UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Centro de ciências da saúde
Departamento de educação física
Programa de pós-graduação stricto-sensu em educação física
EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO E DA INTERRUPÇÃO DO
COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO SOBRE PARÂMETROS
CARDIOMETABÓLICOS EM ADULTOS INATIVOS: UM ENSAIO CRUZADO
Yuri Alberto Freire de Assis
NATAL – RN
2018
EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO E DA INTERRUPÇÃO DO
COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO SOBRE PARÂMETROS
CARDIOMETABÓLICOS EM ADULTOS INATIVOS: UM ENSAIO CRUZADO
YURI ALBERTO FREIRE DE ASSIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação Física da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Educação Física.
ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO CALDAS COSTA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
Assis, Yuri Alberto Freire de.
Efeitos do exercício físico e da interrupção do comportamento
sedentário sobre parâmetros cardiometabólicos em adultos
inativos: um ensaio cruzado / Yuri Alberto Freire de Assis. -
2018.
70f.: il.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,
Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa.
1. Comportamento sedentário - Dissertação. 2. Treinamento
intervalado de alta intensidade - Dissertação. 3. Caminhada -
Dissertação. I. Costa, Eduardo Caldas. II. Título.
RN/UF/BSCCS CDU 796.012.1:616.12
Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474
i
AGRADECIMENTOS
À Deus e aos bons guias que me auxiliam na presente caminhada. Sem dúvida, seus
planos para mim estão sendo bem melhores que os meus! Às minhas três mães: Leonice,
Walesca e Tia Dora, que nunca mediram esforços para que eu conseguisse estar aqui hoje. Ao
meu primo Ruizim, que sempre acreditou e investiu em mim. À minha companheira Pabyle,
que me acompanha e me ajuda a crescer em todos os aspectos da vida. À meu pai, que mesmo
distante, me inspira a crescer.
Meu profundo e sincero agradecimento a todos os professores que me
ensinaram/incentivaram/aturaram. Em especial ao meu orientador, Eduardo, pela
oportunidade, pelo convívio, pelo aprendizado e por ser minha referência profissional.
Também, ao professor Carlos Alberto, por acreditar em mim desde o início, e ao professor
Hassan, pela amizade e simplicidade compartilhada. Ainda, agradeço a banca examinadora da
dissertação, Arnaldo Mortatti, José Cazuza de Farias Júnior e Leonardo de Sousa Fortes, por
aceitar participar de um momento ímpar da minha vida e contribuir para meu crescimento
científico e profissional.
Agradeço as amizades que tive a felicidade de construir nesse curto período de tempo.
Especialmente aos membros do GPEACE, em ordem randomizada, Júlio, Luís, Geovani,
Ingrid, Rodrigo, Gabriel, Cris, Will, Altieres, Paulinho, Filipe, Marcus, Frazão e Daniel, e
também minha ―galera do mal‖, em ordem alfabética, Antônio, Gledson, Helô, Ludmila e
Petrus. Felizmente, ainda poderia citar várias pessoas que tiveram grande importância, mas o
número de palavras (tempo) é limitado. Sem dúvida, vocês fizeram destes dois anos um dos
melhores momentos da minha vida.
Meu imenso agradecimento aos voluntários desta pesquisa, que, com toda boa vontade
do mundo, se dispuseram e me ajudaram a chegar até aqui.
ii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... vi
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS........................................................... vii
RESUMO ................................................................................................................................ viii
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2 OBJETIVO ...................................................................................................................... 4
2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 4
3 HIPÓTESE ...................................................................................................................... 5
4 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 6
4.1 Atividade física ............................................................................................................ 6
4.1.1 Atividade física e saúde ............................................................................................... 7
4.2 Comportamento sedentário .......................................................................................... 9
4.2.1 Comportamento sedentário e saúde ........................................................................... 10
4.3 Interação da atividade física e comportamento sedentário sobre a saúde ................. 11
4.3.1 Efeito agudo da interrupção do comportamento sedentário sobre parâmetros
cardiometabólicos ................................................................................................................. 12
4.3.2 Efeito agudo da interrupção do comportamento sedentário versus a adição de
exercício físico sobre parâmetros cardiometabólicos ........................................................... 13
4.3.3 Mecanismos fisiológicos da interrupção regular do comportamento sedentário sobre
parâmetros cardiometabólicos ............................................................................................. 15
4.4 Exercício intervalado de alta intensidade .................................................................. 16
5 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 18
5.1 Amostra ..................................................................................................................... 18
5.2 Desenho do estudo ..................................................................................................... 18
5.3 Triagem inicial ........................................................................................................... 19
5.4 Composição corporal ................................................................................................. 19
5.5 Nível de atividade física ............................................................................................ 21
5.6 Velocidade de caminhada ........................................................................................ 21
5.7 Consumo de oxigênio .............................................................................................. 21
5.8 Sessões experimentais ............................................................................................... 22
5.8.1 Sessão SED ................................................................................................................ 23
5.8.2 Sessão EX+SED ......................................................................................................... 23
5.8.3 Sessão ATIVO ........................................................................................................... 23
5.9 Alimentação ............................................................................................................... 24
iii
5.10 Variáveis intervenientes ............................................................................................ 25
5.11 Pressão Arterial.......................................................................................................... 25
5.12 Glicemia e triglicerídeo ............................................................................................. 26
5.13 Cálculo Amostral ....................................................................................................... 26
5.14 Randomização ........................................................................................................... 27
5.15 Análise Estatística...................................................................................................... 27
6 RESULTADOS ............................................................................................................. 28
7 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 34
8 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 39
9 ASPECTOS PRÁTICOS ............................................................................................. 40
10 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 41
11 APÊNCIDE ................................................................................................................... 55
12 ANEXOS ....................................................................................................................... 58
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação da intensidade da atividade física ........................................... 7
Tabela 2 - Caracterização da amostra (n = 25) ............................................................. 29
Table 3 – Consumo de macronutrientes, calorias e água nas sessões experimentais …. 30
Tabela Suplementar 1 - Níveis de pressão arterial, glicose e triglicerídeos entre as
sessões experimentais …………………………………….……………………………. 57
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma do estudo ....................................................................................... 20
Figura 2 - Delineamento das sessões experimentais........................................................... 24
Figura 3 - Caracterização da intensidade do esforço físico ao longo das sessões ............. 24
Figura 4 - Distribuição das atividades durante as sessões experimentais. SED = sessão
com alto comportamento sedentário; EX+SED = sessão com exercício intenso seguido
de alto comportamento sedentário; ATIVO = sessão com interrupção regular do
comportamento sedentário................................................................................................... 30
Figura 5 - Comportamento ao longo do experimento (painel A) e área sob a curva
(painel B) da glicemia. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. SED =
sessão com alto comportamento sedentário; EX+SED = sessão com exercício intenso
seguido de alto comportamento sedentário; ATIVO = sessão com interrupção regular do
comportamento sedentário .................................................................................................. 31
Figura 6 - Comportamento ao longo do experimento (painel A) e área sob a curva
(painel B) da trigliceridemia. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. SED
= sessão com alto comportamento sedentário; EX+SED = sessão com exercício intenso
seguido de alto comportamento sedentário; ATIVO = sessão com interrupção regular do
comportamento sedentário .................................................................................................. 32
Figura 7 – Comportamento ao longo do experimento (painéis A, B e C) e média da área
sob a curva (painéis D, E e F) da pressão arterial. Os dados estão expressos em média e
desvio padrão. SED = sessão com alto comportamento sedentário; EX+SED = sessão
com exercício intenso seguido de alto comportamento sedentário; ATIVO = sessão com
interrupção regular do comportamento sedentário
.............................................................................................................................................. 33
vii
LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
Bpm Batimentos por minuto
Cm Centímetros
EIAI Exercício intervalado de alta intensidade
EIAI10×60 Exercício intervalado de alta intensidade com 10 estímulos de 60 s a ~90
% da frequência cardíaca máxima, intercalados por 60 s de repouso
FC Frequência cardíaca
FCmáx Frequência cardíaca máxima
FCR Frequência cardíaca de reserva
H Horas
IMC Índice de massa corporal
IPAQ Questionário internacional de atividade física
Kg Quilogramas
kg/m2 Quilogramas por metro ao quadrado
km/h Quilometro por hora
M Metro
METs Equivalentes metabólicos
mg/dl Miligrama por decilitro
Min Minutos
mm Hg Milímetros de mercúrio
PA Pressão arterial
PAD Pressão arterial diastólica
PAR-Q Questionário de prontidão para atividade física
PAM Pressão arterial média
PAS Pressão arterial sistólica
PSE Percepção subjetiva de esforço
S Segundos
VO2 Consumo de oxigênio
VO2máx Consumo de oxigênio máximo
VO2R Consumo de oxigênio de reserva
viii
RESUMO
EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO E DA INTERRUPÇÃO DO
COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO SOBRE PARÂMETROS
CARDIOMETABÓLICOS EM ADULTOS INATIVOS: UM ENSAIO CRUZADO
Autor: Yuri Alberto Freire de Assis
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa
INTRODUÇÃO: o comportamento sedentário é associado a um maior risco para alterações
cardiometabólicas, como a síndrome metabólica (SM). As recomendações atuais sobre
atividade física para saúde têm sugerido redução do comportamento sedentário e prática
regular de exercício físico moderado-vigoroso. Entretanto, pouco se conhece sobre os efeitos
isolados da interrupção regular do comportamento sedentário e do exercício físico sobre
parâmetros relacionados à SM durante um dia de atividades sedentárias em adultos com
excesso de gordura corporal. OBJETIVO: analisar os efeitos da interrupção regular do
comportamento sedentário e do exercício físico vigoroso sobre a pressão arterial, glicemia e
triglicerídeos de adultos com excesso de gordura corporal. MÉTODOS: foi conduzido um
ensaio clínico controlado e randomizado com delineamento cruzado em que 25 adultos
inativos com excesso de gordura corporal (10 homens; 24,4 ± 3,8 anos; % gordura corporal
34,5 ± 6%; 4.699 ± 1.962 passos por dia) foram submetidos a três sessões experimentais de 10
h com intervalo de uma semana: i) sessão SED, alto comportamento sedentário ao longo do
dia; ii) sessão EX+SED, uma sessão de exercício físico vigoroso seguido de alto
comportamento sedentário ao longo do dia, e; iii) sessão ATIVO, interrupção regular de
comportamento sedentário ao longo do dia (cinco minutos de caminhada leve a cada 20
minutos). Refeições padronizadas foram ofertadas em todas as sessões. A glicemia, pressão
arterial e triglicerídeos foram mensurados ao longo do dia. A área sob a curva (ASC) para a
pressão arterial, glicemia e triglicerídeos foi calculada e a comparação entre as sessões foi
realizada por modelos mistos generalizados, com um alfa de 5 %. RESULTADOS: A ASC
da glicemia foi menor na sessão ATIVO [W(2) = 6.180, p = 0,046] quando comparada a
sessão SED (p = 0,015). A ASC da pressão arterial diastólica foi menor na sessão ATIVO
[W(2) = 6.119, p = 0,047] quando comparada a sessão SED (p = 0,029) e EX+SED (p =
0,035). Não houve diferença estatística na trigliceridemia e na pressão arterial sistólica e
média entre as sessões experimentais. CONCLUSÃO: a interrupção regular do
comportamento sedentário reduziu a glicemia e pressão arterial diastólica de adultos com
excesso de gordura corporal ao longo de um dia de alto comportamento sedentário, enquanto
a sessão de exercício físico vigoroso não apresentou efeito sobre os parâmetros analisados.
Portanto, a interrupção regular do comportamento sedentário deve ser encorajada para atenuar
o risco cardiometabólico de adultos inativos com excesso de gordura corporal que dispendem
muito tempo sentado ao longo do dia.
Palavras-chave: comportamento sedentário; treinamento intervalado de alta intensidade;
caminhada; saúde cardiometabólica; sobrepeso; síndrome metabólica.
ix
ABSTRACT
EFFECTS OF EXERCISE AND BREAKING UP SEDENTARY BEHAVIOR ON
CARDIOMETABOLIC PARAMETES IN INACTIVE ADULTS: A CROSSOVER
TRIAL
Autor: Yuri Alberto Freire de Assis
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa
INTRODUCTION: The sedentary behavior is associated with a higher risk for
cardiometabolic disturbances, such as metabolic syndrome (MS). The current
recommendations on physical activity for health have been suggested the reduction of
sedentary behavior and regular moderate-vigorous exercise. However, less is known on the
isolated effects of breaking up sedentary behavior and physical exercise on the parameters of
MS during a sedentary day in adults with body fat excess. OBJECTIVE: To analyze the
effects of regular breaking up sedentary behavior and vigorous exercise on blood pressure,
glucose, and triglycerides in adults with body fat excess. METHODS: A randomized
controlled trial with a crossover design was conducted involving 25 inactive adults with body
fat excess (10 males; 24.4 ± 3.8 years; % body fat 34.5 ± 6.0%; 4.699 ± 1.962 steps per day).
