UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Mestrado em Educação Física
Daniel Teixeira Maldonado
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE
EDUCAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:
ANÁLISE A PARTIR DO COTIDIANO ESCOLAR
São Paulo
2012
ii
Daniel Teixeira Maldonado
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE
EDUCAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:
ANÁLISE A PARTIR DO COTIDIANO ESCOLAR
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da
Universidade São Judas Tadeu, como exigência
parcial para obtenção do título de Mestre em
Educação Física, linha de pesquisa: Educação Física,
Escola e Sociedade, sob orientação da Prof.
Dra.Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.
São Paulo
2012
iii
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca
da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464
Maldonado, Daniel Teixeira
M244i Implementação da proposta curricular de Educação Física
do município de São Paulo : análise a partir do cotidiano
escolar / Daniel Teixeira Maldonado. - São Paulo, 2012.
344 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu,
São Paulo, 2012.
1. São Paulo (Município). 2. Cotidiano escolar. 3. Educação
física – Currículo escolar. I. Silva, Sheila Aparecida Pereira
dos Santos. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, primeiramente a minha mãe, eterna companheira, que
esteve ao meu lado em todos os momentos difíceis e que me ensinou a encarar os
desafios da vida. Mãe, muito obrigada!
Há uma pessoa muito especial, que entrou na minha vida há exatamente um ano,
e que eu espero poder estar ao seu lado pelo resto da minha existência, a minha noiva
Andréia Lourdes de Souza. Gostaria de agradecer pela ajuda, pelos conselhos sinceros e
por estar ao meu lado sempre. Te amo!
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a professora Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, no qual tive a
oportunidade de conviver durante esses dois anos e ser orientado com grande maestria.
Há professora Ana Martha de Almeida Limongelli, que me orientou durante
meus primeiros trabalhos de Iniciação Científica e que, com toda certeza, sem seus
ensinamentos não teria conseguido concluir o Mestrado em Educação Física.
Ao professor Reinaldo Tadeu Boscolo Pacheco, pela sua participação na
Qualificação e na Defesa dessa Dissertação de Mestrado.
Aos professores de Educação Física, Coordenadores Pedagógicos e Diretora que
foram colaboradores dessa pesquisa.
Aos meus pais, que me deram a possibilidade de escolher ser professor de
Educação Física.
vi
RESUMO
Passados os primeiros anos em que se visualizaram o confronto e o debate entre as
diferentes propostas curriculares da Educação Física, os governos em âmbito federal,
estadual e municipal lançam as propostas pedagógicas para suas redes de ensino. No
entanto, mesmo sendo observadas as sucessivas alterações na maneira de se entender
como devem ser realizadas as aulas de Educação Física Escolar, há indícios que as
mudanças que ocorrem na prática pedagógica dos professores, via de regra, não
alcançam a profundidade e a magnitude desejada pelos proponentes das diretrizes
pedagógicas oficiais. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi identificar e
compreender, na perspectiva do professor de Educação Física, diretor e coordenador
pedagógico os fatores que dificultam e facilitam a implementação da proposta curricular
de Educação Física do município de São Paulo. O presente estudo caracterizou-se por
uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo. Foi realizado na zona leste da cidade de
São Paulo, especificamente em uma escola da rede municipal abrangida pela Diretoria
Regional de Educação – Penha. A pesquisa foi realizada em três etapas: pré-
configuração do universo da pesquisa, inserção no campo de pesquisa e re-configuração
do universo da pesquisa. Os principais fatores dificultadores encontrados foram:
descontentamento profissional, jornada de trabalho extensa, baixa remuneração,
formação profissional insuficiente e falta de organização da rede municipal. Todos os
fatores dificultadores encontrados, na maioria das vezes, se relacionam às dimensões
Institucional/Organizacional e Sociopolítica/Cultural. Os principais fatores facilitadores
encontrados foram: empenho dos professores, alterações na LDB, organização da rede
municipal, permanência na escola e hora de estudo. Todos os fatores facilitadores
encontrados se relacionam com as dimensões Institucional/Organizacional,
Instrucional/Pedagógica e Sociopolítica/Cultural. A efetiva implementação dessa
proposta curricular depende de todos os atores que fazem parte do cotidiano escolar que,
por sua vez, deve ser compreendido considerando-se sua complexidade, pois são
diversos os fatores se interrelacionam exercendo influência sobre a prática pedagógica
do professor de Educação Física e, por consequência, na implementação da proposta
curricular de Educação Física do município de São Paulo.
Palavras chave: Proposta Curricular; Fatores dificultadores; Fatores facilitadores;
Educação Física
vii
ABSTRACT
After the first few years in which debate and confrontation among the different curricular
proposals on Physical Education were exposed, the governments at federal, state and local
scope launch pedagogical proposals to their education systems. However, in spite of the
continuing amendments observed in the way of understanding how the classes on School
Physical Education should be conducted, there are signs that changes which happen in the
pedagogical practices of teachers , as a rule, do not reach the thoroughness and magnitude
desired by the proponents of the official pedagogical guidelines. The aim of this research in
this context, was to identify and understand the factors that either hinder or facilitate the
Physical Education curriculum implementation of São Paulo City. This study was
characterized by a qualitative descriptive research. It was held in the eastern side of the
City of Sao Paulo, more specifically in a municipal school covered by the Regional Board
of Education – Penha. The research was carried out in three stages: pre-configuration of the
research, insertion in the research area and rearrangement of the research. The main
awkward aspects found were: professional dissatisfaction, intense workload, low pay,
inadequate training and lack of municipal organization. All awkward factors found, in most
cases are related to the Institutional/Organizational and Sociopolitical/Cultural dimensions.
The main facilitating factors were: commitment of the teachers, changes in LDB, local
education system organization, time spent in school, and hour of study. All the facilitating
factors found are related to Institutional/ /Organizational, Instructional/Pedagogical, and
Sociopolitical/Cultural scales. The effective implementation of this curriculum depends on
all actors that are part of school daily life, which in turn, should be understood given its
complexity, since there are several aspects linked to each other influencing on the
pedagogical practice of the Physical Education teacher and consequently on implementing
Physical Education curriculum of Sao Paulo City.
Key words: Curricular proposals; Awkward aspects; Facilitating factors; Physical
Education.
viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
CATEGORIA 1 Principais fatores dificultadores da implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo --------------------------------------------------56
CATEGORIA 2 Principais fatores facilitadores da implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo ------------------------------------------------102
CATEGORIA 3 Sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo ------------------------------------------------134
ix
LISTA DE ESQUEMAS
ESQUEMA 1 Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Institucional/Organizacional--
-----------------------------------------------------------------------------------------------------147
ESQUEMA 2 Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica---151
ESQUEMA 3 Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural------161
ESQUEMA 4 Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo--------------------------------------163
ESQUEMA 5 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Institucional/Organizacional--
-----------------------------------------------------------------------------------------------------168
ESQUEMA 6 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica---172
ESQUEMA 7 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural------175
ESQUEMA 8 Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo-------------------------------------------------177
ESQUEMA 9 Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo da dimensão
Institucional/Organizacional-------------------------------------------------------------------183
x
ESQUEMA 10 Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo da dimensão
Instrucional/Pedagógica------------------------------------------------------------------------185
ESQUEMA 11 Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo da dimensão
Sociopolítico/Cultural--------------------------------------------------------------------------189
ESQUEMA 12 Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo--------------191
ESQUEMA 13 Compreensão da influência dos atores escolares para a implementação
da proposta curricular de EF do município de São Paulo----------------------------------194
xi
LISTA DE SIGLAS
EF – Educação Física
EFE – Educação Física Escolar
EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental
IDEB – Índice de Desenvolvimento Básico da Educação
JEIF – Jornada Especial Integral de Formação
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
PEA – Plano Estratégico de Ação
PIC – Projeto de Inclusão no Ciclo I
xii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ESQUEMAS
LISTA DE SIGLAS
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------1
2. OBJETIVO DA PESQUISA-----------------------------------------------------------------4
2.1. Etapas Intermediárias da Pesquisa --------------------------------------------------4
3. REVISÃO DE LITERATURA -------------------------------------------------------------5
3.1. Compreendendo a complexidade do cotidiano na escola pública---------------5
3.2. Compreendendo a complexidade da Educação Física no cotidiano da escola
pública----------------------------------------------------------------------------------------------15
3.2.1. Tendências pedagógicas e propostas curriculares nas aulas de Educação
Física Escolar--------------------------------------------------------------------------------------16
3.2.2. Cotidiano escolar nas aulas de Educação Física--------------------------------25
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS---------------------------------------------31
4.1. Natureza da Pesquisa------------------------------------------------------------------31
4.2. Região de Inquérito--------------------------- ----------------------------------------31
4.3. População e Amostra------------------------------------------------------------------31
4.3.1. Critérios de Inclusão de quem responde pela Direção da Escola, que também
será-Sujeito da pesquisa.-------------------------------------------------------------------------32
4.3.2. Critérios de Exclusão de quem responde pela Direção da Escola, que
também será-Sujeito da pesquisa.---------------------------------------------------------------32
4.3.3. Critérios de Inclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da pesquisa--
-------------------------------------------------------------------------------------------------------33
4.3.4. Critérios de Exclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da pesquisa-
-------------------------------------------------------------------------------------------------------33
4.3.5. Critérios de Inclusão dos Professores-Sujeitos da pesquisa-------------------33
xiii
4.3.6. Critérios de Exclusão dos Professores - Sujeitos da pesquisa-----------------34
4.3.7. Técnicas, instrumentos e procedimentos para coleta e análise das
informações----------------------------------------------------------------------------------------34
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS------------------------------------36
5.1. Pré- Configuração do Universo da Pesquisa---------------------------------------36
5.1.1. Configuração da escola pesquisada-----------------------------------------------36
5.2. Inserção no Campo da Pesquisa-----------------------------------------------------40
5.2.1. Síntese das entrevistas--------------------------------------------------------------41
5.2.2. Matrizes Nomotéticas dos fatores que dificultam a implementação da
proposta curricular de EF de acordo com a o Diretora, Coordenadores Pedagógicos e
Professores de EF---------------------------------------------------------------------------------56
5.2.3. Observações do Cotidiano Escolar (Fatores Dificultadores)----------------- 60
5.2.4. Levantamento dos principais fatores dificultadores da proposta curricular de
EF do município de São Paulo-----------------------------------------------------------------100
5.2.5. Matrizes Nomotéticas dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF de acordo com a o Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores
de EF----------------------------------------------------------------------------------------------102
5.2.6. Observações do cotidiano escolar (Fatores Facilitadores)-------------------105
5.2.7. Levantamento dos principais fatores facilitadores da proposta curricular de
EF do município de São Paulo----------------------------------------------------------------120
5.3. Re-configuração do universo da pesquisa----------------------------------------122
5.3.1. Fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo------------------------------------------------------------------------123
5.3.2. Fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo------------------------------------------------------------------------129
5.3.3. Considerações do processo de Re-configuração do universo da pesquisa------
-----------------------------------------------------------------------------------------------------132
5.3.4. Matrizes Nomotéticas das sugestões de mudança para uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo com
a Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF-----------------------------134
6. COMPREENSÃO DO COTIDIANO ESCOLAR – FATORES QUE
DIFICULTAM E FACILITAM A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA
CURRICULAR DE EF DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO------------------------138
xiv
6.1. Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo------------------------------------------------140
6.1.1. Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo------------------------------------------------163
6.2. Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo------------------------------------------------165
6.2.1. Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo-------------------------------------------------177
6.3. Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo--------------------------------------179
6.3.1. Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação
da proposta curricular de EF do município de São Paulo----------------------------------191
7. CONSTRUÇÃO COLETIVA DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF DO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO-------------------------------------------------------------194
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS-------------------------------------------------------------196
9. REFERÊNCIAS-----------------------------------------------------------------------------199
APÊNDICE A – Termo de Autorização e Responsabilidade da Instituição para a
realização da pesquisa---------------------------------------------------------------------------208
APÊNDICE B – Termo de Consentimento para o Professor de Educação Física,
Coordenadores Pedagógicos e Diretora------------------------------------------------------214
APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista com Professores de Educação Física,
Coordenadores Pedagógicos, Diretora e Idealizador da proposta curricular de Educação
Física do município de São Paulo-------------------------------------------------------------218
APÊNDICE D – Transcrição das Entrevistas com o Idealizador da proposta curricular
de EF do município de São Paulo, Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores
de EF----------------------------------------------------------------------------------------------223
APÊNDICE E – Unidades de Significado retiradas das entrevistas---------------------285
APÊNDICE F – Transcrição das Observações realizadas no Cotidiano Escolar------301
APÊNDICE G – Reivindicações da greve e discussão dos professores-----------------337
xv
APRESENTAÇÃO
Minha história com a Educação Física Escolar começa aos quatorze anos,
quando ouvi o paraninfo da minha turma de formatura da 8º série fazendo o seu
discurso sobre a importância do processo educacional na vida das pessoas. Aos quinze
anos comecei a freqüentar uma academia de musculação e lá conheci um profissional
que me levou a escolher a Educação Física como área de formação.
Aos dezoito anos ingressei no Ensino Superior e desde a primeira leitura do livro
da professora Suraya Cristina Darido intitulado Educação Física Escolar: Questões e
Reflexões, me apaixonei pelos debates e possibilidades didáticas de atuação no
ambiente escolar. Participei de dois processos de iniciação científica na Universidade
São Judas Tadeu durante a graduação estudando a prática pedagógica da Educação
Física Escolar. No CELAFISCS – Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de
São Caetano do Sul, realizei o curso de formação básica de Pesquisador em Ciências do
Esporte também estudando aspectos relacionados à prática pedagógica escolar.
Durante todo o curso de graduação tive a oportunidade de trabalhar em um
projeto de extensão na Universidade São Judas Tadeu onde ensinávamos esportes para
alunos em situação de risco social. Nesse projeto aprendi a ser professor por conta dos
ensinamentos de dois docentes da Universidade que nos ensinaram todos os seus
conhecimentos pedagógicos para atuarmos em contextos educacionais.
Após o término do bacharelado e da licenciatura em Educação Física, realizei
dois cursos de Especialização pela Universidade Gama Filho, um em Educação Física
Escolar e outro em Pedagogia dos Esportes Coletivos. Nesses cursos tive a possibilidade
de ouvir professores com visões diferentes sobre a prática pedagógica da Educação
Física na escola, o que me permitiu aprofundar a reflexão sobre as minhas concepções
sobre essa disciplina concebidas a partir da minha formação inicial.
Em 2010, tive a primeira oportunidade de atuar na escola pública como
professor de Educação Física no Estado de São Paulo. Fui contratado após realizar uma
prova e concorrer com diversos professores pelo processo de atribuição de aulas. Nessa
escola enfrentei uma realidade que jamais sonhei que enfrentaria. Deparei-me com
alunos com os quais tinha dificuldade de me relacionar e condições de trabalho distantes
daquilo que se considerado ideal. Pensei em desistir, mas essa experiência desafiadora
xvi
me fez entender o quanto a teoria e a prática muitas vezes estão distantes. Foi nessa
época que surgiu uma pergunta que me persegue desde então. Porque a prática
pedagógica na Educação Física Escolar pouco se altera depois de tantos debates
acadêmicos e construções de teorias para subsidiar o professor durante a sua prática
pedagógica?
Nesse mesmo ano passei no concurso da Prefeitura de São Paulo para atuar
como professor nas escolas municipais. Atuo, desde então, na mesma escola municipal,
a EMEF 19 de Novembro, onde tive a oportunidade de aprender sobre a realidade da
escola com diversos profissionais, além de desenvolver projetos em conjunto com
professores que alteraram a minha postura como educador. Realizei muitas experiências
nessa escola, tive muitas dificuldades com diversos fatores, mas também consegui
desenvolver unidades didáticas que me mostraram que aquela teoria que eu percebia tão
distante da realidade durante minha primeira experiência como educador já não estava
mais tão distante assim da realidade vivida nesse momento.
No ano de 2011 fui aprovado no concurso do Estado de São Paulo e atuo como
professor na escola em que ingressei até hoje. Novamente enfrentei uma realidade bem
complicada, onde muitas vezes não consigo colocar em prática muitas das concepções
de ensino da Educação Física Escolar que possuo. Nesse mesmo ano também tive a
oportunidade de realizar minha segunda especialização que ampliou diversos dos meus
pensamentos sobre o esporte no contexto escolar.
Nesses três anos como professor de Educação Física, atuando na escola pública,
sou orientado a me embasar em propostas curriculares com diferentes bases ontológicas,
epistemológicas e estratégias metodológicas para ensinar os conteúdos para os alunos.
Ao mesmo tempo em que sou direcionado a seguir essas propostas, enfrento uma
realidade com muitos fatores que dificultam a minha prática pedagógica. Nesse
contexto, troquei experiências com muitos profissionais que vivem as mesmas
dificuldades e anseios que passo em todos os dias em que atuo como professor. Todas
essas experiências fizeram que buscasse o curso de Mestrado para estudar a prática
pedagógica do professor de Educação Física da escola pública. Depois de muitas
discussões com a minha orientadora surgiu a questão – Quais são os fatores que
dificultam e quais são os fatores que facilitam a implementação das propostas
curriculares de Educação Física dentro das escolas públicas?
Tentei estudar essas questões dentro das escolas estaduais, mas não tive uma
resposta positiva. Foi negado o meu pedido para realizar a dissertação dentro das
xvii
escolas do Estado de São Paulo por algum motivo que não foi muito bem explicado. A
prefeitura de São Paulo aceitou a proposta da pesquisa e então surgiu o objetivo do
trabalho – Identificar e compreender, na perspectiva do professor de Educação Física,
diretor e coordenador e pedagógico os fatores que dificultam e os fatores que facilitam a
implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São Paulo.
1
1 - INTRODUÇÃO
Desde sua inserção nos currículos escolares brasileiros, a Educação Física (EF)
visou a atingir objetivos diferenciados, foi ensinada de diversas maneiras, trabalhou este
ou aquele conteúdo com mais ênfase e enfrentou momentos de crise.
Talvez na história de outros países não haja registro de tantas concepções e
abordagens de ensino tão diferenciadas como o que encontramos na Educação Física
escolar (EFE) brasileira. No Brasil, a década de 80 do séc. XX foi fértil no sentido de
confrontar algumas abordagens pedagógicas (BETTI, 1991; BRASIL, 1998; BROTO,
1995; COLETIVO DE AUTORES, 1993; FREIRE, 1989; GUEDES, 1999; GUEDES,
2006; KUNZ, 2001; LE BOULCH, 1983; TANI et al, 1988) e a crítica epistemológica e
metodológica a respeito da área foi muito além do contexto da EF desenvolvida nas
escolas.
Passados os primeiros anos em que se visualizaram o confronto e o debate entre
as diferentes abordagens pedagógicas, os governos em âmbito federal, estadual e
municipal lançam as propostas pedagógicas para suas redes de ensino. Já na entrada do
Século XXI, em São Paulo, as orientações pedagógicas recebidas tinham como pano de
fundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados pelo governo federal em 1997
e foram elaboradas e divulgadas a proposta para a EFE da Secretaria Estadual da
Educação e a da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
As propostas pedagógicas, voltadas para qualquer componente curricular,
sempre se encontram imbuídas da intencionalidade de divulgar um entendimento
específico sobre ser humano, sociedade, ensino e aprendizagem e, em decorrência disso,
direcionar a implantação de determinadas formas de ensinar que estejam de acordo com
tais ideários social e pedagógico do grupo que, na ocasião, se encontra no poder e,
consequentemente, levar os professores trabalharem para formar o tipo de homem e de
sociedade que esteja de acordo com tais ideários.
No entanto, mesmo sendo observadas as sucessivas alterações na maneira de se
entender como devem ser realizadas as aulas de EFE, há indícios que as mudanças que
ocorrem na prática pedagógica dos professores, via de regra, não alcançam a
profundidade e a magnitude desejada pelos proponentes das diretrizes pedagógicas
oficiais, o que nos leva a indagar a respeito de quais seriam os fatores que facilitam e
quais são os que dificultam a mudança de crenças educacionais e da didática dos
professores.
2
Infelizmente, ainda podemos constatar exemplos de professores que, a despeito
de tomarem conhecimento de propostas pedagógicas, continuam a não dar importância
aos seus objetivos educativos e apenas entregam os materiais para os alunos durante o
tempo destinado às aulas, permanecendo como mero observador, sem exercer qualquer
tipo de intervenção pedagógica.
Poucos estudos mostram uma pequena alteração na prática pedagógica dos
professores, principalmente aqueles que realizam formação contínua, têm formação
mais recente e conseguem ter uma infra-estrutura boa de trabalho. Além de alguns
estudos de caso que vêm demonstrando uma prática renovadora de alguns docentes
(BARROS e DARIDO, 2009; COSTA e NACIMENTO, 2006; ERVATTI, 2000;
FIORANTE e SIMÕES, 2005; FONSECA e FREIRE, 2006; FREIRE et al, 2010;
MENEZEZ e VERENGUER, 2006; MENEZEZ e VERENGUER, 2010; GALVÃO,
2002; MALDONADO et al, 2010; MOTA et al, 2010; NEIRA e NUNES, 2009;
OLIVEIRA e RAMOS, 2008; RODRIGUES e DARIDO, 2008; ULASOWIZ e
PEIXOTO, 2004).
Parece-nos incoerente, para não dizer estarrecedor, constatar que a prática
pedagógica de muitos professores de EFE permanece tão distante do avanço encontrado
em termos de fundamentação teórica que a área registrou nas três últimas décadas. Essa
constatação reforça a necessidade de responder ao questionamento sobre quais seriam
os fatores que facilitam e quais os que dificultam a implementação de novas propostas
pedagógicas, do ponto de vista do professor de EF, diretor e coordenador pedagógico no
contexto da escola pública.
Essa discussão específica sobre a escola pública se torna extremamente relevante
no século XXI. Com a tentativa de universalização do ensino para todas as camadas
populares, muitos setores da sociedade começaram a reconhecer a importância da
instituição escolar pública, que acabou perdendo seu caráter meramente educativo ao
longo dos anos. Essas alterações tornaram o ambiente escolar muito complexo, pois os
alunos que passaram a frequentar essa escola não pertencem mais ao mesmo grupo
social, os jovens são muito diferentes com toda a evolução tecnológica, os pais desses
adolescentes muitas vezes também ocasionam diversos confrontos com o corpo docente
e administrativo dessas escolas, além de todos os interesses políticos envolvidos nesse
processo.
Nossa trajetória profissional em escolas públicas nos fez enxergar que há
dificuldades enfrentadas pelos professores quando se trata de efetivar sua prática
3
pedagógica. Diversos colegas de profissão relatam problemas em suas escolas muito
parecidos com aqueles que vivenciamos, porém, cada docente resolve as situações de
forma diferente, encontrando soluções a partir da sua própria história de vida, utilizando
os recursos dos quais dispõe, lidando com as mais diferentes situações e crenças
presentes no complexo do cotidiano escolar, e, quando possível, fazendo aquilo que
realmente apresenta significado para eles. Dessa forma, acreditamos que seja importante
diagnosticar os fatores que facilitam e que dificultam a prática pedagógica de
professores de EFE que atuam em escolas públicas para ouvir as vivências desses
docentes que atuam cotidianamente com os alunos, gerando um conhecimento
importante tanto para os professores que estão nas escolas e necessitam refletir sobre
seu contexto de trabalho, como para aqueles que ainda estão passando pelos cursos de
formação e poderão ingressar, brevemente, como docentes nas escolas. Além disso, a
nossa intenção é mostrar quais são as principais dificuldades vivenciadas por esses
professores para compreender a prática pedagógica nas aulas de EFE.
Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi, identificar e compreender, na
perspectiva do professor de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que
dificultam e os que facilitam a implementação de propostas pedagógicas emanadas dos
órgãos oficiais em nível municipal.
4
2 - OBJETIVO DA PESQUISA
Identificar e compreender, na perspectiva do professor de EF, diretor e
coordenador pedagógico os fatores que dificultam e os que facilitam a implementação
de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos oficiais em nível municipal.
2. 1 - ETAPAS INTERMEDIÁRIAS DA PESQUISA
a) Identificar, na literatura, os fatores condicionantes da atuação do
professor no contexto escolar, com especial destaque para o professor
de EF;
b) Identificar no cotidiano escolar e no depoimento de professores, diretor e
coordenador pedagógico fatores relacionados à implementação de
diretrizes curriculares oficiais;
5
3 - REVISÃO DE LITERATURA
3.1 – COMPRENDENDO A COMPLEXIDADE DO COTIDIANO NA ESCOLA
PÚBLICA
Entendemos o cotidiano escolar como um ambiente extremamente complexo,
onde fatores econômicos, políticos, estruturais, motivacionais, entre tantos outros, se
relacionam como uma teia, tornando esse um espaço extremamente difícil de ser
compreendido, na perspectiva dos diferentes atores que dele fazem parte. Iniciaremos
esse capítulo relembrando um pouco dos detalhes históricos da educação no Brasil,
enfatizando principalmente para quem e para que a escola foi concebida e como as
mudanças ocorridas com a população que frequenta esse ambiente tornou ainda mais
complexo a convivência de toda a comunidade escolar. Tentaremos compreender
também como os professores estão lidando com a complexidade desse cotidiano e com
os alunos que passaram a frequentar os bancos escolares após a tentativa de
democratização do ensino.
Ensinar é uma arte tão antiga quanto a humanidade, porém é possível identificar
o início da profissão docente há mais de 300 anos em um contexto sócio-político bem
específico: desenvolvimento da urbanização, fortalecimento das cidades, o
questionamento da aristocracia, o aparecimento da burguesia revolucionária e suas lutas
por democratização com a intenção de que houvesse ensino sistematizado para toda a
população (PENIN, 2009).
As primeiras iniciativas de educação em nosso país, implementadas pelos
colonizadores portugueses, ocorreram no período caracterizado como Brasil Colonial e
tiveram inicio com os primeiros padres jesuítas que chegaram a Salvador, na Bahia, em
1549. A função dos jesuítas era de cristianizar os indígenas e difundir entre eles os
valores da civilização ocidental cristã (LEITE e DI GIORGI, 2011).
Em 1759, Marques de Pombal expulsa os jesuítas do Brasil, provocando ruptura
em toda a organização de ensino instaurada na época colonial, iniciando outro momento
na história da educação brasileira, quando entra em cena o poder público estatal como
agente responsável pelos novos rumos educacionais, porém, isso não se traduziu em
fatos. Não existem evidências de que as iniciativas de instrução pública tenham ocorrido
no Brasil nesse período (LEITE e DI GIORGI, 2011).
6
Com a chegada da família real portuguesa no Brasil, em 1808, modificou-se o
cenário educacional para atender a demanda de alunos da aristocracia portuguesa e
preparar quadros para as novas condições técnico-burocráticas. Importante ressaltar que
nesse processo não houve progresso e a relação com a educação elementar, uma vez que
as elites recebiam instruções em suas próprias casas, como ensino privado. Nesse
momento histórico já se percebe um ensino elementar precário e acesso a escola como
privilégio de poucos (LEITE e DI GIORGI, 2011).
Para Leite e Di Giorgi (2011) é a partir do império que o país começa a
reconhecer a importância do sistema escolar. Após a independência, iniciou-se a
discussão da situação precária da educação no país. Algumas escolas foram fundadas
nas províncias promovendo um pequeno processo de ensino elementar, quando se
comparava aos anos anteriores. Mesmo assim, durante todo o império, a educação
popular ainda se desenvolveu de forma precária. A educação do povo não tinha muita
importância para a estrutura social e econômica da época, mantendo o processo
educacional privilégio das elites.
Quando o Regime Republicano se insere no país começam a ser considerados
ideais liberais, favorecendo o crescimento da industrialização. Os vinte e cinco
primeiros anos do período republicano não se diferenciaram dos últimos do império. Os
grandes centros urbanos passaram a receber as elites e parte da classe média emergente,
ampliando as oportunidades educacionais para o nível médio e superior. O ensino
elementar começa a se desenvolver na região Centro-Sul do país devido ao
deslocamento do eixo econômico, porém, no plano geral, a educação ainda permanece
como benefício exclusivo das elites (LEITE e DI GIORGI, 2011).
Peregrino (2010) menciona que na sociedade escravocrata até as primeiras
décadas da república o processo educacional se dividiu em duas vertentes. Uma esteve
relacionada com o Ensino Superior para as elites, após as pessoas terminarem o ensino
secundário e o ensino profissional realizado em escolas agrícolas ou em escolas de
aprendizes de artífices destinado a formação de força de trabalho para as camadas mais
populares.
Dessa forma, há décadas que a escola é um ambiente onde poucos usufruíam de
seus benefícios, ou seja, apenas a classe social de poder econômico alto é que
frequentava os bancos escolares e, consequentemente, tinha acesso ao conhecimento
científico e humanístico. No Brasil, desde o tempo da Colônia até os anos 20/30 do
século XX, a educação foi mantida como privilégio de poucos (PENIN, 2009).
7
Após a 1º Guerra Mundial, as discussões sobre os problemas educacionais
voltam a ser debatidas, iniciando uma campanha contra o analfabetismo da população e
intensificando o movimento a favor da educação popular. As alterações das relações
sociais provocadas no Brasil com a extinção da escravatura e o fato do proletariado
iniciar a sua história no contexto brasileiro provocam a expansão do ensino elementar,
pois, na ótica da classe dominante, o ensino seria uma forma de controlar a população
em favor dos interesses do capital (LEITE e DI GIORGI, 2011).
No período de 1930 a 1945, a esfera educacional sofre reflexos nas mudanças do
regime político. Em seu programa de reconstrução social, o Presidente Getúlio Vargas
incluía em seu programa de reconstrução nacional a difusão do ensino público,
principalmente o profissionalizante, sendo observada a ampliação do ensino elementar
no final do Estado Novo (LEITE e DI GIORGI, 2011).
A Constituição de 1934 estabeleceu a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino,
porém somente na década de 1940 foram instituídos os sistemas estaduais de ensino que
iniciaram a organização e o atendimento à população começando um processo de
escolarização para pessoas que não faziam parte da elite (PENIN, 2009).
Essa mesma Constituição fixou bases para a política nacional de educação.
Nesse momento, a educação passa a ser reconhecida como direito de todos, devendo ser
o Ensino Fundamental (1º ciclo) gratuito e obrigatório, além de ser extensivo aos
adultos. Instituiu-se em 1992 o fundo educacional do ensino primário tornando
assegurada a universalização desse nível escolar. A Constituição Federal de 1946,
aprovada e liberada nos princípios liberais e democráticos, estabelece que a educação
seja direito de todos. Começa a se vivenciar uma política de Ensino Fundamental,
decorrente da pressão e da expansão da escolaridade desde 1930 (LEITE e DI GIORGI,
2011).
A migração de um número grande de pessoas para a cidade de São Paulo,
acentuada a partir da década de 50, ocasionou a falta de prédios escolares para abrigar
todos os alunos, entre outras carências. Em 1956 foi criado o ensino municipal
paulistano, ocasião em que a Prefeitura iniciava atividade independente do Estado na
oferta do ensino público para a população. Nesse momento houve uma grande
divergência entre esses dois níveis governamentais ocasionando certa falta de
planejamento e desorganização das construções escolares (PENIN, 2011).
Penin (2011) ainda aponta que, nas décadas de 70 e 80, foi presenciado um
aumento significativo na oferta de vagas nas escolas. Neste momento, os filhos das
8
pessoas com menor poder aquisitivo passaram a ter atendido o seu direito de frequentar
a escola pública. Essa democratização quantitativa ocorreu devido ao interesse do
governo em escolarizar a mão de obra necessária à produção industrial e devido às
reivindicações organizadas nos bairros periféricos.
Com a Constituição Federal de 1988 a presença do povo e a valorização da
cidadania e da sabedoria popular foram muito discutidas. Essa constituição estabelece
no ensino público o principio da gestão democrática, o dever do Estado em oferecer
creches e escolas para todas as crianças e o Ensino Fundamental gratuito para todos
(LEITE e DI GIORGI, 2011).
Penin (2011) ressalta que a democratização da escola pública aconteceu à custa
da diminuição do salário dos professores, da deteriorização das condições de trabalho,
da diminuição do rendimento escolar dos alunos e da diminuição das verbas para a
educação. A autora menciona que os alunos da escola pública (estadual e municipal)
apresentavam baixo rendimento escolar enquanto que as crianças e adolescentes que
frequentavam o ensino privado mantinham o mesmo rendimento dos anos anteriores. A
porcentagem de gastos que a União despendia a Educação também despencou após a
democratização do ensino, diminuindo pela metade os gastos do orçamento público
entre as décadas de 1960 e 1980.
Nesse contexto de abertura da escola pública para todas as classes sociais, é
iniciado um processo de revolução digital e da comunicação, forçando a escola a rever o
seu papel e os professores a pensarem em novas perspectivas para o currículo,
metodologia de ensino e respectiva avaliação. Nesse mesmo momento, principalmente
nos centros urbanos de classe média e mais populosos, é iniciado um movimento de
transferência dos alunos com melhor poder aquisitivo para as escolas particulares,
principalmente porque a escola pública apresenta dificuldades em lidar com as
mudanças na sociedade e por algum tipo de discriminação pela chegada de novos
alunos, filhos de pessoas pertencentes às classes menos favorecidas (PENIN, 2009).
Leite e Di Giorgi (2011) afirmam que do ponto de vista do desenvolvimento
econômico e do capital, foi necessário a ampliação das oportunidades educacionais,
mesmo que esse aumento de alunos na escola tenha ocorrido sem a melhoria da
qualidade do ensino. Mas, é de extrema importância ressaltar que pela primeira vez na
história do Brasil que a população trabalhadora passa a ser acolhida pela escola.
Cortesão (2002) aponta que essa nova população que passa a frequentar os
bancos escolares apresenta características muito diferentes das que anteriormente
9
estavam presentes no grupo sociocultural para o qual a escola tinha sido concebida,
composto por uma mistura de culturas e de situações socioeconômicas que até então não
eram observados nas escolas. Leite e Di Giorgi (2011) também ressaltam que a
população que passou a frequentar a escola mudou radicalmente, tornando-se um
ambiente onde todos os setores da sociedade se encontram, além de ser um campo de
repercussão de todas as tensões que conturbam a vida coletiva contemporânea.
Peregrino (2010) aponta em sua análise que a escola pública após a ampliação
do número de vagas para alunos com menor poder aquisitivo inicia um procedimento de
gestão da pobreza, com políticas públicas para esse fim, ocasionando uma reflexão
sobre a sua função social, que antes era enfaticamente educar. Para a autora inicia-se um
processo de “desescolarização da escola” no momento em que jovens e crianças que
sempre foram excluídos dessa instituição passam a freqüentar os bancos escolares por
um tempo prolongado.
Confirmando essa tendência de modificação das funções sociais da escola
pública, diversas políticas públicas foram colocadas em prática. Alves (2006) aponta a
importância da distribuição efetiva de merenda escolar, o recebimento de bolsas para as
famílias que tivessem seus filhos matriculados em escolas públicas e cumprissem alguns
critérios pré-estabelecidos, recebimento de tratamentos médico-odontológico e a
distribuição de materiais didáticos para o aumento do número de matrículas e a
manutenção dessas crianças e adolescentes nessa instituição escolar.
O autor também menciona que a escola se tornou um importante local de lazer e
convivência social, pois o espaço escolar muitas vezes é a única possibilidade de
realizar atividades prazerosas nos momentos de descontração. Dessa forma, a instituição
escolar pública assume mais essa função social para os filhos das camadas mais carentes
da população (ALVES, 2006).
Esse aumento do número de matrículas e a inclusão de alunos que antes eram
excluídos da escola pública de Ensino Fundamental, perspectivando a sua
universalização, trazem consigo diversos prejuízos, pois o que se expande é uma
mistura de escola com conteúdos degradados e o espaço de gestão da pobreza. A
instituição escolar pública começa a tentar cumprir diversas tarefas que antes não eram
de sua responsabilidade, tornando-se um ambiente degradado e uma instituição
assistencial. Importante ressaltar que todo esse processo traz consigo a manutenção de
alunos dentro do ambiente escolar que nunca antes tiveram chance de frequentá-lo
(PEREGRINO, 2010).
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Alves (2006) também demonstra preocupação em relação à violência que
adentra o ambiente escolar. Para o autor a violência de gangues e a criminalidade de
menores vêm aumentando demasiadamente no espaço escolar. Essa situação já faz com
que muitas pessoas na sociedade pressionem os políticos para colocar policiamento
dentro das escolas, tentando diminuir todo esse quadro, podendo dessa forma diminuir o
orçamento para a educação e aumentar as verbas de segurança pública para que se possa
colocar policiais para realizar a segurança no ambiente escolar público.
Diante de todos esses fatores, o professor passa a ter novos desafios com esta
nova população escolar, pois começa a conviver com alunos que tem valores diferentes,
vontades diferentes, além de ter que lidar com os valores veiculados por uma sociedade
elitista e capitalista, que tem no seu bojo novas perspectivas de vida e objetivos muito
diferentes daqueles com os quais os professores estavam acostumados a lidar no dia a
dia escolar, o que veio a alterar completamente o cotidiano escolar e torná-lo ainda mais
complexo.
Ribas et al (2003) menciona em suas reflexões que a escola pública encontra-se
afundada em uma tremenda crise ocasionada pelos sistemas econômico e político, que
interferem de fora para dentro do sistema escolar, embora sejam diversos os fatores
internos da própria escola que potencializam essa situação complicada
Diante dessa realidade, os professores necessitam elaborar e aplicar suas aulas
todos os dias. O seu cotidiano escolar é marcado por questões altamente complexas,
dificultando seu trabalho e o tornando resistente a qualquer tipo de mudança, por culpa
do próprio sistema escolar que impede muitas vezes práticas diferenciadas.
Para enxergamos o cotidiano escolar devemos prestar atenção em tudo o que
está acontecendo nele, fazendo uma reflexão sobre todas as questões que envolvem a
realidade escolar, principalmente no que ocorre no interior das salas de aula, que se
denomina de cotidiano de sala de aula. Mesmo não definindo o que seja cotidiano de
sala de aula, Macedo (2005) esclarece que a expressão está relacionada com observar,
orientar, regular, por parte do professor, o que acontece nesse ambiente, objetivando
uma melhor qualidade de ensino e aprendizagem. Sendo assim, para compreender o
cotidiano escolar, é necessário refletir sobre os acontecimentos da sala de aula, o que é
extremamente importante, pois nem sempre o que se vive na escola está escrito nos
livros (MACEDO, 2005)
Caldeira (1995) relata que o cotidiano escolar está relacionado com os saberes
produzidos na realidade pelos docentes, como, por exemplo, o conhecimento dos
11
alunos, a relação com cada uma das suas salas de aula, com cada uma das escolas que
atua e com a natureza do próprio processo educacional.
