UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CAMILA PAULINO R. A. TEIXEIRA
EFEITOS COMPORTAMENTAIS E PSICOFISIOLÓGICOS DA MEDITAÇÃO
MINDFULNESS NO EMPREGO DE DUAS ESTRATÉGIAS DE
REGULAÇÃO EMOCIONAL
São Paulo
2018
CAMILA PAULINO R. A. TEIXEIRA
Efeitos comportamentais e psicofisiológicos da meditação Mindfulness no emprego de
duas estratégias de regulação emocional
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
São Paulo
2018
T266e Teixeira, Camila Paulino Rodrigues Alves. Efeitos comportamentais e psicofisiológicos da meditação
mindfulness no emprego de duas estratégias de regulação emocional / Camila Paulino Rodrigues Alves Teixeira.
68 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) -‐
Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2018. Orientador: Paulo Sérgio Boggio. Bibliografia: f. 54-‐58. 1. Regulação emocional. 2. Meditação. 3. Mindfulness. I. Boggio,
Paulo Sérgio, orientador. II. Título. CDD 158.12
Apoio:
Fundo Mackenzie de Pesquisa - MACKPESQUISA
Dedico este trabalho aos meus pais, cujo amor, entrega
e dedicação sem medidas são os combustíveis da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a pessoa do Senhor Jesus Cristo, autor e consumador da
minha fé, que me salvou e assim deu a mim um novo sentido de vida e a todas as coisas que
faço.
Agradeço ao meu marido, Davi, por ter escolhido casar com uma mestranda na reta final
de seu trabalho. Agradeço, principalmente, pela felicidade que me proporciona todos os dias e
pelos 7 anos e meio de companheirismo, parceria, suporte e incentivo, tão transformadores para
o meu desenvolvimento profissional e pessoal.
Agradeço aos meus pais, Lysias e Sandra e ao meu irmão Gabriel, pelo exemplo de
responsabilidade, comprometimento, ética e excelência que por eles foi ensinado a mim por toda
a vida e que tanto fizeram diferença neste trabalho e pessoa que sou hoje.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio, por ter me acolhido e
acreditado em mim quando cai de paraquedas no laboratório no início de 2015. Receber seu
apoio, amizade, instrução e tantos aprendizados foi o que me direcionou para hoje colher este
trabalho como fruto. Sou grata pelo exemplo de profissional e ser humano que é para mim e para
todos os seus alunos. Isso faz toda a diferença!
Agradeço ao meu amigo Lucas Marques, por tanto me ensinar ao longo destes 3 anos
dessa minha caminhada na neurociências. Você não só tanto me ajudou no desenvolvimento
deste trabalho, mas também contribuiu para o meu desenvolvimento profissional com o seu
exemplo e apoio. Gratidão.
Agradeço a todos os meus parceiros do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social,
pelo acolhimento, amizade, motivação e companheirismo de todos os dias. Agradeço,
principalmente à Ruth Lyra Romero pela amizade especial que construímos ao longo desse
tempo e que tornou-se essencial para mim. Agradeço também à Ana Luísa Hack pela força nas
coletas e pelos chocolates ao final do dia.
Agradeço ao Fernando Stok pela disposição e alegria com que participou ativamente das
coletas do Grupo 1 (Meditação nos Corações Gêmeos). Sou grata por ter disponibilizado tanto
do seu tempo para que este trabalho fosse possível de acontecer dessa maneira. Agradeço
também aos demais colaboradores da Uni Prana: Rony, Flávio, Inara e Clara, por também
auxiliarem nestas coletas.
Agradeço, por fim, à Universidade Presbiteriana Mackenzie por ser minha casa desde
2011 e a todos os professores do programa de Distúrbios do Desenvolvimento com quem tive o
prazer de aprender.
“Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém”. (Romanos 11:36)
RESUMO
Dentre as variadas estratégias de se modular os componentes da resposta emocional, a
reavaliação cognitiva e a distração se destacam nas pesquisas atuais. Como indicam estudos
recentes, a capacidade de regulação emocional é tipicamente aprimorada a partir da meditação
mindfulness, prática esta que costuma oferecer benefícios para o funcionamento cognitivo das
pessoas e visa aperfeiçoar uma característica intrínseca a todo ser humano: a capacidade de
voltar a atenção para o momento presente. Nesse sentido, este estudo buscou investigar o
efeito do mindfulness na reavaliação cognitiva e distração. Foram coletados 90 sujeitos
saudáveis e sem experiência com meditação. Desses participantes, 30 foram submetidos a
uma prática de mindfulness com atenção plena na observação de pensamentos; 30 passaram
pela Meditação nos Corações Gêmeos (MCG); e os 30 restantes não passarão por nenhuma
das duas práticas (grupo controle). Após a prática, todos os participantes responderam a uma
tarefa de observação de imagens de conteúdo afetivo, adotando as estratégias de regulação
emocional e avaliando cada uma das imagens quanto sua valência e intensidade. Além dos
dados comportamentais, foram registradas medidas psicofisiológicas dos participantes, através
da eletrocardiografia (ECG). Os resultados demonstram maior eficácia da MCG em suprimir
ou amplificar as emoções, quando analisadas as escalas de valência das imagens. Para as
demais medidas (escalas de intensidade e ECG), não houve efeito de grupo, apenas das
estratégias. Dessa forma, para diminuir a intensidade de uma imagem negativa, reavaliação
cognitiva e distração mostraram-se igualmente eficientes, contudo, somente a reavaliação
mostrou-se eficaz para aumentar uma excitação emocional, quando diante de imagens
positivas. Em relação aos dados da ECG, não foi encontrada diminuição da aceleração
cardíaca estatisticamente significativa em função das estratégias de regulação emocional, do
contrário, distração foi a estratégia que recrutou maior aceleração cardíaca durante a tarefa
experimental, independentemente da categoria da imagem. Os resultados indicam que a
meditação do tipo contemplativa pode influenciar positivamente na capacidade de regulação
emocional, mesmo quando efetuada por não-meditadores e uma única vez. Já em relação à
meditação Mindfulness, foco deste estudo, não foi encontrado este mesmo efeito imediato,
indicando uma maior probabilidade de que os benefícios desta meditação sejam percebidos a
partir de uma prática contínua e de longo-prazo, como já visto na literatura.
Palavras-chave: regulação emocional; reavaliação cognitiva; distração; meditação
mindfulness; atividade eletrocardiográfica
ABSTRACT
Among the various strategies for modulating the components of the emotion responses, the
cognitive reappraisal and distraction are highlighted in current researches. As indicated in
recent studies, the capacity for emotion regulation is typically improved from mindfulness
meditation. This practice usually offers benefits to people's cognitive functioning, and aims to
perfect a characteristic that is intrinsic to every human being: the ability to turn attention to
the present moment. In this sense, this study sought to investigate the effect of mindfulness
on cognitive reappraisal and distraction. Ninety healthy subjects without any previous
experience in meditation were collected. Of these participants, 30 were submitted to a
mindfulness practice with full attention on the observation of thoughts; 30 went through the
Meditation on Twin Hearts (MTH); and the remaining 30 did not go through either practice
(control group). After the practice, all the participants attended to a task of affective contend
images observation, adopting emotion regulation strategies and evaluating each of the images
as to their valence and intensity. In addition to the behavioral data, the participants'
psychophysiological measures were recorded via electrocardiography (ECG). The results
demonstrate a greater efficacy of MTH in suppressing or amplifying the emotions when
analyzed the valence scales of the images. For the other measures (intensity scales and ECG),
there was not effect of the group, only of the strategies. Thus, to reduce the intensity of a
negative image, cognitive reappraisal and distraction were equally efficient. However, only
reappraisal proved to be effective in increasing emotional arousal when faced with positive
images. Regarding ECG data, there was no statistically significant reduction in cardiac
acceleration resulting from emotion regulation strategies. Otherwise, distraction was the
strategy that recruited greater cardiac acceleration during the experimental task, regardless of
the category of the image. The results indicate that contemplative meditation (MTH) can
positively influence the emotion regulation ability, even when performed by non-meditators
and only once. However, in Mindfulness meditation, the focus of this study, this same
immediate effect was not found, which indicates that the benefits of this meditation can be
perceived from a continuous and long-term practice, as already seen in the literature.
Keywords: Emotion Regulation; Cognitive Reappraisal; Distraction; Mindfulness
Meditation; Heart Rate Variability
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Os retângulos internos dizem respeito ao modal model (Gross e Thompson, 2007), que organiza em etapas como se dá o processamento emocional. Os retângulos externos remetem às diferentes estratégias de regulação emocional, alinhadas a cada uma das etapas do processamento emocional. Adaptação do esquema criado e atualizado por Gross (2007; 2015). ................................ 17 Figura 2: Simulação de uma sequência da tarefa experimental. Após o ponto de fixação, aparecia uma imagem cuja valência poderia ser positiva, negativa ou neutra. Em seguida, a mesma imagem voltava a aparecer na tela acompanhada da palavra que indicava a estratégia que deveria ser aplicada (i. reavaliação cognitiva: diminua ou aumente; ii. distração ou cálculo matemático; iii. observação ou olhe). A instrução saia da tela e a imagem permanecia por mais 5seg enquanto o sujeito efetuava a estratégia (com exceção do cálculo matemático). Para finalizar a sequência, eram apresentadas mais duas telas com as avaliações de valência e intensidade respectivas à imagem. Ao final deste trial, o ponto de fixação aparecerá novamente e a sequência se repetia ........................................................... 26 Figura 3: Gráfico dos níveis de afeto positivo observado antes da intervenção; após intervenção e após tarefa. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ......................... 35 Figura 4: Gráfico dos níveis de afeto negativo e positivo observado antes da intervenção; após intervenção e após tarefa. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. .. 36 Figura 5: Gráfico representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ....................................................................................................................... 37 Figura 6: Gráfico de valência representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ................................................................................................................. 39 Figura 7: Gráfico de valência representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens neutras. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. .................................................................................................................... 41 Figura 8: Gráfico de intensidade representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ......................................................................................................... 42 Figura 9: Gráfico de intensidade representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ......................................................................................................... 43 Figura 10: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos valores de IBI para imagens negativas. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada. ............................ 44 Figura 11: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos valores de IBI para as imagens positivas. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada. ............................ 46 Figura 12: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos valores de IBI para as imagens neutras. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada. ............................ 47
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1: Tabela representativa de todas as médias (erro padrão) dos scores obtidos em cada uma das escalas. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada. 34 Tabela 2: Tabela referente às médias (desvio padrão) de cada um dos grupos em relação às estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Valores de t, df e p decorrentes de test t para amostras dependentes. (*) para valor de p significativo (<0.01). ........................................................................................ 38 Tabela 3: Tabela referente às médias (desvio padrão) de cada um dos grupos em relação às estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Valores de t, df e p decorrentes de test t para amostras dependentes. (*) para valor de p significativo (<0.01). ........................................................................................ 40 Tabela 4: Tabela referente aos valores de média e erro padrão de cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos IBI 05, 06 e 07 para as imagens negativas. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni. ........................................................................................................................................................... 44 Tabela 5: Tabela referente aos valores de média e erro padrão para as estratégias de distração e observação passiva em relação aos IBI 05, 06 e 07 para as imagens positivas. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni. ........................................................................................................................................................... 45 Tabela 6: Tabela referente aos valores de média e erro padrão de cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos IBI 04, 05, 06 e 07 para as imagens neutras. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni. ........................................................................................................................................................... 47
LISTA DE ABREVEATURAS
BAI – Inventário de Ansiedade de Beck BDI – Inventário de Depressão de Beck EAPN – Escala de Afeto Positivo e Negativo ECG – Eletrocardiografia EEG – Eletroencefalografia EFM – Escala Filadélfia de Mindfulness FMIR – Ressonância Magnética Funcional IAPS - International Affective Picture System MCG – Meditação nos Corações Gêmeos MF - Mindfulness PANAS – Positive and Negative Affective Scale QRE – Questionário de Regulação Emocional SAM – Self Assesment Manikin TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 15 1.2 Objetivos ................................................................................................................................................... 21 1.3 Hipóteses .................................................................................................................................................. 22
2. MÉTODO ........................................................................................................................................... 24 2.1 Participantes ........................................................................................................................................... 24 2.2 Instrumentos ........................................................................................................................................... 24 2.2.2 Registro da Atividade Eletrocardiográfica (ECG) .................................................................................. 26 2.2.3 Escalas e questionários .................................................................................................................................... 27
2.3 Procedimento .......................................................................................................................................... 28 2.3.1 Procedimento para o Grupo 1 (Corações Gêmeos) .............................................................................. 29 2.3.2 Procedimento para o Grupo 2 (Mindfulness) ......................................................................................... 29 2.3.3 Procedimento para o Grupo 3 (Controle) ................................................................................................ 30
3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ...................................................................................................... 31
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................................ 32 5. RESULTADOS ................................................................................................................................... 34 5.1 Caracterização da amostra ................................................................................................................. 34 5.2 Níveis de afeto ......................................................................................................................................... 35 5.3 Julgamento de Valência ....................................................................................................................... 36 5.3.1 Das imagens negativas ...................................................................................................................................... 36 5.3.2 Das imagens positivas ....................................................................................................................................... 38 5.3.3 Das imagens neutras ......................................................................................................................................... 40
6.4 Julgamento de Intensidade ................................................................................................................. 41 6.4.1 Das imagens negativas ...................................................................................................................................... 41 6.4.2 Das imagens positivas ....................................................................................................................................... 42
6.5 Variação do intervalo inter-‐batidas (IBI) ...................................................................................... 43 6.5.1 IBI para as imagens negativas ..................................................................................................................... 43 6.5.2 IBI para as imagens positivas ........................................................................................................................ 45 6.5.3 IBI para as imagens neutras ........................................................................................................................... 46
7. DISCUSSÃO ...................................................................................................................................... 48 7.1 Efeitos da meditação ............................................................................................................................. 48 7.2 Efeitos das estratégias de regulação emocional .......................................................................... 50 7.3 Efeitos da tarefa de regulação emocional ...................................................................................... 51
8. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 53
9. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 54 ANEXO I .................................................................................................................................................. 59
ANEXO II ................................................................................................................................................ 61
ANEXO III ............................................................................................................................................... 62 ANEXO IV ............................................................................................................................................... 63
ANEXO V ................................................................................................................................................ 66
ANEXO VI ............................................................................................................................................... 67 ANEXO VII ............................................................................................................................................. 68
15
1. INTRODUÇÃO
Emoção e Regulação Emocional
Estudos atuais caracterizam a emoção como um complexo fenômeno decorrente de
respostas a estímulos externos e internos (representações mentais) do indivíduo (CACIOPPO
et al, 2000). Tal fenômeno aparece quando uma pessoa entra em contato com uma situação
relevante para ela (GROSS & THOMPSON, 2007) e pode se manifestar em respostas
fisiológicas, comportamentais e subjetivas (GROSS & JOHN, 2003).
