, constatou-se a presença de
aproximadamente 80 engenhos destinados a produção de pelo menos um dos produtos
citados acima, sendo que a maioria é caracterizada pela produção de açúcar mascavo
e/ou rapadura.
A produção de açúcar mascavo tem sido cada vez mais requisitada
principalmente por ser uma alternativa mais natural ao consumo do açúcar cristal
comum, que passa por processos químicos de branqueamento, além de todo apelo
bucólico que o produto carrega consigo, motivos de grande procura na atualidade. Por
outro lado, a renda do produtor fica aquém do desejado devido a vários fatores, como
por exemplo, a irregularidade das fábricas que acarreta na necessidade de atravessadores
para vendas, dado a dificuldade para entrada em mercados minimamente exigentes, a
falta de cunho comercial dos produtores, a dificuldade em aumentar o período de safra,
principalmente pela falta de planejamento dos canaviais, e por último a falta de
qualidade na produção da matéria prima, causando menor produtividade da lavoura e
consequentemente do produto final, além da redução de características qualitativas
desejáveis do açúcar como por exemplo, cor, textura, aroma, umidade, etc.
12
Claro que todos estes exemplos, são dados em linhas gerais, existindo exceções
ou mesmo alguns mais pontuais, porém, que levam a um pensamento comum, a
necessidade de apoio técnico nesta produção. A cidade conta com a Emater (Empresa de
Assistência Técnica e Extensão do Estado de Minas Gerais) que atualmente apresenta
um número reduzido de técnicos e poucas outras formas de assistência, que aliadas a
cultura conservacionista de alguns produtores, tornam-se necessários trabalhos como
este para geração de conhecimento que podem auxiliar de maneira direta o modo de
produção e a consequência financeira, ambiental e social desses atores tão importantes
para o município.
3. OBJETIVOS E METAS
Este projeto tem por objetivo a formação de uma base de recomendações e
geração de conhecimento sobre a várias etapas do manejo agronômico e gerencial de
uma lavoura de cana-de-açúcar, que têm por finalidade à produção de Açúcar Mascavo,
com foco na cidade Visconde do Rio Branco. Estas informações deverão servir de base
de conhecimento aos agricultores para tomada de decisões em seu manejo, fortalecendo
a produção e aumentando a eficiência econômica de todo o processo.
Para que isso seja possível, o trabalho foi dividido em estudo, desde a leitura de
livros, artigos, dissertações e boletins técnicos, orientações de professores com linhas de
pesquisas na área, conversas com profissionais e produtores que atuam neste cenário e
por último, a experiência própria obtida ao longo do acompanhamento da produção de
cana e açúcar mascavo da família.
O presente trabalho faz parte das exigências para obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo pela UFV – Universidade Federal de Viçosa. Além disso, este
projeto tem por objetivo atingir os produtores interessados da região, que através destas
informações e acompanhamento técnico poderão otimizar a produção de suas lavouras,
fortalecendo a economia microrregional. Logo após a apresentação acadêmica este
trabalho impresso será repassado à ARPRAM (Associação Riobranquense de
Produtores de Rapadura, Açúcar mascavo, Aguardente e Melado) e para os demais
produtores de cana e/ou açúcar mascavo. Caso seja pertinente, posteriormente em
parceria com órgãos competentes, estas informações poderão ser a base para um dia de
campo, que terá como intuito a demonstração técnica das recomendações aqui feitas.
13
4. REFERENCIAL TEÓRICO
A produção de cana destinada a açúcar mascavo ainda é muito pouco estudada, o
que pode ser entendido pelo fato deste tipo de produção ainda ser muito artesanal,
movimentar relativamente poucos empregos e capital financeiro, além de não ser uma
atividade com altos investimentos tecnológicos. Porém a realidade destes engenhos se
transforma, seja com a absorção natural de demandas em tecnologias, seja por
pensamentos diferentes de pessoas que entram nesse setor, ou mesmo pelos mais jovens
que assumem responsabilidade na produção, com mais liberdade de ideias.
A demanda por alimentos naturais e saudáveis é evidente. A demanda aumenta
visto a mudança de comportamento da população, motivados pelo maior acesso as
informações e escolarização, aumentando a consciência para a saúde, o que faz dessa
atividade um bom negócio atualmente e com perspectivas de um grande potencial. E
com a demanda crescente a necessidade de produção da matéria prima aumenta.
Segundo o censo agropecuário - IBGE (2006), a cidade produzia 15906 toneladas de
cana, com uma área de 350 hectares, sendo a cultura mais produzida na cidade.
Simoncini (2011) estudou a história, principalmente social, por trás da produção
alimentar da cidade, nos fazendo entender a evolução que moldou o cenário agrícola
atual, tendo em vista que a cidade foi ocupada durante 112 anos por usinas de açúcar e
álcool, inclusive sendo apelidada de “Princesinha dos Canaviais”, em função das
grandes áreas destinadas a lavouras de cana. Esta presença, segundo Simoncini (2011),
causou desequilíbrio financeiro muito grande entre as classes sociais na cidade.
Avaliando o cenário rural neste período até os dias atuais através do Censo demográfico
realizado pelo IBGE, observamos que em 1970 a cidade possuía 45% de sua população
no campo, visto que atualmente, 40 anos depois, no Censo realizado em 2010, essa
porcentagem caiu para 17%.
Essa história ligada a cana-de-açúcar nos faz entender, o porquê da existência
dessa produção até os dias atuais. Segundo Oliveira (2005), os produtores são
motivados a transformarem seus produtos para obtenção de maior vida útil e de
aumento do valor agregado, surgindo assim as agroindústrias familiares. Em Visconde
do Rio Branco não foi diferente, com o fechamento das usinas de cana da cidade, havia
muitos produtores ligados a esse meio, direto ou indiretamente, que buscaram a
14
continuidade neste negócio por meio de outras ações, surgindo assim as várias fábricas
de produção artesanal de açúcar mascavo, melado, cachaça e rapadura, tendo hoje, uma
importante participação no PIB agrícola da cidade e também na oferta de empregos para
as pessoas da zona rural.