Nos estudos do cotidiano escolar busca-se entender como os professores agem
cotidianamente na busca de levar os seus alunos a aprendizagem, que elementos criam a
partir de suas redes de saberes, de práticas e subjetividades, como criam os seus fazeres
e desenvolvem as suas práticas em função do que são. Essa é, talvez, a questão central
nos estudos curriculares voltados para o cotidiano. Esses estudos dedicam-se a
compreender as práticas curriculares reais, entendo-as como complexas e relacionadas a
saberes e fazeres que, nem sempre ou mesmo raramente, constituem um todo diferente.
Isso significa que os professores tecem as suas práticas cotidianas a partir de redes,
muitas vezes contraditórias de convicções e crenças, de possibilidades e limites, de
regulação e emancipação. Do mesmo modo, as propostas curriculares formais que
chegam as escolas são formadas no seio das mesmas convicções, assumindo um caráter
mais ou menos regulatório ou emancipatório em suas diferentes proposições (ALVES e
OLIVEIRA, 2005).
Isso significa dizer que, em nossas atividades cotidianas, os currículos que
criamos misturam elementos das propostas formais e planejadas com as possibilidades
que temos de implantá-las e o acordo ou desacordo que temos sobre elas. Por sua vez,
essas possibilidades se relacionam com aquilo que sabemos e em que acreditamos, ao
mesmo tempo em que são definidas na dinâmica de cada turma, dos saberes dos alunos,
das circunstâncias de cada dia de trabalho. Ou seja, cada conteúdo de ensino,
repetidamente ensinado, ano após ano, turma após turma, vai ser trabalhado
diferentemente, em situações diferentes (ALVES e OLIVEIRA, 2005).
Ribas et al (2003) apontam que existem duas práticas cotidianas dos professores
com direções distintas:
- A primeira forma de atuar caminha na direção da mudança, possibilitando uma nova
organização da escola, oferecendo condições favoráveis para o ensino e para a
permanência dos alunos na escola. Os professores aplicam metodologias alternativas,
levando em conta experiências dos saberes populares e sistematizados.
- A segunda forma tem levado em consideração o macro sobre o microssocial, chegando
à conclusão que pouco ou quase nada pode ser feito ou mudado. Os professores
assumem práticas legalistas que cumprem prazos, planejamentos e produzem avaliações
rigorosas e seletivas.
12
A própria realidade da escola dificulta o desenvolvimento de propostas
inovadoras devido ao caráter extremamente burocrático e centralizador do sistema
escolar brasileiro, contribuindo para o imobilismo de todos os profissionais que atuam
na escola (RIBAS et al, 2003).
Rocha (2003) enfatiza que as dificuldades instaladas na realidade escolar para
que os professores consigam desenvolver práticas diferenciadas decorre das políticas
vigentes e sua normatização por parte dos órgãos responsáveis pela administração do
ensino. As orientações desses órgãos aos professores estimulam uma prática de rotinas e
comportamentos burocratizados controlados pelos órgãos centrais, impedindo qualquer
tentativa de criatividade e inovação, não esquecendo as condições precárias das escolas,
nos baixos salários dos professores, do desinteresse geral apresentados pelos alunos,
professores e demais participantes da comunidade escolar. O autor também relata ter
encontrado em diversas escolas instalações precárias, insuficiente qualidade de
formação profissional, dificuldades na relação professor-aluno e um caráter
extremamente autoritário do sistema escolar, ocasionando descrédito da escola.
André (2008) enfatiza que, para se compreender as vivências do cotidiano
escolar, é preciso estudá-lo com base em três dimensões: a institucional ou
organizacional, a instrucional ou pedagógica e a sociopolítica ou cultural. Elas devem
ser analisadas como uma unidade de múltiplas relações, tentando compreender a
dinâmica do cotidiano escolar.
A dimensão institucional ou organizacional considera os aspectos da prática
escolar. A partir dessa dimensão podemos compreender a organização do trabalho
pedagógico, as estruturas de poder e de decisão, os níveis de participação dos seus
agentes, a disponibilidade de recursos humanos e de materiais, resumindo, toda a rede
de relações que ocorrem no cotidiano escolar. Essa dimensão é normalmente afetada por
influências indiretas, como as políticas educacionais, as pressões e expectativas dos pais
e da população em relação a educação escolar, e mais diretas, como a posição de classe,
a bagagem cultural e os valores de cada pessoa que atua no contexto escolar (ANDRÉ,
2008).
A dimensão instrucional ou pedagógica se situa nas vivências escolares de
ensino nas quais se dá o encontro de professor-aluno-conhecimento. Nesse contexto se
inserem os objetivos e conteúdos de ensino, as atividades e o material didático, a
linguagem e outros meios de comunicação entre educador e educando, e as maneiras de
avaliação do ensino e da aprendizagem. Para estudar essa dimensão, leva-se em conta a
13
história de cada indivíduo que dela participa e as condições em que acontece a
apropriação do conhecimento, ou seja, deve se analisar a situação concreta de cada
aluno, de cada professor e a inter-relação do ambiente em que ocorre o ensino, além de
analisar os conteúdos e o trabalho em sala de aula (ANDRÉ, 2008).
A dimensão sociopolítica/cultural se situa em um contexto sociopolítico e
cultural mais amplo, portanto, aos determinantes macroestruturais da prática educativa.
Na análise dessa dimensão, são realizadas reflexões sobre o contexto histórico, sobre as
forças políticas e sociais e sobre as concepções e os valores presentes na sociedade,
buscando um nível mais profundo de investigação da prática escolar, considerando sua
totalidade e suas múltiplas determinações. Isso envolve caminhar da prática para a
teoria e da teoria para transformação da prática (ANDRÉ, 2008).
Por envolver questões complexas, analisar o cotidiano da sala de aula se torna
muito difícil, pois se trata de um tema que, ainda que muito presente, é distante das
nossas reflexões e comumente tratado de forma genérica pela literatura (MACEDO,
2005).
Esse tema é muito importante, pois, questões como indisciplina, violência e
depredação da escola, dificuldades de atenção às aulas, desinteresse, pouco tempo para
abordar os conteúdos que devem ser ensinados, são tratados como produto da
incompetência do professor. Além disso, questões salariais, poucas ou precárias
condições de trabalho e falta de recursos quase sempre estão presentes na realidade dos
docentes.
Apesar de, frequentemente, serem constatados tais problemas, a solução para
eles ainda parece distante. Em relação a isso, Zagury (2009) afirma que, no Brasil, as
mudanças na Educação têm ficado apenas no papel e dentro da lei, porém, no contexto
real da sala de aula, o professor não recebe o treinamento que necessita para alterar a
sua prática pedagógica com segurança. Além disso, os aportes necessários de infra-
estrutura física, material ou os equipamentos que poderiam possibilitar alguma chance
de sucesso ficam longe de chegar ao contexto real dos professores.
Tais afirmações de Zagury (2009) são embasadas por um estudo que realizou
com o objetivo de colher dados concretos sobre o pensamento do professor brasileiro
que atua em sala de aula e, dessa maneira, compreender melhor os problemas que o
professor encontra no contexto real da prática pedagógica. A pesquisa abrangeu 42
cidades, em 22 estados brasileiros, totalizando 1.172 entrevistas com professores de
Ensino Fundamental e Médio de diversas disciplinas, sendo a maioria do sexo feminino,
14
com grande experiência docente e com atuação na rede pública de ensino. Os resultados
mostraram que a maior dificuldade dos professores foi manter a disciplina em sala. Isso
ocorreu, principalmente, porque os alunos não têm limites, são rebeldes, agressivos e
faltam com respeito ao professor, comumente atribuídos a problemas oriundos da
própria família do estudante como excesso de liberdade concedida ao estudante, falta de
compromisso, interesse e apoio da família a ele, falta dos quesitos básicos de educação
que deveriam ser providos pela família.
A segunda maior dificuldade se refere à falta de interesse e motivação dos
alunos, alunos dispersos, presença de outras motivações mais fortes, no entanto alheias
à sala de aula, falta de reconhecimento e valorização da importância da escola ou do
estudo por parte dos alunos e, novamente, se menciona a falta de compromisso,
interesse e apoio da família ao estudante como uma das causas que interfere no seu
comportamento. Não fosse suficiente esse quadro complexo para configurar o problema,
os professores ainda referiram sua dificuldade em encontrar formas e recursos para
motivar esses alunos. Outras dificuldades mencionadas se referiram a realizar a
avaliação dos alunos, manterem-se constantemente atualizados, escolher a metodologia
adequada a cada unidade ou aula, usar recursos audiovisuais, dificuldade em trabalhar
com classes numerosas, e, novamente, a falta de participação e interesse dos pais em
relação ao que acontece na escola (ZAGURY, 2009).
Nesse contexto, Zagury (2009) ainda menciona que o professor se torna refém
de um sistema muito complexo, não conseguindo realizar a sua prática pedagógica da
forma como gostaria, devido a inúmeros fatores como: falta de empenho e vontade
política; uso inadequado de verbas públicas; precariedade de instalações e infra-
estrutura, remuneração docente inqualificável; má compreensão e distorção das novas
linhas pedagógicas devido à escassez ou inexistência de treinamento docente adequado,
no processo de implantação dessas linhas; falta de experimentação prévia das novas
propostas por meio de projetos-piloto e o raro acompanhamento dos resultados de cada
nova proposta implantada.
O professor também se torna refém do tempo, ou seja, ele necessita de certa
quantidade de tempo para superar deficiências de sua formação inicial, para atender às
pressões internas que sofre do sistema que o impulsionam a implantar técnicas e
métodos que lhe exigem dedicação quase individual ao aluno; para realizar uma
avaliação qualitativa conforme se preconiza atualmente, para desenvolver maneiras de
lidar com aqueles alunos que, em muitos casos, o enfrentam e desafiam abertamente,
15
para aprender a lidar com a família dos alunos, que não apresenta autoridade perante os
filhos e pressiona a escola para fazê-lo em seu lugar, enfim, para responder aos desafios
e obstáculos apresentados pela sociedade, que volta e meia, surpreende professores e
gestores com medidas cautelares, mandatos de segurança e processos. São, portanto,
muitos problemas e pressões que exigem tempo para seu bom atendimento, um tempo
do qual, infelizmente, o professor não dispõe (ZAGURY, 2009).
Diante do exposto, acreditamos que o cotidiano escolar deve ser compreendido
levando em conta a sua complexidade. Como vimos, diversos fatores interferem na
prática pedagógica dos professores. As mudanças que ocorreram na educação do Brasil
nos ajuda a enxergar como o cotidiano de sala de aula foi se tornando complexo.
Também observamos que esse cotidiano deve ser entendido pelas dimensões:
institucional ou organizacional, instrucional ou pedagógica e sociopolítica ou cultural,
impossibilitando qualquer tentativa simples de compreender esse contexto.
Identificamos também a importância de ouvir os professores e todos que participam da
instituição escolar para tentar entender todos os fatores que interferem no complexo
desse cotidiano.
3.2 - COMPREENDENDO A COMPLEXIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO
COTIDIANO DA ESCOLA PÚBLICA
A disciplina de EF faz parte do currículo escolar desde o século XIX. Desde a
sua inserção na escola até os dias atuais, a forma de se pensar esse componente
curricular se alterou muitas vezes, desde propostas no plano teórico que ganharam força
dentro da escola e se efetivaram em práticas pedagógicas, até teorias que nunca saíram
do papel. Nossa intenção, neste capítulo, é mostrar quais foram as principais tendências
que surgiram e como se efetivaram dentro das aulas de EFE, as alterações na legislação
escolar vigente que alterou a forma de se entender e realizar a EF no ambiente escolar,
além de identificar aspectos do cotidiano escolar vivenciados pelos professores que
estão ministrando aulas na escola básica no contexto atual em que a escola está inserida
como elementos que auxiliam nossa reflexão sobre a construção e possíveis implicações
para a implementação da proposta curricular municipal que é objeto dessa pesquisa.
Pretendemos também compreender como todas essas tendências que surgiram e fazem
parte da formação profissional, as alterações na legislação e a realidade vivenciada
16
pelos professores na escola pública, com todas as alterações que ocorrem na sociedade
ao longo dos anos, tornou o cotidiano da escola complexo, durante as aulas de EF.
3.2.1 – TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E PROPOSTAS CURRICULARES NAS
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Em 1851, a EF foi incluída como matéria no currículo escolar, em 1854, a
ginástica passou a ser disciplina obrigatória no Ensino Fundamental e a dança no Ensino
Médio, mas foi a partir de 1920 que os Estados começaram a incluir a EF nas suas
reformas educacionais, frequentemente denominando esse componente curricular de
ginástica (BETTI, 1991).
Castellani Filho (1988) aponta que foram muitos os esforços para que a EF
passasse a fazer parte da grade curricular na escola. Para que isso ocorresse, o Parecer
de Rui Barbosa no projeto de número 224, denominado “Reforma do Ensino Primário e
várias instituições complementares da Instrução Pública” deu espaço à EF na escola,
instituindo desde uma sessão especial de ginástica realizada em horário distinto ao do
recreio e depois das aulas, estendendo aos professores de ginástica os mesmos direitos
dos professores das demais disciplinas escolares.
Bracht (1999) menciona que a entrada da EF no ambiente escolar foi
intimamente influenciada pela instituição militar e pela medicina. O propósito principal
dessa disciplina na escola era educar o corpo para a saúde, sendo ressignificada em uma
perspectiva nacionalista/patriótica.
A partir de 1930, a EF é marcada pela fase higienista. Essa fase apresentou como
preocupação central o desenvolvimento de hábitos de higiene e saúde e o objetivo de
promover o desenvolvimento físico e moral por meio do exercício físico. Neste
momento histórico, todas as aulas de EF eram ministradas por militares e passou a ter
como objetivo primordial formar pessoas disciplinadas e obedientes à realidade social
da época (COLETIVO DE AUTORES, 1993).
Os higienistas definiram criar o corpo saudável, robusto e harmonioso
organicamente, em oposição ao corpo relapso, flácido e doentio, na pretensão, que essa
forma de corpo, representa-se uma classe e uma raça, e destinaram à EF esta missão. Na
interpretação de Castellani Filho (1988), pode-se dizer que a busca desse tipo de corpo
pode ter colaborado para incentivar o racismo e os preconceitos, explorando, em nome
da superioridade racial e social da burguesia branca, todas as pessoas que não tinham
17
essa estrutura corporal higienista. Portanto, os médicos higienistas, através da
disciplinarização do físico, do intelecto, da moral e da sexualidade visavam multiplicar
os indivíduos brancos politicamente adeptos da ideologia nacionalista (CASTELLANI
FILHO, 1988).
Neira e Nunes (2008) relatam que na fase higienista a sistematização das
práticas corporais ocorre com o surgimento dos métodos ginásticos propostos pelo
sueco P. H. Ling, pelo francês Amoros e pelo alemão Spiess. Para os autores, esse
momento na escola pode ser nomeado como currículo ginástico.
Para Darido (2004), tanto a concepção higienista, como a militarista,
consideravam a EF uma disciplina essencialmente prática, não necessitando de
fundamentação teórica para lhe dar suporte. Sendo assim, naquele momento, não era
preciso dominar conhecimentos teóricos para ensinar os conceitos da disciplina,
bastando ter sido um praticante das atividades propostas.
Bracht (1999) discorda desse ponto de vista, acreditando que nesse momento
existia um predomínio das ciências naturais como conhecimento fundamentador da EF.
A reflexão pedagógica da EFE estava voltada para a intervenção educativa sobre o
corpo, apoiado nos conhecimentos da biologia, contribuindo para o desenvolvimento da
aptidão física e, posteriormente, da aptidão esportiva.
Logo após as Grandes Guerras, começa a surgir o modelo esportivista na EFE,
sendo o rendimento esportivo, os recordes, a competição ao extremo e a vitória no
esporte como sinônimo de sucesso pessoal os principais aspectos abordados pelos
professores. Nesse momento, a pedagogia tecnicista era a que mais permeava as aulas
dos professores de EF (COLETIVO DE AUTORES, 1993).
Caparroz (2007a) relata que as aulas eram pautadas pela biologização do
movimento humano, sendo realizadas por práticas desportivizadas, visando à formação
de atletas e o desenvolvimento da aptidão física. Portanto, a EF voltava-se para a
construção de um corpo ordeiro, disciplinado, forte, garantindo saúde e aptidão física ao
trabalhador, preparando-os para as exigências técnicas do trabalho, formando um ser
humano alienado da discussão das questões sociais. Além disso, as aulas eram
carregadas de autoritarismo, característica herdada da influência militar.
Segundo Betti (1991), entre 1969 e 1974, o Brasil observa a associação do
esporte com a EF por meio de uma estratégia do Estado. Nessa época, a ditadura militar
está implantada no país e os militares passam a investir fortemente no esporte. O Brasil
começa a participar de competições de alto nível da maneira concreta. Essa estratégia do
18
Estado de conciliar EF e esporte serviu para alienar as pessoas, pois a ditadura militar
era muito forte no país e os governantes conseguiam fazer o que queriam sem
manifestação da população, muitas vezes mais preocupada com a Copa do Mundo do
que com os problemas que ocorriam naquele momento.
Castellani Filho (1988) amplia a discussão apontando que o Estado tenta
reprimir os movimentos estudantis, promovendo o esporte para desviar as atenções dos
estudantes das questões de ordem sociopolítica, apelando para repressões violentas de
ordem física e ideológica.
Taborda de Oliveira (2004) menciona que, durante a ditadura militar, a EF no
Brasil foi pensada em uma perspectiva de controle social e a disciplina na escola
confundia-se com a formação moral. O esporte era o principal conteúdo, pois constituía
a coroação de um mundo em competição, concorrência, liberdade, vitória e
consagração, sendo sugerido de forma exclusiva pelos órgãos oficiais para a EFE,
carregando a simbologia de um mundo de lutadores e vencedores.
A EF na escola se reduzia ao ensinamento de poucos esportes e de algumas
poucas técnicas esportivas. Os programas escolares tinham como objetivo o rendimento,
o alcance dos objetivos instrucionais por meio do desenvolvimento das habilidades
esportivas e a forma adotada para ministrar as aulas não permitia quase nenhuma
autonomia para o professor (TABORDA DE OLIVEIRA, 2004).
Beltrami (2001) relata que a EF virou sinônimo de desporto, tanto dentro da
escola, como fora dela. O esporte tinha fins educacionais porque poderia inspirar o
espírito de disciplina e a lealdade. Além disso, nos anos 70, existia um intuito de
melhorar a prática esportiva no Brasil.
Com essa finalidade, foi promulgada a Lei nº 6.251, de 8 de outubro de 1975,
que, em seu artigo 5º reza que o Poder Executivo definiria a Política Nacional de EF e
Desportos, com os seguintes objetivos básicos: 1- Aprimoramento da aptidão física da
população; 2- Elevação do nível de desportos em todas as áreas; 3- Implantação e
intensificação da prática dos desportos de massa; 4- Elevação do nível técnico-
desportivo das representações nacionais; 5- Difusão dos desportos como forma do
tempo de lazer. Pensavam que, para que esses objetivos fossem atingidos, o melhor
espaço para expandir essas práticas era dentro da escola (BELTRAMI, 2001)
Segundo Bracht (2000/1), o esporte foi escolarizado devido a diversos
interesses: o interesse do sistema esportivo de conquistar consumidores e ajudar na
produção de futuros atletas, o interesse do poder público de que o país fosse bem
19
representado em competições internacionais. É importante ressaltar que, para esses
interesses serem atendidos, o esporte escolar deveria ser ensinado com a maior
proximidade possível do esporte realizado com o objetivo de alto rendimento.
Para Bracht (1999), a pedagogia da EF incorporou o esporte sem ter necessidade
de alterar seus princípios fundamentais, além dessa “nova” técnica corporal estar
diretamente envolvida com diversas questões políticas. Portanto, um dos objetivos
claros da EF naquele momento, era preparar o os brasileiros para representar o país no
campo esportivo internacional. O autor ainda menciona que tanto a ginástica como o
esporte tem como objetivo melhorar o funcionamento orgânico (para melhorar o
rendimento no esporte ou o desempenho produtivo), tendo como conhecimento
incorporado pela EF para a realização da sua tarefa no ambiente escolar aquele que
provém das ciências naturais (biologia e suas mais diversas especialidades, auxiliadas
pela medicina).
A EF tinha um papel fundamental no projeto defendido pelos militares no Brasil.
Essa importância estava relacionada com o desenvolvimento da aptidão física
(considerada importante para a capacidade produtiva da classe trabalhadora da nação) e
o desenvolvimento do desporto (contribuição para colocar o Brasil no ranking das
nações desenvolvidas e melhorar o nível de aptidão física da população) (BRACHT,
1999).
No final da década de 70 e início dos anos 80 o modelo esportivista começa a ser
muito criticado pelo meio acadêmico. As críticas que estavam sendo feitas na época
realizavam apenas uma denúncia da maneira que as aulas de EF estavam sendo
ministradas na escola, sem que houvesse uma análise mais concreta das práticas
pedagógicas. Logo após, surgem uma diversidade de propostas que sugerem que a
prática pedagógica seja elaborada a partir de uma práxis para a construção de um “corpo
democrático”, do “movimento livre”, do “corpo como instrumento de libertação do
homem”, da “consciência corporal”, da “expressão corporal, da “percepção dos signos
sociais do corpo”, da “percepção dos condicionantes sócio-históricos que determinam
os diferentes tipos de concepção do corpo na sociedade” (CAPARROZ, 2007 a)
O surgimento das ciências do esporte também possibilitou críticas às aulas
voltadas apenas para a prática esportiva, pela falta de conhecimento científico dos
professores para fundamentar a sua prática. A partir disso, a EF passa por um período de
valorização dos conhecimentos produzidos pela ciência. Nesse momento rompe-se, ao
menos em nível de discurso, a valorização excessiva do desempenho como objetivo
20
único da escola e começam a surgir propostas concretas para uma prática pedagógica
diferenciada durante as aulas de EFE nomeadas de Abordagens da EF (DARIDO, 2003;
NEIRA, 2007).
No “chão das escolas”, essa crítica maciça do modelo esportivista ocasionou
outro extremo. Darido e Sanchez Neto (2008) apontam que nesse momento as aulas de
EF passaram a ser pautadas nas decisões dos alunos sobre os conteúdos, escolhendo o
jogo e a forma como queriam praticá-lo, e o professor passou a entregar os materiais e a
anotar o tempo das aulas, sem demais intervenções. Essa forma de ministrar as aulas no
contexto escolar foi chamada de recreacionista por Elenor Kunz em seu livro
Transformação Didático-Pedagógica do Esporte publicado em 2001, porém, não foi
defendida por professores, estudiosos ou acadêmicos por soar, muito mais, como um
desvio pedagógico devido à omissão do professor em mediar a aprendizagem do aluno,
apesar de, infelizmente, ainda ser presente no contexto escolar.
Darido e Sanchez Neto (2008) ainda mencionam que em meio há todas as
críticas voltadas para o modelo esportivista e o surgimento desse modelo
“recreacionista” de ministrar as aulas, outros fatores influenciaram para que surgissem
diferentes Abordagens/Concepções Pedagógicas. Para os autores, passaram a existir
movimentos instituídos de organização civil, que solicitavam participação direta nas
eleições do Poder Executivo, principalmente da presidência da República. Esses
movimentos contavam com uma parte de professores e acadêmicos da área de EF;
começou a existir liberdade efetiva na comunidade acadêmica para pesquisar todas as
áreas de conhecimento científico e filosófico, mesmo aquelas relacionadas às tendências
que eram opostas ao regime do governo; e iniciaram-se encontros e debates entre
profissionais e acadêmicos promovidos pelas instituições criadas para representar os
interesses da EF, baseadas, cada uma, em concepções diferentes da área.
Bracht (1999) aponta que a partir da década de 1980 as ciências sociais e
humanas começam a entrar na construção das teorias pedagógicas da EF, surgindo uma
análise crítica do paradigma da aptidão física. Para o autor, nesse momento nasce o
movimento renovador da EF brasileira, onde muitos docentes procuram programas de
pós-graduação. Com a influência desses professores a EF passa a incorporar discussões
pedagógicas influenciadas pelas ciências humanas, principalmente a filosofia e a
sociologia da educação de orientação marxista.
Em um primeiro momento as análises realizadas pelos professores que faziam
parte desse movimento renovador da EF brasileira apenas realizavam denúncias sobre a
21
maneira de ministrar as aulas de EF na escola, após quase quinze anos de discussões, já
é possível identificar um conjunto de propostas com diferenças importantes (BRACHT,
1999).
Azevedo e Shigunov (2000) relatam que as Abordagens Pedagógicas da EF são
definidas como movimentos que tentam uma renovação teórico-prática com o objetivo
de estruturar o campo de conhecimentos específicos da EFE. Grespan (2002) diz que
todas as Abordagens de EFE foram criadas em oposição às concepções higienista,
militarista, tecnicista, esportivista e biologicista da EF. Todas as abordagens mostram
estratégias diversificadas tentando propor uma EFE com enfoque na formação integral
do aluno, focando conhecimentos historicamente construídos e não discriminatórios.
Darido (2003) descreve que as principais Abordagens Pedagógicas da EFE são:
Abordagem Desenvolvimentista; Abordagem Construtivista-Interacionista; Abordagem
da Psicomotricidade; Abordagem Crítico-Superadora; Abordagem Sistêmica;
Abordagem Crítico-Emancipatória; Abordagem Cultural; Abordagem dos Jogos
Cooperativos; Abordagem da Saúde Renovada; Abordagem dos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Todas essas propostas foram desenvolvidas na tentativa de
romper com o modelo esportivista que permeava as aulas até o inicio da década de 80.
Cada uma dessas Abordagens foi pautada em diferentes concepções, trazendo
diversas formas de construir uma prática pedagógica diferenciada nas aulas de EF na
escola. Os principais autores dessas propostas foram (BETTI, 1991; BRASIL, 1998;
BROTO, 1995; COLETIVO DE AUTORES, 1993; FREIRE, 1989; GUEDES, 1999;
GUEDES, 2006; KUNZ, 2001; LE BOULCH, 1983; TANI et al, 1988).
Darido (2008) amplia essa discussão refletindo sobre essas diferentes tendências
pedagógicas que surgiram na EFE fazendo relações com os conteúdos procedimentais,
conceituais e atitudinais. Para a autora, cada uma dessas tendências traz conceitos que
resultam em diferentes conteúdos para que o professor que atua na escola possa elaborar
e aplicar as suas aulas. Abaixo segue o quadro elaborado mostrando em cada uma
dessas tendências as suas finalidades e seus conteúdos.
22
Quadro 1 – Tendências pedagógicas em EFE
Tendências
Finalidades
Conteúdos
Procedimentais
Conteúdos
Valores, Atitudes e
Normas
Conteúdos
Fatos e Conceitos
Higienista/
Eugênica
Melhoria das funções
orgânicas
Ginástica
Método Francês
Obediência
Respeito à autoridade
Submissão
Método desportivo
generalizado
Melhoria fisiológica,
psíquica, social e
moral
Jogo esportivo
Esportivista Busca do rendimento
Seleção
Iniciação Esportiva
Esporte
Eficiência
Produtividade
Perseverança
Psicomotricidade Educação
psicomotora
Lateralidade
Consciência Corporal
Coordenação Motora
Construtivista Construção do
Conhecimento
Resgate da cultura
popular
Brincadeiras e jogos
populares
Prazer e Divertimento
Desenvolvimentista Desenvolvimento
Motor
Habilidades
locomotoras,
manipulativas e de
estabilidade
Críticas Leitura da realidade
social
Jogos, Esportes,
Danças, Ginástica e
Capoeira
Questionador
Origem e contexto
da cultura corporal
Saúde Renovada Aptidão física Exercício e Ginástica Indivíduo ativo Informações sobre
nutrição,
capacidades físicas,
etc.
PCNs
(3º e 4º ciclos)
Cidadania
Integração à cultura
corporal
Brincadeiras e jogos,
Esportes, Ginásticas,
Lutas, At. Rítmicas e
Expressivas e
Conhecimento sobre
o corpo
Participação,
Cooperação, Diálogo,
Respeito mútuo,
Valorização da
Cultura Corporal
Capacidades
Físicas, Postura,
Aspectos histórico-
sociais e Regras
Darido (2008)
23
Ampliando a discussão sobre as diferentes tendências pedagógicas que surgiram
desde o momento em que a EF passa a fazer parte das disciplinas escolares, Campos
(2011) realiza uma análise dos diferentes autores que discutiram esse tema. O autor
analisa as reflexões realizadas por Ghiraldelli Junior (1992), Darido (1999), Castellani
Filho (1999), Azevedo & Shigunov (2000) e Darido (2003). Após discutir o que cada
um desses autores propõe sobre essas tendências, Campos (2011) cria um novo quadro
sobre essas diferentes tendências que surgiram ao longo da história da EF no ambiente
escolar.
Quadro 2 – Quadro geral das Abordagens Pedagógicas em ensino da EF
Campos (2011)
CATEGORIZAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DAS
ABORDAGENS PEDAGÓGICA
EM EDUCAÇÃO FÍSICA
O QUE APRESENTAM EM TERMOS DE
MÉTODOS DE ENSINO
DESENVOLVIMENTISTAS
- Desenvolvimentista
- Psicomotricista
Não discutem métodos de ensino, discutem
apenas questões teóricas da evolução do
desenvolvimento motor.
CRÍTICO-SOCIAL
- Crítico-Superadora
- Crítico-Emancipatória
A Crítico-Superadora apresenta apenas uma
organização de conteúdos e garante os
direitos do aluno ao aprender.
A Crítico-Emancipatória foi criada a partir
de um método de ensino, no atletismo, no
qual o aluno e o professor interagem na busca da solução do problema.
CONSTRUTIVISTAS
- Construtivista
- Aulas Abertas
Ambas adotam o método de ensino
interacionista, pelo qual se propõe tarefas
aos alunos e, juntamente com eles, buscam-
se as soluções. Professor mediador.
TRADICIONAIS
- Aptidão Física
- Saúde Renovada
- Tecnicismo
A aptidão física e a saúde renovada são
parecidas e somente esclarecem que a
prática da atividade física garante uma vida
melhor.
A tecnicista surgiu do método de ensino
baseado em ensinar as técnicas do jogo
repetidamente antes do jogo.
HUMANISTAS
- Fenomenológica
- Jogos Cooperativos
- Humanista
São discussões teóricas filosóficas de como
deverão se fundamentar o processo de ensino e aprendizagem em Educação Física
Escolar
SOCIOCULTURAL
- Sistêmica ou Sociológica
- Cultural ou Plural e ainda
Educação Física Plural
- PCNs
A sistêmica ou sociológica e a cultural ou
plural apresentam propostas filosóficas
baseadas no social e no cultural, não
definem um método.
Já os PCNs sugerem uma metodologia de
ensino fundamentada nas várias abordagens,
enfocados sobre a luz das questões
socioculturais e o professor deverá interagir
sempre com o aluno na construção do
processo.
24
Após a discussão sobre as diferentes Abordagens de ensino começaram a surgir
às propostas curriculares do Estado e da Prefeitura de São Paulo. Em 2007, o estado de
São Paulo elaborou uma proposta chamada Movimento é Vida: Ensinar e Aprender.
Nessa forma de estruturar as aulas de EF na escola, os professores teriam a tarefa de
construir práticas pedagógicas que proporcionem a aprendizagem de conhecimentos
relacionados a fatos, princípios, valores e normas sobre o movimento humano, tendo
como objetivo principal levar o aluno a ser autônomo para se movimentar de forma
intencional e harmoniosa (MOVIMENTO É VIDA, 2007).
Em 2008 o estado de São Paulo elaborou a proposta curricular que vigora em
suas escolas. Nessa proposta as aulas de EFE devem apresentar um enfoque cultural em
sua prática, por levar em conta as diferenças manifestadas pelos alunos em variados
contextos. Portanto, as aulas de EF na escola devem tratar de maneira pedagógica os
conteúdos relacionados ao se – movimentar humano (o se-movimentar pode ser
caracterizado como a relação que o sujeito estabelece com a cultura a partir de seu
repertório, informações/conhecimentos, movimentos, condutas, entre outras, de sua
história de vida, de suas vinculações socioculturais e de seus desejos), que se resume
nos jogos, na ginástica, nas danças, nas atividades rítmicas, nas lutas e nos esportes,
sempre considerando os processos de significado que dá sentido a realização desses
movimentos corporais (PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO,
2008).
Na proposta curricular elaborada pela Prefeitura de São Paulo as aulas de EFE
devem estar pautadas na metáfora do corpo cidadão, ou seja, os movimentos nas aulas
devem ser realizados enquanto expressão de intencionalidade e a maneira de
compreender o mundo. Nesse contexto a motricidade humana esta pautada como forma
de produção e comunicação cultural, impedindo qualquer forma de sistematizar a
realização de movimentos certos ou errados. As aulas de EF devem garantir aos alunos
acesso ao patrimônio da cultura corporal historicamente acumulado por meio da
experimentação das variadas formas que esses movimentos estão inseridos na
sociedade, analisar os motivos que levaram determinados conhecimentos serem mais
requisitados pela sociedade, refletir sobre os conhecimentos mencionados pelos meios
de comunicação de massa e os saberes da motricidade humana reproduzidos pelos
grupos culturais desprivilegiados na escola (SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO, 2007).
25
Neira e Nunes (2009) dizem que no processo histórico da EF na escola, houve
diferentes entendimentos do corpo de acordo com cada uma das concepções de ensino
que surgiram. Para os autores tivemos o Corpo de Retidão, Corpo-Máquina, Corpo
Saudável, Corpo-Eficiente e Corpo-Cidadão. A constituição da EF como disciplina
escolar apresenta uma longa história de muitas discussões, contradições e
ressignificações, pois a cada mudança que a sociedade apresenta, as propostas dessa
disciplina na escola também mudavam, realizando novas análises dos seus objetivos,
conteúdos, métodos de ensino e instrumentos de avaliação.
Essa variedade de tendências pedagógicas que surgiram em diferentes momentos
da sociedade tornou o cotidiano escolar um local complexo. Durante a sua formação
inicial, o professor de EF acaba tendo contato com as diversas Concepções/Abordagens
pedagógicas e, mais recentemente, com as propostas curriculares elaboradas nos
diferentes estados e municípios brasileiros. Essa diversidade de tendências tornou a área
de EF sem uma identidade única e o professor quando termina a licenciatura e começa a
atuar nas escolas necessita escolher o caminho que irá trilhar na sua prática profissional.
Essa ampla possibilidade de escolhas e essas mudanças que ocorrem nas
Abordagens/Concepções pedagógicas de acordo com os interesses dos grupos que estão
no poder e escrevem suas propostas, pode deixar o professor mais confuso na
elaboração e aplicação das suas aulas na escola.
Se pensarmos naquele professor que se formou há algum tempo e acredita que a
aula deve ser elaborada de acordo com as teorias que aprendeu durante a sua formação,
essa quantidade de tendências e alterações de teorias pedagógicas deixa esse professor
com muitas dificuldades para atuar, já que muitas vezes existe uma dificuldade enorme
de realizar a sua formação continuada e de modificar a sua prática pedagógica que está
embasada em conhecimentos que fazem parte da sua história de vida como docente.
3.2.2. COTIDIANO ESCOLAR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Mesmo após diversas discussões e propostas educacionais, muitos professores
de EF continuam exercendo uma prática pedagógica pautada no ensino das quatro
modalidades esportivas convencionais (futebol, basquete, vôlei e handebol) durante
todos os anos de Ensino Fundamental, utilizando métodos tradicionais para o ensino
dessas modalidades. Também temos aulas que alguns professores apenas levam os
materiais para a quadra e os alunos praticam as atividades que mais gostam e muitos
26
apresentam resistência há qualquer tentativa de mudança da sua prática na escola
(ALBERTO, 2005; ANGELI, 2003; BRACHT et al, 2005; DORNELES, 2000; FOLLE
et al, 2005; GABILAN e STEFANE, 2009; MACHADO et al, 2006; MALDONADO e
LIMONGELLI, 2007; MALDONADO et al, 2008; MALDONADO e LIMONGELLI,
2009; MEURER e PEREIRA, 2005; NASCIMENTO e LAOCHITE, 2007; ROCHA
JUNIOR et al, 2003; RODRIGUES e GRAZZIOTIN, 2006; SHIGUNOV, 1997;
SILVA et al, 2009; VELOSO e DAOLIO, 2009).
No Ensino Médio as aulas de EF na escola acabam tendo as mesmas
características das aulas ministradas no Ensino Fundamental, sendo o esporte o
principal conteúdo ministrado e ensinado de forma tradicional, com um problema ainda
maior, nesse momento, os alunos começam a se desmotivar para as aulas, pois o
conteúdo esportivo é o mesmo desde o Ensino Fundamental, as aulas costumam ser
livres e muitos adolescentes não gostam mais de praticar atividade física nessa idade,
além disso, alguns alunos não gostam quando colegas querem demonstrar que são
melhores que os outros e quando não há tempo para praticar as atividades que eles mais
gostam (ALVEZ e MASSETTO, 2010; CHICATI, 2000; GUEDES e GUEDES, 1997;
MALDONADO e HIPOLITTO, 2009; MARTINELLI et al, 2006; MATTOS e NEIRA,
2000; MELO e FERRAZ, 2007; MOREIRA et al, 2009; PEREIRA e MOREIRA, 2005;
PEREIRA e SILVA, 2004; SANTOS, 2007; SZUBRIS e COFFANI, 2009; VERBENA
et al, 2000).
Embora tenhamos ainda essa realidade quando falamos da prática nas escolas,
conseguimos encontrar alguns estudos que apontam para uma mudança no andamento
das aulas. Esses estudos demonstram principalmente que os professores que continuam
realizando cursos de formação continuada, entram em escolas com uma infra-estrutura
com condições melhores e apresentam uma relação professor-aluno menos autoritária
começam a ministrar aulas diferenciadas. Além disso, alguns estudos de caso trazem
práticas pedagógicas renovadoras de alguns professores em contextos específicos e
começam a surgir livros com relatos de experiências de professores que atuam em
escolas públicas da Prefeitura de São Paulo com aulas pautadas a partir da perspectiva
da cultura corporal (BARROS e DARIDO, 2009; COSTA e NACIMENTO, 2006;
ERVATTI, 2000; FIORANTE e SIMÕES, 2005; FONSECA e FREIRE, 2006; FREIRE
et al, 2010; MENEZEZ e VERENGUER, 2006; MENEZEZ e VERENGUER, 2010;
GALVÃO, 2002; MALDONADO et al, 2010; MOTA et al, 2010; NEIRA e NUNES,
27
2009; OLIVEIRA e RAMOS, 2008; RODRIGUES e DARIDO, 2008; ULASOWIZ e
PEIXOTO, 2004).
Explicar esse quadro da prática pedagógica realizada pelos professores se torna
muito complexo, haja vista a realidade vivenciada por cada professor em seus contextos
escolares específicos. Dessa maneira, acreditamos que os estudos pautados no cotidiano
escolar dos docentes podem clarear nosso entendimento em relação ao andamento das
aulas de EF na escola.