Para a melhor compreensão de como se dá o fenômeno da emoção, Gross e Thompson
(2007) organizaram em um esquema, uma representação didática e sequencial que explica o
processamento emocional. Este esquema, denominado de modal model, foi elaborado no
intuito de unir os pontos convergentes entre variados pesquisadores a respeito da emoção e
pode ser dividido em quatro etapas chamadas de: 1) Situação; 2) Atenção; 3) Avaliação; e 4)
Resposta.
A primeira etapa diz respeito a um estímulo que pode ser proveniente do ambiente interno
do indivíduo ou externo a ele. A etapa “Atenção” é aquela na qual ocorre o direcionamento de
mecanismos cognitivos da atenção para a situação emocional. A “Avaliação”, por sua vez, é
realmente como o próprio nome diz, uma avaliação do que foi absorvido através da etapa
anterior e a quarta e última fase, denominada “Resposta”, trata-se do produto da situação
inicial. Entretanto, essa resposta, além de ser um resultado da primeira etapa, pode também
alterar a situação e, por consequência, gerar uma nova resposta (GROSS & THOMPSON,
2007). Supondo que uma pessoa está desabafando” com outra (situação). O ouvinte, por sua
vez, se levanta e vai embora (resposta), deixando o outro sozinho e constrangido (situação
nova). Diante disso, ele começa a chorar (nova resposta) chamando a atenção de quem está à
sua volta. Neste caso, fica evidente a facilidade com que uma emoção, sofrendo influência de
múltiplos fatores (externos e internos), pode variar com o tempo, alterando a emoção vigente.
Tendo em vista esta característica moduladora da emoção, alguns estudos investigam
estratégias de regulação emocional, ou seja, maneiras de se modular componentes da resposta
emocional (GROSS, 2002). Esta modulação, no entanto, não visa a modificação da valência
da emoção (transformar tristeza em alegria, por exemplo), mas tipicamente altera sua
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dinâmica, aumentando; diminuindo; ou mantendo a intensidade da resposta emocional
(GROSS & THOMPSON, 2007).
Para tanto, Gross (1998) propôs um modelo que divide as estratégias de regulação
emocional em dois grandes grupos, sendo um com o foco nos aspectos antecedentes da
resposta emocional e o outro focalizado na própria resposta (MOCAIBER et al., 2008). A
partir deste modelo, o autor determina algumas estratégias de regulação emocional possíveis,
são elas: a) seleção da situação; b) modificação da situação; c) direcionamento atencional; d)
mudança cognitiva; e e) modulação da resposta, sendo os quatro primeiros itens pertencentes
ao grupo das estratégias antecedentes da resposta e o último item o único que se enquadra no
grupo das estratégias focalizadas na resposta. Na Figura 1 é possível identificar em que lugar
cada uma dessas estratégias se encontra no modelo criado por Gross e Thompson (2007) para
explicar o processamento emocional.
O estudo presente terá como foco duas das estratégias de regulação emocional que se
enquadram no grupo de estratégias antecedentes à resposta, a saber: distração e reavaliação
cognitiva. A distração ou direcionamento atencional, como definido no modelo acima,
envolve, tal como o próprio nome diz, o uso da atenção seletiva para regular os efeitos de uma
resposta emocional proveniente de uma situação atendida e avaliada (MCRAE et al., 2010).
Em outras palavras, a distração utiliza-se da modulação da atenção para alterar a intensidade
da resposta emocional. Tal estratégia faz parte também das chamadas “estratégias de
desengajamento”, que são aquelas cujo o foco atencional é retirado do estímulo emocional
para um estímulo alternativo (SHEPPES et al., 2011).
A estratégia de reavaliação cognitiva ou mudança cognitiva, por sua vez, visa alterar a
trajetória da resposta emocional, à medida em que o significado do estímulo é reinterpretado
(GROSS, MCRAE, OCHSNER & RAY, 2010). Dessa forma, diante de um estímulo, o uso da
reavaliação pode diminuir a excitação emocional (down-regulate) que uma determinada
situação causaria se não houvesse a transformação cognitiva que esta estratégia propõe
(GROSS, 2002), bem como pode aumentar (up-regulate) esta excitação (GROSS, MCRAE,
OCHSNER & RAY, 2010). Levando em consideração os três aspectos constituintes da
emoção, a modificação do significado do estímulo emocional pode, então, manifestar-se
fisiológica, comportamental e subjetivamente (GROSS, MCRAE, OCHSNER & RAY, 2010).
17
Figura 1: Os retângulos internos dizem respeito ao modal model (Gross e Thompson, 2007), que organiza em etapas como se dá o processamento emocional. Os retângulos externos remetem às diferentes estratégias de regulação emocional, alinhadas a cada uma das etapas do processamento emocional. Adaptação do esquema criado e atualizado por Gross (2007; 2015).
Apesar de ambas as estratégias possuírem grande relevância para as recentes pesquisas
acerca da regulação emocional e suas implicações (MCRAE et al., 2010), elas possuem entre
si diferenças importantes a depender das condições e contextos em que forem empregadas
(SHEPPES et al., 2011).
Enquanto a distração caracteriza-se como uma “estratégia de desengajamento”, a
reavaliação cognitiva pode ser compreendida de forma oposta, como uma “estratégia de
engajamento”. A particularidade deste último tipo de estratégia é o uso da memória
operacional para modular a interpretação do estímulo emocional, reduzindo sua intensidade
(SHEPPES et al., 2011). Nesse sentido, na medida em que a distração ocorre antes que a
emoção seja gerada (pois intervém antes da elaboração do significado do estímulo
emocional), a reavaliação cognitiva exige que o indivíduo entre em contato com o estímulo
emocional vigente (SHAPPES & GROSS, 2011). Essas diferenças foram testadas por
Thiruchselvam e colaboradores (2011). Eles mostraram, através de medida
eletroencefalográfica (EEG) e durante uma tarefa de regulação emocional, que a distração e a
reavaliação cognitiva de fato ocorrem em etapas diferentes da trajetória emocional. Entende-
se, dessa forma, que a distração se dá antes do desenvolvimento do estágio atencional, ao
18
passo que a reavaliação ocorre após tal estágio e durante a etapa de avaliação, partindo do
princípio que esta estratégia requer o processamento do significado do estímulo emocional
para então reinterpretá-lo.
Do ponto de vista prático, há uma preocupação em se estudar os efeitos da regulação
emocional no dia a dia das pessoas e, consequentemente, a importância dessa função
cognitiva no bem-estar emocional (BROCKMAN et al., 2016). Sabe-se, entretanto, que os
benefícios da distração e reavaliação cognitiva podem ser diferentes e, portanto, dependem do
contexto individual e das circunstâncias em que o indivíduo se encontra durante a emprego de
cada uma das estratégias (MCRAE, 2016; BROCKMAN et al., 2016) Apesar disso, outros
estudos sobre regulação emocional já evidenciaram a grande relevância deste tópico para o
contexto clínico. De acordo com a revisão elaborada por Berking e Wupperman (2012), o mal
emprego de estratégias de regulação emocional está positivamente relacionado com desordens
neuropsiquiátricas, tais como: transtorno de personalidade borderline (SCHULZE et al.,
2011); depressão (EHRING et al., 2010); transtorno de ansiedade (CISLER et al., 2010); e
abuso de substâncias químicas (BAKER et al., 2004). Nesse sentido, torna-se evidente a
importância de dar continuidade a estudos que tenham como foco a regulação emocional e o
impacto desta função cognitiva para a saúde mental dos indivíduos.
Regulação Emocional e Mindfulness
Mindfulness é simplesmente a capacidade que já temos de saber o que está acontecendo
quando algo está acontecendo.
Jon Kabat-Zinn (2015)
As publicações recentes acerca da regulação emocional também têm sido associadas a
uma prática que costuma oferecer benefícios para o aumento do funcionamento cognitivo das
pessoas (ORTNER, KILNER, & ZELAZO, 2007). Tal prática tem suas raízes na filosofia
Budista e é mais conhecida como meditação mindfulness. Esta, por sua vez, pode ser
compreendida como uma prática sistematizada de refinamento de um modo de consciência
intrínseco a todo ser humano: a capacidade de voltar a atenção para o momento presente, sem
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julgamento, reação ou interferência (KABAT-ZINN, 2015). Mindfulness, dessa forma, é
considerado um atributo da consciência que utiliza de dois outros importantes componentes da
própria consciência: awareness e atenção. Embora awareness e consciência tenham a mesma
tradução, o primeiro pode ser compreendido como o componente que mantém um foco amplo
de tudo o que chega ou sai da consciência. Em contrapartida, atenção é compreendida como o
processo de direcionar o foco para um estímulo ou experiência específicos (BROWN &
RYAN, 2003). Nesse sentido, mindfulness resulta no processo de encaminhar o awareness
para uma experiência que ocorre no presente, com o auxílio da regulação da atenção
sustentada neste foco. Ainda, ser mindful significa ter a mente flexível e orientada para a
curiosidade, abertura e aceitação das experiências cuja a consciência encontra-se engajada
(BISHOP et al, 2004). Por outro lado, ser mindless pressupõe a existência de uma mente
rígida, controlada pela rotina e pouco engajada no presente, em outras palavras, uma mente
que funciona como se estivesse no “piloto automático”. Apesar de muitas vezes as pessoas
serem mindless, Kabat-Zinn (2015) parte do princípio de que o estado de consciência
mindfulness é uma qualidade inerente de toda mente e, por esta razão, possui potencial para
ser aprimorada a partir da meditação.
A meditação mindfulness é tipicamente descrita como uma prática que traz benefícios para
o tratamento de desordens clínicas de variadas origens, desde condições neuropsiquiátricas até
questões relacionadas à saúde física, como ansiedade e redução nos níveis de cortisol
(HÖLZEL et al, 2016). Por essa razão, tal prática tem ganhado amplo destaque em pesquisas
empíricas nos últimos 20 anos, além de também já ter conquistado seu espaço na área clínica
(BISHOP et al, 2004). Apesar desses achados a respeito dos benefícios da meditação
mindfulness, os mecanismos por trás desses efeitos ainda são relativos, justamente pelo fato
de haver um grande número de pesquisadores que descrevem essa operacionalização de
diferentes formas (BISHOP et al, 2004; HÖLZEL et al, 2016). Sabe-se, entretanto, que
independente da forma como tal descrição é feita, o aspecto mais importante e determinante
da prática do mindfulness é a capacidade de manter a atenção em um foco particular
(sensações corporais, pensamentos, emoções ou a própria respiração, por exemplo),
esforçando-se para que essa atenção não seja distraída (GARLAND et al, 2009). Caso outros
pensamentos ou emoções cheguem à consciência durante a meditação, os indivíduos são
instruídos a notarem a presença deles e então deixá-los ir gentilmente, voltando sua atenção
novamente para o foco (BISHOP et al, 2004; HÖLZEL et al, 2016).