All participants were submitted into three experimental sessions of 10 h with one-week
interval: i) SED session, high sedentary behavior during the day; ii) EX+SED session,
vigorous exercise followed by a high sedentary behavior during the day; iii) ACTIVE session,
regular breaking up sedentary behavior during the day (five minutes of walking every 20
minutes). Standardized meals were offered during all experimental sessions. Blood pressure,
glucose and triglycerides were measured over the day during the experimental sessions. The
area under the curve (AUC) of blood pressure, glucose and triglycerides was calculated and
the comparison between the sessions was performed using the generalized linear mixed
models with a statistical significance set at 5%. RESULTS: The AUC of glucose was lower
in the ACTIVE session [W(2) = 6.180, p = 0.046] compared to the SED session (p = 0.015).
The AUC of diastolic blood pressure was lower in the ACTIVE session [W(2) = 6.119, p =
0.047] compared to the SED session (p = 0.029) and the EX+SED session (p = 0.035). There
was no difference in the triglycerides and systolic and mean blood pressure among the
experimental sessions. CONCLUSION: The regular breaking up sedentary behavior reduced
the diastolic blood pressure and glucose in inactive adults with body fat excess during a day
of high sedentary behavior, while the vigorous exercise did not change the cardiometabolic
parameters analyzed. Therefore, the regular breaking up sedentary behavior should be
encouraged to attenuate the cardiometabolic risk of inactive adults with body fat excess who
spend a high amount of time sitting over a day.
Keywords: sitting; high-intensity interval training; walking; cardiometabolic health;
overweight; metabolic syndrome.
1
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento e popularização da tecnologia nas últimas décadas aumentaram
substancialmente a exposição da humanidade ao comportamento sedentário em diferentes
contextos (e.g., trabalho, lazer e transporte)1. Comportamento sedentário é definido como
qualquer atividade realizada durante a vigília com gasto energético menor ou igual a 1,5
equivalentes metabólicos na posição sentada, reclinada ou deitada2. Mais recentemente,
estudos têm demonstrado que o comportamento sedentário representa um importante fator de
risco para doenças cardiometabólicas (e.g., síndrome metabólica), mesmo em indivíduos
fisicamente ativos3,4
.
Adicionalmente, a gordura corporal tem se mostrado um importante mediador entre o
comportamento sedentário e o risco cardiometabólico aumentado5–10
. Tanto o excesso de
gordura corporal quanto o alto comportamento sedentário estão associados a um risco
aumentado para síndrome metabólica, que é caracterizada pela presença de, pelos menos, três
dos seguintes fatores de risco: obesidade abdominal, níveis elevados de glicemia, pressão
arterial e trigliceridemia, e baixos níveis de HDL-colesterol10,11
. A prevalência de síndrome
metabólica é maior a partir da meia-idade12
e sua presença aumenta o risco de morte por todas
as causas em 2,4 vezes13
. Tendo em vista que indivíduos com excesso de gordura corporal
têm maior chance de desenvolvimento futuro de síndrome metabólica14,, é necessário intervir
precocemente nessa população, especialmente em indivíduos mais jovens que ainda não
apresentam fatores de risco.
O acúmulo de longos períodos de comportamento sedentário está associado
diretamente a piora dos fatores de risco para síndrome metabólica3,15,16
. Dessa forma, a
interrupção regular do comportamento sedentário é uma estratégia importante para reduzir o
risco de síndrome metabólica. Estudos experimentais demonstram que a interrupção regular
do comportamento sedentário reduz a pressão arterial17
e valores pós-prandiais de glicemia18–
20, insulinemia
18,19,21 e trigliceridemia
22. Porém, os benefícios da interrupção regular do
comportamento sedentário são menores em sujeitos jovens e sem fator de risco
cardiometabólico23,24
. Por exemplo, estudos que investigaram o efeito da interrupção regular
do comportamento sedentário sobre parâmetros cardiometabólicos em adultos jovens
falharam em encontrar melhora na pressão arterial25
, glicemia26,27
e trigliceridemia18
. Esses
estudos envolveram protocolos de cerca de dois minutos de atividade física a cada 20-30
minutos de comportamento sedentário. Por outro lado, o efeito benéfico destes protocolos em
parâmetros cardiometabólicos em adultos de meia-idade e/ou idosos é bem
estabelecido17,21,23,24
. Em uma revisão sistemática sobre o tema, Benatti e Larsen24
indicaram
2
que adultos jovens sem fatores de risco cardiometabólicos necessitam de interrupções com
maior volume de atividade física. Entretanto, estudos dessa natureza são escassos,
principalmente envolvendo a população adulta jovem aparentemente saudável, ou seja, sem
fator de risco e/ou doença cardiometabólica conhecida.
Outra perspectiva para se considerar, além da interrupção regular do comportamento
sedentário ao longo do dia, é o possível papel protetor que a atividade física moderada-
vigorosa pode ter para reduzir o risco cardiometabólico e de morte precoce em indivíduos
com alto comportamento sedentário, realidade na sociedade contemporânea. Por exemplo, em
uma revisão sistemática de estudos longitudinais envolvendo mais de um milhão de pessoas,
Ekelund et al.28
demonstraram que indivíduos com alto comportamento sedentário (i.e., oito
ou mais horas sentados por dia), mas que faziam 60-75 minutos de atividade física moderada-
vigorosa por dia, não tinham risco de morte aumentado. Recentemente, nosso grupo
demonstrou que trabalhadores de ocupação sedentária que cumpriam as recomendações de
atividade física para saúde (i.e., 150 minutos atividade física moderada ou 75 minutos de
atividade física vigorosa por semana) apresentaram 48% menor risco de síndrome
metabólica29
. Assim, é possível imaginar que a prática regular de exercício físico moderado-
vigoroso pode gerar modificações, tanto agudas quanto crônicas, em parâmetros
cardiometabólicos que poderiam atenuar o risco de desenvolvimento de doenças com essa
etiologia.
Apesar de um possível papel protetor da atividade física moderada-vigorosa para a
saúde cardiometabólica de indivíduos com alto comportamento sedentário,28,29
aproximadamente 25 % da população mundial é fisicamente inativa30
. Dentre as muitas
barreiras citadas, a falta de tempo é comumente reportada como uma das principais31
, apesar
dos achados nesse sentido não serem conclusivas32
. Considerando a barreira da falta de tempo
para se exercitar, diversos estudos, principalmente realizados na última década, têm sugerido
que exercícios vigorosos de curta duração podem ser uma alternativa atraente para transpor
essa situação33–36
. Nesse sentido, os efeitos desses exercícios, conhecidos como exercícios
intervalados de alta intensidade de baixo volume, sobre parâmetros cardiometabólicos, tais
como pressão arterial33,34
e glicemia35,36
, têm sido investigados, inclusive em indivíduos
fisicamente inativos. Estudos têm demonstrado redução da pressão arterial33,34
e glicemia35,36
nas primeiras horas subsequentes a realização desse tipo de exercício, o que também pode ser
interessante para saúde cardiometabólica. Entretanto, não se sabe se estes benefícios ocorrem
apenas de forma transiente por alguns minutos ou se podem perdurar ao longo de um dia de
alto comportamento sedentário.
3
Portanto, visto que tanto a interrupção regular do comportamento sedentário quanto
uma sessão de exercício físico vigoroso apresentam potencial para redução da glicemia,
pressão arterial e triglicerídeos, objetivamos investigar se esses efeitos podem ocorrer durante
um dia de alto comportamento sedentário, situação bastante comum na sociedade
contemporânea e que está associada a maior risco de doenças cardiovasculares e metabólicas,
especialmente em adultos inativos com excesso de gordura corporal.
4
2 OBJETIVO
2.1 Objetivo geral
Analisar o efeito da interrupção regular do comportamento sedentário e de uma sessão de
exercício físico vigoroso de curta duração sobre a glicemia, trigliceridemia e pressão arterial
em adultos jovens com excesso de gordura corporal.
5
3 HIPÓTESE
Alguns estudos que investigaram o efeito da interrupção regular do comportamento
sedentário sobre parâmetros cardiometabólicos em adultos jovens falharam em encontrar
melhora na pressão arterial25
, glicemia26,27
e trigliceridemia18
com protocolos de cerca de dois
minutos de atividade física a cada 20-30 minutos de comportamento sedentário. Em uma
revisão sistemática sobre o tema, Benatti e Larsen24
indicaram que os benefícios da
interrupção do comportamento sedentário são menores em indivíduos jovens e saudáveis e
que esta população necessitaria de interrupções com maior volume de atividade física. Assim,
acreditamos que a realização de cinco minutos de atividade física a cada 20 minutos de
comportamento sedentário será suficiente para melhora dos parâmetros analisados. Estudos
têm demonstrado que os efeitos de uma sessão de exercício aeróbio moderado perdura ao
longo de um dia de alto comportamento sedentário, com redução da pressão arterial25
,
glicemia25
e trigliceridemia18
em adultos jovens. A partir disso, acreditamos que os efeitos do
exercício aeróbio vigoroso de curta duração sobre glicemia, pressão arterial e trigliceridemia
33–36 também irão perdurar ao longo de um dia de alto comportamento sedentário. Dessa
forma, hipotetizamos que tanto a interrupção regular do comportamento sedentário como o
exercício aeróbio vigoroso de curta duração reduzirão a pressão arterial, glicemia e
trigliceridemia ao longo de um dia de alto comportamento sedentário em adultos jovens com
excesso de gordura corporal.
6
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Atividade física
A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelo
músculo esquelético que aumenta o dispêndio energético acima dos valores de repouso.37
A
atividade física é composta pelos domínios das atividades de trabalho, deslocamento,
atividade doméstica e tempo livre38
, e pode ser classificada em atividade física de intensidade
leve, moderada ou vigorosa39
. Estas intensidades refletem o esforço do indivíduo em realizar
determinada atividade e podem ser classificadas de acordo com o percentual do consumo
máximo de oxigênio, do percentual da frequência cardíaca máxima, de equivalentes
metabólicos ou da própria percepção subjetiva de esforço do indivíduo39
. A Tabela 1
apresenta a classificação da intensidade da atividade física por diferentes métodos.
A recomendação de atividade física do Colégio Americano de Medicina do Esporte39
para adultos que buscam a manutenção da saúde é de, no mínimo, 150 min de atividade física
moderada ou 75 min de atividade física vigorosa por semana, ou uma combinação de ambas
as intensidades. Apesar desta recomendação considerar apenas a atividade física de
intensidade moderada a vigorosa, é bem demonstrado que a atividade física de intensidade
leve possui importante impacto na saúde. Neste sentido, foi criada uma recomendação com
base na contagem de passos40
, que classifica em fisicamente ativo os indivíduos que realizam,
em média, 10 mil passos por dia, moderadamente ativo aqueles que realizam entre 7.500 e 10
mil passos por dia, e fisicamente inativo aqueles que realizam menos de 7.500 passos por dia.
Adicionalmente, recomenda-se que três mil passos por dia sejam realizados com cadência
maior ou igual a 100 passos por min, equivalendo a ~ 30 min de atividade física moderada41
.
As principais vantagens da recomendação por passos é a facilidade de compreensão e
mensuração por leigos, além de ser motivante para a mudança de comportamento42
. Diversos
são os dispositivos validados que avaliam a contagem de passos. Os mecanismos utilizados
por estes aparelhos são por acelerometria (e.g., Omron HJ-720, Fitbit One e) ou alavancas de
mola (e.g., Yamax e Walk4Life MVP).42
Recentemente, aplicativos para celulares vêm sendo
desenvolvidos para a contagem de passos, entretanto, possuem baixa acurácia, com
subestimação de 30–50%43
.
As recomendações de atividade física podem ser cumpridas por meio dos diferentes
domínios da atividade física38,44
. O primeiro estudo a avaliar separadamente a atividade física
nos diferentes domínios mostrou que, em 2006, os homens eram mais ativos que as mulheres
em todos os domínios, exceto na atividade doméstica. Também mostrou que brasileiros com
7
maior escolaridade foram mais ativas no lazer, porém, menos ativos no trabalho, nas
atividades domésticas e no deslocamento45
. Em 2016, a atividade física de deslocamento não
se relacionou com o perfil socioeconômico, indicando que, de forma geral, as pessoas estão se
deslocando ativamente por outros motivos, como saúde e/ou qualidade de vida, e não por falta
de transporte motorizado45,46
. Apesar disso, apenas 15 % dos brasileiros são ativos no
deslocamento46
. O tempo de lazer é uma importante janela para o aumento do nível de
atividade física47
, entretanto, dados do Vigitel46
(i.e., Vigilância de fatores de risco e proteção
para Doenças Crônicas por inquérito telefônico) mostram que 62 % dos brasileiros que vivem
nas capitais não realizam atividade física no tempo de lazer, com prevalência de 70 % entre as
mulheres. Considerando todos os domínios, o inquérito mostra que aproximadamente 50 %
dos brasileiros apresentam níveis insuficientes de atividade física, com aumento da
prevalência conforme o aumento da idade e a redução da condição socioeconômica. Estes
dados são alarmante, visto que a inatividade física é o quarto fator de risco para a mortalidade
global48
.