Rojas (2007) realizou um importante estudo sobre os canais de distribuição que
a ARPRAM (Associação Riobranquense de Produtores de Rapadura, Açúcar mascavo,
Aguardente e Melado) atuava, constatando, de forma geral, quais eram os principais
atributos e problemas da associação, sendo um fator muito negativo levantado, a
dependência a atravessadores. O mercado evolui, porém, a exigência em qualidade,
higiene sanitária, preservação do ambiente, entre outros, evoluem ao mesmo passo,
fazendo com que estes produtores busquem informações em todos os âmbitos do seu
negócio. Assim podemos entender a necessidade de trabalhos como este que podem, de
alguma forma, fortalecer a sua produção e promover, mesmo de uma maneira pequena,
o desenvolvimento da agricultura, agroindústria, da agricultura familiar e
consequentemente da região como um todo.
4.2. A cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), apresenta a seguinte classificação
botânica, segundo Cronquist (1981):
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophita
Classe: Liliopsida
Ordem: Cyperales (Poales)
Família: Poacea
Tribo: Andropogonae
Subtribo: Saccharininae
Gênero: Saccaharum
A cana-de-açúcar é uma gramínea, assim como milho, sorgo e arroz por
exemplo, de ciclo semi-perene, que se desenvolve em touceiras, chegando em média a
3m de altura. Seus colmos possuem nós e entrenós que apresentam sucos açucarados.
Sua casca é rígida, lisa e cerosa.
O Brasil já em 1520, período colonial, possuía a produção de cana-de-açúcar,
que foi trazida pelos portugueses do território asiático. Nesta época iniciava-se a
produção de açúcar, sendo este o primeiro produto exportado pelo país (MORAES,
15
2007). Desde então o Brasil evolui muito na agroindústria açucareira, passando pela
revolução industrial e revolução verde até os dias atuais.
Segundo a Conab (2016), o Brasil deverá ter, na safra 2016/2017, uma área de
9,07 milhões de hectares destinados ao cultivo de cana-de-açúcar, que caso seja
confirmada, será a maior área colhida na história do Brasil, que é o maior produtor de
açúcar e etanol de cana do mundo, além de estar cada vez mais presente na produção de
biocombustíveis, de acordo com o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento). Ainda de acordo com a Conab (2016), o Brasil deve produzir para a
safra 2016/2017, 691 milhões de toneladas de cana com uma produtividade média no
Brasil de 76,15 toneladas, sendo que o Sudeste, região de interesse neste trabalho
apresenta média de 80 toneladas por hectare.
5. METODOLOGIA
5.1.Introdução
As recomendações feitas neste trabalho buscam a formação de uma base para
auxílio aos produtores de cana-de-açúcar destinada à produção de açúcar mascavo na
cidade de Visconde do Rio Branco e região. Para estas recomendações, serão utilizadas
informações que representam a maioria das áreas destinadas a este cultivo na região,
assim como outras características, que serão abordadas no tópico abaixo. É relevante
evidenciar que para cada situação existe uma forma de manejo mais apropriada,
ressaltando a importância de acompanhamento técnico para situações adversas. O
intuito deste trabalho é a introdução de uma ideia geral de manejo, já que as orientações
são feitas para um modelo apenas representativo e não real à condição de cada produtor.
5.2.Características do modelo
As recomendações aqui realizadas foram baseadas em um exemplo de modelo,
que representa a área produtiva da cidade. Para obtenção deste modelo, foram feitos
estudos de diferentes análises de solo de áreas da cidade. Além disso, a pluviosidade
descrita é a média dos últimos anos obtidas em medição, em estação meteorológica, na
Fazenda Floresta.
16
Características gerais - Modelo representativo
Cidade Visconde do Rio Branco
Estado MG
Altitude 352m
Latitude 21º 00' 37" S
Longitude 42º 50' 26" W
Pluviosidade 1200-1300mm
Uso atual do solo Pastagem (Brachiaria brizantha)
Uso pretendido Plantação de cana-de-açúcar
Ambiente de Produção B,C
Classificação do solo Latossolo vermelho-amarelo / Cambissolo
Textura predominante Argiloso
Relevo Suave ondulado
Profundidade Muito profundo
Saturação de bases Distrófico
Tabela 1 - Características físicas gerais para a cidade de Visconde do Rio Branco - MG
Características Químicas - Modelo representativo
pH (acidez) 4,5 - 5
Saturação por alumínio (m) Médio
Matéria Orgânica (MO) Baixo -médio
Saturação por bases (V) Baixo
Acidez trocável (Al3+) Médio
Fósforo (P) Muito baixo - baixo
Potássio (K) Baixo
Cálcio Trocável (Ca2+) Baixo
Magnésio (Mg2+) Baixo -médio
Enxofre Bom
17
Tabela 2 - Características Químicas Gerais dos solos de Visconde de Rio Branco - Análise
Representativa com dados médios de 6 análises de solo cedidos pela EMATER - MG (Visconde do Rio
Branco).
5.3.Plantio
O plantio é a etapa mais importante para o produtor de cana e por isso deve ser
feito com máximo de cuidados, pois é ele que garantirá a eficiência econômica e
produtiva do canavial. Um canavial nesta região, possui a média de 8 a 10 anos de vida,
caso esta etapa seja mal feita, a necessidade de reformas ou intervenções remediativas
podem encarecer a produção, ao passo de se tornar inviável financeiramente.
Atualmente existem várias tecnologias sendo lançadas afim de facilitar e reduzir
os custos desta operação, porém em sua maioria, ainda estão a nível de usinas e não
serão tratadas neste projeto. Para introdução de novas tecnologias aconselha-se o
acompanhamento de um técnico da área.
Nos itens abaixo, estará descrito todas as informações necessárias para
realização do plantio.
5.3.1. Planejamento da lavoura
Nesta etapa inicial deve-se definir quais e de que forma serão feitas as ações de
implantação e condução do canavial. Para se realizar um bom planejamento e evitar
futuros problemas é necessário a visão como um todo do sistema.
O primeiro passo é estabelecer a necessidade de produção. Abaixo segue um
exemplo apenas demonstrativo da necessidade de produção de matéria prima para
produção de 60 toneladas de açúcar mascavo.