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Partindo desta perspectiva e de acordo com a filosofia Budista, a regulação emocional
constitui outro aspecto fundamental do mindfulness, que é a diminuição de emoções negativas
(ex. ódio, ressentimento e ciúmes) e o aumento das positivas (ex. generosidade, paciência,
gentileza e compaixão), o que caminha na direção de um “despertar da consciência e de um
estado positivo do ser” (GARLAND et al, 2009, apud TRUNGPA, SHAMBHALA, 1985). Os
dois conceitos ainda se assemelham pelo próprio objetivo da regulação emocional: aumentar
as chances de uma emoção ser favorável e não prejudicial, através da modulação da mesma
(GROSS, 2015). Empiricamente falando, a capacidade cognitiva de regulação emocional
parece realmente ser aprimorada a partir da prática do mindfulness. Opialla e colaboradores
(2014) compararam um grupo de pessoas que receberam a instrução para realizar a
reavaliação cognitiva e outro grupo instruído a partir da perspectiva do mindfulness, em
relação a uma tarefa de observação e avaliação de imagens. Os resultados da ressonância
magnética funcional (fMIR) demonstraram que ambas as estratégias envolveram circuitos
neurais semelhantes, a saber: córtex pré-frontal e amígdala.
Estudos anteriores já investigaram que durante o processo de regulação emocional, a
ativação do córtex pré-frontal diminui a atividade da amígdala, estrutura ativada tipicamente
diante de estímulos de conteúdo afetivo (OCHSNER et al., 2004). Da mesma maneira, um
estudo de neuroimagem que investigou o efeito da disposição (traço) para o mindfulness nas
áreas cerebrais previu que, durante uma tarefa de identificação de conteúdo emocional em
expressões faciais, níveis mais elevados desta disposição (medidos pela escala Mindful
Attention Awareness Scale) aumentaram a ativação do córtex pré-frontal, à medida em que
houve a inibição da atividade da amígdala (CRESWELL, WAY, EISENBERGER, &
LIEBERMAN, 2007).
Além dos achados a partir dos estudos de neuroimagem, a relação entre mindfulness e
regulação emocional tem sido investigada também no âmbito psicofisiológico. Nesse sentido
Pavlov e colegas (2015) realizaram um estudo em que um grupo experiente de 20 meditadores
foi comparado a um grupo controle, durante uma tarefa de observação e avaliação de imagens
de conteúdo positivo e negativo. Os dados comportamentais e o registro da atividade
eletrocardiográfica demonstraram influência da prática do mindfulness no controle emocional.
Partindo do princípio de que estudos anteriores já investigaram a influência entre
mindfulness e a regulação emocional, mostrando tal relação mais especificamente com a
estratégia de reavaliação cognitiva (KRYGIER et al., 2013), torna-se interessante investigar o
21
efeito deste tipo de meditação também na distração. Esta linha de pesquisa é congruente com
discussões que vêm sendo realizadas no panorama atual, a respeito das diferenças entre as
estratégias de regulação emocional (SHEPPES et al., 2011), além de centralizar dois dos
temas mais presentes nas pesquisas atuais (MCRAE et al., 2010; BISHOP et al, 2004) e que
contribuem para o bem-estar e qualidade de vida as pessoas (BROWN & RYAN, 2003;
BERKING & WUPPERMAN, 2012).
1.2 Objetivos § Gerais: Este estudo objetivou investigar os efeitos comportamentais e psicofisiológicos de uma
prática de 20 min de mindfulness em duas estratégias de regulação
emocional, a saber:
reavaliação cognitiva (up e down-regulate) e distração. Nesse sentido, foram coletados 90
participantes sem qualquer experiência com meditação. Desses participantes, 30 participaram
de uma prática de mindfulness com atenção plena na observação de pensamentos; 30
participaram de outra prática de meditação (Meditação nos Corações Gêmeos - ver tópico
2.3.1 Procedimentos para o Grupo 1 ) e os 30 restantes não participaram de nenhum tipo de
meditação (grupo controle).
§ Específicos:
1. Investigar o efeito imediato da prática de mindfulness nas duas estratégias de regulação
emocional (reavaliação cognitiva e distração), a partir da avaliação deliberada de
valência e intensidade de imagens de conteúdo negativo, positivo e neutro (ver tópico
2.2.1 Tarefa de Regulação Emocional) e a partir do nível de variabilidade do afeto
positivo e negativo durante a tarefa experimental (ver tópico 2.2.4 Escalas e
Questionários: Escala de Afeto Positivo e Negativo);
2. Investigar o efeito da prática de mindfulness nas duas estratégias de regulação emocional
ao nível psicofisiológico, a partir do registro da atividade eletrocardiográfica dos
participantes (ver tópico 2.2.3 Registro da Atividade Eletrocardiográfica);
3. Fazer uma comparação intergrupos entre os participantes que receberam o treino de
mindfulness; os que participaram da Meditação nos Corações Gêmeos; e o grupo
controle, em relação aos aspectos emocionais voluntários e involuntários envolvidos na
tarefa de regulação emocional.
22
1.3 Hipóteses
Diante da revisão teórica e dos objetivos aqui expostos, este estudo tem a
expectativa de encontrar:
a) Efeito dos dois tipos de meditação nos afetos positivos e negativos ao longo de todo o
experimento, medidos pela Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS). É
esperado que ambas as meditações aumentem os afetos positivos e diminuam os
negativos, após os 20 min de prática e em comparação com os níveis de afeto do
participante antes de iniciar a prática. Espera-se também que os níveis de afeto
negativo após a tarefa emocional sejam menores nos grupos de meditação do que
para o grupo controle, levando em consideração o efeito prévio da prática pela qual
os grupos experimentais foram expostos.
b) Variações no julgamento de valência e intensidade das imagens a depender da
estratégia de regulação emocional. Espera-se que o uso da estratégia de down-
regulation (suprimir a emoção) e distração (direcionamento de atenção) possam
contribuir para avaliações menos negativas e de menor intensidade nas imagens de
conteúdo emocional negativo. No entanto, após estratégia de up-regulation (aumentar
a emoção), espera-se avaliações mais positivas e mais intensas, uma vez que esta
estratégia será disposta somente para as imagens positivas. Já quando na condição de
distração para as imagens positivas, espera-se que não haja efeito na amplificação da
intensidade da imagem, uma vez que durante esta estratégia o participante se encontra
distraído. Para as imagens neutras, por sua vez, não é esperado efeito significativo da
estratégia, uma vez que nessas imagens não há excitação emocional vigente. Há a
expectativa de que todas essas diferenças ocorram na comparação entre cada uma
dessas estratégias e a condição de observação passiva da imagem (não efetuar
nenhuma das estratégias).
c) Ainda nesse sentido, espera-se que o grupo que passará pela prática de Mindfulness
desempenhe melhor ambas as estratégias de regulação emocional do que comparado
com o outro tipo de meditação (Meditação nos Corações Gêmeos) e ao grupo
controle, como descrito no tópico acima, avaliando, desde forma, as imagens como
menos negativas e menos intensas (para as imagens negativas) e mais positivas e
mais intensas (para as imagens positivas).
23
d) Em relação ao registro eletrocardiográfico (ECG) de intervalo inter-batidas (IBI),
espera-se encontrar maior IBI, ou seja, diminuição da aceleração cardíaca, para os
grupos de meditação em comparação com o grupo controle. Entre os grupos de
meditação, espera-se encontrar maior IBI para o Mindfulness, com base na literatura
prévia (PAVLOV et al, 2015). Já entre as estratégias de regulação emocional, espera-
se encontrar menos IBI (maior aceleração cardíaca) na condição de observação
passiva do que nas condições de regulação emocional (up- e down-regulation;
distração).
24
2. MÉTODO
2.1 Participantes
Participaram do estudo 90 adultos saudáveis entre 18 e 35 anos (22,02±3,73). O
cálculo amostral foi realizado através do software G*Power®, utilizando o estudo de Kanske e
colaboradores (2010) como referência. Foram excluídos indivíduos com histórico de transtornos
neuropsiquiátricos; com histórico de dependência de álcool e outras drogas.; e que possuíam
experiência com qualquer tipo de meditação, incluindo yoga. Dos 90 participantes, 30 foram
submetidos a uma prática de mindfulness com atenção plena na observação de pensamentos; 30
submetidos a prática da Meditação nos Corações Gêmeos; e 30 fizeram parte do grupo controle,
cujo qual não foi submetido a nenhuma das duas práticas de meditação. O recrutamento dos
participantes de pesquisa se deu através anúncios em redes sociais em grupos de estudantes da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Todos os participantes forneceram seu consentimento de
participação através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE –
ANEXO I) e aqueles que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão, foram convidados
a comparecerem uma vez ao Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da universidade.
2.2 Instrumentos 2.2.1 Tarefa de regulação emocional
Foi utilizado um desenho experimental semelhante ao que foi desenvolvido por Kanske e
colaboradores (2010), bem como os mesmos estímulos emocionais escolhidos pelo autor. Nesse
sentido, foram selecionadas 48 imagens a partir da IAPS (International Affective Picture System)
uma base de imagens internacional (LANG et al, 1999) e normatizada para o brasil por Ribeiro,
Pompeia e Bueno (2004). Das imagens selecionadas, 16 eram de valência positiva; 16 de valência
negativa; e as 16 restantes neutras.
A tarefa experimental (Figura 3) ocorreu da seguinte forma: o participante se sentava confortavelmente diante de um computador e então observava uma sequência pseudo-randomizada composta pelas imagens selecionadas. Cada grupo de imagens (negativas, positivas
ou neutras) aparecia em 3 condições emocionais diferentes, a saber: estratégia de reavaliação cognitiva; estratégia de distração; e observação passiva da imagem.
Na estratégia de reavaliação cognitiva, o participante observava a imagem em questão (por
1seg) e então era exposto a uma tela com a instrução de como deveria executar a reavaliação. Se
aparecesse a palavra “DIMINUA” (1 seg.), o participante deveria executar o down-regulate, ou
25
seja, diminuir a excitação emocional provocada pela imagem (5 seg.). Para tanto, antes de iniciar
a tarefa, o colaborador era instruído pela pesquisadora da forma como deveria realizar tal
estratégia. Nesse sentido, era sugerido que o participante pensasse que aquela situação
representada pela imagem era uma situação passageira e que diminuiria de intensidade (mesma
instrução dada para todos os participantes). Caso a palavra que surgisse na tela fosse
“AUMENTE” (1 seg.), o participante deveria efetuar o up-regulate, aumentando a excitação
emocional vigente. A sugestão então era para que o participante imaginasse que a situação ali
representada ficaria ainda mais intensa. Após o tempo em que a palavra de instrução permanecia
na tela, a imagem voltava a ser exibida sozinha por mais 5 seg., para que o participante pudesse
então realizar a estratégia em questão.
Na estratégia de distração, por sua vez, o participante entrava em contato novamente com uma
imagem (1 seg.) e em seguida aparecia na tela uma marca d’agua com um cálculo matemático
(todos os cálculos eram formados por 3 operandos, incluindo uma subtração e adição). O
objetivo neste momento era que o participante resolvesse o cálculo enquanto a imagem
permanecesse na tela e, no teclado, ele deveria dizer se a resposta do cálculo estava correta ou
incorreta (letra “c” e “i” do teclado, respectivamente). Tanto a imagem como o problema
aritmético permaneciam na tela por 6 seg. Já na condição de observação passiva da imagem,
após a imagem aparecer por 1 seg., o participante era exposto a uma tela com a palavra “OLHE”
e então deveria apenas observar a imagem que voltava a aparecer na tela, respondendo
espontaneamente a ela.
Após a observação, distração ou reavaliação de cada imagem, o participante deveria avalia-la
quanto sua valência e intensidade, a partir de uma escala likert de 9 pontos. Em relação a escala
de valência, o colaborador deveria avaliar a imagem entre extremamente negativa (1 ponto) a
extremamente positiva (9 pontos). Já para a escala de intensidade, ele deveria avalia-la entre
extremamente pouco intensa (1 ponto) e extremamente muito intensa (9 pontos). Tais escalas
dizem respeito a uma versão adaptada para o Brasil da Self Assessment Manikin (SAM;
BRADLEY e LANG, 1994) (ver tópico 2.3.4 Escalas e Questionários).
26
Figura 2: Simulação de uma sequência da tarefa experimental. Após o ponto de fixação, aparecia uma imagem cuja valência poderia ser positiva, negativa ou neutra. Em seguida, a mesma imagem voltava a aparecer na tela acompanhada da palavra que indicava a estratégia que deveria ser aplicada (i. reavaliação cognitiva: diminua ou aumente; ii. distração ou cálculo matemático; iii. observação ou olhe). A instrução saia da tela e a imagem permanecia por mais 5seg enquanto o sujeito efetuava a estratégia (com exceção do cálculo matemático). Para finalizar a sequência, eram apresentadas mais duas telas com as avaliações de valência e intensidade respectivas à imagem. Ao final deste trial, o ponto de fixação aparecerá novamente e a sequência se repetia
Ao todo foram apresentados ao colaborador 128 trials. As 16 imagens negativas apareciam nas 3 condições experimentais (observação, distração e reavaliação, este último somente na condição de down-regulate). As imagens positivas também eram expostas nas 3 condições, substituindo o down-regulate por up-regulate. Em contrapartida, as imagens neutras só eram apresentadas nas condições de observação e distração. Toda a tarefa experimental teve duração aproximada de 35 min.
