UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA
CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA RURAL
FERNANDA JACKELINE APARECIDA DE PAULO NONATO
A CARTA DA TERRA NO MEIO RURAL A PARTIR DAS AÇÕES DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS AGROINDÚSTRIAS
FORTALEZA - CE
2010
14
FERNANDA JACKELINE APARECIDA DE PAULO NONATO
A CARTA DA TERRA NO MEIO RURAL A PARTIR DAS AÇÕES DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS AGROINDÚSTRIAS
Dissertação submetida ao curso de Mestrado em
Economia Rural da Universidade Federal do
Ceará - UFC, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Economia Rural.
Área de Concentração: Economia Rural.
Orientador (a): Profª. Drª. Patrícia Verônica
Pinheiro Sales Lima.
FORTALEZA -CE
2010
N737c Nonato, Fernanda Jackeline Aparecida de Paulo
A Carta da terra no meio rural a partir das ações de responsabilidade
social das agroindústrias. Fortaleza, 2010.
160 fl. il. 31 cm.
Orientador: Prof.ª Dr.ª Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima.
Área de concentração: Economia Rural
Dissertação (Mestrado) em Economia Rural, Universidade Federal
do Ceará, Departamento de Economia Agrícola.
1. Desenvolvimento rural sustentável. 2. Responsabilidade Social
Empresarial 3.Agroindústrias I. Título.
CDD. 363.7
FERNANDA JACKELINE APARECIDA DE PAULO NONATO
A CARTA DA TERRA NO MEIO RURAL A PARTIR DAS AÇÕES DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS AGROINDÚSTRIAS
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economia Rural da
Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Economia Rural, Área de concentração Economia Rural.
Aprovada em: 30 / 08 / 2010
BANCA EXAMINADORA
Profª. Dr. Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima. (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará - UFC
Profº. Dr. Rubem Dario Mayorga
Universidade Federal do Ceará - UFC
Drª.Cleycianne de Souza Almeida
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
A Deus;
A minha família e amigos e
Ao meu amado, Weder Fernando Viana.
AGRADECIMENTOS
Essa é uma tarefa difícil. Muitos foram os incentivos recebidos ao longo dessa jornada.
Tentarei, então, citar aqui aqueles que de alguma forma contribuíram com meu desempenho.
Aos que, por um acaso, não forem citados, sintam-se também agraciados pela minha gratidão.
Agradeço, de coração:
Ao meu Deus, pela vida, pela infinita bondade e pela oportunidade de chegar aonde cheguei.
A interseção de Santo Expedito, o grande santo de todos os estudantes.
À professora Dra. Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima, por sua infinita compreensão, apoio,
palavras de fé, paciência e todas as orientações, da graduação até hoje. Também pela nossa
grande vitória - o inédito e inesquecível Prêmio Ethos - e, sobretudo, por ter acreditado em
mim até o último momento. Por isso eu reforço com muito fervor e gratidão: Muito Obrigada;
Ao Grupo 3 Corações que viabilizou a pesquisa;
À Milene Pereira do setor de Responsabilidade Social da Unidade fabril do Grupo 3 Corações
no Euzébio, pela disposição e empenho dispensado junto a esta pesquisa;
Ao meu namorado Weder Fernando, meu grande incentivador, por não me deixar desistir em
nenhum momento, por me amar com tanta sinceridade, por me esperar mesmo sabendo o
quão longe eu possa estar, por me ajudar com tanto prazer e entender as adversidades que
passamos;
A minha mãe Luciana, por se preocupar sempre comigo e querer tanto o meu bem; meu pai
Expedito, por acreditar na minha competência e a grande Ieda, por cuidar tão bem da minha
casa e de todos que lá moram.
A minha família que acredita e torce por mim, principalmente minhas primas Juliane e
Fabiana, e minha Tia Conceição que mesmo distante mandam sempre seu apoio e nunca
deixam de acreditar em mim.
A eles, nossos indispensáveis, os amigos. Por trazer ânimo, palavras de incentivo, vibrações
positivas, ajudar a levantar, por rir juntos nas alegrias e enxugar as lágrimas na tristeza: as
duas grandes forças e exemplo do meu mestrado, Isabella e Flaviana; a mais forte e exemplo
para todos, Danielly; a eterna companheira, Carolina; minha grande fã e “virse e versa”
Gislaine Marques; ao mais altivo e inigualável, Junior; a mais meiga, Kamilly; a grande
companheira da minha graduação Raquel Bezerra; aquela que nos traz tanta alegria, Ana
Cristina; a corajosa e apaixonada Teresa Landin; a batalhadora, Cintia Patrícia; a um grande
exemplo de mãe, Luciana Silva; um anjo que apareceu em minha vida chamado Luciana
Amorim; ao Felipe, pelas traduções. Enfim, a todos que entraram e fizeram parte da minha
vida até hoje e deixaram um pouco de suas peculiaridades como força e incentivo em minha
vida.
A Catiane e Marcos, pelo bom humor e companheirismo e pelo apoio logístico.
“Tenha o propósito e os
meios aparecerão”
Sérgio Mindlin.
RESUMO
Este estudo pretende mostrar que os princípios da Carta da Terra podem ser inseridos nas
práticas de responsabilidade social adotadas pelas agroindústrias localizadas na zona rural.
Por meio da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), muitas das práticas socialmente
responsáveis encontram-se diretamente e indiretamente ligados aos valores e princípios desta
declaração. A Carta da Terra é o principal instrumento desta recente Iniciativa que visa
promover a transição para uma sociedade global fundamentada em um modelo de ética
compartilhada, que inclui o respeito e o cuidado pela comunidade da vida, a integridade
ecológica, a democracia e uma cultura de paz. Para as empresas, ela traz a visão mais
abrangente e o conceito mais amplo de responsabilidade social, fornecendo elementos
universais estruturados para reconhecer seu papel na humanidade. Para tanto, avaliou-se a
atuação socialmente responsável da Unidade Agroindustrial do Grupo 3 Corações no Euzébio
– Ceará. Utilizaram-se dados de origem primária, obtidos por meio de questionário e dados de
origem secundárias oriundos principalmente da Earth Charter International. As práticas
socialmente responsáveis propostas foram analisadas segundo os Indicadores Ethos e segundo
os princípios e pilares da Carta da Terra e avaliadas através da metodologia EC-Assess, o que
possibilitou estabelecer os variados níveis de implementação, bem como os níveis de
valorização dessas práticas na atuação empresarial. A agroindústria demonstrou uma atuação
socialmente responsável quanto à implementação e a valorização, em vários níveis, das ações
sugeridas. Com isso, foi possível perceber que é viável, através de uma gestão socialmente
responsável, inserir a Carta da Terra no ramo agroindustrial e gerar ganhos para todos os
públicos de relacionamentos, sobretudo no meio rural, onde as carências reforçam o papel das
agroindústrias como promotoras de crescimento e desenvolvimento e potencializa seu
impacto na melhoria da qualidade de vida dessa população.
Palavras-chave: Carta da Terra, Responsabilidade Social Empresarial, Agroindústrias.
ABSTRACT
This study aims to show that the principles of Earth Charter can be embedded in social
responsibility practices adopted by agribusinesses companies, located in the Ceara‟s country
area. Through Corporate Social Responsibility (CSR), many of the social responsible
practices are directly and indirectly linked to values and principles of this declaration. The
Earth Charter is the main instrument of this recent initiative to promote the transition to a
global society based on a model of shared ethics, which includes respect and care for the
community of life, ecological integrity, democracy and a culture of peace. It brings more
comprehensive and broader concept of social responsibility to businesses by providing them
universal elements structured to recognize their role in humanity. For this, we evaluated the
performance of a social responsible agribusinesses company Unit from Group 3 Hearts in
Euzébio - Ceará. We used primary source data obtained through a questionnaire and
secondary source data drawn mainly from the International Earth Charter. The social
responsible practices proposed were analyzed according to the Ethos and the principles and
pillars of the Earth Charter. Those were evaluated through the EC-Assess methodology,
which enabled them to establish several levels of implementation and levels of recovery of
those practices in business. The agribusinesses company has demonstrated a social
responsible regarding the implementation and enhancement at various levels of suggested
actions. Thus, it was possible to see what is feasible, through responsible management,
entering the Earth Charter in the agroindustrial sector and generate gains for all public
relations, especially in rural areas, where deprivation reinforce the role of agribusiness as
promoters growth and development and maximize its impact in improving the quality of life
for this population.
Key Words: Earth Charter, Corporate Social Responsibility, Agribusinesses company.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Principais acontecimentos que antecederam o lançamento oficial da
Carta da Terra............................................................................................ 24
Figura 2 - A Rede Global da Carta da Terra
Internacional..................................................................................
34
Figura 3 - Diretrizes para a Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade G3 –
GRI............................................................................................................ 48
Figura 4 - Os 10 princípios do Pacto Global distribuídos nas quatro áreas de
abrangência................................................................................................. 50
Figura 5 - Princípios dos Indicadores Ethos de
RSE.................................................................................................
52
Figura 6 - Metodologia utilizada nas Oficinas do Futuro realizadas pelo programa
Cultivando Água Boa.................................................................................. 82
Gráfico 1 - Categoria de organizações que demonstraram oficialmente seu
apoio a Carta da Terra no mundo............................................... 44
Gráfico 2 - Níveis de Interesse e de Implementação segundo os Indicadores
Ethos de Responsabilidade Social da Unidade Agroindustrial do
Grupo 3 Corações....................................................................... 101
Gráfico 3 - As ações de RSE de acordo com os princípios da Carta da
Terra..........................................................................................
102
Gráfico 4 - As ações de RSE de acordo com os três pilares da Carta da
Terra..........................................................................................
103
Tabela 1 - Atual Rede de associados da Carta da Terra................................. 37
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Elementos-chaves da GRI................................................................................ 49
Quadro 2 - Elementos-chaves do Pacto Global................................................................ 51
Quadro 3 - Sinergias e Complementaridades entre a Carta da Terra (CT), a GRI e o
Pacto Global das Nações Unidas (PG), segundo a Earth Charter Initiative.... 56
Quadro 4 - Iniciativas já implementadas e em andamento para a difusão da CT pelo
público interno da PASA............................................................................... 71
Quadro 5 - Iniciativas já implementadas e em andamento para a difusão da CT em
direção ao exterior da PASA......................................................................... 72
Quadro 6 - Iniciativas já implementadas e em andamento baseadas na CT no Hotel
Hilton Arlington............................................................................................ 75
Quadro 7 - Práticas empresariais de incorporação dos princípios da Carta da Terra no
Hotel Parque Del lago e difusão para os seus públicos de relacionamento..... 77
Quadro 8 - Iniciativas já implementadas e em andamento que estão ajudando na difusão
da Carta da Terra através do projeto Cultivando Água Boa............................. 81
Quadro 9 - Alguns dos principais resultados obtidos em sete anos de programa
Cultivando Água Boa nas comunidades da Bacia Hidrográfica do Paraná
3........................................................................................................................ 83
Quadro 10 - Questões introdutórias sobre RSE e os temas relacionados da
pesquisa............................................................................................................ 88
Quadro 11 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Valores e
Transparência................................................................................................... 91
Quadro 12 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Público Interno............ 92
Quadro 13 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Meio Ambiente........... 94
Quadro 14 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Fornecedores............... 95
Quadro 15 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Consumidores............. 97
Quadro 16 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Comunidade................ 97
Quadro 17 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Governo/Política......... 99
Quadro 18 - Recomendações para a agroindústria do Grupo 3 Corações iniciar uma
possível implementação e divulgação da Carta da Terra................................. 104
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
4C - O Código Comum para a Comunidade Cafeeira, certifica produtores de café assegurando
que todo grão utilizado não foi produzido com trabalho escravo ou infantil e não foram
utilizados pesticidas banidos internacionalmente.
APP - área de preservação permanente. CAGECE - Companhia de Água e Esgoto do Ceará.
CAI - complexo agroindustrial.
CIESP- Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.
CIPAN - Comércio e Indústria de Produtos Alimentícios Nordeste Ltda. CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Com-Vida - Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola.
CT- Carta da Terra
CTI - Carta da Terra Internacional.
EC Assess – Carta da Terra - Avaliação
ECI - Earth Charter Initiative.
ECYG - Carta da Terra da Juventude e grupos de estudantes. EPIs - equipamentos de segurança.
FIEC - Federação das Indústrias do Estado do Ceará.
FIESP- Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
FNE - Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste.
FRF - Fundação Social Raimundo Fagner.
GRI - Global Reporting Initiative.
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IBM- International Business Machines. ICLEI - Conselho Internacional de Iniciativas Ambientais Locais.
IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. ILPEC - Instituto Latino-americano para a Educação e a Comunicação. INDI - Indicadores das Indústrias.
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
IPECE- Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará.
IPF - Instituto Paulo Freire.
IRS- Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.
ISO- International Organization of Standardization.
IUCN - União Internacional para Conservação da Natureza.
Lidem- Grupo de Mulheres Líderes Empresariais.
MMA - Ministério do Meio Ambiente.
NCDO - Cooperação Internacional e Desenvolvimento Sustentável.
ONG - organização não-governamental.
ONU- Organização das Nações Unidas.
OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
P&D - Projetos e desenvolvimento.
PASA - Promotora Ambiental SAB de CV.
PBM - Partido Brasileiro de Mulheres.
PET - Resíduos de tereftalato de polietileno.
PG- Pacto Global das Nações Unidas.
PIA Empresa- Pesquisa Industrial Anual de Empresas.
PIB - Produto Interno Bruto.
PNUMA- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
PQC - Programa de Qualidade do Café.
RMF- Região metropolitana de Fortaleza.
ROUANET - Lei Federal de Incentivo à Cultura.
RS - Responsabilidade-social.
RSE - Responsabilidade Social Empresarial.
SAC - Serviço de Atendimento ao Cliente.
SDA - Secretaria de Desenvolvimento Agrário.
SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
SEDUC - Secretaria da Educação Básica do Estado.
SESA - Secretaria da Saúde do Estado do Ceará.
SESI – Serviço Social da Indústria.
SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança.
SIPAT - Semana Interna de Prevenção de Acidentes do trabalho.
SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste.
SUS- Sistema Único de Saúde.
UICN - União Internacional para Conservação da Natureza.
UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. UPASA - Universidade virtual da empresa na intranet. WCED - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE QUADROS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 14
1.1 Antecedentes .............................................................................................. 14
1.2 Justificativa................................................................................................. 16
1.3 Objetivos Gerais......................................................................................... 19
1.4 Objetivos específicos.................................................................................. 19
1.5 Estrutura do Estudo...................................................................................... 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................... 21
2.1 A Carta da Terra....................................................................................... 21
2.1.1 Evolução Histórica....................................................................................... 21
2.1.2 Mas afinal, o que é a Carta da Terra e como funciona?........................ 29
2.1.3 Conhecendo os Atores sociais da Iniciativa......................................... 33
2.1.4 A Carta da Terra no decorrer da sua fase “Em Ação”............................ 35
2.1.5 Grupo de trabalhos e áreas focais da Carta da Terra............................. 41
2.1.6 A carta da Terra no Setor empresarial................................................ 42
2.1.7 Iniciativas de avaliação de RSE e Desenvolvimento Sustentável: o desafio
de “medir” mudanças....................................................................... 46
3 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................... 64
3.1 Área de Estudo................................................................................... 64
3.2 Origem dos dados................................................................................ 64
3.2.1 A fonte dos dados................................................................................. 65
3.3 Métodos de Análises........................................................................... 66
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 69
4.1 A Carta da Terra no Setor Empresarial: Casos práticos......................... 69
4.1.1 Experiências Internacionais......................................................................... 69
Empresa: Promotora Ambiental SAB DE CV (PASA) – México.................. 70
Empresa: Hotel Hilton Arlington – Estados Unidos da América............ 73
Empresa: Hotel Parque del Lago – Costa Rica............................................ 76
4.1.2 Experiência Nacional.......................................................................... 78
Empresa: Itaipu Binacional – Brasil / Paraguai........................................... 78
4.1.3 O que pode ser feito pelas empresas agroindustriais com base nessas
práticas.............................................................................................
84
5 A CARTA DA TERRA NO SETOR AGROINDUSTRIAL................ 86
5.1 A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) como Instrumento de
Avaliação para os princípios da Carta da Terra: O Caso da Unidade
agroindustrial do Grupo 3 Corações no Euzébio –
Ceará............................................................................................... 87
5.1.1 A RSE da Agroindústria 3 Corações segundos os Indicadores Ethos...... 89
5.1.2 A RSE da Agroindústria 3 Corações segundos os níveis de interesse e
implementação............................................................................................ 99
5.1.3 A RSE da Agroindústria 3 Corações segundos os princípios e pilares da
Carta da Terra........................................................................................ 101
5.2 Como a Agroindústria do Grupo 3 Corações pode iniciar uma
possível implementação da Carta da Terra e por meio de sua atuação,
divulga - lá enquanto documento e foco de um movimento
social...............................................................................................
104
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................................ 106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................
108
APÊNDICES.............................................................................................. 111
ANEXOS ................................................................................................... 146
1 INTRODUÇÃO
1.1 Antecedentes
Vivemos em um momento no qual grandes mudanças na nossa maneira de pensar,
viver e agir são urgentemente necessárias. Os problemas econômicos, sociais e ambientais
que nos afligem se dão, em sua maioria, não somente em escala global, mas sobretudo em
escala local. Esses problemas ocorrem, por exemplo, com a degradação ambiental, as
estiagens prolongadas, a desigual e a concentrada distribuição de renda, a pobreza e as
precárias condições de trabalho.
O estado do Ceará, com 81,52% dos seus municípios localizados no semiárido
nordestino, segundo a SUDENE, assim como boa parte dos estados do Nordeste, é uma das
áreas de maior concentração de pobres no Brasil. A taxa de pobreza absoluta1 da população
cearense atingiu o percentual de 49,3% em 2008, enquanto, em nível nacional, essa taxa
permeou os 28,8% (IPEA, 2010). É fato, também, que as características ambientais do
semiárido condicionam fortemente o agravamento das condições sociais e econômicas da
região.
Esse cenário aflige com mais intensidade o meio rural que, na ânsia por
investimentos, sofre, historicamente, uma situação de carência de políticas públicas eficazes
no combate à pobreza. Com isso, o que se verifica é um quadro de baixa qualidade de vida da
população. Portanto, concorda-se com Leite (2001), ao afirmar que o quadro dominante de
todo esse atraso rural cearense exige ajustes na alocação de recursos para este meio, tanto da
parte Governo como da iniciativa privada.
Percebe-se que vêm surgindo tentativas para transformação desse cenário, sejam
elas governamentais ou não. No entanto, as mudanças sociais e econômicas decorrentes destas
1 A linha de pobreza absoluta utilizadas pelo IPEIA é estabelecida pelo critério de rendimento médio domiciliar
per capita de até meio salário mínimo mensal.
ações, quando ocorrem, geralmente não são suficientes para assegurar ganhos reais em
qualidade de vida para população rural.
Como cita Lima (2006, p. 18), a política macroeconômica do estado cearense, por
exemplo, tem pautado suas ações de forma coerente quando pensa em desenvolver infra-
estrutura, oferecer programas de educação, saúde e emprego. Este particular, sobretudo, faz-se
fundamental e necessário para a geração de renda e para os ganhos de qualidade de vida na
zona rural. Nesse sentido, a política de interiorização da indústria, praticada pelo Governo do
Estado há alguns anos, através de incentivos fiscais, que privilegiam investimentos em
direção ao interior do Ceará, abre um leque de possibilidades que podem vir a somar-se com
as já existentes.
Partindo do pressuposto de que o Ceará é o estado nordestino com maior número
de empregos industriais formais, respondendo por 24,13% do contingente de empregos da
região, à frente inclusive de Pernambuco (20,91%), e Bahia (20,53%) (Dados do INDI/FIEC
referentes a outubro de 2009), podemos acreditar que esse potencial gerador de emprego e de
renda da indústria cearense, atrelado à política de interiorização, pode realmente firmar-se
como uma boa estratégia de desenvolvimento rural.
Cabe, aqui, destacar um fenômeno recente, representado por esse processo de
interiorização industrial. Em 2002, Fortaleza era responsável por 44,92% do PIB industrial,
por 39,38% do número de empregos formais da indústria e por 57,18% do número total de
estabelecimentos do Estado. Em 2006, essas participações foram diminuídas para,
respectivamente, 40,01%, 37,50% e 56,75% (INDI/FIEC, 2009).
Mas são muitas as ressalvas quanto à referida política. De acordo com Nonato
(2007), por exemplo, teme-se que certos municípios sejam privilegiados em detrimento de
outros, agravando, assim, as desigualdades sociais.
Para Leite (2001), uma das mais promissoras frentes de criação de emprego e de
desenvolvimento integrado da zona rural é a industrialização rural. Ele enfatiza ainda que
“onde são decrescentes as oportunidades de criação de emprego diretamente na produção
agrícola, torna-se fundamental idealizar e descobrir outras oportunidades de ocupação não-
agrícolas no próprio quadro rural”. Nesta perspectiva, ganham destaque, as empresas rurais.
Segundo Marion (2002 apud ALVES & COLUSSO, 2005), o campo de atividade
das empresas rurais pode ser dividido em Produção Vegetal (atividade agrícola) que aborda a
cultura hortícola e forrageira (cereais, hortaliças, tubérculos, especiarias, floricultura,...) e a
arboricultura (florestamento, pomares, vinhedos,...); Produção Animal (atividade zootécnica)
que corresponde à criação de animais (apicultura, avicultura, pecuária, piscicultura,...);
Indústrias Rurais (atividade agroindustrial) que abrange o beneficiamento do produto agrícola
- transformação de produtos zootécnicos e agrícolas.
No Nordeste brasileiro, as empresas rurais do segmento agroindustrial vêm
tornando-se cada vez mais uma atividade econômica, dinâmica e estratégica para o
desenvolvimento sustentável do interior dos estados. As condições edafoclimáticas favoráveis
desta região têm contribuído para consolidar a presença dessas agroindústrias, que se
encontram presentes, inclusive, no semiárido (SANTOS et al., 2008, p.20).
No meio rural, a agroindústria deve ser vista como um instrumento alavancador
da economia, além de contribuir para a agregação de valor aos produtos primários,
diminuindo perdas, evitando deterioração da qualidade e ampliando mercados. Ela possui uma
forte contribuição na geração de emprego e renda, como exemplifica o ano de 2005, quando a
agroindústria alimentar do Nordeste empregou formalmente 246,5 mil pessoas (SANTOS et
al., 2008, p.21).
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC (2009), através de seus
levantamentos industriais, afirma que a vocação econômica do Estado do Ceará é
primordialmente voltada, além da área de turismo, para a área industrial, principalmente no
ramo de produtos alimentares, calçados e vestuário, onde são encontradas muitas
agroindústrias.
No entanto, conforme Soares et al. (2007), todo esse movimento de interiorização
do desenvolvimento, de fato, não tem alcançado a velocidade e o padrão econômico
desejáveis para a criação de uma sociedade econômica e ambientalmente sustentável no meio
rural. Ressalta-se, no entanto, a grande questão: “somente implantar” indústrias no meio rural
cearense é garantia de redução de ganhos de qualidade de vida daqueles que aí residem? Não
seria necessário, no caso, que essas empresas trouxessem com elas “algo mais”?
1.2 Justificativa
Atualmente, conforme Choudhury e Melo (2007), o setor privado vem se
destacando como um dos principais setores a contribuir para o desenvolvimento econômico
das regiões, evidenciando, assim, a responsabilidade que as empresas devem ter para com a
sociedade. Pode-se perceber, que, de alguma maneira, tudo o que uma empresa faz tem
impacto na vida das pessoas e da comunidade. Nesse sentido, não é exagero afirmar que o
desenvolvimento de um determinado local pode estar diretamente ligado à eficiência da
atuação empresarial.
E é justamente para tornar eficiente essa atuação que surge a Responsabilidade
Social Empresarial (RSE). Altamente difundida no contexto de desenvolvimento sustentável
da sociedade atual, esse tema tem alcançado dimensões em todas as esferas. Retomando-se os
antecedentes expostos, a RSE surge, sobretudo, como mais uma perspectiva que se abre
quanto à atenuação dos problemas sociais do meio rural.
Uma empresa socialmente responsável é aquela que mantém uma relação ética e
transparente com todos os seus públicos e estabelece estratégias comprometidas com o
desenvolvimento do meio onde atua, preservando recursos ambientais, respeitando a
diversidade e colaborando com a redução das desigualdades sociais (FIRESO/FIEC, 2009). É,
pois, este tipo de atuação que está sendo exigida nos dias de hoje.
A gestão responsável por parte das empresas independe do porte, do setor, da
localização. Individualmente ou coletivamente qualquer empresa pode agir. Criar soluções
que possam transformar as realidades locais e tenham força para replicar-se isso, sim, é
fundamental.
Nessa mesma perspectiva é oportuno agregar ao debate a proposta da Carta da
Terra (CT). Ela consiste numa declaração de princípios éticos e valores fundamentais que
surgiu para nortear nações, estados, organizações, raças, culturas e pessoas para a construção,
no século XXI, de uma sociedade justa, sustentável e pacífica (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2008). Está estruturada de modo a disseminar que “a partir do momento em que
respeitamos todas as formas de vida, a integridade ecológica, a justiça social e econômica e a
cultura para a não violência, inclusão e democracia acontecem naturalmente” (MOTAMURA,
2010).
A Carta da Terra é parte integrante de todo esse processo social mundial que vem
acontecendo nas últimas décadas em prol da sustentabilidade. Como iniciativa, ela também
reconhece a importância das empresas no processo de desenvolvimento e as chama para
contribuirem na busca de soluções para o quadro de desigualdade socioeconômica,
degradação ambiental, injustiça e desrespeito com a vida e com o indivíduo, presente tanto
local, quanto globalmente.
Para as empresas, a CT traz a visão mais abrangente e o conceito mais amplo de
responsabilidade social, fornecendo elementos universais estruturados para reconhecer seu
papel na humanidade. Ela sugere novas formas de alcançar mudanças positivas e desenvolver
novas habilidades, talentos e sentimentos dentro dos mais diferentes padrões de convivência,
sejam eles regionais ou mundiais.
A Iniciativa da CT é um movimento global descentralizado e de esforço
voluntário, composto por uma rede mundial de pessoas, organizações e instituições com o
objetivo de promover e implantar os valores e princípios da Carta. A Secretaria e o Conselho
da Carta, juntos, formam a Carta da Terra Internacional (Earth Charter International,) e têm a
missão de encorajar todas as partes a contribuírem com a Iniciativa.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente, na gestão de Marina Silva, formalizou
seu compromisso com a Iniciativa em 2007 e está difundindo a Carta como suporte ético para
a Agenda 21 brasileira e em programas curriculares ligados à educação ambiental, existentes
na maioria das escolas (GADOTTI, 2008, p.4).
Existem várias maneiras de usar a Carta da Terra. Seja nas escolas, nos negócios,
nos governos, em ONGs, enfim, em todas as demonstrações a favor, o que nos dá uma visão
geral de como a Carta, enquanto documento e foco de um movimento social, está
contribuindo para acelerar a nossa transição para uma nova forma sustentável de vida.
No âmbito rural, podem ser citados alguns resultados exitosos da CT nas áreas nas
quais seus princípios são implantados: recuperação de áreas degradadas com a ajuda dos
próprios agricultores; desenvolvimento de projetos de atividades agrícolas e não agrícolas,
com geração de emprego e renda para o homem do campo e introdução da agricultura
orgânica entre os produtores rurais.
Estes resultados, no entanto, ainda são pontuais e de pequeno impacto diante das
potencialidades da CT. Em parte porque existe uma baixa difusão de seus princípios,
especialmente, entre as empresas que atuam no meio rural, basicamente entre as
agroindústrias.
Acredita-se que, para o meio rural cearense, atitudes como aquelas propagadas
pela CT constituiriam parte de uma solução para, no mínimo, amenizar o agravante quadro de
pobreza, desigualdade e degradação ambiental que assola boa parte dessa taxa de 49,6% de
pobreza absoluta registrada nesses últimos tempos.
Trata-se de um ideal factível, considerando-se que pesquisas revelaram que o
Nordeste é a segunda região que mais investe em ação social no Brasil. O IPEA (2006),
primeiro a realizar uma pesquisa de âmbito nacional sobre a Ação Social das Empresas, no
Brasil, surpreendeu, na primeira etapa de sua pesquisa, ao apontar o Nordeste como a segunda
região que mais investe em ação social no Brasil, atrás somente do Sudeste. E, para a surpresa
maior, as empresas dos setores de agricultura, silvicultura e pesca foram as que mais se
destacaram no atendimento às comunidades, em 2004, cerca de 80% delas realizaram algum
tipo de ação social voluntária.
Diante do exposto, destaca-se a relevância deste estudo, acrescentando-se, ainda,
duas questões:
as ações socialmente responsáveis nesse campo ainda não estão sendo estudadas com
profundidade e constância. Do mesmo modo são poucos os estudos voltados para o
aprimoramento e para a definição das ações de responsabilidade social das empresas
agroindustriais;
a Carta da Terra ainda hoje é uma iniciativa desconhecida por boa parte da sociedade. No
setor empresarial, como um todo, são mínimas as manifestações de comprometimento
com os princípios propostos. Entretanto está sendo disseminada com mais afinco,
principalmente, no meio educacional e acadêmico de todo o mundo. Assim, o estudo aqui
proposto pretende, também, abrir caminhos e alternativas para que mais estudiosos
contribuam e enriqueçam a literatura com relatos de casos práticos, opiniões e visões
relacionadas às potencialidades de uso da Carta da Terra e a importância de sua
implementação como instrumento de melhoria da qualidade de vida da população.
Não são conhecidos, também, trabalhos técnicos que abordem a Carta da Terra
como instrumento teórico guia da Responsabilidade Social das empresas agroindustriais do
setor agropecuário cearense. Portanto, o conhecimento de tais informações pode, ainda,
auxiliar na tentativa de incentivar a disseminação da Responsabilidade Social no estado do
Ceará e em todo o Brasil.
1.3 Objetivo Geral
Mostrar que os princípios da Carta da Terra podem ser inseridos nas práticas de
responsabilidade social, adotadas pelas agroindústrias localizadas na zona rural do Ceará.