Tabela 1 - Classificação da intensidade da atividade física.
Intensidade % FC máxima % VO2 máximo % FCR ou
% VO2R PSE (6-20)* METs
Leve ≤ 63 ≤ 45 ≤ 39 ≤ 11 < 3
Moderada 64 – 76 46 – 63 40 – 59 12 – 13 3 – 5,9
Vigorosa ≥ 77 ≥ 64 ≥ 60 ≥ 14 ≥ 6
Adaptado do Colégio Americano de Medicina do Esporte.39
Nota: FC = frequência cardíaca; VO2 = consumo de oxigênio; FCR = FC de reserva; VO2R =
VO2 de reserva; PSE = percepção subjetiva de esforço; METs = equivalentes metabólicos.*
Escala de Borg.
4.1.1 Atividade física e saúde
A primeira evidência científica da relação da atividade física com a saúde foi
publicada em 1953 pelo epidemiologista Jeremy Morris e seus colaboradores49
. Os autores
acompanharam motoristas (i.e., baixa atividade física no trabalho) e cobradores (i.e., alta
atividade física leve no trabalho) de 35 a 64 anos entre 1949-50 e verificaram que os
motoristas apresentaram maior incidência de infarto do miocárdio ou oclusão coronariana
(i.e., 56% vs. 42 %) e morte (i.e., 31% vs. 19 %) nos primeiros três dias após evento
cardiovascular. Posteriormente, em 1962 Paffenbarger et al.50
avaliaram a atividade física de
8
~ 17 mil homens e registraram eventos cardiovasculares até 1972. Os autores identificaram
que indivíduos que subiam mais de 49 degraus de escada ou caminhavam mais de 400 metros
por dia tiveram uma redução de 25 % no risco de evento cardiovascular, e indivíduos com
gasto energético maior que duas mil quilocalorias por semana apresentaram um risco reduzido
para evento cardiovascular fatal e não fatal de 101 % e 48 %, respectivamente. Ainda,
indivíduos que praticavam atividade esportiva vigorosa tinham uma maior proteção
cardiovascular, mesmo com equalização de gasto energético. A partir destes achados, foi
construído um corpo de evidências sobre o impacto benéfico da atividade física na morbidade
e mortalidade humana28,39,47,51–53
.
A atividade física é um dos principais meios de prevenção e controle de, pelo menos,
35 condições patológicas (e.g., obesidade, doenças cardiovasculares, desregulação glicêmica e
câncer)53
, especialmente em forma de exercício físico. O exercício físico é uma subcategoria
da atividade física, definida como uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva, com
objetivo de melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão física (e.g., composição
corporal e aptidão cardiorrespiratória)37
. O exercício físico de intensidade moderada e
vigorosa é fortemente indicado para prevenção e tratamento de desordens
cardiometabólicas39,51–54
. De forma geral, programas de exercício físico de 1 a 24 meses
aumentam a aptidão cardiorrespiratória em ~ 4 mL/kg/min e reduz os níveis de triglicerídeo
em 5,3 mg/dl, hemoglobina glicada em 0,3 %52
, peso corporal em 3-5 %55
e pressão arterial
em 3,5/2,5 mm Hg51
. Adicionalmente, programas de exercício físico em intensidade vigorosa
tem um maior efeito sobre variáveis cardiometabólicas, especialmente na melhora da aptidão
cardiorrespiratória56
, hemoglobina glicada57
e pressão arterial54
.
Apesar da atividade física intensa ter um maior efeito na saúde cardiometabólica,
dados de acelerometria de 4.614 adultos demonstrou associação da atividade física leve com
melhores níveis de pressão arterial, triglicerídeo e glicemia de jejum e pós-prandial58
.
Miyatake et al.59
demonstraram que o aumento da atividade física de baixa intensidade (i.e.,
caminhada) durante um ano reduz o tecido adiposo (i.e., 2,5 %), gordura visceral (14 %),
pressão arterial (i.e., - 13/- 7 mm Hg ) e glicose de jejum (i.e., 4 mg/dl) em indivíduos com
excesso de peso. Mesmo a atividade física de intensidade muito leve, como estar de pé, reduz
o risco de morte em até 35 %60
. Olsen e colaboradores61
propuseram um modelo alternativo
para verificar o impacto da atividade física leve na saúde cardiometabólica, em que adultos
saudáveis reduziram o número de passos de 6-10 mil para ~1.5 mil passos por dia por 2-3
semanas. A redução da atividade física espontânea aumentou a resistência a insulina em 79
%, a gordura intra-abdominal em 7 % e os níveis de triglicerídeo pós-prandial em 18 %.
9
Tomado juntos, a atividade física em ambas as intensidades, estruturada ou não,
impacta diretamente na morbimortalidade global. Estima-se que a inatividade física é
responsável por 6 % das doenças coronarianas, 7 % dos casos de diabetes tipo 2 e 9 % das
mortes precoces62
. Ainda, a eliminação da inatividade física evitaria mais de cinco milhões de
morte ao ano e aumentaria a expectativa de vida mundial em 0,68 anos62
.
Assim, o aumento dos níveis de atividade física em todos os domínios é fortemente
recomendado.
4.2 Comportamento sedentário
O comportamento sedentário é caracterizado como qualquer atividade realizada
durante a vigília em posição sentada, reclinada ou deitada com gasto energético menor ou
igual a 1,5 equivalentes metabólicos2. O comportamento sedentário está presente nas
atividades inerentes ao lar (e.g., assistir televisão), transporte (e.g., dirigir carro), lazer (e.g.,
usar computador) e ocupação (e.g., usar o telefone, assistir aula), mas é frequentemente
representado pelo tempo de tela (i.e, assistindo televisão ou em uso de
computador/celular)28,63,64
. Achados emergentes demonstram que o tempo em comportamento
sedentário está associado diretamente ao risco para doenças cardiometabólicas e mortalidade,
independe dos níveis de atividade física28,64
. Indivíduos que acumulam o tempo sedentário em
longos períodos ininterruptos, apresentam, ainda, um maior risco cardiometabólico.
Diretrizes recomendam a redução e interrupção frequente do tempo em
comportamento sedentário para a manutenção da saúde cardiometabólica, entretanto, ainda
não há pontos de corte definidos39,64
. Recentemente, a Rede de Pesquisa em Comportamento
sedentário (Sedentary Behaviour Research Network) elaborou um consenso terminológico
sobre termos e conceitos relacionados a pesquisas de comportamento sedentário. Dentre as
reformulações terminológicas e conceituais, destaca-se a i) inclusão da ―posição deitada‖
como uma forma de comportamento sedentário, ii) a definição do período de comportamento
sedentário (i.e., 10 min ininterruptos) e a iii) divisão do tempo de tela em sedentário e ativo.
Além disso, o documento classificou os indivíduos em prolonger, aquele que acumula o
tempo sedentário em longos períodos contínuos, e breaker, aquele que acumula o tempo
sedentário com frequentes interrupções.
O desenvolvimento e popularização da tecnologia gerada nas últimas décadas (e.g.,
transporte motorizado, computador, colheitadeiras de grão) impactou diretamente no aumento
do comportamento sedentário global, em todos os domínios. Por exemplo, na década de 60, a
população dos Estados Unidos e Reino Unido apresentavam ~ 4 h diárias em comportamento
10
sedentário, e 40 anos depois, esse tempo aumentou para ~ 6 h1. Mielke et al., verificaram que
no Brasil, a população acima de 18 anos passam 5,8 h diárias em comportamento sedentário,
e este tempo é maior nos indivíduos com maior condição socioeconômica (i.e., 8,3 h) e em
adultos jovens (i.e., 7,3 h). Além disso, os autores verificaram que o tempo em
comportamento sedentário nos diferentes domínios é dependente de fatores socioeconômicos.
Em geral, os homens, os adultos jovens e os indivíduos de maior condição socioeconômica
são grupos que apresentam maior comportamento sedentário no transporte, em uso de
computador e no trabalho, enquanto assistem menos televisão.
4.2.1 Comportamento sedentário e saúde
Em 1968, Saltin e colaboradores65
conduziram o estudo de repouso no leito e
treinamento de Dallas (Dallas Bed Rest and Training Study), no qual investigou os efeitos de
20 dias ininterruptos de comportamento sedentário em posição deitada sobre variáveis
cardiovascular e pulmonar em cinco homens de 20 anos. Os autores constataram que o
repouso prolongado reduziu o volume cardíaco em 10 %, captação máxima de oxigênio em
28 %, débito cardíaco máximo em 26 % e volume sistólico em 29 %. Estes prejuízos foram
revertidos após 55 dias de treinamento físico. Os cinco voluntários foram reavaliados após
três e quatro décadas66,67
. Os danos no sistema cardiovascular e na capacidade física de
trabalho gerado por 20 dias de comportamento sedentário ininterruptos foi maior que 30 anos
de envelhecimento, e semelhantes após a quarta década.
A natureza prolongada e ininterrupta do comportamento sedentário imposto no estudo
de Dallas tem limitações quanto a validade externa, contudo, estudos demonstram que 3-4 h
diárias de comportamento sedentário é suficiente para aumentar a morbidade e
mortalidade4,28,68
. Uma revisão sistemática com metanálise4 demonstrou que indivíduos que
passam mais tempo em comportamento sedentário têm uma maior incidência de diabetes (90
%), doença cardiovascular (14 %) e, consequentemente, morte precoce (24 %), comparado
aos pares com menor comportamento sedentário. É estimado que o comportamento sedentário
é responsável por 3,8 % das mortes no mundo ao ano (i.e., 433 mil mortes ao ano), e sua
eliminação aumentaria a expectativa de vida mundial em 0,28 anos68
.
Além do tempo diário de sedentarismo, o padrão do comportamento sedentário (i.e.,
em períodos longos ou curtos) influencia na saúde cardiometabólica e mortalidade. Diaz et
al.69
verificaram, por acelerometria, que indivíduos com períodos de comportamento
sedentário acima de 12,4 min possuem duas vezes mais chance de morte, comparado aos
11
indivíduos com períodos de comportamento sedentário abaixo de 7,7 min. Assim, o
comportamento sedentário deve ser reduzido e interrompido tanto quanto possível.
Importante destacar que a inatividade física e o comportamento sedentário são fatores
de risco independentes. Indivíduos que cumprem as recomendações de atividade física e que
possuem um alto comportamento sedentário possuem um maior risco cardiometabólico,
comparado aos seus pares com menor tempo de comportamento sedentário4,28
. O estilo de
vida fisicamente ativo e sedentário é cada vez mais comum na era digital, e é denominado
fenômeno da batata de sofá ativo (active couch potato) 70
. Apesar da atividade física
moderada a vigorosa atenuar o risco de morte advindo do comportamento sedentário, este
risco é eliminado apenas naqueles indivíduos que triplicam a recomendação de atividade
física28,71
. O cumprimento deste volume de atividade física é improvável para não-atletas e,
portanto, a redução e interrupção do comportamento sedentário deve ser priorizada.
4.3 Interação da atividade física e comportamento sedentário sobre a saúde
Durante as 24 horas do dia, o tempo é distribuído entre sono e comportamentos
sedentário e ativo72
. A população dos estados unidos utiliza 33 % do tempo diário em sono, 3
% em atividade física moderada a vigorosa e o tempo remanescente é despendido em
comportamento sedentário e atividade física leve, que são dependentes do tipo de ocupação
(i.e., sedentária ou ativa). Assim, os indivíduos que tem ocupação sedentária (i.e., ~ 30 %)
passam 72 % do tempo da vigília em comportamento sedentário. Como dito anteriormente, a
saúde cardiometabólico é inversamente associada ao sedentarismo e diretamente associada ao
comportamento ativo (i.e., atividade física com gasto maior que 1,5 equivalente metabólicos).
Portanto, o tempo em comportamento sedentário deve ser alocado para o tempo em
comportamento ativo tanto quanto possível.
Neste sentido, modelos teóricos de substituição isotemporal têm apontado benefícios
na realocação do tempo em comportamento sedentário por comportamentos ativos. Por
exemplo, a realocação isotemporal de uma hora de comportamento sedentário para a posição
em pé, para caminhada e para atividade física moderada a vigorosa reduz o risco de morte em
4 %, 10% e 10%, respectivamente, em adultos e idosos saudáveis73
. Em idosos que realizam
menos de duas horas diárias de atividade física, a substituição de uma hora diária de
comportamento sedentário por atividade física leve ou atividade física moderada a vigorosa
reduz o risco de morte em 19 % e 42 %, respectivamente71
. Quanto aos indicadores
cardiometabólicos, Bauman et al.74
verificaram que a substituição de 30 min de
comportamento sedentário por 30 min de atividade física moderada a vigorosa reduz a
12
circunferência da cintura em 2,4 % e os níveis sanguíneos de glicose, em 1,7 %, insulina, em
10,7 % e triglicerídeo, em 8,5 % em adultos acima de 20 anos. Com a substituição
isotemporal de 30 min de comportamento sedentário por atividade física leve houve uma
redução de 1,9 % de triglicerídeos e 2,4 % de insulina.