2.2.2 Registro da Atividade Eletrocardiográfica (ECG)
O aparelho da ECG é responsável por registrar os potenciais elétricos que resultam na
atividade do músculo cardíaco. Tal aparelho possui três eletrodos principais, os quais foram
fixados em regiões específicas: os polos positivo e negativo localizados nos encontros
intercostais direito e esquerdo, respectivamente; e o eletrodo de referência na região anterior
da tíbia esquerda. Para a fixação dos eletrodos, foi utilizado o gel próprio dos eletrodos
descartáveis, logo após serem higienizadas as superfícies citadas anteriormente, com algodão
e álcool etílico 70. Foram considerados como parâmetros de captação do sinal elétrico os
seguintes filtros: a) ganho de 1000µS/V; b) filtro de 0.05Hz (High Pass Filtering); c) filtro de
35Hz (Low Pass Filtering); e d) detecção de artefatos.
A tarefa experimental, desenvolvida pelo software E-prime®, foi associada ao registro da
ECG. Nesse sentido, levando em consideração o trial desenvolvido para a presente tarefa,
foram criados marcadores para a imagem e demais estímulos pertencentes ao trial e então foi
possível registrar o tempo do intervalo inter-batidas (IBI) para a tarefa inteira. Dessa forma,
27
foram extraídos 8 pontos de IBI, sendo um desses pontos criado para o momento anterior à
apresentação da imagem (IBI-1), o seguinte para a imagem propriamente dita (IBI0) e os
demais pontos (do IBI1 ao IBI7) para os estímulos posteriores à imagem. Tal padrão foi
baseado em outros trabalhos realizados no laboratório no qual o presente estudo ocorreu, em
que utilizaram a mesma técnica para o registro dos IBIs e de acordo com literatura prévia
(MARQUES, 2015; MOOR, CRONE, e VAN DER MOLEN, 2010). O registro e análise dos
dados obtidos foram realizados através do equipamento BIOPAC® e do software
Acknowledge®.
2.2.3 Escalas e questionários
o Questionário Pessoal: Questionário que foi aplicado na intenção de caracterizar o perfil
do participante em relação a: sexo, idade, uso de substâncias químicas e outras informações
pertinentes ao estudo. Tal questionário foi respondido antes do início da tarefa experimental
(ANEXO II).
o Questionário de Regulação Emocional (QRE; BOIAN, SOARES, e LIMA, 2009), versão
brasileira do ERQ (GROSS e JOHN, 2003): Escala do tipo likert de sete pontos que pretende
avaliar as diferenças individuais e cotidianas a respeito do uso de estratégias de regulação
emocional (reavaliação cognitiva e supressão). O questionário foi aplicado antes de iniciar o
experimento com o objetivo de caracterização da amostra (ANEXO III).
o Escalas Beck: Versão brasileira do Inventário de Depressão (BDI) e do Inventário de
Ansiedade (BAI) de Beck (GORENSTEIN; ANDRADE, 1998). Tais escalas medem,
respectivamente, a intensidade dos sintomas de depressão e ansiedade. Os níveis das escalas
são classificados em: mínimo, leve, moderado e grave. Os participantes classificados com
intensidade grave em qualquer uma das escalas, não poderão dar continuidade à participação
no estudo (ANEXO IV).
o Escala Filadélfia de Mindfulness (EFM; SILVEIRA, CASTRO, GOMES, 2012): versão
brasileira da Philadelphia Mindfulness Scale (PMS; CARDACIOTTO et al, 2008). Os 20
itens dessa escala pretendem avaliar dois dos componentes principais do mindfulness:
28
Awareness (consciência do momento presente) e Aceitação (postura de não julgamento e
abertura para as experiências). Para este estudo, essa escala teve o objetivo de caracterizar e
controlar a amostra (ANEXO V)
o Escala de Afeto Positivo e Negativo (EAPN; SIQUEIRA, MARTINS, e MOURA, 1999):
versão brasileira da Positive and Negative Affect Schedule (PANAS; WATSON, CLARK, e
TELLEGEN, 1988). O objetivo desta escala é avaliar o nível de afeto positivo e negativo do
participante, através de um modelo de escala likert de cinco pontos. A escala possui 20 itens
ao todo e foi utilizada para medir o nível de afeto antes da intervenção, após a intervenção e
depois da tarefa experimental (ANEXO VI).
o Self Assessment Manikin: Versão brasileira das escalas likert de nove pontos criadas por
Sam, Bradley e Lang (1994). Tais escalas avaliam os níveis de valência e intensidade de
estímulos emocionais. Para as avaliações de intensidade, as respostas variam entre (i)
extremamente pouco intensa (um ponto); e (ii) extremamente muito intensa (nove pontos). Já
para as avaliações de valência, as respostas variam entre (i) extremamente positiva (um
ponto); e (ii) extremamente negativa (nove pontos). Neste estudo, ambas as escalas foram
apresentadas no decorrer da tarefa experimental, mais precisamente, logo após a
apresentação de cada uma das imagens e suas respectivas estratégias de regulação emocional
(ANEXO VII).
2.3 Procedimento
Todas as coletas foram realizadas no Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, localizado no 10º andar do nº181 da Rua Piauí –
Higienópolis.
Após a chegada do participante no local determinado, foi explicado a ele o objetivo do
estudo, a tarefa proposta e os métodos que seriam utilizados, bem como todos os riscos e
benefícios possíveis do experimento. Em seguida, ele foi encaminhado à sala experimental para
ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Todos os participantes que
se enquadraram aos critérios de inclusão e exclusão do estudo, e estiveram de acordo com a
participação voluntária no mesmo, foram convidados a responder, inicialmente, os questionários
29
descritos no item 2.2.4. Escalas e Questionários: Questionário Pessoal; Questionário de
Regulação Emocional (QRE); Escalas Beck de Ansiedade e Depressão (BAI e BDI); Escala de
Filadélfia Mindfulness (EFM); e Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS 1). Após o
preenchimento de todas as escalas, o participante foi posicionado confortavelmente em uma
cadeira e recebeu algumas instruções da pesquisadora de acordo com o grupo no qual este
participante se enquadrava.
2.3.1 Procedimento para o Grupo 1 (Corações Gêmeos)
A instrução desta prática foi realizada por um participante do grupo Uni Prana (escola de Cura
Prânica (Pranic Healing) e Yoga Arhática do Grandmaster Choa Kok Sui), o qual estava
habilitado a instruir como se davam os procedimentos da prática dos Corações Gêmeos. Esta
prática, por sua vez, teve duração de 27 min e era apresentada ao participante por meio de um
áudio. Durante o áudio, o participante era instruído constantemente a desejar coisas boas para
a Terra e para a humanidade. Apesar desta meditação não ser popularmente conhecida e de
não existir literatura prévia que operacionalize o modo de praticá-la, ela se assemelha à
Loving Kindness Meditation (Meditação da Bondade Amorosa), prática de compaixão
bastante conhecida, além de se parecer também com outros tipos de práticas contemplativas.
Durante a meditação nos Corações Gêmeos, o participante é convidado a imaginar a Terra em
sua frente, colocar suas mãos em direção à ela e então repetir consigo mesmo palavras e frases
positivas. Nesta meditação, a atenção é direcionada para este exercício de compaixão.
O instrutor então explicava de forma sucinta e padronizada o objetivo da meditação e
orientava o participante a sentar com os pés apoiados no chão, coluna ereta e sem estar apoiada no
encosto da cadeira. Após o participante se posicionar desta forma, o instrutor dava início ao áudio
e então deixava o participante sozinho na sala experimental efetuando a prática.
2.3.2 Procedimento para o Grupo 2 (Mindfulness)
A prática de Mindfulness, semelhantemente à meditação nos Corações Gêmeos, foi
instruída pelo participante através de um áudio de 20 min. Dessa vez, a própria pesquisadora
explicava ao participante o objetivo da prática e dava as orientações padronizadas de como
deveria ser a postura (exatamente como instruído no Grupo 1) do participante ao longo de toda a
meditação, deixando-o sozinho durante a prática. Esta prática, diferente da anterior, tem o objetivo
de orientar a atenção do praticante para a observação de seus próprios pensamentos, percebendo a
chegada deles e deixando-os ir. Como uma prática clássica de mindfulness (ex. focar a atenção na
30
respiração ou sensações corporais), a prática da observação dos pensamentos também tem o
objetivo de regular a atenção para um estímulo específico (neste caso os pensamentos), sem reagir
ou ser afetado por eles. Durante toda a meditação, o participante era convidado a manter a atenção
neste foco, retornando sempre que se distraísse.
2.3.3 Procedimento para o Grupo 3 (Controle)
Para o grupo controle, foi adotado o mesmo período de tempo utilizado pelos outros dois
grupos para a realização de suas respectivas meditações, com a diferença de que a orientação
para o grupo controle era de permanecer esse tempo em repouso, ou seja, manter-se na sala
experimental sem efetuar nenhum tipo de atividade (inclusive sem utilizar smartphones para
nenhuma finalidade) até o término dos 20 min.
Para todos os grupos, ao final do período de intervenção, a pesquisadora retornava à sala e
distribuía novamente o PANAS (2). Finalizado o preenchimento da escala, a pesquisadora
posicionava os eletrodos da eletrocardiografia nos locais determinados e devidamente
higienizados, como descrito no tópico 2.2.2. Registro da Atividade Eletrocardiográfica e então
pedia para o participante manter-se sentado diante do computador, movendo-se o mínimo possível
a fim de não interferir no registro da tecnologia. Dessa forma, o participante estava pronto para o
início da tarefa experimental propriamente dita (tópico 2.2.1 Tarefa de Regulação Emocional).
Ao término da tarefa, a pesquisadora entrava novamente na sala, desconectava os eletrodos
do participante e distribuía novamente a ele a Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS
3). Após o preenchimento da escala, o pesquisador finalizava o experimento, reiterando os
principais objetivos do estudo e a importância de sua participação no mesmo. Como
retribuição, os colaboradores que necessitavam, recebiam horas complementares em pesquisa
por sua participação neste estudo.
O tempo aproximado de cada procedimento experimental era de 2h.
31
3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da Universidade
Presbiteriana Mackenzie e também baseado nas recomendações estabelecidas na Declaração de
Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e Hong-Kong (1989).
Todos os participantes tiveram pleno conhecimento dos objetivos e métodos do experimento
assim como forneceram consentimento por escrito através do TCLE. Foi devidamente avisado
que os mesmos poderiam deixar o estudo a qualquer momento, sem necessidade de justificativa.
Além disso, todas as informações fornecidas foram estritamente sigilosas. O presente projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pela Plataforma
Brasil (CAAE: 79465017.7.0000.0084).
32
4. ANÁLISE ESTATÍSTICA
As análises do presente estudo foram realizadas através do pacote STATISTICA (versão
8.0, cary, N. C., USA) e todos os testes adotaram erro α=5%. Nos itens abaixo estão as
especificidades de cada uma das análises.
§ Caracterização da amostra
Foram realizadas nove Análises de Variância (ANOVA) univariada. Além da
idade, as demais variáveis dependentes foram compostas pelos valores obtidos nas
escalas preenchidas pelos participantes antes do início da tarefa experimental. São elas:
Escalas Beck de Ansiedade e Depressão (BAI e BDI); Questionário de Regulação
Emocional – Supressão (QRE-S) e Reavaliação Cognitiva (QRE-RC); Escala Filadélfia
de Mindfulness – Aceitação (EFM-AC) e Awareness (EFM-AW); e a Escala de Afeto
Positivo e Negativo. Os fatores considerados foram os grupos (Corações Gêmeos;
Mindfulness; e Controle).
§ Afetos positivos e negativos
A variação dos afetos positivos e negativos ao longo da tarefa, medida através da
escala PANAS, foi analisada a partir de duas ANOVAs de medidas repetidas, uma para o
afeto positivo e outra para o negativo. As variáveis dependentes se caracterizaram pelos
valores obtidos nos momentos anterior à intervenção; posterior à intervenção; e após a
tarefa de regulação emocional. Os fatores foram: GRUPO, TEMPO e a interação
GRUPO*TEMPO. Adicionalmente, foi realizado teste post-hoc de LSD para os efeitos
significativos (p<.05).
§ Julgamento da valência e intensidade
Para os dados comportamentais, obtidos através das escalas likert de valência e
intensidade das imagens, foram realizadas seis ANOVAs de medidas repetidas, três para
as avaliações de valência (cada uma para uma categoria de imagem – positivas, negativas
e neutras) e três para as avaliações de intensidade. As variáveis dependentes consideradas
foram os valores das escalas e os fatores foram os GRUPOS, a ESTRATÉGIA (up e
down regulation, distração e observação passiva) e a interação GRUPO*ESTRATÉGIA.