1.4 Objetivos Específicos
Identificar exemplos de gestões socialmente responsáveis baseadas no princípio da Carta
da Terra, no Setor Empresarial, a fim de nortear possíveis aplicações no ramo
agroindustrial;
Apresentar a aplicação de uma gestão socialmente responsável a partir de um estudo de
caso em uma agroindústria;
Mostrar a existência de uma relação entre as práticas de RSE e os princípios da Carta da
Terra;
Sugerir como as agroindústrias podem preparar-se para implementar a Carta da Terra em
seu modelo de gestão responsável.
1.5 Estrutura do Estudo
A pesquisa aqui desenvolvida se apresenta em seis capítulos, sendo o primeiro
esta introdução. Em seguida o Referencial Teórico, que contextualiza a iniciativa da Carta da
Terra e a reverencia como documento e foco de mudanças sociais em todos os níveis e
setores. O terceiro capítulo descreve a área e o objeto de estudo (a agroindústria adotada no
estudo de caso), a origem dos dados e os métodos de análises da pesquisa. O quarto capítulo
contextualiza a Carta da Terra no setor empresarial através de exemplos práticos. No quinto
capítulo, são mostrados os resultados do estudo de caso, analisado sobre a ótica da RSE e da
Carta da Terra. O sexto capítulo finaliza esta pesquisa com as conclusões e sugestões
propostas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A Carta da Terra
2.1.1 Evolução Histórica
A carta da Terra é resultado de um amplo processo participativo de consulta e
diálogo intercultural sobre valores e objetivos comuns, que ocorreu nos anos 90 e durou toda
uma década. Neste capítulo, será abordado o histórico do processo de elaboração deste
documento e o andamento do movimento, até os dias de hoje.
Origens da Carta da Terra
No auge dos seus dez anos de existência, a Carta da Terra ainda, hoje, é um
documento desconhecido pela grande maioria da sociedade mundial.
Mas, desde o ano de 1987, quando de um chamado para a criação de uma nova
declaração2 universal de princípios que norteassem a transição para o Desenvolvimento
Sustentável, este documento começou a dar sinais de vida.
Inspirado nesta recomendação, Maurice F. Strong, secretário geral da Cúpula da
Terra Rio-923, propôs, em 1990, que a Cúpula, que aconteceria no Brasil, em 1992, no Estado
do Rio de Janeiro, esboçasse e adotasse uma Carta que fosse aceita mundialmente. Durante
todo o processo preparatório para a Cúpula da Terra Rio-92 (ECO-92), várias propostas sobre
o possível conteúdo da Carta foram debatidas, porém, entre os governos não foi possível se
chegar a um consenso em relação aos princípios, para elaboração deste novo documento.
Mesmo assim, Gadotti (2008), em seus relatos sobre a Carta da Terra, afirma: “O Brasil é o
berço da Carta da Terra”.
Mas ainda não seria este o momento em que a tão almejada Carta ganharia corpo.
Ao final da Cúpula da Terra, a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
2 Essa recomendação consta no relatório “Our Common Future” da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (WCED), publicado naquele ano (http://www.undocuments.net/wced-ocf.htm). 3 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Desenvolvimento Sustentável, documento formal do consenso atingido entre as nações,
naquele momento, é adotada em lugar da Carta. A Declaração continha um valioso conjunto
de princípios, inclusive apontava para a “contradição existente no modelo econômico
dominante que é insustentável” (GADOTTI, 2008), mas a visão ética mais inclusiva que
muitos pretendiam com a nova proposta da Carta ainda estava faltando (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2010).
Ainda em 1992, Maurice F. Strong cria o Conselho da Terra para promover a
implantação dos acordos gerados na Cúpula da Terra e para defender a formação de conselhos
nacionais de desenvolvimento sustentável.
O processo de criação da Carta não estaria sendo abandonado, ele estava apenas
no início. E, em 1994, o processo foi reiniciado. Strong, o então presidente do Conselho da
Terra e Mikhail Gorbachev, presidente da Cruz Verde Internacional, unem-se4 e lançam uma
iniciativa da sociedade civil para redigir uma Carta da Terra, a qual Gadotti (2008, p.1)
intitula de Iniciativa da Carta da Terra. Com o apoio financeiro inicial do governo
holandês, eles conduziram o projeto que, a partir de então, começava a ganhar forma na
emergente sociedade civil global.
Desde então o processo rapidamente se ampliou. Em 1995, o projeto da Carta já
possuía um diretor executivo5; a Secretaria da Carta da Terra foi estabelecida
6 no conselho da
Terra; em 1996, a brasileira Mirian Vilela7 tornou-se coordenadora das atividades da Carta da
Terra no Conselho da Terra; uma Comissão8 Internacional foi formada para acompanhar o
processo de esboço do novo documento. Segundo Gadotti (2008, p.1), Paulo Freire, do Brasil,
foi convidado para participar dessa Comissão. Como ele veio a falecer logo em seguida, um
grupo de brasileiros, ligado ao tema do meio ambiente, da educação ambiental e da Carta da
Terra, indicou o nome de outro brasileiro, o teólogo Leonardo Boff.
Finalmente, em janeiro de 1997, iniciou-se o processo de esboço da Carta da
Terra que demandou três anos e teve como foco especial as declarações de princípios éticos
que se encontravam nas raízes de acordos internacionais.
4 Esta união entre Strong e Gorbachev foi promovida por Jim McNeill, secretário geral da Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED), pela Rainha Beatrix e pelo Primeiro Ministro Ruud Lubbers
da Holanda(EARTH CHARTER INITIATIVE, 2010). 5 O embaixador Mohamed Sahnoun, da Algéria.
6 Estabelecida no Conselho da Terra na Costa Rica na gestão de Maximo Kalaw, das Filipinas, diretor executivo
do Conselho. 7 Atual diretora-executiva da Secretaria da Carta da Terra, órgão que coordena o movimento em todo o mundo.
8 Esta Comissão foi liderada por Strong e Gorbachev e incluía um grupo diverso de vinte e três personalidades
eminentes das principais regiões do mundo. Steven C. Rockefeller, dos Estados Unidos, professor de religião e
ética, foi convidado para coordenar e formar um comitê internacional de esboço da Carta (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2010).
Participaram do processo participativo de elaboração desta nova declaração
centenas de organizações e milhares de pessoas. Vários grupos se juntaram à Iniciativa da
Carta da Terra e formaram Comitês nacionais em 45 países. “Diálogos em torno da Carta
foram conduzidos ao redor do mundo e através da Internet e grandes conferências regionais
foram realizadas na Ásia, África, América Central, América do Sul, América do Norte e
Europa” (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008).
No Brasil, o Instituto Paulo Freire (IPF)9, através de um acordo de cooperação
com o Conselho da Terra, tornou-se membro da Coordenação Nacional da Carta da Terra em
1998. O objetivo era sistematizar, junto com o ILPEC (Instituto Latino-americano para a
Educação e a Comunicação), da Costa Rica, coordenado por Francisco Gutiérrez e Cruz
Prado, as contribuições à redação da Carta da Terra na perspectiva da educação. Para esse
fim, o IPF organizou o I Encontro Internacional da Carta da Terra na Perspectiva da
Educação, em São Paulo, de 23 a 28 de agosto de 1999, com o objetivo de criar e estimular
espaços de afirmação social da Carta da Terra no campo da Educação (GADOTTI, 2008, p.2).
A redação da Carta da Terra foi feita através de um processo nunca antes
realizado para qualquer outro documento internacional. Ela resultou de uma consulta aberta e
participativa (REVIVERDE, 2010) da qual participaram uma variedade de estudiosos,
movimentos sociais, diferentes culturas e setores da sociedade. A grandeza e a importância
desse processo constituem o diferencial da Carta da Terra.
“As idéias e valores da Carta da Terra refletem a influência de uma grande variedade
de fontes intelectuais e movimentos sociais, incluindo a sabedoria das religiões e
tradições filosóficas, bem como uma nova perspectiva científica mundial,
influenciada por disciplinas como cosmologia e ecologia” (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2010).
O processo de consulta para a redação da Carta recebeu forte influencia da ciência
contemporânea, de leis e documentos internacionais já existentes, do movimento ético
mundial, assim como dos ensinamentos dos povos indígenas, da sabedoria das grandes
religiões e tradições filosóficas.
“O Comitê de Redação trabalhou muito de perto com a Comissão de Direito
Ambiental da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e revisou
cuidadosamente todas as declarações e tratados relevantes do direito internacional e
mais de 200 declarações da sociedade civil e tratados de povos. A Carta da Terra
amplia leis internacionais ambientais e de desenvolvimento sustentável. Ela reflete
9 O Instituto Paulo Freire é uma associação civil, sem fins lucrativos, criada em 1991 e fundada oficialmente em
setembro de 1992. Atualmente, considerando-se Cátedras, Institutos Paulo Freire pelo mundo e o Conselho
Internacional de Assessores, o IPF se constitui numa rede internacional que possui pessoas e instituições
distribuídas em mais de 90 países em todos os continentes, com o objetivo principal de dar continuidade e
reinventar o legado de Paulo Freire (IPF, 2010). Disponível em <www.paulofreire.org>. Acesso jan/2010.
as preocupações e aspirações expressas nas sete cúpulas das Nações Unidas
realizadas nos anos 90 em torno dos temas de meio ambiente, direitos humanos,
população, crianças, mulheres, desenvolvimento social e cidades. E também
reconhece a importância da divulgação da democracia participativa e deliberativa
para o desenvolvimento humano e a proteção ambiental” (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2008).
Após amplas discussões e diálogos e redação de inúmeras versões, o texto final da
Carta da Terra é aprovado, em março de 2000, pela Comissão da Carta da Terra numa reunião
em Paris, França, na sede da UNESCO. Finalmente o lançamento público oficial da Carta da
Terra aconteceu alguns meses depois, em junho de 2000, durante uma cerimônia realizada no
Palácio da Paz, em Haia, na Holanda.
O texto final da Carta da Terra apresentou-se oficialmente contendo um
preâmbulo, 16 princípios centrais e 61 princípios de apoio, subdivididos em 4 temas, e uma
conclusão. A Carta da Terra é o principal instrumento desta Iniciativa que, de acordo com a
Earth Charter International (2009), visa promover a transição para uma sociedade global
fundamentada em um modelo de ética compartilhada, que inclui o respeito e o cuidado pela
comunidade da vida, a integridade ecológica, a democracia e uma cultura de paz. A Figura 1
sintetiza o processo de elaboração da CT detalhado nesta seção.
Figura 01 - Principais acontecimentos que antecederam o lançamento oficial da Carta da Terra (Fonte:
Elaboração própria, 2010).
O Reconhecimento da Iniciativa da Carta da Terra
Com a elaboração da CT a primeira missão estava cumprida, porém a parte mais
difícil iniciava-se agora: obter o reconhecimento formal e fazer com que a sociedade aceitasse
e aderisse os princípios da Carta. Logo teve início uma segunda fase da Iniciativa. Por isso, é
formado um Comitê Diretivo da Carta da Terra para acompanhar e supervisionar esta próxima
fase da Iniciativa.
“A Comissão delegou a responsabilidade pelo acompanhamento da Iniciativa e pela
busca de recursos ao recém criado Comitê Diretivo, que incluía, entre outros, vários
membros da Comissão da Carta da Terra. Ela manteve a autoridade sobre o texto da
Carta da Terra e seus membros continuaram a oferecer conselho e apoio para a
Iniciativa numa base individual”(EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008).
Segundo Earth Charter Initiative (2008), as principais metas do Comitê eram
promover a disseminação, subscrição e implementação da Carta da Terra na sociedade civil,
empresas e governos e dá suporte para o uso educacional da Carta em escolas, universidades
e outras estruturas de ensino.
Para alcançar as metas propostas nesta próxima fase do movimento, realizou-se,
nos anos seguintes, uma campanha que atraiu milhares de pessoas e organizações. “Centenas
de municipalidades promulgaram resoluções oficiais expressando seu apoio e aval à Carta da
Terra” (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008).
Ainda, em 2000, a Carta da Terra foi apresentada ao presidente da Costa Rica
durante um evento especial público realizado no Auditório Nacional, no país. O presidente,
Miguel Ángel Rodríguez Echeverría, graciosamente aceitou a Carta da Terra e afirmou
comprometimento com seus princípios (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2010).
Em 2001, o Conselho de Estado (parlamento) da República do Tartaristão
(Federação Russa) abraçou oficialmente a Carta da Terra, tornando-se o primeiro governo
provincial no mundo a adotar a Carta como um guia para a condução dos assuntos de Estado,
aplicando seus princípios como parte de sua constituição (EARTH CHARTER INITIATIVE,
2010). Logo no ano seguinte, os chefes de 99 municípios do Reino da Jordânia, em conjunto,
aprovaram, em cerimônia oficial, a Carta da Terra a fim de promover um plano integrado e
estratégico de desenvolvimento sustentável na Jordânia.
Na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002, na
cidade de Johannesburg, África do Sul, a Iniciativa da Carta da Terra esforçou-se para
assegurar o endosso da Carta da Terra. Durante a conferência, vários líderes de governos e
ONGs declaram apoio à Carta da Terra. (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008). Mas o
reconhecimento da UNESCO para com a Iniciativa só aconteceu em 2003, durante a 32ª
Conferência Geral da UNESCO, através de uma resolução que “reconhece que a Carta da
Terra é um importante referencial ético para o desenvolvimento sustentável” (GUIÃO, 2006).
Este fato representou uma das conquistas mais importantes do movimento até então.
As Nações Unidas declararam a década10
que vivemos como a Década da
Educação para o Desenvolvimento Sustentável, convidando os governos a incluir medidas
necessárias para institui - lá (UNESCO, 2005). A Carta da Terra e seu importante significado
demonstrou uma forte influência no Plano de Implementação desta Década em Educação para
o Desenvolvimento Sustentável. A Iniciativa da Carta estabeleceu uma aliança com UNESCO
para promover este movimento.
No campo dos negócios, o reconhecimento da Carta da Terra ganhou destaque em
2004 quando a ITAIPU Usina Hidrelétrica, uma empresa binacional, desenvolvida em
conjunto pelos governos do Brasil e de Paraguai e uma das maiores geradores de energia no
mundo, começou a usar a Carta da Terra como um valioso quadro ético, como
uma ferramenta educacional e como o fio comum que liga os 70 ou mais
projetos individuais que fazem parte do programa Cultivando Água Boa, iniciado em
2003. Estes projetos envolvem mais de 29 municípios, 145 ONGs e 318 escolas,
representadas por mais de 88 mil estudantes (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2010).
Nos cinco anos que passaram, após o lançamento oficial, a Carta da Terra estava
sendo amplamente disseminada mundo a fora. Foi traduzida em trinta e duas línguas e *
endossada por mais de duas mil e quinhentas organizações, que demonstraram apoio à
Iniciativa. Dentre estas organizações estão a UNESCO, a União Internacional para
Conservação da Natureza (UICN), o Conselho Internacional de Iniciativas Ambientais Locais
(ICLEI) e a Conferência de Prefeitos dos Estados Unidos.
“Milhares de organizações não-governamentais, cidades e povoados ao redor do
mundo deram seu aval à Carta da Terra e estão trabalhando na implementação de
seus princípios. Entre estes grupos encontram-se organizações ambientais tanto
nacionais como internacionais, instituições e associações educativas, grupos
religiosos, iniciativas para a paz, conselhos de governos locais. A Carta da Terra
também recebeu o aval da Universidade para a Paz das Nações Unidas na Costa
Rica, à qual a Secretaria Internacional encontra-se atualmente
afiliada”(REVIVERDE, 2009).
Ao final desses cinco anos, a Carta da Terra já era amplamente reconhecida
quanto ao significado de sustentabilidade que ela passa, quanto à visão desafiadora de um
desenvolvimento sustentável e quanto aos princípios para que esse desenvolvimento fosse
realizado.
10
A começar em 1° de janeiro de 2005.
Para fechar os cinco anos correntes, em 2005, o Comitê Diretivo da Carta da Terra
realizou uma revisão estratégica das atividades e dos progressos da Iniciativa até então
realizados com o objetivo de avaliar, interna e externamente, os pontos fracos e fortes do
movimento. A avaliação concluiu que muita coisa havia sido feita, porém era preciso
reorganizar: “[...] a Iniciativa trouxe grandes promessas e deve seguir adiante, mas seu
sucesso futuro depende de uma importante reorganização da sua estrutura de gestão e de um
planejamento estratégico de longo prazo”11
.
Todo esse processo de revisão estratégica culminou com uma grande conferência
da Carta da Terra em Amsterdã, na Holanda, sediada pelo Comitê Nacional Holandês para
Cooperação Internacional e Desenvolvimento Sustentável (NCDO12
), em 2005. O encontro
Carta da Terra +5 que reuniu mais de 400 líderes e ativistas da Carta da Terra e contou com
a presença do primeiro-ministro e da rainha da Holanda, ficou marcado como o momento de
transição para uma nova fase deste movimento. Neste evento, a revisão estratégica dos cinco
anos foi concluída e celebrada, dando início à terceira fase da Iniciativa – a Carta da Terra
em Ação. Na ocasião, foi lançado o livro “Carta da Terra em Ação” 13
, com 62 artigos de
especialistas de todo o mundo, oferecendo uma valiosa visão sobre o significado da Carta e de
suas atividades.
A partir de então, mudanças significativas na organização do movimento
começaram a acontecer. Em substituição ao Comitê Diretivo, formou-se um novo Conselho14
da ECI, composto por vinte e três membros especialistas de várias partes do mundo que em
conjunto com a Secretaria Geral15
da Carta da Terra ficariam responsáveis em acompanhar
essa nova fase. O conselho Internacional reúne-se a cada seis meses com uma prioridade
fundamental: definir diretrizes que deem base para um movimento capaz de fluir de forma
natural, pelo mundo todo. A Secretaria da Carta da Terra juntamente com o Conselho foram
reorganizados como a Carta da Terra Internacional, EC (Earth Charter International) e
dois centros foram estabelecidos em diferentes regiões: o Centro de Comunicação e
11
Avaliação conduzidas por Alan AtKisson, um consultor internacional na área de desenvolvimento sustentável
(WEBSITE OFICIAL EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008). 12
Dutch National Committee on International Cooperation and Sustainable Development. 13
“The Earth Charter In Action: Toward A Sustainable World”. Editado por Peter Blaze Corcoran, Mirian
Vilela e Alide Roerink. 14
Steven Rockefeller, Razeena Wagiet, da África do Sul, e Erna Witoelar, da Indonésia, foram eleitos co-chairs
do recém formado Conselho da Carta da Terra Internacional (WEBSITE OFICIAL EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2008). 15
A Secretaria, cuja sede se encontra na Universidade da Paz em Costa Rica (Nações Unidas), promove a
missão, visão, estratégias e políticas adotadas pelo Conselho da Carta da Terra Internacional. Suporta os
trabalhos do Conselho, presta assistência ao planejamento estratégico e coordena inúmeras atividades sobre a
Carta da Terra (WEBSITE OFICIAL EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008).
Planejamento Estratégico da Carta da Terra, inaugurado em Estocolmo, na Suécia, sob a
direção do Alan AtKisson e o escritório da Carta da Terra no campus da Universidade para a
Paz, na Costa Rica, transformou-se no Centro de Educação da Carta da Terra para o
Desenvolvimento Sustentável.
“É importante lembrar que, embora o Conselho da Carta da Terra Internacional
ofereça liderança e orientação para ampliar a iniciativa, ele não administra ou
controla diretamente a Iniciativa Carta da Terra como um todo. A iniciativa não é
regida formalmente em qualquer sentido. O Conselho é responsável apenas pela
governança da Carta da Terra Internacional” (WEBSITE OFICIAL EARTH
CHARTER INITIATIVE, 2008).
O Conselho da Carta da Terra Internacional, através de uma nova visão, começa a
desenvolver estratégias de políticas a longo prazo, para esta próxima etapa. Uma nova fase,
novas missões16
. E dentre elas, podem ser destacadas:
o Crescer a consciência pela Carta da Terra em nível mundial e promover a compreensão de
sua visão ética inclusiva;
o Buscar o reconhecimento e endosso da Carta da Terra por indivíduos, organizações e
Nações Unidas;
o Promover a utilização da Carta da Terra como um guia ético e a implementação de seus
princípios pela sociedade civil, pelos negócios e pelo governo;
o Incentivar e apoiar o uso educativo da Carta da Terra em escolas, universidades,
comunidades religiosas, comunidades locais e em muitos outros grupos;
o Promover o reconhecimento e o uso da Carta da Terra como um documento de lei Branca
(soft law).
Com o tempo, o comprometimento formal com a Iniciativa começa a ganhar
força. Em 2005, a Carta da Terra já era amplamente reconhecida como uma declaração de
Consenso global para a sustentabilidade e, segundo a Earth Charter Initiative (2008), desde
então usada em negociações de paz, como documento de referência para o desenvolvimento
de padrões e códigos de ética globais, como recurso para processos legislativos e de
governança, como ferramenta para o desenvolvimento de políticas por parte de comunidades,
como modelo educacional voltado à sustentabilidade e como em diversos outros contextos
16
WEBSITE OFICIAL EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008.
2.1.2 Mas afinal, o que é a Carta da Terra e como funciona?
A Carta da Terra traz consigo um grande desafio à sociedade: repensar e
reorganizar nossos princípios e valores a fim de que tomemos um novo caminho de respeito e
de ética com a comunidade de vida.
A Carta da Terra em Ação, movimento de âmbito planetário e baseado na visão de
mundo expressa na Carta da Terra, assim a define:
“Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de
uma sociedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e pacífica. O
documento procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência
global e de responsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana e do
mundo em geral. É uma expressão de esperança e um chamado a contribuir para a
criação de uma sociedade global num contexto crítico na História. A visão ética
inclusiva do documento reconhece que a proteção ambiental, os direitos humanos, o
desenvolvimento humano eqüitativo e a paz são interdependentes e inseparáveis.
Isto fornece uma nova base de pensamento sobre estes temas e a forma de abordá-
los. O resultado é um conceito novo e mais amplo sobre o que constitui uma
comunidade sustentável e o próprio desenvolvimento sustentável”(REVIVERDE,
2010).
A Carta da Terra é o equivalente à Declaração Universal dos Direitos Humanos,
porém apropriada para os tempos atuais (GADOTTI, 2008). Resultou de um árduo processo
de consulta aberta e participativa que durou pouco mais de uma década e envolveu povos,
nações, estados, setores sociais, raças e culturas na busca por uma mesmo objetivo: um novo
modo de vida justo e sustentável. Por isso e por todo reconhecimento alcançado até hoje, a
Carta da Terra ganhou legitimidade e, de acordo com a Earth Charter Initiative, vem
conquistando o status de lei branca, ou como os ingleses designam “soft law”, que, no âmbito
do Direito Internacional Público, refere-se ao texto internacional desprovido de caráter
jurídico em relação aos signatários17
.
Dentro de um contexto mais ilusório, a Carta da Terra, como o próprio nome diz,
é uma espécie de simulação do que o planeta diria para todos os seus habitantes, caso tivesse
essa chance (PLANETA SUSTENTÁVEL, 2010).
Esta nova declaração dos povos é o que se pode chamar de uma espécie de “Guia
Ético”. A Carta nos desafia a incorporar uma Responsabilidade Universal com base em seus
quatro pilares:
o Respeito e Cuidado com a comunidade de Vida;
o Integridade Ecológica;
17
Conceito retirado do Dicionário Jurídico disponível em www.direitonet.com.br .
o Justiça Social e Econômica e
o Democracia, Não violência e Paz.
O primeiro é o compromisso global mais abrangente e os três seguintes
constituem-se os meios para cumpri-lo.
Segundo Cristina Moreno (2010)18
, coordenadora da Iniciativa da Carta da Terra
no Brasil, a Carta é a principal referência de sustentabilidade e poderia ser considerada como
a Constituição de nosso Planeta.
Existem várias maneiras de usar a Carta da Terra, seja nas escolas, nos negócios,
nos governos, em ONGs, em conferências, em eventos públicos, enfim, basta ter-se iniciativa
e desejo de mudança.
A CTI sugere diferentes maneiras de utilização da Carta. Podem ser destacadas,
por exemplo:
o Uma ferramenta educacional para o entendimento dos desafios e das decisões críticas
que enfrenta a humanidade e também para o entendimento do significado de uma
maneira de viver sustentável;
o Um chamado para ação e um guia ético para um jeito de viver sustentável que inspira
compromisso, cooperação e mudança.
o Um conjunto de valores para guiar governos, em todos os níveis, na elaboração de
políticas e estratégias, a fim de se construir um mundo mais justo, sustentável e em
paz.
o Um guia abrangente para definição de responsabilidade social corporativa e
responsabilidade ecológica e para a formulação de enunciados de missão e códigos de
conduta.
o Um catalisador para diálogos multissetoriais, intercultural e interreligiosos com
objetivos comuns, valores compartilhados e ética global.
o Um documento de lei branca (soft law) que proporciona uma fundamentação ética
para o desenvolvimento de uma lei sobre meio ambiente e desenvolvimento
sustentável.
o Um instrumento de auditoria com relação às metas de sustentabilidade.
18
Em entrevista concedida em São Paulo ao Portal do Voluntário em março de 2010. Disponível em
<http://portaldovoluntario.org.br>.
Para ajudar as pessoas a agirem em harmonia com os valores e princípios da Carta
da Terra, a CTI disponibiliza ainda um Guia de Ação contendo um conjunto de doze
orientações para a ação. Através desse Guia, cada indivíduo pode guiar seu dia-a-dia na
direção da visão da Carta da Terra que representa (GUIA DE AÇÃO, 2008).
No campo educacional, para auxiliar educadores do mundo todo que buscam
desenvolver sistemas e programas pedagógicos que preparam jovens e adultos para um modo
de vida sustentável, como cidadãos locais e globais, responsáveis no século 21, a CTI lançou
novamente Guias que fornecem importantes informações sobre como usar a Carta da Terra
em experiências educacionais. O “Guião de educação para sustentabilidade – Carta da Terra”,
lançado em 2005 e “Um Guia para usar a Carta da Terra na Educação”19
, de 2009, são
importantes instrumentos de exemplo desta iniciativa aqui no Brasil.
Instrumentos como estes norteiam a Iniciativa. Segundo o Guia de Ação (2008),
“é o espírito da Carta da Terra, seus princípios e os “guias de ação” que darão coerência a
tudo que for descentralizado e livremente criado em todas as partes do mundo”.
A Carta da Terra é o instrumento de promoção da “Iniciativa da Carta da Terra”.
A Iniciativa, por sua vez, é um movimento global composto por uma rede mundial de pessoas,
organizações e instituições com o objetivo de promover e implantar os valores e princípios da
Carta da Terra (Earth Charter Initiative, 2008). Ser um movimento descentralizado e de
esforço voluntário e que vem mobilizando boa parte da sociedade civil é a grande marca desta
Iniciativa.
O movimento, desde sua origem, vem conseguindo adesão e representação
fundamentais para sua evolução. Cerca de 100 países tem hoje alguma afiliação ou parceria
com a Carta da Terra20
. Entre milhares de indivíduos que compõe a Iniciativa, destacam-se:
o Instituições internacionais;
o Governos nacionais, locais e suas agências;
o Associações universitárias;
o Organizações não-governamentais e grupos comunitários;
o Grupos ecumênicos;
o Escolas, e
o Negócios.
19
Disponível em http://www.earthcharterinaction.org . 20
Segundo relata Miriam Vilela na Oficina de reflexão sobre os princípios da Carta da Terra e sua aplicação
realizada em agosto de 2009, na sede do Instituto Ethos.
Todas essas adesões demonstram compromisso com a visão e com os objetivos do
documento. E é isso de que a Iniciativa necessita. É importante, também, que cada vez mais
pessoas, organizações, governos, empresas dêem seu aval à Carta da Terra, demonstrando,
assim, a intenção e a vontade de mudança a fim de que juntos cooperem no esforço pela
implementação dos valores e dos princípios que este documento oferece. Para o Instituto
Ambientalista Reviverde21
, avalizar a Carta da Terra é dar apoio à Iniciativa e à mudança
social.
A Carta da Terra Internacional (CTI) surgiu nesse contexto com a missão de
encorajar todas essas pessoas a contribuírem com a Iniciativa da Carta da Terra. E segundo
consta, a CTI está em processo de ampliação desta Iniciativa em nível mundial, promovendo
atividades descentralizadas e o empoderamento de indivíduos, comunidades e organizações.
Ela também é responsável pela verificação e a contabilização, na medida do possível, das
adesões, tais como organizações e instituições muito notórias, através de um acordo para que o
nome do avalista da Carta da Terra possa ser usado publicamente e ser identificado como tal
(EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008).
A descentralização é outra forte característica deste movimento. A Iniciativa da
Carta da Terra se desenvolveu como uma rede de milhares de indivíduos e organizações que
voluntariamente e espontaneamente demonstraram seu apoio através da ação consciente e
natural. Por isso a descentralização é essencial, tendo em vista que ficaria praticamente
impossível gerenciar tradicionalmente um movimento deste porte. (GUIA PARA AÇÃO,
2007). “A Iniciativa da Carta da Terra é uma rede e não uma organização não-governamental
(ONG) tradicional”, afirma o website oficial do movimento e explica o porquê:
Não é possível para a Iniciativa da Carta da Terra expandir sua influência por todo o
mundo e realizar sua missão se for concebida como uma organização convencional,
onde todas as atividades são dirigidas e controladas por uma organização.
Considerando a missão da Carta da Terra, seria impossível, mesmo para uma grande
ONG, supervisionar globalmente as atividades da Iniciativa da Carta da Terra. Tanto
os custos como a complexidade de atingir esse compromisso seriam extraordinários.
Seria uma tarefa impossível e um plano desaconselhável (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2008).
E é seguindo essa filosofia inovadora que o movimento vem funcionando.
21
Instituto Ambientalista da Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em <www.reviverde.org.br>.
2.1.3 Conhecendo os Atores sociais da Iniciativa
O Conselho e a Secretaria, juntamente com a Comissão, os Embaixadores,
Avalistas, Voluntários, Grupos de trabalhos, Organizações sociais, Afiliados e Assessores
formam a Rede Global da Carta da Terra Internacional. A Figura 3 esboça todos os membros
desta grande rede.
O Conselho da CTI, que não é uma entidade legalmente constituída, traça os
principais objetivos, políticas e estratégias para o movimento e oferece orientação e liderança
para ampliar a Iniciativa, além de supervisionar o trabalho da Secretaria Geral22
do
movimento.