Apesar da atividade física moderada a vigorosa ter um maior impacto na saúde
cardiometabólica, o esforço exigido nestas intensidades limita um alto volume diário. Assim,
a atividade física leve parece ser uma alternativa favorável para redução expressiva do
comportamento sedentário, pois apresenta uma maior relação tempo/esforço75
. Por este
motivo, atividade física leve, comumente relacionada a atividade física não-estruturada possui
uma importante participação no dispêndio energético diário por atividade física , apresentando
maior participação comparado ao exercício físico76,77
.
4.3.1 Efeito agudo da interrupção do comportamento sedentário sobre parâmetros
cardiometabólicos
Como dito anteriormente, evidências epidemiológicas demonstram os benefícios da
redução e interrupção do comportamento sedentário na morbimortalidade. A partir disso,
pesquisadores australianos deram início às investigações a respeito dos efeitos agudos da
interrupção regular do comportamento sedentário em parâmetros cardiometabólicos17,21
. Os
estudos publicados pelo grupo demonstraram que a interrupção do comportamento sedentário
com 2 min de caminhada leve ou moderada após uma refeição reduz a área sob a curva da
glicemia e insulina em 24 - 30 % e a pressão arterial sistólica e diastólica em 2 - 3 mm Hg,
comparada a cinco horas de comportamento sedentário ininterrupto, em indivíduos de 45 a 65
anos com excesso de peso.
Posteriormente, pesquisadores investigaram se a interrupção do comportamento
sedentário com a posição em pé é suficiente para gerar benefícios cardiometabólicos agudos,
principalmente em trabalhadores de ocupação sedentária. Foi demonstrado que 2 min em pé a
cada 20 min de comportamento sedentário não reduz os níveis de glicemia, insulina e pressão
arterial em adultos jovens não obesos20
. Por outro lado, a substituição total do comportamento
sedentário pela posição em pé durante o período pós-prandial reduz a glicemia pós-prandial
em 43 % em adultos não obesos78
. Ainda, 30 min em pé a cada 30 min de comportamento
sedentário durante cinco dias de trabalho reduz a glicemia pós-prandial do dia seguinte em
trabalhadores de ocupação sedentária com excesso de peso, mas sem modificação nos níveis
de insulina e triglicerídeo79
. Portanto, parece que a interrupção do comportamento sedentário
13
com atividade física muito leve pode atenuar a glicemia pós-prandial, se for compensada por
um maior volume (i.e., interrupção acima de 30 min).
Características individuais como idade, estado nutricional e nível de atividade física
parecem exercer influencia no benefício cardiometabólico decorrente da redução e
interrupção do comportamento sedentário. Por exemplo, em adultos e idosos com excesso de
peso, 2 min de atividade física leve a cada 20 min de comportamento sedentário reduz os
níveis de glicemia, insulina e pressão arterial durante o período pós-prandial17,21
. Contudo,
quando este protocolo é realizado por adultos jovens não obesos, há redução apenas na
glicemia pós-prandial, e este benefício é limitado apenas aos indivíduos fisicamente
inativos20,27
. Além disso, em adultos jovens, 8 min de atividade física moderada a cada hora
não é suficiente para reduzir os níveis pós-prandiais de glicose, insulina e triglicerídeo26
,
enquanto que, em mulheres pós-menopausadas com desregulação glicêmica, 5 min em pé a
cada 30 min ao longo de 7,5 h reduz os níveis pós-prandiais de glicemia e insulina em 34 % e
20 %, respectivamente19
. Tomado estas informações, parece que sujeitos com maior número
de fator de risco cardiometabólico são mais responsivos à interrupção regular do
comportamento sedentário.
4.3.2 Efeito agudo da interrupção do comportamento sedentário versus a adição de exercício
físico sobre parâmetros cardiometabólicos
Estudos anteriores demonstraram que tanto a interrupção regular do comportamento
sedentário quanto uma sessão de exercício físico gera benefícios agudos em importantes
indicadores da saúde cardiometabólica33,34,80,81
. A partir disso, pesquisadores do exercício têm
tentado comparar os benefícios agudos da redução e interrupção do comportamento sedentário
versus uma sessão de exercício físico com comportamento sedentário prolongado.
Inicialmente, foi verificado que acumular 30 min de caminhada moderada em períodos de 1
min 40 s a cada 30 min de comportamento sedentário é superior à realização de 30 min
contínuos seguido de ~ 8 h de comportamento sedentário na redução da glicemia e insulina
pós-prandial em adultos com excesso de peso fisicamente inativos, porém, foi encontrada
redução na resposta trigliceridêmica apenas na sessão com exercício contínuo18
.
Duvivier et al.82
submeteram adultos jovens não obesos a quatro dias de i) alto
comportamento sedentário (i.e., 14 h); ii) alto comportamento sedentário (i.e., 13h) seguido de
1 h de exercício vigoroso e; iii) alta atividade física leve (i.e., 27,5 mil passos e 3 h em pé).
Na manhã após as sessões, os autores verificaram que a alta atividade física leve aumentou a
sensibilidade a insulina (i.e., 17 a 34 %) e reduziu os níveis pós-prandiais de insulina (i.e., 10
14
a 26 %) e triglicerídeo (i.e., 18 % a 22 %), comparada às sessões com alto comportamento
sedentário. Ademais, o exercício vigoroso não atenuou o impacto do alto comportamento
sedentário nas respostas metabólicas. Apesar dos interessantes achados a favor da substituição
do comportamento sedentário por atividade física leve, deve-se ressaltar que os voluntários
tiveram que cumprir cerca de três vezes a recomendação de passos por dia, e foram expostos a
um tempo excessivo de comportamento sedentário nas demais sessões, o que limita a
aplicabilidade destes resultados83
.
Além disso, estas respostas são alteradas quando a realocação do tempo em
comportamento sedentário é realizada com diferentes volumes e intensidades de atividade
física . Por exemplo, 30 min de atividade física moderada reduz os valores pós-prandiais da
glicemia e triglicerídeo na manhã seguinte em adultos jovens não obesos e inativos, enquanto
a interrupção do comportamento sedentário em pé (6 × 45 min) a cada 15 min não impactou
nestas variáves84
. Ainda, Bhammar et al., investigaram os efeitos cardiometabólicos de 30
min de atividade física moderada versus interrupção do comportamento sedentário com
atividade física moderada (21 × 2 min, a cada 20 min) ou vigorosa (8 × 1 min, a cada 1 h) em
adultos com excesso de peso e fisicamente inativos. Ambas as sessões reduziram a glicemia
pós-prandial, mas com maior redução na sessão de exercício físico, comparada as demais
sessões, como também maior redução foi encontrada com a interrupção do comportamento
sedentário em intensidade moderada. Além disso, apenas a sessão com exercício físico
reduziu a pressão arterial. Portanto, os estudos sugerem que a superioridade entre adicionar
exercício físico ou reduzir o comportamento sedentário depende, principalmente, do volume e
intensidade da interrupção do comportamento sedentário, visto que os benefícios são
diretamente relacionadas a estas variáveis, e do tempo de comportamento sedentário imposto,
pois uma sessão de exercício físico parece não eliminar o prejuízo do comportamento
sedentário prolongado e excessivo (i.e., ≥ 13 h) na saúde cardiometabólica.
Tendo em vista que a inatividade física e o sedentarismo são fatores de risco
cardiometabólicos independentes, teoricamente, o melhor quadro seria a combinação do
exercício físico e da interrupção regular do comportamento sedentário. Para nosso
conhecimento, apenas dois estudos investigaram os efeitos agudos isolados e combinados do
exercício físico e da interrupção do comportamento sedentário sobre indicadores
cardiometabólicos.
Bennati et al.85
verificaram que a combinação de 30min de atividade física moderada
com interrupção frequente do comportamento sedentário em pé (15 min a cada 30 min)
apresenta um tamanho de efeito maior na redução dos níveis de insulina pós-prandiais durante
15
a sessão e na manhã seguinte, comparada ao exercício físico e interrupção regular do
comportamento sedentário de forma isolada. Homer et al.22
investigaram os efeitos isolados e
combinados de 30 min de atividade física moderada e da realização de 2 min de atividade
física moderada a cada 30 min de comportamento sedentário na glicemia, insulinemia e
trigliceridemia na manhã seguinte, e verificaram que a combinação de ambos reduziu apenas
os níveis de triglicerídeo de jejum, comparada as estratégias isoladas. Ressalta-se que este
estudo foi composto por adultos jovens com média de índice de massa corpórea de 23,8 kg/m2
(i.e., normopeso), o que pode explicar a baixa responsividade à combinação dos protocolos.
Assim, são necessários mais estudos a fim de esclarecer as vantagens da adição de exercício
físico juntamente com a redução e interrupção do comportamento sedentário, especialmente
em adultos com fatores de risco.
4.3.3 Mecanismos fisiológicos da interrupção regular do comportamento sedentário sobre
parâmetros cardiometabólicos
Recentemente, pesquisadores australianos publicaram um artigo de opinião86
salientando a necessidade de se investigar os mecanismos relacionados aos efeitos da
interrupção do comportamento sedentário sobre parâmetros cardiometabólicos. Até o
momento, poucos estudos têm buscado entender tais mecanismos. relacionados a melhora de
parâmetros cardiometabólicos decorrentes da interrupção regular do comportamento
sedentário. Por exemplo, Bergouignan et al.87
verificaram que a interrupção regular do
comportamento sedentário com atividade física leve ou moderada aumenta induz uma maior
captação de glicose pela via independente de insulina, essencialmente nos músculos
envolvidos na atividade, como também uma maior sensibilidade à insulina pelas células
musculares, aumentando, portanto, o transporte de glicose para o meio intracelular e
reduzindo a concentração de glicose plasmática.
Quanto aos mecanismos relacionados a redução dos níveis de triglicerídeos após
interrupções do comportamento sedentário, a enzima lipoproteína lipase tem papel chave.88
Esta enzima é responsável pelo degradação dos triglicerídeos e, consequentemente, sua
redução no plasma, e a atividade física aumenta a ativação desta enzima, principalmente
algumas horas após o início da atividade física.22,88
Este atraso no aumento da atividade da
lipoproteína lipase explica os achados de estudos que não encontraram efeito da interrupção
do comportamento sedentário nos níveis de triglicerídeos quando a avaliação foi realizada no
mesmo dia da sessão experimental20,26,89–91
. Em relação aos parâmetros vasculares,
16
demonstrou-se que três horas de comportamento sedentário ininterrupto é suficiente para
reduzir a função endotelial da artéria poplítea e aumentar a pressão arterial em adultos
saudáveis92,93
. No entanto, um minuto de flexão plantar a cada quatro minutos inibe o efeito
negativo do comportamento sedentário na função endotelial92
, enquanto dois minutos de
caminhada em intensidade leve reduz a pressão arterial em adultos e idosos com ou sem
hipertensão arterial17
.
4.4 Exercício intervalado de alta intensidade
O EIAI é caracterizado por estímulos curtos e intermitentes de atividade física
vigorosa, intercalados por períodos de descanso ou atividade física leve.94
Um corpo de
evidências demonstra que os benefícios cardiometabólicos do treinamento com EIAI é igual
ou superior ao tradicional treinamento aeróbio moderado contínuo em diferentes
populações95–97
. Dados de metanálises demonstram que o EIAI é superior na melhora do
consumo de oxigênio56
, resistência a insulina98
e função endotelial96
, comparado ao
treinamento moderado contínuo.
Dado que a ―falta de tempo‖ é citada como uma das principais barreiras para a prática
regular de atividade física31
, o EIAI de baixo volume, caracterizado por sessões com ≤ 10 min
de estímulos vigorosos e tempo de sessão reduzido, parece ser uma alternativa tempo-
eficiente na melhora da saúde em diversas populações94,99
. Com objetivo de abranger
populações clínicas e/ou sedentárias, foi proposto um modelo prático de EIAI de baixo
volume com 10 estímulos submáximos de 60 s a ~ 90 % da frequência cardíaca máxima
(EIAI10×60)94
. Estudos vem demonstrando a eficácia do EIAI10×60 na melhora da saúde
cardiometabólica33,34,36,80,94,99
.