Adicionalmente, a partir da análise de variância, foram realizados três test t para amostras
dependentes, levando em consideração cada um dos grupos no emprego de cada uma das
estratégias.
33
§ Variação do intervalo inter-batidas
Com relação aos dados psicofisiológicos (ECG), foram analisados os tempos de
cada intervalo inter-batida registrado (IBI0 até IBI7). Foram realizadas três ANOVAs de
medidas repetidas, uma para cada categoria de imagem, em que as variáveis dependentes
foram os valores de IBI e os fatores considerados foram: GRUPOS, ESTRATÉGIA,
TEMPO e as interações GRUPO*ESTRATÉGIA, GRUPO*TEMPO,
ESTRATÉGIA*TEMPO e GRUPO*ESTRATÉGIA*TEMPO. Após as análises de
variância, para os efeitos significativos (p<.05), foram realizados testes post hoc de
Bonferroni.
34
5. RESULTADOS
A descrição dos valores significativos encontrados a partir das análises de variância e
post hoc, estão representados com os valores de média±erro padrão. Sendo assim:
5.1 Caracterização da amostra
Para a caracterização da amostra, foram realizadas dez ANOVAs univariadas, cujas quais
mostraram não haver diferenças significativas entre os 3 grupos, em relação ao fator IDADE
(F(2,87)=0,24; p=0,78; ηp=0,005) e aos escores nas escalas de BAI (F(2,87)=0,79; p=0,46;
ηp=0,02), BDI (F(2,87)=2,04; p=0,14; ηp=0,04), QRE-RC (F(2,87)=0,78; p=0,46; ηp=0,02),
QRS-S (F(2,87)=0,12; p=0,88; ηp=0,00), e EFM - AC (F(2,87)=0,19; p=0,83; ηp=0,00), EFM –
AW (F(2,87)=0,71; p=0,49; ηp=0,02), PANAS 1 neg (F(2,87)=0,24; p=0,79; ηp=0,01), e
PANAS 1 pos (F(2,87)=0,28; p=0,76; ηp=0,01). Dessa forma, pode-se garantir que a amostra
coletada possuía um caráter homogêneo em relação a esses fatores.
Tabela 1: Tabela representativa de todas as médias (erro padrão) dos scores obtidos em cada uma das escalas. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada.
35
5.2 Níveis de afeto
As análises relativas aos níveis de afeto ao longo de todo o experimento, foram realizadas
de acordo com a valência do afeto (positiva ou negativa) e o momento em que a escala foi
respondida (antes da intervenção; após a intervenção; e após a tarefa). Após realizada a
análise dos níveis de afeto positivo ao longo da tarefa, a ANOVA para medidas repetidas
mostrou efeito significativo para o fator Tempo (F2,174=43,39; p<0,001; ηp=0,33), mas não
para o fator GRUPO (F2,87=0,43; p=0,65; ηp=0,01), ou a interação GRUPO*Tempo
(F4,174=1,48; p=0,21; ηp=0,03). O teste post-hoc de LSD demonstrou que a diferença
significativa no fator Tempo está no terceiro momento em que a escala foi aplicada, ou seja,
após a realização da tarefa experimental (26,94±0,78) em comparação com o momento antes
da intervenção (32,26±0,68) e após a intervenção (31,34±0,79). Dessa forma, destaca-se
menores níveis de afeto positivo após a realização da tarefa, demonstrando que a mesma foi
eficiente em modular esse tipo de afeto (ver Figura 3)
.
Figura 3: Gráfico dos níveis de afeto positivo observado antes da intervenção; após intervenção e após tarefa. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.
Já em relação aos níveis de afeto negativo, ANOVA para medidas repetidas demonstrou
efeito significativo novamente para o fator Tempo (F2,174=27,17; p<0,001; ηp=0,24) mas não
para GRUPO (F2,87=2,99; p=0,06; ηp=0,06) e não para a interação GRUPO*Tempo
36
(F4,174=0,66; p=0,62; ηp=0,01). Nesse sentido, post-hoc de LSD demonstra que há menores
níveis de afeto negativo após a intervenção (12,93±0,35), seja ela uma das práticas de
meditação ou o repouso para o grupo controle, em comparação com o momento antes da
intervenção (16,67±0,58) e após a tarefa (17,61±0,61). Nesse sentido, há um efeito
estatisticamente significativo na diminuição dos níveis de afeto negativo após os 20min de
intervenção, independentemente de seu tipo (ver Figura 4)
Variação do Afeto Negativo (PANAS)F(2,174)=27,170; p<,001
Pré-intervenção Pós-intervenção Pós-tarefa
TEMPO
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Níve
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Afet
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Figura 4: Gráfico dos níveis de afeto negativo e positivo observado antes da intervenção; após intervenção e após tarefa. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.
5.3 Julgamento de Valência
5.3.1 Das imagens negativas
Com relação aos resultados das análises de julgamento de valência das imagens
negativas, ANOVA para medidas repetidas mostrou que há efeitos significativos para o fator
Estratégia (F2,174=29,07; p<0,001; ηp=0,25), também para o fator GRUPO (F2,87=7,17;
p<0,001; ηp=0,14) e ainda para a interação Estratégia*GRUPO (F4,174=2,68; p=0,03;
ηp=0,06). Test-t para amostras independentes demonstrou que o grupo Corações Gêmeos
(3,03±0,19) possui diferenças significativas em comparação com o grupo Mindfulness
(2,36±0,19) e o grupo Controle (2,11±0,19), quando efetuada a estratégia de down-
regulation. Tal efeito pode significar uma maior efetividade do grupo Corações Gêmeos em
37
suprimir a excitação emocional em função dos outros grupos, medida através de julgamentos
menos negativos nas escalas de valência das imagens. O mesmo tipo de análise ainda
mostrou que Corações Gêmeos (2,31±0,16) e Mindfulness (2,26±0,16) são mais efetivos em
efetuar a estratégia de distração quando comparados ao grupo controle (1,64±0,16), uma vez
que suas avaliações de valência foram mais positivas após o emprego dessa estratégia. Este
mesmo padrão pôde ser identificado, também após efetuado test-t para amostras
independentes, na comparação dos três grupos em função da estratégia de observação
passiva da imagem. Nesse sentido, Corações Gêmeos (1,89±0,13) e Mindfulness
(1,92±0,133) mais uma vez avaliaram a imagem de forma menos negativa, após observá-la
sem efetuar nenhuma estratégia de regulação emocional, em comparação com o grupo
controle (1,46±0,13).
Figura 5: Gráfico representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.
Ainda foram efetuadas mais três test-t para amostras dependentes, a fim de identificar as
diferenças para cada um dos grupos individualmente, em função do tipo de estratégia de
regulação emocional. Dessa forma, foi possível identificar que o grupo Corações Gêmeos e o
grupo controle apresentaram diferenças estatisticamente significativas na comparação entre
todas as estratégias de regulação emocional, a saber: down-regulation, distração e
observação passiva da imagem. O grupo Mindfulness, por sua vez, apresentou diferenças
38
significativas somente para a comparação entre cada uma das estratégias e observação
passiva da imagem, mas não para a comparação das duas estratégias entre si. Os valores de
média, erro padrão, grau de liberdade e o nível de significância de cada um dos resultados
obtidos através desta análise estão representados na tabela abaixo.
Tabela 2: Tabela referente às médias (desvio padrão) de cada um dos grupos em relação às estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Valores de t, df e p decorrentes de test t para amostras dependentes. (*) para valor de p significativo (<0.01).
5.3.2 Das imagens positivas
ANOVA para medidas repetidas mostrou que há efeitos significativos para o fator
Estratégia (F2,174=87,11; p<0,001; ηp=0,50) e para a interação Estratégia*GRUPO
(F2,87=2,87; p=0,02; ηp=0,06), mas não para o fator GRUPO (F2,87=1,81; p=0,17; ηp=0,04).
Nesse sentido, test-t para amostras independentes demonstrou que o grupo Corações Gêmeos
(7,98±0,15) e o grupo Mindfulness (7,57±0,15) são estatisticamente diferentes em função da
estratégia de up-regulation, mas não se diferem do grupo controle, o que demonstra uma
maior efetividade do grupo Corações Gêmeos na reavaliação positiva da imagem, em
Grupo Estratégia Média (desvio padrão) t df pDown-‐regulation 3,03 (1,33)Obs. passiva 1,89 (0,95)
Down-‐regulation 3,03 (1,33)Distração 2,31 (1,07)
Obs. passiva 1,89 (0,95)Distração 2,31 (1,07)
Down-‐regulation 2,36 (0,82)Obs. passiva 1,92 (0,66)
Down-‐regulation 2,36 (0,82)Distração 2,23 (0,92)
Obs. passiva 1,92 (0,66)Distração 2,23 (0,92)
Down-‐regulation 2,11 (0,83)Obs. passiva 1,46 (0,47)
Down-‐regulation 2,11 (0,83)Distração 1,64 (0,54)
Obs. passiva 1,46 (0,47)Distração 1,64 (0,54)
0,01*
-‐4,19 29 <0,01*
0,51
-‐2,12 29 0,04*
Controle
4,13 29 <0,01*
2,81 29
0,01*
-‐3,43 29 <0,01*
4,31 29 <0,01*
0,67 29
4,8 29 <0,01*
2,75 29
Mindfulness
Corações Gêmeos
39
comparação com o grupo Mindfulness. Em contrapartida, na estratégia de distração, o grupo
Mindfulness (6,89±0,17) se difere do grupo controle (7,38±0,17), mas ambos não são
diferentes do grupo Corações Gêmeos, sendo o grupo controle mais efetivo no emprego da
estratégia de distração quando comparado ao grupo Mindfulness. Já para a observação
passiva da imagem, não foram apresentadas diferenças estatisticamente significativas entre
os 3 grupos experimentais.
Figura 6: Gráfico de valência representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.
Adicionalmente, test-t para amostras dependentes demonstrou que o grupo Corações
Gêmeos e o grupo Mindfulness apresentaram diferenças significativas no emprego de cada
uma das estratégias de regulação emocional, o que acontece diferente para o grupo controle.
Neste último grupo, as diferenças apareceram somente entre a estratégia de up-regulation e
distração e também observação passiva, mas não entre observação passiva e distração.
Novamente, os valores de média, erro padrão, grau de liberdade e o nível de significância
estão apresentados na tabela descritiva abaixo.
40
Tabela 3: Tabela referente às médias (desvio padrão) de cada um dos grupos em relação às estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Valores de t, df e p decorrentes de test t para amostras dependentes. (*) para valor de p significativo (<0.01).
5.3.3 Das imagens neutras
Interessante destacar também que ANOVA para medidas repetidas não identificou efeito
significativo nas análises de julgamento de valência para as imagens neutras no fator
Estratégia (F1,87=0,43; p=0,52; ηp=0,00), nem para GRUPO (F2,87=2,98; p=0,06; ηp=0,06) e
ainda não há para a interação Estratégia*GRUPO (F2,87=0,52; p=0,59; ηp=0,01). Tais
resultados demonstram que as avaliações de valência para as imagens neutras permaneceram
entre os valores intermediários da escala, corroborando com a expectativa da efetividade da
tarefa de regulação emocional adotada, bem como os estímulos emocionais escolhidos.
Grupo Estratégia Média (desvio padrão) t df pUp-‐regulation 7,98 (0,72)Obs. passiva 7,47 (0,77)Up-‐regulation 7,98 (0,72)Distração 7,02 (0,91)
Obs. passiva 7,47 (0,77)Distração 7,02 (0,91)
Up-‐regulation 7,57 (0,85)Obs. passiva 7,22 (0,78)Up-‐regulation 7,57 (0,85)Distração 6,89 (0,93)
Obs. passiva 7,22 (0,78)Distração 6,89 (0,93)
Up-‐regulation 7,91 (0,85)Obs. passiva 7,52 (0,80)Up-‐regulation 7,91 (0,85)Distração 7,38 (0,92)
Obs. passiva 7,52 (0,80)Distração 7,38 (0,92)
4,42 29 <0,01*
6,17 29 <0,01*
3,92 29 <0,01*
5,08 29 <0,01*
6,3 29 <0,01*
1,54 29 0,13
5,35 29 <0,01*
7,47 29 <0,01*
4,67 29 <0,01*
Corações Gêmeos
Controle
Mindfulness
41
Figura 7: Gráfico de valência representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens neutras. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.