Santini e Molina Neto (2005) analisaram a Síndrome do Esgotamento
Profissional em professores de EF da rede municipal de ensino de Porto Alegre. A
amostra foi composta por quinze professores de EF da rede municipal de Porto Alegre
que entre janeiro de 2000 a julho de 2002, que entraram em licença médica por motivos
de estresse, ansiedade e depressão. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas,
registros em um diário de campo e análises de documentos. Os resultados mostraram
que existe uma sobrecarga de trabalho na prática cotidiana dos professores de Porto
Alegre, pois, todos continuam suas tarefas fora do horário de aula para dar conta de
realizar todos os procedimentos necessários para a aula, além disso, informaram que
muitas vezes são obrigados a exercer diferentes papéis na escola, como, substituto de
professores de outras disciplinas, médico, orientador psicológico, e até de policial,
devido aos problemas de violência encontrados na realidade em que vivem. Portanto a
sobrecarga ocasionada pela multiplicidade de funções, a quantidade de turmas, o
número de alunos a atender, o número de horas dedicadas à prática docente e a falta de
tempo para se qualificar são fatores que causam diversos problemas aos professores,
levando-os ao esgotamento profissional (SANTINI e MOLINA NETO, 2005).
Outro fator que possibilitou o esgotamento profissional foi a falta de infra-
estrutura adequada para a prática de EF, pois faltam materiais, os espaços são na
maioria das vezes descobertos, deixando o professor dependente do clima que está
fazendo naquele dia, além do espaço insuficiente para o número de alunos e as atitudes
agressivas e incontroladas por parte dos alunos, levando esses educadores a ficarem
com medo, ansiedade e insegurança no ambiente de trabalho, refletindo diretamente na
sua prática pedagógica (SANTINI e MOLINA NETO, 2005).
Gaspari et al (2006) realizaram um estudo com o objetivo de reunir informações
com os professores de EFE sobre seu cotidiano e suas dificuldades na prática
pedagógica, alem de buscar identificar junto a esses mesmos docentes sugestões para
que possa ser alterada a realidade das aulas. Foi realizada uma pesquisa qualitativa
28
baseada em entrevistas semi-estruturadas com vinte e um professores que atuam no
Ensino Fundamental e Médio em escolas da rede pública e/ou privada em São Paulo e
Minas Gerais. Os resultados mostraram que mais da metade dos professores afirmaram
que na sua graduação não foram tratadas as dificuldades existentes na prática do
cotidiano escolar. As principais dificuldades enfrentadas pelos professores foram a
incerteza no tratamento com os alunos, a falta de condições física e de materiais, falta
de status da disciplina de EF, dificuldades ligadas ao funcionamento interno da escola,
se sentir intimidada pelos alunos, indisciplina e falta de atenção dos alunos, problemas
de relacionamento com a família, uso de drogas, vestimenta inadequada, coordenação
ausente, problemas de ordem social, alunos faltosos, a extrema exposição que o
professor é submetido na quadra, dificuldade em trabalhar com turmas mistas, número
reduzido de aulas, falta de exames médicos, barulho causado pelas aulas, reclamação de
outros professores, número excessivo de alunos, ministrar aulas em dias muito quentes,
necessidade de dividir a quadra com outros professores, baixos salários e alta carga de
trabalho.
Nesse mesmo estudo, os professores apontaram como fizeram para tentar
superar os obstáculos presentes na sua realidade. As respostas dos docentes estavam
relacionadas com a participação de cursos e ampliação da leitura, buscar informações
com professores mais experientes, procurar a direção e a supervisão da própria escola,
além de conhecer melhor os alunos, identificando suas necessidades e sugestões
(GASPARI et al, 2006).
As sugestões que os professores enfatizaram para que melhorassem a sua prática
pedagógica estavam relacionadas à melhoria das condições de trabalho (espaço e
materiais adequados para realizar as aulas), troca de experiência com outros professores
de EF, maior investimento do governo, aumento do número de aulas, cursos de
formação continuada, diminuição do número de alunos por turma, reconhecimento da
disciplina no contexto escolar, melhorias no salário, maior disciplina dos alunos, maior
integração entre os pais e a escola e apoio da sociedade (GASPARI et al, 2006).
Tokuyochi et al (2008) realizaram um estudo buscando construir um perfil do
professor de EFE e obter um retrato das condições disponíveis para a prática
profissional. Participaram do estudo dois mil e setecentos professores da rede estadual
de ensino de São Paulo. Foi utilizado um questionário para coleta de dados. Os
resultados desse estudo mostraram que 32,77% dos professores ministram de 30 a 35
aulas por semana e 28,55% deles ministram mais de 35 aulas, mais da metade dos
29
professores trabalham em mais de uma escola, as salas de aula normalmente são
compostas por mais de 35 alunos e as principais dificuldades relatadas pelos professores
foram: falta de material, falta de espaço físico adequado, número elevado de alunos,
falta de intervenção da diretora, indisciplina dos alunos, falta de motivação e de
interesse dos alunos, quadra descoberta, baixo número de aulas, descaso dos
profissionais de outras áreas, falta de infra-estrutura e falta de cursos de
capacitação/especialização.
Claro Junior e Figueiras (2009) analisaram as dificuldades na gestão de aula de
professores de EF iniciantes. A pesquisa foi realizada com vinte e quatro professores de
EF de uma rede de Educação da Grande São Paulo. O instrumento utilizado foi um
questionário contendo questões abertas. A análise dos dados foi realizada pela análise
de conteúdo. Os resultados mostraram que as principais dificuldades na gestão das aulas
apresentadas pelos professores eram as turmas com muitos alunos, poucas aulas e pouco
tempo de aula, falta de atenção dos alunos, desinteresse por novos conteúdos além do
futebol, indisciplina e briga entre os alunos.
Portanto, para que os professores que realmente estão na prática sejam ouvidos,
e acabar com os debates acadêmicos, que ficam distantes do cotidiano escolar dos
professores de EF, Kunz (2003) propõe um diálogo entre os professores universitários e
os professores escolares que atuam cotidianamente no ensino dos jogos, esportes e
movimentos de forma aberta e respeitosa, entendendo que ambos têm a contribuir para a
modificação do quadro atual da EF. Para tanto, é importante discutir propostas de
pequenas alterações nas construções das aulas a fim de se perceber as intenções
pedagógicas do ensino de EFE, para que tais ações educativas se estruturem pela
participação ativa e cooperativa dos alunos e não fiquem no debate abstrato de discursos
sobre os problemas do mundo moderno.
Caparroz (2007b) diz que os estudos acadêmicos científicos sobre a EFE, as
propostas político-pedagógicas governamentais, a legislação-normalização sobre o
ensino e as propostas-tendências pedagógicas para o ensino são criados quase
exclusivamente pelos professores-pesquisadores que atuam na Universidade, fazendo
com que os professores que estão nas escolas recebam passivamente as propostas e as
apliquem de forma descontextualizada. Isso ocorre, pois os professores não conhecem a
totalidade dessas ideias, algumas vezes conhecem, mas acabam não entendendo, não
conseguem aplicar na prática todas essas ideias, algumas vezes não acreditam em
30
concepções criadas, pois acham que só a sua experiência já é suficiente e podem
também conhecer, entender, mas discordar por diferentes motivos.
Caparroz (2007b) ainda salienta que os fatores presentes na prática pedagógica
tornam os aspectos do cotidiano escolar extremamente complexo, formando uma teia
que se relaciona com os seguintes aspectos: condições financeiras e salariais dos
professores, auto-culpabilidade pelo fracasso escolar, relações sociais no cotidiano
escolar, burocratização/intensificação do trabalho pedagógico, diversidade das
expectativas que o professor deve atender em relação ao trabalho docente, controle
externo sobre o trabalho docente, formação e desenvolvimento cultural dos professores,
imaginário social sobre a EF na escola, elaborações/proposições acadêmicas sobre a
EFE, espaço escolar como espaço de formação docente, ambiente organizacional/físico
e social da escola, imaginário do professor em relação à sua prática pedagógica,
contradições geradas e enfrentadas pela tensão entre um ideal crítico-transformador e
uma realidade conservadora, papel do professor, ética, responsabilidade, compromisso e
condições sociais.
Dessa forma, identificamos que a prática pedagógica nas aulas de EF mudou ao
longo de sua história de forma muito lenta, devido a diversos fatores. Mesmo assim,
alguns estudos mostram uma pequena alteração na prática de alguns professores, apesar
dos desafios encontrados.
Essa realidade nos faz refletir sobre a prática da EF na escola. Leva-nos a pensar
quais são os reais motivos que nos diferentes contextos educacionais fazem alguns
professores manterem uma forma de ensino tradicional, ou apenas entregar os materiais
para os alunos, mesmo após o surgimento de diferentes propostas de ensino. A partir
dessa reflexão surgem algumas perguntas. Qual é a realidade enfrentada pelo professor
na escola? A sua formação acadêmica privilegiou essa realidade? Quais são as
dificuldades que os professores encontram? O que esses docentes conseguem ensinar
nas suas aulas na escola a partir da realidade encontrada? A implementação da proposta
curricular da Prefeitura de São Paulo levou em consideração todos os quesitos
discutidos acima? Quais são os fatores que facilitam e quais são os fatores que
dificultam a implementação da proposta curricular do município de São Paulo?
31
4 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 - Natureza da pesquisa
O presente estudo se caracterizou por uma pesquisa descritiva de cunho
qualitativo abordando uma amostra não probabilística atípica, escolhida pelos autores a
partir do problema de pesquisa. Levando-se em consideração condições temporais,
técnicas e de acesso às instituições educacionais (THOMAS e NELSON, 2002;
DIONNE e LAVILLE 1999). Parte dos dados são existentes e constam em documentos
oficiais e institucionais, a outra parte será gerada por meio de observações de campo e
entrevistas com os sujeitos da amostra.
4.2 - Região de inquérito
O estudo foi realizado na zona leste da cidade de São Paulo, especificamente em
uma escola da rede municipal abrangida pela Diretoria Regional de Educação -
PENHA, mediante Termo de Autorização do Diretor Regional de Ensino (Apêndice A).
4.3 - População e Amostra
A população de escolas da região compreende, na sua área, 3 Subprefeituras
(Mooca, Penha e Ermelino Matarazzo) e 12 distritos (Água Rasa, Mooca, Belém,
Tatuapé, Brás, Pari, Penha, Cangaíba, Artur Alvim, Vila Matilde, Ponte Rasa e
Ermelino Matarazzo) contendo 111 escolas de Educação Infantil e 38 escolas de Ensino
Fundamental com 58.898 alunos, sendo que a amostra foi composta pelos professores
de EF, diretor e coordenador pedagógico de uma escola da região que, após receberem
uma mensagem dos pesquisadores informando os objetivos e procedimentos da
pesquisa, concordaram em participar, além do diretor assinar Termo de Autorização
para Realização da Pesquisa (Apêndice A).
Essa escola foi escolhida porque o pesquisador atua em uma escola que faz parte
da Diretoria Regional de Educação – Penha. Durante conversa com os professores das
diversas disciplinas que compõe o currículo escolar, coordenadores pedagógicos e
diretores que atuam nessa diretoria, havia um discurso das dificuldades que essa
instituição de ensino estava passando (reforma do prédio escolar, dificuldades com os
alunos, infraestrutura inadequada, dentre outras coisas). Diante de todos esses fatores,
decidimos realizar a pesquisa nesse contexto por acharmos ser mais adequado para
alcançar os objetivos do estudo.
32
Antes de iniciarmos a primeira etapa da pesquisa, o estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu com o número de
protocolo de 099/2011.
Uma vez autorizada a participação da escola, os vários atores escolares
envolvidos (diretora, coordenadores pedagógicos e professores de EF) assinaram seus
respectivos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice B) e
iniciou a primeira etapa da pesquisa.
A banca examinadora que participou da qualificação, sugeriu que fosse realizada
uma entrevista com o idealizador da proposta curricular de EF do município de São
Paulo para melhor compreensão do processo de implementação dessa proposta. Essa
entrevista foi realizada e será apresentada durante a apresentação dos resultados.
4.3.1 - Critérios de Inclusão de quem responde pela Direção da Escola, que
também será Sujeito da pesquisa.
Possuir mais de um ano de experiência na escola, independentemente de ocupar
o cargo de direção nesse período;
Possuir, pelo menos, seis meses de experiência como diretor da escola na qual se
encontra;
Autorizar o pesquisador a ter acesso ao Plano Pedagógico da escola para
consulta;
Ter disponibilidade para responder a entrevista no tempo necessário.
4.3.2 - Critérios de Exclusão de quem responde pela Direção da Escola, que
também será Sujeito da pesquisa.
Ter mudado de ideia quanto à validade da participação da escola na pesquisa
depois que ela tiver sido iniciada;
Alegar desconhecimento do conteúdo das propostas pedagógicas oficiais
cobertas pelo período analisado pela pesquisa;
Não ter disponibilidade de tempo para a entrevista;
Não concordar em participar de alguma etapa da pesquisa expressadas no TCLE;
Não dominar a língua portuguesa.
33
4.3.3 - Critérios de Inclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da pesquisa.
Possuir mais de um ano de experiência na escola, independentemente de ocupar
o cargo de coordenação nesse período;
Possuir, pelo menos, seis meses de experiência como coordenador pedagógico
da escola na qual se encontra;
Ter disponibilidade para responder a entrevista.
4.3.4 - Critérios de Exclusão dos Coordenadores Pedagógicos-Sujeitos da
pesquisa.
Ser identificado, pelos componentes do corpo docente, como pessoa que não
estabelece um bom acompanhamento das práticas pedagógicas realizadas na
escola, bem como das dificuldades encontradas e dos meios de trabalho
disponíveis aos professores;
Alegar desconhecimento do conteúdo das propostas pedagógicas oficiais
cobertas pelo período analisado pela pesquisa;
Não ter disponibilidade de tempo para a entrevista oficial da pesquisa;
Não concordar em participar de alguma etapa da pesquisa expressadas no TCLE;
Não dominar a língua portuguesa.
4.3.5 - Critérios de Inclusão dos Professores-Sujeitos da pesquisa.
Ter concluído o Curso de Licenciatura em EF em instituição de Ensino Superior
reconhecida;
Ser professor(a) cadastrado(a) no quadro de funcionários da instituição de ensino
participante da pesquisa;
Ministrar as aulas de EF para alunos do Ensino Fundamental ou do Ensino
Médio;
Ter disponibilidade para responder a entrevista no tempo necessário;
Autorizar o pesquisador a ter acesso ao Plano Pedagógico da escola para
consulta;
Autorizar o pesquisador a ter acesso ao seu Plano de Ensino para consulta;
Concordar em que suas aulas sejam observadas e feitas anotações sobre elas em
diários de campo do pesquisador.
34
4.3.6 - Critérios de Exclusão dos Professores - Sujeitos da pesquisa.
Alegar desconhecimento do conteúdo das propostas pedagógicas oficiais
cobertas pelo período analisado pela pesquisa;
Não ter disponibilidade de tempo para a entrevista oficial da pesquisa;
Evidenciar desinteresse com o desenvolvimento da pesquisa, uma vez que ela
tenha sido iniciada;
Evitar o diálogo com o pesquisador durante o desenvolvimento da pesquisa;
Estar afastado de suas atribuições de professor de EF, mesmo que cumprindo
outras funções na instituição de ensino participante da pesquisa;
Ter sido removido para outra escola durante a execução da pesquisa;
Não concordar em participar de alguma etapa da pesquisa expressadas no TCLE;
Não dominar a língua portuguesa.
4.3.7 - Técnicas, instrumentos e procedimentos para coleta e análise das
informações:
A pesquisa foi realizada em três etapas de acordo com o sugerido por Jaramillo
(2000), sendo elas:
a) Pré-configuração do universo da pesquisa, quando ocorreram os primeiros
contatos com a escola na qual atuam os/as professores/as de EF, coordenadores
pedagógicos e diretora que demonstraram interesse e que constituíram a amostra da
pesquisa; a coleta das assinaturas dos Termos de Autorização para realização da
pesquisa e dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido; observação da dinâmica
da escola e de pelo menos duas aulas de EF dos professores que constituíram a amostra
e avaliação do Projeto Pedagógico da Escola.
Ao final dessa etapa, o pesquisador ajustou seu plano inicial de pesquisa e
também ajustou os instrumentos de pesquisa inicialmente propostos, considerando a
realidade dos contextos escolares observados.
b) Configuração do Universo da Pesquisa, quando foram colhidas as assinaturas
dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – (Apêndice B) tomando
conhecimento do objetivo da pesquisa, dos procedimentos, do sigilo quanto ao material
produzido, dos prováveis riscos e benefícios provenientes de sua participação na
pesquisa, da possibilidade de não participar ou deixar de participar da pesquisa, uma vez
que tenha iniciado sua participação.
35
Foram entrevistados o idealizador da proposta curricular de EF do município de
São Paulo, a diretora, os coordenadores pedagógicos e os professores/as de EF por meio
de roteiro de perguntas semi-estruturado, contendo questões abertas e fechadas
(Apêndice C), a observação e o registro das aulas em diários de campo (Apêndice F),
como também as consultas ao Plano Pedagógico da Escola aos Planos anuais de ensino
dos professores de EF. As entrevistas foram realizadas em local e horário
antecipadamente agendado entre pesquisador e pesquisado, gravadas em áudio, e
posteriormente transcritas para possibilitar as análises por meio da identificação de
unidades de significado (Apêndice E), elaboração de matrizes ideográficas e matrizes
nomotéticas, de acordo com o descrito por Martins & Bicudo (2005). A partir das
matrizes nomotéticas, que incluíram as unidades de significado identificadas durante a
elaboração das matrizes ideográficas, uma vez agrupadas por categorias temáticas,
serviram como geradoras da identificação e discussão dos resultados da pesquisa. Os
registros em diários de campo e a análise dos Planos da Escola e do Professor foram
utilizados como recursos auxiliares para a compreensão do conteúdo das entrevistas e
para a discussão dos resultados.
c) Re-configuração do campo da pesquisa, quando foi realizada a devolutiva dos
conhecimentos produzidos pela pesquisa aos sujeitos pesquisados, ocasião em que o
pesquisador retornou a conversar com a diretora da escola, com os coordenadores
pedagógicos e com os/as professores/as de EF que foram colaboradores e sujeitos da
pesquisa, respectivamente, descrevendo os resultados coletados e realizando junto com
eles reflexões a respeito da realidade pesquisada e que serviu como estímulo à reflexão
desses profissionais da Educação no sentido de aprimorarem suas práticas educativas.
Nesse momento também, os profissionais da Educação ampliaram as suas sugestões de
mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular do município de São
Paulo.
36
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
5.1 – Pré-Configuração do Universo da Pesquisa
Nesse momento, realizamos os primeiros contatos com os colaboradores-sujeitos
da pesquisa (diretora, coordenadores pedagógicos e professores de EF), observamos
duas aulas desses professores e foi realizada uma análise do projeto político pedagógico
da escola pesquisada, para melhor compreensão do universo da pesquisa.
5.1.1 – Configuração da escola pesquisada
Em 1958 a escola iniciou as suas atividades, onde havia muitas escolas
particulares tradicionais no mercado. Inicialmente atendia crianças a partir dos sete
anos, oferecendo escolaridade até a 4º série primária. Em 1973 começou atender alunos
que cursavam até a 8º série. Atualmente a instituição atende alunos do 1º ao 9º ano do
Ensino Fundamental nos períodos matutino e vespertino e também no período noturno
na Educação de Jovens e Adultos
Essa escola apresenta como compromisso social a resolução de problemas e
demandas da comunidade na qual está inserida, alinhada há um modelo que privilegia,
além do crescimento e desenvolvimento do país, a promoção da qualidade de vida e
especialmente a inclusão. Busca-se proporcionar uma educação inclusiva que prepare o
individuo para o pleno exercício da cidadania através do comprometimento da
responsabilidade social em toda atividade que se intitula educativa, cuidando para que a
mesma seja praticada, exercitada em situação real, no presente, proporcionando um
futuro mais humano e sustentável.
Sua missão é produzir, sistematizar e difundir conhecimentos que contribuam
para a formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos éticos, dotados de senso
crítico, sensibilidade cultural e inteligência criativa, conscientes da sua responsabilidade
social e do seu compromisso com a cidadania.
As finalidades, objetivos e metas dessa unidade escolar é a formação básica do
cidadão mediante: - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; - compreender o ambiente
natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamentam a sociedade; - desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo
37
em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
- fortalecimento dos vínculos da família, dos laços de solidariedade humana e de
tolerância recíproca em que se assenta a vida social; - incentivar o trabalho de
investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e a
criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento de homem e do
meio ambiente; - suscitar, na comunidade escolar, o desejo permanente de
aperfeiçoamento cultural e possibilitar a correspondente concretização; - estimular os
conhecimentos dos problemas do mundo atual, em particular os nacionais, estreitar os
vínculos com a comunidade e estabelecer com essa uma relação de reciprocidade.
As metas de avaliação do desempenho selecionadas pela unidade escolar para o
ano de 2012 são: - aumentar o índice de aprovação do 4º ano do ciclo 1 de 91% para
95% e aumentar o índice de aprovação do 4º ano do ciclo 2 de 96% para 98%; -
desenvolver a capacidade leitora e escritora em 100% dos alunos, respeitando os
avanços dos anos anteriores, conforme estabelece o projeto ler e escrever; - subsidiar a
equipe docente no trabalho de sala de aula no desenvolvimento da competência leitora e
escritora dos alunos, propiciando uma boa convivência e melhorando as relações
interpessoais, ampliando assim o índice de alunos alfabetizados.
A instituição conta com doze professores de Ensino Fundamental I, vinte e nove
professores de Ensino Fundamental II e seis professores da Educação de Jovens e
Adultos. Desse total, 27% trabalham em jornada especial integral de formação. Os
demais participam das formações pontuais, tais como: período de organização da
unidade escolar, revisitação do projeto pedagógico e planejamento escolar, das quatro
reuniões pedagógicas e jornadas pedagógicas previstas em calendário escolar, além da
formação nas horas atividades e nos demais espaços coletivos.
Os alunos do Ensino Fundamental regular são crianças e adolescentes com idade
entre seis a quinze anos, proveniente de famílias de diferentes classes sociais, sendo
70% residentes na própria comunidade e seu entorno e 30% oriundos dos bairros
periféricos. Ao concluir o Ensino Fundamental, geralmente, em sua maioria, esses
alunos dão continuidade aos estudos nas escolas estaduais de Ensino Médio.
Uma parcela dos alunos tem expectativa de cursar escolas técnicas. Existe uma
grande cobrança por parte da comunidade, no sentido de que a escola trabalhe os
conteúdos historicamente acumulados, tendo em vista o processo seletivo das escolas
particulares existentes na região, assim como alguns alunos são originários dessas
escolas e trazem consigo expectativas de ingressar em escolas de “primeira linha” no
38
Ensino Médio. A escola busca a universalidade dos saberes, voltada para uma educação
transformadora e racional, levando o educando ao entendimento dos saberes, que ele
seja capaz de atuar, transformar e criar de forma positiva.
A comunidade é bastante presente na escola, procurando-a com muita frequência
para questões estruturais, mas nem sempre preocupada com o processo de ensino e
aprendizagem. A escola é inclusiva com grande número de alunos com necessidades
educacionais especiais.
Essa unidade escolar possui nove salas de aula em cada período (matutino,
vespertino e noturno), além da sala de informática. No Ensino Fundamental I o número
de alunos por sala é de quinze a trina e sete, sendo que as salas com menos alunos são
do PIC. No Ensino Fundamental II as salas são compostas de trinta e um a trinta e oito
alunos.
A concepção da forma de avaliar os alunos pela escola está pautada em
dimensões quantitativas e qualitativas, redirecionando seu foco para um contexto
diagnóstico, somático e formativo que tem por objetivo estabelecer um processo
contínuo e dinâmico, não se restringindo há momentos estanques como provas e
exercícios, sendo seu alvo maior a aprendizagem e a formação contínua e social do
aluno. Os instrumentos de avaliação utilizados pela escola são diversificados e
utilizados pela necessidade de transformar formas convencionais e criar instrumentos
eficazes para atender a concepção pedagógica vigente assumida pela equipe.
Os pontos fortes dessa unidade escolar são: foco na formação do leitor e escritor
autônomo, a luz do programa ler e escrever; alfabetização da média de 95% do total de
alunos do Ensino Fundamental regular; resultados da Prova Cidade e da Prova São
Paulo; resultados do IDEB; formação e comprometimento dos professores; trabalho
coletivo; apropriação dos conteúdos do PEA. Os pontos considerados fracos são:
somente 27% dos docentes realizaram jornada especial integral de formação (JEIF);
problemas internos de comunicação; relação com a comunidade; excesso de faltas dos
alunos do ensino de jovens e adultos.
A unidade escolar possui diversos projetos: PEA (Aprender e conviver no século
XXI); Recuperação paralela (língua portuguesa e matemática); Aprender e conviver de
forma prazerosa; Aprendendo com as diferenças; PIC (projeto de inclusão no ciclo I);
Minha escola é notícia (formação de aluno monitor); Xadrez; Oficina de arte-educação;
Atividades extra-classe.
39
A escola assume uma visão de currículo envolvendo o debate sobre aquilo que
se espera que os alunos aprendam, em consonância com o que se considera relevante e
necessário em nossa sociedade, nessa segunda década do século XXI. No contexto de
uma educação pública de qualidade e referenciado em núcleos essências de
aprendizagem indispensáveis a inclusão social e cultural dos indivíduos. Acredita-se na
possibilidade de construir uma escola que seja espaço de vivências sociais, de
convivência democrática e ao mesmo tempo, de apropriação, construção e divulgação
de conhecimentos e de transformações das condições de vida dos sujeitos que a
frequentam.
Foram traçadas para o ciclo I do Ensino Fundamental as seguintes expectativas
de aprendizagem: - conhecimentos da língua portuguesa e da matemática,
compreendidos como dimensões capacitadoras da construção de conhecimentos, com
especial atenção ao processo de alfabetização na língua materna e na construção de
conceitos e procedimentos numéricos; conhecimentos sobre sociedade e natureza,
consideradas importantes para a construção de conceitos de espaço, tempo, fenômenos
naturais, fenômenos sociais e para a constituição de um repertório que amplie e
aprofunde sempre que o estudante constrói cotidianamente a sua vivência; -
conhecimentos sobre diferentes formas de expressão construídos com base no
conhecimento do próprio corpo, dos movimentos, dos sentimentos e apoiadas em
práticas culturais como a brincadeira, a dança, o jogo, a luta, o teatro, a música e as artes
visuais.
No ciclo II do Ensino Fundamental as expectativas de aprendizagem escolhidas
para a disciplina de EF são: - a concepção de EF deve entender o movimento humano
como forma de linguagem que veicula significados culturais, assim visa oferecer
oportunidades pedagógicas de leitura e interpretação da gestualidade específicas das
manifestações corporais, bem como, posicionar os alunos enquanto produtores de
cultura; - em prol da construção de escolas para todos, as expectativas de aprendizagem
necessitam valorizar a expressão da cultura corporal da comunidade escolar e submeter
o patrimônio de conhecimentos disponíveis na sociedade acerca das práticas corporais e
uma análise crítica, desenvolvendo os conteúdos dos “textos” que circulam na escola e
fora dela.
Observamos duas aulas de EF ainda nessa etapa de pré-configuração do universo
de pesquisa. Observamos uma aula do professor que atua no Ensino Fundamental II e
uma aula da professora que atua no Ensino Fundamental I. Nessa observação inicial
40
percebemos as dificuldades que esses professores possuem nessa escola por conta da
limitação de espaço e já foi possível notar que existem muitas dificuldades com os
alunos.
Tivemos também uma conversa inicial com a diretora, os coordenadores
pedagógicos e os professores de EF para explicar os objetivos da pesquisa, entregar o
termo de autorização da pesquisa para a direção e os termos de consentimento livre e
esclarecido para todos, além de realizar uma conversa inicial dos aspectos do cotidiano
escolar com esses profissionais para saber se seria possível realizar a pesquisa nessa
escola por conta dos critérios de inclusão e exclusão.
Após essa conversa, recolhemos os termos e autorizações e reorganizamos as
entrevistas e os critérios de observação que utilizamos. Quando voltamos para a escola
já entramos na segunda etapa do trabalho que será descrita no próximo tópico.
5.2 – Configuração do Universo da Pesquisa
Nesse momento do trabalho serão apresentadas as síntese dos principais pontos
abordados pelo idealizador da proposta curricular, pela diretora, pelos coordenadores
pedagógicos e pelos professores nas entrevistas, trazendo a sua forma de compreender a
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo no seu
cotidiano escolar. Após essas sínteses, apresentaremos as matrizes nomotéticas advindas
dessas entrevistas. Identificamos na transcrição das entrevistas (Apêndice D) as
unidades de significado (Apêndice E) que constituíram as categorias para compor as
matrizes nomotéticas. Essas unidades de significado foram identificadas no intuito de
compreender, na visão desses profissionais de educação, os fatores que dificultam e os
fatores que facilitam a implementação de propostas curriculares de EF em nível
municipal de ensino. Após as matrizes nomotéticas, mostraremos o que conseguimos
identificar durante as observações realizadas no cotidiano escolar em relação aos fatores
que dificultam e que facilitam a implementação dessa mesma proposta.
41
5.2.1 – Síntese das Entrevistas
PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF
NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO – PERSPECTIVA DO IDEALIZADOR
A entrevista com o idealizador da proposta curricular de EF do município de São
Paulo ocorreu no período matutino na Faculdade de Educação da USP. Ficamos na sala
do idealizador da proposta em um clima bem tranquilo e agradável. Conversamos
durante cinquenta minutos e todas as respostas foram concedidas com muita atenção.
A elaboração da proposta curricular de EF do município de São Paulo levou em
consideração à multiplicidade de grupos sociais que habitam as escolas do município e a
trajetória histórica e política da rede municipal de tentar fazer um trabalho mais voltado
as comunidades. O principio geral dessa proposta foi de pensar em uma pedagogia que
reconhecesse a diversidade cultural, e que fosse comprometida com a formação de
identidade democráticas. Além disso, não basta proporcionar condições de acesso, é
necessário existir condições de permanência na escola. Há um esforço grande para que a
gestão seja democratizada, com a formação de conselhos de escolas fortes, na ampliação
da jornada do professor com um terço da carga horária que não sejam com atividades
em sala de aula e uma forte política de inclusão.
A implementação dessa proposta curricular começou a ser pensada a partir de
2006, quando se iniciou um movimento grande na rede relacionado com o ler e escrever
em todas as áreas, e ai houve a necessidade de elaborar documentos que
fundamentassem essa ideia. Porque a rede entende que o trabalho do letramento não se
reduz aos anos iniciais, precisa ser estendido aos nove anos do Ensino Fundamental. Foi
criado um instituto, um grupo chamado grupo referência que eram professores da rede
municipal indicados pelas diversas diretorias de ensino (Diretorias Regionais de Ensino)
que se encontravam uma vez por mês na Secretária Municipal de Educação para iniciar
a escrita de um documento de cada área.
Nesse contexto, o pessoal da Secretária Municipal de Educação decidiu contratar
alguém com mais experiência para auxiliar esses professores na escrita do documento.
A pessoa contratada para exercer essa função tinha passado pela experiência de ajudar
na escrita dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, mas o
trabalho não ocorreu da forma esperada. Nesse momento os idealizadores da proposta
curricular de EF que vigora no município de São Paulo tinham acabado de lançar o livro
42
Pedagogia da Cultura Corporal que defendia uma ideia de EF na área da linguagem.
Alguns professores que participavam do grupo referência conheciam esse material e
levaram-no para a Diretora de Orientação Técnica da Secretária Municipal de Educação
que concordou em chamar os autores do livro (Marcos Garcia Neira e Mario Luiz
Ferrari Nunes) para auxiliar na escrita do documento.
Esses professores começaram a propor situações para reflexão com o grupo
referência, pensando na área de EF enquanto linguagem. A partir dessas reflexões
surgiu o primeiro documento da proposta curricular de EF do município de São Paulo
(Referencial para a Expectativa da Competência Leitora e Escritora – Educação Física).
Em 2007 todos os professores que elaboraram esse primeiro documento
pensaram em começar um processo de formação dos professores da rede e na
elaboração de uma proposta curricular completa para o município de São Paulo.
Durante todo esse ano os idealizadores da proposta visitaram diversas escolas
municipais realizando ações formativas que foram distribuídas da seguinte maneira: um
coordenador pedagógico e um professor de EF por escola. Alguns professores
escolhidos pelas Diretorias Regionais de Ensino também realizaram uma leitura crítica
dos documentos e deram retorno para os idealizadores para ajudar na construção dessa
proposta curricular. Os supervisores de ensino também realizaram leituras críticas sobre
o documento elaborado. Apenas no final de 2007, com a participação de alguns
professores da rede e dos supervisores de ensino a proposta curricular de EF ficou
pronta.
Importante ressaltar que esse processo não foi tranquilo. Muitos professores que
participavam do grupo referência ou que fizeram os apontamentos do documento
discordavam de alguns pontos da proposta curricular. Alguns professores defendiam
que tinha que estar no documento à relação com o lazer e outros defendiam a relação
com a saúde. Houve a necessidade de explicar a concepção de EF na área de linguagem
para esses docentes e surgiram muitas discussões nesse processo. Como as próprias
Diretorias Regionais de Ensino escolheram os professores que fizeram parte desse
processo, muitos que estavam ali presentes resistiram bastante até a elaboração do
documento final.
O entendimento metodológico da aula de EF para essa proposta curricular ocorre
da seguinte forma: deve existir o reconhecimento do patrimônio cultural corporal dos
alunos, respeitando os conhecimentos que eles trazem para a escola. Esse processo é
chamado de mapeamento e deve estar articulado às intenções do projeto político
43
pedagógico da instituição. Esse mapeamento é que vai fazer com que o professor
selecione a temática que vai ser problematizada. A partir daí há um momento em que
essa temática é vivenciada com base nas representações que os alunos têm. Então os
alunos realizam os movimentos da manifestação escolhida da forma que eles acham que
devem realizar. Esse momento é chamado de ressignificação, onde os alunos vão ver
como o outro dança, vão analisar como eles dançam, vão chocar a representação que
eles têm com a representação do outro. Então tem que haver muita vivência em função
dessas representações que eles têm. Outro momento do trabalho tem que ser o
aprofundamento, onde as crianças e adolescentes irão conhecer melhor aquela
manifestação, do que se trata, com o que ela parece, de onde ela veio, como que
diferentes pessoas pensam aquela manifestação, e ai um outro momento tem que ser a
ampliação, porque eu preciso acessar discursos diferentes sobre aquela manifestação, se
não eu corro risco de pensar e de ter uma visão dominante. Então, em síntese, é
importante reconhecer como os alunos pensam essa modalidade, trazer mais elementos
daquela manifestação para que eles conheçam melhor aquilo que eles vêm e consigam
entender, fazer uma etnografia, trazer visões de outras pessoas sobre aquilo. Para essa
proposta curricular, a escola não pode ser aquele lugar de fixação de certas práticas
corporais como a melhor, a escola precisa ser um lugar onde eu conheça as práticas
corporais e conheça também as pessoas que fazem as práticas corporais. É muito
importante que os alunos tenham essa visão ampliada e profunda das práticas corporais.
Em 2008 começaram as ações para garantir a formação dos demais professores
de EF da rede municipal de ensino pensando nesse referencial curricular. Foram
produzidos vídeos explicativos e junto com os vídeos pautas para que as Diretorias
Regionais de Ensino formassem os docentes. Os professores que faziam parte do grupo
referência também realizavam esse trabalho de formação dos outros professores de EF
da rede. Importante ressaltar que o processo de formação nesse primeiro ano não
aconteceu da forma esperada. Algumas Diretorias Regionais de Ensino não
conseguiram colocar em prática o que foi pensado, alguns professores que faziam parte
do grupo referência passaram há não compactuar mais com a essência da proposta
curricular e foram contratadas pessoas para realizar a formação dos docentes municipais
que não tinham relação nenhuma com a concepção da proposta curricular de EF.
Em 2009 houve uma grande mudança nesse processo de formação continuada
dos professores. Foi organizado um processo seletivo para chamar o pessoal do grupo
referência e as Diretorias Regionais de Ensino passaram a ter menos autonomia para
44
contratar os professores formadores. Desde então, os cursos de formação foram
ministrados pelos professores desse novo grupo referência e pelos idealizadores da
proposta curricular (Marcos Garcia Neira e Mario Luiz Ferrari Nunes). A EF dentro de
todas as áreas do currículo foi aquela que persistiu mais em uma formação
compromissada com a proposta. Porque as outras áreas continuam com formações, mas
os autores às vezes não estão tão presentes, até porque são outras pessoas que estão
fazendo a formação e o grupo referência das outras áreas se desmanchou. A área de EF
também conseguiu atrelar a bibliografia do concurso às orientações curriculares e cada
concurso feito nesse período foi realizada uma reunião com os ingressantes. Em 2011,
também foi possível realizar ações formativas com os coordenadores pedagógicos com
uma adesão pequena, porque os coordenadores acham que tem outras prioridades e que
não precisam se preocupar com a EF.
No inicio do processo de implementação da proposta curricular de EF muitos
professores da rede eram bastante resistentes em seguir as orientações. Com o passar do
tempo, esses docentes estão ficando mais simpáticos em relação à proposta e os
professores que estão ingressando na rede estão chegando com muita qualificação e
estão querendo realizar uma EF diferente. Em síntese, ainda existem professores de EF
que desconhecem a proposta, outros que conhecem e não concordam e outros que
seguem as orientações curriculares.
PERSPECTIVA DO DIRETOR
A entrevista com a diretora ocorreu no período noturno na própria escola
pesquisada. Ficamos na sala da coordenação em um clima bem tranquilo e agradável.
Conversamos durante trinta minutos e todas as respostas foram concedidas com muita
atenção. Embora tenha ocorrido duas interrupções por conta dos problemas da escola
durante a entrevista não houve pressa para o seu término. Sentimos que em algumas
perguntas houve certo constrangimento para responder tudo aquilo que realmente ocorre
no cotidiano escolar por conta de não saber o que poderia acontecer com essas
informações após a pesquisa, mesmo sendo explicadas todas as questões éticas do
estudo antes da entrevista.
A diretora resolveu seguir essa profissão porque queria consertar algumas coisas
que achava que estavam erradas na sua atuação como professora. Acredita na educação
pública. Atua como diretora de escola há dois anos e nessa escola especificamente há
45
um ano e dois meses. Acumula cargo como professora no Estado de São Paulo. Antes
de ser diretora já trabalhava como professora há quatorze anos.
Ela quer construir um projeto que contemple as diferentes visões de educação de
todos que compõe o cotidiano escolar. Seu desejo é construir a democracia na escola
dentro dos valores da educação para a inclusão voltada para o desenvolvimento das
pessoas. Construir um projeto que todos consigam olhar para o coletivo.