A Secretaria, por sua vez, com sede na Universidade para a Paz na Costa Rica, é o
núcleo de apoio que promove a missão, visão, estratégias e políticas adotadas pelo CIT. Ela
orienta e conecta os esforços para levar a Carta da Terra às áreas de educação, juventude,
empresarial e religiosa (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008). A brasileira Mirian Vilela
que é a diretora executiva deste núcleo é, em função do seu papel, também membro do
Conselho da CTI.
22 A Secretaria é responsável pelo gerenciamento do website internacional e preparação de materiais e recursos
básicos. Recebe apoio e assistência dos escritórios de diversos membros do Conselho da CTI, os quais
funcionam como uma secretaria expandida em várias regiões do mundo.
Figura 2 - A Rede Global da Carta da Terra Internacional (ECI) (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2008).
A Comissão23
, formada anteriormente em 1997, é responsável por guardar o texto
da Carta da Terra e os seus membros, desde então conhecidos como Embaixadores, pelo
aconselhamento e apoio à Iniciativa. Eventualmente, o conselho tem a liberdade de nomear
como embaixadores figuras ilustres que exerceram alguma importância para a Iniciativa.
O Avalista é qualquer indivíduo, ou organização que formalmente expresse seu
apoio e compromisso com o espírito e os propósitos do documento. Aqueles que se
comprometem e doam recursos - tempo, dinheiro, rede de relacionamentos e promoção
pública, ou o que lhes for conveniente – para a Iniciativa da Carta da Terra constituem-se
Voluntários.
Os Grupos de trabalho concentram-se no desenvolvimento de uma rede
independente de promoção de atividades em algumas das seguintes áreas: de Negócios, da
Educação, da Mídia, da Religião, das Nações Unidas e da Juventude.
As Organizações Sociais exercem parceria estratégica e são aquelas cujas
atividades apoiam diretamente e de forma programática a Carta da Terra e a Iniciativa, ou
cujas atividades estão em harmonia com os princípios do documento. Em sua maioria, são
organizações internacionais.
23
Após o lançamento da Carta da Terra em 2000, a Comissão delegou a responsabilidade
de supervisionar a iniciativa e a tarefa de angariar fundos para o Comitê. Em 2006, o Conselho diretor da CTI
substituiu o Comitê (Iniciativa de la Carta de la Tierra, 2008).
Os Afiliados da CTI são os indivíduos ou organizações que, também, através de
um acordo formal, compartilham a visão da Carta da Terra e estão empenhados em promovê-
la e em ajudar a implementar as estratégias da CTI nos seus países. Eles são fonte ativa de
informações sobre a Carta da Terra, em seus países.
Por fim, os Assessores, pessoas formalmente reconhecidas que são convidadas a
prestar apoio ao conselho e à secretaria, com base em seu compromisso individual com a
Carta da Terra (Iniciativa de la Carta de la Tierra, 2008).
A Carta da Terra, enquanto movimento, pressupõe que toda essa
representatividade alcançada, à luz dessa filosofia, aja na direção da visão que ela representa
para a construção de uma sociedade com desenvolvimento econômico sustentado e justiça
social.
2.1.4 A Carta da Terra no decorrer da sua fase “Em Ação”
Chama a atenção, nesta nova fase da Iniciativa, o comprometimento dos governos
nacionais, o que é fundamental para a disseminação desta declaração. Desde quando a
UNESCO afirmou a intenção dos estados membros de “utilizar a Carta da Terra como
instrumento de formação, particularmente, no âmbito da Década das Nações Unidas da
Educação para o Desenvolvimento Sustentável” surgiu à expectativa de que, cada vez mais,
os governos, diante o contexto atual em que se vive, comprometam-se de uma maneira mais
forte e formal com a Carta da Terra.
Podemos citar grandes iniciativas diante esta mobilização global.
A nível mundial
Pessoas comprometidas, de várias partes do mundo, fazem parte da Iniciativa .
Entre elas a queniana Wangari Maathai, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em
2004, Maurice Strong, que foi secretário-geral da Eco-92, e os brasileiros Leonardo
Boff e Oscar Motomura. Não só eles, mas também governos, empresas e ONGs de todo o
mundo estão realizando iniciativas para disseminar a Carta da Terra, em busca de um mundo
melhor.
No México, desde 2002, a Carta da Terra ganhou o apoio federal. O Ministério da
Educação e do Meio Ambiente realizaram formalmente, em uma celebração presidencial do
Dia da Terra, em 2007, compromissos públicos de utilizar a Carta da Terra como instrumento
educacional no sistema escolar mexicano24
. Este país tem um forte envolvimento com a
iniciativa. Para se ter idéia do comprometimento do país, atualmente, quase todos os governos
estaduais e quase todas as universidades locais adotam a Carta da Terra25
.
Em 2005, o Senado australiano reconheceu a relevância da Carta da Terra como
princípio ético e declarou apoio à sua aplicação nas políticas de educação para
o desenvolvimento sustentável26
.
No Brasil, em 2007, através de um acordo formal junto à Secretaria Geral da
Carta da Terra Internacional e a uma ONG27
brasileira de direitos humanos, o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) comprometeu-se a promover a Carta da Terra em todos os segmentos
da sociedade brasileira, bem como internacionalmente. O órgão brasileiro tem promovido a
Carta em conjunto com as Agendas 21 locais.
Na Argentina, existe um programa parecido ao brasileiro, também liderado pelo
seu Ministério do Meio Ambiente, que trabalha com Agendas 21 nas escolas, em conjunto
com a Carta28
.
O destaque também se deu com os governos locais que também iniciaram ou
fortaleceram processos semelhantes às iniciativas nacionais de estabelecimento de
compromissos públicos oficiais para implantar a Carta da Terra em programas e iniciativas
importantes. A Earth Charter Initiative (2008) cita alguns exemplos de governos estaduais e
municipais, dentre eles os estado de Queensland, na Austrália, a República do Tartaristão, na
Federação Russa, e cidades, como São Paulo e Goiânia (Brasil), Oslo (Noruega), Munique
(Alemanha), Nova Deli (Índia) e Calgary (Canadá).
O website oficial29
, sítio no qual várias ferramentas e recursos da Carta da Terra
foram desenvolvidos e estão disponíveis, passou a ter um aumento significativo no número de
acessos, chegando a quase cem mil por mês, no período entre 2006 e 2007. Hoje esse número
24
EARTH CHARTER INITIATIVE (2008). 25
Segundo entrevista de Miriam Vilela ao Planeta Sustentável em abril de 2010. Disponível em
http://planetasustentavel.abril.com.br . 26
Ibid. 27
O Centro para Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, fundado por Leonardo Boff e Márcia Miranda. 28
Segundo declarações de Miriam Vilela ao Planeta Sustentável em abril de 2010. Disponível em
http://planetasustentavel.abril.com.br 29
www.earthcharterinaction.org
é crescente, principalmente porque há uma mobilização para a criação de páginas na internet
no maior número possível de idiomas.
Segundo declarações de Miriam Vilela ao Planeta Sustentável, em abril de
201030
, atualmente a Carta da Terra já foi traduzida para 50 idiomas e, de acordo com a Earth
Charter Initiative (2010), possui uma rede de mais de 5.000 associados que apoiam a
declaração, incluindo empresas, governos e ONGs (Tabela 1). Vilela explica ainda:
“É impossível precisar quantas entidades usam a Carta da Terra e quais projetos são
desenvolvidos porque o movimento é descentralizado. Nós divulgamos a Carta,
orientamos, mas não controlamos. Cada um a utiliza da melhor forma que pode”,
realça ainda a diretora executiva da Secretaria Geral da Carta da Terra”(PLANETA
SUSTENTÁVEL, 2010).
Tabela 1- Atual Rede de associados da Carta da Terra.
Associados Quantidade ONG'S 2.417
Educação (Escolas, Universidades etc) 792
Negócios e empresas 461
Governos Locais 441
Organizações Religiosas 439
Agências Governamentais 87
Organizações ligadas à Juventude 79
Organizações Internacionais 02
Outros 331
Total 5.049 Fonte: Elaboração própria.
Após 10 anos, percebe-se que a Carta da Terra está saindo do papel para nortear a
visão de todos aqueles que são conscientes de que é preciso "somar forças para gerar uma
sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos
universais, na justiça econômica e numa cultura de paz”.
Exatamente uma década após ter lançado, oficialmente, a Carta da Terra para o
mundo, a rainha holandesa Beatrix voltou ao Palácio da Paz, na capital de Haia, para
participar do “EC+10 – It Starts With One”. Na ocasião comemorou-se os dez anos de
existência do documento e, ainda, foram debatidas quais ações devem ser adotadas a partir de
agora para que os princípios da Carta da Terra passem a ser incorporados por um número cada
vez maior de empresas e indivíduos. (PLANETA SUSTENTÁVEL, 2010).
O EC+10 na Holanda contou com a participação de vários especialistas no
assunto, entre eles os brasileiros Leonardo Boff e Oscar Motomura. “A promoção da
30
Disponível em http://planetasustentavel.abril.com.br .
responsabilidade social corporativa” e “A contribuição da mídia na divulgação dos princípios
da Carta da Terra” foram os temas mais debatidos para os próximos anos. (Ibid, 2010).
Para 2010, estão previstos, ainda, outra celebração relativa ao EC+10, em
novembro, na Índia, e o lançamento da Iniciativa da Carta da Terra para os próximos dez
anos.
A Carta da Terra no Brasil
Segundo Gadotti (2007), no Brasil os princípios e valores da Carta da Terra são
defendidos particularmente, através dos programas curriculares ligados à educação ambiental
que existem na maioria das escolas. “A Carta da Terra é utilizada como um guia para a
construção de uma cultura da paz e da Sustentabilidade”, reafirma o autor.
O Instituto Paulo Freire (IPF) exerce um valioso papel na promoção da visão
holística da Carta da Terra, difundindo, em todo país, a Iniciativa da Carta da Terra e todas as
suas agendas, de forma efetiva e profissional. Em 2006, o Instituto foi convidado a ocupar o
“honroso e desafiador papel de Organização Filiada” à grande rede global da CTI, numa
aliança estratégica com outras importantes instituições e organizações. O IPF, em conjunto
com outras instituições da sociedade civi,l conseguiu uma das conquistas mais concretas neste
campo que foi introduzir a Carta da Terra entre os 21 pontos para a ação da Agenda 21
Brasileira.
O Ministério do Meio Ambiente está difundindo a Carta da Terra como suporte
ético para a Agenda 21 brasileira. A importância dessa relação Carta da Terra-Agenda 21 fica
bem clara na explicação de Miriam Vilela (2010): “É uma ótima idéia integrar a Carta da
Terra com as Agendas 21. São conteúdos complementares, que se fortalecem e se ajudam. A
Agenda 21 é um guia para ações, e a Carta da Terra o fundamento. É como se um fosse o
corpo e o outro, a alma”.
No campo educacional, ganha destaque também a educadora ambiental Rachel
Trajber que, atualmente, no Ministério da Educação, tem dado um grande impulso na difusão
da Carta da Terra nas escolas brasileiras, através do programa de Qualidade de Vida nas
Escolas (Com-Vidas) (GADOTTI, 2007).
A cidade de São Paulo demonstrou um grandioso compromisso com a Carta da
Terra, dando um grande salto para o movimento aqui no Brasil. Em maio de 2007, durante um
evento especial da Carta da Terra, na Câmara Municipal, o prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab, assinou um compromisso com a Carta da Terra e manifestou o total apoio das
Secretarias Municipais de Educação e do Verde e Meio Ambiente em colaborar com a
Iniciativa. Este acordo de cooperação centra-se na implementação de ações para incluir a
Carta da Terra no sistema educacional da cidade. A UMAPAZ, uma universidade aberta para
a paz e educação ambiental, em colaboração com as Secretarias, lançou um projeto para
divulgar a Carta da Terra em toda a rede de educadores de São Paulo, com o objetivo de
sensibilizar os participantes sobre a Carta da Terra e solicitar o apoio dos educadores nesta
grande mobilização. Hoje a cidade de São Paulo demonstra um forte engajamento com a
Carta da Terra e serve de exemplo para as demais cidades brasileiras (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2010).
O Mato Grosso é outro estado pioneiro no apoio à Iniciativa. Já sediou uma
Conferência Internacional da Carta da Terra, em 1998, antes mesmo da Carta ter sido
apresentada oficialmente ao mundo e vem trabalhando a Carta da Terra, associando-a à
educação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. O programa “Educação Ambiental no
Pantanal e na Amazônia” é um exemplo de programa que envolve a Carta na política
educacional do estado.
No nordeste, ganham destaque duas importantes iniciativas. A ONG “Terra Azul
– Ecologia, Saúde e Cidadania”, localizada em Fortaleza, Ceará, que vem realizando
formações de educadores com base nos princípios e valores da Carta da Terra e em Salvador,
a iniciativa de Paulo Perissé que fundou e dirige a “The Global School - Escola de Educação
Internacional”. O projeto pedagógico dessa escola centra-se na noção da “Educação
Planetária”. A Carta da Terra impregna todas as dependências dessa escola, influenciando e
harmonizando métodos, enfoques, conteúdos de ensino e de aprendizagem.
Ainda, na Bahia, um Grupo de Jovens vem trabalhando a Carta da Terra e juntos
formaram o chamado ECYG Instituto Diversidade. Lá, grupos de alunos e professores da
Faculdade Jorge Amado, localizada na cidade de Salvador, estão utilizando em suas pesquisas
os princípios da Carta da Terra como uma diretriz para seu trabalho. Seminários, cursos de
curta duração e workshops sobre a Carta da Terra também são organizados.
Fora do campo educacional, encontra-se outro bom exemplo de adesão e
disseminação da Carta da Terra no campo empresarial. A fim de gerar mudanças
significativas em suas organizações e no contexto maior em que atuam, o Grupo paulista
Amana-Key31
, preocupado com o desenvolvimento humano sustentável e liderado pelo seu
Diretor Executivo e também membro do Conselho Internacional da CT, Oscar Motomura,
adotou a Carta da Terra como uma referência global para os seus programas educacionais de
formação de lideranças, tanto no setor corporativo quanto no setor governamental
(GADOTTI, 2007).
A hidrelétrica brasileiroparaguaia, ITAIPU, situada na bacia do Paraná e que
ganhou destaque internacional na utilização dos princípios da Carta da Terra em seus
negócios, juntamente com outros parceiros, tem patrocinado formação de educadores
populares, divulgando a Carta da Terra através de vídeos e de cadernos. O seu projeto
“Cultivando Água Boa” usa a Carta da Terra como referencial ético.
O Instituto Ethos, uma organização líder no campo da Responsabilidade Social
Empresarial no Brasil, não ficaria de fora desta grande Inicativa. Em 2008, decidiu que iria
trabalhar fortemente no desenvolvimento de um mercado socialmente responsável. Mais
especificamente, decidiu que o objetivo central do Instituto, para os próximos dez anos, seria
o de promover uma economia verde, inclusiva e responsável no Brasil, utilizando os
princípios da Carta da Terra como um guia geral. O Instituto Ethos é amplamente
reconhecido como uma plataforma para o intercâmbio de conhecimentos e experiências no
campo da responsabilidade social das empresas e no desenvolvimento de novas ferramentas
para ajudar o setor privado e analisar suas práticas de gestão.
Todas essas iniciativas aqui citadas representam apenas uma parte do que está
sendo feito, mas que contribuíram bastante na difusão da Carta da Terra no nosso país. Muito
tem sido feito, mas há muito por fazer. “O Brasil é um vasto país, e as iniciativas envolvendo
a Carta da Terra multiplicam-se por todo o território”, enfatiza Gadotti (2007).
E não é à toa que o Brasil foi escolhido para sediar a primeira campanha mundial
do movimento que aconteceu em abril de 2010, em uma cerimônia pelo dia mundial da Terra
que comemorou também os 10 anos do documento, na cidade de São Paulo.
Denominada Começa com Você, a campanha lançada durante o evento remete ao pensamento
de Mahatma Gandhi, para quem a mudança que se quer ver no mundo começa por cada
indivíduo. O objetivo é fomentar entre o grande público o conceito de “Cidadania Terra”, pelo
qual os interesses pelo bem comum do planeta estão acima dos individuais. Desenvolvida por
voluntários em São Paulo, a campanha está ancorada em um filme de 60 segundos, com
31
O grupo constitui-se como uma rede de alcance mundial focada na evolução consciente de líderes e da gestão
de organizações empresariais, governamentais e não-governamentais. Tem se de em São Paulo. Disponível em
http://www.amana-key.com.br .
versões em inglês, espanhol e português que será veiculado mundialmente, em espaços
doados pelas principais emissoras internacionais de televisão por assinatura e pela rede aberta
local. Contará também com anúncios doados por várias revistas e jornais, spot de rádio
e banners para a internet (ETHOS, 2010).
Seja como um guia político de desenvolvimento sustentável para governos
nacionais e locais, seja como um recurso pedagógico para a educação com desenvolvimento
sustentável, ou, ainda, como um quadro de apoio às empresas, na sua compreensão e
comunicação das linhas de fundo social e ambiental, cita Earth Charter Initiative ( 2010),
dentre outros, todas essas demonstrações a favor da Carta da Terra nos dão uma visão geral de
como a Carta, enquanto documento e foco de um movimento social, está contribuindo para
acelerar a nossa transição para uma nova forma sustentável de vida.
As perspectivas futuras são de que a Carta da Terra continuará a crescer no mundo
todo como fonte de inspiração para as ações conscientes em todos os campos da atividade
humana e como documento de referência para o desenvolvimento de políticas, leis, padrões e
acordos internacionais.
A descentralização abre caminho para uma rápida expansão das atividades
relacionadas à Carta da Terra em todo o planeta. O objetivo do movimento é simples e claro:
assegurar que, pela ação consciente, espontânea, no dia-a-dia, milhões (ou bilhões) de pessoas
de todas as partes do mundo contribuam, num processo de auto-organização, para a evolução
da vida no planeta (INICIATIVA DA CARTA DA TERRA, 2008).
2.1.5 Grupo de trabalhos e áreas focais da Carta da Terra
Como parte do plano de disseminação da Carta da Terra nesta nova fase do
movimento, a CTI, desde 2008, vem buscando atuar, através de grupos de trabalho e áreas
focais, o que o movimento no Brasil apresenta como força-tarefas. A fim de que a Iniciativa
tenha uma maior e melhor expansão em nível mundial e baseada no princípio da
descentralização, as forças-tarefas surgiram na tentativa de desenvolver redes distintas e
promover atividades mais focadas em uma das seguintes áreas (EARTH CHARTER
INITIATIVE, 2008):
o Setor privado,
o Educação,
o Mídia,
o Religião,
o Nações Unidas e
o Juventude
Segundo a Iniciativa (2008), essas áreas foram escolhidas porque oferecem
oportunidades significativas para a utilização estratégica da Carta da Terra, funcionando como
redes independentes de voluntários e no intuito de facilitar a transição para modos de vida
sustentáveis. Elas foram idealizadas pelo Conselho da CTI e por muitos dos seus membros
que se encontram engajados nesse processo e atuando como “sementes” frente as suas
respectivas equipes.
É importante que se entenda que essas força-tarefas não constituem um
departamento especial, responsável por uma área focal específica, nem muito menos, no caso
do setor privado, por exemplo, em monitorar a participação das empresas. A idéia é que a CTI
desenvolva recursos que serão disponibilizados, mas especificamente através do website, a
fim de incentivar o empresariado a participar deste grupo de trabalho, utilizando e aprovando
a Carta da Terra, por meio dos recursos disponíveis.
Como a área de estudo desta pesquisa é o setor empresarial, será dado aqui ênfase
à força-tarefa ligada a esse setor, sem desmerecer a inegável importância da expansão da
Iniciativa da Carta da Terra dentro de todas essas outras áreas focais, principalmente nesta
atual fase da Carta da Terra em Ação.
2.1.6 A carta da Terra no Setor empresarial
O planeta não suporta mais um crescimento econômico a qualquer preço. A Terra
grita por mudanças de valores, de princípios e de atitudes. Frente a esse novo paradigma, as
empresas são “forçadas” a se adaptarem a fim de que não percam, acima de tudo, seus
mercados.
Um comportamento sustentável é uma dessas mudanças de padrões a que as
empresas têm que se submeter. É, antes de tudo, um projeto que necessita da participação de
diversos agentes para sua implementação. Dentre esses agentes, o setor empresarial surge
como ator fundamental nesta mudança. “A atuação das empresas transita por sua relação com
a natureza, com a comunidade local, com seu público interno e, até, com outros países. A
sustentabilidade precisa permear todas essas atuações”, enfatiza Vilela (2010)32
em entrevista
ao Planeta Sustentável em abril de 2010.
Observando o conceito da Carta da Terra, podemos perceber que ela surge na
tentativa da “construção de uma sociedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e
pacífica”. Percebe-se, então, que se desenvolver de forma sustentável é o grande desafio. Para
isso acontecer, é preciso se disseminar a sustentabilidade em todas as áreas. Por isso é
fundamental que os processos produtivos também sejam reorientados.
No próprio texto da Carta da Terra, pode-se perceber o chamado à colaboração
dos setores sociais nesta caminhada, rumo às mudanças: "A parceria entre governos,
sociedade civil e empresas é essencial e eficaz para a boa governabilidade da Iniciativa da
Carta da Terra" (O caminho adiante).
A adesão do setor privado à Iniciativa da Carta da Terra é chave e está
aumentando consideravelmente, nos últimos anos (VILELA, 2010). Através do Gráfico 1,
pode-se perceber que, depois da grande adesão de ONG‟s e de organizações inerentes à
educação, partes fundamentais em movimentos que visam a mudanças, a categoria dos
negócios, na qual se destacam, também, as empresas, é a que mais vem aderindo Iniciativa
da Carta da Terra. O que demonstra o comprometimento desse setor na execução dos valores
e nos princípios da Carta da Terra e na boa vontade para cooperar com os outros neste
esforço.
É fato que, ao longo do tempo, as exigências sociais e ambientais foram
aumentando e, atualmente, as empresas que não atendam a essas exigências podem estar
precipitando sua saída do mercado. É preciso, pois, avaliar como as organizações podem e
devem se posicionar diante de uma sociedade cada vez mais exigente e consciente das
responsabilidades que as corporações têm em relação à economia, ao meio ambiente e à
própria sociedade (SOUZA, 2006, p.78).
32
Em entrevista ao Planeta Sustentável em abril de 2010.
Gráfico 1 - Categoria de organizações que demonstraram oficialmente seu apoio a Carta da Terra no mundo.
Fonte: Elaboração própria.
Segundo a Earth Charter Initiative (2008), o objetivo geral de envolver as
empresas com a Carta da Terra é inspirar e aprofundar seus compromissos com a
responsabilidade social e ambiental.
A Carta da Terra traz para as empresas o conceito de responsabilidade social,
fornecendo elementos universais estruturados para reconhecer seu papel na humanidade. Ela
sugere novas formas de alcançar mudanças positivas e desenvolver novas habilidades,
talentos e sentimentos dentro dos diferentes padrões de convivência. Mas de que maneira o
setor privado pode utilizar a Carta da Terra? Essa é a grande questão.
A Carta da Terra Internacional sugere algumas maneiras para esse envolvimento:
o Envolvendo os funcionários na visão de sustentabilidade, tomando a Carta da Terra como
um instrumento para educar, treinar e inspirar.
o Fazendo avaliação das atividades das empresas, à luz dos valores e dos princípios
consagrados na Carta da Terra, através da utilização das orientações de outros documentos
internacionais, como, por exemplo, o Global Reporting Initiative (GRI).
o Incorporando os valores e os princípios da Carta da Terra na declaração de missão da
empresa e em suas operações principais, a fim de criar uma empresa socialmente e
ambientalmente mais responsável.
Como parte de uma estratégia para envolver cada vez mais as empresas com a
Iniciativa, a CTI vem realizando um trabalho de coordenação com líderes de negócios para
desenvolver parcerias com o Pacto Global das Nações Unidas (Global Compact) e a Global
Reporting Initiative (GRI). Ela apóia firmemente a visão complementar entre essas iniciativas
e incentiva todas as organizações a participarem tanto do GRI e do Pacto Global como da
adoção da Carta da Terra (ECI, 2008).
No âmbito das parcerias acima mencionadas, são convidados líderes empresariais
para usar a Carta da Terra como um ponto de referência ético em seus diálogos com os atores
da sociedade civil e outros interessados.
A Carta da Terra, enquanto documento é mais um recurso disponibilizado para
incentivar o empresariado a aprovar e implementar sua filosofia nos negócios e assim ajudá-lo
a esclarecer um pouco dos contrapontos existentes entre essas iniciativas e oferecer ao setor
privado alternativas sustentáveis para seus negócios.
"A Carta da Terra define, em profundidade, a visão de um mundo melhor. Ela é
um dos documentos mais genuínos, sistêmicos e notáveis que a humanidade já produziu",
define a empresária Chieko Aoki, que está à frente da rede de hotéis e resorts Blue Tree
(BRASILEIROS, 2008). Presidente do Grupo de Mulheres Líderes Empresariais (Lidem),
Chieko, como uma das mulheres de negócios mais influente do Brasil, fez da Carta da Terra
sua bandeira e sua missão. "Procuramos sensibilizar homens e mulheres líderes para a questão
da sustentabilidade, tão coerente com a visão feminina do mundo e do futuro, e cada vez mais
presente em nossas vidas e nos nossos negócios", diz ela.
O estudo realizado pela IBM33
(2008)34
, intitulado “A empresa do futuro”, mostra
as perspectivas futuras para o setor de negócios. Nesse estudo, foram feitas entrevistas com
mais de 1000 empresas e administradores ao redor do mundo, e um dos fatores mais
importantes que resultaram dessa pesquisa é o fato de que as empresas devem ser “Genuínas,
não apenas generosas”, ou seja, “a empresa do futuro ultrapassa os limites da filantropia e da
conformidade; ela reflete uma preocupação sincera com a sociedade em todas as ações e
decisões” (2008, p.60). Esse tópico expõe a grande relevânca que os altos executivos do
mundo estão dando para a gestão socialmente responsável.
33
International Business Machines (IBM) é uma empresa estadunidense do ramo de tecnologia da informação. 34
GLOBAL. IBM, estudo global de CEO: A empresa do Futuro, 2008.
Ainda segundo Fontoura (2009), as implicações do estudo demonstram ainda que
as empresas abordam a responsabilidade social corporativa de forma mais ampla para a
“empresa do futuro”, na qual a responsabilidade social será ainda mais importante e
fundamental.
Todos esses fatos demonstram que a RSE, como mudança de conduta das
empresas, não é utopia, nem muito menos moda, mas, sim, um imperativo que veio para ficar
e precisa ser trabalhado para que, cada vez mais, as empresas comprometam-se e assumam
posturas éticas e transparentes e estendam seus benefícios e ganhos aos seus públicos mais
necessitados. Por isso disseminar a Carta da Terra, nessa área focal, não é uma atividade
impossível de ser feita, mas requer mudanças de posturas e vontade política.
2.1.7 Iniciativas de avaliação de RSE e Desenvolvimento Sustentável: o desafio de “medir”
mudanças
Percebe-se que, ao longo dos últimos anos, diversas instituições desenvolveram
instrumentos para tentar medir e incentivar as ações sociais e ambientais das empresas. Em
sua maioria, esses instrumentos constituem-se indicadores de desempenho, princípios ou
normas internacionais que buscam integrar o sucesso econômico à consciência ambiental e
social. A plena integração dessas três áreas direciona as empresas ao Desenvolvimento
Sustentável.
O esforço de construir indicadores para as diversas áreas é uma tendência
mundial, e o objetivo social é oferecer aos cidadãos e ao público leigo uma ferramenta prática
para avaliar ou diagnosticar desempenhos e tomar decisão. Para as empresas, os indicadores
também têm sido uma peça-chave nos processos de certificação e de obtenção de selos de
qualidade (ETHOS, 2007).
Toda organização é livre para avaliar sua atuação, seja através de iniciativas
próprias ou pré-existentes. No entanto, quando não se segue um padrão comum, é mais
complicado se utilizar de comparações de resultados. Na tentativa de padronizar os resultados
de uma atuação empresarial e, sobretudo, incentivar a sustentabilidade em suas gestões é que
têm surgido, nas últimas décadas, iniciativas, normas e princípios nacionais e internacionais a
fim de fomentar uma nova gestão empresarial, responsável e sustentável (SILVA, 2006, p.
93).
A Carta da Terra oferece algumas das mais abrangentes orientações sobre como
construir uma sociedade global justa e sustentável. Enquanto ela estava sendo elaborada, uma
série de outras iniciativas vinham surgindo. E hoje, como bem afirma a ECI (2006): “Há
literalmente centenas de diferentes iniciativas que procuram voluntários para ajudar
indivíduos e organizações a contribuírem para a melhoria social, ambiental, de paz e de
condições econômicas”.
Entre as mais relevantes, a GRI (Global Reporting Initiative) e o Pacto Global das
Nações Unidas ganham destaque como importantes instrumentos de apoio ao
desenvolvimento sustentável e que, em muitos aspectos, são complementares à Carta da
Terra. A Earth Charter Initiative (2006, p. 4) salienta as origens comuns desses documentos:
A Carta da Terra, o Pacto Global das Nações Unidas e a GRI partem de raízes
comuns. Todos eles surgiram, em grande parte, a partir do reconhecimento -
registrados nomeadamente pelo relatório Nosso Futuro Comum de 1987 da
Comissão Brundtland e construído pela Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente e o Desenvolvimento em 1992 - que o consumo humano e as práticas de
produção foram se tornando cada vez mais insustentáveis, e que as questões de
proteção ambiental são indissociáveis das preocupações do desenvolvimento
humano (ECI, 2006, p. 4).
Estes foram alguns dos principais fatores que contribuíram para a criação de uma
série de iniciativas que visassem à sustentabilidade.
Porém esse diversificado leque de iniciativas, muitas vezes, torna-se confuso e
complexo e suas inter-relações pouco claras aos olhos dos usuários e dos observadores.
Segundo a Earth Charter Initiative (2006), tanto as questões de implementação dessas
iniciativas como as questões de relacionamento entre elas são as questões práticas que mais
geram dúvidas entre os usuários dessas iniciativas globais.
Vejamos aqui algumas informações desses valiosos instrumentos incentivadores
de responsabilidade social e sustentabilidade nas organizações, a Global Reporting Initiative
GRI e o Pacto Global das Nações Unidas e os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social.