Ex: Produção de 60 ton/ano de açúcar mascavo: na região se produz, na média,
90 kg de açúcar mascavo por tonelada de cana.
Assim, para produzir 60 toneladas de açúcar mascavo, deve-se ter 667 toneladas
de cana. Utilizando uma margem de segurança de 10%, é necessário ter 734 toneladas
de cana ao longo da safra. Para que esse montante seja distribuído diariamente no
engenho, deve-se realizar o planejamento da área a ser plantada e também da área
destinada a renovação. Sabendo-se que a cada safra o potencial produtivo do canavial
reduz, deve-se estabelecer uma área que sempre atenderá a produção de açúcar, sem a
necessidade da compra de terceiros.
18
Para que essa produção seja processada durante uma safra maior deve-se realizar
o plantio de variedades com picos de maturação diferentes, alternando pelo menos 3
variedades com ciclos precoce (abril/maio/julho), médio (julho/agosto/setembro) e
tardio (Outubro/novembro).
Neste trabalho recomenda-se o plantio de cana de ano e meio, que apresenta uma
produção maior em primeiro corte, entrenós mais longos, melhor teor de sacarose e boa
adaptabilidade ao regime chuvoso da região. Abaixo todas as épocas de plantio:
Cana de ano: Plantada em outubro ou novembro, esta cana vegeta por pouco
tempo no campo, entrando rapidamente em processo de maturação (7 meses), mas pode
ser utilizada como forma de escalonar o capital investido no plantio.
Cana de ano e meio: Também conhecida como cana de 18 meses, por levar em
média esse tempo do plantio a colheita, esta cana é plantada nos meses de fevereiro e
março. Plantada nesta época, ela fica mais tempo no campo, produzindo mais TCH
(Toneladas de Cana por Hectare) e também mais ATR (Açúcares Totais Recuperáveis).
Além disso, ela enfrenta o período seco com a planta ainda pequena, evitando o efeito
de encurtamento do entrenó.
Cana de inverno: Cana plantada em junho, julho ou agosto com uso de
fertirrigação. Em 12 meses está pronta para a colheita, porém ainda com produtividade
menor que a de ano e meio.
5.3.2. Variedades
O manejo varietal, quando bem realizado, garante boa parte do sucesso de
uma lavoura canavieira. Como a cana-de-açúcar é uma espécie semi-perene, não
havendo a necessidade de renovação anual, essa etapa garante que não haja
necessidade de intervenções maiores ao longo de toda a vida do canavial, reduzindo
com isso, o custo de produção.
O melhoramento genético de cana-de-açúcar é extremamente dinâmico,
sempre evoluindo em busca de variedades produtivas e com ampla faixa de
resistência a patógenos. A escolha da variedade deve ser de acordo com a finalidade
de uso, características climáticas, ocorrência de doenças e pragas na região e
escalamento da colheita de acordo com a época de plantio.
19
Como há a necessidade e a estratégia de se produzir açúcar mascavo durante
o maior tempo possível, a escolha de variedades que apresentam diferentes épocas
de maturação é fundamental para o sucesso do negócio.
A RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento
Sucroenergético), na região representado pelo PMGCA-UFV (Programa de
Melhoramento Genético de Cana-de-Açúcar da Universidade Federal de Viçosa),
realiza pesquisa e desenvolve novas variedades cada vez mais eficientes (RIDESA
2015).
Nas tabelas abaixo (Tabelas 3, 4 e 5) estão apresentadas as variedades
recomendadas para a região, com a finalidade de produção de açúcar mascavo, além
de demonstrar características importantes inerentes a cada variedade.
20
Ambiente de produção
Colheita
Variedades Vantagem A B C D Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
RB 85 5453 Rica, precoce
RB 93 7570 Produtividade
RB 83 5054 Alta densidade e sacarose
RB 85 5536 Soqueira, produtividade
RB 86 7515 Produtividade
RB 97 5201 Produtividade
RB 92 8064 Final de safra
Tabela 3 - Variedades Recomendadas para a Região de Visconde do Rio Branco - MG e as respectivas Vantagens, Época de colheita e Ambiente de produção. no
quadro de colheita o Verde = Mais apropriado e Amarelo = tolerável.
21
Tabela 4 - Variedades Recomendadas e suas respectivas características em função das principais doenças que ocorrem na região de Visconde de Rio Branco -
MG.
Doenças
Variedades Carvão Ferr. Marron Estrias verm. Mosaico Escaldadura Broca/Podridões
RB 85 5453 Resistente Resistente Resistente Resistente Resistente Tolerante
RB 93 7570 Tolerante Resistente Tolerante Susceptível Resistente Tolerante
RB 83 5054 Resistente Resistente Resistente Resistente Resistente Resistente
RB 85 5536 Resistente Resistente Resistente Resistente Resistente Tolerante
RB 86 7515 Tolerante Resistente Susceptível Tolerante Tolerante Tolerante
RB 97 5201 Resistente Resistente Resistente Resistente Resistente Tolerante
RB 92 8064 Resistente Resistente Resistente Resistente Tolerante Tolerante
22
Características importantes
Perfilhamento² Brotação soca³
Variedades Produtividade¹ Planta Soca Queimada Crua Chochamento Despalha % sacarose Fechamento Sens. Herbicidas
RB 85 5453 Alta Alto Alto Ótima Ótima Médio Média Alto Bom Baixa
RB 93 7570 Alta Médio Alto Ótima Boa Pouco Média Alto Bom Baixa
RB 83 5054 Alta Médio Médio Boa Boa Ausente Fácil Alto Médio Baixa
RB 85 5536 Alta Alto Alto Ótima Ótima Ausente Fácil Alto Excelente Média
RB 86 7515 Alta Médio Médio Ótima Ótima Médio Média Médio Bom Baixa
RB 97 5201 Alta Alto Alto Ótima Ótima Ausente Fácil Alto Excelente Baixa
RB 92 8064 Alta Alto Alto Ótima Boa Ausente Média Médio Bom Baixa
Tabela 5 - Características de Produtividade e características inerentes às variedades recomendadas.