As principais dificuldades para a implementação da proposta curricular de EF no
município de São Paulo que ela escutou dos professores e vivenciou na escola que
dirige foram: muita reclamação da indisciplina dos alunos, falta de concentração e de
atenção dos alunos, pouco envolvimento na aula, além da questão da violência entre os
alunos estar muito presente no cotidiano escolar (discussão, bate boca, ameaças entre os
alunos), a família não é presente no acompanhamento da vida escolar dos alunos,
dificuldade de estimular a vontade de conhecer dos alunos devido a idade, a própria
estrutura da escola e a função social da escola (cobrança para que os alunos entrem no
mercado de trabalho, passem no vestibular ou no vestibulinho). Ela acredita que a
escola deveria ter como função social estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura,
o encantamento pelo conhecimento. Também um ponto importante que ela vivencia
cotidianamente é a dificuldade de trabalhar coletivamente. Existem também as
dificuldades de ter que trabalhar em uma jornada muita extensa, ter acúmulos de cargo,
tornando o cotidiano cansativo, dificultando a elaboração de boas aulas, a correção dos
trabalhos, além de diminuir consideravelmente a paciência do professor. Nessa
realidade, o professor tem que ministrar aulas para muitas salas de aula durante o dia,
pois a cada 50 minutos ele necessita conviver com realidades diferentes com cada turma
que vai atuar, dificultando muito a sua prática pedagógica. Outra dificuldade que
enxerga no seu cotidiano é que dificilmente existe alguma discussão sobre o que é
educação e qual é o seu papel na escola de hoje. Existem também fatores externos à
escola que dificultam a prática pedagógica dos professores, pois existe uma estrutura
que deve ser seguida e cumprida, portanto a escola não tem autonomia em todas as
questões que envolvem o cotidiano escolar.
Especificamente na disciplina de EF, os principais fatores que dificultam a
implementação dessa proposta curricular nessa escola foram: dificuldade do espaço
físico (escola está passando por uma reforma), necessidade de utilizar o espaço onde
ocorre a aula de EF nos dois intervalos de cada período, impossibilitando o acesso do
professor de EF nesses momentos, dificuldade de colocar as aulas duplas para os
46
professores de EF devido ao acúmulo de cargos dos outros professores, a exposição ao
sol cotidianamente do professor de EF, podendo provocar certas doenças, a disciplina de
EF ser vista muitas vezes como algo secundário do ponto de vista curricular, ainda
sendo considerada como algo legal, bacana, utilizado para queimar energia, dificuldade
dos professores se enxergarem enquanto grupo e entenderem os objetivos de cada área
dentro da escola (inclusive da área de EF).
Os principais fatores que facilitam a implementação dessa proposta curricular
que ela escutou dos professores e vivenciou foram: ter professores efetivos na escola,
conquistar a permanência desses professores com pouca remoção para que as pessoas
possam se conhecer melhor e aprofundar o seu trabalho, a formação permanente do
professor e existir discussões sobre política educacional e política de sociedade
avançando nas construções democráticas dentro da escola.
Especificamente na disciplina de EF, os principais fatores que facilitam a
implementação dessa proposta curricular nessa escola foram: o empenho dos
professores para realizar a adaptação do espaço existente, a utilização do clube próximo
à escola para realizar as aulas, o desejo dos alunos pela aula de EF, a cobrança que esses
alunos fazem pela aula e a possibilidade de não necessitar ficar em um espaço fechado
durante a aula.
A diretora recebeu algumas orientações sobre a proposta curricular das
disciplinas que compõe o currículo da escola, mas não participou de nenhum curso que
aprofunde esses conhecimentos das diferentes disciplinas. Ela acredita que esse
aprofundamento está mais voltado para os coordenadores da escola que tem formações
permanentes sobre a questão curricular. Ela também acredita que se a direção tivesse
mais tempo para estar mais envolvida nas questões pedagógicas facilitaria a
implementação da proposta curricular.
Para que exista uma melhor prática pedagógica dos professores de EF nessa
escola, e, por consequência, a implementação dessa proposta curricular aconteça de
forma positiva, a diretora acredita que os professores necessitam ficar em apenas uma
escola em toda a sua jornada de trabalho, para que tenham tempo de pensar nesse
espaço e de refletir o processo vivido cotidianamente, também deve existir a valorização
salarial, possibilitando que o professor não necessite de dois cargos para a sua
sobrevivência, formações continuadas constantes, tempo para refletir mais sobre os
alunos, diminuindo a quantidade de crianças em cada sala de aula, facilitando o olhar
para cada uma delas.
47
PERSPECTIVA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO 1
A entrevista com essa coordenadora pedagógica ocorreu no período da manhã na
própria escola pesquisada. Ficamos na sala da coordenação em um clima bem tranquilo
e agradável. Conversamos durante trinta minutos e todas as respostas foram concedidas
com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista e foi realizada sem
nenhuma pressa para seu término, pois nesse dia não houve expediente letivo. A
coordenadora respondeu todas as questões sem nenhum constrangimento expondo a sua
visão sobre as ocorrências do cotidiano escolar.
Essa profissional decidiu ser coordenadora porque queria realizar um trabalho
mais integrado entre os professores. Ela trabalha nessa escola há oito anos, mas possui
quinze anos de experiência como coordenadora e mais quinze anos como professora,
acumulando trinta anos de experiência profissional.
Para ela é muito difícil coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola porque
cada profissional carrega a sua concepção de educação e ela precisa mostrar para esses
profissionais a concepção da rede, causando alguns conflitos.
O seu relacionamento com os professores de EF sempre foi bom, mais existem
alguns problemas, pois alguns professores dessa disciplina trazem algumas concepções
antigas e acham que a aula é composta por treinos ou por futebol. Com os professores
de EF dessa escola existe uma boa relação porque eles entendem que EF não é só
competição e vitória, existe também a parte da colaboração e da participação.
A implementação da proposta curricular da EF está ocorrendo com algumas
dificuldades na escola pesquisada, mas durante as formações existem estímulos por
parte da coordenação para que esses professores possam refletir sobre a sua prática
pedagógica.
Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF são:
falta de espaço físico porque a escola está em reforma, impossibilidade de adquirir todos
os materiais solicitados pelos professores, falta de interesse e participação dos alunos,
alunos com diferentes situações econômicas convivendo no mesmo ambiente, falta de
atenção e concentração dos alunos, indisciplina dos alunos, problemas familiares dos
alunos, cultura do aluno e da comunidade frente à EF, dificuldade para trabalhar com
alunos que possuem necessidades especiais, número de paradas pedagógicas
insuficientes durante o ano, a jornada extensa de trabalho (acúmulo de cargo e outros
empregos na área de formação, gerando falta de tempo para realizar as capacitações
48
oferecidas pela prefeitura), baixa remuneração dos professores, dificuldade financeira
dos professores para realizarem a sua formação continuada, trânsito para chegar à
unidade escolar, principalmente para aqueles professores que possuem acúmulos,
número de capacitações insuficientes dos coordenadores, formação inicial dos
professores muito distante da realidade escolar, principalmente nas questões de didática
e metodologia de ensino, formação insuficiente do professor para trabalhar com a
concepção de ensino da prefeitura, falta de empenho de alguns professores e desanimo
de alguns professores.
Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF são:
realizar a JEIF (para que os professores entendam a concepção de ensino da rede
municipal), olhar interdisciplinar do professor, trabalhar em apenas uma unidade
escolar, compromisso do professor com a educação, maior proximidade do aluno com o
professor de EF, tentar atender aos pedidos de materiais dos professores e respeitar a
diversidade do ambiente escolar.
Para que melhore a prática pedagógica do professor de EF é necessário: existir
uma formação acadêmica com maior proximidade da realidade escolar e realizar estágio
remunerado (durante a formação acadêmica conhecer a realidade da escola e não
precisar estar atuando em outra área para manter-se financeiramente).
PERSPECTIVA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO 2
A entrevista com esse coordenador pedagógico ocorreu no período da noite na
própria escola pesquisada. Ficamos na sala da coordenação em um clima bem tranquilo
e agradável. Conversamos durante trinta minutos e todas as respostas foram concedidas
com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista e foi realizada sem
nenhuma pressa para seu término, pois a direção da escola sabia da realização do
trabalho e permitiu que o coordenador conversasse com o pesquisador durante o tempo
necessário. Percebemos que em algumas respostas esse profissional pensava bastante
antes de emitir sua opinião, mostrando certo desconforto. Na nossa visão, ele foi claro
em suas exposições, mas em algumas falas se sentiu constrangido para emitir a sua real
opinião.
Esse profissional decidiu ser coordenador pedagógico porque tinha formação em
Geografia e Pedagogia e gosta de trabalhar na formação dos professores para agregar
valores da sua própria formação na formação dos professores, além disso, acredita que
49
pode contribuir mais como coordenador do que como professor. Esta há vinte e oito
anos na prefeitura, tem onze de experiência como coordenador pedagógico e está nessa
escola há quatro anos. Também é professor Universitário.
Para ele, coordenar a equipe dessa escola é um paradoxo, pois sente muito prazer
no seu trabalho, mas sente diversas dificuldades no seu dia a dia. Até por conta de todas
essas dificuldades, os professores estão tendo muitos problemas para realizar a
implementação da proposta curricular de EF.
O seu relacionamento com os professores de EF é bom. Tem dificuldade com
todos os professores da escola quando estes pedem que ele compre, separe ou organize
os materiais que esses profissionais necessitam usar durante as suas aulas, pois essa não
é uma função do coordenador pedagógico nas escolas municipais de São Paulo, visto
que ele foi concursado para refletir sobre a prática pedagógica dos professores.
Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF são: ter
acúmulo de cargo, professores que não participam da JEIF, falta de tempo para a
formação continuada, formação continuada da prefeitura insuficiente, resistência dos
professores mais experientes frente à proposta curricular, mudança anual da unidade
escolar dos professores, poucas jornadas pedagógicas, indisciplina dos alunos, falta de
acompanhamento dos pais, falta de hábitos de estudos dos alunos, aumento do número
de dias letivos com os alunos, cultura da comunidade escolar frente à EF, resistência do
aluno com certos conteúdos, falta de preparo e infraestrutura para incluir os alunos com
necessidades especiais, falta de um projeto da rede de inclusão, falta de espaço físico
adequado e indisponibilidade de utilizar os materiais de EF.
Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF são:
visita técnica ao clube da cidade próximo da escola, a disciplina de EF ter alterado seu
enfoque com a LDB atual, a estrutura administrativa oferecida pela prefeitura (diretor e
coordenadores pedagógicos efetivos, dois assistentes de direção, sala de informática
com computadores de última geração, diferentes projetos e verbas mensais para
complementar as necessidades pedagógicas do professor), mais empenho do professor e
desenvolver projetos que foquem especificamente na questão da indisciplina dos alunos.
Para que melhore a prática pedagógica do professor de EF é necessário: rever os
acúmulos de cargos, valorizando financeiramente o professor para que ele possa atuar
em apenas uma escola, existir um coordenador para cada disciplina na escola, formação
continuada obrigatória oferecida dentro do horário de trabalho de todos os professores e
mais empenho de alguns docentes.
50
PERSPECTIVA DO PROFESSOR 1
A entrevista com esse professor foi realizada na outra escola da prefeitura que
ele atua como docente. Ficamos na recepção da escola onde havia uma grande passagem
de professores, portanto o clima não estava tão tranquilo. Conversamos durante vinte
minutos durante o intervalo do professor, porém todas as respostas foram concedidas
com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista, mas havia um tempo
estipulado para ser finalizada, pois o professor tinha que voltar a ministrar as suas aulas
após o intervalo. O professor respondeu todas as questões sem nenhum constrangimento
expondo a sua visão sobre as ocorrências do cotidiano escolar.
Esse docente resolveu ser professor de EF porque desde criança se identificou
com os professores dessa disciplina na escola. Além disso, a sua relação com a atividade
física e o esporte durante a infância e a adolescência também foram fatores que
influenciaram na sua escolha.
Terminou a sua graduação em uma instituição privada da cidade de São Paulo
em 1999. Fez especialização em Pedagogia do Movimento Humano em uma instituição
pública do estado de São Paulo. Ministra aula desde 2002, portanto acumula dez anos
de experiência profissional. É docente na escola pesquisada há três anos. Possui dois
cargos como professor na prefeitura de São Paulo, sendo titular das aulas no período da
manhã nessa escola e módulo (não possui aulas atribuídas) no período da tarde na outra.
Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de
EF no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: trabalhar em espaço aberto, espaço
físico inadequado, a influência do tempo, a influência do clima, as outras pessoas que
compõe o cotidiano escolar e reclamam da dinâmica da aula de EF, as características
dos alunos, a resistência que esses alunos têm quando o professor quer desenvolver
certos conteúdos, costume dos alunos quando tiveram aula com outros professores,
dificuldade dos alunos em realizar atividades que necessitam de reflexão, que
necessitam de diálogo, fator cultural do aluno em relação à aula de EF, indisciplina dos
alunos em alguns momentos da aula, falta de materiais para trabalhar com todas as
práticas corporais, dinâmica da escola que não está preparada para certas atividades
(sair com os alunos para ter aula no clube próximo à escola), nem sempre a escola
proporciona aulas dobradinha para poder realizar as atividades no clube, não ter tido
nenhum tipo de capacitação sobre a proposta curricular e acumular dois cargos como
professor, não possibilitando voltar todas as suas energias apenas para uma escola.
51
Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF
no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: a postura do professor com o aluno,
sensibilidade para entender o aluno tornando o próprio ambiente da aula como um fator
facilitador, ter televisão com DVD em todas as salas de aula, ministrar aulas para a
mesma turma durante alguns anos seguidos, ter um clube próximo da escola para
desenvolver atividades diferenciadas e ter duas aulas seguidas com a mesma turma no
dia em que os alunos irão sair para o clube.
A sua opinião sobre a proposta curricular da prefeitura de São Paulo é que a EF
é uma área muito ampla, que tem muitas referências e bebe um pouco de cada área. Ele
acredita que a abordagem cultural apresenta vários pontos positivos, mas cada
professor, de acordo com a sua formação aplica o que aprendeu de bom de cada uma
das abordagens que aprendeu durante a sua formação profissional. Ele procura seguir a
proposta curricular, mas acredita que nem tudo é possível de realizar de acordo com a
realidade que vivencia cotidianamente na escola.
Para esse professor melhorar a sua prática pedagógica na escola seria necessário
existir cursos de capacitação, possibilidade de participar de grupos de estudos na
Universidade, acompanhar as novas pesquisas, participar de grupos de estudos com os
professores que elaboraram a proposta curricular da prefeitura de São Paulo, mas o
essencial seria ter tempo para realizar essas formações, pois tendo dois cargos tudo isso
se torna muito complicado de acontecer. Esse profissional necessita dos dois cargos
para poder dar uma condição razoável de sobrevivência para sua família e mesmo assim
não consegue pagar com o próprio dinheiro essas formações que seriam necessárias para
sua evolução profissional. O professor também acredita que trocar ideias com outros
professores que ministram aulas na escola pública e observar exposições de práticas
pedagógicas que estão dando certo na escola ajudariam a melhorar a sua prática
pedagógica.
PERSPECTIVA DO PROFESSOR 2
A entrevista com esse professor foi realizada na própria escola pesquisada.
Ficamos em uma sala de aula em um clima muito tranquilo, já que nesse dia não havia
expediente letivo com alunos. Conversamos durante vinte e cinco minutos e as respostas
foram concedidas com muita atenção. Não houve interrupções durante a entrevista e não
havia um tempo estipulado para o seu término. O professor respondeu todas as questões
52
sem nenhum constrangimento expondo a sua visão sobre as ocorrências do cotidiano
escolar.
Esse docente resolveu ser professor de EF porque se identificava com as práticas
corporais na infância e na escola. Praticava lutas e fazia academia na adolescência e
quando entrou no curso de EF na Universidade se identificou com á área.
Terminou a sua graduação em uma instituição privada da cidade de São Paulo
em 2008. Após a graduação participou de cursos de extensão voltados para a área de
musculação. Também realizou uma capacitação de xadrez que ajuda na sua prática
pedagógica na escola. Ministra aulas na escola desde outubro de 2008. Atua como
docente nessa escola desde fevereiro de 2012 como módulo (não tem aulas atribuídas,
então acompanha o professor titular de EF, entra nas aulas quando esse docente falta ou
quando a escola está necessitando que ele entre nas salas de aula para substituir
qualquer professor que tenha faltado naquele dia). Atua apenas nessa escola, no ensino
fundamental II, mas nos outros períodos é professor de musculação em uma academia.
Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF
no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: a infraestrutura inadequada (a escola não
possui quadra e a aula de EF é realizada em um espaço que pode ser utilizado por
qualquer professor, além dos intervalos também ocorrerem nesse espaço), em algumas
situações tem pouco respaldo por parte da gestão na sua atuação como professor, tem
problemas de indisciplina com alguns alunos, embora acredite que nessa escola essa
questão não é tão forte como em outras instituições municipais de ensino que já atuou
anteriormente, sente resistência dos alunos quando necessita realizar algum trabalho na
sala de aula, não tem todos os materiais que gostaria para realizar as suas aulas, tem
dificuldades por ter que atuar em áreas diferentes da EF durante o dia, pois sempre
necessita elaborar aulas para a escola e a academia nos horários que está em casa,
prejudicando a qualidade das tarefas em ambos trabalhos, como não tem todas as aulas
atribuídas não pode realizar a JEIF, não podendo ter acesso há todas as discussões e
formações que ocorrem na escola, o clima também influência negativamente o seu
cotidiano, pois quando chove não pode realizar atividades práticas se o espaço da escola
for aberto, sente dificuldade quando necessita sair da escola para realizar as atividades no
clube com alguns alunos que precisam se trocar para sair da escola, além do trajeto para
esse local que tem muitos faróis e o cuidado tem que ser muito grande. Com essa
53
realidade o professor perde muito tempo da aula e isso dificulta a sua prática pedagógica,
e, por consequência, a implementação da proposta curricular.
Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF
no cotidiano escolar vivenciado por ele foram: ter um professor de módulo na escola
para ajudar o professor titular nas suas aulas e substituir esse profissional quando ele
precisa faltar, o aluno reconhecer o professor de módulo como reconhece qualquer outro
professor da escola, ele se sente respaldado pela gestão da escola em relação aos
projetos que elabora para trabalhar com os alunos e ter um clube perto da escola
minimiza os problemas de espaço e ajuda muito na sua prática pedagógica.
Em sua opinião a proposta curricular da prefeitura de São Paulo é muito boa. O
livro de orientações é muito rico porque existem diversas possibilidades que podem ser
trabalhadas na aula de EF. Mesmo tendo uma opinião positiva sobre a proposta, acredita
quem nem todos os conteúdos que nela estão presentes são possíveis de serem
realizados por falta de materiais. Ele relata que mesmo tendo experiência com lutas não
se sente a vontade de trabalhar com esse conteúdo nas suas aulas pela infraestrutura
precária que a escola oferece.
Para esse professor melhorar a sua prática pedagógica na escola ela precisaria
fazer JEIF, independente de ter aulas atribuídas, para estar mais presente na escola, ter
uma infraestrutura melhor (quadra ou um espaço amplo que fosse fechado para ficar
imune as variações do clima), ter mais materiais disponíveis para conseguir colocar em
prática todos os conteúdos selecionados da proposta curricular, capacitações no horário
de trabalho com dispensa de ponto e ser valorizado financeiramente para poder ficar
todo tempo em apenas um emprego, discutindo por mais tempo o projeto pedagógico e
as dificuldades da escola.
PERSPECTIVA DO PROFESSOR 3
A entrevista com essa professora foi realizada por telefone, pois não foi possível
agendar em nenhum dia para ser realizada na escola pesquisada. Conversamos durante a
noite em um clima muito tranquilo e sem pressa para terminar. A entrevista durou 25
minutos e todas as questões foram respondidas com muita atenção. Não houve
interrupões durante a entrevista. A professora respondeu todas as questões, mas
54
demonstrou algum desconforto para falar questões relacionadas com os colegas de
trabalho, embora tenha realizado comentários mesmo assim.
Essa docente resolveu ser professora de EF porque desde criança tinha um sonho
de ser professora de EF. Ela gostava muito das atividades corporais na escola e era
sempre a primeira da turma para fazer a aula de EF.
Terminou a sua graduação em uma instituição privada da cidade de São Paulo
em 1992. Após a graduação realizou uma especialização em Basquete e também
capacitações especificas de EFE na própria prefeitura. Atua como docente desde 1991 e
nessa escola ministrou aulas em 2007, saiu na remoção nesse mesmo ano e depois
voltou em 2010, permanecendo até o momento. Possui dois cargos como professora,
sendo um no estado e um na prefeitura de São Paulo. Tem a carga mínima de aulas no
estado (10 aulas) e 28 aulas na prefeitura. Atua na escola pesquisada na maioria das suas
aulas no Ensino fundamental I e tem duas aulas atribuídas no Ensino Fundamental II
Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de
EF no cotidiano escolar vivenciado por ela foram: falta de espaço, falta de material
apropriado, dificuldade para trabalhar com os alunos que possuem algum tipo de
necessidades especiais, principalmente quando os cuidadores dos alunos com
necessidades mais severas faltam. Acredita também que faltem materiais específicos
para esses alunos, possui problemas com a indisciplina dos alunos do Ensino
Fundamental II, principalmente quando necessita dividir o mesmo espaço com o outro
professor da escola devido à quantidade de alunos que permanecem nesse local, possui
dificuldades com algumas professoras polivalentes de Ensino Fundamental I, pois com
uma relação pouco amistosa entre elas, existe dificuldade para trocar experiências, além
das reclamações que essas professoras fazem quando o especialista atrasa para entrar na
sua aula. Tem dificuldades com algumas crianças do ciclo I que já possuem a
sexualidade muito aflorada e atrapalham a aula, percebe que os alunos têm muitas
dificuldades em aprender a ler e escrever, e não poder realizar a JEIF por não ter todas
as aulas atribuídas, dificulta muito a implementação da proposta curricular, porque ela
perde todas as discussões que são realizadas na escola, além de existir uma diferença
grande no salário. Em anos anteriores, ela relata ter tido muitas dificuldades com a
indisciplina dos alunos e por ter ficado de módulo.
Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF
no cotidiano escolar vivenciado por ela foram: o perfil que ela possui para trabalhar com
55
as crianças de Ensino Fundamental I, ter poucos casos de indisciplina com essas turmas,
os alunos são menos resistentes em realizar qualquer tipo de atividade proposta,
aceitando com mais facilidade qualquer tipo de conteúdo e a boa relação que ela
mantém com algumas professoras de sala, facilitando as trocas de experiências e as
conversas sobre as dificuldades dos alunos.
Em sua opinião a proposta curricular da prefeitura de São Paulo é um bom
norteador por ser um livro bem completo. Acredita que tem autonomia para elaborar as
suas aulas quando está seguindo essa proposta. Além disso, tudo que está na proposta é
possível de se realizar na prática quando a escola é bem estruturada.
Para essa professora melhorar a sua prática pedagógica na escola ela acredita
que deve ser repensada a ideia do ciclo, pois os educadores ainda não estão preparados
para atuar dessa forma. Também seria necessário terminar a reforma que está ocorrendo
na escola para que se tenha melhor estrutura para ministrar as aulas, poder fazer a JEIF,
ter maior respaldo da coordenação, ter mais materiais disponíveis, ter a família dos
alunos mais presente na escola e melhores condições e capacitações para trabalhar com
os alunos que possuem alguma necessidade especial.
56
5.2.2 – Matrizes Nomotéticas dos fatores que dificultam a implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo com a Diretora,
Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF
Para leitura das matrizes nomotéticas foi criada a seguinte legenda: D – Diretor;
C – Coordenador Pedagógico; P – Professor de EF.
A leitura da matriz nomotética na horizontal, permite visualizar a quantidade de
pessoas que mencionaram a unidade significativa e, na vertical, permite visualizar todas
as unidades significativas extraídas do discurso de cada pessoa entrevistada.
Categoria 1 - Principais fatores dificultadores da implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo
Unidades de Significado
Comunidade escolar
Total
D C1 C2 P1 P2 P3
Espaço físico inadequado x x x x x x 6
Indisciplina dos alunos x x x x x 5
Jornada de trabalho extensa x x x x x 5
Falta de materiais x x x x x 5
Cultura do aluno com os estudos x x x x x 5
Formação profissional insuficiente x x x x 4
Falta de organização da rede municipal x x x x 4
Falta de organização da escola x x x x 4
Dificuldade dos alunos x x x x 4
Influência do clima x x x 3
Relação escola-comunidade inadequada x x 2
Relação interpessoal profissional x x 2
Falta de condições para a educação
inclusiva
x
x
2
Implicações da aula de EF x 1
Função social da escola x 1
Falta de trabalho coletivo x 1
Visão da disciplina de EF x 1
Baixa remuneração x 1
Descontentamento profissional x 1
Trânsito x 1
Resistência dos professores x 1
Relação aluno-aluno x 1
57
Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de
EF do município de São Paulo segundo os profissionais entrevistados nessa unidade
escolar foram:
- Espaço físico inadequado (a escola está sendo reformada e a aula de EF é realizada
em uma tenda com muitas limitações de espaço, impossibilitando muitas atividades e
dificultando a inclusão dos alunos com necessidades especiais).
- Indisciplina dos alunos (muita reclamação da indisciplina dos alunos, a violência
entre os alunos estar muito presente no cotidiano escolar e indisciplina dos alunos,
principalmente no Ensino Fundamental II).
- Jornada de trabalho extensa (ter acúmulo de cargos, o professor ministrar aulas para
muitas turmas durante o dia torna o cotidiano cansativo, dificultando a elaboração de
boas aulas, a correção dos trabalhos, além de diminuir consideravelmente a paciência do
professor, ter outros empregos na área de formação gerando falta de tempo para realizar
as capacitações oferecidas pela prefeitura, dificultando a formação continuada e não
poder dedicar toda a sua energia em apenas uma escola).
- Falta de materiais (impossibilidade de adquirir todos os materiais solicitados pelos
professores, indisponibilidade de utilizar os materiais de EF, não ter todos os materiais
para colocar em prática todos os conteúdos da EF e falta de materiais para os alunos
com necessidades especiais).
- Cultura do aluno com os estudos (problemas familiares dos alunos, cultura do aluno
e da comunidade frente à EF, falta de hábitos de estudos dos alunos, resistência do
aluno com certos conteúdos, as características dos alunos, costume dos alunos quando
tiveram aula com outros professores, sente resistência dos alunos quando necessita
realizar algum trabalho na sala de aula e tem dificuldades com algumas crianças do
ciclo I que já possuem a sexualidade muito aflorada e atrapalham a aula).
- Formação profissional insuficiente (dificilmente existe alguma discussão sobre o
que é educação e qual é o seu papel na escola de hoje, dificuldade financeira dos
professores para realizarem a sua formação continuada, formação inicial dos professores
58
muito distante da realidade escolar, principalmente nas questões de didática e
metodologia de ensino, formação insuficiente do professor para trabalhar com a
concepção de ensino da prefeitura, professores que não participam da JEIF, falta de
preparo para incluir os alunos com necessidades especiais, não ter capacitação sobre a
proposta curricular, número de capacitações insuficientes dos coordenadores, número de
paradas pedagógicas insuficientes durante o ano e formação continuada da prefeitura
insuficiente).
- Falta de organização da rede municipal (existe uma estrutura que deve ser seguida e
cumprida, a escola não tem autonomia em todas as questões que envolvem o cotidiano
escolar, mudança anual da unidade escolar dos professores, aumento do número de dias
letivos com os alunos, falta de um projeto da rede municipal de inclusão, não poder
realizar a JEIF porque não tem um número de aulas atribuídas, dificultando o acesso há
todas as discussões e formações que ocorrem na escola e a diferença salarial).
- Falta de organização da escola (dificuldade de colocar as aulas duplas para os
professores de EF devido ao acúmulo de cargos dos outros professores, a dinâmica da
escola que não está preparada para certas atividades (sair com os alunos para ter aula no
clube próximo à escola e necessita dividir o mesmo espaço com o outro professor da
escola aumentando a quantidade de alunos que permanecem no mesmo espaço).
- Dificuldades dos alunos (falta de concentração, falta de atenção, pouco envolvimento
na aula, dificuldade de estimular a vontade de conhecer dos alunos devido a idade, falta
de interesse e participação dos alunos, dificuldade dos alunos em realizar atividades que
necessitam de reflexão, que necessitam de dialogo e os alunos têm muitas dificuldades
em aprender a ler e escrever).
- Influência do clima (exposição ao sol cotidianamente do professor de EF, podendo
provocar certas doenças e o clima também influência negativamente o seu cotidiano,
pois quando chove não pode realizar atividades práticas se o espaço da escola for
aberto).
59
- Relação escola-comunidade inadequada (a família não é presente no
acompanhamento da vida escolar dos alunos, cultura da comunidade escolar frente à EF
e falta de acompanhamento dos pais).
- Relação interpessoal profissional (em algumas situações tem pouco respaldo por parte
da gestão na sua atuação como professor e possui dificuldades com algumas professoras
das salas de Ensino Fundamental I, pois com uma relação pouco amistosa entre elas
existe dificuldade para trocar experiências, além das reclamações que essas professoras
fazem quando o especialista atrasa para entrar na sua aula).
- Falta de condições para a educação inclusiva (falta de preparo para trabalhar com
alunos que possuem necessidades especiais e dificuldade para trabalhar com os alunos
que possuem algum tipo de necessidades especiais).
- Implicações da aula de EF (as outras pessoas que compõe o cotidiano escolar
reclamam da dinâmica da aula de EF).
- Função social da escola (cobrança para que os alunos entrem no mercado de trabalho,
passem no vestibular ou no vestibulinho. A escola deveria ter como função social
estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura, o encantamento pelo conhecimento).
- Falta de trabalho coletivo (dificuldade de trabalhar coletivamente e dificuldade dos
professores se enxergarem enquanto grupo e entenderem os objetivos de cada área
dentro da escola, inclusive da área de EF).
- Visão da disciplina de EF (a disciplina de EF ser vista muitas vezes como algo
secundário do ponto de vista curricular, ainda sendo considerada como algo legal,
bacana, utilizado para queimar energia).
- Baixa remuneração (baixa remuneração)
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- Descontentamento profissional (falta de empenho de alguns professores e desanimo
de alguns professores).
- Trânsito (trânsito para chegar à unidade escolar, principalmente para aqueles
professores que possuem acúmulos).
- Resistência dos professores (resistência dos professores mais experientes frente à
proposta curricular).
- Relação aluno – aluno (alunos com diferentes situações econômicas convivendo no
mesmo ambiente).
Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo segundo o relato dos profissionais de educação da escola
pesquisada foram: espaço físico inadequado, indisciplina dos alunos, jornada de
trabalho extensa, falta de materiais, cultura dos alunos com os estudos, formação
profissional insuficiente, falta de organização da rede municipal, falta de organização da
escola, dificuldades dos alunos, influência do clima, relação escola-comunidade
inadequada, relação interpessoal profissional, falta de condições para a educação
inclusiva, implicações da aula de EF, função social da escola, falta de trabalho coletivo,
visão da disciplina de EF, baixa remuneração, descontentamento profissional, trânsito,
resistência dos professores e relação aluno-aluno.
5.2.3– Observações do Cotidiano Escolar (Fatores Dificultadores)
Ensino Fundamental (Ciclo I)
Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as
aulas de EF no Ensino Fundamental I. Realizamos uma observação aleatória anotando
no diário de campo todos os fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo. Durante as anotações, também
conversamos com os professores para poder ter mais clareza de todas as situações que
ocorriam em aula.
61
Abaixo descreveremos os fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular e mostraremos os momentos da aula em que esses fatores ocorreram. Todas
as anotações realizadas no diário de campo podem ser observadas ao final do trabalho
(Apêndice F).
Fatores dificultadores da implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo
- Indisciplina dos alunos
Momento 1 - A professora mudou a atividade e nesse momento teve um pouco de
dificuldade na explicação porque as crianças falavam muito.
Momento 2 - Na 2º aula fomos para um 1º ano. Houve certa dificuldade porque as
crianças falavam muito alto e às vezes se empurravam.
Momento 3 - Nessa aula um dos alunos não parava de provocar os outros. Esse aluno
brigou com uma criança durante a aula sem nenhum motivo.
Momento 4 - Alguns alunos se machucaram no trajeto de volta para a sala. A
professora da sala de aula conversou com a professora de EF sobre o comportamento da
sala que não estava bom. Elas começaram traçar estratégias para tentar melhorar o
comportamento da sala.
Momento 5 - A 4º aula foi ministrada em um 4º ano. Durante o trajeto até o espaço da
aula de EF alguns alunos brigaram e poderiam ter se machucado.
Momento 6 - Nessa turma houve dificuldade porque alguns alunos não respeitaram
algumas regras sugeridas pela professora. Houve a necessidade de conversar com a
turma com firmeza.
Momento 7 - A professora teve que chamar a atenção dos alunos que estavam se
empurrando e falando durante a discussão da atividade realizada.
62
Momento 8 - Durante a explicação da atividade a professora novamente teve que
chamar a atenção dos alunos que não paravam de falar.
Momento 9 - A professora comentou que não conseguiu desenvolver todas as
atividades planejadas por conta do comportamento inadequado da turma.
Momento 10 - A 5º aula ocorreu em um 2º ano. A professora teve dificuldade para
conseguir o silêncio dos alunos para levá-los até o espaço da aula. A professora teve que
conversar com a sala mais de uma vez para pedir silêncio.
Momento 11 - Na 6º aula fomos para um 3º ano. A professora reuniu os alunos e
explicou a dinâmica da aula (mesmas atividades das turmas anteriores). Ela perdeu um
tempo da aula para conseguir silêncio da turma e teve que chamar a atenção de alguns
alunos.
Momento 12 - A 2º aula ocorreu em um 1º ano. A professora teve dificuldade no trajeto
até o espaço de aula porque os alunos falavam muito alto no corredor da escola.
Momento 13 - Durante a primeira brincadeira um dos meninos não realizou o que foi
proposto para atrapalhar a brincadeira e a professora teve que alterar as regras da
atividade.
Momento 14 - Durante a aula a professora teve que chamar a atenção de dois alunos
que brigaram entre eles.
Momento 15 - Na 3º aula fomos para um 4º ano. A professora teve que chamar atenção
dos alunos no trajeto por conta do barulho.
Momento 16 - Quando um dos meninos conseguiu realizar um ponto na brincadeira os
outros foram agressivos na comemoração e machucaram-no. A professora teve que
chamar a atenção dos meninos.
63
Momento 17 - Houve uma discussão entre os alunos de quem iria bater a corda e eles
acabaram brigando por conta disso. Um dos alunos ficou chateado e não quis mais
participar da aula. A professora teve que chamar atenção de todos os alunos.
Momento 18 - Nessa turma muitos alunos não respeitaram as regras colocadas pela
professora causando diversos conflitos e desentendimentos entre eles.
Momento 19 - A professora teve que mandar dois meninos de volta para a sala antes de
acabar a aula porque elas estavam desrespeitando demais as regras.
Momento 20 - Antes de voltar para a sala a professora teve que chamar a atenção da
turma toda pelo mau comportamento da maioria dos alunos durante a aula.
Momento 21 - A professora teve que chamar a atenção dos alunos mais duas vezes
durante a explicação porque eles não prestavam atenção e não ficavam quietos.
Momento 22 - Houve dificuldade de explicar a atividade pela agitação dos alunos e
pela quantidade de conversa que ocorria na aula.
Momento 23 - A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos durante as
atividades que estavam desrespeitando as regras.
Momento 24 - Na 1º aula fomos para um 2º ano. Durante o percurso duas crianças
discutiram porque uma tinha empurrado a outra e acabaram se machucando.
Momento 25 - Na 1º aula fomos para um 2º ano. Durante o percurso duas crianças
discutiram porque uma tinha empurrado a outra e acabaram se machucando.
Momento 26 - A primeira brincadeira realizada na aula foi pega-pega. Na segunda
atividade as crianças tinham que realizar arremessos na cesta. Durante a organização da
fila para iniciar a atividade dois meninos brigaram e a professora teve que intervir.
Momento 27 - Durante o jogo um dos meninos chutou a bola em uma das meninas sem
nenhum motivo. A professora teve que intervir.
64
Momento 28 - Quase no final da atividade alguns meninos começaram a desrespeitar as
regras do jogo que estava sendo realizado e a professora teve que chamar a atenção dos
alunos.
Momento 29 - Na brincadeira de pega-pega a maioria dos alunos participou com
bastante motivação. Durante a brincadeira duas crianças brigaram e uma machucou a
outra. A briga começou porque uma encostou-se à outra no pega-pega. A menina que
bateu na outra criança discutiu com a professora dizendo que o pai dela manda bater em
qualquer criança que mexer com ela.
Momento 30 - Na 4º aula fomos para um 3º ano. A professora teve dificuldade para os
alunos prestarem atenção na sua explicação e teve que chamar a atenção de alguns
alunos.
Momento 31 - Os alunos ficaram em fila para realizar a atividade de arremessar a bola
na cesta e novamente a professora teve dificuldade para explicar a atividade.
Momento 32 - Na 5º aula fomos para um 1º ano. Houve muita dificuldade com os
alunos dessa sala durante o trajeto até o espaço de aula. Os alunos brigaram entre eles e
falavam alto no corredor.
Momento 33 - Onde ocorre a aula de EF estava montado o tênis de mesa. Um dos
alunos subiu na mesa e começou a deslizar nela sem a autorização da professora. Na
hora de levantar a mesa dois alunos se machucaram.
Momento 34 - No pega-pega a professora teve que tirar um aluno da brincadeira porque
ele não parou nenhum minuto de desrespeitar as regras e atrapalhar os colegas.
Momento 35 - Durante o jogo alguns meninos se empurraram algumas vezes e em
alguns momentos chutavam a bola um no outro sem necessidade.
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Momento 36 - As atividades dessa aula foram as mesmas das anteriores. A professora
teve dificuldade de explicar como seria a aula porque alguns alunos não deixavam ela
falar.
Momento 37 - Em um momento esse grupo de alunos que não estavam assistindo ao
filme ficou trocando de lugar de propósito e falando muito alto entre eles, atrapalhando
os outros colegas.
Momento 38 - Embora a maioria dos alunos estivesse prestando muita atenção, um
grupo de cinco crianças não queriam assistir ao filme e ficaram brincando entre elas.
Momento 39 - Ao chegarmos à sala de vídeo os alunos estavam bem agitados e a
professora teve dificuldades para que eles ficassem em silêncio.
Momento 40 - Os alunos novamente ficaram agitados e algumas crianças começaram a
conversar sem parar. A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos.
Momento 41 - Na explicação da próxima atividade a professora teve dificuldade para
conseguir o silêncio das crianças que estavam muito agitadas e teve que chamar a
atenção de alguns alunos.
Momento 42 - Um aluno estava com uma lanterna e ficou acendendo e apagando esse
equipamento durante o filme. Essa atitude tirou a atenção de alguns alunos em alguns
momentos.
Momento 43 - A professora teve que trocar alguns alunos de lugar porque eles estavam
conversando demais e atrapalhando os demais colegas.