5.4 Julgamento de Intensidade
5.4.1 Das imagens negativas
Com relação ao julgamento de intensidade para as imagens negativas, ANOVA para
medidas repetidas demonstrou que há efeito significativo no fator Estratégia (F2,87=30,93;
p<0,001; ηp=0,26), mas não para o fator GRUPO (F2,87=1,58; p=0,21; ηp=0,04) ou para a
interação GRUPO*Estratégia (F2,87=21,26; p=0,29; ηp=0,03). Nesse sentido, test-t para
amostras dependentes demonstrou que há diferenças (p<0,01) entre a estratégia de down-
regulation (6,25±1,79) e a observação passiva da imagem (6,83±1,87), bem como diferenças
(p<0,01) entre a estratégia de distração (6,25±1,91) e observação passiva (6,83±1,87). Não
foram encontradas diferenças entre down-regulation e distração, demonstrando que para a
modulação do julgamento de intensidade de imagens negativas, ambas as estratégias são
igualmente efetivas em comparação com apenas observar passivamente a imagem.
42
Figura 8: Gráfico de intensidade representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.
5.4.2 Das imagens positivas
ANOVA para medidas repetidas indicou o mesmo padrão apontado no tópico anterior, ou
seja, há efeito significativo no fator Estratégia (F2,174=95,57; p<0,001; ηp=0,52), mas não
para o fator GRUPO (F2,87=0,12; p=0,89; ηp=0,00) ou para a interação Estratégia*GRUPO
(F4,174=2,04; p=0,09; ηp=0,04). Após realizado o test-t para amostras dependentes, foi
possível identificar que todas as condições emocionais, up-regulation (6,38±1,93), distração
(5,23±2,00) e observação passiva (5,63±1,92), são diferentes entre si (p<0,01). Dessa forma,
como pode ser observado na Figura 9, a estratégia de up-regulation é mais efetiva em
aumentar a intensidade de imagens positivas quando comparada com as outras duas
estratégias. Por outro lado, quando comparadas as estratégias de distração e observação
passiva, a segunda é mais efetiva na função de amplificar a intensidade do que a condição de
distração. Tais resultados indicam que o emprego das estratégias de regulação emocional foi
efetuado de forma adequada pelos participantes, uma vez que seus objetivos foram
atendidos.
43
Figura 9: Gráfico de intensidade representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.
5.5 Variação do intervalo inter-batidas (IBI)
5.5.1 IBI para as imagens negativas
Após realizada ANOVA para medidas repetidas, identificou-se efeito significativo para o
fator Estratégia (F2,172=4,10; p=0,02; ηp=0,05), para o fator Tempo (F7,602=44,08; p<0,001;
ηp=0,34) e ainda para a interação Estratégia*Tempo (F14,1204=8,73; p<0,001; ηp=0,09), mas não
foi possível identificar efeitos significativos para o fator GRUPO (F2,86=1,52; p=0,22; ηp=0,03),
ou para a interação Estratégia*GRUPO (F4,172=1,95; p=0,10; ηp=0,04) e igualmente não para a
interação Estratégia*Tempo*GRUPO (F28,1204=0,92; p=0,59; ηp=0,02). Para os efeitos
significativos, foi realizado post-hoc de Bonferroni, onde a estratégia de distração apresenta
diferenças quando comparada com as outras duas estratégias, durante o IBI5, IBI6 e IBI7. Nesse
período de tempo, a estratégia de distração apresentou menor intervalo inter-batidas do que as
outras duas estratégias (ver Figura 10). No entanto, down-regulation e observação passiva não
apresentaram diferenças entre si. A representação de média, erro padrão e valor do efeito
significativo (p) está organizada na tabela abaixo.
44
Tabela 4: Tabela referente aos valores de média e erro padrão de cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos IBI 05, 06 e 07 para as imagens negativas. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni.
IBI Estratégia Média (erro padrão)
Média (erro padrão) p
IBI 05 Distração e down-‐
regulation 0,02 (0,01)
0,05 (0,01)
<0,01*
Distração e obs. passiva 0,02 (0,01) 0,04 (0,01) <0,01*
IBI 06 Distração e down-‐
regulation 0,01 (0,01)
0,05 (0,01)
<0,01*
Distração e obs. passiva 0,01 (0,01) 0,04 (0,01) <0,01*
IBI 07 Distração e down-‐
regulation 0,00 (0,01)
0,05 (0,01)
<0,01*
Distração e obs. passiva 0,00 (0,01) 0,04 (0,01) <0,01*
Figura 10: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos valores de IBI para imagens negativas. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada.
45
5.5.2 IBI para as imagens positivas
Como observado nos resultados para as imagens negativas, ANOVA para as medidas
repetidas identificou os mesmos efeitos significativos para o fator Estratégia (F2,172=6,54;
p<0,001; ηp=0,07), para o fator Tempo (F7,602=29,57; p<0,001; ηp=0,26) e ainda para a interação
Estratégia*Tempo (F14,1204=6,60; p<0,001; ηp=0,07), não sendo possível novamente identificar
efeitos significativos para o fator GRUPO (F2,86=0,13; p=0,88; ηp=0,00), ou para a interação
Estratégia*GRUPO (F4,172=0,05; p=0,99; ηp=0,00) e ainda para a interação
Estratégia*Tempo*GRUPO (F28,1204=0,97; p=0,51; ηp=0,02). Novamente, após post-hoc de
Bonferroni, a estratégia de distração recrutou maior atividade cardíaca em função da estratégia
de up-regulation e observação passiva (nos IBI5, IBI6 e IBI7) sendo as duas últimas estratégias
não diferentes entre si (ver Figura 11). Na tabela abaixo estão representadas média, erro padrão
e valor de p.
Tabela 5: Tabela referente aos valores de média e erro padrão para as estratégias de distração e observação passiva em relação aos IBI 05, 06 e 07 para as imagens positivas. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni.
IBI Estratégia Média (erro padrão) p
IBI 05 Distração 0,01 (0,01)
<0,01* Obs. passiva 0,03 (0,01)
IBI 06 Distração 0,00 (0,01)
<0,01* Obs. passiva 0,03 (0,00)
IBI 07 Distração 0,00 (0,01)
<0,01* Obs. passiva 0,03 (0,00)
46
Figura 11: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos valores de IBI para as imagens positivas. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada.
5.5.3 IBI para as imagens neutras
Com relação às imagens neutras, o mesmo tipo de análise demonstrou principais efeitos
significativos apenas para o fator Tempo (F7,602=18,42; p<0,001; ηp=0,18) e para a interação
Estratégia*Tempo (F7,602=8,91; p<0,001; ηp=0,09), mas não para o fator Estratégia (F1,86=3,85;
p=0,052; ηp=0,04), e nem para o fator GRUPO (F2,87=0,00; p=1,00; ηp=0,00), ou para as
interações Estratégia*GRUPO (F2,86=0,66; p=0,52; ηp=0,02) e Estratégia*Tempo*GRUPO
(F14,602=0,62; p=0,85; ηp=0,01). Adicionalmente, post-hoc de Bonferroni mostrou diferenças
entre as duas estratégias adotadas para esta categoria de imagens, ou seja, a estratégia de
distração apresentou menor intervalo inter-batidas no IBI5, IBI6 e IBI7 do que observar
passivamente a imagem (ver Figura 12). Valores de média, erro padrão e p estão descritos
abaixo.
47
Tabela 6: Tabela referente aos valores de média e erro padrão de cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos IBI 05, 06 e 07 para as imagens neutras. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni.
IBI Estratégia Média (erro padrão)
Média (erro padrão) p
IBI 05 Distração e up-‐regulation 0,01 (0,01)
0,05 (0,01)
<0,01*
Distração e obs. passiva 0,01 (0,01) 0,04 (0,00) 0,05*
IBI 06 Distração e up-‐regulation 0,00 (0,01)
0,05 (0,01)
<0,01*
Distração e obs. passiva 0,00 (0,01) 0,04 (0,01) <0,01*
IBI 07 Distração e up-‐regulation 0,01 (0,01)
0,05 (0,01)
<0,01*
Distração e obs. passiva 0,01 (0,01) 0,04 (0,00) <0,01*
Figura 12: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos valores de IBI para as imagens neutras. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada.
48
6. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo principal investigar o efeito imediato da meditação
Mindufulness na reavaliação cognitiva (up e down-regulation) e distração, quando comparada
com outro tipo de meditação e com um grupo controle. Partindo desse princípio e de acordo com
literatura prévia, neste tópico serão articulados os resultados encontrados, percorrendo os
seguintes temas: Efeitos da meditação; Efeitos das estratégias de regulação emocional; e
Efetividade da tarefa.
6.1 Efeitos da meditação
A meditação Mindfulness, prática que pretende refinar o processo de voltar a
atenção para o momento presente (KABAT-ZINN, 2015), tem sido definida nas pesquisas atuais
como uma poderosa ferramenta terapêutica para promover benefícios na saúde e bem-estar das
pessoas (LIN et al., 2016). Um desses benefícios é frequentemente relacionado com o
refinamento do controle e regulação das emoções (LUTZ et al, 2008). Nesse sentido, este estudo
tinha a expectativa de encontrar maior controle emocional por parte dos participantes que
praticaram o Mindfulness, justamente por ser a única prática do estudo a possuir embasamento
teórico nesse sentido. A partir das análises dos julgamentos explícitos de valência das imagens,
foi realmente possível encontrar diferenças entre os tipos de intervenção na regulação emocional,
contudo, diferentemente do esperado, os participantes que praticaram a Meditação nos Corações
Gêmeos (MCG) foram mais efetivos em suprimir a emoção negativa e amplificar a emoção
positiva, em função dos que praticaram o Mindfulness (MF) e o grupo controle, o que pode estar
relacionado com maior efeito deste tipo de meditação no controle emocional. Este resultado
pode ser justificado a partir da compreensão do conteúdo da MCG. Durante toda a meditação, o
participante é convidado a pensar e desejar algo positivo para à Terra (humanidade). Apesar
desta meditação escolhida para esse estudo ser pouco conhecida e não possuir materiais que a
operacionalizem, seu conteúdo se assemelha com outras meditações mais populares do tipo
contemplativas e de compaixão. De acordo com Xiaoli He e colaboradores (2015), a Loving-
Kindness Meditation (LKM), meditação contemplativa que visa cultivar pensamentos positivos
sobre o outro e si mesmo, tipicamente aumenta emoções positivas, diminui emoções negativas e
contribui para a compreensão sobre o outro. Estas características se assemelham com a MCG
praticada pelo Grupo 1 no presente estudo, o que pode justificar o melhor desempenho deste
grupo em aumentar ou diminuir as emoções. Diante deste cenário, um questionamento torna-se
49
inevitável: quais podem ser as razões para que o Mindfulness não tenha tido este mesmo efeito
na regulação emocional?
A Meditação nos Corações Gêmeos, apesar de ser inteiramente dirigida pelo locutor,
direciona a atenção do praticante justamente à expansão de sentimentos e pensamentos positivos,
o que se assemelha muito com a estratégia de reavaliação cognitva (up- e down regulation) na
qual este grupo foi mais efetivo. A prática do Mindfulness, por sua vez, também estimulava o
praticante à direcionar a atenção para seus pensamentos, mas incentivava-o apenas a perceber os
pensamentos que chegavam à consciência e então deixa-los ir, sem se distrair com o conteúdo
deles. Em um primeiro momento, podemos identificar a semelhança entre as duas práticas:
ambas regulam a atenção para um determinado estímulo. Este treino atencional inerente às
práticas de meditação aqui citadas, foi possível de ser notado neste estudo através do melhor
desempenho destes dois grupos (MCG e MF) em função do grupo controle, quando comparados
em relação à estratégia de distração. De fato o treino atencional que as meditações
proporcionaram, independentemente de seu tipo, exerceram influência na regulação emocional a
partir de uma estratégia também de direcionamento atencional, o que corrobora com as
expectativas deste estudo. Por outro lado, em relação à estratégia de reavaliação cognitiva, MCG
foi mais efetivo, assim como exposto anteriormente. Tal resultado, à priori, pode demonstrar
efeito do conteúdo da meditação na estratégia de regulação emocional, quando busca-se
investigar o efeito imediato desta meditação. Uma vez que no presente estudo não houve
nenhum tipo de treino ou de repetidas exposições do participante às práticas, deve-se levar em
consideração aquilo que poderia influenciar a regulação emocional naquele instante, ou seja, o
efeito de uma única experiência de meditação em alguém que nunca havia meditado antes. No
caso do experimento presente, a diferença do conteúdo de ambas as meditações pode ter
contribuído para que a MCG tenha tido efeitos mais significativos do que MF na diminuição de
emoções negativas e aumento das positivas, uma vez que o conteúdo da primeira direcionava
para esse sentido e MF para um treino atencional. Sendo assim, os resultados encontrados não
podem sugerir que o MF não melhora a capacidade de controlar as emoções, mas torna evidente
a necessidade deste tema continuar a ser estudado a curto e longo prazo. Cabe também, a partir
de literatura prévia, levantar a hipótese de que o efeito do Mindfulness pode ser melhor
evidenciado quando praticado a longo prazo, pois deste modo tende a aliviar o sofrimento
humano através da melhora na regulação emocional, alívio consequente do stress e influência
positiva no humor (KRYGIER et al., 2013).