Global Reporting Initiative – GRI
A GRI surgiu em 1997 como uma iniciativa conjunta da organização não
governamental CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies) e o PNUMA
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), e, como afirma Silva (2006, p.95),
com o objetivo de melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos relatórios de
sustentabilidade. Oficialmente foi lançada em 2002 com a missão de oferecer uma estrutura
confiável para a elaboração de Relatórios de Sustentabilidade, que possa ser usada por
organizações de todos os tamanhos, setores e localidades (GRI, 2006).
Segundo o Instituto Ethos, o relatório de sustentabilidade é a principal ferramenta
de comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações. O modelo
de relatório da Global Reporting Initiative (GRI) é atualmente o mais completo e
mundialmente difundido.
A estrutura de Relatórios da GRI baseia-se em Diretrizes. As Diretrizes para
Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade da GRI, segundo GRI (2006, p. 4), consistem
em princípios para a definição do conteúdo do relatório e a garantia da qualidade das
informações relatadas.
Para a ECI (2006, p. 6), a GRI ajuda a responder a perguntas, como “o que é que o
desenvolvimento sustentável significa para a minha organização?” e “quais são as impactos
gerados pelas dimensões econômica, social e ambiental da minha organização?”.
Atualmente, a GRI está em sua terceira versão de Diretrizes, chamada de G3-GRI.
As Diretrizes para a Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade compreendem os
princípios, as orientações e os indicadores de desempenho. Todos esses elementos têm o
mesmo peso e importância (GRI, 2006, p. 5).
Figura 3 - Diretrizes para a Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade G3 –GRI (Fonte: Samarco, 2008).
As diretrizes estão estruturadas em duas partes, como mostra a Figura 3. A Parte
1: Princípios e Orientações – que definem o “como relatar”, trazendo orientações para
definição do conteúdo do relatório, assegurar a qualidade da informação e estabelecer o limite
ou escopo do relatório. A Parte 2: Conteúdo do Relatório, ou o “o que relatar”, que estabelece
referências para relatar o perfil da organização, sua forma de gestão (governança,
compromisso e engajamento). Finalmente os indicadores de desempenho (ECOsSISTEMAS,
2009).
Apesar de não ser uma certificação e, sim, um processo voluntário e interno da
empresa, os benefícios da elaboração e divulgação do relatório de sustentabilidade pela GRI
são bastante parecidos e vão desde uma oportunidade de inovação e alta performance para a
organização até ganhos de imagem pública para empresa.
Para resumir, o Quadro 1 mostra os elementos-chave para um melhor
entendimento da Global Reporting Initiative.
• Um conjunto de princípios acordados em indicadores de sustentabilidade
• Desenvolvido através de um processo global multilateral e equilibrado
• Regida por um seleto grupo de líderes empresariais e da sociedade civil
• Reconhecidos pela ONU na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CMDS) 2002 e utilizado por mais de mil organizações no mundo inteiro
• Disponíveis para utilização por todas as organizações
Quadro 1: Elementos-chaves da GRI.
Fonte: ECI, 2006.
O Pacto Global
O Global Compact ou o Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida pelo ex-
secretario geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, e tem por objetivo
mobilizar a comunidade empresarial, em esfera mundial, para a adoção, em suas práticas de
negócios, de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio
ambiente e combate à corrupção, refletidos em 10 princípios. Atualmente conta com a
participação de mais de 5.200 organizações signatárias, articuladas através de 150 redes ao
redor do mundo, destacando a participação de agencias das Nações Unidas, empresas,
sindicatos, ONGs e demais parceiros (GLOBAL COMPACT, 2010).
Esta é uma iniciativa voluntária que procura fornecer diretrizes para a promoção
do desenvolvimento sustentável e da cidadania, através de lideranças corporativas
comprometidas e inovadoras. As empresas participantes do PG são diversificadas e
representam diferentes setores da economia, regiões geográficas e buscam gerenciar seu
crescimento de uma maneira responsável que contemple os interesses e as preocupações de
todo os seus stakehoulders (Ibid, 2010).
O compromisso assumido pelos signatários se sustenta em dez princípios,
distribuídos nas áreas de direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ao meio ambiente e
combate à corrupção. A Figura 3 especifica esses princípios.
Para assegurar e aprofundar o comprometimento dos participantes do Pacto
Global e salvaguardar a integridade da iniciativa, além de criar um rico repositório de práticas
corporativas que sirvam de base para melhoria contínua de desempenho, o signatário que
declara seu apoio ao PG precisa publicar seu Relatório de Progresso (COP). O COP é a
descrição de providências tomadas pelos participantes em apoio ao Pacto. Ele demonstra o
compromisso com o PG e com o progresso, na implementação dos dez princípios (KELL &
LIGTERINGEN, sd, p. 2).
Figura 4 - Os 10 princípios do Pacto Global distribuídos nas quatro áreas de abrangência
(Fonte: Samarco, 2008).
Por fim, o Quadro 2 resume os elementos-chave do Pacto Global.
• Possui 10 princípios fundamentais derivados de
instrumentos intergovernamentais
• A participação é gratuita e aberta a empresas de todos os tamanhos
• Possui mais de 3.000 participantes e uma rede global de
organizações locais
• Os usuários são obrigados a apresentar anualmente uma
“Comunicação de Progresso”(COP)
• Tem reconhecimento da Cúpula Mundial de 2005, da
Assembléia Geral da ONU e do Grupo dos Oito (G8)
Quadro 2 - Elementos-chaves do Pacto Global.
Fonte: ECI, 2006.
No mundo inteiro, 5.300 empresas são signatárias do Pacto Global, que também
abre a possibilidade de adesão a outras organizações, perfazendo um total de 7.700
participantes em 130 países. No Brasil, participam do Pacto Global 339 instituições, entre
empresas e associações empresariais, ONGs, órgãos do setor público, instituições de ensino,
sindicatos e até cidades (ETHOS, 2010).
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial
Para o Instituto Ethos, conduzir os negócios atendendo as exigências da
competitividade, ao mesmo tempo contemplando os conceitos de desenvolvimento
sustentável, representa, hoje, o principal desafio do setor empresarial comprometido com a
Responsabilidade social. Para tanto, utilizar instrumentos adequados para as diversas etapas,
como o diagnóstico, a implantação e a avaliação do resultado das práticas de gestão, pode
ajudar a empresa na incorporação desses aspectos em seus processos cotidiano e estratégicos.
Para que a gestão socialmente responsável das empresas seja identificada pela
sociedade segundo um padrão avaliativo sistêmico e estruturado para fortalecer a cultura da
RSE no Brasil, o Instituto Ethos elaborou os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social –
ferramenta de gestão que mede o grau de responsabilidade social da empresa por meio de um
diagnóstico abrangente e facilita a incorporação dos conceitos e das práticas de RSE.
Em parceria com o SEBRAE e no intuito de incentivar e contribuir para que a
RSE fosse incorporada pelo universo das micro e pequenas empresas, o Ethos desenvolveu
ainda a Ferramenta de Auto-Avaliação e Planejamento – Indicadores Ethos-Sebrae de RSE
para Micro e Pequenas empresas.
Ambos indicadores estão organizados em sete temas, e cada tema é subdividido
em um conjunto de indicadores cuja finalidade é explorar, em diferentes perspectivas, como a
empresa pode melhorar seu desempenho naquele aspecto (Indicadores Ethos de
Responsabilidade Social, 2007):
Figura 5 - Princípios dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial (Fonte: SOUZA, 2006,
p. 104).
I. Valores, Transparência e Governança
- Subtemas: a auto-regulação da conduta e as relações transparentes com a sociedade.
- Ser socialmente responsável é atender às expectativas sociais, com transparência,
mantendo a coerência entre o discurso e a prática.
II. Público Interno
- Subtemas: diálogo e participação, respeito ao indivíduo e trabalho decente.
- A empresa socialmente responsável procura fazer mais, além de respeitar os direitos
trabalhistas.
III. Meio ambiente
- Subtemas: responsabilidade com as gerações futuras e gerenciamento do impacto
ambiental.
- Gerenciar com responsabilidade ambiental é procurar reduzir as agressões ao meio
ambiente e promover a melhoria das condições ambientais.
IV. Fornecedores
- Subtemas: seleção, avaliação e parceria com os fornecedores.
- Todo empreendimento socialmente responsável deve estabelecer um diálogo com
seus fornecedores, sendo transparente em suas ações, cumprindo os contratos
estabelecidos, contribuindo para seu desenvolvimento e incentivando os fornecedores
para que também assumam compromissos de responsabilidade social.
V. Comunidade
- Subtemas: relações com a comunidade local e a ação social.
- A relação que uma empresa tem com sua comunidade de entorno é um dos principais
exemplos dos valores com os quais está comprometida.
VI. Consumidores/clientes
- Subtema: a dimensão social do consumo.
- A empresa socialmente responsável oferece qualidade não apenas durante o processo
de venda, mas em toda a sua rotina de trabalho.
VII. Governo e Sociedade
- Subtemas: transparência política e liderança social.
- O relacionamento ético com o poder público e com o cumprimento das leis faz parte
da gestão de uma empresa socialmente responsável.
É importante destacar que a implantação de um modelo de gestão socialmente
responsável é um processo contínuo e que se realimenta permanentemente. Não há
organização que já tenha alcançado a plenitude da RSE, mas padrões atualizados de
relacionamento com seus stakeholders. Essa relação será sempre dinâmica e irá implicar
novos avanços (Relatório Socioambiental Fiesp/Ciesp/IRS, 2004).
Os Indicadores Ethos de RSE que, atualmente, estão em sua terceira geração,
completam uma década em 2010 e estão sem ajustes há três anos. Neste ano, o Ethos iniciará
o processo de revisão dos seus indicadores no intuito de atualizá-los à luz da norma 26000 da
ISO (International Organization of Standardization). A ideia é que, ao serem revisados, eles
se tornem uma melhor ferramenta de gestão.
Segundo Gustavo Ferroni, coordenador do Grupo de Trabalho ISO 26000 do
Ethos, a norma será publicada em dezembro de 2010 e vai atuar como uma plataforma de
entendimento entre os stakeholders. Ela foi construída com base em iniciativas já
reconhecidas, como a GRI e o Pacto Global da ONU, para atender a demanda do
empresariado global.
Para Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Instituto Ethos, essa
atualização chega para simplificar os indicadores e facilitar seu uso e entendimento por parte
das empresas. Hoje, essa ferramenta é usada por empresas em seis países, além do Brasil:
Paraguai, Peru, Equador, Bolívia, Argentina e Nicarágua. E para englobar cada vez mais
parceiros, o uso da norma ISO 26000 se faz necessário (CONFERÊNCIA
INTERNACIONAL, 2010, p.11).
As questões de relacionamento entre as Iniciativas
A GRI e o Pacto Global, juntamente com a Carta da Terra, consolidaram-se como
instrumentos que gozam de uma boa reputação internacional e podem orientar a gestão de
inúmeros tipos de organizações, sobretudo as empresariais, pois, de acordo com ECI (2006, p.
5), esses instrumentos
o Orientam para a sustentabilidade;
o São derivados de normas e princípios internacionais, desenvolvidos e aprovados pelos
governos. Por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos;
o São globalmente relevantes. Podem ser usados por todas as organizações, nos países
desenvolvidos e nos países em desenvolvimento, grandes ou pequenos;
o São baseados em parcerias, envolvendo setores empresariais, setores da sociedade civil e,
às vezes, setores de órgãos públicos, de todas as partes do mundo;
o Foram desenvolvidos para uso voluntário, permitindo, assim, maior flexibilidade de uso e
experimentação.
Esse quadro nos mostra que as três iniciativas possuem fortes elementos em
comum e foram concebidas para ajudar a sensibilizar todos os setores sociais sobre a urgência
de se avançar para um desenvolvimento sustentável.
É certo que as semelhanças existem, mas também há diferenças úteis.
A Carta da Terra, por exemplo, “abrange um espectro mais amplo de questões e
princípios, que a GRI e o Pacto Global”. Ela fornece orientações sobre „o que tem de ser feito‟
e „por que‟, mas não determina a forma como isso deve ser feito, visto que seu processo de
criação entende que as diferentes culturas e organizações terão abordagens distintas em
momentos diferentes (ECI, 2006, p. 4). Dessa forma, o „como fazer‟ torna-se parte da
abordagem que diferencia essa iniciativa e surge como tarefa mais inerente à GRI. Daí a
necessidade de complementação.
O Pacto Global, por sua vez, catalisa liderança e inovação na tradução de
compromissos chaves de responsabilidade social corporativa em visão e ação organizacionais.
Os princípios universais nos quais o PG se baseia são um ponto central de referência nas
diretrizes da GRI. Portanto, a GRI recomendaria o uso do PG como um meio prático de
implementar tais princípios (KELL & LIGTERINGEN, sd).
Resumindo, a Carta da Terra e o Pacto Global fornecem orientações mais
direcionais, ou seja, “o que fazer”, enquanto a GRI está mais focada em auxiliar com a
medição e relato das atividades relacionadas, ou seja, o “como fazer”) (ECI, 2006, p. 7).
O público-alvo é outra diferença formal entre essas iniciativas. A Carta da Terra e
a GRI foram projetados para uso por qualquer organização, seja ela empresas, sociedade civil
ou órgão público. Já o principal grupo de usuários do Pacto Global é o empresariado. No
entanto a CTI destaca que alguns órgãos públicos estão usando o PG internamente e apoiando
a sua utilização na comunidade empresarial e para além dela.
Quanto à adesão, percebe-se que o Pacto Global e a GRI possuem um
relacionamento mais formal e interativo, com mecanismos regulares para discussão e troca de
experiências entre as partes interessadas. Além de possuir um vasto banco de orientações
práticas relativas à execução de seus respectivos princípios. Enquanto a CT, por ser um
movimento descentralizado, possui uma lista de endossantes e adeptos, mas não quantifica
com precisão quantas entidades usam a Carta e quais projetos são desenvolvidos nesse
sentido.
Embora essas iniciativas funcionem de forma independente, ou seja, projetem-se
perfeitamente sem necessidade de combinação com outros instrumentos afins, elas exercem
papéis complementares na promoção da responsabilidade social e no desempenho de gestões
sustentáveis. Por isso a necessidade de se trabalhar, cada vez mais, essa vertente e assim
garantir uma melhor implementação de estratégias de sustentabilidade nas estruturas e
práticas organizacionais. O Quadro 3 nos mostra como os usuários das três iniciativas podem
desenvolver as suas diferenças e características complementares.
CT
GRI
PG
ALCANCE
Oferece um quadro mais global para a ação. Além dos três pilares do DS, ela inclui questões vitais como a democracia, não violência e
paz.
Podem utilizar a CT na revisão do alcance de seus princípios. Seus usuários podem encontrar também na Carta um instrumento valioso para avaliar a abrangência de suas políticas de sustentabilidade e
práticas.
CONTEXTO
Oferece um resumo autônomo e auto explicativo dos principais desafios enfrentados pela humanidade.
Os usuários da GRI e PG, querendo entender um contexto mais amplo para suas atividades e impactos, podem usar a Carta da Terra para aprofundar seus conhecimentos, partilhar os valores globais e encontrar uma inspiração e conjunto acessível de metas.
COMUNICAÇÃO
Reconhece a necessidade de organizações que atuem com transparência, mas não especifica como isso deve ser feito, nem fornece um mecanismo para comunicar o desempenho. As organizações que utilizam a CT podem usar as
diretrizes para seus Relatórios de Sustentabilidade da GRI e o Pacto Global para avaliar e comunicar os seus progressos.
Relatório de Sustentabilidade
COP
PARTICIPAÇÃO
Incentiva o público a apoiar (dar aval) a Carta como uma
forma de mostrar o seu apoio para os seus valores e
princípios.
Possuem modalidades formais de usuários para se tornarem associados. Seus usuários podem querer considerar o aval da CT como uma medida complementar de apoio a iniciativas de responsabilidade social.
PLATAFORMA
PARA DIÁLOGO
Pode servir como um fórum atrativo para reunir as várias iniciativas como o PG e o GRI para discutir como eles poderiam tratar desafios
coletivos. Por exemplo, como aumentar a aceitação por parte dos governos, das empresas e de outras organizações?
Reconhecem a importância crucial de juntar as
diversas partes interessadas para compartilhar perspectivas, experiências e idéias relacionadas aos seus respectivos processos, princípios e indicadores
Quadro 3 - Sinergias e Complementaridades entre a Carta da Terra (CT), a GRI e o Pacto Global das
Nações Unidas (PG), segundo a Earth Charter Initiative. Fonte: Elaboração própria.
Analisando a tabela acima, pode-se entender como a Carta da Terra, em sua
perspectiva mais ampla, pode agregar valores a iniciativas, como o GRI e o PG, e como estes
respectivos instrumentos podem complementar em alguns aspectos a Iniciativa da CT.
Os Indicadores Ethos de RSE também possuem uma estreita relação com a Carta
da Terra, a GRI e o Pacto Global, sobretudo no que se refere à incorporação de práticas
empresariais socialmente responsáveis.
Sabe-se que o objetivo geral de envolver o empresariado na Iniciativa da Carta da
Terra é fazer com que, cada vez mais, esse setor implemente em sua gestão práticas
socialmente responsáveis. Os Indicadores Ethos auxiliam as empresas, no Brasil e nos demais
países em que eles são utilizados, a gerenciar os impactos sociais e ambientais decorrentes de
suas atividades. Com isso, o empresariado que segue os princípios da CT pode utilizá-los,
assim como a GRI e o Pacto Global, para avaliarem os seus progressos. Da mesma maneira
que com as outras iniciativas, a Carta, também, surge como uma ferramenta valiosa para a
revisão periódica desses indicadores.
Desde 2004, o Instituto Ethos iniciou uma parceria com a GRI, contemplando, em
sua estratégia de trabalho, a tarefa de que, cada vez mais, empresas no Brasil padronizem seus
Relatórios de Sustentabilidade de acordo com os modelos da GRI. O Ethos foi responsável
pelo lançamento, no Brasil, da versão em português dos Relatórios da GRI. No âmbito dessa
parceria e com o intuito de facilitar os trabalhos do setor empresarial, o Instituto relacionou os
Indicadores Ethos de RSE com as diretrizes abordadas pelos Relatórios da GRI. Com isso, ao
responder os Indicadores Ethos, muitas das informações levantadas já estão contemplando as
exigências dos Relatórios da GRI (ETHOS, 2005).
A Comunicação de Progresso – COP - que corresponde às ações feitas pelas
empresas signatárias do Pacto Global, podem ser enviadas no formato dos Indicadores Ethos
de RSE. Nesse sentido, o Instituto Ethos também elaborou uma publicação contendo a versão
dos Indicadores Ethos Aplicados aos Princípios do Pacto Global, ampliando a maneira de
comunicação do desempenho empresarial e difundindo a utilização dos indicadores de RSE.
Ao adaptar os aspectos mais úteis e relevantes de cada iniciativa, a organização
pode realmente otimizar seu engajamento nas questões de desenvolvimento sustentável
global, conclui a ECI (2006).
A EC – Assess, a ferramenta de avaliação da Carta da Terra
o O que é a EC – Assess?
Lançada em 2007, pela CTI, em assembléia mundial no Reino Unido, a Avaliação
-CT (ou EC-Assess em inglês) é uma ferramenta de avaliação livre e abrangente, baseada nos
princípios éticos da Carta da Terra, que pode ser utilizada para avaliar desde estilos de vida
individual a projetos ou organizações que procuram melhorar a aplicação dos princípios
contidos nesta declaração.
A Carta da Terra é a base de apoio da EC-Assess, porque, conforme já foi citado,
é uma declaração que vem obtendo um amplo apoio às suas aspirações e a valores refletidos
por meio de um conjunto de princípios éticos, também conhecidos como o “máximo
denominador comum” na construção de uma sociedade mais justa, sustentável e pacífica. Ao
analisar todo seu processo global participativo e multicultural de construção, percebe-se como
a Carta realmente oferece um alto e legítimo padrão para medir desempenho e compromisso
ético.
o Para que serve?
O principal objetivo desta iniciativa é mostrar em quais dos princípios éticos da
sustentabilidade há mais diferença entre as ações e os valores adotados e, a partir daí,
trabalhar na tentativa de gerar mudanças, tanto no comportamento como nas práticas , rumo
ao Desenvolvimento Sustentável.
Uma avaliação em termos de ética é diferente de uma avaliação comum de
desempenho, pois, como explica a ECI (2007, p. 6), “na medida em que centramos nos
valores fundamentais, expressos pelo assunto avaliado, a comparação de desempenho
acontece com base nesses valores e aspirações”. Essa iniciativa possibilita avaliar, em
especial, a responsabilização e melhoria, além de servir tanto para medir o progresso, como
para descobrir onde e como é necessário agir mais.
Para os grupos que desejam avaliar, através de uma visão externa, seu
compromisso ético e desempenho, como, por exemplo, os órgãos governamentais, ONGs,
instituições educacionais, empresas, entre outros, o EC-Assess, por ser uma ferramenta de
avaliação livre, constitui-se numa valiosa metodologia para avaliar as ações de
responsabilidade social, desenvolvidas com base nos princípios da Carta da Terra.
Testada com sucesso por estudantes da Universidade para a Paz da Costa Rica, em
workshops, nos Países Baixos e na Suécia, e em sessões de trabalho da Carta da Terra, em
conferências na Índia, essa ferramenta tem demonstrado que a utilização da Avaliação CT, na
qualidade de instrumento de avaliação sistêmica e adaptável, seja por pessoas, seja por vários
tipos de organizações, podem, conforme ECI (2007, p.6):
- Estimular o debate e promover ações que melhor reflitam os valores defendidos e
identificados como os mais necessários, para garantir uma solução justa para um mundo
sustentável e pacífico.
- Avaliar projetos ou programas de vários setores e organizações, na tentativa de estimular a
troca de informação construtiva, de diálogo e debate, bem como incentivar a tomada de
medidas adicionais para uma mudança positiva.
Esse mais novo e recente processo avaliativo, lançado pela Carta da Terra
Internacional, acrescenta ainda a possibilidade de aproveitar o poder da “Dissonância
Cognitiva35
”, cujas ações não refletem os valores adotados.
Segundo Waal & Telles (2004), a Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger,
afirma que, uma vez criada uma dissonância cognitiva numa pessoa, um pequeno estímulo
pode levar à adoção de um novo comportamento. Portanto, trabalhar os pontos de dissonância
resultantes dessa avaliação é trabalhar pelas mudanças, como, por exemplo, lançar campanhas
para mudar o comportamento pessoal, as estratégias e as práticas.
o Como funciona?
Sabe-se que a Carta da Terra contém 16 princípios gerais e 61 princípios de apoio.
A metodologia da avaliação segue essa estrutura e apresenta-se organizada em forma de
planilha, porém priorizando os princípios 5 ao 16 e seus respectivos princípios de apoio. Isso
35
Toda pessoa tenta estabelecer uma coerência entre pensar e agir. Quando uma pessoa age de maneira contrária
ao que pensa, ocorre um estado de Dissonância cognitiva (Waal & Telles, 2004).
acontece porque os quatro primeiros princípios do documento que constitui o seu primeiro
pilar “Respeito e Cuidado com a comunidade de Vida” é o compromisso global mais
abrangente, e os princípios seguintes (5 ao 16) que compõe os outros três pilares constituem-
se os meios para cumpri-los, ou seja, são as expressões gerais das ações mais especificas dos
princípios éticos da Carta da Terra, portanto mais favoráveis ao exercício da avaliação.
Para começar a avaliação, o avaliador primeiro identifica quais destes princípios
de apoio são pertinentes e relevantes no âmbito do objetivo da avaliação. Posteriormente, os
seguintes aspectos são avaliados:
(1) O desempenho. À medida que cada um dos princípios de apoio está sendo
adotado publicamente, ou seja, o nível de ação de cada princípio de apoio;
(2) Os valores. À medida que o planejamento e desempenho real refletem a
aplicação do princípio de apoio na prática, ou seja, o que o referido princípio reflete no
planejamento e desempenho do avaliado, na prática, demonstrando, assim, o nível de atenção
por aquele princípio.
Cada um dos princípios de apoio selecionado deve ser classificado de acordo com
uma escala de 0 a 3 que avalia o grau em que cada um dos princípios são evidenciados, em
nível de ação e atenção (comprometimento).
Depois de preenchida, a planilha de pontuação surge como ponto de partida para a
reflexão e discussão. A ECI (2007, p. 19) recomenda, para a próxima etapa, uma reunião-
debate na qual os avaliadores e os sujeitos revisem e discutam os resultados dentro do espírito
de investigação apreciativa. “Manter a conversa aberta e flexível para ter a oportunidade de
chegar à linha de fundo e descobrir as áreas em que uma iniciativa orientada poderia superar
os obstáculos à mudança ou atingir um "ponto de alavancagem" para gerar mudanças
positivas gradualmente com impacto sistêmico”.
Para isso é importante, adverte o EC-Asses (2007), ter em mente a noção de que
os princípios da Carta são muito abrangentes e que eles podem não ser bem compreendidos.
Por isso é improvável que alguém ou alguma organização recebam pontuações elevadas em
cada um dos parâmetros.
Os resultados desta metodologia permitem ao avaliador identificar as áreas de
maior e menor aceitação do principio de apoio e onde a prática de um princípio de apoio
específico é maior ou menor, com isso destacar, em especial, as áreas em que o compromisso
com os princípios da Carta da Terra é mais acentuado e as práticas da organização que não
estão em sintonia uma com as outras (ECI, 2007).
A finalidade de utilizar a seguinte metodologia é, antes de tudo, refletir sobre o
alcance de cada princípio da CT e entender por que, sendo tão importante, ele não está sendo
implementado na prática (VILELA, 2008)36
.
Um grande exemplo de aplicação dessa metodologia, citada pela ECI (2007),
ocorreu com a utilização da EC-Assess, por estudantes costarriquenhos, no intuito de avaliar o
compromisso e as ações para a sustentabilidade no setor do turismo da cidade de Quepos, na
Costa Rica. O turismo é uma das mais importantes atividades econômicas deste país e
representa a principal fonte de divisas, por isso é muito provável que as ações para a
sustentabilidade deste setor gerem um grande impacto sobre o país.
Uma vez que o turismo é um setor complexo, com a participação de diversos
atores, os avaliadores identificaram o Governo Federal, representado pelos escritórios locais
dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente e Energia, o Governo local, o setor de
negócios turísticos e as escolas como as instituições entrevistadas. (Elas foram o sujeito da
avaliação).
A pesquisa mostrou que a EC-Assess realmente possui potencial para sublinhar os
princípios da sustentabilidade, identificados como importantes por organizações e setores,
mas que não estão sendo colocados em prática.
Os resultados demonstraram, ainda, que, através do diálogo gerado durante o
processo de entrevista, é possível identificar as ações estratégicas que precisam ser realizadas.
No caso de Quepos, por exemplo, identificou-se que todas essas instituições que influenciam
ou são influenciadas pelo setor do turismo precisavam mudar, sobretudo nos pontos com
potencial de melhoria, ou seja, nos princípios em que existe um alto nível de interesse e um
baixo nível de ação, assim como o que deveria ser feito nos casos de baixo interesse em
qualquer princípio de sustentabilidade.
Vale salientar, também, a possibilidade oferecida por esta ferramenta de se fazer
comparações. Outra avaliação sobre o mesmo setor de turismo poderia ser feita em outra parte
da Costa Rica, para identificar se existem tendências similares entre os mesmos atores (ECI,
2007).
Espera-se, portanto, que essa avaliação possa ajudar a se conseguir as mudanças
desejadas, no intuito de alcançar a sustentabilidade em suas próprias vidas e através de suas
36
Segundo relatos de Miriam Vilela na Oficina de reflexão sobre os princípios da Carta da Terra e sua aplicação
realizada em agosto de 2009, na sede do Instituto Ethos e disponível em <www.parceirosvoluntarios.org.br> .
organizações. Para isso, a Carta da Terra Internacional orienta que se compartilhe a EC-
Assess com os outros, a fim de multiplicar os efeitos positivos.
No estudo aqui apresentado pretende-se utilizar a metodologia para avaliação da
CT com o intuito de mostrar a sua aplicação e possibilidades na agroindústria.
A agroindústria não possui uma definição única. Ela vem sendo definida de
algumas maneiras relativamente divergentes, já que, pelo fato de compreender diversos ramos
industriais, gera alguns confrontos de conceitos devido à sua ampla abrangência. Segundo
Hoffmann et al. (1985 apud Parré et al., 2006), para ser caracterizado como agroindústria, o
estabelecimento comercial deve, evidentemente, utilizar matéria prima de origem agrícola.
Porém, o autor cita ainda o questionamento do qual surge um problema quanto ao grau de
beneficiamento desta matéria-prima. Ou seja, será considerada como agroindústria apenas
aquela que efetua a primeira transformação da matéria-prima, ou se incluirá também aquela
que, utilizando a matéria-prima já preparada, efetua a sua transformação em algum produto
acabado ou semi-acabado? Apesar de teoricamente ser mais adequado considerar apenas a
primeira transformação sofrida pelo produto agrícola, deve ser levado em consideração
também o fato de que um estabelecimento industrial efetue as duas fases de transformação
(PARRÉ et al., 2006).
Estudos realizados pela Fundação Sistema Educacional de Análise de Dados -
Seade (1990 apud PARRÉ et al., 2006), sobre as causas do desenvolvimento da agroindústria
no estado de São Paulo, foi considerada como definição de agroindústria apenas aquela que
realizasse o beneficiamento dos produtos agrícolas em sua primeira etapa.
Lauschner (1995 apud PARRÉ et al., 2006) define o termo agroindústria de dois
modos. O primeiro, em sentido amplo, é “a unidade produtiva que transforma o produto
agropecuário natural ou manufaturado para a sua utilização intermediária ou final”; o
segundo, em sentido mais restrito, é “a unidade produtiva que transforma para a sua
utilização intermediária ou final o produto agropecuário e seus subprodutos não
manufaturados, com aquisição direta do produtor rural de um mínimo de 25% do valor total
dos insumos utilizados”.