Por exemplo, uma sessão de EIAI10×60 reduziu a média e pico da glicemia de 24 h, sem
diferença com 38 min de exercício moderado contínuo, em adultos fisicamente inativos com
excesso de peso36
. Nesta mesma população, outro estudo demonstrou que o efeito
hipoglicemiante do EIAI10×60 é mais duradouro, comparado ao exercício moderado contínuo35
.
Quanto ao benefício cardiovascular, Bonsu et al.33
verificaram que o EIAI10×60 reduz a
pressão arterial clínica em 3 mm Hg na primeira hora após a sessão em mulheres adultas com
excesso de peso aparentemente saudáveis. Em adultos jovens, Dantas et al. 34
, demonstraram
que o efeito hipotensor do EIAI10×60 na pressão arterial sistólica ambulatorial perdura pelas
cinco primeiras horas após a sessão, com magnitude de 3-5 mm Hg. Para nosso
conhecimento, nenhum estudo avaliou o efeito do EIAI10×60 na trigliceridemia em adultos.
Contudo, uma revisão indica que o EIAI de baixo volume com estímulos supra máximos
17
reduz os níveis de triglicerídeo pós-prandiais, mesmo quando o balanço energético entre dieta
e exercício são equalizados81
.
Portanto, tendo em vista os efeitos deletérios e independentes da inatividade física e do
comportamento sedentário, é importante investigar os efeitos de estratégias como o exercício
físico e a interrupção regular do comportamento sedentário na saúde cardiometabólica.
18
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Amostra
Participaram do estudo adultos fisicamente inativos, com idade entre 18 e 35 anos. O
recrutamento dos voluntários foi realizado por convite pessoal e por panfletos fixados no
ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e postados em redes sociais, entre
15 de outubro de 2016 a 20 de setembro de 2017. Vinte e cinco voluntários foram incluídos
na análise final. Os critérios adotados para inclusão no estudo foram: i) realizar < 150 minutos
de atividade física moderada ou < 75 minutos de atividade física vigorosa; ii) realizar < 7,500
passos por dia; iii) estar há mais de seis meses sem praticar exercício físico regular; iv) ter
ocupação sedentária (i.e., posição sentada, reclinada ou deitada com gasto energético < 1,5
equivalentes metabólicos) e; v) ter excesso de gordura corporal (i.e., percentual de gordura
corporal > 25% e 35% para homens e mulheres, respectivamente). Os critérios de exclusão
foram: tabagismo; pressão arterial ≥ 140/85 mm Hg; glicemia de jejum > 125 mg / dl; uso de
qualquer medicamento que influencie o sistema cardiovascular; uso de anti-inflamatório ou
qualquer tipo de agente ergogênico; comprometimento osteomioarticular que limitasse
caminhada e/ou corrida. Todos os participantes foram informados a respeito dos objetivos,
como também dos riscos e benefícios do estudo, com posterior assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A).
5.2 Desenho do estudo
Foi realizado um ensaio clínico controlado e randomizado, com delineamento cruzado,
para comparar o efeito agudo de uma sessão de exercício vigoroso de curta duração e da
interrupção regular do comportamento sedentário sobre a pressão arterial, glicemia e
trigliceridemia em adultos inativos com excesso de gordura corporal. Foi seguida a declaração
do CONSORT para a descrição deste estudo100
. Os voluntários do estudo realizaram cinco
visitas ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Na primeira visita, os sujeitos passaram por triagem inicial, composta por avaliação
médico/farmacológico, avaliação de prontidão para atividade física, medidas de pressão
arterial de repouso, composição corporal e nível de atividade física . No fim da visita, os
participantes foram instruídos a abster-se de atividade física moderada e vigorosa, produtos
cafeinados e álcool, além de manter hábitos alimentares e bom padrão de sono 24 h antes das
próximas visitas. Na segunda visita os voluntários foram submetidos ao teste de velocidade
19
habitual de marcha e avaliação do consumo de oxigênio no repouso, em marcha com
velocidade habitual e em esforço máximo, respectivamente. Nas três visitas seguintes os
voluntários realizaram, de forma randomizada, três sessões experimentais com duração de 10
h e intercaladas por uma semana: i) alto comportamento sedentário ao longo da sessão (sessão
SED); ii) exercício vigoroso de curta duração seguido de alto comportamento sedentário
(sessão EX+SED) e; iii) interrupção regular do comportamento sedentário ao longo do dia
(sessão ATIVO). A Figura 1 apresenta o fluxograma do estudo.
O estudo foi registrado na plataforma de Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos
(br/rg/RBR-9x3d52), bem como aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (1.675.449/2016). Todo o estudo seguiu a Resolução no. 466
de 12/12/2012.
5.3 Triagem
A triagem foi realizada para identificar as características relacionadas aos critérios de
inclusão e exclusão do estudo. Inicialmente, foi realizado uma entrevista, composto pelo
Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q)101 e por histórico
médico/farmacológico, a fim de avaliar o estado preliminar de saúde e detectar um possível
impedimento para a participação na pesquisa. Em seguida, foi avaliada a pressão arterial de
repouso, percentual de gordura corporal e nível de atividade física.
5.4 Composição corporal
Os parâmetros da composição corporal, incluindo gordura corporal total (%), gordura
androide (%) e ginoide (%), foram medidos por absorciometria de raios x de dupla energia
(GE-Healthcare Lunar Prodigy Advance, Estados Unidos), com utilização do modo de
varredura automática de todo o corpo. Inicialmente, foi avaliado a massa corporal (kg), por
uma balança digital devidamente calibrada (Welmy, W300, Brasil) e a estatura (m), por um
estadiômetro acoplado à balança, seguindo os procedimentos recomendados pelos Padrões
Internacionais para Avaliação Antropométrica102
. Estes dados foram adicionados no software
do equipamento (enCORE, versão 14.1) e, em seguida, os voluntários foram posicionados no
aparelho para o início da varredura, livres de qualquer objeto de metal. Todas as varreduras
foram realizadas e analisadas por um único técnico treinado seguindo o protocolo padrão
fornecido pelo fabricante. O controle de qualidade do instrumento foi realizado regularmente,
usando o bloco de Phamtom do fabricante, com calibração diária.
20
Figura 1 - Fluxograma do estudo.
21
5.5 Nível de atividade física
Foi avaliado o tempo semanal em atividade física moderada e vigorosa, como também
a média de passos por dia. Para avaliação da atividade física de intensidade moderada a
vigorosa foi utilizado a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física
(IPAQ), instrumento previamente validado e traduzido para a língua portuguesa38
. Este
instrumento avalia atividades físicas realizadas no deslocamento, no lazer, nas atividades
domésticas e no ambiente de trabalho. Um escore de atividade física foi calculado pela soma
do tempo semanal de atividade física moderada com o dobro do tempo semanal em atividade
física vigorosa. Foi classificado como fisicamente ativo os indivíduos que apresentaram
escore < 150. O IPAQ também avalia o tempo em comportamento sedentário, através da
estimativa de tempo sentado, nos dias de semana e nos finais de semana.
Para a contagem de passos, os voluntários foram equipados com pedômetro (Omron,
HJ-321 Tri-Axis Alvita), previamente validado103
, fixado na lateral da cintura, durante cinco
dias consecutivos, incluindo um dia de final de semana. Os voluntários foram instruídos a
retirar o pedômetro apenas durante o sono e banho. Para uma medida válida104
, foi
considerado um mínimo de três dias de uso, incluindo um dia de final de semana. Foi
realizado a média aritmética dos dias de uso. O pedômetro foi configurado com os dados
individuais dos voluntários, tal como distância de passo, massa corporal e estatura. Para
avaliar a distância do passo, foi mensurado a distância de 10 passos e dividido por 10. Foi
considerado fisicamente inativo o indivíduos que apresentou uma média menor que 7.500
passos por dia, de acordo com Tudor-Locke e Basset40
.
5.6 Velocidade de caminhada
A velocidade de caminhada foi avaliada pelo teste de marcha usual, conforme Novaes,
Miranda e Dourado105
. Resumidamente, os voluntários foram instruídos a caminhar por 14
metros em velocidade usual. O tempo de caminhada entre o 2º e o 12º metro foi registrado. Os
2 metros iniciais e finais foram descartados para retirar o efeito da aceleração e desaceleração.
A velocidade de caminhada (km/h) foi calculada dividindo 36 pelo tempo de caminhada
registrado.
5.7 Consumo de oxigênio
Foi registrado a média do consumo de oxigênio durante cinco minutos de caminhada
na velocidade usual em esteira rolante (RT350, Movement, Brasil). Em seguida, os
22
voluntários foram submetidos ao teste cardiopulmonar para avaliação do consumo máximo de
oxigênio (VO2máx) e velocidade de pico (VP). O protocolo de teste iniciou em 3 km/h para
com incremento de 1 km/h a cada minuto, até a exaustão voluntária. A VP foi definida como
o último estágio completo atingido com acréscimo proporcional aos segundos nos quais o
voluntário permaneceu durante o estágio seguinte. Por exemplo, se o indivíduo atingiu estágio
completo com velocidade de 10 km/h mais 30 segundos do estágio seguinte (i.e., 11 km/h), a
VP foi 10,5 km/h. O VO2máx, a produção de dióxido de carbono (VCO2) e a ventilação
pulmonar (VE) foram mensurados a cada 30 segundos de teste através de um analisador de
gases automatizado (MetaLyzer 3B®, Alemanha). O VO2max foi determinado pela presença
de pelo menos um dos seguintes critérios: i) presença da razão de troca respiratória
(VCO2/VO2) > 1,1; ii) ocorrência de platô no consumo de oxigênio; iii) exaustão física106
. A
frequência cardíaca (FC) foi registrada continuamente, por um Polar RS800CX (Polar
Electro, Oy, Kempele, Finland).
5.8 Sessões experimentais
Nas três sessões, os voluntários chegaram no laboratório entre 7 h e 7 h: 30 minutos da
manhã, por transporte motorizado, com 10 h de jejum e repousaram por 10 minutos na
posição sentada. Após a avaliação de base, realizaram o desjejum e foram submetidos a uma
das três sessões experimentais, de acordo com a ordem de randomização. Ao longo das
sessões, foram fornecidas quatro refeições padronizadas: desjejum (15 min de sessão), lanche
da manhã (3 h de sessão), almoço (5 h de sessão) e lanche da tarde (8 h: 45 min de sessão). As
refeições foram consumidas em até 15 minutos, com água disponibilizada livremente. A
glicemia e pressão arterial foram avaliadas antes e uma hora após cada refeição, além de duas
horas após o almoço, totalizando nove medidas ao longo do dia. A trigliceridemia foi avaliada
antes do desjejum e 2 h e 3 h: 20 min após almoço. Optamos por avaliar a trigliceridemia
apenas na segunda metade da sessão por haver um atraso entre o início da atividade física e a
redução dos níveis sanguíneos de triglicerídeo18,22
. Os participantes foram equipados com o
pedômetro ao longo das sessões. Durante as sessões, foi permitido a utilização de computador
e aparelho celular com internet, acesso a vídeos, leituras, dentre outras atividades, desde que
não houvesse interferência nas atividades proposta por cada sessão. Membros da equipe de
pesquisa permaneceram no ambiente de coleta acompanhando e orientando os voluntários
quanto aos procedimentos de cada sessão (ver figura 2).
23
O tempo de comportamento sedentário nas sessões SED e ATIVO foi calculado
subtraindo o tempo total da sessão (i.e., 10 h) com o tempo de caminhada. O tempo de
comportamento sedentário na sessão EX+SED foi calculado subtraindo o tempo total da
sessão com o tempo em caminhada, em pé (i.e., recuperação dos estímulos no exercício) e em
corrida (i.e., estímulos do exercício vigoroso). O tempo de caminhada das sessões foi
calculado pela seguinte fórmula: distância de passo (m) × número de passos / velocidade de
marcha habitual.
5.8.1 Sessão SED
Nessa sessão, os participantes foram instruídos a manter um alto comportamento
sedentário ao longo do dia; i.e., ficar sentado, deitado ou reclinado sem grandes
movimentações corporais e sem dormir. Foi permitido interrupções do comportamento
sedentário para usar o banheiro ou beber água. Este protocolo foi pensado para simular um dia
de ocupação com alto comportamento sedentário.
5.8.2 Sessão EX+SED
Os participantes assumiram os mesmos procedimentos da sessão SED, porém,
realizaram uma sessão de exercício vigoroso de curta duração 1 h após o desjejum. Foi
realizada uma sessão de exercício intervalado de alta intensidade de baixo volume; i.e., 10
estímulos de 60 segundos na velocidade de pico atingida no teste de esforço máximo,
intercalados por 60 segundos de recuperação passiva (i.e., em pé na esteira). Houve cinco
minutos de aquecimento e dois minutos de desaquecimento caminhando na velocidade de 4
km/h. Este protocolo foi proposto por ser um modelo de exercício intervalado de alta
intensidade de baixo volume prático e de maior aplicabilidade para populações fisicamente
inativas94
.