50
Além dos resultados encontrados em relação à reavaliação cognitiva e distração, outro
dado chama a atenção. Na condição de observação passiva, ou seja, quando o participante
respondia espontaneamente à imagem, ambos os grupos de meditação foram mais eficazes em
diminuir a excitação emocional negativa do que o grupo controle. Independente da estratégia de
regulação emocional, passar por uma prática de meditação (também independente de seu tipo),
parece influenciar de alguma maneira na percepção e avaliação de estímulos emocionais. Tal
hipótese pode ser melhor testada em próximos estudos que objetivem investigar semelhanças e
diferenças entre estes e outros tipos de meditação.
Em relação a variação do afeto negativo dos participantes, é possível observar que após a
prática de 20 min de MF, os participantes pontuaram menos afetos negativos do que antes de
iniciar a prática. De igual maneira, os participantes que praticaram MCG e os que ficaram 20
min de repouso (grupo controle) também apresentaram diminuição neste tipo de afeto em
comparação ao momento pré-intervenção. Nesse sentido, não é possível afirmar que o grupo MF
se difere dos outros dois grupos na diminuição dos afetos negativos, mas sim que os 20 min
anteriores à tarefa foram eficientes para modular tais afetos, independente da maneira como
foram preenchidos. Este resultado vai na direção da hipótese previamente levantada, de que
ambas as meditações modulariam os afetos dos participantes, contudo, o fato deste padrão
também aparecer para o grupo controle, não corrobora com a ideia de que a meditação possui um
efeito imediato na modulação dos afetos, pelos menos não quando praticada pela primeira vez.
Mais uma vez, levanta-se a reflexão de que ao se tratar de meditação, neste caso principalmente
a Mindfulness, a experiência pode levar a resultados mais satisfatórios no controle emocional
(GARLAND et al, 2009; HÖLZEL et al, 2011).
6.2 Efeitos das estratégias de regulação emocional
As avaliações de intensidade das imagens positivas e negativas, realizadas após o emprego
de cada uma das estratégias, demonstram de maneira clara as especificidades de cada uma delas
na modulação dos componentes da resposta emocional. Em relação às imagens negativas, down-
regulation e distração foram igualmente mais efetivas em suprimir a intensidade emocional do
que observar a imagem sem adotar nenhuma estratégia. Estes resultados indicam que ambas as
estratégias foram adequadamente executadas pelos participantes, além de cumprirem de fato
com o objetivo que se propõe: alterar a excitação emocional vigente (GROSS & THOMPSON,
2007). No entanto, ao se tratar do julgamento de intensidade para imagens positivas, torna-se
possível identificar as diferenças entre as duas estratégias, tópico este já discutido neste trabalho
51
anteriormente. Se para suprimir uma emoção a distração é efetiva, para amplifica-la, esta
estratégia não é a melhor escolha. Isto, porque, o objetivo de uma estratégia de direcionamento
atencional, como a distração, é, justamente, alterar o foco atencional do estímulo emocional para
um estímulo alternativo (SHEPPES et al., 2011). Nesse sentido, não é possível amplificar uma
emoção sem entrar em contato com ela. Para esta finalidade, a estratégia de reavaliação
cognitiva é mais eficaz, assim como foi possível observar nos resultados do presente estudo. Tais
resultados corroboram com a literatura (SHAPPES & GROSS, 2011) e apontam para a
importância de que as diferentes estratégias de regulação emocional continuem a ser estudadas.
Em relação aos efeitos psicofisiológicos, apesar de não ter sido encontrado efeito
significativo do Mindfulness e dos demais grupos nos intervalos inter-batidas (IBI), os resultados
do registro eletrocardiográfico (ECG) contribuem para esta discussão acerca das particularidades
de cada uma das estratégias de regulação emocional. Independentemente do grupo ou da
valência da imagem, a estratégia de distração recrutou maior aceleração cardíaca nos intervalos
5, 6 e 7), que correspondem aos últimos 2000ms de apresentação da imagem e,
consequentemente, tempo do emprego da estratégia. Neste mesmo intervalo de tempo, a
estratégia de reavaliação cognitiva apresentou diminuição da aceleração cardíaca (medida
através de maiores valores de IBI), assim como a estratégia de observar a imagem passivamente.
Estes resultados apontam mais uma vez para as diferenças entre as estratégias. Nesse sentido,
torna-se evidente que a estratégia de distração, que no caso deste estudo baseava-se em
apresentar um cálculo matemático diante da imagem emocional, para que o participante pudesse
resolver, se diferiu das outras estratégias, recrutando maior atividade cardíaca. Tal dado
corresponde com resultados recentes encontrados por Monaco e colaboradores (2017), em que
atividades aritméticas recrutaram acelerada atividade cardíaca. Nesse sentido, o resultado
encontrado no presente estudo pode ser justificado pelo conteúdo da atividade para qual o
participante direcionava sua atenção. Mesmo sendo esclarecido que seus acertos e erros não
seriam registrados, a pressão e stress que um cálculo tipicamente gera nas pessoas puderam ser
expressos pelos resultados da ECG.
6.3 Efeitos da tarefa de regulação emocional
Por fim, em relação aos níveis de afeto positivo ao longo do experimento,
independentemente do grupo, o afeto positivo dos participantes diminuiu após exposição à tarefa
52
de regulação emocional. Este dado indica que a tarefa utilizada no experimento cumpriu com o
objetivo de eliciar emoções através de imagens de conteúdo afetivo. O desenho experimental
utilizado foi desenvolvido por Kanske e colaboradores (2010) e adaptado para este estudo, bem
como todos os estímulos emocionais utilizados, o que, através dos valores da PANAS deste
estudo, mostraram-se mais uma vez eficientes para induzir emoções negativas.
53
7. CONCLUSÃO
A partir dos resultados encontrados neste estudo, que buscou investigar o efeito imediato
do Mindfulness na regulação emocional, foi possível identificar indícios de dados
corroborativos com a literatura acerca deste tipo de meditação: a necessidade de ser uma
prática constante na vida das pessoas. A prática contínua e diária de Mindfulness pode
aprimorar a capacidade que já temos de voltar nossa atenção e consciência para o presente
momento (KABAT-ZINN, 2015), o que consequentemente é benéfico para a saúde
emocional, física e cognitiva dos seres humanos (HÖLZEL et al, 2016). Nesse sentido, torna-
se evidente que estudos futuros adotem métodos de intervenção a longo-prazo para este tipo
de meditação e que, dessa maneira, possam ser confirmados os benefícios já indicados e
explorado ainda mais o potencial que esta meditação pode ter para a qualidade de vida e
saúde das pessoas.
Por outro lado, este estudo contribuiu para identificar a Meditação nos Corações Gêmeos
como mais uma prática contemplativa (categorização criada neste estudo) e que possui efeito
imediato no controle emocional e, consequentemente, para o bem-estar dos indivíduos.
Nesse sentido, torna-se evidente a importância de continuar a investigar mais a fundo estes e
demais efeitos desse tipo de meditação, à curto e longo prazo.
Por fim, a respeito das diferentes estratégias de regulação emocional adotadas neste
estudo, tornou-se claro que este tópico deva continuar ganhando destaque nas próximas
pesquisas, uma vez que ambas as estratégias escolhidas para este estudo, mostraram-se
eficientes no controle emocional. Torna-se ainda importante que para estudos futuros,
continuem sendo adotadas tarefas em que diferentes estratégias de regulação emocional
sejam testadas, uma vez que, de acordo com a literatura prévia e com os resultados deste
estudo, cada uma das estratégias possuem especificidades e, portanto, se comportam de
formas diferentes na modulação dos componentes da resposta emocional.
54
8. REFERÊNCIAS
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249-2
59
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PARTICIPANTE DE PESQUISA Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Efeitos comportamentais e psicofisiológicos da meditação mindfulness no emprego de duas estratégias de regulação emocional” que se propõe avaliar o efeito do mindfulness na capacidade cognitiva de regulação das emoções, durante uma tarefa comportamental de observação e julgamento de imagens, a partir da medição de respostas psicofisiológicas, obtidas através do registro da atividade eletrocardiográfica (ECG) e também a partir do registro das expressões faciais através do software FaceReader. O experimento terá aproximadamente 2h de duração e será conduzido da seguinte forma: você sentará confortavelmente diante de um computador e ouvirá um áudio de 20 minutos que o instruirá na realização da meditação. Em seguida, você será conectado aos eletrodos da ECG para os registros eletrocardiográficos e posicionado diante de uma câmera de webcam, para a captação de suas expressões faciais, à medida em que realizará uma tarefa de observação e avaliação de imagens de conteúdo negativo e positivo. Esta tarefa consiste não só na observação destas imagens, mas também no emprego das duas estratégias de regulação emocional, a saber: reavaliação cognitiva e distração (o modo de executar cada uma das estratégias será orientado pelo pesquisador). Após a observação de cada imagem, você deverá avaliá-la em duas escalas de, respectivamente, valência e intensidade. Para as avaliações de valência, você terá de dizer, em uma escala de 9 pontos, o quanto a imagem em questão lhe pareceu positiva ou negativa, sendo 1 extremamente positiva e 9 extremamente negativa. A avaliação de intensidade diz respeito a quão intensa a imagem pareceu a você, sendo que também em uma escala de 9 pontos, 1 significa extremamente pouco intensa e 9 extremamente muito intensa. Tanto as escalas utilizadas quanto a técnica de registro psicofisiológico e das expressões faciais, são seguras e apresentam riscos mínimos ao participante. A ECG é uma técnica não - invasiva e indolor de medição da atividade eletrocardiográfica, através de eletrodos posicionados sobre a pele do participante. O procedimento é simples, seguro e oferece riscos mínimos, contudo, mesmo sendo utilizado um gel específico para auxiliar no posicionamento dos eletrodos, é possível que haja, eventualmente, alguma irritação na pele decorrente da utilização do gel. Em relação à tarefa comportamental, é importante observar que algumas imagens negativas apresentam conteúdos de dor física, incluindo elementos de mutilação. Caso haja algum problema, comunique ao pesquisador. Ao final do estudo você entrará em contato com os resultados do mesmo. Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - térreo. Desde já agradecemos a sua colaboração. Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo. Nome do Responsável pelo Participante de Pesquisa:_________________________________________________________ Assinatura do Responsável pelo Participante de Pesquisa:_____________________________________________________ Declaro que expliquei ao Responsável pelo Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas. São Paulo, ______ de _____________________ de 20_____. _______________________________________ Camila Paulino R. A. Teixeira [email protected] Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua Piauí nº181, 10º andar/2114-8878
__________________________________ Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio [email protected] Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua Piauí nº181, 10º andar/2114-8001
60
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PARTICIPANTE DE PESQUISA Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Efeitos comportamentais e psicofisiológicos da meditação mindfulness no emprego de duas estratégias de regulação emocional” que se propõe avaliar o efeito do mindfulness na capacidade cognitiva de regulação das emoções, durante uma tarefa comportamental de observação e julgamento de imagens, a partir da medição de respostas psicofisiológicas, obtidas através do registro da atividade eletrocardiográfica (ECG) e também a partir do registro das expressões faciais através do software FaceReader. O experimento terá aproximadamente 2h de duração e será conduzido da seguinte forma: você sentará confortavelmente diante de um computador e ouvirá um áudio de 20 minutos que o instruirá na realização da meditação. Em seguida, você será conectado aos eletrodos da ECG para os registros eletrocardiográficos e posicionado diante de uma câmera de webcam, para a captação de suas expressões faciais, à medida em que realizará uma tarefa de observação e avaliação de imagens de conteúdo negativo e positivo. Esta tarefa consiste não só na observação destas imagens, mas também no emprego das duas estratégias de regulação emocional, a saber: reavaliação cognitiva e distração (o modo de executar cada uma das estratégias será orientado pelo pesquisador). Após a observação de cada imagem, você deverá avaliá-la em duas escalas de, respectivamente, valência e intensidade. Para as avaliações de valência, você terá de dizer, em uma escala de 9 pontos, o quanto a imagem em questão lhe pareceu positiva ou negativa, sendo 1 extremamente positiva e 9 extremamente negativa. A avaliação de intensidade diz respeito a quão intensa a imagem pareceu a você, sendo que também em uma escala de 9 pontos, 1 significa extremamente pouco intensa e 9 extremamente muito intensa. Tanto as escalas utilizadas quanto a técnica de registro psicofisiológico e das expressões faciais, são seguras e apresentam riscos mínimos ao participante. A ECG é uma técnica não - invasiva e indolor de medição da atividade eletrocardiográfica, através de eletrodos posicionados sobre a pele do participante. O procedimento é simples, seguro e oferece riscos mínimos, contudo, mesmo sendo utilizado um gel específico para auxiliar no posicionamento dos eletrodos, é possível que haja, eventualmente, alguma irritação na pele decorrente da utilização do gel. Em relação à tarefa comportamental, é importante observar que algumas imagens negativas apresentam conteúdos de dor física, incluindo elementos de mutilação. Caso haja algum problema, comunique ao pesquisador. Ao final do estudo você entrará em contato com os resultados do mesmo. Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - térreo. Desde já agradecemos a sua colaboração. Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo. Nome do Responsável pelo Participante de Pesquisa:_________________________________________________________ Assinatura do Responsável pelo Participante de Pesquisa:_____________________________________________________ Declaro que expliquei ao Responsável pelo Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas. São Paulo, ______ de _____________________ de 20_____. _______________________________________ Camila Paulino R. A. Teixeira [email protected] Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua Piauí nº181, 10º andar/2114-8878
__________________________________ Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio [email protected] Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua Piauí nº181, 10º andar/2114-8001
61
ANEXO II
QUESTIONÁRIO PESSOAL
Código:__________________
Mindfulness ( ) Controle ( ) MCG ( )
Nome (iniciais): _____________________________________________
Data de Nascimento: ___/___/____
E-mail: ____________________________________________ Telefone: __________________
Sexo: F ( ) M ( )
Escolaridade: ___________________Profissão:______________________________________
Lateralidade: _________________________________(destro ou canhoto)
Medicações regulares (incluindo anticoncepcional):______________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
Uso de drogas lícitas: ( )Álcool ( ) Cigarro Último uso:__________________
Uso de drogas ilícitas ( ) Qual(is): _____________________ Último uso: _________________
Faz uso de Café: ( )Sim ( )Não Doses por dia: __________ Último uso: _________________
Horário da última refeição: _________________
Já meditou alguma vez? Se sim, possui o hábito? Quanto tempo por semana? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________
Histórico de Doenças familiares (problemas cardíacos, psiquiátricos e etc):_________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________.