23
Figura 1- Catálogo completo para Variedade RB855453
Figura 2 - Catálogo completo para Variedade RB 937570
24
Figura 3 - Catálogo completo para Variedade RB835054
Figura 4 - Catálogo completo para Variedade RB 855536
25
Figura 5 - Catálogo completo para Variedade RB 867515
Figura 6 - Catálogo completo para Variedade RB 928064
26
Figura 7 - Catálogo completo para Variedade RB975201.
5.3.3. Limpeza da área
A limpeza inicial da área deve ser realizada com antecedência. Uma boa limpeza
evitará problemas posteriores, com a cultura já implantada. Em áreas que não está em
uso de canaviais, como é o caso aqui tratado, recomenda-se a limpeza com o uso de
herbicidas para a dessecação da área. Caso haja presença de tocos, arbustos ou restos
culturais, deve ser realizado a retirada deste material da área.
A dessecação deve ocorrer em antecedência ao preparo do solo com a seguinte
recomendação:
Aplicar a dose de 4l de Round Up original + 1l de DMA 806 BR por hectare.
Aplicar em área total, com uso de maquinário apropriado (pulverizador de
arrasto) ou Pulverizador costal.
Seguir as orientações para aplicações de agroquímicos como descrito no item
5.7.
27
5.3.4. Espaçamento
Como a colheita feita na região é manual, o espaçamento pode ser reduzido em
relação a usinas de corte mecanizado.
Para o ambiente de produção base para esta recomendação, orienta-se espaçar os
sulcos de 0,9m a 1,20m.
*Este espaçamento pode variar de acordo com a variedade (fechamento rápido de
entrelinha, nível de perfilhamento, exigência nutricional), pela disponibilidade de
maquinário ou pelo ambiente de produção específico.
5.3.5. Preparo de solo
O preparo do solo deve ser intercalado ao processo de correção. Como o
processo de correção pela calagem será feita próxima ao plantio, o preparo deve ser
realizado poucos dias antes do mesmo, como demonstrado na tabela 16 de cronograma.
Isso evitará maiores perdas de solo, ocasionando problema físicos como erosões, perda
de nutrientes, processos de assoreamento de córregos, entre outros.
Assim, as operações de preparos devem seguir a seguinte ordem:
Figura 8 - Representação de sequência de processos para preparo do Solo.
Essas etapas irão favorecer a incorporação do gesso, que atua em camadas mais
profundas, e do calcário, otimizando sua ação no solo, como visto no item 5.3.7.2.
Profundidades ideais para o preparo, segundo Santos & Borém (2013):
A aração e a gradagem devem ser feitas na profundidade de 0-35 cm;
O sulco de plantio deve ter a profundidade de 20-30cm;
A cobertura do sulco com o solo deve ter de 5 a 8cm;
5.3.6. Controle de cupins e formigas
Formigas: O controle de formigas deve iniciar algumas semanas antes do plantio, como
visto em cronograma (tabela 16), e continuar até o crescimento pleno do canavial.
Importante ressaltar que formigueiros de terrenos vizinhos também devem ser
Gessagem Aração calagem Gradagem Sulcagem
28
destruídos, visto que a formiga é uma importante praga da cana, podendo ocasionar
sérios prejuízos. Para o seu controle recomenda-se o uso de MIREX-S MAX, sendo as
seguintes dosagens:
Saúva limão (Atta sexdens rubropilosa), Saúva Cabeça de Vidro (Atta
laevigata), Saúva Mata Pasto (Atta bisphaerica) e Saúva Parda (Atta
capiguara) - 8 g de produto por m2 de terra de solta;
Quenquéns (Acromyrmex subterraneus molestans e Acromyrmex crassispinus)
- 8 a 10 g de produto por formigueiro.
E a seguintes orientações a serem seguidas:
Aplique o produto diretamente da embalagem, sem contato manual.
Não aplique em dias chuvosos, com ameaça de chuvas ou em solos úmidos. A
umidade pode prejudicar o transporte da isca para o interior do formigueiro.
Armazene o produto em lugar seco, ventilado e coberto, evitando o contato
direto com o piso.
Não transporte ou armazene as iscas junto com outros produtos químicos
(inseticidas, combustíveis, etc.), para não prejudicar sua atratividade.
Mantenha o produto em sua embalagem original, fechada.
Não aplique outros inseticidas e/ou formicidas simultaneamente na mesma área
onde o produto foi aplicado.
Cupins: O cupim é uma importante praga da cana pois promove a destruição das
brotações novas e raízes após o plantio, ocasionando perdas e falhas na lavoura. Para
saber se há a presença de cupins na área recomenda-se o seguinte procedimento:
Plantar toletes aleatoriamente, um mês antes do plantio, em algumas covas no decorrer
da área. Logo após sua brotação deve se fazer o arranquio de toda a touceira e
observado se houve danos ou se há a presença de cupins.
Quando em presença de danos e/ou mesmo do inseto, deve-se realizar o
controle no ato do plantio, pulverizando o inseticida de no comercial Regent 800WG
(fipronil), na dose de 200 a 250g por hectare, em toda a linha de plantio sobre os
toletes.
5.3.7. Programa de correção e adubação do solo
Esta etapa deve ter acompanhamento técnico afim de explorar todo o potencial
do solo. O programa de adubação está descrito nos itens abaixo.
29
5.3.7.1.Coleta de amostras de solo
Os insumos aplicados para correção e adubação do solo, devem ser calculados a
partir do resultado de uma análise do mesmo, podendo assim otimizar a nutrição da
cana-de-açúcar, aplicando a quantidade necessária ao seu pleno desenvolvimento e
garantir que não seja aplicado excessos, o que acarretaria em custos elevados
desnecessários, implicando nos custos de produção.
Para que haja tempo suficiente de realizar a análise, a interpretação e a compra
de insumos, a amostragem deve ser realizada pelo menos 3 meses antes do plantio.
Segue listados os passos para se realizar a amostragem do solo, e assim obter
uma amostra representativa e precisa da área de cultivo.