5.8.3 Sessão ATIVO
Os participantes realizaram ≥ 10 mil passos ao longo do dia, cumprindo ≥ 2,500
passos a cada 2,5 h. Para tanto, a cada 20 minutos, os participantes realizaram cinco minutos
de caminha em esteira rolante na velocidade de marcha habitual, previamente determinada.
Quando a meta de 2,500 passos a cada 2,5 h era atingida, os participantes esperavam o
próximo bloco para reiniciar a interrupção regular do comportamento sedentário (ver figura
3).
24
Figura 2 - Delineamento das sessões experimentais.
Figura 3 - Caracterização da intensidade do esforço físico ao longo das sessões
experimentais.
5.9 Alimentação
A composição da alimentação durante as sessões seguiu as recomendações
preconizadas pela Referência de Ingestão Dietética (Dietary Reference Intakes) 107
, para
25
homens e mulheres adultos, com proporção de 60 % de carboidratos, 15 % de proteínas e 25
% de gordura, caracterizada como normocalórica, normoglicêmica, normoproteica e
normolipídica. O valor energético total dos participantes foi calculado com base na massa
corporal e sexo. O desjejum, lanches e almoço correspondeu a, respectivamente, 20 %, 10 % e
30 % do valor energético diário. As calorias da dieta e porções dos alimentos seguiram as
recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira108
. A dieta foi composta por:
leite desnatado (Maranguape®), achocolatado (Nescau, Nestle®), torrada (Fortaleza®),
requeijão light (Betânia®), biscoito (Nesfit , Nestle®), suco de caixa (Jandaia®), arroz, feijão,
carne bovina, bebida láctea (GutBom®) e granola (Kobber®). A quantidade e a hora da
refeições foram padronizadas em ambas as sessões.
5.10 Variáveis intervenientes
Os voluntários foram instruídos a manter o mesmo padrão de atividade física,
consumo alimentar e sono 24 h antes de cada sessão. Além disso, o gasto energético do dia
anterior às sessões foi registrado pelo Diário de Bouchard109
. O diário de Bouchard divide o
dia em 96 blocos de 15 minutos. Os participantes registram a atividade física principal em
cada bloco com base em uma escala de níveis de intensidade (i.e., 1 a 9; sendo ―1‖ a menor e
―9‖ a maior intensidade). Cada número refere-se a um custo energético específico e é
convertido em equivalentes metabólicos. O gasto energético diário foi calculado como a
quantidade de tempo gasto em cada intensidade, multiplicado pelo equivalente metabólico
correspondente e pela taxa metabólica basal, estimada pela massa corporal do indivíduo.
Durante as sessões, o consumo de água foi registrada e a temperatura no laboratório foi fixada
em 25º C.
5.11 Pressão Arterial
A pressão arterial foi avaliada por método oscilométrico automatizado (Omron®
HEM-780-E, Kyoto, Japão), seguindo as recomendações da VI Diretriz Brasileira de
Cardiologia110
. O tamanho da braçadeira foi adaptado à circunferência do braço direito do
indivíduo. A pressão arterial foi avaliada após três minutos de repouso em posição sentada.
Todas as medidas foram feitas em triplicata, com um minuto de intervalo, e medidas
adicionais foram realizadas até atingir uma variação menor que quatro mmHg nas duas
últimas medidas. Foi considerada a média das duas últimas medidas.
26
5.12 Glicemia e triglicerídeo
A glicemia e trigliceridemia foram dosadas com sangue capilar. Após a preparação do
material e utilizando-se de luvas, foi realizada a anti-sepsia de um dedo da mão com álcool a
70%. As amostras de sangue capilar foram coletadas por meio de punção transcutânea da
ponta do dedo, no lado medial, usando-se lanceta hipodérmica descartável. O sangue foi
ordenhado para o meio externo, sendo a primeira gota de sangue descartada. A segunda gota
foi gotejada na tira de reagente de glicose Accu-Chek Active® (Roche, Estados Unidos),
previamente validado111
, com inserção imediata no aparelho para quantificação da glicemia
do voluntário. Nos momentos de avaliação de triglicerídeo, houve uma nova anti-sepsia com
álcool e o sangue foi ordenhado novamente para o meio externo, para que houvesse um
gotejamento de sangue na tira de reagente de triglicerídeo. Logo em seguida, a tira era
inserida no aparelho Accutrend® Plus (Roche Diagnostics, Estados Unidos), validado e
reprodutível112
, com posterior quantificação dos níveis de triglicerídeo. Em ensaios prévios
realizados com 10 adultos jovens e fisicamente inativos (23,6 anos; 24,8 kg/m2) em nosso
laboratório, o aparelho para medir glicemia e triglicerídeos apresentou um coeficiente de
correlação intraclasse de 0,668 (IC 95% 0,079 - 0,907; p = 0,016) e 0,878 (IC 95% 0,552 -
0,969; p < 0,001), coeficiente de variação de 2,19 e 8,30% e erro médio de medida de 3,10 e
14,32 mg/dl, respectivamente.
5.13 Cálculo amostral
O cálculo amostral para detectar uma diferença estatística na glicemia e trigliceridemia
entre as condições foi feito a partir dos resultados de Peddie et al.18
que encontraram uma
redução de 37 % na glicemia pós-prandial com a interrupção regular do comportamento
sedentário e uma redução de 17 % na trigliceridemia pós-prandial com 30 minutos de
exercício físico moderado seguido de comportamento sedentário comparado a uma sessão em
comportamento sedentário ininterrupto. Para a pressão arterial, foi utilizado o estudo de
Bhammar et al.25
que encontraram redução de 3 mm Hg na pressão arterial sistólica em uma
sessão de 30 minutos de exercício físico moderado seguido de comportamento sedentário. A
população de ambos estudos foi adultos com excesso de peso e fisicamente inativos.
Assumindo um 1-β = 0,80, um α = 0,05 e uma perda amostral de 20 %, o tamanho amostral
para a pressão arterial, glicemia e trigliceridemia foi estimado em 20, 24 e 15 participantes,
respectivamente.
27
5.14 Randomização
Os participantes foram alocados aleatoriamente por randomização simples para
completar as três sessões experimentais em uma das seis ordens possíveis. A sequência das
randomizações foi gerada antes do recrutamento dos participantes pelo site
https://www.graphpad.com/quickcalcomportamento sedentário/randomize1.cfm. Os
procedimentos de randomização foram realizados por um dos pesquisadores responsáveis do
estudo, de forma não cegada.
5.15 Análise estatística
A área sob a curva (ASC) da glicemia, triglicerídeos e pressão arterial foi calculada
pelo método da regra trapezoidal. A normalidade dos dados foi verificado pelo teste de
Shapiro-Wilk. A assimetria e a curtose também foram testadas (escore z considerado: - 2,58 a
2,58). Os dados descritivos foram expressos em média ± desvio-padrão para as variáveis
paramétricas e em mediana e percentis (25; 75) para as não paramétricas. Frequência absoluta
e relativa foi utilizada nas variáveis categóricas. O princípio da intenção por tratar foi
considerado, portanto, todos os indivíduos que foram randomizados (n = 25) entraram na
análise final. Modelos mistos generalizados foram usados para comparar o gasto energético
do dia anterior às sessões experimentais, a ingestão de água durante as sessões, assim como a
ASC da glicemia, trigliceridemia e pressão arterial entre as sessões experimentais. O nível de
significância foi fixado em 5 %. As análises foram realizadas com o auxílio do programa
estatístico SPSS versão 22.0 para Windows (IBM, Inc., Chicago, IL, EUA).
A significância clínica foi avaliada usando uma abordagem baseada na magnitude da
mudança. Foi usado o d de cohen para determinar o tamanho de efeito da mudança
padronizada entre a sessão SED e as sessões EX+SED e ATIVO. O tamanho de efeito
baseado na magnitude foi baseado na escala de Hopkins: < 0,2 é trivial, 0,2–0,5 é pequeno,
0,6–1,1 é moderado, e 1,2–1,9 é grande113.
28
6 RESULTADOS
Dos vinte e cinco sujeitos recrutados, quatro realizaram somente a primeira sessão
[desistiu (n = 2), viagem (n = 1); gravidez (n = 1)] e três completaram apenas duas [falta de
tempo (n = 2) e lesão por acidente de trânsito (n = 1)]. As características dos participantes
estão apresentadas na Tabela 2. A amostra foi composta por adultos jovens de ambos os sexos
com baixa aptidão cardiorrespiratória e níveis adequados de pressão arterial (PAS < 120
mmHg e PAD < 80 mmHg) e glicemia de jejum (< 100 mg/dL).
Não houve diferença estatística no gasto energético do dia anterior às sessões (SED:
2.558 ± 481 kcal vs. EX+SED: 2.776 ± 550 kcal vs. ATIVO: 2.631 ± 509 kcal; p = 0,443). A
Tabela 3 apresenta o consumo energético e a ingestão de água nas sessões experimentais.
Não houve diferença estatística no consumo energético (p = 0,984) e no consumo de água (p
= 0,113) entre as sessões. A velocidade da marcha habitual apresentou média de 4,5 ± 0,6
km/h, equivalente a 35 ± 6 % do consumo máximo de oxigênio e 59 ± 6 % da frequência
cardíaca máxima estabelecida no teste de esforço máximo. A média da frequência cardíaca no
final dos estímulos de trabalho e dos períodos de recuperação durante o exercício intervalado
de alta intensidade foi de 94 ± 3,3 % e 79 ± 2,4 % da frequência cardíaca máxima,
respectivamente. Seis participantes interromperam o exercício no sexto (n = 3) ou sétimo (n =
3) estímulo de trabalho durante o protocolo de exercício intervalado de alta intensidade.
Como esperado, a quantidade de passos realizados durante as sessões SED e EX+SED
foi diferente da sessão ATIVO – SED: 629 ± 459 passos; EX+SED: 748 ± 448 passos;
ATIVO: 10.288 ± 192 passos. Os passos durante o exercício intervalado de alta intensidade
não foram contabilizados. O tempo em comportamento sedentário na sessão SED foi de 9,9 ±
0,06 h, na sessão EX+SED foi de 9,47 ± 0,08 h e na sessão ATIVO foi de 8,5 ± 0,13 h. O
tempo de caminhada na sessão SED foi de 5,7 ± 4 minutos, na sessão EX+SED foi de 6,8 ±
3,8 minutos e na sessão ATIVO foi de 90 ± 7,9 minutos. Durante o exercício intervalado de
alta intensidade foi realizado 9 ± 1,6 minutos de exercício vigoroso (> 76% da frequência
cardíaca máxima), 9 ± 1,6 minutos em repouso passivo (i.e., em pé) e 7 minutos de caminhada
leve (i.e., 5 minutos de aquecimento e 2 minutos de desaquecimento). A Figura 4 apresenta a
distribuição percentual dos diferentes comportamentos ao longo das sessões.
29
Tabela 2 - Caracterização da amostra (n = 25).
Média ± DP / Mediana e percentis (25; 75)
Total Mulheres Homens
Sexo (♂ / ♀) - 15 (60 %) 10 (40 %)
Idade (anos) 24,4 ± 3,8 26,6 ± 4,7 25,2 ± 4,9
Massa corporal (kg) 70,8 ± 11,1 61,5 ± 8,5 77 ± 7,1
Estatura (cm) 164 ± 7,0 156 ± 5,0 169 ± 4,0
Índice de massa corporal (kg/m²) 26,1 ± 3,4 25,0 ± 2,3 27 ,0 ± 2,27
Gordura corporal (%) 34,5 ± 6,0 38,4 ± 3,5 30,1 ± 4,4
Gordura androide (%) 35,9 ± 7,8 38,7 ± 6,2 35,7 ± 8,9
Gordura ginecoide (%) 37,4 ± 7,4 42,8 ± 4,6 29,9 ± 2,8
PA sistólica (mm Hg) 108,3 ± 10,6 103,8 ± 8,0 114,1 ± 10,9
PA diastólica (mm Hg) 66 ± 6,6 66 ± 5,1 66,2 ± 8,6
PA média (mm Hg) 78,4 ± 8,7 76,8 ± 9,1 80,8 ± 7,9
Glicemia de jejum (mg/dl) 86,9 ± 7 86,0 ± 4,5 88,5 ± 4,5
Trigliceridemia de jejum (mg/dl) 126 ± 53,5 108,7 ± 25,0 150,2 ± 72,8
VO2máx (ml/kg/min) 35,2 ± 6,4 31,0 ± 3,5 40,3 ± 5,2
VO2máx em marcha habitual (%) 33,9 ± 6,1 39,2 ± 3,5 29,4 ± 3,7
FCmáx (bpm) 189,5 ± 11 187,3 ± 11,7 192,3 ± 8,9
FCmáx em marcha habitual (%) 59,5 ± 6,5 62,3 ± 6,2 55,6 ± 4,6
Velocidade pico (km/h) 11,1 ± 1,7 10,1 ± 1,2 12,4 ± 1,5
Velocidade da marcha habitual
(km/h) 4,5 ± 0,6 4,5 ± 0,4 4,6 ± 0,8
Classificação da aptidão cardiorrespiratória (AHA)
Fraca 8 (32 %) 5 (38,4 %) 2 (20 %)
Razoável 11 (45,8 %) 7 (53,8 %) 4 (40 %)
Boa 4 (16,6 %) 0 (0 %) 4 (40 %)
Nível de atividade física
Caminhada (min/sem) 0 (0 – 2,5) 0 (0 – 0) 0 (0 – 90)
Moderada (min/sem) 0 (0 – 75) 0 (0 – 15) 0 (0 – 5)
Vigorosa (min/sem) - - -
Escore de atividade física# 0 (0 – 7,5) 0 (0 – 15) 0 (0 – 5)
Passos (quantidade/dia) 4.699 ± 1.962 4.790 ± 1.480 4.569 ± 2.634
Comportamento sedentário (h/dia) 11,9 ± 2,3 12,5 ± 2,4 10,8 ± 1,9
PA = pressão arterial; FCmáx = frequência cardíaca máxima; VO2máx = consumo máximo de
oxigênio; AHA = American Heart Association, 1972. # = Tempo de atividade física moderada
semanal somado ao dobro do tempo de atividade física vigorosa semanal.