62
ANEXO III
QUESTIONÁRIO DE REGULAÇÃO EMOCIONAL
(QRE; BOIAN, SOARES, e SILVA, 2009).
Gostaria de fazer algumas questões sobre a sua vida emocional, em particular, como controla as suas emoções (isto é, como regula e conduz). As questões abaixo envolvem duas situações diferentes sobre sua vida emocional. A primeira refere-se a sua experiência emocional, isto é, o modo como se sente. A segunda refere-se a expressão emocional, ou seja, a forma como demonstra as suas emoções, ao falar, gesticular ou atuar. Apesar de algumas questões parecerem semelhantes, diferem-se em importantes aspectos. Para cada item, por favor responda utilizando a seguinte escala:
1 Discordo totalmente 2 3 4 Não concordo nem discordo 5 6 7 Concordo totalmente
Valor Quando quero sentir mais emoções positivas (como alegria ou contentamento), mudo o que estou pensando. Eu conservo as minhas emoções para mim.
Quando quero sentir menos emoções negativas (como tristeza ou raiva) mudo o que estou pensando. Quando estou sentindo emoções positivas, tenho cuidado para não expressa-las. Quando estou perante a uma situação estressante, procuro pensar de uma forma que me ajude a ficar calmo. Eu controlo as minhas emoções não as expressando.
Quando quero sentir mais emoções positivas, eu mudo o que estou pensando em relação à situação. Eu controlo as minhas emoções modificando a forma de pensar sobre a situação em que me encontro. Quando estou sentindo emoções negativas, tento não expressá-las.
Quando eu quero sentir menos emoções negativas, mudo a forma como estou pensando em relação à situação.
63
ANEXO IV
INVENTÁRIO DE ANSIEDADE DE BECK - BAI
Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia cuidadosamente cada item da lista. Identifique o quanto você tem sido incomodado por cada sintoma durante a última semana, incluindo hoje, colocando um “x” no espaço correspondente, na mesma linha de cada sintoma.
Absolutamente não Levemente Moderadamente Gravemente
Não me Foi muito desagradável Dificilmente pude incomodou muito mas pude suportar suportar
1. Dormência ou formigamento
2. Sensação de calor
3. Tremores nas pernas
4. Incapaz de relaxar
5. Medo que aconteça o pior
6. Atordoado ou tonto
7. Palpitação ou aceleração do coração
8. Sem equilíbrio
9. Aterrorizado
10. Nervoso
11. Sensação de sufocação
12. Tremores nas mãos
13. Trêmulo
14. Medo de perder o controle
15. Dificuldade de respirar
16. Medo de morrer
17. Assustado
18. Indigestão ou desconforto no abdômen
19. Sensação de desmaio
20. Rosto afogueado
21. Suor (não devido ao calor)
64
INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO DE BECK - BDI
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) próximo à afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira que você tem se sentido na última semana, incluindo hoje. Se várias afirmações num grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome cuidado de ler todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer sua escolha.
1 0 Não me sinto triste 7 0 Não me sinto decepcionado comigo mesmo
1 Eu me sinto triste
1 Estou decepcionado comigo mesmo
2 Estou sempre triste e não consigo sair disto 2 Estou enojado de mim
3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar 3 Eu me odeio
2 0 Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro
8 0 Não me sinto de qualquer modo pior que os outros
1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro
1 Sou crítico em relação a mim por minhas fraquezas ou erros
2 Acho que nada tenho a esperar 2 Eu me culpo sempre por minhas falhas
3 Acho o futuro sem esperanças e tenho a impressão de que as coisas 3 Eu me culpo por tudo de mal que acontece não podem melhorar
3 0 Não me sinto um fracasso 9 0 Não tenho quaisquer idéias de me matar
1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum 1 Tenho idéias de me matar, mas não as executaria
2 Quando olho pra trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um 2 Gostaria de me matar monte de fracassos
3 Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso 3 Eu me mataria se tivesse oportunidade
4 0 Tenho tanto prazer em tudo como antes 10 0 Não choro mais que o habitual
1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes 1 Choro mais agora do que costumava
2 Não encontro um prazer real em mais nada
2 Agora, choro o tempo todo
3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo
3 Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo, mesmo que o queria
5 11 0 Não me sinto especialmente culpado 0 Não sou mais irritado agora do que já fui
1 Eu me sinto culpado grande parte do tempo 1 Fico aborrecido ou irritado mais facilmente do que costumava
2 Eu me sinto culpado na maior parte do tempo 2 Agora, eu me sinto irritado o tempo todo
3 Eu me sinto sempre culpado 3 Não me irrito mais com coisas que costumavam me irritar
6 0 Não acho que esteja sendo punido
12 0 Não perdi o interesse pelas outras pessoas
1 Acho que posso ser punido 1 Estou menos interessado pelas outras pessoas do que costumava estar
2 Creio que vou ser punido 2 Perdi a maior parte do meu interesse pelas outras pessoas
3 Acho que estou sendo punido 3 Perdi todo o interesse pelas outras pessoas
65
13 18 0 Tomo decisões tão bem quanto antes 0 O meu apetite não está pior do que o habitual
1 Adio as tomadas de decisões mais do que costumava 1 Meu apetite não é tão bom como costumava ser
2 Tenho mais dificuldades de tomar decisões do que antes 2 Meu apetite é muito pior agora
3 Absolutamente não consigo mais tomar decisões 3 Absolutamente não tenho mais apetite
14
0 Não acho que de qualquer modo pareço pior do que antes 19 0 Não tenho perdido muito peso se é que perdi algum recentemente
1 Perdi mais do que 2 quilos e meio
1 Estou preocupado em estar parecendo velho ou sem atrativo
2 Perdi mais do que 5 quilos
2 Acho que há mudanças permanentes na minha aparência, que me
3 Perdi mais do que 7 quilos fazem parecer sem atrativo
3 Acredito que pareço feio Estou tentando perder peso de propósito, comendo menos: Sim _____ Não _____
15 20 0 Não estou mais preocupado com a minha saúde do que o habitual
0 Posso trabalhar tão bem quanto antes 1 Estou preocupado com problemas físicos, tais como dores,
1 É preciso algum esforço extra para fazer alguma coisa indisposição do estômago ou constipação
2 Tenho que me esforçar muito para fazer alguma coisa 2 Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa
3 Não consigo mais fazer qualquer trabalho 3 Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo
pensar em qualquer outra coisa
16 0 Consigo dormir tão bem como o habitual 21
1 Não durmo tão bem como costumava 0 Não notei qualquer mudança recente no meu interesse por sexo
2 Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que habitualmente e acho difícil
1 Estou menos interessado por sexo do que costumava
voltar a dormir 2 Estou muito menos interessado por sexo agora
3 Acordo várias horas mais cedo do que costumava e não consigo 3 Perdi completamente o interesse por sexo voltar a dormir
17 0 Não fico mais cansado do que o habitual
1 Fico cansado mais facilmente do que costumava 2 Fico cansado em fazer qualquer coisa 3 Estou cansado demais para fazer qualquer coisa
66
ANEXO V
Escala Filadélfia de Mindfulness (DaSilveira, A.C., DeCastro, T.G. & Gomes, W.B., 2012)
Avalie o quanto cada item corresponde a uma característica sua, marcando com um “X” ou circulando o número que melhor representa a sua opinião, de acordo com a chave de respostas apresentada. Responda rapidamente, sem parar muito tempo em cada questão, e não compare as respostas de uma questão com outra. Lembre-se: não existem respostas certas ou erradas, elas apenas refletem a sua opinião.
0 1 2 3 4
Discordo totalmente
Discordo parcialmente
Neutro Concordo parcialmente
Concordo totalmente
1. Eu estou ciente de quais pensamentos estão passando em minha mente. 0 1 2 3 4
2. Eu tento me distrair quando sinto emoções desprazerosas. 0 1 2 3 4
3. Quando falo com outras pessoas, estou ciente de suas expressões corporais e faciais.
0 1 2 3 4
4. Há aspectos sobre mim mesmo sobre os quais eu não quero pensar. 0 1 2 3 4
5. Quando tomo banho, estou ciente de como a água corre sobre meu corpo. 0 1 2 3 4
6.Eu tento ficar ocupado para evitar que pensamentos e sentimentos me venham à mente.
0 1 2 3 4
7. Quando estou alarmado, percebo o que ocorre dentro de meu corpo. 0 1 2 3 4
8. Eu gostaria de poder controlar minhas emoções mais facilmente. 0 1 2 3 4
9. Quando ando pela rua, tenho consciência dos cheiros e do ar tocando meu rosto.
0 1 2 3 4
10. Eu digo pra mim mesmo que não deveria ter certos pensamentos. 0 1 2 3 4
11. Quando alguém me pergunta como estou me sentindo, posso identificar minhas emoções facilmente.
0 1 2 3 4
12. Há coisas sobre as quais eu tento não pensar. 0 1 2 3 4
13. Tenho consciência dos pensamentos que estou tendo quando meu humor muda.
0 1 2 3 4
14. Eu digo a mim mesmo que não deveria me sentir triste. 0 1 2 3 4
15. Eu percebo mudanças dentro de meu corpo, como meu coração batendo mais rápido ou meus músculos ficando tensos.
0 1 2 3 4
16. Se há algo que não quero pensar, eu tento fazer várias coisas para tirar isso da minha mente.
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17. Sempre que minhas emoções mudam, imediatamente eu me torno consciente delas.
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18. Eu tento deixar os meus problemas fora de minha mente. 0 1 2 3 4
19. Quando falo com outras pessoas, estou consciente das emoções que experiencio.
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20. Quando lembro de algo ruim, eu tento me distrair para fazer aquilo ir embora.
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ANEXO VI
ESCALA DE AFETO POSITIVO E NEGATIVO
(EAPN; SIQUEIRA, MARTINS, e MOURA, 1999)
Esta escala consiste em um número de palavras que descrevem diferentes sentimentos e emoções. Leia cada item e em seguida selecione o número da escala abaixo que melhor se enquadra para cada palavra. Indique a extensão do sentimento no presente momento.
1 Não me representa em nada 2 3 Neutro 4 5 Me representa perfeitamente
ANTES DEPOIS
( )1. Interessado ( )11. Irritado ( )1. Interessado ( )11. Irritado
( )2. Angustiado ( )12. Alerta ( )2. Angustiado ( )12. Alerta
( )3. Animado ( )13. Envergonhado ( )3. Animado (_ )13. Envergonhado
( )4. Chateado ( )14. Inspirado ( )4. Chateado ( )14. Inspirado
( )5. Forte ( )15. Nervoso ( )5. Forte ( )15. Nervoso
( )6. Culpado ( )16. Determinado ( )6. Culpado ( )16. Determinado
( )7. Assustado ( )17. Atento ( )7. Assustado ( )17. Atento
( )8. Hostil ( )18. Agitado ( )8. Hostil ( )18. Agitado
(__ )9. Entusiasmado ( )19. Energético (__ )9. Entusiasmado ( )19. Energético
( )10. Orgulhoso ( )20. Medo ( )10. Orgulhoso ( )20. Medo
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ANEXO VII
SELF ASSESSMENT MANIKIN
(SAM; BRADLEY e LANG, 1994) NADA INTENSA
intensa MUITO INTENSA