Momento 44 - Bem próximo do final da aula a professora teve que trocar outros alunos
de lugar também pelo mau comportamento.
Momento 45 - Um grupo de três alunos começou a falar alto durante a aula e acabou
atrapalhando os colegas de turma.
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Momento 46 - No jogo de vôlei das meninas duas alunas discutiram e brigaram durante
o jogo. Elas se desentenderam devido ao desrespeito de uma delas com as regras do
vôlei.
Momento 47 – No trajeto de volta para a sala de aula dois alunos discutiram porque um
falou mal do outro durante o jogo. A professora teve que intervir.
Momento 48 - Durante o jogo de vôlei um dos meninos jogou a bola forte no colega
para machucá-lo. A professora teve que intervir.
Momento 49 - Durante o jogo de queimada dois meninos do mesmo time tentaram
pegar a bola e acabaram brigando por conta disso. A professora teve que intervir.
Momento 50 - No trajeto de volta para a sala alguns alunos mexeram com os colegas
que estavam tendo aula atrapalhando as professoras de sala de aula.
Momento 51 - A professora teve que intervir com alguns alunos que estavam gritando e
jogando água um no outro no banheiro.
Momento 52 - Na 5º aula fomos para um 2º ano. A professora teve dificuldade no
trajeto da sala até o espaço onde ocorre a aula de EF porque os alunos estavam gritando
e atrapalhando as outras turmas.
Momento 53 - As crianças falaram muito alto durante o trajeto de volta para a sala de
aula e a professora teve que intervir.
Momento 54 - A aula iniciou com a divisão dos times para realizar o jogo de queimada.
Os alunos estavam muito agitados e alguns faziam brincadeiras não deixando a
professora falar. Ela teve que intervir.
Momento 55 - Durante a queimada dois alunos brigaram e um foi reclamar com a
professora que o colega tinha batido nele.
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Momento 56 - Durante a explicação da professora três alunos começaram a brigar e não
deram a mínima atenção para ela.
Momento 57 - Na 1º aula fomos para o 2º ano. Um dos alunos ainda na sala pegou o
apito da professora e assoprou sem autorização. A professora já tinha explicado que não
queria que isso acontecesse e o aluno desrespeitou mesmo assim o combinado.
Momento 58 - Em um momento da aula um aluno subiu em cima da mesa de tênis de
mesa que estava no espaço onde ocorre a aula de EF. A professora teve que interferir e
pedir para o aluno sair de cima da mesa.
Momento 59 - Durante a atividade de ameba um aluno subiu na trave sem pedir a
autorização da professora. Ela teve que intervir.
Momento 60 - No trajeto de volta para a sala de aula um aluno derrubou o outro de
propósito e acabou machucando sério o colega. A professora teve que intervir.
Momento 61 - Durante o jogo de queimada um dos alunos jogou a bola no colega e
acabou o machucando. A professora teve que intervir e o aluno ainda respondeu para
ela.
- Espaço físico inadequado
Momento 1 - O barulho de duas reformas próximas da escola atrapalhou a dinâmica da
aula.
Momento 2 - O barulho da obra ao lado estava muito alto e atrapalhou muito a
professora.
Momento 3 - Em muitos momentos durante essa aula os cachorros da casa da frente
latiam sem parar e isso atrapalhava a concentração dos alunos e a professora teve que
forçar mais a voz.
Momento 4 - Novamente o barulho da reforma ficou muito alto.
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Momento 5 - A professora colocou para a turma a dificuldade de ministrar aula com a
quantidade de pombas que estavam no espaço. Durante a aula as pombas também
tiravam a atenção dos alunos.
Momento 6 - Na tentativa de realizar uma reflexão sobre a aula a professora teve
dificuldade de falar porque os cachorros da casa da frente começaram a latir demais.
Momento 7 - Por conta da reforma que está ocorrendo ao lado do espaço de aula houve
a necessidade de diminuir ainda mais esse espaço que já é limitado porque havia risco
de ocorrer algum acidente durante a aula.
Momento 8 - Como essa aula ocorreu após o intervalo, mesmo com a limpeza do local
o espaço foi invadido por pombas a procura de alimento.
Momento 9 - Essa era a última aula do dia e o ambiente ficou bem escuro, pois não há
nenhum poste de iluminação no espaço, dificultando a dinâmica da aula.
Momento 10 - Bem no final da aula, como o espaço utilizado é próximo da rua, duas
pessoas que estavam passando mexeram com as crianças e o clima ficou um pouco
diferente do normal.
Momento 11 - O espaço da aula estava mais escuro e não existe iluminação. Essa falta
de claridade atrapalhou a prática pedagógica da professora.
Momento 12 - Na 4º aula fomos para um 4º ano. Quando chegamos ao espaço onde
ocorre a aula de EF tinha terminado o intervalo e a professora teve que esperar as
auxiliares de limpeza terminar de limpar o espaço para iniciar a aula.
Momento 13 - Próximo do final da aula o espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro
dificultando a prática pedagógica da professora.
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Momento 14 - Na 4º aula fomos para um 3º ano. Como essa aula ocorre após o
intervalo e o espaço da aula de EF também é utilizado nesse momento, a professora teve
que esperar as auxiliares de limpeza terminarem de limpar o local para iniciar a aula.
Momento 15 - Durante a aula também ficou evidente que o número de alunos da turma
é grande e o espaço reduzido. A dinâmica do jogo de queimada ficou prejudicada e os
alunos tropeçavam um no outro de vez em quando.
Momento 16 - O espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro e prejudicou o jogo de
queimada e, por consequência, a prática pedagógica da professora.
- Dificuldade dos alunos
Momento 1 - A professora relatou dificuldade em realizar rodas de conversa devido à
idade das crianças porque elas não conseguem prestar muita atenção.
Momento 2 - Na 1º aula fomos para um 3º ano. Os alunos estavam um pouco ansiosos
com a aula e a professora teve um pouco de dificuldade para falar.
Momento 3 - Novamente durante a explicação da alteração da atividade as crianças não
prestaram atenção, pois se dispersam muito fácil com qualquer coisa e quando começou
a atividade eles erraram a tarefa.
Momento 4 - Os alunos tiveram dificuldade de entender uma das atividades propostas
por falta de atenção na explicação da professora.
Momento 5 - Esses alunos se dispersavam muito facilmente e houve muita dificuldade
de explicar as atividades em alguns momentos.
Momento 6 - Uma das alunas não quis realizar uma das atividades proposta pela
professora. Depois da professora, uma colega pediu para que ela participasse da aula e
ela concordou. Parecia que estava com medo de alguma coisa.
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Momento 7 - Os alunos dessa turma apresentam dificuldade para prestar atenção nas
orientações da professora por estarem muito dispersos.
Momento 8 - Após acabar uma brincadeira a professora tinha dificuldade para começar
outra depois de comentar se os meninos ou as meninas haviam ganhado porque os
alunos estavam muito agitados.
Momento 9 - A professora teve dificuldade para explicar a dinâmica da aula por conta
da agitação dos alunos.
Momento 10 - Durante as atividades de corda os meninos que estavam esperando a sua
vez dispersaram várias vezes e a professora teve que chamar a atenção.
Momento 11 - A professora teve dificuldade de explicar a atividade de jogar a bola na
cesta porque os alunos estavam muito agitados e não deixavam ela falar.
Momento 12 - Na 6º aula fomos para o outro 1º ano. Nesse momento os alunos estavam
muito agitados. A professora demorou quase dez minutos no trajeto entre a sala de aula
e o espaço onde ocorre a aula de EF.
Momento 13 - Quando o filme já estava quase acabando alguns alunos novamente se
dispersaram e a professora teve que intervir.
Momento 14 - Dois alunos dessa turma tinham dificuldade de atenção e constantemente
erravam as regras do jogo.
- Cultura do aluno com os estudos
Momento 1 - A professora fez uma corrida com as operações matemáticas. Durante
uma das corridas uma aluna empurrou a outra sem querer e houve certo problema, pois
a menina que foi empurrada não parava de chorar. A professora teve que conversar com
a sala.
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Momento 2 - A professora teve dificuldade para reunir os alunos no meio da quadra
para explicar a atividade, pois os alunos estavam inquietos e alguns não prestavam
atenção no que ela dizia.
Momento 3 - As atividades propostas foram as mesmas das aulas anteriores. Na
atividade de pega-pega duas meninas se empurraram e uma delas ficou chorando, e, por
conta disso, não queria mais participar da aula. Todos os alunos dessa turma
reclamaram dessa menina dizendo que ela empurra as outras crianças durante as
brincadeiras. A professora chamou a atenção dessa aluna.
Momento 4 - Muitos alunos estavam de calça jeans e a professora colocou para a turma
que deve existir uma vestimenta adequada para aula de EF.
Momento 5 - Alguns alunos não se interessaram muito pela atividade e não quiseram
pular corda. Eles ficaram sentados observando a aula.
Momento 6 - Uma das alunas se machucou durante a aula e uma colega deu risada dela.
Isso ocasionou uma pequena briga entre as meninas. A professora teve que parar a aula
para intervir.
Momento 7 - Ao chegar no espaço de aula os alunos demoraram em prestar atenção na
professora e ela teve dificuldade de explicar a aula.
Momento 8 - Na 2º aula fomos para um 4º ano. Foram realizadas as mesmas atividades
da aula anterior. Duas meninas não queriam participar da aula e mesmo com a
professora chamando, elas se negaram a participar. A professora conseguiu que elas
participassem da aula depois de muita discussão.
Momento 9 - Três alunos se recusaram a assistir ao filme e preferiram ficar realizando
cópia de um texto.
Momento 10 - Logo no inicio da aula a professora teve que chamar a atenção de um
aluno que estava estragando as folhas do seu caderno.
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Momento 11 - Na 6º aula fomos para outro 2º ano. A professora comentou com a turma
que havia muitos alunos sem a vestimenta adequada para realizar a aula e pediu para
que na próxima aula eles viessem com a roupa adequada.
Momento 12 - A professora juntou os alunos e mencionou que havia muitas crianças
com a vestimenta inadequada para a aula de EF. Ela pediu para os alunos não usarem
calça jeans na próxima aula.
Momento 13 - No final da aula a professora mudou a atividade. Ela propôs que os
alunos realizassem ameba. Alguns alunos simplesmente não quiseram participar da aula
e ficaram sentados.
- Influência do clima
Momento 1 - Na 1º aula fomos para um 4º ano. Nesse dia estava chovendo e a
professora ficou impossibilitada de utilizar o espaço onde ocorre a aula de EF.
Momento 2 - A professora já tinha começado a passar o filme por conta da quantidade
de dias com chuva que ocorreram nesse mês. A professora explicou para os alunos que
iria terminar de passar o filme hoje e fazer reflexões sobre o que foi entendido.
Momento 3 - Na 2º aula fomos para um 1º ano. A professora comentou com os alunos
que eles iriam assistir a um filme por conta da chuva, pois o espaço onde ocorre a aula
estava molhado. Primeiramente as crianças não gostaram muito.
Momento 4 - Na 4º aula fomos para um 5º ano. Ainda estava chovendo e a professora
levou a turma para a sala de vídeo.
Momento 5 - Novamente fomos para a sala de vídeo porque o espaço da aula de EF
estava molhado.
Momento 6 - Na 6º aula fomos para um 4º ano. Mesmo parando de chover o espaço
onde ocorre a aula de EF ainda estava molhado e fomos novamente para a sala de vídeo.
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Momento 7 - Durante a aula começou a ficar muito frio. Como o espaço onde ocorre a
aula de EF é aberto algumas crianças participaram menos da atividade porque estavam
com frio.
Momento 8 - Como estava muito frio nesse horário e o espaço onde ocorre a aula de EF
é aberto, a professora teve que pedir agasalho para todas as crianças que não trouxeram
roupa de frio para conseguir ministrar a sua aula.
- Falta de condições para a educação inclusiva
Momento 1 - Nessa turma tem uma aluna com necessidade especial (cadeirante e
deficiente intelectual). Não havia nenhum cuidador para ajudar a professora com a aluna
que ficou apenas observando a aula.
Momento 2 - Nessa aula, como a professora tinha que prestar atenção nos alunos e na
aluna com necessidade especial, dificultou a sua prática pedagógica. As crianças que
ajudavam essa aluna algumas vezes não tomavam o cuidado necessário e a professora
tinha que ter atenção redobrada.
Momento 3 - Nessa sala têm uma aluna cadeirante e com deficiência intelectual. Não
havia ninguém para ajudar a professora durante a sua aula com essa menina.
Momento 4 - Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais. Ela estava com
uma cuidadora. Durante o filme todo ela ficou fazendo barulho e isso tirou a atenção
dos seus colegas de classe por muitas vezes.
Momento 5 - Quando todos os alunos estavam em silêncio e prestando atenção no
filme, a aluna com necessidades especiais caiu no chão e começou a gritar muito alto,
tirando a atenção de todos os outros alunos. A cuidadora teve que tirar ela da sala.
Momento 6 - Nessa turma tem um aluno cadeirante e não havia nenhum cuidador para
ajudar a professora. Ela teve que levá-lo até o local onde ocorre a aula de EF e ficou
com ele durante todo tempo de aula sem a ajuda de ninguém.
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- Mau odor
Momento 1 - Nesse momento sentimos um odor muito forte no espaço onde ocorre a
aula vindo da casa da frente.
Momento 2 - Um dos alunos procurou a professora e comentou do cheiro que estava na
quadra.
Momento 3 - O cheiro forte dos cachorros da casa da frente era sentido no ambiente
durante o período da aula.
Momento 4 - Durante a aula o cheiro ruim que vem da casa que fica em frente do
espaço onde ocorre a aula de EF ficou muito forte.
Momento 5 - Em um determinado momento da aula o cheiro ruim da casa que fica de
frente para o espaço onde ocorre a aula de EF ficou muito forte.
Momento 6 - Logo no inicio da aula o cheiro ruim da casa da frente ficou forte
novamente no espaço.
- Falta de organização da escola
Momento 1 - Na 5º aula fomos para um 3º ano. Quando a professora chegou à sala de
aula foi avisada que essa turma estava com crianças de outro 3º ano e de um 1º ano
também. Algumas professoras faltaram e não havia com quem deixar esses alunos. Na
sala de vídeo tivemos um problema porque as turmas já tinham começado a assistir o
filme e estavam em momentos diferentes. A professora teve que conversar com as
crianças e começar o filme quase do inicio.
Momento 2 - Com a junção das turmas os alunos ficaram bastante agitados e a
professora teve que pedir silêncio três vezes antes de iniciar o filme.
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Momento 3 - A professora comentou que tinha preparado outra dinâmica de aula, mas
quando chegou à escola não conseguiu ter acesso aos materiais porque apenas o
professor de EF estava com a chave dos materiais e teve que adaptar as atividades.
- Visão da disciplina de EF
Momento 1 - Um aluno chegou um tempo após a aula ter iniciado porque não havia
terminado as tarefas com a professora da sala de aula.
- Os materiais caem fora da escola
Momento 1 - No jogo a bola caiu fora do espaço onde ocorre a aula de EF. A
professora conseguiu recuperar a bola depois de algum tempo e o jogo foi interrompido.
- Restrição médica
Momento 1 - Durante essa aula um aluno que foi impedido de participar da aula de EF
pelo médico porque está com pressão alta. Ele pediu para a professora deixá-lo
participar da aula, mas ela não permitiu devido ao afastamento médico.
Depoimentos espontâneos dos professores durantes as observações dos fatores que
dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo
Alunos transferidos
- A professora comentou que têm dois alunos novos na sala que vieram transferidos de
outra escola que ainda não se adaptaram as regras da escola e estão comportando-se
mal.
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Restrição médica
- Durante essa aula a coordenadora veio alertar a professora que tem um aluno na
escola com diagnóstico de hipertensão arterial e obesidade. O médico proibiu esse aluno
de realizar as aulas de EF. A professora comentou que existem outros alunos na escola
na mesma situação.
Número elevado de alunos por turma
- Durante a aula a professora comentou que essa sala tem muitos alunos e isso dificulta
a sua prática pedagógica, até por conta do espaço reduzido para realizar a aula.
Síntese das observações
Durante as observações realizadas nessa escola, nas aulas do Ensino
Fundamental (ciclo I), um dos principais fatores que dificultou a implementação da
proposta curriculare foi a indisciplina dos alunos. Em muitos momentos os alunos não
permitiam que a professora explicasse as atividades durante a aula, brigavam
constantemente com os colegas, faziam brincadeiras para magoar as outras crianças,
falavam alto durante o trajeto da sala de aula até o espaço onde ocorre a aula de EF,
atrapalhando as outras turmas, erravam as tarefas para atrapalhar o andamento da aula,
jogavam o material que estava sendo utilizado nos colegas e acabavam os machucando,
além de constantemente não respeitar as regras colocadas pela professora.
Outro fator que também dificultou a implementação da proposta curricular foi a
dificuldade dos alunos. Em muitos momentos, as crianças tinham dificuldade de
concentração e não prestavam atenção no que a professora estava ensinando, se
dispersavam facilmente com qualquer coisa que acontecia durante a aula, se agitavam
demais para iniciar a aula e em alguns momentos tinham dificuldade para entender as
tarefas propostas pela professora.
O espaço físico inadequado foi outro fator que dificultou a prática pedagógica,
pois a escola estava em reforma e o barulho da obra constantemente atrapalhava a
dinâmica da aula, fazendo a professora aumentar o tom de voz em muitos momentos.
Esse espaço se tornou limitado por conta da reforma, porque em alguns locais as
77
crianças não podiam ficar por conta de segurança, já que a obra é do lado da “quadra” e
em alguns momentos caiam coisas dentro desse espaço. Em uma das residências
localizadas na frente da escola, uma pessoa cuida de muitos animais que latem sem
parar durante o dia e o barulho atrapalha demais a professora. Em alguns momentos as
pessoas que passavam na rua mexiam com as crianças que estavam tendo aula e na
última aula do dia ficava impossível realizar qualquer dinâmica de aula porque o espaço
ficava muito escuro e não existia nenhum tipo de iluminação. Outro fator observado que
tem relação extrema com o espaço onde ocorre a aula de EF é que nessa casa onde
cuidam de cachorros, várias vezes durante o dia as crianças sentem um odor muito forte
por conta da falta de assepsia com os animais. Por muitas vezes observamos as crianças
reclamando desse mau odor.
Também identificamos que a cultura do aluno com os estudos dificultou a
implementação da proposta curricular de EF, pois algumas crianças não estavam muito
preocupadas em prestar atenção na aula, não iam para a escola com a vestimenta
adequada para as aulas de EF e nem com o uniforme fornecido pela rede de ensino, se
recusam muitas vezes a participar da aula e em alguns momentos estragavam o material
que foi fornecido pela própria rede de ensino.
A influência do clima foi outro fator que dificultou a prática pedagógica da
professora. Quando chovia, a professora ficava impossibilitada de ministrar a sua aula
no espaço onde ocorre a aula de EF porque esse local é aberto e o chão ficava todo
molhado.
Ter alunos com necessidades especiais dentro da escola sem as condições
adequadas para atender essas crianças também dificultou a implementação da proposta
curricular de EF. Em muitos momentos não havia ninguém para ajudar a professora
com esses alunos. Ela tinha que ministrar aula para uma classe com muitas crianças e
cuidar desses alunos que tinham necessidades especiais severas em muitos casos.
Mesmo nos momentos que essas crianças estavam sendo olhadas por alguém, ocorriam
problemas que eram difíceis de serem solucionados pela própria estrutura da escola que
não está preparada para receber esses alunos em muitos casos.
A maneira que a escola se organiza dificultou a implementação da proposta
curricular de EF em alguns momentos, pois em um dia letivo onde faltaram muitas
professoras, as crianças foram colocadas em uma mesma sala formando uma turma com
alunos de diferentes idades. Como alguns já tinham tido a aula que a professora estava
ministrando houve certa confusão com essa turma, além disso, por conta de estarem
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misturados os alunos ficaram muito agitados para a aula prejudicando a prática
pedagógica da professora.
A visão que os outros profissionais da educação têm sobre a disciplina da EF
ainda prejudica a prática pedagógica desses professores, pois em um dos momentos das
observações, um dos alunos chegou atrasado para a aula de EF porque não tinha
terminado a tarefa com a professora de sala de aula. Nessa situação ficou evidente que
essa professora considera a sua disciplina mais importante do que a EF no ambiente
escolar.
A quantidade de transferências de alunos que ocorrem durante o ano letivo
também prejudicou a prática pedagógica da professora, porque os alunos não estão
acostumados com a dinâmica daquela escola e muitas vezes não respeitam as regras que
são colocadas naquela instituição de ensino e demoraram em se acostumar com o novo
ambiente educativo.
Também observamos que em alguns momentos os materiais caem fora do
espaço onde ocorre a aula de EF e isso prejudica a prática pedagógica da professora.
Quando algum material caia para fora da escola a professora tinha que recuperar esse
material e o jogo que estava sendo realizado tinha que ser interrompido.
O número elevado de alunos também prejudicou a implementação da proposta
curricular de EF. Nas nossas observações, identificamos que nas salas com mais alunos
os casos de indisciplina costumavam ocorrer com mais frequência e a dinâmica dos
jogos propostos pela professora não ocorria normalmente pela quantidade de crianças
no mesmo espaço.
O último fator observado que dificultou a implementação da proposta curricular
de EF foi a restrição médica. Um dos alunos da escola foi diagnosticado com
hipertensão arterial e obesidade. O médico proibiu esse aluno de realizar as aulas de EF.
Essa proibição do aluno de participar da aula mostra que ainda muitas pessoas entendem
a EF como atividade curricular e não como componente curricular obrigatório.
Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo I do Ensino
Fundamental foram: indisciplina dos alunos, dificuldade dos alunos, espaço físico
inadequado, cultura do aluno com os estudos, influência do clima, falta de condições
para atender os alunos com necessidades especiais, mau odor, falta de organização da
escola, visão da disciplina de EF, os materiais caírem fora da escola, número elevado de
alunos, alunos transferidos e restrição médica.
79
Ensino Fundamental (Ciclo II)
Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as
aulas de EF no Ensino Fundamental II. Abaixo descreveremos os fatores que dificultam
a implementação da proposta curricular e mostraremos os momentos da aula em que
esses fatores ocorreram. Todas as anotações realizadas no diário de campo podem ser
observadas ao final do trabalho (Apêndice F).
Fatores dificultadores da implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo
- Indisciplina dos alunos
Momento 1 - Nessa turma alguns alunos mostraram indisciplina chutando a bola ou
atrapalhando o jogo dos colegas. O professor relatou que muitos alunos possuem
comportamento inadequado na escola e possuem histórias de vida bem complicadas.
Em muitos momentos os alunos de outras salas vinham até o espaço onde ocorria a aula
e o professor tinha que pedir para que eles saíssem.
Momento 2 - Durante essa aula muitos alunos não realizaram nenhuma atividade e, por
consequência, ocorreram diversos casos de indisciplina. Muitas crianças se
machucaram, pois o espaço era limitado, havia muitos alunos e esse espaço foi coberto
há algum tempo atrás, sendo que com essa cobertura o espaço se tornou ainda mais
limitado, pois as vigas que compõe a cobertura estão espalhadas por todo o espaço,
facilitando ainda mais que os alunos se machucassem.
Momento 3 - Também houve casos de indisciplina nessa aula (chutar a bola no colega
durante o jogo de vôlei, desrespeitar algumas regras impostas pelo professor);
Momento 4 - A última aula foi ministrada em um 7º ano. O professor chegou à sala e
teve que ter uma conversa séria com os alunos porque está muito difícil ministrar aula
para aquela turma pelo comportamento inadequado que eles estão tendo. Todos os
professores estavam reclamando do comportamento da sala.
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Momento 5 - Os professores também dividiram os alunos em grupos para jogar
basquete, tênis de mesa e vôlei, mas por conta de ter muitos alunos no mesmo espaço
ficou difícil a dinâmica da aula, havendo muitos casos de indisciplina (discussão entre
os alunos, brigas, muitos alunos saindo sem a permissão dos professores. Em vários
momentos, os professores tiveram que ser firmes com muitos alunos pedindo um
comportamento adequado.
Momento 6 - Durante a aula houve alguns casos de indisciplina (chutar a bola forte
para devolvê-la para outro grupo que estivesse realizando outra atividade, falta de
respeito com o espaço que cada grupo tinha para realizar o seu jogo).
Momento 7 - Na minha observação não houve o mesmo respeito com o professor de
módulo comparado com o professor que tem as aulas.
Momento 8 - O professor colocou para a turma que o comportamento da sala está
difícil e isso está atrapalhando toda a escola, inclusive isso dificulta que os outros
professores pensem em ceder de alguma forma para que a turma possa ter aula no
parque.
Momento 9 - Fomos para o espaço onde ocorre a aula de EF e um dos alunos não
respeitou a regra imposta para sair da sala e ir até o local onde se realiza a aula (correu e
quase machucou os outros alunos). O professor teve que ser firme com esse aluno e
chamar a sua atenção.
Momento 10 - Alguns alunos pulavam corda, outros jogavam vôlei, outros tênis de
mesa e outros futebol. Houve alguns problemas de indisciplina durante a aula (briga
entre os alunos e um invadir o espaço do outro).
Momento 11 - Quando bateu o sinal do final do intervalo os alunos se levantaram para
ir ao espaço onde ocorrem as aulas sem a autorização do professor, que teve dificuldade
para retornar a leitura. Quando o texto todo já tinha sido lido, o professor permitiu que
todos fossem para o espaço.
81
Momento 12 - Após o intervalo o professor foi ministrar aula em um 8º ano. A turma
voltou do intervalo e ficou na porta da sala atrapalhando os outros alunos. Eles estavam
na porta da sala porque iriam sair para ter aula no clube durante a aula de EF. A diretora
teve que interferir e ter uma conversa rígida com a sala. Essa ida ao parque causou
alguns problemas na escola por conta do comportamento dos alunos antes da saída.
Momento 13 - Durante o trajeto para o parque dois alunos já tiveram que voltar para
escola devido ao comportamento que estavam tendo. Além desses, outros alunos não
respeitaram as regras impostas pelo professor.
Momento 14 - Um aluno de outra sala veio até o espaço e desconcentrou os alunos que
estavam fazendo a aula. Mesmo após o professor ter pedido para ele voltar para a sua
sala, ele apareceu mais uma vez no espaço onde ocorre a aula desconcentrando
novamente os alunos.
Momento 15 - Um dos alunos que não estava no jogo subiu no muro e o professor teve
que chamar a sua atenção.
Momento 16 - Fomos ter uma dobradinha em um 8º ano. Os alunos foram para o
espaço onde ocorrem as aulas e quando o professor chegou nesse espaço tinha alguns
alunos dessa turma chutando os materiais que tinham ficado no espaço da aula anterior.
Ele teve que chamar a atenção desses alunos.
Momento 17 - No final do jogo de vôlei um dos alunos chutou a bola forte de propósito
para tentar acertar em alguém.
Momento 18 - Alguns alunos jogaram de propósito a bola que estava sendo guardada
para fora do espaço.
Momento 19 - Tocou o sinal do final do intervalo e os alunos se agitaram para voltar ao
espaço onde ocorre a aula de EF e isso prejudicou muito a explicação do professor e a
leitura compartilhada.
82
Momento 20 - O professor teve que chamar atenção novamente de um aluno que estava
chutando a bola.
Momento 21 - Após o intervalo fomos para um 8º ano. Quando chegamos à sala havia
um aluno cuspindo nos outros e o professor teve que intervir com rigidez.
Momento 22 - Na aula o professor formou dois círculos com os alunos para trabalhar
com os fundamentos do vôlei. Nesse momento alguns alunos passaram a jogar a bola
um no outro.
Momento 23 - Durante esse jogo um aluno falou mal de uma aluna que errou um passe
e o professor teve que intervir.
Momento 24 - Um dos alunos chegou depois de ter iniciado a aula porque estava na
diretoria. Havia outro aluno na diretoria também. Ocorreu uma briga entre os dois e
tiveram que voltar para a diretoria para resolver esse problema.
Momento 25 - No trajeto para o espaço os alunos tiveram muitos atos de indisciplina,
ocorreram diversas brigas e xingamentos entre eles. A Auxiliar da Diretora teve que
intervir e chamar a atenção dos alunos.
Momento 26 - Em um dos círculos os meninos começaram a arremessar a bola um no
outro, além de chutarem a bola. O professor teve que chamar a atenção dos alunos.
Momento 27 - Durante a atividade alguns meninos brigaram e discutiram. Alguns
alunos realizavam a atividade de qualquer jeito, além de continuarem chutando a bola.
O professor teve que chamar a atenção desses alunos várias vezes durante a aula.
Momento 28 - Um dos alunos que não queria mais participar das atividades ficou
grande parte do tempo atrapalhando os outros alunos.
Momento 29 - Na 2º aula fomos para um 7º ano. O professor explicou qual seria a
dinâmica da aula na sala. Logo no inicio da aula já teve que chamar a atenção de um
aluno que no trajeto para o espaço saiu correndo atropelando os outros alunos.
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Momento 30 - No jogo que estava ocorrendo só de meninas, uma aluna constantemente
provocava as outras jogando a bola nelas e xingando as colegas.
Momento 31 - O professor teve que chamar a atenção de um dos alunos que em vez de
estar realizando os fundamentos do vôlei estava chutando a bola nos outros colegas.
Momento 32 - No jogo de tênis de mesa um dos alunos atrapalhava o jogo
constantemente quebrando os materiais e desconcentrando os colegas que em muitos
momentos achavam engraçadas as atitudes inadequadas dele.
Momento 33 - Houve um problema com um dos alunos no tênis de mesa que rebateu a
bolinha forte para tentar acertar um de seus colegas e quebrou o material. O professor
precisou chamar a atenção dos alunos explicando que a escola possui poucos materiais.
Momento 34 - Na última aula fomos para um 6º ano. O professor que iria trocar a aula
com o professor de EF pediu um tempo da aula dele para terminar a sua atividade
porque não conseguiu ministrar a sua aula normalmente devido à indisciplina da
maioria dos alunos.
Momento 35 - Durante o jogo de futebol dois alunos brigaram entre eles e o professor
teve que intervir na briga. Mesmo pedindo para que esses alunos que brigaram não
participassem mais da aula, em um momento que o professor estava acompanhando o
jogo de vôlei os dois voltaram a participar do jogo de futebol sem autorização. O
professor teve que chamar a atenção desses alunos novamente.
Momento 36 - Quando o professor pediu para os alunos pegarem o seu material na sala
e voltarem para o espaço de aula, a assistente de direção veio reclamar que esses alunos
estavam bagunçando com a escola inteira no trajeto.
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- Cultura do aluno com os estudos
Momento 1 - Um dos alunos chegou quase cinco minutos depois da diretora já ter
iniciado a sua fala, dizendo que não estava na sala de aula por estar no banheiro. Isso
atrapalhou a discussão que o professor, diretora e alunos estavam tendo.
Momento 2 - O professor propôs uma leitura compartilhada na sala. Houve uma séria
dificuldade de iniciar a leitura devido o comportamento de alguns alunos. Os alunos
demoraram em colar os textos nos cadernos e isso dificultou a prática pedagógica do
professor. Durante a leitura alguns alunos não acompanharam o texto e falaram junto
com os alunos que estavam realizando a leitura proposta.
Momento 3 - Alguns alunos falaram durante a leitura, alguns não acompanharam o
texto e durante a explicação também não deram a mínima para que o professor estava
falando.
Momento 4 - Após montar o ambiente, o professor foi dividir os times para jogar vôlei.
Houve algumas meninas que tiveram resistência para jogar, reclamando de terem que
realizar a aula, mas acabaram jogando.
Momento 5 - Na última aula fomos para um 7º ano. Alguns alunos chegaram na sala
depois do professor já ter iniciado a explicação sem ter nenhuma explicação para tal
atitude. Nesse momento o professor teve que interromper a aula.
Momento 6 - Iniciou-se na sala uma leitura compartilhada. Alguns alunos falavam e
ficavam com brincadeiras durante a leitura e as explicações do professor, que foi
obrigado a parar a aula algumas vezes para chamar atenção desses alunos.
Momento 7 - Novamente durante a explicação esses mesmos alunos ficaram dando
risada por algum motivo e novamente o professor teve que parar a aula para chamar
atenção.
Momento 8 - Pela terceira vez na aula o professor teve que chamar atenção dos mesmos
alunos. Esses quatro alunos atrapalharam a aula inteira.
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Momento 9 - Quando o professor chegou ao espaço organizou dois círculos para
realizar os fundamentos do vôlei. Dois alunos simplesmente se recusaram a fazer a aula.
Momento 10 - Para voltar do clube foi um pouco mais complicado, pois os alunos
demoraram bastante para se organizar, mesmo atrasados para voltar para escola não
tiveram a disposição necessária durante o percurso do clube até a escola para chegar no
tempo correto, além de alguns alunos desrespeitarem as regras impostas pelo professor.
Momento 11 - No espaço onde ocorreu a aula um dos alunos se recusou a realizar as
atividades propostas e o professor chamou a sua atenção. Mesmo assim ele continuou se
recusando a realizar as atividades e o professor o mandou para a sala de aula fazer uma
atividade teórica.
Momento 12 - Uma aluna da sala também se recusou a fazer a aula e o professor teve
que chamar a sua atenção. Ela continuou se recusando e eles foram conversar com a
diretora.
Momento 13 - Até acabar a aula o professor teve que chamar atenção de mais alguns
alunos que simplesmente paravam de realizar as atividades propostas.
Momento 14 - O professor teve dificuldade com algumas meninas que não estavam se
esforçando em nada para jogar, tendo que chamar a atenção delas em vários momentos.
Momento 15 - O professor permitiu que os grupos conversassem sobre o trabalho
durante um tempo. Houve a necessidade de retirar o celular de um dos alunos que não
se importou com a realização do trabalho e ficou ouvindo música.
Momento 16 - Nas atividades práticas quatro alunas se recusaram a realizar a aula
mesmo com o professor insistindo para que elas participassem.
Momento 17 - Alguns alunos demoraram durante o trajeto para chegar ao espaço de
aula sem dar nenhuma explicação para esse atraso.
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Momento 18 - Alguns alunos se recusaram a pegar o caderno em um primeiro
momento. Durante a leitura, o professor teve que chamar a atenção da turma algumas
vezes para pedir silêncio.
Momento 19 - Depois da leitura, o professor pediu para que os alunos se reunissem nos
grupos de um trabalho que ele havia solicitado na sua aula anterior para conversarem,
porém a maioria dos alunos não se preocupou muito com o trabalho e ficaram
conversando sobre outras coisas.
Momento 20 - Os alunos estavam mais preocupados com os celulares do que com o
jogo de vôlei, atrapalhando a dinâmica do jogo.
Momento 21 - Fomos para o outro 7º ano na 3º aula. Uma aluna chegou depois do
professor entrar na sala e ainda deu risada depois de ter sido chamada atenção.
Momento 22 - O professor teve que sair do espaço da aula para retirar uma aluna de
outra sala que estava escondida na aula de EF. Houve a necessidade de encaminhar a
aluna para a direção.
Momento 23 - Ao organizar a saída da escola, o professor se deparou com vários
problemas. Alguns alunos que tinham autorização para sair se recusaram de ir e já
vieram de calça jeans de propósito.
Momento 24 - Houve um problema sério com celulares e o professor teve que entregar
para a diretora alguns celulares.
Momento 25 - Também houve dificuldades com alguns alunos que esqueceram a
documentação necessária para participar das competições e atrasou muito a saída do
ônibus porque o professor teve que esperar os pais desses alunos trazerem os
documentos antes de sair da escola.
Momento 26 - Antes de chegar ao espaço o professor percebeu que estava faltando uma
bola e descobriu que um aluno pegou a bola escondido para utilizar no intervalo e
estava levando a bola embora para casa.
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Momento 27 - Uma aluna nova discutiu com o professor e o desrespeitou mesmo ele
tratando ela com respeito.
Momento 28 - Por conta de tudo isso o professor decidiu ficar na escola. Os alunos que
estavam preparados para ir ao clube ficaram revoltados e muitos se recusaram a fazer
qualquer outro tipo de atividade no espaço dentro da escola.
- Espaço físico inadequado
Momento 1 - O professor me recebeu bem e fomos para a 1º turma que ele vai ministrar
as aulas. É um 9º ano. Fomos para um espaço adaptado, pois a escola está em reforma.
Esse espaço parecia ser uma antiga quadra descoberta. Foi colocada uma tenda para
cobrir o espaço. As vigas que seguram essa tenda foram colocadas no meio dessa antiga
quadra, dificultando a realização de algumas atividades.
Momento 2 - Nesse espaço adaptado onde ocorrem as aulas as bolas caem em outras
casas e na rua. Isso faz com que a aula seja interrompida em alguns momentos.
Momento 3 - Na segunda aula fomos para um 8º ano. A dinâmica da aula foi idêntica a
anterior. No meio da aula o professor necessitou voltar para a sala de aula, pois ia
começar o intervalo (que é realizado no mesmo espaço utilizado para as aulas de EF).
Momento 4 - Na quarta aula fomos para outro 8º ano. O espaço onde ocorre a aula
estava completamente sujo devido ao intervalo. A escola conta apenas com um agente
de limpeza, então o próprio professor ajudou a limpar o espaço para poder utilizá-lo
durante a sua aula.
Momento 5 - Fomos para o espaço adaptado dentro da escola. Novamente o espaço
estava sujo porque tinha acabado de terminar o intervalo e a escola só dispõe de um
agente de limpeza para organizar esse espaço. O professor novamente dividiu pequenos
grupos, sendo que alguns jogaram vôlei, outros basquete e outros tênis de mesa. Os
alunos fizeram a aula enquanto o espaço estava sendo limpo.
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Momento 6 - Nesse momento os alunos jogaram vôlei, futebol e tênis de mesa, mas
tiveram que ter aula ainda com a limpeza sendo realizada.
Momento 7 - Na 3º aula do dia fomos para um 8º ano e estava ocorrendo o intervalo,
ficando impossibilitado de utilizar o espaço onde ocorre normalmente a aula de EF.
Momento 8 - A escola está em reforma e nessa aula o barulho estava muito forte nesse
espaço, dificultando a prática pedagógica.
Momento 9 - Fomos para a sala de aula porque ia começar o intervalo nesse espaço.
Momento 10 - Fomos para o espaço onde ocorre a aula e dessa vez estava bem sujo
devido ao segundo intervalo. A equipe que realiza a limpeza estava novamente presente
e limpou o espaço durante a aula.
Momento 11 - Nessa aula uma das bolas caiu em cima das tendas que cobrem o espaço.
Aconteceu novamente da bola cair fora da escola.
Momento 12 - Na 5º aula fomos para um 8º ano. Chegando ao espaço as auxiliares de
limpeza ainda estavam limpando o local porque tinha acabado o intervalo. Esse fato
atrasou um pouco o inicio da aula.
Momento 13 - Outra dificuldade que ocorreu na aula devido à quantidade de alunos e a
limitação de espaço foi que constantemente um jogo atrapalhava o outro porque as bolas
passavam de um lado para o outro devido a dinâmica do próprio esporte.