30
Table 3 – Consumo de macronutrientes, calorias e água nas sessões experimentais.
SED EX+SED ATIVO
g (%) g (%) g (%)
Desjejum
Carboidrato 990,8 (46,5) 970,0 (46,0) 978,6 (46,1)
Proteína 398,4 (18,7) 397,4 (18,8) 399,1 (18,8)
Gordura 329,8 (34,8) 330,6 (35,2) 331,1 (35,1)
Lanche da manhã
Carboidrato 723,6 (74,9) 716,3 (75,0) 719,4 (75,0)
Proteína 70,4 (7,1) 68,9 (7,1) 69,8 (7,1)
Gordura 79,9 (18,0) 78,3 (17,9) 79,1 (17,9)
Almoço
Carboidrato 1366,0 (53,4) 1366,3 (53,7) 1366,1 (53,7)
Proteína 722,3 (28,7) 721,3 (28,5) 720,6 (28,5)
Gordura 200,4 (17,9) 199,2 (17,8) 199,2 (17,8)
Lanche da tarde
Carboidrato 764,7 (63,4) 759,8 (63,4) 757,9 (63,4)
Proteína 157,5 (13,3) 156,9 (13,3) 156,4 (13,3)
Gordura 121,0 (23,3) 120,9 (23,3) 120,4 (23,3)
Total
Carboidrato 15,381 (56,2) 15,251 (56,0) 15,288 (56,1)
Proteína 5,394 (19,7) 5,378 (19,8) 5,384 (19,8)
Gordura 6,579 (24,1) 6562 (24,2) 6,571 (24,1)
Água (ml)* 897 ± 511 1143 ± 374 1126 ± 427
*Valores são expressos como média ± desvio-padrão,
31
Figura 4 – Distribuição das atividades durante as sessões experimentais, SED = sessão com
alto comportamento sedentário; EX+SED = sessão com exercício intenso seguido de alto
comportamento sedentário; ATIVO = sessão com interrupção regular do comportamento
sedentário,
Por problemas técnicos do aparelho, foram excluídos cinco valores (6,6 %) de entrada
da ASC da glicemia, 14 valores (18,6 %) de entrada da ASC da trigliceridemia e três (4,5 %)
de entrada da ASC da pressão arterial. A Figura 5 apresenta os resultados da glicemia durante
as sessões experimentais. Houve diferença estatística entre as sessões experimentais na ASC
da glicemia [W(2) = 6,180, p = 0,046]. Análise de post-hoc revelou que a glicemia foi 22 %
menor na sessão ATIVO comparado a sessão SED (Δ = - 34,9 mg/dL, p = 0,015, d = 0,53). A
Figura 6 apresenta os resultados da trigliceridemia durante as sessões experimentais. Não
houve diferença estatística na ASC da trigliceridemia entre as sessões [W(2) = 1,244, p =
0,537].
A Figura 7 apresenta o comportamento e a ASC da pressão arterial nas sessões
experimentais. Houve diferença estatística entre as sessões experimentais na pressão arterial
diastólica [W(2) = 6,119, p = 0,047]. Análises de post-hoc mostraram que a pressão arterial
diastólica foi 2,4% menor na sessão ATIVO comparado a sessão SED (Δ = - 1,5 mm Hg, p =
0,029, d = 0,35 ) e EX+SED (Δ = - 1,5 mm Hg, p = 0,035, d = 0,35). Contudo, não houve
diferença estatística na pressão arterial sistólica [W(2) = 1,319, p = 0,517] e média [W(2) =
3,743, p = 0,154] entre as sessões experimentais. Os dados descritivos estão apresentados na
Tabela Suplementar 1 (Apêndice B).
Figura 5 - Comportamento ao longo do experimento (painel A) e área sob a curva (painel B)
da glicemia. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. SED = sessão com alto
comportamento sedentário; EX+SED = sessão com exercício intenso seguido de alto
32
comportamento sedentário; ATIVO = sessão com interrupção regular do comportamento
sedentário; = refeição padronizada.
Figura 6 – Comportamento ao longo do experimento (painel A) e área sob a curva (painel B)
da trigliceridemia. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. SED = sessão com
alto comportamento sedentário; EX+SED = sessão com exercício intenso seguido de alto
comportamento sedentário; ATIVO = sessão com interrupção regular do comportamento
sedentário; = refeição padronizada.
33
Figura 7 - Comportamento ao longo do experimento (painéis A, B e C) e a área sob a curva
(painéis D, E e F) da pressão arterial. Os dados estão expressos em média e desvio padrão.
SED = sessão com alto comportamento sedentário; EX+SED = sessão com exercício intenso
seguido de alto comportamento sedentário; ATIVO = sessão com interrupção regular do
comportamento sedentário; = refeição padronizada.
34
7 DISCUSSÃO
Este estudo avaliou os efeitos da interrupção do comportamento sedentário ao longo
do dia e de uma sessão de exercício vigoroso sobre parâmetros cardiometabólicos em adultos
inativos com excesso de gordura corporal. Os principais achados do estudo foram: i) a
interrupção regular do comportamento sedentário ao longo do dia reduziu a pressão arterial
diastólica e a glicemia; ii) a sessão de exercício vigoroso não modificou nenhum parâmetro
cardiometabólico analisado.
A interrupção regular do comportamento sedentário com atividade física leve reduziu
a glicemia em adultos inativos com excesso de gordura corporal, mesmo esses sendo
normoglicêmicos. Estudos anteriores que investigaram os efeitos da interrupção do
comportamento sedentário com atividade física leve (i.e., em pé ou caminhada leve) em
adultos jovens falharam em encontrar redução na glicemia27,114
. Por exemplo, Hansen et al.27
não encontraram redução da glicemia pós-prandial com a realização de dois minutos de
caminhada a cada 20 minutos de comportamento sedentário. Assim, nossa hipótese de que um
aumento no volume das interrupções do comportamento sedentário ao longo do dia poderia
reduzir a glicemia em adultos jovens saudáveis foi confirmada. É importante destacar que
estudos de revisão apontam que a redução da glicemia pela interrupção regular do
comportamento sedentário são atenuadas em sujeitos aparentemente saudáveis, quando
comparado a adultos de meia-idade e idosos23,24
. Ainda, esta redução é diretamente
relacionada aos níveis glicêmicos de jejum27
. No entanto, demonstramos que cinco minutos
de atividade física leve a cada cerca de 20 minutos é suficiente para atenuar o incremento da
glicemia, especialmente pós-prandial, em adultos jovens com glicemia de jejum normal (i.e.,
< 100 mg/dL).
Mesmo em indivíduos normoglicêmicos, um maior incremento da glicemia pós-
prandial está associado a um maior risco cardiovascular, independente de outros fatores de
risco115
. Portanto, adultos jovens com excesso de gordura corporal e ocupação sedentária
podem atenuar o incremento da glicemia pós-prandial e, consequentemente, reduzir o risco
para síndrome metabólica com cinco minutos de atividade física leve a cada 20 minutos de
comportamento sedentário. Em uma investigação a respeito dos mecanismos relacionados a
melhora do controle glicêmico a partir da interrupção regular do comportamento sedentário
com atividade física leve. Bergouignan et al.87
verificaram maior captação de glicose pela via
independente de insulina, essencialmente nos músculos envolvidos na atividade, como
também uma maior sensibilidade à insulina pelas células musculares, aumentando, portanto, o
35
transporte de glicose para o meio intracelular e reduzindo a concentração de glicose
plasmática.
A sessão de exercício vigoroso de curta duração não modificou os níveis glicêmicos
pós-prandiais ao longo de um dia de alto comportamento sedentário. Para nosso
conhecimento, esta é a primeira investigação que avaliou a interação de uma sessão de
exercício intervalado de alta intensidade com um dia de alto comportamento sedentário sobre
a resposta glicêmica. Um alto volume de exercício intenso parece também não modificar a
resposta glicêmica em condição de alto comportamento sedentário. Por exemplo, uma hora de
exercício físico vigoroso por dia não atenuou o efeito deletério de quatro dias de alto
comportamento sedentário (i.e., ~ 14 h/dia) no controle glicêmico, tanto em adultos jovens
não obesos82
quanto em indivíduos com diabetes tipo 2116
. Em relação ao tradicional exercício
aeróbio contínuo de moderada intensidade, enquanto alguns estudos demostraram que 30
minutos de exercício não reduz a glicemia pós-prandial em situação de alto comportamento
sedentário18,22,117
, outros estudos mostraram maior eficácia quando comparado a interrupção
regular do comportamento sedentário em adultos jovens25,84
. Estes resultados conflitantes
podem ser explicados pela composição dos macronutrientes fornecidos durante as sessões
experimentais. Parece que o exercício reduz a glicemia quando há maior percentual de
calorias advindas de carboidrato (i.e., 60–70%), entretanto, esta hipótese deve ser testada.
Dessa forma, mais estudos são necessários para compreender a interação entre exercício físico
e alto comportamento sedentário sobre o controle glicêmico, que envolve também a avaliação
dos níveis de insulina.
O controle da pressão arterial sistólica e diastólica é associado com a redução do risco
cardiovascular118
. Demonstramos que a interrupção regular do comportamento sedentário
reduz a pressão arterial diastólica. Em relação a adultos jovens, este é o primeiro estudo que
encontrou hipotensão decorrente de interrupções do comportamento sedentário. Bhammar et
al.25
não encontraram redução da pressão arterial, mesmo com atividade física em intensidade
moderada (i.e., dois minutos a cada 20 minutos) e vigorosa (i.e., dois minutos a cada 60
minutos). Isso sugere que o volume das interrupções do comportamento sedentário é uma
variável importante também para a redução da pressão arterial em adultos jovens
normotensos. A redução do fluxo sanguíneo decorrente de poucas horas de comportamento
sedentário ininterrupto (i.e., 1-3 h) é suficiente para aumentar a rigidez arterial e reduzir o
estresse de cisalhamento e função endotelial na parede vascular dos membros inativos e estas
respostas também são acompanhadas do aumento da pressão arterial119
. Portanto, como
demonstrado aqui, as interrupções regulares do comportamento sedentário ao longo do dia,
36
mesmo com atividade física leve, parece inibir os efeitos deletérios de longos períodos de
comportamento sedentário sobre o aumento da pressão arterial.
Em relação ao exercício vigoroso de curta duração, interessantemente, não
observamos efeito hipotensor ao longo de um dia de alto comportamento sedentário.
Acreditamos que os principais motivos para a ausência de efeito hipotensor do exercício
intervalado de alta intensidade foram os baixos níveis pressóricos dos participantes (i.e., 108 /
66 mm Hg) e faixa-etária. A hipotensão pós-exercício é diretamente relacionada aos valores
de pressão arterial de repouso e a idade120,121
. Portanto, em adultos jovens e normotensos não
é esperado hipotensão pós-exercício seguido de alto comportamento sedentário ao longo de
várias horas. Previamente, demonstramos que o efeito hipotensor do exercício intervalado de
alta intensidade em homens normotensos ocorre somente até cinco horas pós-exercício na
pressão arterial sistólica34
. No caso do presente estudo, os indivíduos foram acompanhados
por ~10 horas após a sessão de exercício e os valores considerados para análise envolveram
todo esse período. É possível que o efeito hipotensor do exercício intervalado de alta
intensidade não compense os efeitos deletérios do alto comportamento sedentário na função
vascular e, consequentemente, pressão arterial.