Segundo o IBGE, em sua pesquisa de Indicadores da Produção Industrial Brasil
(2001), para definir a agroindústria, foi tomada como marco a análise desenvolvida na
Pesquisa Industrial Anual de Empresas (PIA-Empresa), em que foram definidas as atividades
da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) que fariam parte da
agroindústria restrita, ou seja, setores que, primordialmente, ou fornecem suprimentos
diretamente para a agropecuária, ou realizam a primeira transformação industrial dos bens que
resultam das atividades realizadas no setor primário.
Já conforme conceito firmado para o Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste (FNE), a agroindústria, assim como o critério adotado no presente estudo, diz
respeito a uma atividade industrial de beneficiamento ou transformação de produtos da
agropecuária (SANTOS et al., 2008).
Um outro conceito que vale ser citado é denominado complexo agroindustrial.
Junior et al., (2004) assim explica: “A agricultura não depende apenas do crescimento da
agroindústria, do mercado interno e das exportações, mas também da indústria produtora de
insumos e máquinas, além das instituições de ensino e de pesquisa. Forma-se, então, um
conjunto de atividades agrícolas e industriais, interdependentes e consistentes com a política
econômica, denominado complexo agroindustrial (CAI)”.
O ideal, portanto, seria trabalhar a visão e atuação de empresas agrícolas (que
trabalhem com produtos originados da agropecuária) e rurais (localizadas em áreas rurais),
sobretudo aquelas localizadas no interior do estado. Porém, a empresa aqui abordada ocupa
uma postura similar. É uma unidade industrial que se utiliza de matéria-prima originada da
agricultura, localizada em uma cidade, que, muito embora faça parte da RMF, corresponde a
um pequeno município independente.
É nesse cenário que se vislumbra a possibilidade de realizar comparações entre os
estudos pré-existentes e futuros, que, embora façam partes de níveis acadêmicos distintos,
foram e pretendem-se ser estendidos na mesma linha de estudo.
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
O presente estudo foi desenvolvido em uma unidade fabril da Empresa
Agroindustrial, do Grupo Café 3 Corações, localizada no Eusébio, município da região
metropolitana de Fortaleza, Ceará. Também conhecida como Grupo Santa Clara, a empresa 3
Corações é hoje um complexo empresarial focado em diversas áreas de atividades da cadeia do café.
3.2 Origem dos dados
Para a realização deste trabalho foram utilizados dados primários e secundários.
Como instrumento de coleta dos dados primários e como parte da proposta de
avaliação de SER, baseada na Carta da Terra, foi aplicado um questionário com a unidade
fabril da Agroindústria Café 3 Corações, localizada no município do Eusébio, Ceará.
A coleta de dados secundários teve como fonte principal os recursos virtuais da
Earth Charter Initiative®
: Biblioteca Virtual, Relatórios de Ação, O Livro da Carta da Terra
em Ação e os Websites nacionais da Carta da Terra, sobretudo o do Brasil. A coleção Ethos e
os vários artigos sobre o referido tema abordado, disponibilizados via Internet também
ajudaram a compor a pesquisa. O levantamento documental foi realizado com a finalidade de
caracterizar, em especial, a empresa. Para tanto, foram utilizadas informações, declarações,
códigos e balanços disponibilizados no website oficial da organização.
3.2.1 A fonte dos dados
A empresa escolhida para compor o estudo de caso analisado nessa pesquisa foi
uma unidade industrial de beneficiamento de vários produtos da cadeia produtiva do café
(Coffea arabica L). Na presente pesquisa, a empresa foi considerada como “agroindústria”,
uma vez que este é o ramo de empresas que se pretende focar no intuito de desenvolver
pesquisas que sigam a mesma linha abordada nesta dissertação. Pode-se notar, porém, que
definir “agroindústria” é uma tarefa bem relativa, depende muito dos objetivos de estudo das
organizações e da abrangência pretendida.
A obtenção das informações utilizadas no estudo foi feita diretamente, por meio
de questionário junto à responsável pela área de Responsabilidade Social integrante do setor
de Recursos Humanos da empresa (Ver Apêndice A).
O questionário estruturado com perguntas subjetivas e objetivas foi respondido no
mês de julho do ano corrente. A primeira parte é introdutória e visa entender qual a visão da
empresa sobre os temas principais dessa pesquisa: Responsabilidade Social Empresarial,
Desenvolvimento Sustentável e Carta da Terra e como esses conceitos estão inseridos em sua
gestão empresarial. A segunda parte constitui o ponto chave da pesquisa. Ela consiste na
proposta de avaliação de ações de responsabilidade social baseada na avaliação Carta da Terra
ou EC-Asses, proposta pela Carta da Terra Internacional.
Esta avaliação, assim como a metodologia EC-Asses, visa mostrar em quais dos
pilares éticos da sustentabilidade que baseia a Carta da Terra há mais diferenças entre as ações
e os valores adotados.Porém os princípios éticos de apoio dão lugar às práticas socialmente
responsáveis, direcionando a metodologia ao setor empresarial. Dessa maneira, será possível
identificar as áreas com maiores oportunidades para gerar mudanças no comportamento e nas
práticas das empresas rumo à sustentabilidade de sua organização.
As práticas socialmente responsáveis, listadas nessa proposta avaliativa, se
originaram da pesquisa “Responsabilidade Social Empresarial: um retrato da realidade
brasileira” realizada pelo Instituto Akatu37
, pelo Consumo Consciente e pelo Instituto Ethos
de Empresas e Responsabilidade Social e lançada em 2008. Esse estudo é parte importante de
um projeto maior, que busca construir os Indicadores Akatu de Consumo Consciente, as
Referências Akatu-Ethos de RSE e a Escala Akatu de RSE.
O ponto de partida para selecionar quais as ações que seriam perguntadas às
empresas nessa pesquisa foi os Indicadores de Responsabilidade Social do Instituto Ethos. Foi
selecionado um conjunto de ações representativas das práticas e das políticas em todos os
temas e em todos os focos geradores de indicadores Ethos. A esse conjunto, foram
37 O Instituto Akatu – fundado em 2001 com a missão específica de informar e fortalecer o poder de decisão do
cidadão-consumidor – entende que o consumo consciente e desenvolvimento sustentável são elos de uma mesma
corrente, ou do mesmo círculo virtuoso necessário à concretização deste último, como realidade econômica,
social e cultural, amparada em padrões de uso responsável dos recursos naturais e ambientais.
adicionados aspectos referidos a outras pesquisas e experiências do Akatu, contemplando a
perspectiva do consumidor, chegando-se, então, às 71 ações incluídas no questionário. Dessas
71 ações, 16 foram aplicadas apenas a grandes empresas, enquanto que as demais 55 se
dirigiram ao conjunto da amostra de empresas pesquisadas (ETHOS, 2007).
Para a avaliação aqui desenvolvida, tomou-se parte dessas 55 ações, de acordo
com a sua “relevância”, isto é, relevante no âmbito do objetivo da avaliação. Essas ações
foram redistribuídas de acordo com os pilares de sustentabilidade da CT, seguindo a mesma
estrutura metodológica da EC-Assess.
O número de questões em cada área temática variou e tendeu a corresponder ao
detalhamento e/ou à complexidade das questões implicadas em cada uma delas. Assim como
na Avaliação CT, independentemente da área temática, todas as questões foram consideradas
igualmente relevantes e equivalentes. Não se arbitrou, a priori, nenhum critério de
diferenciação valorativa entre elas.
Os Apêndices B e C trazem os Indicadores base da pesquisa e a Planilha EC-
Assess adotada na avaliação da Agroindústria 3 Corações, respectivamente.
3.3 Métodos de Análises
A metodologia escolhida para realização da pesquisa foi de estudo de caso.
Segundo Yin (2001, p. 32) “o estudo de caso é uma investigação empírica que visa investigar
um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real especialmente quando os
limites entre fenômeno e contexto não estão claramente identificados”. Robert Yin afirma
ainda que o estudo de caso tem se constituído uma estratégia comum de pesquisa em várias
áreas de estudo. Em todas essas situações, a clara necessidade pelos estudos de caso surge do
desejo de se compreender fenômenos socais complexos (Yin, 2001, p.20).
A estratégia metodológica desdobrou-se nos seguintes passos: um primeiro
momento que corresponde a um levantamento bibliográfico sobre o tema; em um segundo,
considerou-se necessário realizar uma pesquisa documental com a finalidade de caracterizar,
entre outros, a empresa analisada; no terceiro momento, realizou-se a aplicação de um
questionário na área gerencial de recursos humanos da empresa, no intuito de conhecer a
percepção e a atuação empresarial segundo os temas aqui abordados e testar uma metodologia
avaliativa no âmbito do tema central da pesquisa, além de demonstrar e analisar alguns
exemplos de casos pré-existentes, a fim de facilitar a compreensão do tema proposto.
Esse desdobramento compõe um processo de pesquisa exploratória. Para Gil
(1987), esse tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícitos ou a constituir hipóteses. Na maioria dos
casos, essas pesquisas envolvem levantamento bibliográfico, entrevistas e análises de
exemplos que estimulem a compreensão.
A pesquisa bibliográfica, por sua vez, ainda segundo GIL (1987), é desenvolvida
com base em material já elaborado, e boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida
como pesquisas bibliográficas.
Como o modelo de avaliação proposto é baseado na metodologia EC-Assess
(2007), os instrumentos metodológicos utilizados neste estudo, para obtenção dos objetivos
propostos, também seguiram a mesma forma de análise e apresentação dos dados.
A seguinte metodologia demonstrará o nível de interesse pela ação proposta e o
nível de desempenho da empresa com relação àquela mesma prática. Com esse modelo
metodológico, foi possível analisar os seguintes pontos:
o Os valores da empresa. Avalia-se o nível de interesse e atenção dada a cada uma das
práticas socialmente responsáveis, de acordo com a seguinte escala de 0 à 3.
Pontuação que evidencia o nível de interesse por determinada prática
0 No momento não há interesse pela realização da ação.
1 Há evidências de um mínimo interesse sobre esta ação.
2 Há interesse, porém esta ação ainda não se constitui interesse principal no momento.
3 Há evidências de um grande interesse por este princípio.
o O desempenho. Neste ponto e para o mesmo conjunto de práticas socialmente
responsáveis, avalia-se à medida com que cada uma das práticas é evidenciada na
ação, com a seguinte escala de 0 à 3.
Pontuação que evidencia o nível de implementação por determinada prática
0 No momento não há implementação da prática proposta.
1 Há evidências de uma mínima implementação desta ação.
2 Há indícios de um movimento rumo a uma maior aplicação desta ação.
3 Já há uma plena implementação e consolidação desta ação.
Uma vez realizada a avaliação, os resultados devem ser estudados na busca de
padrões que destaquem a visão socialmente responsável da empresa refletida entre os pilares
de sustentabilidade da Carta da Terra. Nota-se, com essa pontuação:
o As ações que não passam da teoria (níveis de interesse e ação baixos);
o As incorporadas na prática cotidiana (níveis de interesse e ação altos);
o As práticas que despertam o interesse, mas que não são suportadas por ações
(nível de interesse alto e de ação baixo).
A metodologia EC-Assess também possibilita apresentação dos dados de
diferentes formas, porém optou-se pelos seguintes modelos:
I. Apresentação dos dados de forma desagregada em um gráfico de colunas, e
II. Apresentação dos dados de forma agregada em um gráfico de barras.
O Modelo I vai expor o nível de interesse e de ação na mesma coluna, para cada
indicador Ethos de RSE (Valores e Princípios, Público Interno, Meio ambiente,
Consumidores, Comunidade, Fornecedores e Governo/Política) e cada princípio da CT. Deste
modo, será possível ver claramente os pontos que possuem grandes discrepâncias. Além
disso, podemos ver o quão altos ou baixos são os níveis de interesse e de ação com respeito ao
Indicador de RSE e aos princípios da CT.
O Modelo II vai mostrar o nível global de interesse e de ação para os três pilares
da sustentabilidade citados pela Carta da Terra. Isso identificará onde estão as áreas críticas
que devem ser trabalhadas.
Segundo a ECI (2007), aqueles pontos que demonstram interesse por aquela
prática, mas que ainda não refletem níveis significativos de envolvimento com a ação,
representam áreas da dissonância. Estas podem representar as maiores oportunidades para
conseguir uma mudança significativa, uma vez que o assunto é susceptível de ser motivado
para causar ações em alinhamento com valores declarados. Essas áreas poderão emergir como
as mais altas prioridades para uma campanha de mudança.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir são apresentadas as considerações relativas aos objetos propostos no
Capítulo 1 desta dissertação. Inicialmente são colocados casos práticos do emprego da CT no
Setor Empresarial. Em seguida, direciona-se a análise para Agroindústria e ao final do
capítulo faz-se uma avaliação dos princípios da CT e das práticas de RSE a partir de um
estudo de caso da Agroindústria 3 Corações.
4.1 A Carta da Terra no Setor Empresarial: Casos práticos
Algumas empresas no mundo todo têm tentado, de alguma forma, incorporar os
valores e os princípios da Carta da Terra em suas gestões, tornando-se dessa forma,
organizações conscientes de suas responsabilidades universais e contribuindo para que a
sustentabilidade permeie entre as atuações que envolvem o setor produtivo.
Serão listados aqui os casos práticos de utilização da Carta da Terra no setor
privado em alguns países, incluindo o Brasil, e que mais têm chamado a atenção em nível
internacional.
4.1.1 Experiências Internacionais
Serão citados os casos da Promotora Ambiental PASA, no México; do Hotel
Parque del Lago, na Costa Rica e do Hilton Hotel, em Washington, nos Estados Unidos.
Todos eles vêm realizando treinamentos sobre sustentabilidade, com seus funcionários,
inspirados na Carta da Terra, para que a ética seja praticada em todas as atividades dos
empreendimentos.
Empresa: Promotora Ambiental SAB DE CV (PASA) - México
I. Sobre a empresa
Promotora Ambiental SAB de CV (PASA) é uma empresa mexicana de grande
porte referência em sustentabilidade e pioneira na adesão dos princípios da Carta da Terra.
Está localizada em Monterrey, no estado de Nuevo Leon, no norte do México e conta com
uma equipe de trabalho de cerca de seis mil pessoas. As atividades da companhia estão
estruturadas em quatro áreas: Serviços de Gestão de Resíduos, incluindo coletas privadas e
residenciais, bem como a operação dos aterros, reciclagem, concentrando-se na recolha de
resíduos de tereftalato de polietileno (PET); Água e Biotecnologia; Prestação de Serviços, tais
como esgotos, tratamento de águas residuais e distribuição de água potável e Serviços da
Indústria do Petróleo, que consiste no desenvolvimento e implantação de logística para a
gestão e tratamento dos resíduos resultantes das atividades de perfuração de poços (GOOGLE
FINANCE, 2010).
Desde sua fundação em 1991, a PASA oferece os serviços mais abrangentes de
Gestão Integrada de Resíduos, comprometendo-se, acima de tudo, com a proteção do meio
ambiente mexicano. E foi justamente, com o desenvolvimento de projetos para a melhoria do
ambiente, que a empresa alcançou liderança nesse ramo (PROMOTORA AMBIENTAL,
2010). Criou, em 2004, a Fundação Mundial Sustentável A.C (Sustainable World
Foundation) e, desde então, tem realizado trabalhos de educação ambiental com modelos
alternativos de desenvolvimento e capacitação de atores sociais das regiões norte, central e
sul-sudeste da República Mexicana.
O Espírito de serviço, Respeito ao Meio Ambiente, Qualidade,
Comprometimento, Simplicidade e Fidelidade fazem parte dos valores que mais diferenciam a
empresa cujo propósito é oferecer soluções ambientais inovadoras para um mundo sustentável
(Ibid, 2010).
II. O comprometimento da Empresa com a Carta da Terra
A aprovação da Carta da Terra em sua gestão aconteceu cinco anos após o
lançamento oficial do documento, em 2005, o que representou um grande estímulo na
transição do setor empresarial para o desenvolvimento sustentável, visto que a empresa
formalizou ali um compromisso de internalizar suas operações corporativas, seus princípios e
de projetá-los para as comunidades, os fornecedores, os clientes, os governos locais e os
meios de comunicação, dentro de sua área de serviço (EARTH CHARTER INITIATIVE,
2010).
Cientes de que, no momento, somente a menção não era suficiente e de que
colocar a Carta da Terra em ação era fundamental, a PASA, desde então, empreendeu
atividades em inúmeras áreas, desde ONG‟s, universidades, municípios, sociedade civil e até
mesmo aldeias indígenas. Em particular, também, com os membros da empresa e seus
familiares.
Na apresentação de suas práticas, com foco nos princípios e valores da Carta da
Terra, a empresa segmenta dois alvos importantes: a CT, no interior da companhia, e a CT em
direção ao público externo.
Dentro da companhia, a empresa, em parceria com a Fundação Mundial
Sustentável A.C, iniciou um processo de disseminação da CT a todos os membros da empresa
e em todas as suas unidades, seguido da reestruturação de seus valores, com base no conteúdo
da Carta (Quadro 4).
Foi projetado um modelo inovador de Oficina para disseminação da CT
Oficinas presenciais para a apresentação da CT, os comitês de RSE da empresa
Formação de instrutores para que eles pudessem dar workshop,s para seus colegas de trabalho e para outras pessoas fora da empresa
Workshop sobre a Carta da Terra para diretores e executivos de média gerência da empresa, durante Reunião Anual do Conselho de Administração
Valores da empresa foram redesenhados, incorporando outros valores, como o respeito pela integridade do Meio Ambiente, o desenvolvimento humano e a Responsabilidade Social, tomando em consideração o
conteúdo da Carta da Terra
Através da Universidade virtual da empresa na intranet – UPASA - os funcionários têm acesso direto com
a Carta da Terra, por meio de nome de usuário e senha, e são submetidos a testes avaliativos
Quadro 4 - Iniciativas já implementadas e em andamento, para a difusão da CT, pelo público interno da PASA.
Fonte: Earth Charter Initiative, 2010.
Fora dos limites da companhia, a empresa promoveu a difusão da CT através do
incentivo à aprovação pelos governos locais, atividades pedagógicas no meio educacional,
programas educativos e publicações sobre a Carta para várias comunidades regionais (Quadro
5).
Destaque dos princípios da CT através de atividades dirigidas aos estudantes e a outras empresas do ramo
Estímulo à aprovação da CT, em escolas privadas e divulgação e incentivo para a utilização de novas
formas de tecnologias sustentáveis
Realização de workshop sobre a Carta da Terra em escolas, comunidades e em várias cidades mexicanas,
com a obtenção de uma participação representativa de membros da sociedade civil, dentre eles estudantes,
professores, estudiosos, ambientalistas, autoridades e cidadãos civis.
Promoção para a aprovação da Carta da Terra pela população e governos locais de vários municípios
mexicanos (Tlalnepantla na Cidade do México; Poza Rica, Veracruz; Cadereyta Jiménez, Nuevo León;
Centro (Villahermosa,) Tabasco.
Promoção de visitas a várias cidades importantes do México, na tentativa de disseminar a iniciativa e com
o apoio de membros da CTI e de autoridades nacionais engajadas
Colocação à frente de negociações que visam publicar a CT em outras linguagens, inclusive em línguas
faladas por seus povos nativos.
Interação com outras instituições, no intuito de publicar livros que compartilham os mesmo princípios da
Carta da Terra, como, por exemplo, o livro Lazos con la Tierra (Obrigações com a Terra) em 2009,
Diálogos com La Tierra (Diálogos com a Terra) em 2008. Organização dos eventos onde acontecem as
publicações.
Disseminação da CT para crianças, através de instrumentos pedagógicos lúdicos e incentivo ao público
infantil, através de competições teatrais, artísticas e exposições
Financiamento de programas educacionais, baseados nos princípios da CT. Por exemplo, o Diploma de
Educação para um Mundo Sustentável, que ainda está sendo oferecido para grupos de professores do
ensino primário, no Nordeste do México
Quadro 5 - Iniciativas já implementadas e em andamento para a difusão da CT em direção ao exterior da PASA.
Fonte: Earth Charter Initiative, 2010.
Empresa: Hotel Hilton Arlington – Estados Unidos da América.
I. Sobre a empresa
O hotel Hilton Arlington, que está localizado em Arlington, Virginia (E.U.A.),
disponibiliza 210 quartos de luxo e possui uma rica diversidade cultural, com 40 diferentes
países representados em uma força de trabalho de 104 pessoas. É também uma das empresas
pioneiras no esforço de integrar a Carta da Terra na vida cotidiana e em seus negócios.
II. O comprometimento da Empresa com a Carta da Terra
A idéia de introduzir a idéia da Carta da Terra na rotina da empresa iniciou-se
com a diretora de recursos humanos, Vickie Hann, em 2007. Desde então, o Hilton Arlington
tornou-se o primeiro hotel em todo o mundo a aprovar e a firmar um compromisso com a
Carta da Terra.
A empresa inspirou-se na mensagem da CT devido à sua rica história e aos
amplos valores de sustentabilidade que ela contém. A partir daí, começou a agir com a
finalidade de procurar meios de envolver o Hilton Arlington e a comunidade do entorno nesta
iniciativa.
O compromisso feito com a CT encaixou-se perfeitamente ao desenvolvimento de
um plano para fazer do hotel uma empresa 100% sustentável no decorrer de cinco anos. E
com isso as ações começaram a acontecer.
As atividades foram iniciadas com o objetivo de envolver os funcionários com a
Carta. “Introduzir a Carta da Terra ao quadro de funcionários foi uma tarefa bastante
desafiadora no início, visto que não existia nenhuma apresentação de Power Point disponível
e o documento original da CT era bastante grande e difícil de adaptação”, explica Hann. Mas,
mesmo assim, as atividades continuaram na busca de envolver os diferentes departamentos da
empresa, através de ações que refletissem essa nova visão adotada pela empresa, sem
esquecer de envolver também outros públicos relacionados à empresa.
O Quadro 6 mostra o que foi e tem sido feito na tentativa de colocar em prática a
visão ética, justa e sustentável da CT.
Um comitê interno gestor da Carta da Terra foi criado para trabalhar em colaboração com o diretor
principal, no desenvolvimento do plano de um hotel 100% sustentável
A Carta da Terra foi inicialmente aplicada aos gestores dos diferentes departamentos do hotel, e cada
gestor ficou encarregado de estabelecer práticas sustentáveis em seus departamentos.
Os funcionários de cada equipe passaram por seções de introdução e treinamento ao novo plano e, ao
final, também aprovaram a CT
No Departamento de Recursos humanos
Capacitação dos seus associados: aulas gratuitas de inglês para aqueles que não falam a língua, de habilidades
básicas em informática e de educação financeira
Utilização de material reciclado e proveniente de fornecedores que são criteriosamente escolhidos com base no respeito e preservação ambiental (por exemplo, cartões de aniversários entregues aos funcionários feitos com um material totalmente reciclável em que nenhum produto químico prejudicial é
utilizado no processamento; impressões em papel reciclado)
Parcerias com as escolas da comunidade do entorno, na difusão da CT entre os alunos, através de atividades artísticas e interativas dentro e fora da empresa
Apoio aos projetos comunitários e parcerias em projetos sociais de voluntariado na comunidade
No Departamento de comidas e bebidas
Produtos alimentares oriundos de agricultura sustentável, por exemplo, o café.
Programa de Reciclagem de material e resíduos provenientes da cozinha e utilização de descartáveis
reciclados, porém buscando sempre métodos para reduzir a necessidade desses produtos descartáveis
Programa de manutenção de máquina para reduzir o desperdício de água e produtos químicos
Utilização de tecnologias que exigem menos desperdício e redução de combustíveis poluentes
Escolhas alimentares que refletem, quando possível, a sustentabilidade e sejam “eco friendly”
(amigavelmente ecológico) e ambientalmente responsável
Transição para a alimentação alternativa e menus alimentares sustentáveis
Engenharia
Programa de racionalização de energia e água, a partir de mudanças importantes em relação às lâmpadas
e ao uso de máquinas eficientes
Utilização de tecnologias “ Ideally Green” (idealmente verde)
Departamento de Limpeza
Mudanças para produtos de papel “Eco friendly” (amigavelmente ecológico)
Plano de incentivo à utilização de produtos mais conscientes, nos quartos de hóspedes
Preferência para produtos de limpeza que são ambientalmente responsáveis (ou seja, baixa toxicidade
orgânica ou produzidos localmente)
Lavagem a seco, como parte do Plano de limpeza “Eco friendly” (amigavelmente ecológica)
Quadro 6 - Iniciativas já implementadas e em andamento baseadas na CT no Hotel Hilton Arlington.
Fonte: Earth Charter Initiative, 2010.
Os resultados de tantas mudanças não custaram a aparecer, principalmente
porque, como bem constatou Hann (2010), “ser sustentável não quer dizer que o lucro não
virá”. A diretora geral do hotel explicou ainda o porquê de sua afirmação:
“Como resultado do programa de economia de energia, os gastos de preservação de
água em 2009, quando comparados com os de 2008, foram de US$ 26,539 dólares
menores. Esta diminuição de gastos foi oriunda principalmente do eficiente controle
dos vazamentos nos banheiros e nas cozinhas. A economia de gás em 2009,
comparada com a de 2008, foi de US$ 36,660 dólares. Esta economia é oriunda do
controle do tempo de uso e pela paralisação das máquinas nos períodos mais
tranquilos e também pela substituição de peças desgastadas. Nossos gastos em
eletricidade em 2009 foram US$ 28,322, maiores que os de 2008, este fato nos
incentivou a substituir todas as luminárias por luzes elétricas e essa mudança nos
trouxe uma economia de cerca de US$ 13,148, nos últimos quatro meses” (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2010).
O Hilton Arlington é um grande exemplo de como a Carta da Terra pode ser
usada como uma ferramenta inspiradora nos negócio e como os princípios da Carta da Terra
foram traduzidos em ações concretas, não somente dentro dos diferentes departamentos do
hotel, como também dentro da comunidade local (EARTH CHARTER INITIATIVE, 2010).
Empresa: Hotel Parque del Lago – Costa Rica
I. Sobre a empresa
Parque del Lago é um hotel de médio porte, com 40 quartos, situado em San José
na Costa Rica. Desde a sua criação, o hotel tem promovido a visão das melhores tradições da
Costa Rica com os confortos da vida moderna. Com essa visão em mente, a gerência e os
funcionários do hotel desejam transmitir a hospitalidade e simpatia dos costarriquenhos com a
atitude e o conhecimento de cidadãos do mundo.
De acordo com a Earth Charter Initiative (2010), a empresa foi criada com um
esforço para construir um lugar com oportunidades de crescimento pessoal dentro de um
hotel. Essa visão é motivada pelo cuidado e pela preocupação com a cultura, a natureza e as
pessoas. "A empresa foi formada por todos", explica a gerente geral do hotel, Ana Gabriela
Alfaro. "Devemos estar conscientes do fato de que somos todos igualmente parte das ações,
só estamos localizados em diferentes posições, de acordo com os nossos talentos e recursos.
Os resultados são construídos em conjunto e os esforços de cada um são respeitados e
valorizados de uma forma positiva", enfatiza ainda a gerente geral.
A visão do hotel é, portanto, não apenas competir como mais uma empresa
privada, mas, sim, produzir itens que contribuam no esforço para alcançar o potencial pessoal
de cada um, de acordo com suas competências e seus talentos, não só no seu local de trabalho,
mas também em suas famílias e na comunidade em que se insere.
“Hotel Parque Del Lago, vivo em Natureza, Cultura e Pessoas”. O próprio
logotipo do hotel reconhece a importância desses três importantes aspectos dentro da
sociedade e os inclui precisamente em seus trabalhos, procurando ilustrar a forma como cada
um deles tem uma relação simbiótica que faz de nós o que somos.
II. O comprometimento da Empresa com a Carta da Terra
Segundo a Earth Charter Initiative (2010), a Carta da Terra tornou-se a orientação
mais eficaz para atingir os objetivos do hotel. Para a empresa, a Carta reúne uma motivação
impressionante e positiva, reconhece as áreas críticas para trabalhar e as rotas a seguir para
alcançar mudanças substanciais, abrangentes e globais.
Desde que os funcionários da empresa hoteleira tomaram conhecimento da Carta
da Terra, eles motivaram-se a entender que, através de um esforço comum, boas intenções e
ações criativas são essenciais para resolver os problemas da Terra. "Houve o reconhecimento
do quanto ela contribui para alcançar os objetivos em qualquer área e do quanto ela reconhece
as nossas capacidades como valiosas, talentosas e capazes", enfatiza Alfaro. Os princípios da
Carta da Terra foram incluídos na apresentação do quadro ético do hotel, com um convite
para visitar o site da Carta da Terra.
A participação consciente do Parque Del Lago é a compreensão de que tudo
começa com a própria pessoa. Pode-se começar a fazer mudanças em um nível pessoal e, em
seguida, mobilizar em círculos mais próximos, a fim de multiplicar os efeitos.
Uma sequência de fatos ocorreu na empresa desde que o hotel Parque Del Lago
resolveu, a partir de 2009, utilizar os princípios da Carta da Terra em sua gestão. São ações
que visam introduzir, implementar, comunicar, disseminar, promover e até mesmo avaliar a
visão da Carta da Terra em seus negócios (Quadro 7).
Workshops sobre a Carta da Terra, para os funcionários do hotel
Inclusão de muitos dos princípios da Carta da Terra, no Código de Ética do hotel.
Utilização dos princípios da Carta, para basear seu planejamento estratégico.
Políticas de Pessoal: as políticas de pessoal têm tentado ampliar e abraçar a intenção de justiça através de
tratamentos equitativos
O site da Carta da Terra e as trocas de e-mails com a Secretaria da CTI passaram a ser ferramentas
importantes de comunicação, para manter a empresa atualizada e informada nessa nova caminhada
Entrega de materiais da Carta da Terra em Ação a todos os colegas e novos funcionários
O logotipo "Inspirado pela Carta da Terra" foi incluso nos materiais impressos e e-mails do hotel
Livros do CT estão disponíveis para os hóspedes e funcionários em diversas áreas da empresa: recepção,
biblioteca e sala de jantar dos funcionários
A Carta da Terra está sendo promovida em meio aos contatos comerciais do hotel
Avaliação de Desempenho Pessoal: o desempenho da empresa, os valores de qualidade, propostas e ações
são avaliados no âmbito da Carta da Terra
Quadro 7 - Práticas empresariais de incorporação dos princípios da Carta da Terra no Hotel Parque Del Lago e
difusão para os seus públicos de relacionamento.
Fonte: Earth Charter Initiative, 2010.