Separar a área em talhões homogêneos. Cada talhão, dentro das
possibilidades, deve ter as mesmas condições de:
Relevo: separar encostas de baixadas, por exemplo;
Tipo de solo: Separar por textura, cores diferentes, etc;
Vegetação: separar áreas com vegetações distintas;
Manejo: áreas que sofreram manejos distintos, por exemplo
adubação ou calagem, devem ser separadas;
Separar os materiais:
Uma destas ferramentas: Trado, sonda, marreta, pá reta, enxadão
ou enxada;
Balde;
Sacos plásticos limpos;
Etiquetas de identificação.
Prancheta.
* Todas ferramentas devem ser higienizadas antecipadamente.
Proceder a amostragem retirando o solo no perfil de 0 a 20cm;
Deve-se retirar de 10 a 15 amostras simples em cada talhão, misturando-
as e homogeneizando-as no balde, que ao final formará apenas uma
amostra composta de 300g. Esta amostra final deve ser devidamente
identificada com: nome ou número do local e profundidade;
As amostras simples devem ser retiradas em zigue-zague ao longo de
toda a área, como mostra a figura 9:
30
Figura 9 - Modelo de Caminhamento para coleta de Amostras de Solo em cada talhão.
(Aleatório)
Enviar ao laboratório certificado mais próximo, logo após a amostragem.
5.3.7.2. Calagem e Gessagem
Com o resultado da análise em mãos é possível quantificar a necessidade de
insumos necessários para a nutrição da cana-de-açúcar e as devidas correções do solo. A
calagem é uma ação extremamente necessária, visto que este insumo é capaz de
eliminar a toxidez por alumínio, fornecer cálcio e magnésio, muito exigidos pela cana e
elevar o pH a níveis ideais, otimizando a produção.
Para obtermos a QC (quantidade de calcário) a ser utilizada na aplicação deve -
se calcular, segundo Raij et al. (1996) a seguinte equação:
Equação 1 - Equação para Quantidade de Calcário a ser aplicado.
( )
Sendo: QC = Quantidade de Calcário, dada em t há-1
; Ve = Saturação por bases
atual do solo, dada em %; Va = Saturação por bases esperada, dada em %; T = CTC
(Capacidade de troca catiônica) a pH 7, dada em cmol/dm3; PRNT = Poder Relativo de
Neutralização Total, dado em %.
Va é o valor desejado de saturação de bases, sendo que para a cana-de-açúcar
tem sido recomendado a utilização de Va = 60%.
O valor do PRNT é dado junto ao produto que será adquirido, sendo
recomendado o uso de Calcário Dolomítico com PRNT > 80.
31
Estudos conduzidos por Silveira et al. (2016), mostraram que para alcançar o
valor de saturação por bases desejado foi necessário dobrar a dose encontrada na
equação acima, sendo que Ernani & Almeida (1986) também verificaram que este
método subestima, demasiadamente, a necessidade de calcário, justificando assim o uso
do dobro desta dose encontrada. Ou seja, para cálculo final deve-se resolver a seguinte
equação:
Equação 2. Equação para quantidade de Calcário a ser aplicado (Dose final).
A gesso agrícola, quase nunca utilizado na região, é um importante insumo que
deve ser utilizado, quando necessário, afim de promover o fornecimento de Ca e S e
reduzir a saturação por alumínio, favorecendo o aprofundamento das raízes. Importante
ressaltar que o gesso agrícola não neutraliza a acidez do solo, porém reduz os valores de
alumínio, propiciando melhor ambiente para as raízes.
Para este projeto, recomenda-se a utilização de 25% da quantidade de calcário
total utilizado.
A aplicação deve ser feita anteriormente à aração, como mostrado no item 5.3.5.
Tanto a calagem, quanto a gessagem serão feitos apenas na fase de preparo do
solo para o plantio.
5.3.7.3.Cana Planta
A aplicação de fertilizantes no plantio das mudas, deve ser realizado de forma
localizada, no sulco de plantio. Esta operação deve ser realizada juntamente a
disposição dos colmos pelo sulco, assim recomenda-se a aplicação em áreas menores
completando todas as etapas (adubação, disposição dos colmos e corte dos colmos) até
o cobrimento do sulco, evitando problemas de volatilização (quando em uso de fontes
amoniacais) e/ou perda de umidade da cana.
A aplicação deve ser feita em apenas uma parcela, no momento do plantio.
A produtividade esperada que será utilizada como base para recomendação, para
a primeira colheita é de 120 toneladas por hectare ou mais.
Assim, visto a produtividade esperada e as características do modelo (item 5.2.)
que representa as áreas da região, e adequação de 70% de adubação mineral e 30% de
adubação com cama de frango, recomenda-se:
32
Adubação Mineral: Aplicar 500 kg da formulação 00-20-20 por hectare.
Para facilidade de operação deve-se realizar a seguinte conta para
cálculo da quantidade de adubo por metro de sulco:
Equação 3 - Quantidade em quilos de adubo mineral (Q) a ser aplicado por metro linear de
sulco.
( ) ( )
O resultado desta expressão será a quantidade em quilogramas de adubo que
deve ser aplicado em 1m de sulco, assim recomenda-se o uso de um pote de plástico
qualquer que caiba exatamente a medida para 5m de sulco, facilitando a operação de
adubação.
Ex: Para espaçamento de 1,1m:
Q = 500 / (10000/1,1)
Q = 500/9091
Q = 0,055 kg/m ou 55 g/m
Em casos mais específicos onde o solo apresenta níveis maiores de P e/ou K,
recomenda-se o uso da tabela abaixo, além de orientação técnica.
Tabela 6 - Cana Planta - Tabela para avaliação de doses de P e K em função da produtividade
esperada e da disponibilidade dos nutrientes - de acordo com a 5° Aproximação.
Cama de frango: Aplicar 3660kg de cama de frango o mais seca e
triturada possível.
Para facilidade de operação deve-se realizar a seguinte conta
para cálculo da quantidade de adubo por metro de sulco:
Equação 4 - Quantidade em quilos de adubo (Q) (Cama de frango) a ser aplicado por metro
linear de sulco.
( ) ( )
33
O resultado desta expressão será a quantidade em quilogramas de cama de
frango que deve ter em 1m de sulco, assim recomenda-se a calibração da quantidade
certa a se jogar por metro, de acordo com o método de aplicação.