Momento 14 - Na 2º aula fomos para um 8º ano. Estava ocorrendo o intervalo no
espaço da aula e o professor teve que ficar na sala de aula.
- Os materiais caem fora da escola
Momento 1 - Nesse espaço adaptado onde ocorrem as aulas as bolas caem em outras
casas e na rua. Isso faz com que a aula seja interrompida em alguns momentos.
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Momento 2 - Também ocorreu dos materiais caírem fora da quadra.
Momento 3 - Algumas vezes as bolas caíram fora do espaço onde ocorre a aula e isso
dificultou a dinâmica pela dificuldade de recuperar essas bolas.
Momento 4 - Os materiais caíram fora do espaço quando um grupo que não estava
jogando decidiu realizar uma roda de vôlei um pouco distante de onde acontecia o jogo
formal.
Momento 5 - Nesse momento uma das bolas caiu para fora do espaço e demorou alguns
minutos para ser recuperada.
Momento 6 - Os alunos que estavam jogando bola em roda tiveram que interromper o
jogo mais uma vez porque a bola caiu novamente para fora do espaço.
Momento 7 - Enquanto os alunos estavam em círculo realizando os fundamentos do
vôlei a bola caiu fora da escola e o jogo teve que ser interrompido por alguns
momentos.
Momento 8 - No jogo de vôlei a bola caiu para fora do espaço da aula duas vezes e
houve a necessidade de esperar uma pessoa na rua passar para devolver o material.
Momento 9 - No jogo de vôlei a bola caiu fora da escola e o professor demorou algum
tempo para recuperá-la atrasando ainda mais a aula.
- Falta de organização da escola
Momento 1 - Após a chegada do clube o professor foi ministrar aula em um 8º ano. No
inicio da aula a diretora veio explicar porque essa turma não tinha aula dobradinha de
EF (isso impossibilita a ida para o clube). Ela comentou a dificuldade de arrumar o
horário dos outros professores, pois muitos trabalham em mais de uma escola e
precisam ter horários alternativos, dificultando a possibilidade de ter aula dobradinha na
EF.
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Momento 2 - No inicio da aula o professor ficou na sala de aula conversando com os
alunos sobre as aulas dobadrinhas. Essa turma está impossibilitada de ir para o parque
porque não tem nenhuma aula dupla.
Momento 3 - Antes de sair para o local das competições o professor teve dificuldades
na escola porque as máquinas fotográficas estavam descarregadas e não havia a
possibilidade de utilizar nenhuma das três máquinas que estavam disponíveis na escola.
Momento 4 - Durante o campeonato o professor comentou que o fator que mais
dificulta a participação dos alunos é a burocracia e a falta de tempo para realizar as
inscrições, pois a escola não ajuda nessa organização e fica tudo na responsabilidade do
professor.
Momento 5 - Ainda com todos esses problemas não havia ninguém para acompanhar o
professor até o clube devido à quantidade de professores que faltaram no dia.
- Influência do clima
Momento 1 - O espaço estava um pouco molhado por ter chovido no dia anterior e o
professor teve que chamar as auxiliares de limpeza para que pudessem passar o rodo na
quadra para tirar algumas poças.
Momento 2 - O professor comentou com a turma que eles não poderiam ir para o clube
por conta de que tinha chovido no dia anterior e os espaços que poderiam ser utilizados
no clube estavam todos molhados.
Momento 3 - Na 1º aula fomos para um 9º ano. O dia estava chuvoso e frio. Antes de ir
para o espaço onde ocorre a aula o professor teve que olhar as condições para poder
levar os alunos para esse espaço (se o espaço estava seco ou molhado). Como a maioria
do espaço estava seco os alunos foram para lá ter aula. Muitos reclamaram do frio e
ficaram resistentes para realizar as atividades.
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Momento 4 - Começou a chover forte durante a aula e o espaço onde ocorre a aula de
EF começou a ficar bem molhado, tendo que ser reduzido os locais de utilização desse
espaço que já são limitados em dias que não chove.
Momento 5 - Muitos alunos que normalmente participam da aula não realizaram as
atividades por conta do frio e do espaço reduzido que podia ser utilizado por causa da
chuva.
- Falta de condições para a educação inclusiva
Momento 1 - Nessa turma existe uma aluna com necessidade especial que apresenta
dificuldade em participar das atividades junto com os outros alunos. O professor relatou
tentar aproximação dessa aluna para melhorar a participação dela na aula. Disse também
que no ano passado ela nem gostava de frequentar as aulas de EF.
Momento 2 - Nessa turma havia um aluno com necessidades especiais. Ele era
cadeirante e tinha deficiência intelectual leve. Não tinha nenhum cuidador dentro da
sala de aula para acompanhar esse aluno. Os próprios alunos da sala tiveram que ajudar
na locomoção dele até o espaço onde ocorre a aula.
Momento 3 - Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais que não consegue
realizar as atividades com os outros alunos. Então durante a aula ela permaneceu
jogando bola sozinha ou sentada, mesmo com o professor tentando pedir que ela
participasse das atividades.
Momento 4 - Nessa turma havia um aluno cadeirante com paralisia cerebral e não havia
nenhum cuidador que estivesse ali com ele naquele momento. O professor teve que
organizar o trajeto até o espaço da aula de todos os alunos e ajudar com mais cuidado na
locomoção desse menino. Ele ficou durante toda a aula apenas observando as
atividades.
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- Dividir o espaço de aula
Momento 1 - Houve a necessidade de dividir o espaço onde ocorre a aula com outro
professor. Nesse espaço os alunos podiam jogar vôlei, basquete e tênis de mesa.
Momento 2 - Quando fomos para o espaço novamente houve a necessidade de dividi-lo
com o outro professor.
Momento 3 - Fomos para a quadra e tivemos que dividir o espaço com o outro
professor.
Momento 4 - O professor levou os alunos para o espaço onde ocorre a aula e teve que
dividi-lo com a outra professora que também ministra aula na escola dificultando a
dinâmica da aula.
- Mau odor
Momento 1 - Durante a aula um cheiro muito forte começou a ser sentido no espaço. O
professor relatou que existe uma casa ao lado onde uma senhora toma conta de animais
e, durante algumas aulas, esse cheiro chega ao espaço dificultando a aula.
Momento 2 - Novamente um cheiro muito forte da casa da frente tomou conta do
espaço. Ficou quase impossível permanecer na aula.
Momento 3 - Nessa aula o cheiro ruim da casa que tem em frente à escola estava muito
forte no espaço e alguns alunos reclamaram disso.
Momento 4 - Após o intervalo fomos para um 8º ano. Chegamos ao espaço e mais uma
vez veio um cheiro forte da casa da frente.
- Dificuldades no clube
Momento 1 - Durante a atividade estava tendo aula na quadra ao lado e, ao mesmo
tempo, estava sendo cortada a grama do parque, causando um grande barulho na quadra,
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além do forte cheiro do aparelho de cortar grama que logo tomou conta do ginásio,
dificultando o andamento da aula.
Momento 2 - No clube, o professor dividiu os alunos em dois grupos. Os meninos
foram jogar futebol em uma quadra fora do ginásio onde estávamos e foram
acompanhados por uma professora de História e as meninas ficaram no ginásio jogando
futebol. Essa separação dos grupos ocorreu porque havia outra quadra vazia nesse dia
no ginásio, porém estavam lavando a parte de fora do clube e a torneira fica dentro do
ginásio. A quadra fica próxima da torneira, portanto ela estava toda molhada, ficando
inutilizável.
Momento 3 - O ginásio estava muito quente, muito barulho por conta da limpeza que
estava ocorrendo no clube, além de haver muitos pernilongos naquele local. Na quadra
onde os meninos foram jogar futebol estava sem uma das traves e houve a necessidade
de adaptar o jogo.
- Implicações da aula de EF
Momento 1 - Na troca de aula a professora de outra disciplina comentou que os alunos
chegaram mais de dez minutos atrasados depois da aula de EF, atrapalhando a dinâmica
de sua aula.
- Liberação dos responsáveis
Momento 1 - Além disso, quatro alunos não tinham autorização para sair da escola e
tiveram que ficar com outro professor realizando uma atividade deixada pelo professor
de Educação Física.
- Número elevado de alunos por turma
Momento 1 - A 1º aula ocorreu em um 6º ano. O professor dividiu dois espaços (vôlei e
futebol). O professor comentou a dificuldade que possui de trabalhar com essa turma
pela grande quantidade de alunos que ela possui.
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Depoimentos espontâneos dos professores durantes as observações dos fatores que
dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo
Implicações da aula de EF
- Os professores das outras disciplinas não gostam quando os professores de EF saem da
escola para ir ao clube por conta do barulho;
Cultura do aluno com os estudos
- Alguns alunos não querem fazer a aula, então não entregam a autorização para os pais
e voltam para a escola dizendo que não estão liberados para ir ao clube fazer a aula;
Falta de materiais
- Falta de materiais;
Dificuldade dos alunos
- Muitos alunos apresentam diversas dificuldades para ler e interpretar textos;
- Em algumas salas de aula muitos alunos apresentam dificuldades para entender as
atividades que são passadas;
Dificuldades no clube
- O professor necessita organizar as atividades no clube sozinho. Quando precisa
colocar os alunos em diferentes espaços fica complicado, pois não consegue olhar todos
os alunos ao mesmo tempo;
Alunos transferidos
- Alunos chegam transferidos de outras escolas com frequência e não querem participar
da aula muitas vezes;
95
Síntese das observações
Durante as observações realizadas nessa escola, um dos principais fatores que
dificultou a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo foi
a indisciplina dos alunos. No cotidiano escolar durante as aulas de EF, os alunos
chutavam a bola para acertar nos colegas, brigavam entre eles, discutiam durante as
aulas, saiam do espaço de aula sem a permissão dos professores, atrapalhavam as
atividades que os grupos estavam realizando, não respeitavam o professor de módulo
em alguns momentos de aula, não respeitavam as regras impostas pelo professor durante
o trajeto até o espaço onde ocorrem as aulas e no trajeto para ir e voltar do clube, alunos
de outras turmas iam até a quadra e isso desconcentrava os alunos que estavam tendo
aula de EF e alguns alunos estragavam os materiais.
A cultura dos alunos com os estudos dificultou a prática pedagógica do
professor. Em muitos momentos, alguns alunos chegavam atrasados para as aulas
porque estavam passeando pela escola, muitos alunos não realizavam as atividades
propostas pelo professor, falavam durante as leituras realizadas em sala de aula, não
prestavam atenção nas explicações dos conteúdos que o professor estava ensinando,
ficavam ouvindo música no celular em vez de realizar os trabalhos em aula, não
queriam realizar as aulas práticas ou participavam da aula de qualquer jeito, usavam
roupas inadequadas para realizar atividade física de propósito, com a intenção de não
participar da aula e alguns alunos que iriam participar das competições esqueceram a
documentação necessária para competir.
Outro fator que também dificultou a prática pedagógica dos professores foi o
espaço físico inadequado para realizar a aula. Essa escola está em reforma e não existe
um espaço específico para realizar a aula de EF. Os professores ministravam suas aulas
em uma antiga quadra que foi coberta por uma tenda. As vigas que seguram essa tenda
foram colocadas no meio dessa antiga quadra, dificultando a realização de algumas
atividades. Nesse local também estavam sendo realizados os intervalos, portanto, os
professores necessitam sair do local nos dois intervalos que ocorrem durante o período e
podem voltar a ministrar suas aulas depois. Após os intervalos ainda era necessário
esperar a limpeza do local para iniciar as aulas. Como a escola dispõe de apenas uma
pessoa para realizar essa limpeza, os professores decidiram ajudar na limpeza para
poder utilizar mais tempo esse espaço.
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Também observamos que os materiais utilizados nas aulas constantemente caiam
em cima das tendas que cobrem o espaço ou na rua. Todas as vezes que isso ocorreu foi
necessário parar aquela atividade por alguns momentos até que aquele material fosse
recuperado. Algumas vezes os professores conseguiam recuperar as bolas que iam para
a rua apenas no final da aula, impossibilitando os alunos de continuar a realizar as
atividades que estavam desenvolvendo naquele momento.
Nesse local onde ocorrem as aulas, em alguns momentos do dia, ficava com um
cheiro muito forte, pois existe uma senhora que cuida de animais na sua casa que fica
localizada na frente da escola. Em certos momentos o cheiro é muito forte e fica difícil a
permanência naquele local. Além disso, os professores necessitaram algumas vezes
dividir o mesmo espaço, já que tinham aulas no mesmo horário. Com um número
grande de alunos realizando a aula aumentava os casos de indisciplina e isso atrapalhava
muito a prática pedagógica dos professores.
Outro fator que dificultou a prática pedagógica dos professores foi a falta de
organização da escola. Havia grande dificuldade de colocar duas aulas juntas na mesma
turma. Isso era importante porque existe um clube próximo à escola e os professores
queriam levar os alunos nesse espaço para ministrar as suas aulas. Com apenas uma aula
na sala, essa dinâmica ficava impossibilitada, pois os professores necessitavam de
tempo para arrumar os materiais, organizar os alunos, ir e voltar do clube, entre outras
questões. A escola tem dificuldade de colocar aulas duplas com a mesma turma porque
muitos professores dessa instituição acumulam cargos e precisam de horários
específicos para se acomodar nas duas escolas que ministram suas aulas. Também
aconteceu de estar combinado do professor levar os alunos ao clube e na hora de ir a
escola não conseguiu colocar nenhum funcionário para acompanhar o professor de EF
até o clube. Nesses dias os alunos ficavam muito chateados e não queriam mais realizar
nenhuma atividade. O professor também comentou que quando necessita levar os
alunos para as competições externas precisa realizar tudo sozinho e a escola não se
organiza para ajudá-lo.
Quando a escola conseguia colocar aulas duplas na mesma sala e não existia
nenhum impedimento para a saída, alguns alunos não tinham a autorização dos pais para
sair da escola e o professor necessitava deixar esses alunos realizando outras atividades
com outros professores. Os professores também relataram que alguns alunos que não
querem participar das aulas nem entregam a autorização para os responsáveis para não
precisarem realizar as atividades propostas pelos professores.
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Foi identificado no cotidiano escolar que o professor de EF está sujeito ao clima
para elaborar as suas aulas, pois em dias de chuva ele não pode utilizar os espaços da
escola e do clube próximo porque estão todos molhados ou precisa secar esses espaços
durante a aula para poder utilizá-los.
Embora todas as crianças e adolescentes tenham direito de frequentar a escola,
um dos fatores que dificultou a implementação da proposta curricular de EF foi não
haver condições adequadas para atender os alunos com necessidades especiais. Durante
os dias que estávamos observando as aulas, identificamos que alguns alunos dessa
escola possuem deficiência física e intelectual e o correto seria que houvesse um
cuidador para ajudar o professor com cada um desses alunos. Como só existe uma
pessoa na escola para olhar todas as crianças e adolescentes com necessidades especiais,
o professor tinha dificuldade para organizar a turma toda incluindo realmente esse
aluno. Em alguns momentos os próprios colegas de classe ajudavam essas crianças no
trajeto da sala de aula até o espaço onde ocorre a aula de EF, mas não havia condições
reais desses alunos participarem da aula.
Durante as observações também foi relatado que os professores das outras
disciplinas não gostam quando os professores de EF saem da escola para ir ao clube por
conta do barulho e muitas vezes o professor necessita organizar as atividades no clube
sozinho. Quando precisa colocar os alunos em diferentes espaços fica complicado, pois
não consegue olhar todos os alunos ao mesmo tempo, muitos alunos apresentam
diversas dificuldades para ler e interpretar textos, esses alunos também têm dificuldades
para entender as tarefas solicitadas, alunos que vêm transferidos de outras escolas
acabam tendo resistência com a dinâmica da aula e muitas vezes não querem participar
das atividades, existe falta de materiais para realizar todas as atividades desejadas pelos
professores e em algumas turmas o número de alunos é extremamente elevado.
Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo II do Ensino
Fundamental foram: indisciplina dos alunos, cultura do aluno com os estudos, espaço
físico inadequado, os materiais caem fora da escola, falta de organização da escola,
influência do clima, falta de condições para a educação inclusiva, dividir o espaço de
aula, mau odor, dificuldades no clube, implicações da aula de EF, liberação dos
responsáveis, número elevado de alunos por turma, falta de materiais, dificuldades dos
alunos, dificuldade no clube e alunos transferidos.
98
GREVE
Durante a nossa observação os professores de EF decidiram aderir há uma greve
nacional que estava sendo realizada. Embora não consideramos essa paralisação como
um fator que dificulta a implementação da proposta curricular de EF do município de
São Paulo, achamos de extrema relevância comentar as reivindicações dos profissionais
da Educação. As principais reivindicações dessa grave foram: valorização dos padrões
de vencimentos, com a antecipação da aplicação dos reajustes previstos para 2013 e
2014; elevação dos pisos profissionais, através de reajustes lineares sobre os padrões de
vencimentos; alteração da lei salarial, que vincula 40% das receitas correntes da
Prefeitura com despesas de pessoal; reajuste nunca inferior à inflação, aumento real e
isonomia; fim dos contratos de terceirização de serviços e rede indireta; ampliação das
tabelas de vencimentos, com acréscimo de pelo menos duas referências para os ativos e
aposentados; isonomia entre ativos e aposentados, readaptados, comissionados e
estáveis; integração do agente de apoio ao Quadro dos Profissionais de Educação
(QPE); transformação do agente escolar em auxiliar técnico de educação; valorização
dos mecanismos de desenvolvimento na carreira, como evolução, promoção, progressão
e acesso; reconhecimento dos títulos a qualquer tempo para fins de enquadramento por
evolução funcional; exercício da jornada docente de opção, independentemente de
regência de classe/aula; redução da jornada de trabalho do quadro de apoio para 30
horas/semanais, sem redução de salários; inclusão na Jornada Especial Integral de
Formação (Jeif) de todos que por ela optarem; garantia de política pública de formação
para todos os profissionais de educação; melhoria da estrutura das escolas e das
condições de trabalho; atendimento à demanda de educação infantil nos CEIs e Emeis
da rede física escolar direta; redução do número de alunos por sala de
aula/turma; recessos para os CEIs; assistente de diretor para CEIs; direitos para o
quadro de apoio, mantendo suas funções atuais de apoio ao aluno e realização
de concurso para prover os cargos da carreira; pagamento dos ganhos judiciais para
todos e pagamento dos precatórios; manutenção das salas de apoio pedagógico; não
vinculação dos projetos pedagógicos às avaliações externas; adequação dos módulos de
servidores em exercício nas unidades; autonomia para as escolas desenvolverem seu
projeto pedagógico, aprovado pelo Conselho de Escola; remoção imediata para o quadro
de apoio; fim dos descontos de licenças médicas e licenças médicas por acidente de
trabalho; licenças gestante, paternidade e adoção, para qualquer finalidade; realização
99
de censo oficial e atendimento integral à demanda da Educação de Jovens e Adultos
(EJA); regulamentação da Gratificação por Local de Trabalho, fixando seu valor em
30% do QPE-14A; pagamento de diferença por exercício de função para o ATE.
Essa paralisação sinaliza que existem diversos fatores que dificultam a
implementação da proposta curricular de todos os componentes curriculares nas escolas
municipais. Todas as reivindicações dessa paralisação podem ser lidas no (Apêndice G).
100
5.2.4 Levantamento dos principais fatores dificultadores da implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo
Entrevistas
Observações
Ensino Fundamental (Ciclo I)
Observações
Ensino Fundamental (Ciclo II)
Espaço físico inadequado Espaço físico inadequado Espaço físico inadequado
Indisciplina dos alunos Indisciplina dos alunos Indisciplina dos alunos
Cultura do aluno com os
estudos
Cultura do aluno com os
estudos
Cultura do aluno com os
estudos
Falta de organização da
escola
Falta de organização da escola Falta de organização da escola
Dificuldade dos alunos Dificuldade dos alunos Dificuldade dos alunos
Influência do clima Influência do clima Influência do clima
Falta de condições para a
educação inclusiva
Falta de condições para a
educação inclusiva
Falta de condições para a
educação inclusiva
Implicações da aula de EF Implicações da aula de EF
Falta de materiais Falta de materiais
Visão da disciplina de EF Visão da disciplina de EF
Mau odor Mau odor
Alunos transferidos Alunos Transferidos
Número elevado de alunos por
turma
Número elevado de alunos por
turma
Os materiais caem fora da
escola
Os materiais caem fora da
escola
Restrição médica
Dificuldade no clube
Liberação dos responsáveis
Dividir o espaço de aula
Jornada de trabalho extensa
Formação profissional
Insuficiente
Falta de organização da rede
municipal
Relação escola-comunidade
inadequada
Relação interpessoal
profissional
Função social da escola
Falta de trabalho coletivo
Baixa remuneração
Descontentamento
profissional
Trânsito
Resistência dos professores
Relação aluno-aluno
101
No quadro acima estão destacados todos os fatores identificados nas entrevistas
e nas observações que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo. As palavras que aparecem em vermelho são os fatores
dificultadores que apareceram tanto nas observações quanto nas entrevistas.
Essa quantidade de fatores que dificultam a implementação dessa proposta
curricular mostra a complexidade do cotidiano escolar. Caparroz (2007b) também
aponta que são muitos os fatores presentes durante o cotidiano escolar do professor de
EF que dificulta a sua prática pedagógica. Todos esses fatores se relacionam formando
uma teia de aspectos presentes no dia a dia do professor, tornando esse cotidiano
extremamente complexo. André (2008) mostra a complexidade do cotidiano quando
menciona que ao compreender as vivências do cotidiano da escola, é preciso estudá-lo
com base em três dimensões: a institucional ou organizacional, a instrucional ou
pedagógica e a sociopolítica/cultural. Elas devem ser analisadas como uma unidade de
múltiplas relações, tentando compreender a dinâmica do cotidiano escolar.
102
5.2.5 – Matrizes Nomotéticas dos fatores que facilitam a implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo com o Diretor,
Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF
Para leitura das matrizes nomotéticas foi criada a seguinte legenda: D – Diretor;
C – Coordenador Pedagógico; P – Professor de EF.
A leitura da matriz nomotética na horizontal, permite visualizar a quantidade de
pessoas que mencionaram a unidade significativa e, na vertical, permite visualizar todas
as unidades significativas extraídas do discurso de cada pessoa entrevistada.
Categoria 2 – Principais fatores facilitadores da implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo
Unidades de Significado
Comunidade escolar
Total
D C1 C2 P1 P2 P3
Clube próximo da escola x x x x 4
Relação professor-aluno x x x x 4
Empenho dos professores x x x 3
Ambiente da aula x x 2
Recursos disponíveis x x 2
Permanência na escola x x 2
Organização da rede municipal x x 2
Desenvolver projetos diferenciados x x 2
Interesse dos alunos pela aula x 1
Respeitar a diversidade x 1
Olhar interdisciplinar x 1
Alterações na LDB x 1
Relação Interpessoal profissional x 1
Perfil do professor x 1
Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF
do município de São Paulo segundo os profissionais entrevistados nessa unidade escolar
foram:
- Clube próximo da escola (utilização do clube próximo à escola para realizar as aulas,
visita técnica ao clube da cidade próximo da escola, ter um clube próximo da escola
103
para desenvolver atividades diferenciadas, ter duas aulas seguidas com a mesma turma
no dia em que os alunos irão sair para o clube e ter um clube perto da escola minimiza
os problemas de espaço).
- Relação professor-aluno (maior proximidade do aluno com o professor de EF, a
postura do professor com o aluno, o aluno reconhecer o professor de módulo como
reconhece qualquer outro professor da escola, ter poucos casos de indisciplina com
essas turmas e os alunos do ciclo I são menos resistentes em realizar qualquer tipo de
atividade proposta, aceitando com mais facilidade qualquer tipo de conteúdo).
- Empenho dos professores (o empenho dos professores para realizar a adaptação do
espaço existente, compromisso do professor com a educação e mais empenho do
professor).
- Ambiente da aula (a possibilidade de não necessitar ficar em um espaço fechado
durante a aula e sensibilidade para entender o aluno tornando o próprio ambiente da aula
como um fator facilitador)
- Recursos disponíveis (tentar atender aos pedidos de materiais dos professores e ter
televisão com DVD em todas as salas de aula).
- Permanência na escola (ter professores efetivos na escola, conquistar a permanência
desses professores com pouca remoção para que as pessoas possam se conhecer melhor
e aprofundar o seu trabalho, os professores necessitam ficar em apenas uma escola em
toda a sua jornada de trabalho, para que tenha tempo de pensar nesse espaço e de refletir
o processo vivido cotidianamente e ministrar aulas para a mesma turma durante alguns
anos seguidos).
- Organização da rede municipal (estrutura administrativa oferecida pela prefeitura
(diretor e coordenadores pedagógicos efetivos, dois assistentes de direção, sala de
informática com computadores de última geração, diferentes projetos e verbas mensais
para complementar as necessidades pedagógicas do professor e ter um professor de
módulo na escola para ajudar o professor titular nas suas aulas e substituir esse
profissional quando ele precisa faltar).
104
- Desenvolver projetos diferenciados (desenvolver projetos que foquem
especificamente na questão da indisciplina dos alunos e se sentir respaldado pela gestão
da escola em relação aos projetos que elabora para trabalhar com os alunos).
- Interesse dos alunos pela aula de EF (o desejo dos alunos pela aula de EF e a
cobrança que esses alunos fazem pela aula).
- Olhar interdisciplinar (ter um olhar interdisciplinar)
- Respeitar a diversidade (respeitar a diversidade do ambiente escolar).
- Alterações na LDB (a disciplina de EF ter alterado seu enfoque com a LDB).
- Relação interpessoal profissional (a boa relação que ela mantém com algumas
professoras de sala, facilitando as trocas de experiências e as conversas sobre as
dificuldades dos alunos)
- Perfil do professor (o perfil que ela possui para trabalhar com as crianças de ensino
fundamental I).
Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo segundo o relato dos profissionais de educação da escola
pesquisada foram: clube próximo da escola, relação professor-aluno, empenho dos
professores, ambiente da aula, recursos disponíveis, permanência na escola, organização
da rede municipal, desenvolver projetos diferenciados, interesse dos alunos pela aula,
respeitar a diversidade, olhar interdisciplinar, alterações na LDB, relação interpessoal
profissional e perfil do professor.
105
5.2.6 – Observações do Cotidiano Escolar (Fatores Facilitadores)
Ensino Fundamental I
Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as
aulas de EF no Ensino Fundamental I. Abaixo descreveremos os fatores que facilitam a
implementação da proposta curricular de EF e mostraremos os momentos da aula em
que esses fatores ocorreram. Todas as anotações realizadas no diário de campo podem
ser observadas ao final do trabalho (Apêndice F).
Fatores facilitadores da implementação da proposta curricular de EF do município
de São Paulo
- Interesse dos alunos pelas aulas
Momento 1 - No espaço onde ocorre a aula a professora formou um círculo e propôs a
primeira atividade. Todos prestaram atenção. A atividade era correr e formar grupos ao
sinal da professora. Todas as crianças fizeram essa atividade com muita motivação.
Momento 2 - Houve após essa primeira atividade uma roda de conversa para discutir o
que ocorreu durante a atividade. Os alunos prestaram muita atenção nas palavras da
professora durante a roda de conversa.
Momento 3 - As crianças faziam a atividade com muita empolgação e por conta disso
até se machucaram. Ela teve que mudar a atividade por questão de segurança. Na
corrida os alunos tiveram que passar por baixo da mesa e depois da adaptação eles
tiveram que dar uma volta na mesa.
Momento 4 - A professora explicou no espaço como seria aula. Foram as mesmas
atividades da aula anterior. A maioria dos alunos participou com muito entusiasmo da
aula.
106
Momento 5 - A professora explicou a dinâmica da aula. São as mesmas atividades das
aulas anteriores. A maioria dos alunos mostrava entusiasmo para realizar qualquer
proposta feita pela professora.
Momento 6 - Foram realizadas as mesmas atividades das aulas anteriores. A maioria
dos alunos realizava todas as atividades propostas com muito entusiasmo.
Momento 7 - A 1º aula ocorreu em um 3º ano. A professora propôs uma aula com
atividades de corda. Ela dividiu as meninas e os meninos e houve uma disputa para ver
quem conseguia cumprir melhor as brincadeiras com esse material. A maioria dos
alunos participou das atividades com bastante motivação.
Momento 8 - A maioria dos alunos participou com muita motivação da aula.
Momento 9 - Na 4º aula fomos para um 2º ano. A professora chegou ao espaço e
explicou como seria a dinâmica da aula. Eram as mesmas brincadeiras de corda das
aulas anteriores disputando meninos e meninas. Nessa aula todos os alunos tiveram um
ótimo comportamento e participaram das atividades com muita motivação.
Momento 10 - A 5º aula foi ministrada em um 3º ano. Os alunos dessa turma
respeitaram a explicação da professora e participaram das atividades de corda (as
mesmas das aulas anteriores) com muita motivação.
Momento 11 - A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação,
mesmo que a maioria não conseguia acertar a cesta.
Momento 12 - Durante a aula foram realizadas as mesmas atividades das aulas
anteriores. A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação,
mesmo com todos os problemas ocorridos.
Momento 13 - A maioria dos alunos assistiu ao filme com muita atenção. Eles se
envolveram e gostaram dessa dinâmica de aula.
107
Momento 14 - Com o passar do tempo, mesmo as crianças que estavam desinteressadas
começaram a assistir o filme. Nesse momento todos estavam bem concentrados no filme
e esse recurso audiovisual facilitou a prática pedagógica da professora.
Momento 15 - Quando acabou a aula as crianças queriam continuar assistindo o filme e
reclamaram que tinham que voltar para a sala de aula.
Momento 16 - A maioria dos alunos se interessou muito pelo filme. Nessa turma não
houve nenhum problema de indisciplina.
Momento 17 - Durante o filme a turma foi se acalmando e se interessando mais pela
aula.
Momento 18 - Durante a aula a maioria das crianças começou a se interessar pelo filme
e começaram a prestar mais atenção.
Momento 19 - A maioria dos alunos prestou muita atenção no filme e se interessaram
bastante pela aula.
Momento 20 - Até acabar a aula a maioria dos alunos interessaram-se pelo filme e
assistiram com bastante atenção sem nenhum caso de indisciplina.
Momento 21 - Após vinte minutos a professora trocou os grupos Os meninos foram
jogar futebol e as meninas vôlei. A maioria dos alunos realizava as atividades com
muita motivação e interesse.
Momento 21 – A professora reuniu os alunos e explicou a dinâmica de aula. A
professora dividiu os times e explicou as regras para jogar queimada. Todas as crianças
participaram da atividade com muita motivação e interesse.
Momento 22 – Após um tempo a professora trocou os grupos. Os meninos jogaram
futebol e as meninas vôlei com muita motivação e interesse.
108
Momento 23 – Os meninos rapidamente se organizaram e começaram a jogar vôlei,
além de participar da aula com motivação e várias vezes perguntarem das regras do jogo
para a professora. A maioria das meninas também jogou futebol com muita motivação e
interesse.
Momento 24 – A atividade desenvolvida em aula foi queimada. A maioria das crianças
participou do jogo com muita motivação e interesse.
Momento 25 – Durante o jogo, a maioria das crianças participou da atividade com
muito interesse e motivação.
Momento 26 – A professora levou os alunos para o espaço onde ocorre a aula de EF, os
organizou e explicou a dinâmica da aula. A primeira atividade foi polícia e ladrão.
Todos os alunos participaram da atividade com muito interesse e motivação.
Momento 27 - A segunda atividade da aula foi ameba. Todos os alunos realizaram a
atividade com bastante motivação e interesse.
Momento 28 - Na 2º aula fomos para um 3º ano. A primeira atividade da aula foi
polícia e ladrão. Todos os alunos realizaram a brincadeira com muita motivação e
interesse.
Momento 29 - A segunda atividade realizada foi ameba. Todas as crianças realizaram a
brincadeira com muita motivação e interesse.
Momento 30 - Ao iniciar a aula a professora dividiu os times para jogar queimada.
Todos os alunos realizaram a atividade com muita motivação e interesse.
Momento 31 - Na 5º aula fomos para um 5º ano. A professora explicou que nessa aula a
turma iria jogar queimada. Ela ajudou a dividir os times e já iniciou o jogo. Os alunos
realizaram a atividade com muita motivação e interesse.
109
Momento 32 - Na 6º aula fomos para o outro 5º ano no local onde ocorre a aula de EF.
A professora explicou que os alunos iriam jogar queimada e dividiu os times. A maioria
dos alunos realizou a aula com interesse e motivação.
Momento 33 - As meninas dessa turma organizaram um jogo de chute a gol e os
meninos fizeram dois times e começaram a jogar vôlei. Após um tempo, com a
intervenção da professora, as meninas organizaram dois times e começaram a jogar
futebol. Tanto os meninos quanto as meninas participaram da aula com muita motivação
e interesse.
- Hidratação na aula
Momento 1 - A maioria dos alunos trouxe garrafinha com água e a professora não
precisou parar a sua aula para os alunos beberem água e isso facilitou a sua prática
pedagógica.
Momento 2 - Nessa turma muitos alunos também trouxeram a garrafinha de água.
Dessa forma a professora não precisou perder tempo autorizando os alunos beberem
água durante a aula.
Momento 3 - Novamente a maioria dos alunos trouxe garrafas com água e a professora
não precisou parar a aula para os alunos beberem água.
Momento 4 - Muitas crianças trouxeram a sua garrafa de água e se hidrataram sem
precisar parar a aula.
Momento 5 - Nessa turma alguns alunos trouxeram garrafa com água e a professora não
precisou parar a aula para os alunos se hidratarem.
Momento 6 - Muitas crianças trouxeram garrafas com água e se hidrataram durante a
aula. A professora não precisou parar a aula para os alunos beberem água e isso facilitou
a prática pedagógica.
110
Momento 7 - Muitas crianças trouxeram as suas garrafas com água e a professora não
precisou parar a aula para as crianças se hidratarem.
- Cooperação na aula
Momento 1 - Nessa turma existe um aluno com limitações físicas, mas as crianças
participavam da aula com ele e quando existia uma dificuldade muito grande os outros
alunos o ajudavam.
Momento 2 - Os outros alunos da sala queriam ajudar a aluna com necessidades
especiais. Todas as crianças da turma gostam muito dessa aluna e ajudam ela nas
atividades quando existe possibilidade.
Momento 3 - Havia na turma uma menina com uma limitação física no pé. Ela
participou normalmente das atividades sem sofrer nenhum tipo de desrespeito dos
demais alunos.
Momento 4 - No jogo de vôlei dos meninos uma criança não conseguia realizar o
saque. Todas as crianças do time que conseguiam fazer o movimento tentaram ensiná-lo
e o estimularam a continuar jogando.
Momento 5 - As outras crianças da turma ajudaram esse aluno cadeirante a participar
da aula. Mesmo com todas as dificuldades ele participou da atividade e parecia estar
gostando. Isso ocorreu principalmente por conta da ajuda das outras crianças.
- Organização da escola
Momento 1 - A escola organiza a Hora Atividade da professora nos horários que
ocorrem o intervalo para que a aula de EF não seja prejudicada, pois no intervalo das
crianças o espaço em que se realiza a aula não pode ser utilizado.
Momento 2 - Na 3º aula a professora estava de hora atividade. A professora realiza essa
hora de estudos nessa aula porque o intervalo é realizado nesse momento e a aula de EF
ocorre no mesmo local do intervalo.
111
Momento 3 - Na 3º aula a professora realizou sua hora de estudo. A escola organizou
esse horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo
sem atrapalhar a dinâmica da aula da professora, já que o intervalo é realizado no
mesmo local onde ocorre a aula de EF.
Momento 4 - Na 3º aula a professora realizou a sua hora de estudo. A escola organizou
esse horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo
sem atrapalhar a dinâmica da aula da professora, já que o intervalo é realizado no
mesmo local onde ocorre a aula de EF.
- Hora de Estudo
Momento 1 - Durante a hora de estudo da professora de EF a professora de sala de aula
conversou com ela novamente sobre o comportamento da sala. A professora relatou
estar com dor na garganta por ter tido que falar muito alto no espaço onde ocorre a aula
de EF.
Momento 2 - Na 3º aula a professora realizou hora de estudo e ficou discutindo
questões educacionais com as outras professoras.
- Adaptação da atividade
Momento 1 - A professora teve que adaptar a atividade por conta do espaço que é
bastante limitado e cheio de vigas no meio.
Momento 2 - Em algumas atividades a professora tentou realizar adaptações para a
aluna com necessidade especial participar da aula.
Educação Inclusiva
Momento 1 - Nessa turma tem um aluno com necessidades especiais. Nessa aula a
cuidadora que fica na escola ajudou a professora no trajeto com esse aluno cadeirante.
Durante o polícia e ladrão ele participou normalmente com as outras crianças e a
112
cuidadora permaneceu por um tempo no espaço. Durante todo esse tempo que a
cuidadora esteve presente ela ajudou a professora e isso facilitou a prática pedagógica.
Momento 2 - Quando iniciou a brincadeira de ameba a professora perguntou para a
cuidadora se o aluno com necessidades especiais poderia participar da aula porque
existia o risco de ele tomar bolada. Ela respondeu que não havia problema e o menino
participou da brincadeira normalmente. A participação da cuidadora facilitou a prática
pedagógica da professora.
- Recursos Disponíveis
Momento 1 - Ela solicitou uma sala para poder passar um filme para os alunos e
prontamente conseguiu uma sala com televisão e DVD.
- Participação da família na vida escolar do aluno
Momento 1 - Antes de iniciar a 1º aula a mãe de um aluno que estava com atestado
médico para não realizar a aula de EF veio conversar com a professora. Relatou que o
aluno tem hipertensão e já perdeu 1,5 kg depois que começou o tratamento. Ela veio
pedir se ele poderia realizar a aula de EF. Essa mãe pareceu ser bem presente e essa
relação da família com a escola ajudou na prática pedagógica da professora.
Síntese das Observações
Durante as observações das aulas de EF identificamos que o interesse dos alunos
pelas aulas facilitou a implementação da proposta curricular dessa disciplina do
município de São Paulo. A maioria das crianças do Ensino Fundamental (ciclo 1) se
interessavam muito pelas atividades propostas pela professora. Ficou nítido que os
alunos esperavam com ansiedade a aula de EF e faziam as atividades, na maioria das
vezes, com muita motivação.
Outro fator que facilitou a prática pedagógica da professora foi a hidratação na
aula. A professora combinou com os alunos que eles iriam trazer uma garrafa com água
para se hidratarem durante as aulas de EF. Além da professora ensinar um conceito
importante para essas crianças, não era necessário parar a aula para beber água. Com
113
essa dinâmica, não havia a necessidade de perder tempo da aula para que os alunos se
hidratassem. Muitas crianças traziam as suas garrafinhas de água durante as aulas.