4.1.2 Experiência Nacional
Destaca-se o exemplo da Itaipu binacional, a hidrelétrica que utiliza a Carta da
Terra como um valioso quadro ético, uma ferramenta educacional e como o caminho comum
que liga os mais variados projetos e programas que fazem parte do movimento Cultivando
Água Boa (Cultivando Água Buena) que começou em 2003. Por seu trabalho, ganhou o
prêmio Maximo Kalaw Earth Charter em 2005.
A Itaipu binacional é destaque, também, como a hidrelétrica que, apoiando-se,
principalmente, no diálogo com as partes interessadas – base da gestão responsável – e nos
princípios da Carta da Terra, construiu uma rede de parceiros que sustenta o programa
Cultivando Água Boa, cada um deles com um papel fundamental na viabilização das ações.
Empresa: Itaipu Binacional – Brasil / Paraguai
I. Sobre a empresa
Itaipu Binacional é a maior usina hidrelétrica do mundo e está localizada no Rio
Paraná, no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, nos municípios de Foz do Iguaçu,
no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai. Na margem brasileira, a empresa emprega 1.446
empregados e, na margem paraguaia, 1.822.
Como qualquer projeto hidrelétrico, a Itaipu produziu, ao longo de sua criação,
impactos ambientais relevantes. Consciente disso, a usina tem incorporado as noções de
responsabilidade social e ambiental em sua missão, com um enfoque especial na preservação
do seu recurso mais importante: a água.
Atualmente a atuação socioambiental é compromisso da Itaipu. A partir da
ampliação da missão da empresa, no ano de 2003, a companhia incorporou à sua missão a
responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento sustentável. A nova missão foi assim
definida: “Gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental,
impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e
no Paraguai”. Assim, o tema se tornou questão institucionalizada e permanente na atividade
empresarial da usina e, a partir daí, a Itaipu implementou programas que beneficiam a
comunidade, o meio ambiente e o público interno (BRASIL ITAIPU, 2010).
Em 2005, os governos brasileiro e paraguaio firmaram acordo reconhecendo que a
responsabilidade social e o cuidado com o meio ambiente são atividades permanentes da
empresa. Neste mesmo ano, a empresa investiu US$ 18 milhões em ações sociais e ambientais
no Brasil e no Paraguai, cerca de 50% para cada país. O mesmo valor foi destinado ao ano de
2006. Direta e indiretamente, aproximadamente 1,5 milhão de habitantes são beneficiados
pelas ações socialmente responsáveis da Itaipu (Ibid, 2010).
Também em 2005, foi criada, na margem brasileira, a Coordenadoria de
Responsabilidade Socioambiental e instalado o Comitê Gestor de Responsabilidade
Socioambiental, que são responsáveis pelas diretrizes socioambientais da empresa.
Os programas socioambientais da Itaipu integram o Plano Empresarial, que está
estruturado por programas e ações. Tudo está vinculado aos objetivos estratégicos, às políticas
e as diretrizes da empresa. Parte dos projetos conta com parceiros que também investem
recursos financeiros, enquanto outros são subsidiados integralmente pela binacional.
Responsabilidade social, para a Itaipu, é também promover cidadania, qualidade
de vida, desenvolvimento sustentável e inclusão social no Brasil e no Paraguai.
II. O comprometimento da Empresa com a Carta da Terra
A maior hidrelétrica do mundo em geração de energia é também a promotora do
mais abrangente programa de cuidado com as águas em desenvolvimento no setor elétrico
brasileiro. O Cultivando Água Boa é uma ampla iniciativa socioambiental concebida a partir
da mudança na missão institucional da Itaipu Binacional, promovida em 2003 (BRASIL
ITAIPU, 2010).
Ao desenvolver um programa de cuidado com a água, a Itaipu Binacional foi além
e concebeu um verdadeiro movimento pela sustentabilidade. E foi a partir de uma visão
integral e sistêmica, de interdependência dos seres humanos com o meio, que o Cultivando
Água Boa foi formatado.
O grande objetivo desta iniciativa é um despertar para a cultura da
sustentabilidade nas comunidades da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. Ou seja, somente por
meio de mudanças profundas nos hábitos das pessoas, a sustentabilidade será inserida nos
valores e crenças dessas comunidades e, assim, será passada de geração para geração.
Criado à luz de importantes documentos planetários, o movimento Cultivando
Água Boa reflete plenamente os princípios e valores éticos e sustentáveis que a Carta da Terra
contém. Por isso o reconhecimento mundial pela CTI não custou a aparecer. Em 2005, o
Cultivando Água Boa conquistou o Prêmio Carta da Terra no Encontro Earth Charter + 5,
entregue em Amsterdã, Holanda. Com isso tornou-se um grande exemplo de como a Carta da
Terra pode e deve ser trabalhada no que se refere ao desenvolvimento sustentável e à gestão
participativa em projetos socioambientais, dentro do setor produtivo.
Ao contrário do que o nome enfatiza, seu principal alvo não é só a preservação da
água, como também do solo e, acima de tudo, da vida. Foram desenvolvidos nos 29
municípios, no interior da área de influência da barragem, na Bacia do Paraná 3, até agora, 20
programas e 63 projetos que vão desde ações de recuperação de microbacias e a proteção das
matas ciliares e da biodiversidade, até a disseminação de valores e saberes que contribuem
para a formação de cidadãos, dentro da concepção da ética, do cuidado e do respeito com o
meio ambiente. Todos esses programas e projetos estão interconectados e compõem o
Cultivando Água Boa.
Mais do que um projeto ambiental, o Cultivando Água Boa é um movimento de
participação permanente, que envolve a atuação de 2.146 parceiros, dentre órgãos
governamentais, ONGs, instituições de ensino, cooperativas, associações comunitárias e
empresas (BRASIL ITAIPU, 2010). Esta iniciativa prova que é possível compatibilizar, nos
negócios, desenvolvimento econômico com produção e preservação do meio ambiente.
O programa tem encontrado, na Carta da Terra, um quadro de muita conveniência
ética para planejar as suas ações, em específico os relacionados com a educação ambiental.
Ela tem sido usada como uma ferramenta educacional de trabalho entre os diferentes atores
sociais que fazem parte da região no intuito de provocar novos modos de ser, viver, produzir e
consumir.
Para isso, a Itaipu Binacional vem agindo à frente de diferentes iniciativas. O
Quadro 8 mostra o que foi e vem sendo feito em parceria com o estabelecimento do
Cultivando Água Boa.
Diferentes workshops e outros processos de aprendizagem experiencial têm sido organizado com os
AGRICULTORES e MORADORES das micros bacias hidrográficas que se encontram em processo de
recuperar o ambiente natural local. Durante essas atividades, os participantes estão se conhecendo e já
começaram a adotar os princípios da CT em suas vidas diárias
Sensibilização através de workshops, projetos de investigação sobre os princípios da CT e três
conferências, com o teólogo Leonardo Boff, focadas para os EDUCADORES, com o qual o processo de
construção contínua da capacidade tem sido
implementado.
Uma nova edição da CT para CRIANÇAS, em livreto, será publicada, para ser utilizada pelos educadores
locais. Incluirá tópicos relevantes da região e será distribuído a todos os 135.000 alunos incluídos na área
do programa
Workshops com os LÍDERES REGIONAIS que representam todos os setores sociais (indígenas, grupos
de catadores de materiais recicláveis, educadores ambientais, gerentes públicos, agricultores, pescadores,
quilombolas e outros) foram organizados com o objetivo de estimular um sentido de pertencimento e
respeito do lugar onde vivem, a sua diversidade cultural e um profundo sentimento de solidariedade entre
as aldeias e a comunidade de vida.
Criação e utilização de uma metodologia inovadora e eficaz no sentido de concretizar a Carta da Terra -
as chamadas OFICINAS DO FUTURO
Organização, no total até o 1º semestre de 2010, de 86 Oficinas de Futuro na área da Bacia do Paraná 3;
65 oficinas especiais da CT para os educadores, com cerca de 3000 participantes e outras sete oficinas
especiais para os dirigente,s com 210 participantes.
Divulgação de informações sobre a Carta da Terra para milhares de pessoas na região e entrega de
materiais, tais como brochuras, folhetos, cartazes, vídeos e um jornal especial chamado "Cultivando
Água Boa".
Quadro 8 - Iniciativas já implementadas e em andamento que estão ajudando na difusão da Carta da Terra
através do projeto Cultivando Água Boa.
Fonte: Earth Charter Initiative, 2010.
Como foi mencionado anteriormente, a gestão desse movimento é feita de forma
participativa entre os diferentes atores sociais locais. Por isso a Itaipú Binacional lançou uma
metodologia que tem provado ser eficaz entre a comunidade, no sentido de concretizar os
princípios da Carta da Terra. São as chamadas Oficinas do futuro. A Figura 6 mostra os
passos metodológicos seguidos nestas oficinas.
Figura 6 - Metodologia utilizada nas Oficinas do Futuro realizadas pelo programa Cultivando Água Boa (Fonte:
Dados da pesquisa).
É justamente esse envolvimento das pessoas, em cada etapa do processo e em
cada decisão a ser tomada, que desperta o sentimento de coletividade e de responsabilidade
para com o sucesso das ações.
Segundo a Earth Charter Initiative (2010), estas ações têm influenciado e vão
continuar a influenciar mais de 250.000 pessoas que vivem na área da Bacia do Paraná 3, na
tentativa de desenvolver uma abordagem mais sistêmica e compassiva para enquadrar a sua
situação ambiental.
O resultado dessa metodologia tem sido tão positivo que, atualmente, boa parte
das ações anda por conta própria, ou seja, o programa converteu-se em um movimento
transformador das e nas comunidades, e a Itaipu assumiu o papel de articuladora, facilitadora,
parceira e promotora. A usina comparece com recursos, mas compartilha as responsabilidades
com seus parceiros e com as próprias comunidades (BRASIL - ITAIPU, 2010).
O Cultivando Água Boa, ao longo desses sete anos de existência, tem gerado
mudanças significativas na vida das comunidades beneficiadas. O Quadro 9 mostra uma
pequena parte do que o programa viabilizou em seu período de existência. Mas talvez o
resultado mais importante seja o intangível, como bem explica Paulo Itacarambi, vice-
presidente executivo do Instituto Ethos. “A disseminação da ética do cuidado entre todas as
pessoas e instituições que participam da iniciativa, promovendo a verdadeira mudança que
todos almejamos - a mudança no modo de ser, viver, de produzir e de consumir”.
Recuperação de 543 km de mata ciliar das margens dos pequenos rios da bacia. Com isso, houve sensível
melhora no fluxo, na qualidade e na quantidade da água que chega aos reservatórios. O plantio foi feito
por pequenos agricultores, com propriedades de até 50 hectares. Entidades de pesquisa, governo estadual
e municipal forneceram as mudas.
Os 29 municípios já têm coleta seletiva, permitindo que mais catadores se organizassem em cooperativas e
1618 famílias de catadores melhorassem a renda. Estes catadores usam um carrinho elétrico desenvolvido
por uma empresa de Curitiba e abastecido pela Itaipu. O veículo é adquirido pelas cooperativas que o
cedem aos associados.
Introdução e desenvolvimento de agricultura orgânica entre os produtores da região.
Desenvolvimento de um mercado local, via merenda escolar (161 mil crianças da região consomem
merenda diariamente) e outras compras das prefeituras e do Estado, para a produção pesqueira e
agrícola.
Quadro 9 - Alguns dos principais resultados obtidos em sete anos de programa Cultivando Água Boa
nas comunidades da Bacia Hidrográfica do Paraná 3. Fonte: Itaipu Binacional, 2010.
O Cultivando Água Boa gerou também iniciativas que têm como missão a difusão
de práticas e tecnologias sustentáveis para outras regiões do país e do mundo, como o Centro
de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata (projeto conjunto da Itaipu e o
PNUMA que visa a lançar um processo de educação ambiental nos cinco países da Bacia do
Prata) e o Centro Internacional de Hidroinformática (parceria com o Programa Hidrológico da
Unesco, com o objetivo de compartilhar experiências, metodologias e ferramentas de gestão
de bacias hidrográficas).
4.1.3 O que pode ser feito pelas empresas agroindustriais com base nessas práticas
A tentativa de incorporação dos princípios e valores desta nova e abrangente
declaração que é a Carta da Terra vem sendo realmente trabalhada nas várias vertentes do
setor empresarial, porém ainda existe muito a ser feito nesse sentido. Os líderes empresariais
precisam mudar seus preceitos sobre como fazer o desenvolvimento: “mente aberta, coração
aberto, vontade aberta” (CONFERÊNCIA Internacional Ethos, 2010). Qualquer mudança de
comportamento, políticas ou atividades é um desafio. Basta iniciativa. A adesão é voluntária.
A manifestação rumo à adesão desse modelo de desenvolvimento sustentável,
justo e pacífico, proposto pela Carta da Terra, é quase que inexistente em se tratando de
empresas rurais. Contudo, quando se pensa nesse tipo de empresa, como, por exemplo, as
agroindústrias, abre-se mais uma nova perspectiva quanto à atenuação dos problemas sociais e
ambientais e ainda culturais da população residente, inclusive da zona rural, onde esses
problemas se mostram mais acentuados, visto que a CT é uma iniciativa que visa disseminar
relacionamentos éticos, justos e pacíficos entre os povos, sociedades, comunidades, enfim, no
indivíduo, seja este pessoa, ou organização de todo e qualquer porte e localização.
Projetando esse cenário para as empresas agroindustriais, percebe-se que, para
alcançar uma produção agrícola sustentável, é necessário ter, como premissas básicas, o uso
adequado dos recursos naturais, o investimento em tecnologias que garantam produtividade e
renda e, ao mesmo tempo, respeitem a sociedade e o ambiente, o treinamento, a capacitação
do capital humano e a utilização eficaz das informações, no tocante a iniciativas e
instrumentos que impulsionam gestões sustentáveis.
Todo esse cenário de casos práticos, baseados na CT, aqui mostrados,
demonstram, em partes, um pouco dessas premissas, muito embora não aconteçam em sua
totalidade dentro do ramo de empresas rurais. O que não impede de direcionar e de tomar
como exemplo esses casos como ponto de partida de um longo caminho a ser percorrido pelas
empresas agroindustriais, na tentativa de difundir e fortalecer a visão de sustentabilidade,
agora com base em princípios e valores éticos mais abrangentes, como os da Carta da Terra.
O exemplo da Itaipu Binacional é o que mais se aproxima da realidade do setor
empresarial rural, por envolver comunidades rurais, por meio do programa Cultivando Água
Boa. Essa iniciativa constitui um bom exemplo de como os princípios da Carta da Terra
podem orientar a gestão socialmente responsável nas empresas.
A usina soube alinhar todo seu planejamento estratégico ao incorporar a
responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento sustentável em sua gestão. Apoiando-se
no diálogo com as partes interessadas e nos princípios da Carta da Terra, a usina tornou essa
questão permanente em sua nova atuação, restabelecendo positivamente parte do impacto
ambiental e social gerado com sua criação e beneficiando mais de 1 milhão de pessoas de 29
municípios, principalmente na disseminação de valores, como a ética e o cuidado nos
relacionamentos.
O programa abrange uma região rica em recursos naturais, biodiversidade,
abundância de água e excelentes solos. Tudo isso vinha sendo ameaçado pelo desmatamento
acelerado e pelo uso e pala ocupação territorial desordenados dos recursos naturais que
começaram a interferir na economia da região e na atividade da Itaipu.
Muitas agroindústrias também geram impactos dessas proporções ao ambiente e
às comunidades, assim como à usina. Mas, como a Itaipu, elas podem agir no âmbito de suas
atuações e alcançar resultados tão positivos, seja de que porte for.
5 A CARTA DA TERRA NO SETOR AGROINDUSTRIAL
A agroindústria é um dos segmentos de grande potencial na economia brasileira,
visto que possui grande importância, tanto no abastecimento interno como no desempenho
exportador do país. Segundo Silveira (2007), o ramo agroindustrial possui uma posição de
destaque entre os setores da economia, junto com a química e a petroquímica. O setor
brasileiro de indústria de alimentos, segundo a Associação Brasileira de Indústrias de
Alimento (ABIA, 2010), fechou o difícil ano de 2009 (marcado pela crise mundial), com um
faturamento em torno de R$ 290 bilhões. Enquanto uma parte dos outros segmentos demitiu e
reduziu a massa salarial no seguinte ano, a indústria de alimento ampliou em 15 mil empregos
diretos o seu contingente de trabalhadores.
O crescimento e o desenvolvimento sustentável de muitas regiões no Brasil estão
atrelados à atuação desses grandes agentes produtivos, que, em parceria com governo e
sociedade civil, potencializam suas ações e diminuem as disparidades sociais. É sabido que
em meios mais carentes, essas ações ganham mais impacto, como é o caso do meio rural
cearense.
Não deve ser, porém, de qualquer maneira que esse setor produtivo deve agir.
Suas ações devem e precisam estar focadas no bem-estar coletivo. E, para disseminar essa
visão, é que surgem iniciativas que precisam ser replicadas com a da Carta da Terra. Esse
mais recente e valioso movimento carrega, de um modo mais abrangente, os elementos da
Responsabilidade Social para as empresa, sejam elas quais forem, pois é uma prática que
atesta o comprometimento ético e a transparência da empresa para com seu público interno e
externo, para com a sociedade e para com o meio ambiente, ultrapassando a idéia de que a
empresa só deve existir em função de seu caráter econômico.
No setor agroindustrial, a Carta da Terra, enquanto documento e foco de
movimento social, pode manifestar-se através da Responsabilidade Social Empresarial e de
ações cooperadas. Com isso é possível viabilizar, cada vez mais e de forma sustentável, o
bem-estar socioeconômico e ambiental em toda área de atuação desse ramo empresarial.
Esse fato demonstra a possibilidade dos princípios desta grande declaração dos
povos serem inseridos de maneira mais especial, direta ou indiretamente, nas práticas de SER,
e reafirma a importância da disseminação deste documento junto a essa grande área focal que
a Iniciativa quer envolver.
Como exemplo das possibilidades de implantação dos princípios da CT ao setor
agroindustrial, será analisado a seguir o caso da Unidade Agroindustrial 3 Corações. Com isso
será percebido o potencial promotor de desenvolvimento sustentável que a adesão a esses
movimentos, por parte das agroindústrias, pode trazer para o meio rural cearense.
5.1 A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) como Instrumento de Avaliação para
os princípios da Carta da Terra: O Caso da Unidade agroindustrial do Grupo 3
Corações no Euzébio – CE
Pretende-se aqui apresentar um modelo de gestão socialmente responsável a partir
do estudo de caso, enfatizado por essa pesquisa. De início, será abordada uma visão
superficial sobre RSE e sobre os temas relacionados a este estudo, como, também, sobre o
reflexo desse posicionamento através da atuação da unidade fabril da Agroindústria Café 3
Corações.
Primeiramente buscou-se identificar o posicionamento da empresa em termos de
valores e de crenças sobre a RSE, pontuando também a Carta da Terra como ponto de partida
para uma análise posterior mais complexa.
A empresa mostrou estar inteirada sobre os temas abordados, afirmou praticar
ações socialmente responsáveis e colocou algumas posições a respeito desses temas. (Quadro
10). A agroindústria destacou como principais públicos-alvo das ações de responsabilidade
social realizada, primeiramente, o seu público interno, seguido da comunidade inserida. Estas
áreas fazem parte dos públicos-alvo, listados como os principais por Silva & Vitti (2007), em
sua pesquisa de Responsabilidade Social, publicada pela Revista Hortifruti Brasil, com 120
produtores, exportadores e proprietários de empresas agrícolas e agroindustriais.
Esse fato corrobora os dados da pesquisa Práticas e perspectivas da
Responsabilidade Social Empresarial no Brasil 2008, realizada pelo Instituto Ethos. Nessa
pesquisa, o Instituto confirmou um fato muito comum sobre os programas de RSE no Brasil,
ou seja, temas submetidos a pressões de mercado e de sociedade e também regulados por
normas e leis (proteção a relações de trabalho e de consumo) são as práticas mais
frequentemente adotadas.
Pode-se afirmar, portanto, que essas duas áreas, juntamente com outro tema
extremamente importante, colocado em último lugar por esta empresa, o meio ambiente,
impactam mais diretamente a atuação da agroindústria.
Mas a questão do meio ambiente ter ganho colocação inferior, incomum, quando
se fala de RS para empresas agrícolas, é influenciada, possivelmente, pelo fato de a empresa
ser uma unidade fabril localizada na RMF. Não é a Unidade 3 Corações do Euzébio que retira
a matéria-prima, ela apenas recebe de outras unidades fornecedoras que estão inseridas em
meios rurais.
Os acionistas/empresários da companhia ganham o terceiro lugar em relevância
nas práticas alvo da responsabilidade social, acima inclusive dos consumidores. Mas, para os
princípios de SER, não é exatamente esse público que precisa estar entre os principais alvos
de uma gestão responsável. Isso evidencia o fato de que a RS ainda precisa ser melhor
trabalhada e mais nitidamente focada, visto que o assunto ainda é um processo em construção,
não só por essa representante das agroindústrias, mas também pelo setor privado brasileiro
como um todo, segundo Ethos (2008, p.7).
A empresa entende o que é Responsabilidade Social Empresarial? 3 Corações: Sim
A empresa vê a RSE, principalmente, como um...
3 Corações:1º Uma medida que se faz necessária para a sustentabilidade da sociedade
2º Desafio
A empresa acha que incorporar a RS na gestão empresarial é realmente importante? 3 Corações: Sim
A empresa conhece o Instituto Ethos de empresas e responsabilidade social? 3 Corações: Sim
A empresa conhece os indicadores Ethos de RSE? 3 Corações: Sim
A empresa adota ações e práticas socialmente responsáveis?
3 Corações: Sim
Quais os principais públicos-alvo da RSE da empresa?
3 Corações: 1º Público Interno
2º Comunidade
3º Acionistas e empresários
4º Consumidores/clientes
5º Meio ambiente
A empresa entende a importância do Desenvolvimento Sustentável nos dias de hoje? 3 Corações: Sim
A empresa acha que colabora para o desenvolvimento sustentável da sociedade e/ou da comunidade
em que está inserida?
3 Corações: Sim
A empresa conhece ou já ouviu falar da Carta da Terra, um documento lançado mundialmente em
2000 e que contém um conjunto de valores e princípios essenciais para construção de uma sociedade
justa, pacífica e sustentável?
3 Corações: Não
Visando um modo de vida sustentável, como um critério comum a todos os indivíduos, quais desses
temas a empresa elege como os mais importantes?
3 Corações:1º Promover a justiça social e econômica
2º Respeitar e cuidar da integridade ecológica
3º Democracia, não-violência e paz
Quadro 10 - Questões introdutórias sobre RSE e os temas relacionados na pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Segundo o Quadro 10, percebe-se que, assim como a maioria do setor privado
local e globalmente, em nível Brasil e em nível mundo, a agroindústria desconhece a Carta da
Terra como um documento ético e norteador de uma sociedade justa, pacífica e sustentável. E,
para os três pilares da sustentabilidade da Carta da Terra, o pilar 3 (Justiça social e
econômica) é colocado como prioritário.
Ao iniciar-se a ligação das práticas socialmente responsáveis com os princípios da
Carta da Terra e ao se refletir com mais afinco, percebe-se que é justamente neste pilar que
está a maioria das ações socialmente responsáveis, relacionadas aos públicos-alvo da RSE
aqui priorizados: público interno e comunidade. A adaptação da planilha de avaliação EC-
Assess, em anexo, demonstra claramente a distribuição das práticas socialmente responsáveis
com relação aos princípios e aos pilares da Carta da Terra.
5.1.1 A RSE da Agroindústria 3 Corações segundo os Indicadores Ethos
Independentemente do porte, da localização geográfica, do setor e do ramo de
atividades, as empresas podem, em diferentes níveis de evolução, adotar atitudes socialmente
responsáveis. Atitudes estas que, hoje em dia apresentam-se bem estruturadas, porém
precisam ser melhor direcionadas em cada segmento.
A RSE implica práticas de diálogo e engajamento da empresa com todos os
públicos ligados a ela, a partir de um relacionamento ético e transparente (ETHOS, 2007). Por
mais que a implementação dessas práticas ainda seja um desafio para a empresa, muitas delas
têm alcançado resultados significativos nesse sentido.
São vários os exemplos de como as práticas socialmente responsáveis podem ser
incorporadas na gestão empresarial. Cada ramo empresarial possui suas prioridades e
carências específicas e estabelecidas nas mais diversas direções. Embora algumas pesquisas
apontem essas especificidades, optou-se, nesta seção, em analisar a RS como um todo,
segundo as sete áreas temáticas dos Indicadores Ethos, a fim de que seja relacionada, de um
modo mais abrangente possível, esta atuação, de acordo com os princípios da Carta da Terra.
É fato que as empresas agroindustriais não possuem ainda uma lista de atitudes
socialmente responsáveis bem focadas no caminho de suas especificidades. Por isso, além de
ações inerentes aos indicadores Ethos, foram incluídas ações de tamanha importância no
caminho de uma gestão responsável, dentro desse ramo empresarial.
Os Quadros descritos a seguir são auto-explicativos e baseiam-se na atuação da
unidade agroindustrial abordada, com relação às áreas temáticas: os Valores e a Transparência
(VT), demonstrados pelo grupo; o Público Interno (PI) priorizado; atitude com o Meio
Ambiente (MA); o relacionamento com seus Fornecedores (For), Consumidores (Cons),
Comunidade (Com) e o posicionamento de Governo e Política (GP).
Tomando-se a abrangência da Carta da Terra, todas essas áreas temáticas ou
públicos-alvo da RS encaixam-se dentro dos princípios e dos pilares da sustentabilidade que a
Carta quer mostrar, sobretudo no caso desse estudo, direcionado ao setor produtivo.
O Preâmbulo da Carta da Terra, fazendo referência aos seus princípios, explica
que “(...) visando um modo de vida sustentável como critério comum... a conduta de todos os
indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e
avaliada”. Com isso, averiguar a conduta ética e as relações transparentes da empresa com a
sociedade faz-se extremamente necessário.
Pelo Quadro 11, pode-se perceber que as ações propostas são adotadas, de alguma
forma, pela agroindústria, o que evidencia um bom desempenho da cultura organizacional
neste quesito. Empresas preocupadas em estabelecer compromissos éticos são orientadas por
valores, cuidam de sua disseminação, de seu cumprimento e de sua adaptação aos novos
tempos (ETHOS, 2003). O Código de Ética, representado pela Carta de Conduta, escrito e
divulgado, reflete satisfatoriamente esta conduta do Grupo.
Quadro 11 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Valores e Transparência.
Fonte: Dados da pesquisa.
As ações que enfatizam as relações de trabalho são as mais frequetemente
adotadas pelos programas de responsabilidade social das empresas brasileiras, segundo
pesquisas recentes do Ethos. O Quadro 12 demonstra atitudes socialmente responsáveis que
vão além do cumprimento da legislação trabalhista e que as agroindústrias, dos mais variados
portes, podem tomar, pois muitas delas independem dos custos e podem ser estabelecidas
através de parceiras com outras instituições.
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
PÚBLICO INTERNO
1.Aperfeiçoamento dos Recursos
Humanos da empresa, além do
treinamento funcional
Sim
A empresa oferece cursos,
como inglês; oferece ajuda
para educação, para
universidade
2.Canais de relacionamento com
sindicatos de trabalhadores Sim -
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
VALORES e
TRANSPARÊNCIA
1.Definição explícita da missão
e valores da empresa Sim
Declaração na identidade
organizacional da empresa;
Carta de Conduta.
2.Mecanismos estruturados
para transmitir os valores da
empresa a todos os seus
públicos
Sim
A identidade
organizacional está a
disposição de todos por
diversos meios de
comunicação interno e
externo da empresa
3.Mecanismos estruturados
para receber sugestões e
reclamações de seus públicos
interessados
Sim Serviço de Atendimento a
Clientes / Ouvidoria
4.Código de Ética escrito e
divulgado Sim
Todos os colaboradores
recebem exemplares da
Carta de Conduta e a
mesma fica disponibilizada
no site da empresa.
5. Conquista de selos e
certificações em áreas sociais Sim Prêmio Delmiro Gouveia
6.Política formal contra
propaganda preconceituosa,
sexista ou discriminatória
Sim
Apesar de não escrito, a
política de propaganda
sempre exclui preconceitos
sexistas e discriminatórios
.
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
PÚBLICO INTERNO
3.Promoção da diversidade
étnica, sexual e religiosa dentro
da empresa
Sim
Declarada na Carta de
Conduta
4.Adaptação e inclusão de
deficientes físicos no quadro de
colaboradores da empresa
Sim Adequação, como elevador
de acesso
5.Extensão de benefícios às
famílias dos funcionários Sim -
6.Melhoria das moradias dos
funcionários e seus familiares Não -
7.Apoio a funcionários
demitidos sem justa causa
(recolocação/recapacitação)
Sim
Existe para alguns cargos
8.Estímulo ao trabalho
voluntário dos empregados
Sim
Ainda não temos
estruturado, mas já
incentivamos a doação de
sangue, a participação em
trabalho social, etc
9.Programas para busca e
contratação de ex-presidiários Não Existe um certo interesse
10.Redução de diferenças
salariais entre homens e
mulheres
Sim
Não existe diferença salarial
entre homem e mulher
11.Redução de diferenças
salariais entre brancos e negros
Sim
Os salários independem da
cor do colaborador
12.Estímulo à participação dos
funcionários em congressos,
seminários e eventos
Sim
Existe uma programação
para participação
13.Normas anti-assédio sexual Sim Na Carta de Conduta
14.Prevenção e tratamento para
dependência de drogas e de
álcool
Sim
Na SIPAT são trabalhados
esses temas
15.Erradicação do analfabetismo
entre seus empregados
Sim
Implantamos na empresa
uma sala de aula do SESI.
Atualmente não tem mais.
16.Seguro de vida para
funcionários Sim
Todos os colaboradores
possuem seguro de vida.
17.Consultório/ ambulatório na
empresa Não
Não temos ainda ações
estruturadas.
18.Uso de equipamentos de
segurança (EPIs) Sim
A empresa oferece todos os
EPI´S conforme legislação
vigente.
19.Programas de prevenção de
acidentes Sim
A empresa possui o
SESMET estruturado
desenvolvendo ações
permanentes.