Ex: Para espaçamento de 1,1m:
( ) ( )
ou
5.3.7.4.Cana soca
Na cana soca, o adubo deve ser aplicado ao lado da linha de plantio (10 a 20cm),
sendo que em áreas declivosas o adubo deve ser alocado na parte superior da linha. A
adubação de soca será feita da seguinte forma:
2° e 3° corte: Adubação mineral
Aplicar 530kg/há do formulado 18-00-27.
Ex: Espaçamento de 1,1m, deve-se aplicar 58g por metro de linha.
4° corte: Adubação mineral + cama de frango
Aplicar 260kg/ do formulado 18-00-27 + 3800kg de cama de frango
Ex: Espaçamento de 1,1m, deve-se aplicar 29g do formulado + 420g de
cama de frango por metro linear.
5° corte: adubação mineral
Aplicar 530kg/há do formulado 18-00-27.
Ex: Espaçamento de 1,1m, deve-se aplicar 58g por metro de linha.
6° corte: Adubação mineral + cama de frango
Aplicar 260kg/ do formulado 18-00-27 + 3800kg de cama de frango
Ex: Espaçamento de 1,1m, deve-se aplicar 29g do formulado + 420g de cama de
frango por metro linear.
7° corte: Adubação mineral
34
Aplicar 400kg/há de formulado 18-00-27
Tabela 7 - Cana Soca - Tabela para avaliação de doses de N, P e K em função da
produtividade esperada e da disponibilidade dos nutrientes - de acordo com a 5° Aproximação, (1999).
* Considerações sobre a cama de frango: A cama de frango é um excelente
componente para melhoria da qualidade química, física e biológica do solo. Sua
utilização, quando feita de forma correta, traz benefícios à produção de uma maneira
geral. Alguns produtores relatam problemas na produção de açúcar mascavo quando em
utilização da cama de frango na matéria prima. Isso se explica por alguns fatores, dentre
os mais importantes está a redução do ATR (Açúcares totais recuperados) pela redução
da relação C/N, ou seja, a produção de sacarose é desfavorecida fisiologicamente, em
decorrência da maior presença de Nitrogênio. Este problema ocorre principalmente pela
utilização de forma exacerbada de cama de frango por hectare, sendo necessário o ajuste
entre a adubação química e a orgânica com este componente, como recomendado acima.
5.3.8. Mudas
Como relatado neste trabalho, o plantio é a etapa mais importante dentre todas as
operações. Sendo assim, as escolhas das mudas devem ser feitas com cuidado. Abaixo
segue algumas recomendações gerais para a aquisição e manejo de mudas:
Para o plantio de 1 hectare são necessárias de 12 a 14 toneladas de muda;
O corte das mudas deve ser mais cuidadoso, evitando danos mecânico as
gemas presentes no colmo, principalmente evitando a limpeza da
palhada;
Ideal a aquisição de mudas de primeiro corte;
Cana planta de ano e meio devem ser colhidas com 10 a 13 meses;
As mudas devem ser colhidas e plantadas no menor espaço de tempo.
35
5.3.9. Disposição das mudas na área
A disposição das mudas no plantio deve seguir algumas recomendações, sendo
estas listadas abaixo:
Realizar o plantio após a correção do solo;
Distribuir funções para otimização do trabalho;
Realizar o plantio após a adubação feita no sulco, como descrito no item
5.3.7.1.
Espaçar as mudas na área de plantio de forma a facilitar a disposição dos
colmos no sulco;
Deve-se colocar duas canas lado a lado no sulco, sendo que as duas
devem estar em sentidos contrários (Pé com ponta);
Deve haver pelo menos 12 gemas (nós) por metro de sulco;
Após dispostas no sulco deve-se realizar o corte dos colmos, deixando 3
nós (gemas) em pedaços inteiros. Este corte deve ser realizado no
entrenó.
Realizar a aplicação do cupinicida como recomendado no item 5.3.6.;
Cobrir os toletes com 5 a 7cm de solo, realizando uma compactação com
os pés;
Deve-se fazer todas as etapas em áreas menores, para maior rapidez de
cobrimento dos colmos, evitando a perda de umidade dos mesmos;
5.4. Pragas
As duas pragas mais importantes, além das duas citadas no item 5.3.6., são a
Broca-da-cana (Diatraea saccharalis) e a cigarrinha das raízes (Mahanarva
fimbriolata).
Sendo assim segue as orientações acerca de cada uma destas pragas:
Broca-da-cana: As mariposas (fase adulta da broca) depositam seus ovos nas
folhas da cana-de-açúcar que logo após a eclosão as larvas começam a se alimentar
destas folhas, passando em um próximo passo a perfurar o colmo abrindo galerias, que
abrem espaço para a penetração do fungo que causa a podridão vermelha do colmo. Esta
36
podridão, muito ocorrida nos canaviais da região, provoca uma inversão da sacarose e
contaminações na fermentação alcoólica Silveira et al (2016), reduzindo a eficiência
produtiva e causando problemas na obtenção do açúcar mascavo.
Tomada de decisão para controle: deve ser amostrada 5 pontos por talhão, sendo
que em cada ponto deve ser avaliado 30 canas. Caso haja 5% ou mais de infestação,
deve controlar.
Controle: Visto a necessidade de controle, ele é realizado de forma biológica a
partir da liberação de vespas que parasitam a broca e levam a sua redução.
Deve-se soltar 6000 adultos ou 4 copinhos do inimigo natural Cotesia Flavipes,
por hectare. A liberação destas vespas deve-se ser feita por toda a área de forma
homogênea, como exemplifica a figura abaixo.
Figura 10 - Recomendação para distribuição de inimigo natural (Cotesia flavipes) e forma de
alocação de potes em plantas.