A cooperação dos alunos na aula também facilitou a implementação da proposta
curricular de EF. Alguns alunos ajudaram os colegas com necessidades especiais
durante as aulas. As crianças queriam que todos participassem da aula e aqueles que não
conseguiam realizar uma atividade eram respeitados e muitas vezes ajudados pelos
colegas de turma.
Todos os professores da prefeitura de São Paulo têm direito de realizar hora de
estudo. Cada profissional tem o tempo de 3 horas/aula por semana para realizar as suas
tarefas sem estar ministrando aula. Como o intervalo da escola é realizado no espaço
onde ocorrem as aulas de EF, a escola organizou as horas de estudos da professora no
mesmo horário dos intervalos dos alunos. Essa organização facilitou a prática
pedagógica da professora porque ela nunca ficava impossibilitada de utilizar o espaço
de aula por esse motivo.
Ter esse momento de hora de estudo facilita a implementação da proposta
curricular de EF, pois nesses horários a professora conversava com os outros
professores sobre o andamento das diferentes turmas da escola e também observamos
uma discussão sobre questões educacionais sendo realizada nesse horário entre a
professora de EF e os demais funcionários da escola.
Ter a capacidade de adaptar as atividades de acordo com as circunstâncias da
aula também facilitou a implementação da proposta curricular. Observamos que em uma
aula a professora adaptou uma atividade para que uma aluna com necessidades especiais
participasse da aula e em outro momento ela realizou outra adaptação na aula por conta
da limitação de espaço existente nessa escola. Com essas adaptações a aula se tornou
mais inclusiva e mais segura para os alunos.
A educação inclusiva também é um fator que facilita a implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo. O que observamos na escola que
ajudou na educação inclusiva foi ter um cuidador junto com a professora de EF para
auxiliá-la na aula. Além de ajudar no trajeto da criança até o espaço, durante a aula a
professora tirava dúvidas com a cuidadora e se sentiu mais segura para ministrar a aula.
Outro fator identificado que facilita a implementação da proposta curricular de
EF do município de São Paulo foram os recursos disponíveis. Em um dia de chuva que
a professora não podia utilizar o espaço onde ocorre a aula de EF, foi solicitado uma
114
sala com televisão e DVD. A professora foi prontamente atendida e passou um filme
para os alunos nesse dia.
O último fator identificado nas nossas observações que facilita a implementação
da proposta curricular de EF no município de São Paulo foi a participação da família na
vida escolar do aluno. A importância dessa participação familiar ficou evidente quando
uma mãe foi conversar com a professora sobre a situação que se encontrava a saúde do
seu filho e como ficaria a participação dele na aula de EF. A professora conversou com
essa mãe e elas entraram em um acordo sobre a participação do menino na aula.
Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo I do Ensino
Fundamental foram: interesse dos alunos pelas aulas, hidratação na aula, cooperação do
aluno, organização da escola, hora de estudo, adaptação da atividade, educação
inclusiva, recursos disponíveis e participação da família na vida escolar do aluno.
Ensino Fundamental II
Nesse momento do trabalho descreveremos as observações realizadas durante as
aulas de EF no Ensino Fundamental II. Abaixo descreveremos os fatores que facilitam a
implementação da proposta curricular e mostraremos os momentos da aula em que esses
fatores ocorreram. Todas as anotações realizadas no diário de campo podem ser
observadas ao final do trabalho (Apêndice F).
Fatores facilitadores da implementação da proposta curricular de EF do município
de São Paulo
- Interesse dos alunos pelas aulas
Momento 1 - Durante a explicação alguns alunos que estavam mais interessados
participaram da aula realizando perguntas. Isso enriqueceu a aula e ajudou na prática
pedagógica do professor.
Momento 2 - Não houve nenhum problema de indisciplina enquanto os alunos estavam
no espaço onde ocorre a aula. O bom comportamento e a motivação dos alunos em
realizar as atividades facilitou a prática pedagógica.
115
Momento 3 - Na 4º aula fomos para um 8º ano. Estava em horário de intervalo e o
professor teve que ficar na sala de aula. Foi proposto para os alunos uma leitura
compartilhada. A maioria dos alunos estavam interessados na aula e fizeram a leitura,
além de prestar atenção nas explicações e realizar perguntas que enriqueceram a aula. O
texto falava sobre atletismo.
Momento 4 - Chegando ao local da aula os alunos ajudaram o professor a montar a rede
de vôlei e a mesa de tênis de mesa (adaptada) e já começaram a realizar as atividades.
Ter a ajuda de alguns alunos para montar o ambiente da aula facilitou a prática
pedagógica.
Momento 5 - A maioria dos alunos ficou muito atento às fotos e filmagens da
competição de atletismo. Utilizar esse recurso tecnológico aumentou de forma
significativa o interesse dos alunos pela aula.
Momento 6 - Como havia chovido e tinha locais molhados no espaço os próprios
alunos ajudaram a retirar o excesso de água com um rodo porque queriam aproveitar o
tempo para realizar as atividades práticas.
Momento 7 - Os alunos se organizaram para jogar vôlei e tênis de mesa. Na maioria do
tempo grande parte dos alunos participaram da aula bem motivados para realizar as
atividades.
Momento 8 - Após a intervenção do professor, a maioria dos alunos acompanhou a
leitura, se interessaram pelo texto e realizaram uma pequena discussão sobre o conteúdo
mostrando bastante interesse.
- Permanência na escola
Momento 1 - Na sala de aula o professor pediu que os alunos copiassem um texto e
passou algumas questões para serem respondidas. Disse que já tinha explicado o texto e
ficou durante toda a aula tirando dúvidas dos alunos que não conseguiram responder as
questões. Esse texto falava das alterações fisiológicas que acontecem no nosso corpo
116
quando realizamos exercícios (freqüência, cardíaca, respiração, suor etc). Os alunos
copiaram o texto e responderam as questões de forma tranqüila. Conforme eles
acabavam a tarefa solicitada podiam voltar para a quadra e continuar jogando. Ficamos
duas aulas com essa turma. O professor já ministrava aulas para essa turma há três anos.
Momento 2 - Após essa primeira atividade o professor organizou um jogo de handebol
só de meninos. O bom comportamento dos alunos dessa turma facilitou a prática
pedagógica, já que o professor ministra aulas para eles há algum tempo.
Momento 3 - Os alunos dessa sala já estão acostumados com a dinâmica da aula. Já
sabem as regras do esporte, têm aula com esse professor há algum tempo e a maioria
respeita a dinâmica da aula.
Momento 4 - Não houve casos de indisciplina durante a aula. A turma já esta
acostumada com a dinâmica do professor e isso facilitou a prática pedagógica.
- Clube próximo da escola
Momento 1 - Logo após o professor tinha aula dobradinha em um 8º ano. Nessa semana
os alunos já tinham a liberação para ir até o clube próximo da escola para utilizar os
espaços desse local durante as aulas de EF.
Momento 2 - Após o intervalo o professor foi ministrar aula em um 9º ano. Essa turma
ia ter aula no clube próximo à escola.
- Organização da rede municipal
Momento 1 - A 1º aula do dia foi no 8º B. O professor que tem as aulas faltou nessa
aula. O professor de EF que estava de módulo assumiu a turma.
Momento 2 - O professor de módulo veio trazer um fax sobre as olimpíadas escolares.
Enquanto o professor titular ministrava as aulas o professor de módulo estava
realizando a inscrição dos alunos que iam participar do evento. Isso facilitou a prática
pedagógica porque não existia outro funcionário da escola para realizar essas inscrições
117
e caso não houvesse o professor de módulo o professor titular teria que fazer as duas
coisas ao mesmo tempo.
Momento 3 - Nesse dia o professor levou os alunos para o campeonato de atletismo
realizado pela prefeitura de São Paulo. Enquanto ele realizava a parte burocrática para
que ocorresse a saída da escola (conferir as identidades de cada um dos alunos e as
autorizações assinadas pelos responsáveis) o professor de módulo ficou no espaço onde
ocorrem as aulas com os alunos que iriam participar das competições jogando vôlei,
futebol e tênis de mesa.
Momento 4 - Ele também comentou que existir um professor de EF de módulo facilitou
um pouco porque esse profissional ajudou a realizar as inscrições e durante as aulas eles
dividiram os alunos que iriam participar das competições para treinarem e os alunos que
não participaram tiveram aula normal com o professor de módulo.
- Facilidade de tirar cópias de materiais
Momento 1 - O professor decidiu ficar na sala e discutir um texto com os alunos. Ele
precisou tirar xérox de um material e teve facilidade de tirar essa xérox.
- Competições Externas
Momento 1 - O professor também comentou que as competições externas facilitam a
implementação das propostas curriculares porque ele tira fotos e realiza filmagens
durante o campeonato para depois mostrar para os outros alunos da aula e ensinar esse
conteúdo (atletismo).
- Recursos Disponíveis
Momento 1 - A escola possui televisão com dvd em todas as salas e uma filmadora que
o professor utilizou na competição.
118
- Adaptação da atividade
Momento 1 - O professor adaptou o jogo de vôlei colocando mais alunos participando
ao mesmo tempo do que normalmente para que poucas pessoas ficassem sem participar
da aula. O jogo também terminava em doze pontos para que os times pudessem revezar
e todos participassem da aula.
Depoimentos espontâneos dos professores durantes as observações dos fatores que
dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo
Relação professor-aluno
- O professor tem um bom relacionamento com os alunos e com os outros professores,
facilitando a dinâmica da sua aula;
Síntese das Observações
Foram identificados nas observações realizadas no cotidiano escolar durante as
aulas de EF alguns fatores que facilitam a implementação das propostas curriculares.
Um dos fatores identificado no cotidiano escolar que facilitou a prática pedagógica do
professor foi o interesse dos alunos pelos conteúdos ensinados. Quando esses estudantes
estavam interessados na aula faziam perguntas inteligentes, respeitavam o momento de
explicação do professor e realizavam todas as tarefas solicitas.
Nas turmas em que o professor já ministra aula há mais tempo o comportamento
dos alunos, na maioria dos momentos, permitiu que o professor realizasse a dinâmica da
sua aula de forma tranquila, pois os alunos já estavam acostumados com a forma de
conduzir as atividades do professor.
Outro fator importante identificado nas observações foi ter um clube próximo à
escola que o professor utilizava durante as suas aulas. Como a escola apresentava muita
dificuldade de espaço para realizar as aulas de EF, o professor utilizava esse clube em
todas as ocasiões em que podia, sanando esse problema do espaço que a escola
apresentava.
119
Ter um professor especialista da disciplina de módulo, devido a organização da
rede municipal, também facilitou a implementação da proposta curricular de EF, pois
quando o titular das aulas faltou por algum motivo, esse professor pôde dar
continuidade na aula sem prejuízo aos alunos, pois ele como conhecedor dos conteúdos
da disciplina de EF manteve a aula com o mesmo padrão do professor titular.
Observamos durante as aulas que o professor conseguiu tirar cópias de materiais
com certa facilidade. Esse aspecto é muito importante e facilita a implementação da
proposta curricular, pois o professor não precisou escrever os textos que estava
utilizando na lousa, sobrando mais tempo para apresentar aqueles conteúdos para os
alunos e sanar as dúvidas que surgiram durante a aula.
Uma estratégia utilizada pelo professor que facilitou a implementação da
proposta curricular de EF foi levar os alunos interessados para as competições externas
que ocorrem na prefeitura de São Paulo, filmar as atividades realizadas e depois mostrar
essas filmagens para os demais alunos, ensinando o conteúdo que tem relação com
aquela competição. Presenciamos o docente utilizando essa estratégia para ensinar as
provas do atletismo.
Também observamos que nessa escola todas as salas de aula possuem televisão
com DVD. Isso facilita a prática pedagógica do professor, pois caso ele queira trabalhar
com vídeos pode ministrar a sua aula na própria sala de aula em qualquer momento.
Saber o momento certo de realizar a adaptação de uma atividade também
facilitou a implementação da proposta curricular de EF. Durante as observações, o
professor adaptou um jogo de vôlei para que todos os alunos pudessem participar da
aula mais ativamente e, por consequência, poucos adolescentes ficaram sem realizar
nenhuma atividade naquela aula. O bom relacionamento que o professor possui com
seus alunos e com seus colegas docentes também facilitou o andamento das suas aulas e
a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.
Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo de acordo com as observações realizadas no ciclo II do Ensino
Fundamental foram: interesse dos alunos pelas aulas, permanência na escola, clube
próximo da escola, organização da rede municipal, facilidade de tirar cópias de
materiais, competições externas, recursos disponíveis, adaptação da atividade e relação
professor-aluno.
120
5.2.7 - Levantamento dos principais fatores facilitadores da implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo
Entrevistas
Observações
Ensino Fundamental (Ciclo1)
Observações
Ensino Fundamental (Ciclo 2)
Interesse dos alunos pelas
aulas
Interesse dos alunos pelas
aulas
Interesse dos alunos pelas
aulas
Recursos disponíveis Recursos disponíveis Recursos disponíveis
Clube próximo da escola Clube próximo da escola
Relação professor-aluno Relação professor-aluno
Permanência na escola Permanência na escola
Organização da rede
municipal
Organização da rede
municipal
Adaptação da atividade Adaptação da atividade
Organização da escola
Hidratação na aula
Cooperação na aula
Hora de estudo
Educação inclusiva
Participação da família na
vida escolar do aluno
Facilidade de tirar cópias de
materiais
Competições Externas
Empenho dos professores
Ambiente de aula
Desenvolver projetos
diferenciados
Respeitar a diversidade
Olhar interdisciplinar
Alterações na LDB
Relação Interpessoal
profissional
Perfil do professor
No quadro acima estão destacados todos os fatores identificados nas entrevistas
e nas observações que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo. As palavras que aparecem em vermelho são os fatores
facilitadores que apareceram tanto nas observações quanto nas entrevistas.
Não foram encontrados estudos que apontem para os fatores que facilitam a
prática pedagógica do professor, e, por consequência, a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo, mas acreditamos que novamente devemos
121
entender essa questão com um olhar pautado na complexidade devido há diversidade de
fatores facilitadores identificados.
122
5.3– Re-configuração do universo da pesquisa
Após realizar as entrevistas com a diretora, os coordenadores pedagógicos e
os/as professores/as e observar as aulas dos docentes de EF identificamos os fatores que
dificultam e facilitam a implementação da proposta curricular de EF no município de
São Paulo na escola pesquisada. A partir desse momento, voltamos na escola e
realizamos a devolutiva dos conhecimentos produzidos para os profissionais da
Educação que participaram da pesquisa. Conversamos com a diretora e o coordenador
pedagógico em conjunto em uma sala por mais ou menos duas horas. Em outro dia,
conversamos individualmente com os professores de EF por quase uma hora quando
estavam realizando a sua hora de estudo. Infelizmente, uma coordenadora estava de
licença saúde e não pode participar desse momento da pesquisa. Mencionamos cada um
dos fatores dificultadores e facilitadores e fizemos algumas reflexões. Após esse
momento, foram apontadas sugestões de mudança para que haja uma efetiva
implementação dessa proposta curricular no cotidiano escolar. Abaixo serão destacados
os principais pontos das reflexões realizadas com cada um dos profissionais e as suas
sugestões de mudança.
5.3.1 - Fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo
Diretora
A diretora da escola concordou com a maioria dos fatores dificultadores
identificados na pesquisa. Iniciamos as reflexões apontando a dificuldade que a escola
tem de colocar aulas duplas para os professores de EF porque a organização dessas
aulas precisa contemplar o grupo todo e com tantos professores trabalhando no mesmo
local fica muito difícil facilitar para todos. Ainda mencionando sobre a questão da
organização da escola, ela acredita que existem momentos pontuais que essa
organização dificulta a prática pedagógica do professor, pois existe um grande esforço
para que essa organização consiga beneficiar todos os profissionais que trabalham na
escola. Também chegamos à conclusão que os professores de EF dividirem o mesmo
espaço em alguns momentos é um fato dificultador, porém é quase “impossível” isso
não acontecer. Para ela, o grande problema da escola é que só existe um espaço para
esses docentes ministrarem as suas aulas.
123
Outro fator comentado por ela foi a falta de materiais, pois concorda que não é
possível ter todos os materiais que ela gostaria na escola, porém existe um esforço para
adquirir tudo que os professores de EF pedem. Uma questão que atrapalha muito a
aquisição de materiais é a falta de espaço para guardá-los, já que a escola está passando
por reforma e o espaço físico está bem apertado. Também realizamos reflexões sobre o
mau odor que fica constantemente no espaço onde ocorre aula de EF. Foi mencionado
que já houve tentativas de resolver o problema, mas não houve possibilidade de
resolução, tornando a escola impotente nesse assunto.
A questão dos alunos transferidos também gerou algumas reflexões, pois a
diretora acredita que conseguir inserir o adolescente que vem de outra escola no meio
do processo é mais um desafio do que um fator dificultador. Ela não acha certo as
escolas transferirem os alunos por questões de mau comportamento e não ficou sabendo
que nenhuma das transferências feitas para a escola tenha sido realizada por essa
questão.
Outro ponto que surgiram reflexões foi na dificuldade dos alunos. Ela concorda
que estamos vivendo um momento que existem muitos alunos com dificuldades na
leitura, na escrita e no entendimento das tarefas, mas os professores também não são
formados para ensinar esses alunos, além disso, com as turmas com trinta e cinco alunos
fica mais difícil conseguir uma atenção individualizada dificultando ainda mais a
dinâmica da aula do professor.
Em relação à visão da disciplina de EF, a diretora acrescentou que em outros
momentos esse componente curricular já foi muito desvalorizado, mas hoje em dia,
poucos profissionais que trabalham na escola pesquisada pensam dessa forma. Também
realizamos reflexões sobre a dinâmica da aula de EF, onde foi comentado que existem
momentos específicos que essa dinâmica deixa os outros professores descontentes,
como, por exemplo, quando o professor quis levar os alunos para uma competição
externa e alguns docentes das outras disciplinas não concordaram em tirar esses alunos
das suas aulas para realizar tal atividade.
Um fator dificultador que gerou muitas reflexões foi a resistência dos
professores em relação à proposta curricular. Ela concorda que esse fator dificulta a
implementação dessa proposta, porém é necessário refletir porque isso ocorre. Na nossa
conversa foi mencionado que em muitos momentos a implantação dessas propostas
ocorre sem a participação efetiva dos profissionais que estão na escola, tornando-os
124
meros reprodutores do que os outros pensam, por isso que é normal existir essa
resistência por parte dos docentes.
Em relação a pouca participação da família na vida escolar dos alunos chegamos
ao consenso que esse é um fator dificultador central, porém ela acrescentou que a escola
necessita aprender a trazer os responsáveis dos alunos para participar das decisões da
escola e os profissionais da Educação também precisam aceitar as críticas dessas
pessoas, porque nem sempre se aceita com humildade os problemas que são apontados
do nosso trabalho.
Coordenador Pedagógico 1
No momento da devolutiva dos conhecimentos a coordenadora estava afastada
por problemas de saúde e não pode participar desse momento da pesquisa.
Coordenador Pedagógico 2
O coordenador pedagógico concordou com muitos fatores dificultadores
identificados, mas dentre todos os pesquisados, foi aquele que mais discordou e que
mostrou resistência com os resultados da pesquisa. O primeiro fator dificultador que
gerou reflexões foi da dificuldade da escola colocar aulas duplas para os professores de
EF. O coordenador acredita que quando a escola consegue realizar esse procedimento,
os professores podem faltar naquele dia e os alunos ficarem sem aula daquele
componente curricular e, além disso, os docentes acabam ensinando menos conteúdos
quando as aulas são duplas. Colocamos da necessidade dessa organização para a aula de
EF por conta da saída do professor para o clube, mas o coordenador continuou com a
sua opinião, mencionando ainda que o docente deveria sair menos da escola e ministrar
a sua aula de acordo com as condições que a escola fornece.
Também houve discordância em relação à influência do clima como um fator
dificultador. Para o coordenador, o professor de EF tem que estar preparado para ficar
em sala de aula caso esteja chovendo ou muito sol. Colocamos para esse profissional
que é importante durante as aulas desse componente curricular a realização de algumas
práticas corporais para o entendimento dos conteúdos e que se o professor tiver que
ficar na sala quando estiver chovendo ou muito sol ele não vai realizar nenhuma
atividade prática. Mesmo realizando essas reflexões o coordenador pedagógico
continuou com a sua opinião inicial.
125
Em relação ao mau odor que fica no espaço onde ocorre a aula de EF, esse
profissional mencionou que esse é um fator dificultador externo à escola e que nada
pode ser feito, embora concorde que essa questão dificulta a dinâmica da aula do
docente, que necessita ficar naquele espaço durante toda a sua carga de trabalho.
A transferência dos alunos entre as unidades escolares também foi um fator
dificultador mencionado pela pesquisa que o coordenador não concordou. Para ele, o
docente necessita saber lidar com o aluno transferido, independente do motivo que
tenha sido ocasionado essa transferência e o momento que essa criança chegue à escola.
Ele concorda que dois professores estarem no mesmo espaço dificulta a
dinâmica da aula de EF, porém falta comunicação entre esses docentes. Para o
coordenador, se existe apenas um espaço, os professores devem se comunicar e
enquanto um realiza atividades práticas o outro fica em sala de aula.
Mesmo apontando que existem trinta e cinco alunos em cada sala de aula na
escola pesquisada e que muitos deles apresentam diversas dificuldades de
aprendizagem, o coordenador pedagógico acredita que esse número de crianças e
adolescentes por sala de aula não é muito grande e que poderia ser mantido assim.
O trânsito também foi um fator dificultador identificado durante a pesquisa que
esse profissional não concordou. Para ele, esse problema é externo à escola e se o
professor decidiu ter dois empregos é um problema dele conseguir chegar ao seu local
de trabalho no momento adequado.
Percebemos que durante a devolutiva dos conhecimentos para esse coordenador
pedagógico havia certo desentendimento entre ele e os professores, pois em muitas
reflexões realizadas, esse profissional culpabilizou os docentes e jogou toda a carga dos
problemas da escola como responsabilidade dos mesmos. Após compreender essa
dinâmica, percebemos que a relação interpessoal entre esses profissionais (coordenador
pedagógico e professores de EF) não é muito amistosa, dificultando ainda mais a
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.
Professor 1
Esse professor concordou com todos os fatores dificultadores identificados na
pesquisa e foi realizado algumas reflexões importantes durante essa devolutiva. Ele
acredita que a escola não consegue se organizar bem em alguns momentos devido a
falta de planejamento dos gestores para ajudarem os professores na realização das suas
aulas e outras atividades pedagógicas.
126
Em relação à falta de materiais para os professores de EF ministrarem as suas
aulas, ele comentou que muitos materiais que os docentes pedem, o corpo gestor da
escola faz um grande esforço para adquirir, mas algumas vezes demora-se demais para
comprar esses materiais devido há algum tipo de burocracia existente. Ele também
comentou que está sem bola de vôlei há algum tempo e não consegue desenvolver
algumas atividades por conta disso.
Outro comentário realizado dentro da devolutiva dos fatores dificultadores
esteve relacionado com a falta de organização da rede municipal. O docente comentou
que existe uma cobrança para haver trabalho em conjunto, porém nem todos os
professores podem fazer JEIF por não ter todas as aulas atribuídas. Dessa forma, muitos
professores que gostariam de participar das discussões coletivas ficam impossibilitados
por conta dessa proibição e, por consequência, a prática pedagógica fica prejudicada.
A falta de trabalho coletivo foi outro fator dificultador comentado pelo docente.
Durante a nossa conversa ele ressaltou que tentou realizar um trabalho com o grupo de
professores da escola que envolvia a temática das Olimpíadas, mas ninguém quis se
envolver com o projeto.
A quantidade de alunos que chegam transferidos de outra escola foi um fator
dificultador ressaltado pelo docente, pois esses adolescentes chegam no meio do
processo e muitas vezes não entendem a proposta da aula. Além disso, também foi
ressaltado que a maioria desses alunos está com problemas sérios de indisciplina em
outras unidades escolares e não mudam de postura quando começam a estudar na nova
escola, apenas transferindo o problema.
A formação profissional insuficiente mereceu destaque nos comentários
realizados pelo docente. Ele acredita que a própria rede municipal implantou uma
proposta curricular, mas falta formação para melhor compreender esse documento, pois
os docentes não conseguem dispensa de ponto para realizar os cursos que a rede
municipal oferece ou não tem possibilidade de arcar financeiramente com os cursos
oferecidos pelas instituições particulares.
Também foi ressaltado na nossa conversa que os alunos da rede municipal
possuem muitas dificuldades para aprender os conteúdos e pela quantidade de alunos
que existe em cada uma das turmas fica muito difícil o professor conseguir
individualizar o ensino e, por consequência, esses jovens não conseguem sanar as suas
dificuldades durante as aulas.
127
O docente também comentou que a maioria dos alunos da escola pública
realmente não possui a cultura de estudos. Muitas vezes os professores pedem alguma
lição de casa ou a realização de uma pesquisa e poucos são os adolescentes que realizam
essas tarefas escolares em casa. Essa cultura dificulta a implementação da proposta
curricular de EF porque em muitos temas o professor não consegue evoluir nas
discussões sem essa participação efetiva dos alunos.
Para o docente, a visão que os outros profissionais da Educação criaram da
disciplina de EF é um fator dificultador que atrapalha o trabalho coletivo dentro da
escola. Ele sente que muitos professores menosprezam esse componente curricular e
isso dificulta a participação do professor de EF nas discussões coletivas.
Durante a devolutiva dos conhecimentos, o docente se sentiu muito incomodado
com a baixa remuneração recebida pelos profissionais da Educação. Ele colocou que
gostaria muito de continuar realizando cursos para melhorar a sua formação, porém o
salário atual não possibilita ele arcar com os valores cobrados por esses cursos,
impossibilitando a sua formação continuada.
A jornada de trabalho extensa também foi um fator dificultador que mereceu
comentários. O docente mencionou que ministrar muitas aulas no mesmo dia diminui
consideravelmente a paciência do professor. Essa questão torna as suas aulas menos
produtivas, dificultando a implementação da proposta curricular de EF.
Houve um consenso nas nossas reflexões que os professores são resistentes em
alguns momentos em relação a proposta curricular porque não existiu um trabalho
coletivo de construção desse documento. O professor não tem liberdade para expor sua
opinião e tem que seguir algo que outras pessoas pensaram, tornando-o muitas vezes
resistente em relação à proposta curricular de EF da rede municipal de São Paulo.
Foram realizadas reflexões em relação há pouca participação da comunidade no
acompanhamento escolar dos alunos. O professor comentou que nas reuniões de pais
existe uma baixa adesão dos responsáveis dos alunos e em muitos momentos, os pais
não acatam o que os professores falam em relação aos filhos, pouco modificando
algumas atitudes dos adolescentes que atrapalham a prática pedagógica dos docentes.
O último comentário realizado esteve relacionado com a restrição médica. O
docente demonstrou insatisfação com alguns médicos que simplesmente proíbem os
alunos de participarem da aula de EF. Segundo ele, o ideal seria que esses profissionais
explicassem para os docentes quais restrições físicas que aquele adolescente possui,
para que exista a possibilidade dele participar da aula sem prejudicar a sua saúde.
128
Professor 2
Esse docente concordou com a grande maioria dos fatores dificultadores
identificados pela pesquisa e durante a nossa conversa realizou comentários
importantes. O primeiro fator dificultador ressaltado por ele foi a falta de materiais
dentro da unidade escolar, pois algumas práticas corporais necessitam de recursos
específicos que essa escola não dispõem.
A questão da formação profissional insuficiente também foi comentada. Para o
docente, todos os profissionais que passaram pelo concurso público estão habilitados a
trabalhar dentro das escolas, porém, com uma boa formação continuada essas pessoas
podem realizar com mais qualidade o seu trabalho e infelizmente, existem diversas
falhas no processo de formação profissional dentro do setor educacional público.
O professor ressaltou durante a devolutiva a falta de organização da rede
municipal. O principal fator que dificulta a prática pedagógica do professor devido a
essa organização na visão do docente é a impossibilidade de todos os professores
realizarem a JEIF. Existe uma grande perda de qualidade no ensino quando a maioria
dos professores da escola não realiza essa formação. No caso dele, por não ter aulas
atribuídas, a rede municipal não permite a realização desse horário de estudo.
O docente também comentou sobre a falta de cultura dos alunos com os estudos.
Para ele, os jovens que estudam na escola pública não têm postura para realizar uma
avaliação, muitas vezes não entregam os trabalhos e não se comprometem com as
provas.
Também foi realizado um comentário em relação à jornada de trabalho extensa.
Para o docente, o profissional que necessita trabalhar em mais de uma escola ou em
locais diferentes no mesmo dia fica mais estressado e compromete a qualidade do seu
trabalho em todos os locais que atua diariamente.
O descontentamento profissional foi o fator dificultador mais ressaltado pelo
docente, pois ele acredita que todos os fatores dificultadores identificados na pesquisa
levam os professores a ficarem descontentes com o seu trabalho e, consequentemente,
aumenta a dificuldade de ocorrer a implementação da proposta curricular de todos os
componentes curriculares na escola pública.
O último fator dificultador comentado pelo professor foi a relação escola-
comunidade inadequada. O docente mencionou que muitos familiares não estão
preocupados com a situação dos filhos na escola e sem a ajuda dos responsáveis dos
alunos a implementação da proposta curricular se torna muito prejudicada.
129
Professor 3
Essa docente concordou com quase todos os fatores dificultadores identificados
pela pesquisa, realizando comentários importantes sobre alguns desses fatores. O
primeiro comentário realizado foi sobre a influência do clima. Durante as nossas
observações nas aulas ministradas por ela, houve dificuldade de utilizar o espaço
reservado para a aula de EF devido ao frio e a chuva. Ela mencionou que ficar propensa
ao clima que está fazendo dificulta muito a prática pedagógica, porque nunca se sabe se
vai poder realizar as atividades planejadas para aquele dia.
A relação interpessoal profissional também foi um fator dificultador que
mereceu comentários. A professora mencionou que a falta de comunicação é um
problema muito grande dentro da escola, mas ela percebe que no Ensino Fundamental I
este problema foi melhorando ao longo do ano, embora ainda exista a necessidade de
melhorias para se chegar ao nível ideal.
Ela também comentou que a falta de trabalho coletivo é um fator que dificulta a
implementação da proposta curricular de EF. Durante a nossa conversa, a docente
relembrou que em uma das aulas que estávamos observando, ela tinha planejado utilizar
alguns materiais, mas ninguém sabia onde estavam guardados. A falta de trabalho
coletivo se complementa com a falta de organização da escola em algumas situações e
todas essas ocorrências dificulta a implementação da proposta curricular de EF.
O último fator comentado foi a falta de condições para a educação inclusiva,
sendo um fator dificultador muito ressaltado pela professora. Ela acredita que os
profissionais da Educação não têm condições de trabalho para que realmente exista a
inclusão das crianças e adolescentes com necessidades especiais.
5.3.2 - Fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo
Diretora
A diretora da escola pesquisada concordou com todos os fatores que facilitam a
implementação da proposta curricular de EF identificados na pesquisa. Os comentários
realizados por ela nesse momento tiveram relação com o professor de módulo, que na
sua visão, esse profissional consegue ajudar no desenvolvimento da aula da sua
disciplina quando pode, porque em muitos momentos ele precisa entrar nas aulas dos
professores que faltaram. Ela ainda comentou que existe certa resistência por parte de
130
alguns docentes de trabalharem em conjunto com o professor de módulo, fato que não
ocorre nas aulas de EF, porque existe um trabalho em conjunto muito interessante entre
os docentes.
Outro fator facilitador que mereceu comentários foi a facilidade de tirar cópias
de materiais. A diretora comentou que infelizmente não consegue liberar a quantidade
de cópias necessárias para todos os professores e terá que utilizar um critério de cotas
para que todos possam utilizar esse benefício. Ela sabe da importância dos docentes
terem acesso às cópias, porém a escola não possui recursos para beneficiar há todos
durante o ano todo.
O ultimo fator facilitador comentado foi a participação da família na vida escolar
do aluno. Nas nossas reflexões foi enfatizado que poucos pais vêm para a escola
preocupados com a aprendizagem dos filhos, mas os profissionais da Educação ainda
não aprenderam a chamar esses familiares para dentro da escola. Na sua visão, é
necessário estimular esses familiares a participarem com mais ênfase das decisões
tomadas pela escola.
Coordenador Pedagógico 1
No momento da devolutiva dos conhecimentos a coordenadora estava afastada
por problemas de saúde e não pode participar desse momento da pesquisa.
Coordenador Pedagógico 2
O coordenador pedagógico concordou com a maioria dos fatores facilitadores
identificados pela pesquisa e fez algumas reflexões em conjunto com o pesquisador. Ele
acredita que ter um clube próximo da escola não facilita a implementação da proposta
curricular de EF, porque gera muitas complicações para a unidade escolar. Na sua visão,
o professor deve utilizar apenas os espaços oferecidos pela escola, ou sair desse espaço
em momentos específicos e diferenciados.
Para esse profissional, quando o professor realiza adaptação de uma atividade
ele está improvisando e, portanto não foi competente no planejamento da sua aula. O
pesquisador tentou enfatizar que as adaptações realizadas melhoraram a aula e que nem
tudo pode ser previsto, mas o coordenador insistiu que essa adaptação é um improviso e
não concorda que esse seja um fator facilitador.
131
O último fator facilitado comentado foi a participação da família na vida escolar
do aluno. Ele acredita que essa participação é importante, mas o professor tem que saber
lidar com os jovens que a família não está presente.
Professor 1
Esse docente concordou com todos os fatores facilitadores identificados pela
pesquisa. Nas suas reflexões, ele comentou a importância das competições externas
como metodologia para ensinar seu conteúdo. Segundo o docente, os alunos enxergam
de forma diferente aquele conhecimento quando participam das competições e aqueles
que não participam se interessam mais em aprender porque os colegas de sala estavam
competindo em um local diferente, deixando-os mais estimulados a aprenderem.
Ele também comentou que a escola já dispõe de alguns recursos que outras
unidades escolares ainda não possuem. Ele acredita que isso possa ocorrer pela
localização mais central dessa escola.
Outro fator facilitador que mereceu comentário foi ter um professor de módulo
especialista da disciplina para auxiliar durante as aulas. Na sua visão, esse professor
teria que ficar o tempo todo junto com o professor que possui as aulas atribuídas, para
que esse trabalho em conjunto ocorresse de forma planejada em todos os momentos.
Em relação a facilidade de tirar cópias de materiais, foi realizado um comentário
que existe uma cota para tirar copiais, depois de ultrapassar esse número não pode mais
ser utilizado esse recurso. O docente ressaltou que facilita a sua prática pedagógica
quando pode realizar leituras de textos com os alunos sem precisar perder tempo de
escrever o conteúdo na lousa.
O ambiente de aula também foi um fator facilitador que recebeu comentários do
professor. Para ele, criar um ambiente no espaço onde ocorre a aula de EF que facilite a
aprendizagem do seu conteúdo é essencial para facilitar a sua prática pedagógica.
O ultimo fator facilitador que recebeu comentários do docente foi a adaptação da
atividade. Durante as nossas reflexões, foi comentado que o professor deve planejar a
sua aula, mas sempre precisa estar preparado para realizar alterações durante o percurso,
pois às vezes uma atividade ocorre de forma muito favorável com uma turma e acaba
acontecendo de forma completamente errada com a outra.
132
Professor 2
Esse docente concordou com todos os fatores facilitadores identificados na
pesquisa. Nesse momento ele realizou comentários apenas de um fator facilitador. Na
sua visão, as competições externas ajudam muito na aprendizagem dos conteúdos, pois
os alunos participam desses eventos fora da escola e mantém uma postura muito
diferente daquela apresentada dentro da unidade escolar. Eles se sentem mais
estimulados e acabam desenvolvendo melhor as suas habilidades.
Professor 3
Essa professora concordou com todos os fatores facilitadores identificados pela
pesquisa. Durante as reflexões realizadas ela comentou que ter uma pessoa que ajude o
professor a olhar os alunos com necessidades especiais facilita muito o processo de
inclusão dessas crianças. Infelizmente, em poucos momentos ela pode contar com um
profissional que a ajude nesse sentido, mas quando isso acontece facilita muito a sua
prática pedagógica.
Ela também comentou que ter um olhar interdisciplinar é muito importante para
que exista a implementação das propostas curriculares. Na sua visão, a escola
desenvolve projetos que várias disciplinas participam e também existe um grêmio
estudantil na escola que ajuda a ampliar o olhar interdisciplinar dos docentes.
O último fator facilitador comentado pela professora foi o perfil para atuar com
determinado ciclo de escolaridade. Ela acredita que tem perfil para trabalhar com as
crianças de Ensino Fundamental I e mencionou que as professoras polivalentes
comentam isso com ela.
5.3.3 - Considerações do processo de Re-configuração do universo da pesquisa
Gostaríamos de realizar comentários sobre o processo de Re-configuração do
universo da pesquisa. Após a entrevista com o idealizador da proposta curricular de EF,
nos foi exposto que durante a elaboração dessa proposta curricular houve uma efetiva
participação dos profissionais da Educação que atuavam na rede municipal.
Perguntamos para os profissionais da escola pesquisada que já atuavam nas escolas
municipais nesse momento de elaboração da proposta como que ocorreu esse processo e
tivemos as seguintes respostas:
133
- Diretora: Comentou que participou apenas de uma reunião para discutir a elaboração
das propostas curriculares. Naquele momento não foi realizada nenhuma discussão
sobre o documento e parecia que estavam mais informando sobre uma nova proposta do
que dando a possibilidade de alguma construção em conjunto das diretrizes.
- Professor 1: Participou como leitor crítico da proposta curricular de EF, mas
mencionou que nenhuma das considerações realizadas por ele foram acatadas na
elaboração do documento e não sente que participou do processo de elaboração do
documento.
Professor 3 – Não participou em nenhum momento da elaboração da proposta
curricular de EF.
Esses comentários demonstram que o processo de elaboração e implementação
da proposta curricular de EF possibilitou a participação de alguns profissionais da
Educação que estavam na rede, mas não contemplou há todos. Apenas gostaríamos de
deixar claro essa situação para compreender a complexidade do processo de elaboração
e implementação de uma proposta curricular.
Também gostaríamos de comentar que identificamos que as relações
interpessoais entre os gestores e os professores de EF da escola pesquisada nem sempre
acontecem harmoniosamente, principalmente entre o Coordenador Pedagógico 2 e os
docentes de EF. Os conflitos que são gerados durante a relação profissional também
dificultam a implementação da proposta curricular do município de São Paulo e tornam
esse processo ainda mais complexo de ser compreendido.
Após o processo de Re-configuração do universo da pesquisa, identificamos que
todos os profissionais da Educação que foram colaboradores do estudo refletiram sobre
a sua atuação profissional no seu cotidiano de trabalho. A nossa intenção com esse
processo, era causar reflexões iniciais nesses profissionais, os ajudando a compreender
melhor os fatores que dificultam e os fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF, além de melhorar a compreensão do pesquisador em relação aos
mesmos fatores, tópico este que será discutido posteriormente.