20.Transporte de boa qualidade Sim A empresa disponibiliza
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
PÚBLICO INTERNO
para funcionários ônibus de frota própria ou
alugada.
21.Participação nos resultados
da empresa Não
Em Fase de estudo da
viabilidade ou não.
22.Locais apropriados para as
refeições Sim
As fábricas possuem
refeitórios próprios.
23.Formas de lazer Sim
A empresa oferece campo de
futebol em algumas de suas
instalações. Eventos internos
(aniversariantes do mês,
comemoração - do dia dos
pais, dia das mães, dia das
crianças, etc.
24.Cursos de capacitação e
treinamento contínuos Sim
A empresa possui extenso
trabalho em
desenvolvimento de pessoal.
25.Plano de Saúde para os
empregados e a alguns familiares Sim
Todos os colaboradores
possuem plano de saúde e
extensivo aos familiares com
participação do colaborador.
Quadro 12 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Público Interno.
Fonte: Dados da pesquisa.
De todas as ações responsáveis, listadas por este indicador (Quadro 12), 100%
delas encontram-se diretamente ou indiretamente ligadas ao pilar III: Justiça econômica e
social da Carta da Terra. Dentre os princípios deste importante pilar, pode-se destacar
“Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental”como a grande questão
que pode e deve ser melhor trabalhada, quando focada em zona rural. Isso pode acontecer
através do aperfeiçoamento de atitudes socialmente responsáveis das agroindústrias aí
localizadas, buscando beneficiar, cada vez mais, os trabalhadores e moradores locais,
melhorando a qualidade de vida e evidenciando o compromisso e o comprometimento ético
das agroindústrias na busca por este objetivo fundamental, enunciado pelo principio da Carta,
citado acima.
“Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação
ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. (...)” (Carta da Terra –
Preâmbulo). Espera-se, portanto, do setor produtivo, sobretudo das empresas agrícolas,
atitudes redobradas no tocante aos cuidados com o meio ambiente. A unidade agroindustrial
abordada neste estudo trabalha apenas com a parte de fábrica, não sendo responsável pela
extração direta da matéria-prima, no caso, o café. O que de maneira alguma exclui a
responsabilidade e o compromisso da agroindústria com a integridade ambiental que a
empresa precisa ter, mas perde-se no foco de empresa rural. Por isso, procurou-se avaliar
ações que pudessem ser mais orientadas possíveis à atuação ambiental da empresa em
questão, e refletir também a importância do estabelecimento de uma cultura ambiental
sustentável.
O Quadro 13 mostra algumas poucas práticas que a unidade fabril declarou
realizar. Vale destacar que algumas práticas não foram consideradas por desconhecimento por
parte da responsável em responder o questionário, no entanto essas questões ainda serão
melhor trabalhadas posteriormente.
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
MEIO AMBIENTE
1.Redução dos danos ao meio
ambiente causados por sua
atividade
N.I. -
2.Programas de proteção a áreas
naturais N.I. -
3.Coleta seletiva de lixo não
industrial N.I. -
4. Programa para racionamento de
água N.I. -
5. Programa para racionamento de
energia N.I. -
6.Respeito às Leis do IBAMA Sim N.I.
7.Reciclagem de lixo N.I. -
8.Controle do uso de produtos
químicos N.I. -
9.Recorrer cada vez mais aos
recursos energéticos renováveis,
como a energia solar e do vento.
Não -
10.Uso de combustíveis renováveis
como o biodiesel. N.I. -
11.Programa de reutilização de
resíduos Sim N.I.
12.Participação ou apóio em
projetos de educação ambiental Não -
13.Atividade de educação
ambiental para público externo e
interno Sim
Ações pontuais, por
exemplo, entrega de mudas
em comemoração interna.
14.Atividades culturais, visando à
preservação ambiental Sim Museu em uma das fábricas
de artigos relacionados ao
produto
Quadro 13 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Meio Ambiente (N.I. – Não Identificado).
Fonte: Dados da pesquisa.
O pilar II da Carta mostra a maneira como se deve agir pela Integridade Ecológica
e na redistribuição das ações socialmente responsáveis dentro dos princípios da Carta, em
nível de empresa. Engloba totalmente o meio ambiente como área temática da RS, além de
algumas outras ações relacionadas aos indicadores Consumidores, Fornecedores, Público
Interno e Valores e Transparência (Ver planilha EC-Assess em Anexo B).
A relação que uma empresa estabelece com os fornecedores pode revelar o grau
de seu comprometimento com a responsabilidade social. Segundo Ethos (2003, p. 208), o
primeiro passo para reforçar esse compromisso é estabelecer critérios rigorosos de seleção dos
fornecedores; disseminar a reprodução das práticas de RS, incluindo sempre exigências
relativas ao cumprimento da legislação; estabelecer critérios para coibir práticas de
discriminação. Enfim, todas essas atitudes possibilitam construir um circulo virtuoso com os
parceiros e trabalhar o potencial replicador da responsabilidade social.
O Quadro14 mostra o bom desempenho da 3 Coração no relacionamento com
seus fornecedores. Contribui para esse desempenho o fato do Grupo estar associado com duas
das maiores instituições do setor cafeeiro: ABIC38
e 4C39
– Código Comum da Comunidade
Cafeeira (3 CORAÇÕES, 2009). Como representantes dessas entidades, o grupo apóia suas
ações a fim de contribuir para aumentar a qualidade do seu produto no Brasil.
Quadro 14 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Fornecedores.
Fonte: Dados da pesquisa.
As ações relacionadas a este indicador de RSE que, novamente se encontram
distribuídas dentro dos princípios da Carta da Terra e em nível de empresa, acham-se
38
A ABIC é a entidade representante das indústrias de torrefação e moagem de café de todo o país. A ABIC
trabalha com um processo de associação com as indústrias e emissão de certificação. Entre as principais
certificações conferidas, podemos citar o Selo de Pureza ABIC, o Programa de Qualidade do Café (PQC) e o
Círculo do Café de Qualidade – CCQ/ABIC e o Programa Cafés Sustentáveis (PCS).Todas essas certificações
foram conferidas ao Grupo 3 Corações. 39
A 4C é associação global na qual produtores, comércio, indústria e sociedade civil de todo o mundo trabalham
em conjunto para a sustentabilidade no setor cafeeiro mundial promovendo a melhoria contínua das condições
sociais, ambientais e econômicas. O escopo do Código de Conduta da 4C cobre as três dimensões da
sustentabilidade e baseia-se nas Metas do Milênio das Nações Unidas e exclui as 10 piores formas de práticas
sociais, ambientais e econômicas da produção, processamento pós-colheita e comercialização do café verde (4C
ASSOCIATION, 2009).
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
FORNECEDORES
1.Combate à utilização de
trabalho infantil por
fornecedores
Sim Na carta de conduta e
associação ao 4C
2. Consideração de critérios de
Responsabilidade Social na
seleção de fornecedores
Sim
Priorizamos fornecedores
com esta natureza. Somos
associados ao 4C e temos o
selo de Cafés Sustentáveis
3. Consideração de certificações
de qualidade social e ambiental
na seleção de fornecedores
Sim
Associado ao 4C 4. Critérios de compra que
considerem garantia de origem
lícita
Sim
5. Busca de fornecedores junto
à comunidade local/do entorno Não
principalmente nos pilares II e III, Integridade Ecológica e Justiça Social e Econômica,
respectivamente.
Ao se relacionar as práticas a nível de princípios e não de pilar, pode ser citado o
seguinte exemplo: o princípio de apoio 10c do pilar III: Garantir que todas as transações
comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e as normas
trabalhistas progressistas. Entendido como empresa, relaciona diretamente a prática
socialmente responsável e a consideração de critérios de Responsabilidade Social na seleção
de fornecedores. Assim como acontece na ligação dessa prática com os princípios, acontece
com outras ações e outros princípios, de maneira que constitua uma maior ou menor relação,
direta ou indiretamente.
No Brasil, a porta de entrada para as empresas nas áreas da responsabilidade
social e ambiental tem sido a preocupação com o consumidor ou o cliente. Foi o que mostrou,
novamente, a pesquisa Práticas e perspectivas da Responsabilidade Social Empresarial no
Brasil 2008, realizada pelo Instituto Ethos, quando relatou que das 10 ações mais praticadas
pelas mais variadas empresas brasileiras, seis são voltadas para esse público. O que não é
surpreendente, pois grande parte do sucesso das empresas depende dessa relação.
O bom desempenho da agroindústria no relacionamento com seus Consumidores
pode ser visto no Quadro 15. Atitudes que estabeleçam um maior relacionamento com o
consumidor, que prezem a busca por tecnologias responsáveis e por práticas anti-corrupção
mostraram uma relação satisfatória.
Toda e qualquer empresa precisa construir uma cultura ética e socialmente
responsável com os consumidores e como consumidores. “(...) é imperativo que nós, os povos
da Terra, declaremos nossas responsabilidades uns para com os outros (...)” (Carta da Terra
– Preâmbulo). No caso das agroindústrias, é recomendável, por exemplo, que essas empresas
trabalhem a questão das tecnologias, produtos, insumos, modelos de produção cada vez mais
responsáveis e sustentáveis, buscando sempre alternativas mais eficientes, seguras e com
menos riscos à saúde do consumidor/cliente, do meio ambiente e de todos os públicos de
relacionamento da empresa como um todo.
Quadro 15: Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Consumidores.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os pilares II e IV (Integridade Ecológica e Democracia, Não violência e paz,
respectivamente) tiveram, direta e indiretamente, a maioria das práticas relacionadas a esta
área temática (Cons.).
Para o meio rural, a gestão responsável da empresa, no sentido de beneficiar a
comunidade inserida, ganha aqui grande relevância social (Quadro 16). “Os benefícios do
desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está
aumentando” (Carta da Terra – Preâmbulo). Por isso, a RSE precisa ser bem focada também
no sentido social, sem, no entanto, desmerecer as atribuições governamentais.
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
COMUNIDADE
1.Realização de projetos sociais
em sua comunidade Sim Fundação Raimundo Fagner.
2.Financiamento de projetos
sociais Sim
Fundação Raimundo Fagner.
Através de OSCIP e
ROUANET.
3.Desenvolvimento de projetos
sociais próprios ou apoio aos de
terceiros
Sim
Somos o principal apoiador
da Fundação Raimundo
Fagner.
4.Promoção dos direitos
humanos Sim
Através de nossa carta de
conduta e nas diretrizes e
ações da empresa.
5.Sistema de comunicação com
a comunidade para ouvir Sim Implantação de ouvidoria.
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
CONSUMIDORES
1.Garantir fornecimento de
notas fiscais mesmo que o
consumidor não a solicite
Sim O produto só sai da empresa
conforme legislação vigente
2.Relacionamento com os
clientes no pós-venda Sim Via SAC
3.Orientação aos
consumidores quanto ao uso
correto de seus produtos
Sim
SAC, Informações na
embalagem e no site.
4.Facilitação de trocas de
produtos com defeitos Sim Via SAC
5.Aperfeiçoamento de
embalagens, visando ao
benefício do consumidor e/ou
do meio ambiente
Sim
A empresa possui uma área
de projetos e
desenvolvimento (P&D)
focada em projetos com
objetivos de benefícios ao
consumidor e ambiente
6.Aperfeiçoamento de
tecnologia, visando ao
benefício do consumidor e/ou
do meio ambiente
Sim
A empresa sempre está em
busca de tecnologias
inovadoras e limpas
7.Práticas anti-corrupção e
propinas nos processos de
vendas
Sim Carta de Conduta
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
COMUNIDADE
reclamações e/ou sugestões
sobre o impacto da sua atuação
6.Apóio a alguma entidade
local Sim
Sim. Fundação Raimundo
Fagner.
7.Doação de excedente da
produção Não
Não temos ainda ações
estruturadas.
8.Contribuição para eventos da
comunidade Sim
São solicitadas e analisas,
havendo possibilidade - de
acontecer a contribuição.
9.Patrocínio de atividades
esportivas Sim
São solicitadas e analisas,
havendo possibilidade - de
acontecer o patrocínio.
10.Geração de emprego na
comunidade Sim
Os candidatos da
comunidade participam de
seleção na empresa.
11.Prestação do trabalho
voluntário Não
Não temos ainda ações
estruturadas.
12.Disponibilização de espaços
e equipamentos para o
desenvolvimento de projetos e
atividades da comunidade
Sim
Quando solicitado é
analisado o pedido e
conforme disponibilidade é
cedido.
13. Medidas que orientam as
comunidades do entorno a
cuidar do seu próprio ambiente
Não
-
14. Medidas de capacitação
para os jovens da comunidade Sim
Programa Jovem Aprendiz,
admitindo os jovens sempre
que possível.
Quadro 16 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Comunidade.
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao se instalar, a agroindústria gera várias transformações na rotina das
comunidades. A comunidade em que a empresa está inserida pode lhe fornecer infra-estrutura
e o capital social, contribuindo decisivamente para viabilização dos seus negócios. O
investimento da empresa em ações que tragam benefícios para a comunidade é uma
contrapartida justa. O respeito aos costumes e às culturas locais e empenho na educação e
valores sociais devem fazer parte de uma política de envolvimento comunitário da empresa,
resultado da compreensão de seu papel de agente de melhorias sociais (ETHOS, 2003). O
Quadro 16 demonstra uma gama de atitudes socialmente responsáveis que a agroindústria
estabelece com a comunidade. A maioria é adotada, uma vez que esta área, de acordo com a
empresa 3 Corações, constitui-se o principal público-alvo da RS.
Vale salientar, no entanto, que muitas vezes, não necessariamente neste caso,
essas práticas podem ser a única fonte real de “amparo” da comunidade, visto tanta carência e
inércia política, principalmente no meio rural cearense.
As práticas socialmente responsáveis das tantas ações que beneficiam a
comunidade contribuem para a sustentabilidade proposta pela Carta da Terra através,
principalmente, da Justiça Econômica e Social e da Democracia, Não Violência e Paz.
Um aspecto bastante importante na relação das empresas com a sociedade é
também seu posicionamento político. A transparência na destinação dos recursos é
imprescindível nas sociedades democráticas. O envolvimento com o poder público deve
refletir os princípios éticos que regem a organização e é fundamental cobrar das empresas
essa coerência, principalmente no que se refere à proibição de práticas corruptas. O Quadro
17 mostra ações que são cobradas das empresas neste sentido e o que está ou não sendo
praticado pela agroindústria.
Quadro17 - Práticas Socialmente responsáveis por área temática: Governo/Política.
Fonte: Dados da pesquisa.
Esta área temática relaciona-se melhor com o pilar IV da Carta da Terra,
Democracia, Não Violência e Paz, tendo suas quatro ações mais adequadamente distribuídas
entre os princípios que compõe esse pilar.
5.1.2 A RSE da Agroindústria 3 Corações segundo os níveis de interesse e implementação
Nem todas as ações responsáveis, aqui sugeridas, foram implementadas pela
agroindústria, além do que, quando implementadas, precisam ser analisadas quanto aos níveis
Área temática Ação Adoção Forma de adoção
GOVERNO/
POLÍTICA
1. Práticas anti-corrupção e propinas Sim Carta de Conduta
2.Participação em projetos sociais
governamentais Não
Não temos ações
estruturadas
3.Promoção de atividades culturais, esportivas e
de lazer, com uso de incentivos fiscais Sim
Principal atuação da
Fundação cultural
apoiada pela empresa
4.Aplicação de medidas punitivas aos
colaboradores e funcionários envolvidos em
atos de corrupção
Sim Carta de Conduta/
Comitê de Ética
de consolidação. Por isso, a necessidade de quantificar antes, para que assim seja possível
refletir melhor sobre a gestão responsável da agroindústria.
Outras vezes, parte dessas ações não implementadas e consolidadas, de alguma
forma, podem manifestar preocupação e despertar a atenção da gestão empresarial. Nesse
sentido, ao lado do nível de implementação, pode existir também um certo nível de interesse
por determinadas práticas.
O Gráfico 2 quantifica os níveis de interesse e implementação da agroindústria
para cada indicador de RSE avaliado. Deste modo, é possível se ver claramente os pontos em
que há grandes discrepâncias entre a valorização e o desempenho para cada indicador. Além
disso, pode-se ver como são os níveis de interesse e de ação, se altos ou baixos, com respeito
a cada indicador.
Percebe-se nitidamente o quanto a agroindústria valoriza e destaca-se em
desempenho quanto a sua conduta ética e transparente, refletida através do Indicador Valores
e Transparência (Gráfico 2). As várias certificações sociais e ambientais conferidas ao grupo e
a elaboração e divulgação formal de um Código de Ética contribuem decisivamente para esse
resultado tão positivo.
Os menores níveis de valorização e implementação acontecem com o Indicador
Meio Ambiente. Este, por sua vez, deverá ser melhor trabalhado antes de ser discutido
qualquer resultado.
As maiores discrepâncias entre a valorização e a implementação das ações
acontecem nos indicadores Fornecedores (For.), Governo / Política (GP) e PÚBLICO Interno
(PI) (Gráfico 2). Estes indicadores estão sendo abraçados pelo Grupo mais na teoria do que na
prática. Estas áreas representam os pontos que devem ser mais trabalhados e com maiores
oportunidades para se conseguir maiores níveis de implementação, uma vez que “o assunto é
susceptível de ser motivado para causar ações em alinhamento com valores declarados” (EC-
ASSESS, 2008). Sugere-se trabalhar com mais afinco as ações propostas em cada um desses
indicadores que não estão sendo implementadas e valorizadas como deveriam.
Dessa maneira, a agroindústria pode aperfeiçoar, cada vez mais, a gestão
socialmente responsável da empresa, agindo em benefício do meio rural e caminhando, de
forma mais satisfatória, no entendimento dos princípios e valores da Carta da Terra, dentro do
ramo empresarial.
Gráfico 2 - Níveis de Interesse e de Implementação segundo os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social da
Unidade Agroindustrial do Grupo 3 Corações (VT – Valores e Transparência; PI – Público Interno; MA – Meio
Ambiente; For. – Fornecedores; Com – Comunidade; Cons. – Consumidores; GP – Governo / Política).
Fonte: Dados da pesquisa.
5.1.3 A RSE da Agroindústria 3 Corações, segundos os princípios e pilares da Carta da Terra
Na avaliação das ações socialmente responsáveis, inclusas dentro dos princípios
da Carta da Terra, em nível de empresa, uma vez que os princípios são bastante abrangentes e
descrevem uma ampla gama de ideais, também se pode perceber como a agroindústria
destaca-se em níveis de valorização e implementação de cada principio da Carta, sendo que
estes princípios fazem relação, direta ou indiretamente, às ações. É claro que essa avaliação é
bem qualitativa e pode não possuir forte consistência, mas, quando se entende e se direciona a
ampla gama de idéias dessa grande declaração ética da Terra para o setor produtivo, percebe-
se, então, que essa análise tem validade. Este fato torna-se ainda mais relevante quando, logo
de início, percebe-se que a aplicação da EC-Assess, propriamente dita, baseada nos princípios
de apoio da Carta, diretamente com as empresas, seria uma avaliação complexa e geraria
grandes dificuldades no tocante à abrangência das idéias que o documento reflete.
Mesmo diante desses impasses, optou-se por mostrar os resultados dessa
avaliação. Através dela, podem ser percebidas e destacadas as discrepâncias dos princípios, e
quais deles são mais altos ou baixos quanto ao nível de valorização e implementação. O
princípio 16 ( Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz) é o que precisa ser
melhor trabalhado pela implementação, desde que possível dentro do setor e do ramo
empresarial. O princípio 15 (Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração), de
início, não encontrou práticas socialmente responsáveis direta ou indiretamente relacionadas.
Gráfico 3 - As ações de RSE de acordo com os princípios da Carta da Terra.
Fonte: Dados da pesquisa.
O princípio 8 (Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a
ampla aplicação do conhecimento adquirido) e 12 (Defender, sem discriminação, os direitos
de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana,
a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos
povos indígenas e minorias) obtiveram desempenho satisfatório tanto quanto à valorização,
quanto à implementação.
O Gráfico 4 mostra o total global de valorização e implementação das ações
socialmente responsáveis de acordo com os três pilares da Carta da Terra. Desta maneira, não
se depara diretamente com a questão do relacionamento entre os princípios e as ações de RSE,
visto que eles agora estão alocados por pilares.
Observando o Gráfico 4, parece que a agroindústria está um pouco menos
preocupada com a Integridade Ecológica (Pilar II). Indiscutivelmente, o programa de RS da
empresa precisa ser aperfeiçoado para aumentar o nível de interesse e de ação nesta área. A
maior discrepância foi encontrada no Pilar IV (Democracia, Não Violência e Paz), que
apresenta o maior potencial para melhorar e aumentar as ações a serem tomadas.
Gráfico 4: As ações de RSE de acordo com os três pilares da Carta da Terra.
Fonte: Dados da pesquisa.
Dessa maneira, faz-se necessário trabalhar a RS da agroindústria, focando as
práticas e princípios relacionados a essas duas áreas críticas para que, desse modo, consiga-se
aumentar o nível de valorização e de implementação para com estes pilares, em especial.
5.2 Como a Agroindústria do Grupo 3 Corações pode iniciar uma possível
implementação da Carta da Terra e, por meio de sua atuação, divulgá-la enquanto
documento e foco de um movimento social
Este estudo pretende propor ainda a disseminação da Carta da Terra no ramo
agroindustrial, iniciando, quem sabe, com o Grupo 3 Coração. Acredita-se que a Carta possa
ajudar o trabalho dessa organização na direção de uma gestão socialmente responsável, uma
vez que a empresa realmente demonstra práticas e interesses que refletem as atitudes
responsáveis. Dessa maneira, há de se gerar ganhos e benefícios que amenizem as carências e
a falta de políticas públicas direcionadas a amparar a população do meio rural cearense.
Reconhece-se a importância de incentivar uma forma sistêmica de pensamento
entre todas as partes de relacionamento da empresa. Por isso, propõe-se que os interessados,
como empresa, desenvolvam capacidades para colaborar e abrir caminho para as lacunas
existentes em nossa sociedade e, assim, efetivamente mobilizem, por meio de planos e ações
concretas, formas que disseminem e divulguem iniciativas de tamanha importância na
transição para um novo modelo de desenvolvimento sustentável, baseado na ética (Quadro
18). Com isso, reforça-se, cada vez mais, a perspectiva de que a gestão socialmente
responsável, baseada em princípios e valores éticos, uma vez incorporada pelas
agroindústrias, podem certamente promover ganhos e melhorias a áreas tão carentes e
problemáticas como é o caso do meio rural.
PÚBLICO DE RELACIONAMENTO RECOMENDAÇÕES
Alta Gestão da empresa
• Procurar conhecer a Iniciativa da Carta da Terra
• Desenvolver um plano de médio a longo prazo para
disseminar a sustentabilidade através dos princípios e
valores da CT
com todos os seus públicos de relacionamento
Outra sugestão é tentar trabalhar a Carta da Terra
numa possível incrementação da Carta de Conduta da
organização.
PÚBLICO DE RELACIONAMENTO RECOMENDAÇÕES
Município inserido
Incentivar o município a conhecer a Iniciativa da
Carta da Terra e, a partir daí, estabelecer parcerias
para este fim, assim como a PASA, no México, o
Cultivando Água Boa, no Brasil.
RH da empresa
Procurar estabelecer uma rede maior de parcerias
com as escolas e com os projetos dos quais participa,
como a FRF, buscando disseminar a CT nesses locais
A metodologia do Cultivando Água Boa é um ótimo
exemplo a ser passado para os estudantes e as
crianças e jovens atendidas pela Fundação Raimundo
Fagner, principal projeto social apoiado pela
agroindustria.
Consumidor
Divulgar a Carta da Terra nas embalagens de seus
produtos, assim como aconteceu para homenagear a
Revolução Farroupilha , o Círio de Nazaré e as festas juninas.
Quadro 18: Recomendações para a agroindústria do Grupo 3 Corações iniciar uma possível implementação e
divulgação da Carta da Terra.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os seguintes exemplos de ações recomendadas, além de contribuir na difusão e
divulgação da CT, enquanto documento e foco de um movimento social, podem também
ajudar reduzir discrepâncias entre os níveis de valorização/interesse e de implementação das
ações socialmente responsáveis, dado o possível aprimoramento da conduta socialmente
responsável da empresa com seus stakeholders. Para isso, deve ser focando, principalmente,
as áreas mais críticas identificadas, porém agora considerando também os princípios e os
valores da Carta da Terra.
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
A Iniciativa da Carta da Terra, apesar de ser um movimento relativamente recente
e ainda bastante desconhecido pela sociedade e pelos setores sociais em geral, vem sendo
difundida como mais uma iniciativa focada no sentido de movimento social. O setor privado,
importante promotor de desenvolvimento, vem surgindo nesse sentido como um elo
fundamental na propagação dos princípios e dos valores desta grande declaração e, por meio
da SER, pode-se promover ganhos e benefícios para as populações e as regiões mais
desfavorecidas. O meio rural, região onde existe uma situação de carência mais acirrada por
boa parte da população, necessita que empresas, como as agroindústrias, reforcem seu papel,
como promotora de crescimento e de desenvolvimento, e potencializem sua atuação para a
melhoria da qualidade de vida dessa população. Por isso Iniciativas, como a Carta da Terra e a
SER, merecem destaque nesse sentido.
É possível, através de uma gestão socialmente responsável, inserir a Carta da
Terra no meio agroindustrial e gerar ganhos para todos os públicos de relacionamentos. Os
exemplos práticos de implementação da Carta da Terra, listados nessa pesquisa, mostraram,
com clareza, essa relação e ficam aqui como exemplos práticos a serem seguidos e adaptados.
A agroindústria, analisada sob os Indicadores de Responsabilidade Social e à luz
dos princípios e pilares da Carta da Terra, demonstrou uma atuação socialmente responsável
quanto à implementação e à valorização, em vários níveis das ações sugeridas. A
agroindústria valoriza-se e destaca-se em desempenho no Indicador Valores e Transparência.
Os menores níveis de valorização e implementação acontecem com o Indicador Meio
Ambiente, e as maiores discrepâncias entre a valorização e a implementação das ações
acontecem nos indicadores Fornecedores, Governo/Política e Público Interno.
Quanto aos pilares e aos princípios da Carta da Terra, a agroindústria está um
pouco menos preocupada com a Integridade Ecológica (Pilar II). A maior discrepância foi
encontrada no Pilar IV (Democracia, Não Violência e Paz), que apresenta o maior potencial
para melhorar e aumentar as ações a serem tomadas nessa área.
Este estudo pretendeu, ainda, propor uma possível implementação da Carta da
Terra na agroindústria estudada e, por meio da atuação empresarial, divulgá-la enquanto
documento e foco de um movimento social.
Fica aqui, então, a atuação da agroindústria como mais um exemplo de atuação
socialmente responsável para o ramo agroindustrial, acrescentando ainda a este segmento e ao
setor produtivo como um todo, mais uma iniciativa na luta por mudanças, com base na Carta
da Terra. Que a Carta sirva ainda para que terceiras empresas entendam que, do ramo ou não,
do mesmo porte ou não, podem rever suas condutas, estabelecer compromissos e novas
formas de atuações, sempre visando à ética. Que essas empresas somem forças para a geração
de uma sociedade sustentável, baseada no respeito pela natureza, aos direitos humanos
universais, à justiça econômica e a uma cultura da paz.
Que não seja pelo marketing social, nem por uma falsa promoção e que não se
exclua o dever do estado, mas, sim, que se busque, realmente, o enraizamento de uma cultura
de responsabilidades, agora, não somente social e ambiental, mas universal, aquém e além da
atuação empresarial.
Reafirmando o fato da Iniciativa apresentar-se como relativamente nova para a
sociedade em geral e ao mundo acadêmico, pretende-se, com esse estudo, também, abrir
caminhos e alternativas para que mais estudiosos contribuam com a literatura e a enriqueçam
com relatos de casos práticos, opiniões e visões relacionadas às potencialidades de uso da
Carta da Terra e à importância de sua implementação como instrumento de melhoria da
qualidade de vida da população, inclusive no meio rural.
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Fortaleza, 2006.
MORENO, C. [Entrevista publicada em março de 2010, no site do Portal do Voluntário].
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MOTOMURA, O. O acionista em último lugar. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
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2010. Disponível em: <http://www.ethos.gov.br>. Acesso em: jun. 2010.
NONATO, F. J. A. de P. Responsabilidade Social Empresarial e a promoção da
Qualidade de vida do Trabalhador do campo. 2007. 83f. Monografia (Agronomia) –
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PARRÉ, J. L. et al. Desempenho do setor agroindustrial no Sul do Brasil. Florianópolis:
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YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Tradução de Daniel Grassi. 3a ed.
Porto Alegre: Bookman, 2005. cap. 1, p. 19-36.
APÊNDICES
Apêndice A – Questionário
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
MESTRADO EM ECONOMIA RURAL
Este questionário tem o propósito de levantar informações para elaboração da Dissertação “A Carta da Terra no meio rural a partir de ações de Responsabilidade Social das Agroindústrias” que será apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Economia Rural da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Desde já agradeço sua colaboração e asseguro que todas as informações aqui coletadas somente serão utilizadas para fins desta pesquisa.
Parte 1 – Introdução ao tema
1) A empresa entende o que é Responsabilidade Social Empresarial? Se sim, com suas próprias palavras como a empresa define esse tema? 1. Não ( ) 2. Sim ( ) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) A empresa vê a RSE, principalmente, como um: (Enumerar em ordem decrescente de importância para a empresa as respostas que mais se identificarem) 1. Desafio 2. Estratégia de Marketing 3. Diferencial de competitividade 4. Uma medida que se faz necessária para a sustentabilidade da sociedade 5. Um modismo 6. Outro. Especifique.