Abaixo segue a imagem do inseto e de seu dano principal (Figura 11) e do
inimigo natural realizando o parasitismo (Figura 12):
37
Figura 11 - Representação do dano de Broca-da-cana (Diatreia saccharalis): Fonte:
Canaonline
Figura 12 - Ataque de Cotésia sp. à Broca-da-Cana. Fonte: gebio.com.br
Cigarrinha das raízes: Muito encontrada na região, a cigarrinha pode ser
encontrada na base dos perfilhos, onde há a presença de espumas junto ao solo. Em sua
fase jovem, as cigarrinhas se aderem as radicelas e ao coleto e sugam a seiva da planta,
ocasionando alguns sintomas descritos abaixo:
Manchas amareladas seguidas de manchas avermelhadas que
posteriormente secam as folhas;
38
Redução do tamanho e diâmetro dos entrenós, que podem ficar mais
curtos e fibrosos;
Fluxo de água e nutrientes na planta reduz a ponto de matar as raízes;
Possibilidade de afinamentos dos colmos, que ficam ocos e
posteriormente apresentam rugas em sua superfície;
Aparecimento de raízes laterais e brotações.
Tomada de decisão para controle: Deve-se amostrar 4 pontos por talhão, sendo que em
cada ponto deve ser avaliado 2,5m lineares, observando a presença de espuma (ninfa) na
base dos perfilhos ou se há a presença do adulto nos colmos, caso haja 4 ou mais ninfas
na base e/ou 1 adulto por cana deve-se realizar o controle.
Controle: Controle biológico a partir da aplicação via bomba costal do fungo
Metharizium anisopliae. As orientações quanto a aplicação é dada pelos fornecedores.
Abaixo segue as imagens de identificação da cigarrinha e também da ação do
fungo indicado ao controle.
Figura 13 - Detalhe de Praga: Cigarrinha (Mahanarva fimbriolata)
39
Figura 14 - Detalhe de Espuma representando a presença de Cigarrinha (Mahanarva
fimbriolata)
Figura 15 - Cigarrinha sobre ataque de fungo Entomopatogênico (Metharizium anisopliae).
5.5. MIPD – Manejo Integrado de Plantas Daninhas
O manejo integrado de plantas daninhas para a cultura da cana de açúcar é
fundamental a maior eficiência quantitativa e qualitativa da produção. A ideia principal
de se realizar um manejo integrado é reduzir as populações de espécies não desejadas na
área a níveis que não apresentarão interferência significativa, ou seja, manejar, seja com
controle químico, manual ou mesmo cultural, de forma que o gasto com a aplicação não
seja maior do que as perdas ocorrentes.
A primeira etapa a ser feita é a identificação das principais espécies infestantes
que ocorrem na área. Após isso feito, é necessário saber algumas características
importantes, como, por exemplo, se ocorre a presença de espécies de propagação
vegetativa, caso ocorra em grande número, o uso de cultivadora deve ser descartado e
40
qual a velocidade de fechamento da variedade escolhida, que influenciará diretamente
no período que a cana-de-açúcar mais sofrerá por interferência.
O controle de plantas daninhas pode ser manual, químico, mecânico ou cultural.
O controle cultural acontece na escolha da variedade, que apresenta diferentes
velocidade de fechamento, na escolha do espaçamento, que também irá influenciar no
fechamento do dossel foliar reduzindo a entrada de luz e assim dificultando o
crescimento de plantas daninhas na rua, além do manejo de palhada, que quando
enleirada nas ruas de cultivo impede a passagem de luz e impedem o crescimento.
O controle mecânico é feito quando a possibilidade de entrada de maquinário,
dado pela altura das plantas e pelo espaçamento utilizado. Em locais onde se faz uso de
motocanas carregadeiras, recomenda-se realizar a operação de quebra-lombo, que além
de reduzir a ondulação do terreno e facilitar o trânsito do maquinário no canavial irá
controlar as daninhas presentes. Esta etapa é complementada pela capina manual nas
linhas de cultivo e só é recomendada onde não ocorre, ou ocorre em baixíssimas
quantidades, espécies de propagação vegetativa como a tiririca (Cyperus rotundus) por
exemplo.
O controle manual é recomendado em pequenas áreas onde há mão-de-obra e
não ocorre a presença de plantas daninhas com propagação vegetativa.
O controle químico por meio de herbicidas é muito utilizado. Sua aplicação deve
ser feita de acordo com as recomendações feitas no item 5.7. Sua eficiência depende da
época correta de aplicação, tipo de herbicida utilizado e de condições climáticas como
vento, umidade relativa do ar e do solo, dentre outros. As aplicações devem ocorrer com
as daninha ainda jovens, caso eles atinjam o estádio adulto, ocorrerá semeadura natural
e o herbicida não será tão eficaz.
Para cada situação a cana-de-açúcar possui um período crítico de mato-
competição específico, podendo variar de acordo com alguns manejos mais específico.
Neste período, especialmente, o canavial deve estar livre da presença de daninhas.
Cana de ano: O período crítico de mato-competição ocorre entre 30 e 90 dias
após o plantio, ou seja, nesse período caso haja a presença de ervas daninhas estará
ocorrendo competição.
Cana de ano e meio: o período crítico de mato-competição é do plantio até o
final do mês de abril, e de 30 a 90 dias após o início do período chuvoso.
41
Cana soca: o período crítico de mato-competição é de 30 a 60 dias após o corte.
Abaixo segue alguns possíveis herbicidas a serem utilizados. As recomendações
são específicas e por isso deve haver acompanhamento técnico.
Composição: Diuron + Hexazinona
Nomes comerciais: Demolidor BR, Velpar K, Nortox, Hexazinona-D
Nortox
Características: Aplicado em cana planta ou cana soca, em pré ou pós
emergência. Apresentam ampla gama de controle.
Composição: MSMA
Nomes comerciais: Volcane, Daconate, Dessecan
Características: Recomendado para pós emergência quando a planta
daninha apresentar crescimento elevado. Deve ser realizada em jato
dirigido, caso contrário pode causar fitotoxidade a cana-de-açúcar. Eficaz
no controle de gramíneas, podendo ser utilizado em tiriricas, quando
estas apresentarem 4 a 8 folhas.
5.6.Colheita
A colheita realizada na região atualmente é dividida basicamente em duas
formas: Corte + carregamento manual e corte manual + carregamento mecanizado.
Nas áreas onde todas as etapas são manuais, problemas com compactação do
solo, que causa impedimento físico ao crescimento de raízes, são reduzidos,
possibilitando assim o aumento da vida útil dos canaviais e menores gastos com tratos
culturais.