No tocante aos níveis de triglicerídeos, nenhuma estratégia utilizada apresentou efeito
sobre esse desfecho. Vários estudos têm falhado em encontrar efeito agudo da atividade física
na redução dos triglicerídeos20,26,89–91
, com algumas exceções18,122
. Esta resposta pode ser
explicada pelo atraso que há entre o início da atividade física e a ativação da lipoproteína
lipase, enzima responsável pela hidrólise dos triglicerídeos e, portanto, sua redução88
. Estudos
que avaliaram a trigliceridemia entre 12 e 24 h após o início da atividade física contínua ou
intermitente demonstraram reduções nos níveis pós-prandiais de triglicerídeo em adultos
jovens22,84
. Portanto, é possível que a ausência de redução nos níveis de triglicerídeos, tanto
na sessão interrupção regular do comportamento sedentário quanto na sessão exercício físico
vigoroso de curta duração, tenha relação com a ―janela‖ de avaliação inferior a 12 h entre as
intervenções e a medida dos triglicerídeos.
Nossos resultados demonstram a importância do cumprimento de 10 mil passos por
dia, como recomendado nos últimos anos40–42,123
, especialmente realizados de maneira
fracionada, como interrupção regular do comportamento sedentário, a fim de um melhor
controle cardiometabólico ao longo do dia. A cada mil passos realizados por dia, há uma
redução de 10% no risco para síndrome metabólica124
. As principais vantagens das
recomendações baseadas em contagem do número de passos é a facilidade de compreensão e
mensuração por leigos42
. O cumprimento desta recomendação está associada a redução da
37
atividade simpática125
e a um déficit energético de ~ 2000 kcal por semana128
, o que explica,
respectivamente, a redução da pressão arterial e massa corporal em adultos ao longo de 12-18
semanas de intervenção125–127
. Assim, a realização de 10 mil passos fracionados ao longo do
dia pode ser um alternativa para a interrupção regular do comportamento sedentário e
promoção de um estilo de vida fisicamente ativo.
Quanto ao exercício vigoroso de curta duração, demonstramos que seus benefícios
cardiometabólicos não perduram ao longo de um dia de alto comportamento sedentário. É
possível que o baixo volume de exercício físico vigoroso da sessão (i.e., 10 minutos) tenha
sido insuficiente para a melhora das variáveis analisadas durante um situação de alto
comportamento sedentário por várias horas. Entretanto, é importante destacar que,
considerando as recomendações atuais sobre atividade física e saúde39
e os conhecidos efeitos
crônicos do exercício físico intervalado de alta intensidade sobre parâmetros de saúde
cardiometabólica95–98
e aptidão física56
, parece fundamental que adultos inativos que tem alto
comportamento sedentário ao longo do dia pratiquem exercício físico moderado-vigoroso de
forma regular e incluam interrupções regulares do comportamento sedentário ao longo do dia
para maximizar o controle da pressão arterial, glicemia e triglicerídeos. Destacamos que essas
estratégias têm efeitos independentes sobre as variáveis estudadas, como reportado em
estudos prévios3,4,16,69,74
.
A presente investigação apresentou características distintas em relação a estudos
anteriores. Na sessão de alto comportamento sedentário não foi imposto longos períodos de
comportamento sedentário ininterruptos, sendo permitido a interrupção do comportamento
sedentário para o uso de banheiro e ingestão de água. Acreditamos que a restrição do
movimento se afasta demasiadamente de uma rotina de ocupação sedentária, por exemplo,
trabalho de escritório129
. Em relação aos aspectos nutricionais, seguimos as recomendações do
Guia Alimentar Para a População Brasileira108
. Assim, foi disponibilizada dieta geral, com
alimentos comuns da região e refeições frequentes (i.e., média de uma refeição a cada 3 h),
enquanto outros estudos utilizam, geralmente, de refeições líquidas e infrequentes (i.e., uma
refeição a cada 4-5 h).
Algumas limitações do estudo devem ser mencionadas. Primeiro, a atividade física,
dieta e sono nos dias que antecederam as sessões não foram controlados, apesar de ter havido
instruções recorrentes para a padronização dos aspectos mencionados. Segundo, os aparelhos
utilizados para avaliar a glicemia e trigliceridemia possuem erros de medida que devem ser
considerados. No entanto, os dispositivos de monitoramento da glicose e triglicerídeo
utilizados são validados, apresentam boa acurácia em relação aos métodos laboratoriais (i.e.,
38
hexoquinase e enzimático colorimétrico, respectivamente) e apresentam viés de medida ±
limite de concordância (95%) de - 1,0 ± 8,2% e 5,4 ± 10,3%, respectivamente130,131
. Em
relação ao glicosímetro, o mesmo apresentou uma das melhores acurácias entre 43
glicosímetros investigados131
. Além disso, demonstramos que as medidas dos aparelhos
portáteis são reprodutíveis. Terceiro, a randomização das sessões e avaliações não foi cegada.
Quarto, a alimentação disponibilizada não seguiu o padrão de dieta dos voluntários, e não se
sabe o quanto isso pode ter influenciado nos resultados encontrados.
Apesar dos nossos interessantes achados, há necessidade de ampliar o conhecimento
em torno das estratégias e população investigadas nesta pesquisa. Assim, futuras
investigações devem: i) avaliar os níveis de trigliceridemia por um maior tempo após o início
da atividade física (i.e., > 12 h); ii) investigar a eficácia das estratégias utilizadas ao longo de
dias consecutivos (i.e., 2-4 dias); iii) analisar outros parâmetros relacionados a saúde
cardiometabólica, tais como função endotelial, níveis de insulina e estresse oxidativo, e; iv)
investigar o efeito combinado das estratégias utilizadas sobre parâmetros cardiometabólicos,
visto que a inatividade física e o alto comportamento sedentário são fatores de risco
cardiometabólico independentes.
39
8 CONCLUSÃO
A interrupção regular do comportamento sedentário reduziu a glicemia e pressão
arterial diastólica de adultos com excesso de gordura corporal, comparado a um dia de alto
comportamento sedentário. Por outro lado, o exercício vigoroso de curta duração não
modificou os níveis de glicemia, triglicerídeo e pressão arterial em comparação a um dia de
alto comportamento sedentário. Portanto, a interrupção regular do comportamento sedentário
deve ser encorajada, para atenuar o risco cardiometabólico de adultos inativos com excesso de
gordura corporal que possuem alto comportamento sedentário ao longo do dia.
40
9 ASPECTOS PRÁTICOS
Adultos com excesso de gordura corporal podem reduzir o risco cardiometabólico
decorrente do alto comportamento sedentário com cinco minutos de caminhada em velocidade
usual a cada 20 minutos de comportamento sedentário. Para isso, indivíduos com alto
comportamento sedentário ao longo do dia podem utilizar de aplicativos que sinalizam os
momentos das interrupções do comportamento sedentário. Ainda, ambientes de ocupações
sedentárias, como setores administrativos, podem ser equipados com esteiras ou bicicletas
para favorecer as interrupções regulares do comportamento sedentário e o aumento dos níveis
de atividade física. Assim, a interrupção regular do comportamento sedentário deve ser
encorajada, juntamente com as atuais recomendações de atividade física moderada a vigorosa,
para atenuar o risco cardiometabólico de adultos jovens com excesso de gordura corporal que
dispendem muito tempo em comportamento sedentário ao longo do dia.
41
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55
11 APÊNCIDE
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: Efeito de uma sessão de exercício físico e
comportamento ativo sobre aspectos cardiometabólicos em indivíduos com excesso de peso, que tem
como pesquisador responsável Yuri Alberto Freire de Assis.
Esta pesquisa pretende comparar o efeito de uma sessão de exercício físico e um dia de
comportamento fisicamente ativo sobre a pressão arterial, glicemia e triglicerídeo.
O motivo que nos leva a fazer este estudo é conhecer a magnitude dos efeitos ao longo do dia
de uma sessão de exercício físico, comportamento ativo e combinação de ambos sobre sobre a pressão
arterial, glicemia e triglicerídeo, visto que parece ser importante no contexto da promoção da saúde.
Caso você decida ser voluntário, você deverá participar de uma triagem, avaliação da aptidão
cardiorrespiratória e três sessões experimentais, na qual terá que permanecer no departamento de
educação física (DEF) pelo período compreendido entre 7h às 17h, sendo disponibilizado 4 refeições
padrões em horários pré-estabelecidos, onde será estabelecido um número de passos mínimo e
máximo durante o dia, a depender da sessão experimental, como também a realização de exercício
físico de alta intensidade no início da manhã.
Para avaliação da aptidão cardiorrespiratória, será feito um teste de esforço máximo em
esteira. Será realizada coleta sanguínea via capilar (ponta do dedo) a fim de verificar a glicemia de
jejum (antes e uma hora após refeições, e 2 horas após almoço) e triglicerídeo (início de cada sessão e
2horas e 3h:20m após almoço). Também será realizada avaliação da pressão arterial em todo momento
que ocorrer avaliação da glicemia capilar, ou seja, 9 vezes ao longo do dia.
Durante a realização da triagem, da avaliação da aptidão cardiorrespiratória e das três sessões
experimentais a previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele
sentido num exame físico ou psicológico de rotina. Pode acontecer um desconforto: pelo teste de
esforço máximo, pela intensidade do exercício e por uma possível dor muscular de início tardio nos 2
dias seguintes ao teste; na coleta sanguínea via capilar, uma pequena dor no dedo, semelhante a uma
picada.
O desconforto da picada da agulha será minimizado, visto a experiência dos profissionais
envolvidos na coleta, como também será realizada uma explicação prévia de todos os desconfortos
procedentes, a fim de que você esteja bem esclarecido e preparado para todos os desconfortos
possíveis, dando-lhe total autonomia para findar a participação na pesquisa.
Você terá como benefício o comportamento da glicemia, pressão arterial e triglicerídeo ao
longo de um dia, da aptidão cardiorrespiratória, da composição corporal, densitometria óssea, assim
como o melhor estilo de vida no domínio da atividade física para melhorar os parâmetros
cardiometabólicos (pressão arterial, glicemia e triglicerídeo).
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá direito
a assistência gratuita que será prestada pelo responsável da pesquisa, sendo feito encaminhamento
médico imediato, caso necessário.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Yuri Alberto
freire de Assis, telefone (85) 988915847.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
56
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar.
Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e
por um período de 5 anos.
__________________________________
(rubrica do Participante/Responsável legal)
__________________________________
(rubrica do Pesquisador)
Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo
pesquisador e reembolsado para você.
Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.
Este documento foi impresso em duas vias, Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável Yuri Alberto Freire de Assis.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados
nessa pesquisa, além de conhecer os
riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos,
concordo em participar da pesquisa Efeitos subagudos isolados e combinados de uma sessão de
exercício físico e um dia de comportamento ativo sobre marcadores de risco cardiometabólico em
indivíduos saudáveis, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou
publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.
Natal ____/_____/____
________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
Declaração do pesquisador responsável
Como pesquisador responsável pelo estudo Efeitos isolados e combinados de uma sessão de exercício
físico e comportamento ativo sobre aspectos cardiometabólicos em indivíduos saudáveis, declaro que
assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e
direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e
confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as
normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que
regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.
Natal, ____/_____/____.
______________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
57
APÊNDICE B
Tabela Suplementar 1. Níveis de pressão arterial, glicose e triglicerídeos entre as sessões experimentais.
ATIVO vs. SED ATIVO vs. EX+SED EX+SED vs. SED
β (IC 95%)1 P valor TE β (IC 95)
2 P valor TE β (IC 95)
1 P valor TE
ASC PA sistólica (mmHg/h) -1,06 (-2,88, 0,77) 0,256 0,23 -0,38 (-2,21, 1,43) 0,677 0 -0,67 (-2,49, 1,15) 0,47 0,230
ASC PA diastólica (mmHg/h) -1,52 (-2,89, -0,15) 0,029 0,35 -1,46 (-2,83, -0,10) 0,035 0,35 -0,05 (-1,42, 1,31) 0,93 0
ASC PA média (mmHg/h) -1,30 (-2,67, 0,06) 0,062 0,70 -0,96 (-2,33, 0,41) 0,170 0,35 -0,34 (-1,71, 1,02) 0,62 0,353
ASC glicose (mg/dL) -34,0 (-6,7, -63,3) 0,015 0,53 -24,5 (-53,5, 4,4) 0,097 0,38 -10,5 (-39,4, 18,5) 0,47 0,150
ASC triglicerídeo (mg/dL) -81,4 (-235,3, 72,5) 0,300 0,25 -54,6 (-208,8, 99,5) 0,487 0,16 -26,7 (-178,6, 125,1) 0,73 0,084
Valores estão expressos como beta não padronizado (β) e intervalo de confiança (IC 95%). Tamanhos de efeito (TE) representado pelo d de cohen (mudança
absoluta das médias padronizadas)
PA = pressão arterial; ASC = area sob a curva.
1SED como grupo de referência.
2EX+SED como grupo de referência.
58
12 ANEXOS
ANEXO 1
59
ANEXO 2
60