3) A empresa acha que incorporar a RS na gestão empresarial é realmente importante? 1. Não ( ) 2. Sim ( ) Por quê? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) A empresa conhece o Instituto Ethos de empresas e responsabilidade social? 1. Não ( ) 2. Sim ( )
5) A empresa conhece os princípios e/ou diretrizes da RSE adotadas pelo Instituto Ethos de Empresas? 1. Não ( ) 2. Sim ( ) Se sim, quais? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6)A empresa adota ações e práticas socialmente responsáveis? 1. Não ( ) 2. Sim ( )
7) Se sim para a pergunta anterior, quais os principais públicos-alvo da RSE da empresa? (Sugestão: enumerar em ordem decrescente de importância) 1.Público interno 2. Meio ambiente 3. Comunidade 4. Consumidores/clientes 5. Acionistas/ empresários
8)A empresa entende a importância do Desenvolvimento Sustentável (DS) nos dias de hoje? 1. Não ( ) 2. Sim ( ) Se sim, com suas próprias palavras, explique o que seria o DS para a empresa. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9) A empresa acha que colabora para o desenvolvimento sustentável da sociedade e/ou da comunidade que está inserida? 1. Não ( ) 2. Sim ( ) Se sim, com poucas palavras, explique de que maneira. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10) A empresa conhece ou já ouviu falar da Carta da Terra, um documento lançado mundialmente em 2000 e que contém um conjunto de valores e princípios essenciais para construção de uma sociedade justa e sustentável? 1. Não ( ) 2. Sim ( )
11) Se sim para a pergunta anterior, qual a visão da empresa sobre esse documento, ou seja, o que a empresa entende por Carta da Terra? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12) Qual desses valores a empresa escolheria como sendo o valor mais importante para uma gestão empresarial socialmente responsável: 1) Ética () 2) Transparência () 3) Honestidade () 4) Respeito () 5) Eficácia () 13) Visando um modo de vida sustentável como um critério comum a todos os indivíduos, quais desses princípios a empresa elege como os mais importantes (enumere em ordem decrescente de importância):
1) Respeitar e cuidar da integridade ecológica 2) Promover a justiça social e econômica 3) Democracia, não-violência e paz
Parte 2 – Avaliação CT (Carta da Terra) com relação as ASR (Ações Socialmente Responsáveis)
LEGENDA
NÍVEL DE INTERESSE PELA AÇÃO
0 No momento não há interesse pela realização da ação.
1 Há evidências de um mínimo interesse sobre esta ação.
2 Há interesse, porém esta ação ainda não constitui-se interesse principal no momento.
3 Há evidências de um grande interesse por este princípio.
NÍVEL DE IMPLEMENTAÇÃO DA AÇÃO
0 No momento não há implementação da ação.
1 Há evidências de uma mínima implementação desta ação.
2 Há indícios de um movimento rumo a uma maior aplicação desta ação.
3 Já há uma plena implementação e consolidação desta ação.
IMPORTANTE
Para cada ação a empresa responderá tanto no quesito “INTERESSE” pela seguinte prática quanto no quesito
“IMPLEMENTAÇÃO” da ação. Para cada quesito desses há uma escala de 0 a 3 que evidenciará um certo nível de RSE que a
empresa está inserida;
No preenchimento das tabelas a seguir pede-se que marque com um “x” nos seguintes níveis de 0 a 3 para cada quesito e no
campo “Forma de Implementação” pedimos a empresa para que, quando julgar necessário, nos mostrar um exemplo ou a
maneira com que a mesma faz da seguinte ação uma prática viva dentro da sua organização.
Princípio II: Integridade Ecológica
Ação Interesse Implementação
Forma de Implementação 0 1 2 3 0 1 2 3
Respeito a Lei Orgânica e Municipal da Região MA Silva
& Vitti
Respeito a Leis do IBAMA Silva &
Vitti
Programa de proteção a áreas naturais MA
1) Programa para racionamento de água na empresa MA
2) Programa para racionamento de energia na empresa MA
Coleta seletiva de lixo não-industrial MA
Redução dos danos ao meio ambiente causados por sua
atividade
MA
Controle do uso de produtos químicos MA Silva
& Vitti
Reciclagem de lixo
MA Silva
& Vitti
Uso de combustíveis renováveis MA Silva
& Vitti
Programa de reutilização de resíduos
MA Silva
& Vitti
Uso de recursos energéticos renováveis, como a energia solar, do
vento.
MA
Participa ou apóia projetos de educação ambiental MA Silva
& Vitti
Atividade de educação ambiental para público externo e interno MA Silva
& Vitti
LEGENDA - Indicadores Ethos de RSE: Valores e Transparência (V/P); Consumidores (Cons); Comunidade (Com); Meio Ambiente (MA); Público Interno (PI);
Fornecedores (For) e Governo/ Política (GP). Artigo de Silva & Vitti (S&V).
Princípio III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
Ação Interesse Implementação Forma de Implementação
1) Desenvolvimento de produtos mais duráveis
0 1 2 3 0 1 2 3
Cons
Melhoria das moradias dos funcionários e
seus familiares
PI
Promoção dos direitos humanos Com
Normas anti-assédio sexual PI
Combate à utilização de trabalho infantil
por fornecedores
For
Apoio a funcionários demitidos sem justa
causa (recolocação/recapacitação)
PI
Estímulo ao trabalho voluntário dos
empregados
PI
Erradicação do analfabetismo entre seus
empregados
PI
Prevenção e tratamento para dependência
de drogas e de álcool
PI
Redução de diferenças salariais entre
homens e mulheres
PI
Redução de diferenças salariais entre
brancos e negros
PI
Programas para busca e contratação de ex- PI
Reconhecer a importância de uma cultura que contribua para a
proteção ambiental e o bem-estar humano
MA Carta
da Terra
Ação Interesse Implementação Forma de Implementação
presidiários
Adaptação e inclusão de deficientes físicos
no quadro de colaboradores da empresa
PI
Promoção da diversidade étnica, sexual e
religiosa dentro da empresa
PI
Política formal contra propaganda
preconceituosa, sexista ou discriminatória
V/T
Afirmar o direito dos povos indígenas à sua
espiritualidade, conhecimentos, terras e
recursos, assim como às suas práticas
relacionadas a formas sustentáveis de vida
CT
Programa de capacitação para os jovens da
comunidade
CT
Proteger e restaurar lugares notáveis pelo
significado cultural e espiritual.
CT
Consideração de critérios de
Responsabilidade Social na seleção de
fornecedores
For
Consideração de certificações de qualidade
social e ambiental na seleção de
fornecedores
For
Critérios de compra que considerem
garantia de origem lícita
For
Busca de fornecedores junto à comunidade
local/do entorno
For
Estímulo à participação dos funcionários em
congressos, seminários e eventos
PI
Extensão de benefícios às famílias dos
funcionários
PI
Conquista de selos e certificações em áreas
sociais
VT
Ação Interesse Implementação Forma de Implementação
Realização de projetos sociais em sua
comunidade
Com
Financiamento de projetos sociais Com
Desenvolvimento de projetos sociais
próprios ou apoio aos de terceiros
Com
Apóia alguma entidade local Com
1) Pagamento justo por matérias-prima
produzida pelos moradores da região
Com
2) Doação de excedente da produção Com
3) Contribuição para eventos da comunidade Com
4) Patrocínio de atividades esportivas Com
5) Geração de emprego na comunidade Com
6) Presta trabalho voluntário Com
7) Disponibilização de espaços e equipamentos
para o desenvolvimento de projetos e
atividades da comunidade
Com
8) Seguro de vida para funcionários PI
9) Consultório/ ambulatório na empresa PI
10) Uso de equipamentos de segurança (EPIs) PI
11) Programas de prevenção de acidentes PI
12) Transporte de boa qualidade para
funcionários
PI
13) Participação nos resultados da empresa PI
Ação Interesse Implementação Forma de Implementação
14) Locais apropriados para as refeições PI
15) Formas de lazer PI
16) Cursos de capacitação e treinamento
contínuos
PI
Plano de Saúde para os funcionários e a
alguns familiares
PI
Aperfeiçoamento de embalagens visando o
benefício do consumidor e/ou do meio
ambiente
Cons
Aperfeiçoamento de tecnologia visando o
benefício do consumidor e/ou do meio
ambiente
Cons
Aperfeiçoamento dos recursos humanos da
empresa, além do treinamento funcional
PI
Participação em projetos sociais
governamentais
G/P
LEGENDA - Indicadores Ethos de RSE: Valores e Transparência (V/P); Consumidores (Cons); Comunidade (Com); Meio Ambiente (MA); Público Interno (PI);
Fornecedores (For) e Governo/ Política (GP).
Princípio IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ
Ação Interesse Implementação Forma de Implementação
0 1 2 3 0 1 2 3
Orientação aos consumidores quanto ao uso
correto de seus produtos
Cons
Facilitação de trocas de produtos com defeitos Cons
Garantir fornecimento de notas fiscais mesmo
que o consumidor não a solicite
Cons
Práticas anti-corrupção e propinas nos Cons
Ação Interesse Implementação Forma de Implementação
processos de vendas
Relacionamento com os clientes no pós-venda Cons
Canais de relacionamento com sindicatos de
trabalhadores
PI
Sistema de comunicação com a comunidade
para ouvir reclamações e/ou sugestões sobre o
impacto da sua atuação
Com
Práticas anti-corrupção e propinas G/P
Medidas que orientam as comunidades do
entorno a cuidar dos seu próprio ambiente
(CT 13F Com)
Aplicação de medidas punitivas aos
colaboradores e funcionários envolvidos em
atos de corrupção
G/P
1) Contribuição para eventos que forneçam
conhecimentos, valores e habilidades
necessárias para um modo de vida sustentável
na comunidade local
CT
Promoção de atividades culturais, esportivas e
de lazer com uso de incentivos fiscais
G/P
Definição explícita da missão e valores da
empresa
V/T
Mecanismos estruturados para transmitir os
valores da empresa a todos os seus públicos
V/T
Mecanismos estruturados para receber
sugestões e reclamações de seus públicos
interessados
V/T
Código de Ética escrito e divulgado V/T
LEGENDA - Indicadores Ethos de RSE: Valores e Transparência (V/P); Consumidores (Cons); Comunidade (Com); Meio Ambiente (MA); Público Interno (PI);
Fornecedores (For) e Governo/ Política (GP).
Apêndice B – Modelo de Planilha EC-Assess adaptado para Avaliação dos Indicadores
Ethos de RSE
Nível declarado de
Interesse
Nível de Implementação
INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
0,1,2,3 0,1,2,3 1. Valores e Transparência
1
Política formal contra propaganda preconceituosa, sexista ou discriminatória
2
Conquista de selos e certificações em áreas sociais
3
Definição explícita da missão e valores da empresa
4
Mecanismos estruturados para receber sugestões e reclamações de seus públicos interessados
5
Código de Ética escrito e divulgado
6
Mecanismos estruturados para transmitir os valores da empresa a todos os seus públicos
< Média do Indicador
0,1,2,3 0,1,2,3 2. Público Interno
1
Aperfeiçoamento dos recursos humanos da empresa, além do treinamento funcional
2
Canais de relacionamento com sindicatos de trabalhadores
3
Promoção da diversidade étnica, sexual e religiosa dentro da empresa
4
Adaptação e inclusão de deficientes físicos no quadro de colaboradores da empresa
5
Extensão de benefícios às famílias dos funcionários
6
Melhoria das moradias dos funcionários e seus familiares
7
Apoio a funcionários demitidos sem justa causa (recolocação/recapacitação)
8
Estímulo ao trabalho voluntário dos empregados
9
Programas para busca e contratação de ex-presidiários
10
Redução de diferenças salariais entre homens e mulheres
11
Redução de diferenças salariais entre brancos e negros
12
Estímulo à participação dos funcionários em congressos, seminários e eventos
13
Normas anti-assédio sexual
14
Prevenção e tratamento para dependência de drogas e de álcool
15
Erradicação do analfabetismo entre seus empregados
16
Seguro de vida para funcionários
17
Consultório/ ambulatório na empresa
18
Uso de equipamentos de segurança (EPIs)
19
Programas de prevenção de acidentes
20
Transporte de boa qualidade para funcionários
21
Participação nos resultados da empresa
22
Locais apropriados para as refeições
23
Formas de lazer
24
Cursos de capacitação e treinamento contínuos
25
Plano de Saúde para os funcionários e a alguns familiares
< Média do Indicador
0,1,2,3 0,1,2,3 3. Meio Ambiente
1
Redução dos danos ao meio ambiente causados por sua atividade
2
Programas de proteção a áreas naturais
3
Coleta seletiva de lixo não-industrial
4
Programas de racionamento de energia
5
Programas de racionamento de água
6
Respeito as leis do IBAMA
7
Reciclagem de lixo
8
Controle do uso de produtos químicos
9
Uso de recursos energéticos renováveis, como a energia solar, eólica.
10
Uso de combustíveis renováveis
11
Programa de reutilização de resíduos.
12
Participa ou apóia projetos de educação ambiental
13
Atividade de educação ambiental para público externo e interno.
14
Atividades culturais visando a preservação ambiental
< Média do Indicador
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3
4. Fornecedores
1 3 1 Combate à utilização de trabalho infantil por fornecedores
2 3 2 Consideração de critérios de Responsabilidade Social na seleção de fornecedores
3 3 2 Consideração de certificações de qualidade social e ambiental na seleção de fornecedores
4 3 3 Critérios de compra que considerem garantia de origem lícita
5
Busca de fornecedores junto à comunidade local/do entorno
3 2 < Média do Indicador
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3 5. Comunidade
1
Realização de projetos sociais na comunidade
2
Financiamento de projetos sociais
3
Desenvolvimento de projetos sociais próprios ou apoio aos de terceiros
4
Promoção dos Direitos Humanos
5
Sistema de comunicação com a comunidade para ouvir reclamações e/ou sugestões sobre o impacto da sua atuação
6
Apóia alguma entidade local
7
Doação de excedente da produção
8
Contribuição para eventos da comunidade
9
Patrocínio de atividades esportivas
10
Geração de emprego na comunidade
11
Presta trabalho voluntário
12
Disponibilização de espaços e equipamentos para o desenvolvimento de projetos e atividades da comunidade
13
Medidas que orientam as comunidades do entorno a cuidar dos seu próprio ambiente
14
Medidas de capacitação para os jovens da comunidade
< Média do Indicador
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3 6. Consumidores
1
Garantir fornecimento de notas fiscais mesmo que o consumidor não a solicite
2
Relacionamento com os clientes no pós-venda
3
Orientação aos consumidores quanto ao uso correto de seus produtos
4
Facilitação de trocas de produtos com defeitos
5
Aperfeiçoamento de embalagens visando o benefício do consumidor e/ou do meio ambiente
6
Aperfeiçoamento de tecnologia visando o benefício do consumidor e/ou do meio ambiente
7
Práticas anti-corrupção e propinas nos processos de vendas
<Média do Indicador
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3 7. Governo/Política
1
Práticas anti-corrupção e propinas
2
Participação em projetos sociais governamentais
3
Promoção de atividades culturais, esportivas e de lazer com uso de incentivos fiscais
4
Aplicação de medidas punitivas aos colaboradores e funcionários envolvidos em atos de corrupção
<Média dos princípios
Apêndice C – EC-Assess baseada nas ações socialmente responsáveis das empresas
Nível
declarado
de
Interesse
Nível de
Implementação Princípios centrais e de apoio da Carta da Terra 5 - 16
Pilar II Integridade Ecológica
Sim ou
Não 0,1,2,3 0,1,2,3
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com
especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a
vida.
Sim - -
a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento
sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam
parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
1
Consideração de certificações de qualidade social e ambiental na seleção de fornecedores Indicador Ethos 3 do
Princípio For
2
Consideração de critérios de Responsabilidade Social na seleção de fornecedores Indicador Ethos 2 do
Princípio For
3
Respeito a Leis do IBAMA
Indicador 6 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
4
Conquista de selos e certificações em áreas sociais e ambientais Indicador Ethos 5 do
Princípio VT
Sim - -
b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras
selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra,
manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
5
Programa de proteção a áreas naturais Indicador Ethos 2 do
Princípio MA
Não - - c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
Não - - d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente
que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução
desses organismos prejudiciais.
Sim - -
e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e
vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam
a saúde dos ecossistemas humano.
6
Programa para racionamento de água na empresa Indicador Ethos 5 do
Princípio MA
Não - -
f. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e
combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano
ambiental.
< Média para este princípio
0,1,2,3 0,1,2,3
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e,
quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
Sim - - a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis,
mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
7
Participa ou apóia projetos de educação ambiental.
Indicador 12 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
8
Atividade de educação ambiental para público externo e interno.
Indicador 13 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
9
Redução dos danos ao meio ambiente causados por sua atividade
Indicador 1 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
Não - -
b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não
causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam
responsabilizadas pelo dano ambiental.
Não - - c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas,
a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
Não - - d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o
aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
10
Coleta seletiva de lixo não-industrial Indicador Ethos 3 do
Princípio MA
11
Controle do uso de produtos químicos
Indicador 8 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
Não - - e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.
< Média para este princípio
0,1,2,3 0,1,2,3
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as
capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar
comunitário.
Sim - -
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e
consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas
ecológicos.
12
Programa de reutilização de resíduos.
Indicador 11 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
13
Reciclagem de lixo
Indicador 7 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
Sim - - b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com
fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
14
Uso de recursos energéticos renováveis, como a energia solar, eólica.
Indicador 9 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
15
Uso de combustíveis renováveis
Indicador 10 do
Princípio MA (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
16
Programa para racionamento de energia na empresa Indicador Ethos 4 do
Princípio MA
Sim - - c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de
tecnologias ambientais seguras.
17
Aperfeiçoamento de tecnologia visando o benefício do consumidor e/ou do meio ambiente Indicador Ethos 9 do
Princípio Cons
18
Aperfeiçoamento de embalagens visando o benefício do consumidor e/ou do meio ambiente Indicador Ethos 8 do
Princípio Cons
Não - -
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de
venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais
altas normas sociais e ambientais.
Sim - - e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde
reprodutiva e a reprodução responsável.
19
Consultório/ ambulatório na empresa
Indicador do
Princípio PI (Princípio Incluso do
Artigo de Silva
&Vitti)
Não - - f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material
num mundo finito.
< Média para este princípio
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto
e aplicação ampla do conhecimento adquirido.
Não - -
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à
sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em
desenvolvimento.
Sim - - b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em
todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
20
Atividades culturais visando a preservação ambiental
Indicador 14 do
Princípio MA
(princípio incluso
inspirado na Carta
da Terra)
Sim - -
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a
proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio
público.
21
Relacionamento com os clientes no pós-venda Indicador Ethos 2 do
Princípio Cons
22
Orientação aos consumidores quanto ao uso correto de seus produtos Indicador Ethos 4 do
Princípio Cons
< Média para este princípio
Pilar III Justiça Social e Econômica
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental
Sim - -
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos
solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos
nacionais e internacionais demandados.
23
Melhoria das moradias dos empregados e seus familiares
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
24
Locais apropriados para as refeições de seus empregados
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
Sim - -
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma
condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança
coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
25
Erradicação do analfabetismo entre seus empregados da empresa Indicador Ethos 15 do
Princípio PI
26
Geração de emprego na comunidade
Indicador 10 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
27
Desenvolvimento de projetos sociais próprios ou apoio aos de terceiros. Indicador Ethos 3 do
Princípio Com
28
Realização de projetos sociais em sua comunidade Indicador Ethos 1 do
Princípio Com
29
Transporte de boa qualidade para funcionários
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
30
Formas de lazer para seus empregados
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
31
Plano de Saúde para os funcionários e a alguns familiares
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
Sim - -
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que
sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas
aspirações.
32
Programas para busca e contratação de ex-presidiários Indicador Ethos 15 do
Princípio PI
33
Presta trabalho voluntário
Indicador 11 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
34
Estímulo ao trabalho voluntário dos empregados Indicador Ethos 7 do
Princípio PI
35
Adaptação e inclusão de deficientes físicos no quadro de colaboradores da empresa Indicador Ethos 4 do
Princípio PI
36
Apoio a funcionários demitidos sem justa causa (recolocação/recapacitação) Indicador Ethos 6 do
Princípio PI
37
Uso de equipamentos de segurança (EPIs)
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
38
Prevenção e tratamento para dependência de drogas e de álcool Indicador Ethos 13 do
Princípio PI
< Média para este princípio
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3 10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis
promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
Sim - - a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
39
Participação dos empregados nos resultados da empresa
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
40
Doação de excedente da produção
Indicador 7 do Princípio Com
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
Sim - - b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das
nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
41
Aperfeiçoamento dos recursos humanos da empresa, além do treinamento funcional Indicador Ethos 1 do
Princípio PI
42
Cursos de capacitação e treinamento contínuos aos empregados
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
43
Estímulo à participação dos funcionários em congressos, seminários e eventos Indicador Ethos 11 do
Princípio PI
Sim - - c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos
sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
44
Critérios de compra que considerem garantia de origem lícita Indicador Ethos 4 do
Princípio For
45
Consideração de critérios de Responsabilidade Social na seleção de fornecedores Indicador Ethos 2 do
Princípio For
46
Consideração de certificações de qualidade social e ambiental na seleção de fornecedores Indicador Ethos 3 do
Princípio For
47
Conquista de selos e certificações em áreas sociais e ambientais Indicador 5 do Princípio VT
48
Garantir fornecimento de notas fiscais mesmo que o consumidor não a solicite Indicador Ethos 1 do
Princípio Cons
Não - - d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras
internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e
responsabilizá-las pelas consequências de suas atividades. conseqüências de
suas atividades.
< Média para este princípio
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o
desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação,
assistência de saúde e às oportunidades econômicas.
Sim - - a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com
toda violência contra elas.
49
Normas anti-assédio sexual Indicador Ethos 12 do
Princípio PI
Sim
- - b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida
econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias,
tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
50
Redução de diferenças salariais entre homens e mulheres Indicador Ethos 9 do
Princípio PI
Sim - - c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os
membros da família.
51
Melhoria das moradias dos empregados e seus familiares
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
52
Seguro de vida para funcionários
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
53
Programas de prevenção de acidentes Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
54
Plano de Saúde para os funcionários e a alguns familiares
Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
55
Extensão dos benefícios dos empregados às famílias dos funcionários Indicador do Princípio PI
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
< Média para este princípio
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um
ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde
corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos
indígenas e minorias.
Sim - -
a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em
raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica
ou social.
56
Promover os direitos humanos. Indicador Ethos 4 do
Princípio Com
57
Promoção da diversidade étnica, sexual e religiosa dentro da empresa Indicador Ethos 3 do
Princípio PI
58
Política formal contra propaganda preconceituosa, sexista ou discriminatória Indicador Ethos 6 do
Princípio VT
59
Redução de diferenças salariais entre brancos e negros Indicador Ethos 10 do
Princípio PI
Não - -
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade,
conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas
com condições de vida sustentáveis.
Sim - - c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a
cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
60
Combate à utilização de trabalho infantil por fornecedores Indicador Ethos 1 do
Princípio For
61
Medidas de capacitação para os jovens da comunidade.
Indicador 13 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
62
Patrocínio de atividades esportivas
Indicador 9 do Princípio Com
(Princípio Incluso do Artigo de
Silva &Vitti)
63
Promoção de atividades culturais, esportivas e de lazer com uso de incentivos fiscais Indicador Ethos 5 do princípio
G/P
Não - - d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
< Média para este princípio
Pilar IV Democracia, Não Violência e Paz
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência
e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de
decisões e acesso à justiça.
Sim - - a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna
sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que
possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
64
Código de Ética escrito e divulgado Indicador Ethos 4 do
Princípio VT
65
Relacionamento com os clientes no pós-venda Indicador Ethos 2 do
Princípio Cons
66
Mecanismos estruturados para transmitir os valores da empresa a todos os seus públicos Indicador Ethos 2 do
Princípio VT
67
Definição explícita da missão e valores da empresa Indicador Ethos 1 do
Princípio VT
68
Orientação aos consumidores quanto ao uso correto de seus produtos Indicador Ethos 4 do
Princípio Cons
Sim - -
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação
significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de
decisões.
69
Apóia alguma entidade local
Indicador 6 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
70
Financiamento de projetos sociais Indicador Ethos 2 do
Princípio Com
71
Desenvolvimento de projetos sociais próprios ou apoio aos de terceiros Indicador Ethos 3 do
Princípio Com
2
Participação em projetos sociais governamentais Indicador Ethos 5 do
princípio G/P
73 Sistema de comunicação com a comunidade para ouvir reclamações e/ou sugestões sobre o impacto da sua
atuação
Indicador Ethos 5 do
Princípio Com
74
Mecanismos estruturados para receber sugestões e reclamações de seus públicos interessados Indicador Ethos 36 do
Princípio VT
Sim - - c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de
associação e de oposição.
75
Canais de relacionamento com sindicatos de trabalhadores Indicador Ethos 2 do
Princípio PI
Não
- - d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e
independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela
ameaça de tais danos.
Sim - -
e. liminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
76
Práticas anti-corrupção e propinas Indicador Ethos 1 do
princípio G/P
77
Aplicação de medidas punitivas aos colaboradores e funcionários envolvidos em atos de corrupção Indicador Ethos 6 do
princípio G/P
78
Práticas anti-corrupção e propinas nos processos de vendas Indicador Ethos 10 do
Princípio Cons
Sim
- - f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios
ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde
possam ser cumpridas mais efetivamente.
79
Medidas que orientam as comunidades do entorno a cuidar dos seu próprio ambiente Indicador do princípio Com
baseado na Carta da Terra
80
Presta trabalho voluntário
Indicador 11 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
81
Contribuição para eventos da comunidade
Indicador 8 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
82
Realização de projetos sociais em sua comunidade Indicador Ethos 1 do
princípio Com
83
Disponibilização de espaços e equipamentos para o desenvolvimento de projetos e atividades da comunidade
Indicador 12 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
< Média para este princípio
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3 14. integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os
conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
Sim - - a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que
lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
84
Promoção de atividades culturais, esportivas e de lazer com uso de incentivos fiscais Indicador Ethos 5 do
princípio G/P
85
Participa ou apóia projetos de educação ambiental.
Indicador do Princípio MA (Princípio Incluso do Artigo
de Silva &Vitti)
86
Atividade de educação ambiental para público externo e interno.
Indicador do Princípio MA (Princípio Incluso do Artigo
de Silva &Vitti)
Não - - b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na
educação para sustentabilidade.
Não - - c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da
conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
Não - - d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de
vida sustentável.
< Média para este princípio
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3 15.Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
Não - - a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de
sofrimento.
Não - - b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem
sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
Não - - c.Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não
visadas.
< Média para este princípio
0, 1, 2, 3 0, 1, 2, 3 16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
Sim - - a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre
todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
87
Sistema de comunicação com a comunidade para ouvir reclamações e/ou sugestões sobre o impacto da sua
atuação.
Indicador Ethos 5 do
princípio Com
88
Presta trabalho voluntário
Indicador 11 do Princípio
Com (Princípio Incluso do
Artigo de Silva &Vitti)
89
Estímulo ao trabalho voluntário dos empregados Indicador Ethos 7 do
Princípio PI
90
Promover os direitos humanos Indicador Ethos 4 do
princípio Com
Sim - -
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a
colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos
ambientais e outras disputas.
91
Canais de relacionamento com sindicatos de trabalhadores Indicador Ethos 2 do
Princípio PI
92
Facilitação de trocas de produtos com defeitos Indicador Ethos 6 do
Princípio Cons
Não - -
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura
defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos
pacíficos, incluindo restauração ecológica.
Não - - d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em
massa.
Não - - e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a
paz.
Não - -
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo,
com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade
maior da qual somos parte.
< Média para este princípio
ANEXOS
Anexo A – Carta da Terra
PREÂMBULO
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o
seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo
tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma
magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com
um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela
natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este
propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros,
com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.
Terra, Nosso Lar
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de
vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou
as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-
estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos,
uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus
recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza
da Terra é um dever sagrado.
A Situação Global
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e
uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não
estão sendo divididos eqüitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a
ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem
precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança
global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
Desafios Para o Futuro
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa
destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e
modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento
humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários
para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global
está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano.
Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos
forjar soluções includentes.
Responsabilidade Universal
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal,
identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo
tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um
compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o
mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando
vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade
considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento
ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos
interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de
todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.
PRINCÍPIOS
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua
utilidade para os seres humanos.
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e
espiritual da humanidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano
causado ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder implica responsabilidade na promoção
do bem comum.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e
proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e
segura, que seja ecologicamente responsável.
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.
a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações
futuras.
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, em longo prazo, a
prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.
Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessário:
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela
diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
a. Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a
conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas
marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa
herança natural.
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas.
d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies
nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos.
e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não
excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.
f. Manejar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que
diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for
limitado, assumir uma postura de precaução.
a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a
informação científica for incompleta ou não conclusiva.
b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e
fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental.
c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas conseqüências humanas globais, cumulativas, de longo
prazo, indiretas e de longo alcance.
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas,
tóxicas ou outras substâncias perigosas.
e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra,
os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos
possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos
renováveis, como a energia solar e do vento.
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais saudáveis.
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os
consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais.
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução
responsável.
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do
conhecimento adquirido.
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada a sustentabilidade, com especial atenção
às necessidades das nações em desenvolvimento.
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que
contribuam para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo
informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não-contaminados, ao abrigo
e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos.
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e
proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se por conta
própria.
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas
capacidades e alcançar suas aspirações.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento
humano de forma eqüitativa e sustentável.
a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e isentá-
las de dívidas internacionais onerosas.
c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e
normas trabalhistas progressistas.
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência
em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e
assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e
cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de
assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos
direitos dos povos indígenas e minorias.
a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual,
religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às
suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida.
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação
de sociedades sustentáveis.
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
IV.DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação
de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça.
a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos
ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tenham
interesse.
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os
indivíduos e organizações na tomada de decisões.
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de associação e de
oposição.
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo
retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir
responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e
habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir
ativamente para o desenvolvimento sustentável.
b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para
sustentabilidade.
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os
desafios ecológicos e sociais.
d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos.
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo,
prolongado ou evitável.
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.
a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das
e entre as nações.
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de
problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não-provocativa da
defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz.
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras
culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
O CAMINHO ADIANTE
Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a
promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e
promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de
responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida
sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e
diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar
expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca
iminente e conjunta por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém,
necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o
bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e
comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os
meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a
oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma
governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as
Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a
implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto
ao ambiente e ao desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de
alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.
Anexo B – Planilha EC-Assess (Avaliação CT)
EC-Assess (Avaliação - CT) Planilha a ser utilizada em conjunto com instruções passo a passo da Publicação Avaliação Carta da Terra (CT).
Seguida por resultados numéricos calculados automaticamente e gráfico de barras nas próximas folhas.
EC – Assess (Avaliação CT) Resultados numéricos