Com os problemas da baixa disponibilidade de mão-de-obra e a desmotivação
em se realizar o carregamento manual, a região começa a mecanizar esta etapa,
passando a haver a necessidade de cuidados para que não haja pisoteamento excessivo
da soqueira.
Segue abaixo, recomendações de colheita:
42
A colheita deve ter sido planejada desde o início, com um escalonamento
ideal, para que não falte cana na safra e que o tempo de safra seja
expandido.
O corte deve ser realizado no momento ideal de maturação de cada
variedade, como indicado na tabela 3, assim a produção de açúcar não
sofrerá por falta de sacarose.
O corte do colmo deve ser realizado mais rente ao solo possível;
A cana cortada deve ser processada em no máximo 48h;
Em caso de colheitas fora de época, deve-se retirar uma ponta maior e
destiná-la ao gado. Esta parte do colmo pode afetar a produção de açúcar.
Antes de colher, retirar uma amostra, realizar a moagem e medir o teor
de sacarose apresentado. Canaviais com valores menores que 18 não
devem ser colhidos.
Caso a cana passe do tempo de colher (“cana bizada”), ela afetará a
produção da próxima safra de forma significativa.
5.6.1. Manejo da palhada
O corte da cana crua deixa muita palha no canavial, sendo necessário seu manejo
afim de evitar impedimento físico ao crescimento da cana soca. Como alternativa de
renda pode-se vender ou utilizar na propriedade as ponteiras, ainda “frescas”, para a
alimentação bovina.
A palhada deve ser enleirada nas entrelinhas do canavial, deixando a linha para o
livre crescimento da brotação, servindo como impedimento físico para o crescimento de
plantas daninhas e como fonte de nutrientes e matéria orgânica.
5.7. Recomendações para aplicações
O uso de forma correta dos defensivos agrícolas é essencial para que haja a
máxima eficiência do produto, utilizando melhor o capital investido nas aplicações, e
ainda mais importante, proteger a saúde do aplicador.
Para que não haja perigos a saúde com boas técnicas de aplicação, segue abaixo
algumas recomendações:
43
Regular o implemento utilizado, seguindo orientação técnica, seja ele
motorizado ou não. Deve-se ajustar a dose total para capacidade do
tanque ou bomba; utilizar bicos de pulverização adequados; utilizar
válvula de pressão;
Usar a dosagem correta para evitar desperdícios ou quantidades
insuficientes e para não contaminar o solo;
Usar água limpa e de boa qualidade na preparação da calda do herbicida;
Misturar bem o produto, antes da aplicação;
Evitar a aplicação em dias com ventos fortes, com solo muito seco ou
encharcado;
Não reaproveitar as embalagens vazias, devendo estas serem destinadas
para locais de coleta adequado;
Não jogar os restos de produtos em córregos e rios;
Guardar o produto em embalagem própria, com rótulo, em lugar seco,
ventilado e bem visível, fora do alcance de crianças e animais;
O aplicador deve estar utilizando EPI completo no momento da
preparação da calda e na aplicação, sendo este EPI colocado e retirado de
forma correta e lavado em local apropriado;
Após a aplicação, o aplicador deve tomar banho, lavando bem as mãos
com sabão.
44
6. CRONOGRAMA
A
45
Figura 16 - Cronograma geral das Operações de plantio do canavial (Figuras A e B)
B
46
ORÇAMENTO
Tabela 8. Orçamento para implantação de 1ha de cana-de-açúcar na região de Visconde do Rio
Branco (Preços baseados em casa agropecuárias, mão de obra e serviços da cidade)
1-Insumos Unidade Quantidade Preço Unitário (R$) Total(R$) Peso
Calcário ton 5 150,00R$ 750,00R$ 14%
Gesso agrícola ton 1,3 120,00R$ 156,00R$ 3%
Formicida Mirex kg 1 10,00R$ 10,00R$ 0%
Cupinicida Regent 800 WG kg 0,3 420,00R$ 126,00R$ 2%
Adubo 00-20-20 1sc (50kg) 13,75 70,00R$ 962,50R$ 18%
Cama de frango ton 3,66 120,00R$ 439,20R$ 8%
Herbicida Round up Original l 1 25,00R$ 25,00R$ 0%
Herbicida DMA 800 BR Unid 1 75,00R$ 75,00R$ 1%
Mudas ton 13 200,00R$ 2.600,00R$ 48%
Herbicida Demolidor BR kg 3 60,00R$ 180,00R$ 3%
Outros Unid 3 30,00R$ 90,00R$ 2%
Total 5.413,70R$ 100%
2. Mão de Obra e serviços Unidade Quantidade Preço Unitário (R$) Total(R$) Peso
Limpeza da área Dia/homem 2 60,00R$ 120,00R$ 3%
Controle de formigas Dia/homem 6 60,00R$ 360,00R$ 9%
Gessagem hora/M 1,5 90,00R$ 135,00R$ 3%
aração hora/M 4 90,00R$ 360,00R$ 9%
calagem hora/M 2 90,00R$ 180,00R$ 5%
gradagem hora/M 3 90,00R$ 270,00R$ 7%
Abertura de sulcos hora/M 3 90,00R$ 270,00R$ 7%
Transporte das mudas hora/M 1 300,00R$ 300,00R$ 8%
adubação Dia/homem 2 60,00R$ 120,00R$ 3%
plantio Dia/homem 8 60,00R$ 480,00R$ 12%
aplicação cupinicida Dia/homem 1 60,00R$ 60,00R$ 2%
aplicação herbicida Dia/homem 2 60,00R$ 120,00R$ 3%
colheita e carregamento da muda Dia/homem 8 60,00R$ 480,00R$ 12%
Transporte de cana hora/M 10 22,00R$ 220,00R$ 6%
Enleiramento Dia/homem 1,5 60,00R$ 90,00R$ 2%
Outros unid 5 60,00R$ 300,00R$ 8%
Total 3.865,00R$ 100%
Custo de Implantação de um canavial em 1 há
Total 9.278,70R$
47
7. REFERÊNCIAS
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