134
5.3.4 – Matrizes Nomotéticas das Sugestões de mudanças para uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo de acordo
com a Diretora, Coordenadores Pedagógicos e Professores de EF
Para leitura das matrizes nomotéticas foi criada a seguinte legenda: D – Diretor;
C – Coordenador Pedagógico; P – Professor de EF.
A leitura da matriz nomotética na horizontal, permite visualizar a quantidade de
pessoas que mencionaram a unidade significativa e, na vertical, permite visualizar todas
as unidades significativas extraídas do discurso de cada pessoa entrevistada.
Categoria 3 – Sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo
Unidades de Significado
Comunidade escolar
Total
D C1 C2 P1 P2 P3
Formação continuada x x x x x x 6
Valorização salarial x x x x 4
Melhorar a estrutura física x x 2
Aumentar os recursos disponíveis x x 2
Dois professores por turma x x 2
Permanecer em uma unidade
escolar
x
1
Menor número de alunos por
turma
x
1
Estágio remunerado x 1
Coordenador de área x 1
Melhor relação interpessoal x 1
Mais empenho dos professores x 1
Repensar o ciclo de escolaridade x 1
Repensar os acúmulos de cargo x 1
Relação escola-comunidade
adequada
x 1
Horários de discussões x 1
JEIF x 1
Passeios pedagógicos x 1
Melhor organização da escola x 1
Autonomia do professor x 1
Construção coletiva da proposta
curricular
x
1
135
Durante a fase de configuração do universo da pesquisa, os profissionais da
Educação entrevistados mencionaram as sugestões de mudança para que houvesse uma
efetiva implementação da proposta curricular de EF. As sugestões mencionadas nesse
momento estão em preto. Na fase de Re-configuração do universo da pesquisa, após
conhecerem todos os fatores dificultadores e facilitadores da implementação dessa
mesma proposta identificados, esses profissionais tiveram a chance de ampliar esse
quadro. As sugestões que foram mencionadas nesse momento estão em vermelho.
Os principais fatores que precisam ser alterados para que exista a implementação
da proposta curricular de EF do município de São Paulo segundo os profissionais
entrevistados nessa escola foram:
- Formação continuada (formações continuadas constantes, existir uma formação
acadêmica com maior proximidade da realidade escolar, formação continuada
obrigatória oferecida dentro do horário de trabalho de todos os professores, participar de
grupos de estudos na Universidade, acompanhar as novas pesquisas, participar de
grupos de estudos com os professores que elaboraram a proposta curricular da prefeitura
de São Paulo, trocar ideias com outros professores que ministram aulas na escola
pública, observar exposições de práticas pedagógicas que estão dando certo na escola,
ter tempo para realizar essas formações, pois tendo dois cargos tudo isso se torna muito
complicado de acontecer, capacitações no horário de trabalho com dispensa de ponto,
fazer JEIF independente de ter aulas atribuídas para estar mais presente na escola e
capacitações para trabalhar com os alunos que possuem alguma necessidade especial).
- Valorização salarial (deve existir a valorização salarial, possibilitando que o
professor não necessite de dois cargos para a sua sobrevivência, valorizar
financeiramente o professor para que ele possa atuar em apenas uma escola e ser
valorizado financeiramente para poder ficar todo tempo em apenas um emprego).
- Melhorar a estrutura física (ter uma infraestrutura melhor (quadra ou um espaço
amplo que fosse fechado para ficar imune as variações do clima), terminar a reforma
que está ocorrendo na escola para que se tenha melhor estrutura para ministrar as aulas e
melhores condições para trabalhar com alunos que possuem necessidades especiais).
136
- Recursos disponíveis (ter mais materiais disponíveis para conseguir colocar em
prática todos os conteúdos selecionados da proposta curricular).
- Dois professores por turma (se houvesse dois professores por turma existiria mais
qualidade no ensino)
- Permanecer em uma unidade escolar (ficar em apenas uma escola em toda a sua
jornada de trabalho, para que tenha tempo de pensar nesse espaço e de refletir o
processo vivido cotidianamente).
- Menor número de alunos por turma (tempo para refletir mais sobre os alunos,
diminuindo a quantidade de crianças em cada sala de aula, facilitando o olhar para cada
uma delas).
- Estágio remunerado (realizar estágio remunerado durante a formação acadêmica para
conhecer a realidade da escola e não precisar estar atuando em outra área para manter-se
financeiramente).
- Coordenador de área (existir um coordenador para cada disciplina na escola).
- Melhor relação interpessoal (ter maior respaldo da coordenação).
- Mais empenho dos professores (mais empenho dos professores)
- Repensar o ciclo de escolaridade (ser repensada a ideia do ciclo, pois os educadores
ainda não estão preparados para atuar dessa forma)
- Repensar os acúmulos de cargo (é necessário repensar os acúmulos de cargo)
- Relação escola-comunidade adequada (ter a família dos alunos mais presente na
escola).
- Horários de discussões (seria necessário ampliar os horários de discussões para que
os professores conseguissem conversar mais sobre os problemas da escola).
137
- JEIF (todos os professores deveriam ter o direito de realizar a JEIF para participar das
formações e das discussões dentro da própria escola).
- Passeios pedagógicos (a prefeitura deveria se organizar melhor para propiciar mais
passeios pedagógicos para as escolas)
- Melhor organização da escola (em algumas situações a escola poderia se organizar
melhor para que a aula de EF ocorresse com mais qualidade)
- Autonomia do professor (o professor teria que ter mais autonomia para tomar
determinadas decisões sem ser barrado por problemas burocráticos e pela hierarquia
dentro da própria escola)
- Construção coletiva da proposta curricular (a proposta curricular deveria ser
construída de forma coletiva, baseando-se em alguns princípios educativos).
Os fatores que precisam ser alterados para que exista a implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo segundo os profissionais
entrevistados nessa escola foram: formação continuada, valorização salarial, melhorar a
estrutura física, recursos disponíveis, dois professores por turma, permanecer em uma
unidade escolar, menor número de alunos por turma, estágio remunerado, coordenador
de área, melhor relação interpessoal, mais empenho dos professores, repensar o ciclo de
escolaridade, repensar os acúmulos de cargo, relação escola-comunidade adequada,
horários de discussões, JEIF, passeios pedagógicos, melhor organização da escola,
autonomia do professor e construção coletiva da proposta curricular.
138
6. COMPREENSÃO DO COTIDIANO ESCOLAR - FATORES QUE
DIFICULTAM E FACILITAM A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA
CURRICULAR DE EF DO MUNÍCIPIO DE SÃO PAULO
Para compreender quais são os fatores que dificultam e facilitam a
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo decidimos
dividir os fatores dificultadores e facilitadores identificados na escola pesquisada nas
três dimensões propostas por André (2008) no seu livro Etnografia da Prática Escolar. A
autora menciona que a compreensão das vivências do cotidiano escolar devem ser
alocadas nas dimensões: institucional ou organizacional, instrucional ou pedagógica e
sociopolítica ou cultural, tendo sempre em mente que essas dimensões se relacionam o
tempo todo.
Abaixo serão apresentadas as matrizes nomotéticas que representam a divisão
dos fatores dificultadores de acordo com as dimensões propostas acima. Também
explicaremos o motivo de colocar os diversos fatores dificultadores encontrados no
cotidiano escolar em cada uma das dimensões. Além disso, iremos discutir esses
resultados com as pesquisas que encontramos durante a revisão de literatura.
Gostaríamos de ressaltar que de todas as pesquisas identificadas, três eram qualitativas
de cunho etnográfico e foram realizadas pelos autores Paro (1996), Penin (2011) e Paro
(2011). Esses autores ficaram no cotidiano escolar realizando entrevistas e observações
com os profissionais da Educação e realizamos nossa pesquisa com certa proximidade
com a deles, permitindo discussões com estudos que se aproximam em sua
metodologia. Importante ressaltar que esses pesquisadores obtiveram resultados com
professores de diversas disciplinas e polivalentes em seus estudos e nós realizamos a
nossa pesquisa apenas com os professores de EF, além dos coordenadores pedagógicos
e diretora.
Para melhor compreensão de como foram realizados os estudos que serão
utilizados na discussão, descreveremos algumas considerações sobre os mesmos. Paro
(1996) apresenta a sua tese de livre docência em seu livro Por Dentro da Escola Pública.
O autor teve como objetivo examinar os problemas e as perspectivas que se apresentam
à participação da comunidade na gestão da escola pública de Ensino Fundamental (ciclo
I). Foi realizado um estudo de caso de cunho etnográfico, escolhendo uma escola
pública de Ensino Fundamental (ciclo I), instalada em um bairro da periferia urbana,
com população de baixa renda, localizada na zona oeste do município de São Paulo.
139
Foram realizadas entrevistas com os professores, diretora, assistente da diretora,
secretaria, inspetores de alunos, serventes, alunos e pais de alunos, além de observações
e analises de documentos.
Paro (2011) descreve os resultados de uma pesquisa realizada recentemente em
seu livro Crítica da Estrutura da Escola. O autor teve como objetivo estudar as
dimensões e a viabilidade de uma estrutura de escola fundamental compatível como
uma educação entendida como prática democrática. Também foram utilizadas pesquisas
anteriores realizadas pelo autor durante as reflexões apresentadas no livro. A pesquisa
foi realizada no período de março de 2007 a fevereiro de 2010, a partir de trabalho de
campo realizado em uma escola de Ensino Fundamental localizada no município de São
Paulo. A pesquisa privilegiou técnicas qualitativas de análises. A coleta de dados
ocorreu por meio de observações e entrevistas semi-abertas envolvendo professores,
funcionários, coordenação pedagógica e direção da escola.
Penin (2011) apresenta em seu livro Cotidiano e escola: a obra em construção a
pesquisa realizada por ela para obtenção do título de doutor na Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo em 1988. O estudo descreve as condições concretas da
vida cotidiana em quatro escolas públicas de Ensino Fundamental (ciclo I), articulando
essa descrição com as representações que professoras, equipe técnicas e pais de alunos
apresentavam sobre tais condições.
Os outros estudos que fizeram parte da discussão foram realizados a partir de
entrevistas, principalmente com professores de EF e de outras disciplinas pelos autores
Claro Junior e Filgueiras (2009), Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005),
Tokuyochi et al (2008) e Zagury (2009).
140
6.1. Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo
Fatores Dificultadores
Entrevista
Observação
Fund 1
Observação
Fund 2
Institucional/Organizacional
Espaço físico inadequado x x x
Falta de organização da escola x x x
Influência do clima x x x
Falta de materiais x x
Formação profissional insuficiente x
Falta de organização da rede municipal x
Falta de trabalho coletivo x
Materiais caem fora da escola x x
Mau odor x x
Alunos transferidos x x
Dividir o espaço de aula x
Dificuldades no clube x
Instrucional/Pedagógica
Formação profissional insuficiente x x x
Dificuldade dos alunos x x x
Falta de condições para a educação inclusiva x x x
Número elevado de alunos por turma x x
Sociopolítica/Cultural
Cultura do aluno com os estudos x x x
Indisciplina dos alunos x x x
Falta de condições para a educação inclusiva x x x
Visão da disciplina de EF x x
Implicações da aula de EF x x
Baixa remuneração x
Jornada de trabalho extensa x
Função social da escola x
Descontentamento profissional x
Resistência dos professores x
Relação aluno-aluno x
Relação escola-comunidade inadequada x
Trânsito x
Falta de organização da rede municipal x
Relação interpessoal profissional x
Número elevado de alunos por turma x x
Liberação dos responsáveis x
Restrição médica x
141
Dimensão Institucional/Organizacional
- Espaço físico inadequado
Em muitos momentos o espaço físico inadequado mostrou ser um fator que
dificulta a implementação da proposta curricular de EF no município de São Paulo. Isso
ficou bem evidente tanto na fala dos profissionais da Educação entrevistados quanto nas
observações das aulas. A escola estava passando por uma reforma, o espaço não é
coberto, os intervalos dos alunos ocorrem nesse mesmo espaço que os professores de
EF ministram as suas aulas e não existe iluminação. Acreditamos que não ter espaço
físico adequado para os professores ministrarem as suas aulas se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional, pois a própria gestão municipal manteve esse espaço
descoberto e sem iluminação por muitos anos. Além disso, a própria escola necessita
utilizar o mesmo espaço para outras questões enquanto a nova escola que está sendo
construída não fica pronta.
Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005), Tokuyochi et al (2008) e
Zagury (2009) também apontaram em suas pesquisas a dificuldade que os professores
de EF encontram para realizar suas aulas nos espaços que as escolas possuem.
Paro (1996) também encontrou em seu estudo problemas em relação ao espaço
físico nas escolas públicas. A escola pesquisada continha paredes pichadas, portas sem
trinco, vidros e janelas quebrados. Além disso, o autor ressalta que o espaço físico
inadequado influenciava no processo de ensino e aprendizagem e que o professor pode
contar com pouca coisa para desenvolver seu papel de educador escolar.
Penin (2011) mostrou que em uma das escolas em que foi realizada a sua
pesquisa, o prédio escolar não estava preservado, não havia biblioteca e nem salas de
aula suficientes para atender a demanda. Em outra escola que também foi realizada a
pesquisa a quadra utilizada para as aulas de EF era apenas cimentada e não era
suficiente para atender a necessidade de todos os alunos.
- Influência do clima
A influência do clima tem extrema relação com o espaço físico inadequado para
realizar a aula de EF. Todas as vezes que o professor tiver que ministrar as suas aulas
em um espaço aberto ficará dependente do clima daquele dia para decidir quais
atividades sue que serão realizadas. Esse problema de organização dos órgãos públicos
que controlam as escolas municipais pode ser resolvido com um processo de cobertura
142
das quadras. Importante ressaltar que na nova escola que está sendo construída, o
espaço onde será realizada a aula de EF será coberto e, por consequência, esse problema
será resolvido
Gaspari et al (2006) e Santini e Molina Neto (2005) também mostram nas suas
pesquisas que o clima influência na prática pedagógica do professor de EF, pois este
não consegue ensinar alguns conteúdos que necessitam de movimentação quando o
espaço disponível é aberto e se torna impossibilitado de usar de acordo com o clima
daquele momento.
- Falta de organização da escola
Em alguns momentos, a forma como a escola se organiza foi um fator que
dificultou a implementação da proposta curricular de EF. Existia dificuldade de colocar
aulas duplas para que o professor pudesse levar seus alunos para o clube que fica
próximo da escola, quando existia a possibilidade de levar algumas turmas, em alguns
momentos houve dificuldade de realizar essa atividade por falta de organização para
conseguir outros profissionais da Educação que ajudassem o professor de EF para
ministrar essa aula. Também aconteceu dos dois professores de EF da escola dividir o
mesmo espaço porque as suas aulas foram colocadas no mesmo horário. Nas
observações identificamos no Ensino Fundamental I, alunos de diferentes turmas juntos,
porque as professoras polivalentes tinham faltado naquele dia e isso prejudicou a
dinâmica da aula de EF. Outro problema de organização da escola observado ocorreu
quando a professora queria utilizar um material para a sua aula e não conseguiu porque
ninguém sabia onde estava guardado. No Ensino Fundamental II, observamos falta de
organização da escola quando o professor teve que organizar toda a parte burocrática
para sair com os alunos para uma competição externa sem a ajuda de ninguém e
também quando ele pediu para deixar guardada uma filmadora para filmar os alunos
durante as competições e na hora de sair da instituição escolar ninguém havia guardado
o material solicitado. Essa dificuldade de organização da escola se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional.
Gaspari et al (2006) também relataram em sua pesquisa a dificuldade da
organização da escola para que os professores de EF possam ter condições mais
adequadas durante a sua prática pedagógica.
143
- Falta de materiais
O problema de falta de materiais ficou bem evidente nas entrevistas realizadas
com os profissionais da Educação. O grupo gestor relatou que não existe possibilidade
de adquirir todos os materiais que os professores pedem e que existem muitos materiais
disponíveis para serem usados durante as aulas de EF, mas, por conta da reforma que
está acontecendo na escola, não há lugar disponível para guardar esses materiais e eles
estão estocados em um galpão longe da escola. Os professores mencionam que não
conseguem ensinar todas as manifestações da cultura corporal de movimento por faltar
materiais e que aumenta a dificuldade de incluir os alunos com necessidades especiais
pela falta desses materiais pedagógicos. Esse fator se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional porque existe uma verba para a escola adquirir materiais
que pode ser insuficiente para atender as necessidades pedagógicas daquela instituição
escolar.
Para Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005) e Tokuyochi et al
(2008) a falta de materiais é um dificuldade constante do professor de EF,
principalmente quando ele necessita trabalhar com algumas práticas corporais
especificas.
Penin (2011) também apontou que em duas escolas em que foi realizada a sua
pesquisa os recursos materiais eram escassos, não havendo livros didáticos em número
suficiente para os professores conseguirem desenvolver a sua aula com qualidade.
- Formação profissional insuficiente
A formação profissional insuficiente é um fator que dificulta muito a
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Esse fator se
encaixa na dimensão Institucional/Organizacional principalmente porque a prefeitura de
São Paulo permite que os professores realizem uma formação continuada chamada
JEIF, onde os docentes têm direito a ficar um terço das horas trabalhadas em horário de
estudo. O problema é que os professores que não possuem todas as aulas atribuídas não
podem realizar essa formação e não conseguem estar presentes em todas as discussões e
estudos realizados na escola. Os coordenadores também relataram que o número de
capacitações que a rede municipal oferece não é suficiente, o número de paradas
pedagógicas no ano é pequeno, dificultando discussões e estudo com todos os
profissionais de educação e que a própria prefeitura não consegue formar com qualidade
os seus profissionais, porque oferece muitos cursos em horários que a maioria dos seus
144
docentes está em aula e não existe dispensa de ponto para realizar essa formação,
dificultando o acesso desses profissionais aos cursos.
- Falta de organização da rede municipal
A forma como a rede municipal se organiza também foi um fator dificutador
para a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo
identificado em nosso trabalho. Essa questão se torna evidente de acordo com as
respostas que tivemos nas entrevistas realizadas. Foi-nos relatado que a mudança anual
dos professores de unidade escolar, o aumento do número de dias letivos com os alunos,
a falta de um projeto sólido da rede municipal de inclusão e a impossibilidade de
realizar a JEIF por não ter todas as aulas atribuídas, levando o professor há não
participar dos estudos e discussões realizadas na unidade escolar, são questões que
dificultam a prática pedagógica do professor e se encaixam na dimensão
Institucional/Organizacional.
- Falta de trabalho coletivo
A dificuldade de se conseguir que os profissionais que trabalham nas escolas
trabalhem coletivamente é um dos fatores que dificulta a prática pedagógica dos
docentes e se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional. Na escola pesquisada,
identificamos nas entrevistas que existe certa dificuldade de se trabalhar coletivamente.
Dessa forma, os professores não se enxergarem enquanto grupo, e, por consequência,
não compreendem os objetivos de cada área dentro da escola, inclusive da área de EF.
- Materiais caem fora da escola
Durante as observações das aulas de EF, identificamos que os materiais
utilizados pelos docentes caiam fora do espaço onde ocorre a aula. Todas as vezes que
os materiais caiam fora da escola, o professor tinha que parar a aula e tentar recuperá-
los, atrapalhando a dinâmica da sua aula. Isso ocorreu principalmente porque esse local
não é adequado para os professores ministrarem as suas aulas. Acreditamos que esse
fator dificultador se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque a
organização da rede de ensino e a organização interna da escola não conseguiram
disponibilizar um local adequado para que as aulas de EF ocorram.
145
- Mau odor
O forte cheiro que era sentido no espaço onde ocorrem as aulas de EF na escola
pesquisada atrapalhava muito a prática pedagógica dos professores. Em muitos
momentos os professores e os alunos reclamavam do mau odor. O pesquisador também
sentiu o cheiro e realmente ficava muito difícil permanecer nesse espaço. Na rua onde
se localiza a escola existe uma casa que os moradores cuidam de animais e não fazem
uso da assepsia adequada, ocasionando um forte cheiro que chega em todas as
residências ao redor. Esse fator dificultador se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional por conta desse problema acontecer na escola há muitos
anos e nenhuma providência ter sido tomada pelos órgãos competentes.
- Alunos transferidos
A chegada de alunos de outras unidades escolares dificulta a prática pedagógica
dos professores de EF. Ficou evidente durante as observações que a maioria dos alunos
que vieram transferidos não aceitou realizar as atividades propostas em aula, além de
não respeitar os professores. A possibilidade de transferência de alunos se encaixa na
dimensão Institucional/Organizacional porque os órgãos competentes e os gestores da
escola que organizam os critérios para que os alunos troquem de escolas. A forma de
organizar o processo de adaptação desses alunos também pode estar sendo um motivo
das dificuldades que essas crianças e adolescentes estão tendo nas novas unidades
escolares. Além disso, muitos alunos que chegam transferidos estavam com problemas
de falta de aproveitamento nas suas antigas escolas e o problema também é transferido
para os profissionais da Educação que trabalham nessa nova unidade escolar.
- Dividir o espaço de aula
Organizar as aulas dos professores da unidade escolar não é uma tarefa simples.
Muitos docentes possuem acúmulos de cargo e não podem trabalhar determinados dias
e horários. Os gestores da escola recolhem as escolhas de horário de todos os
professores e tentam organizá-lo para atender há todos, porém, nem sempre isso é
possível. Na escola pesquisada, os docentes de EF pediram para que as suas aulas
fossem colocadas em dobradinhas (duas aulas seguidas) para levarem os alunos há um
clube próximo da escola e desenvolverem lá as suas aulas. Nem todas as turmas tiveram
possibilidade de ter duas aulas seguidas de EF e esses alunos não podiam ir ao clube
para ter a aula. Esse fator dificultador se encaixa na dimensão
146
Institucional/Organizacional por conta da dificuldade da escola de colocar os horários
necessários para atender aos objetivos pedagógicos dos professores.
Gaspari et al (2006) apresentaram em sua pesquisa a dificuldade que o professor
de EF encontra no seu cotidiano escolar quando necessita dividir o espaço onde ocorre a
sua aula com outras turmas, pois esse profissional nunca pode ter total autonomia para
desenvolver o seu conteúdo, principalmente se não houver uma boa comunicação entre
os professores que necessitam dividir o mesmo espaço de aula.
- Dificuldades no clube
Quando os professores tinham seu pedido atendido de ter aulas duplas nas suas
turmas, o processo de saída da escola e de permanência no clube era complicado. Em
muitos momentos a escola não conseguiu se organizar para que algum profissional de
educação acompanhasse o professor de EF até o clube e o ajudasse a ministrar a sua
aula. Em um dos momentos observados, a escola possibilitou a saída de um funcionário
para acompanhar o professor e na hora de ir ao clube esse profissional foi
impossibilitado de sair da unidade escolar e, por consequência, o docente não conseguiu
levar os alunos ao clube sozinho. Esse fator se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional pela dificuldade que a escola possuiu de colocar
profissionais para acompanhar o professor, mesmo sabendo que existia essa
necessidade.
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores
dificultadores que se encaixam na dimensão Intitucional/Organizacional.
147
INSTITUCIONAL /ORGANIZACIONAL
Falta de organização
da rede municipal
Formação profissional insuficiente
Alunos transferidos Espaço físico inadequado
Falta de materiais
Influência do clima
Mau odor
Materiais caem fora da escola
Falta de organização
da escolaFalta de trabalho coletivoDividir o espaço de aula
Dificuldades no clube
Falta de materiais
Esquema 1 – Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo da dimensão Institucional/Organizacional
Dentre os fatores identificados, a falta de organização da rede municipal está
muito relacionada com a formação profissional insuficiente, com os alunos transferidos,
com a falta de materiais e com o espaço físico inadequado. Todos esses fatores se
relacionam também entre eles. Também é importante ressaltar que o espaço físico
inadequado tem relações com a influência do clima, os materiais caírem fora da escola e
o mau odor que é sentido pelas pessoas que ficam no espaço onde ocorre a aula de EF.
A falta de organização da escola também é um fator dificultador que se relaciona
com diversos outros fatores identificados, dentre eles estão: a falta de materiais, a falta
de trabalho coletivo, as dificuldades encontradas no clube e dividir o espaço de aula
com outros professores. Também é importante ressaltar que todos esses fatores se
relacionam entre eles há todo momento.
Para finalizar a nossa compreensão, não podemos esquecer que os fatores que se
relacionam com a falta de organização da rede municipal também estão diretamente
relacionados com os fatores da falta de organização da escola, ou seja, todos esses
fatores dificultadores estão há todo momento entrelaçados pela complexidade que esta
instaurada no cotidiano escolar.
148
Dimensão Instrucional/Pedagógica
- Formação profissional insuficiente
A falta de formação profissional é um fator dificultador que se encaixa na
dimensão Instrucional/Pedagógica. Em nossas observações na escola pesquisada
identificamos essa questão. Segundo os profissionais da Educação entrevistados, a
formação inicial está muito distante da realidade vivenciada no cotidiano escolar e
depois de formados os docentes não conseguem continuar sua formação por falta de
tempo ou de recursos financeiros. Os professores sentem dificuldade de ministrar aulas
para os alunos com necessidades especiais, de realizar adaptações de materiais, de lidar
com a indisciplina e a falta de compromisso dos alunos. Um programa de formação
continuada focando as dificuldades pedagógicas poderia ajudar a professor a solucionar
os problemas que ele enfrenta cotidianamente durante as suas aulas de EF na escola.
Santini e Molina Neto (2005) e Tokuyochi et al (2008) trazem em suas pesquisas
a questão da formação insuficiente do professor como uma das dificuldades do
cotidiano escolar para que exista uma boa prática pedagógica. Os autores apontam
principalmente para as dificuldades de existir uma formação continuada adequada e
consistente para melhorar a qualidade do ensino.
Paro (1996) reflete em sua pesquisa sobre a formação dos profissionais da
Educação que está muito distante da realidade enfrentada pelos docentes em seu
cotidiano. O autor menciona que os professores estão descontentes com a realidade do
seu trabalho na escola pública, principalmente com seus alunos, porque estão muito
distantes de trabalhar da forma que aprenderam na Universidade. Isso ocorreu após a
“democratização do ensino público” que se acentuou durante a década de 50, pois os
alunos que passaram a frequentar a escola não correspondem mais aos estímulos dos
professores e a formação continuada continua sendo realizada de uma forma que o
docente aprende apenas a ensinar um aluno que deixou de existir na escola pública
brasileira. Resumindo, a realidade enfrentada pelos professores está muito distante da
formação inicial e continuada que os acadêmicos estão proporcionando.
Paro (2011) também identificou na sua pesquisa que os professores consideram a
formação profissional inicial feita pela Universidade muito distante da realidade
vivenciada no cotidiano escolar público. Além disso, os profissionais da Educação
entrevistados por ele cobram mais cursos de capacitação para conseguir enfrentar com
mais qualidade os problemas desse cotidiano.
149
Penin (2011) comenta que os professores não receberam formação profissional
adequada para ensinar os alunos pobres, que possuem algumas características que
dificulta o processo de ensino e aprendizagem. Esses alunos normalmente não contam
com ninguém para ajudar nas tarefas de casa e possuem uma cultura muito diferente
daquela esperada pela escola.
- Dificuldade dos alunos
Durante as entrevistas e as observações na escola pesquisada identificamos que
os alunos apresentam dificuldade de concentração e de atenção, se envolvem pouco na
aula, não possuem interesse, apresentam dificuldade na leitura e na escrita e, muitas
vezes, não conseguem realizar atividades que necessitam de mais reflexão. Todas essas
dificuldades dos alunos se encaixam na questão Instrucional/Pedagógica, pois os
professores também sentem dificuldade de ensinar alunos com tantas limitações, se
sentindo muitas vezes impossibilitado de ajudar esses alunos no processo de
aprendizagem dos conteúdos.
Claro Junior e Figueiras (2009) apontaram em sua pesquisa que a falta de
atenção dos alunos é um fator que dificulta a prática pedagógica do professor de EF.
Isso ocorreu principalmente porque os docentes não conseguem individualizar o ensino
de acordo com as dificuldades, pela quantidade de alunos na turma e deficiência na sua
formação profissional.
- Falta de condições para a educação inclusiva
Os profissionais da educação entrevistados relataram falta de preparo para
ministrar aulas para alunos com necessidades especiais. Esse fator dificultador se
encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica porque falta conhecimento para esses
profissionais conseguirem preparar e aplicar as suas aulas incluindo realmente esses
alunos. Durante as observações realizadas na escola pesquisada, ficou claro que os
docentes queriam e tentavam incluir os alunos nas suas aulas em determinadas
dinâmicas, porém em muitos momentos não foi possível a participação desses alunos
integralmente na aula.
- Número elevado de alunos por turma
O número elevado de alunos por turma também é um fator dificultador que se
encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre principalmente porque os
150
professores necessitam modificar completamente a dinâmica da sua aula para conseguir
que todos os alunos participem e, mesmo que tentem, muitas vezes essa participação se
torna impossibilitada. Essa questão ficou evidente quando a professora de EF tentou
realizar um jogo de queimada e a dinâmica da aula não deu muito certo porque havia
alunos demais na turma.
Em suas pesquisas, Claro Junior e Figueiras (2009), Gaspari et al (2006), Santini
e Molina Neto (2005), Tokuyochi et al (2008) e Zagury (2009) mostraram que o número
elevado de alunos por turma é uma das principais dificuldades vivenciadas diariamente
no cotidiano escolar dos professores. Nas aulas de EF observadas, os professores tinham
dificuldades em organizar a aula com a participação de todas as crianças e adolescentes
devido à grande quantidade de alunos na mesma turma.
Paro (2011) menciona que em muitas escolas públicas o número de alunos pode
chegar até 45 crianças e adolescentes na mesma turma. Até os estudiosos mais
conservadores consideram que o número máximo de alunos para se ensinar
razoavelmente, não pode ultrapassar 25, principalmente no Ensino Fundamental.
Penin (2011) já trazia relato de professores na época da realização da sua
pesquisa do número elevado de alunos por turma. Juntando com as dificuldades que
esses alunos possuem, se torna muito difícil sanar todas as dúvidas e possibilitar um
ensino de qualidade nas escolas públicas.
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores
dificultadores que se encaixam na dimensão Instrucional/Pedagógica.
151
INSTRUCIONAL / PEDAGÓGICA
Formação profissional insuficiente
Falta de condições para a educação inclusiva
Dificuldade dos alunos
Número elevado de alunos por turma
Esquema 2 – Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica
A formação profissional insuficiente é um fator dificultador que se relaciona
com a falta de preparo pedagógico dos professores para lidar com as dificuldades dos
alunos, com o número elevado de alunos por turma e com a falta de condições para a
educação inclusiva. Esses fatores também se relacionam entre si dificultando ainda mais
a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.
Dimensão Sociopolítica/Cultural
- Cultura dos alunos com os estudos
A cultura dos alunos com os estudos é um fator dificultador que se encaixa na
dimensão sociopolítica/Cultural. Isso ocorre porque as famílias dos alunos já trazem
muitos problemas de ordem social, o aluno e a comunidade apresentam uma cultura em
relação à aula de EF, imaginando que nesse momento o aluno vai apenas praticar
esportes, os próprios alunos já trazem resistências culturais em relação há determinados
conteúdos, os alunos que se acostumaram com a didática de um professor não aceitam
facilmente outra dinâmica de aula, por questões culturais os alunos não aceitam
facilmente realizar alguma atividade dentro da sala de aula, as crianças e adolescentes já
152
apresentam a sexualidade muito aflorada e não se preocupam com os estudos, mesmo
que o professor comente para usar um tipo de vestimenta, os alunos utilizam outra,
muitas vezes de propósito, para não participar da aula de EF, e muitos alunos não
participam da aula e não estão preocupados com essa atitude.
Claro Junior e Figueiras (2009), Gaspari et al (2006), Tokuyochi et al (2008)
Zagury (2009) também mostram em seus estudos que foi criada uma cultura entre os
alunos de total desinteresse pela escola e, consequentemente, pela aula de EF.
Na pesquisa realizada por Paro (1996) foi relatado o desinteresse dos alunos
pelos estudos. Os adolescentes preferem conversar durante as aulas e não estão
preocupados com os conteúdos a serem aprendidos. Muitos jovens acreditam que a
escola é um local onde eles se encontram para conversar e “brincar um pouco”.
As professoras entrevistas na pesquisa realizada por Penin (2011) também
mencionaram que o desinteresse dos alunos pelos estudos é um dos fatores que ocasiona
o fracasso escolar. Em muitos momentos os alunos estão desmotivados para aprender e
preferem realizar outras atividades em comparação com estudar.
- Indisciplina dos alunos
A indisciplina dos alunos dentro da escola pública foi um dos fatores que mais
dificultaram a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.
A questão da indisciplina esteve presente nas entrevistas realizadas com os profissionais
da Educação e em muitos momentos durante as observações na escola pesquisada. A
questão da indisciplina se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque se tornou
um fator cultural não respeitar nenhum dos profissionais que trabalham dentro da escola
e ser violento em muitos momentos com essas pessoas. Nas aulas observadas no Ensino
Fundamental (ciclo I e II) os alunos entravam em confronto com os professores,
estragavam o material, não respeitavam as regras da aula e não estavam preocupados em
alterar a sua postura.
Claro Junior e Figueiras (2009), Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto
(2005), Tokuyochi et al (2008) e Zagury (2009) encontraram em seus estudos que a
indisciplina dos alunos é um dos fatores que dificultam a prática pedagógica de todos os
professores das disciplinas que compõe o currículo escolar.
Paro (1996) também mostrou em sua pesquisa que os profissionais da Educação
consideram a indisciplina dos alunos com um dos principais fatores que dificultam a
prática pedagógica dos docentes. As crianças e adolescentes são agressivas com os
153
professores em alguns momentos, brigam entre eles, soltam bombas dentro da sala de
aula, usam drogas na escola e faltam com respeito com todos os funcionários da unidade
escolar.
Penin (2011) descreve nos relatos dos profissionais da Educação entrevistados
por ela que a indisciplina dos alunos se mostrou como um fator dificultador para a
efetivação de uma prática pedagógica adequada.
- Falta de condições para a educação inclusiva
A falta de condições para incluir os alunos com necessidades especiais também
se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorreu porque muitas vezes a
própria estrutura escolar não possibilita que esses alunos sejam incluídos realmente na
aula. Na escola pesquisada, havia muitos alunos com necessidades especiais nos dois
ciclos do Ensino Fundamental, porém havia apenas uma pessoa para ajudar todos os
professores com esses alunos, dificultando a implementação da proposta curricular.
Além disso, não existem materiais específicos para trabalhar com esses alunos e o
próprio espaço onde ocorre a aula de EF não era adequado. Mesmo com a
obrigatoriedade da escola de oferecer vagas para esses alunos, questões políticas de
implementação da inclusão ainda não estão presentes no cotidiano escolar público.
- Visão da disciplina de EF
A visão que os outros profissionais da educação criaram da disciplina de EF é
um dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo. Acreditamos que esse fator dificultador se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural porque foi criada uma cultura dos objetivos dessa
componente curricular pelos outros profissionais. Na escola pesquisada, nos foi relatado
durante as entrevistas que a EF ainda é vista como algo secundário e utilizada para
queimar a energia dos alunos. Durante as observações, uma professora polivalente não
permitiu que um dos alunos fosse para a aula de EF até terminar todas as tarefas
propostas na sua aula.
Gaspari et al (2006) e Tokuyochi et al (2008) relataram em seus estudos que a
visão que os outros profissionais da educação criaram da disciplina de EF dificulta a
prática pedagógica desse professor, pois em muitos momentos os docentes das outras
disciplinas não enxergam a importância da EF e não permitem a participação efetiva
desse professor nas decisões da escola.
154
- Implicações da aula de EF
Existe uma cultura dentro das escolas que a aula deve ser realizada com todos os
alunos sentados nas carteiras e prestando atenção nos docentes que estão ministrando
aquela aula. A aula de EF normalmente não é realizada dessa forma e, por conta disso,
outros profissionais que trabalham na escola reclamam da sua dinâmica. Nessa aula
normalmente, os alunos precisam sair da sala para ir até a “quadra” para realizar as
tarefas propostas e no caso da escola pesquisada, necessitaram algumas vezes caminhar
até o clube próximo da unidade escolar ou participar de competições. Esse fator
dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural devido a essa cultura criada
pela própria escola de como deve ser realizada uma aula.
Em sua pesquisa Gaspari et al (2006) também apontaram que os outros
profissionais que estão no cotidiano escolar não entendem a dinâmica da aula de EF e
reclamam quando a aula desse professor está causando muito barulho ou do
deslocamento dos alunos até o espaço que a aula será realizada.
- Baixa remuneração
A baixa remuneração que os profissionais da Educação recebem mensalmente é
um dos fatores dificultadores que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural,
porque a própria gestão pública decide qual será o salário desses profissionais e,
ultimamente, essas pessoas não estão recebendo um salário compatível com a
responsabilidade das suas atribuições. Durante a greve realizada esse ano, um dos
principais pontos que estavam na pauta para discussão era a questão salarial e nada foi
alterado em relação ao salário desses profissionais.
Gaspari et al (2006) e Zagury (2009) também trouxeram nas suas pesquisas que
a baixa remuneração dos profissionais de educação dificultam a sua prática pedagógica
na escola. Diversos outros fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular do município de São Paulo trazem consigo essa questão da baixa
remuneração, principalmente a jornada de trabalho extensa que esses profissionais se
submetem diariamente para aumentar as suas rendas.
Paro (1996) aponta em sua pesquisa que os docentes recebem muito pouco pelo
seu trabalho e acabam tendo que trabalhar em mais de uma escola para poder receber
um salário digno. Sem contar que as professoras ainda acumulam o trabalho doméstico
dentro dos seus afazeres diários.
155
Paro (2011) compara a disparidade entre os salários dos professores da Educação
Básica com os professores universitários. Na visão do autor, isso ocorre por conta da
maior valorização do trabalho universitário, porque esse ensino sempre foi dedicado
para as camadas mais ricas da população. Os docentes da Educação Básica trabalham
com alunos que estão em processo de formação da personalidade e eles precisam de
diversos conhecimentos para atuar com essas crianças e adolescentes. Dessa forma, o
plano salarial do professor que atua no Ensino Fundamental e Médio deveria ser tão
valorizado quanto daqueles que ensinam no Ensino Superior, por conta de todos os
objetivos educacionais que são cobrados e necessitam ser atingidos por eles.
Penin (2011) também demonstra nas entrevistas realizadas com os profissionais
da Educação da escola pesquisada por ela que os baixos salários é um fator que dificulta
a prática pedagógica do professor e o torna desmotivado para encarar os problemas que
ocorrem no cotidiano escolar diariamente.
- Jornada de trabalho extensa
A jornada de trabalho extensa é um fator dificultador que se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorreu principalmente porque os profissionais da
Educação necessitam trabalhar em mais de uma escola para poder ter um salário digno.
Essa quantidade grande de aulas ministradas durante o dia faz com que o docente tenha
que assumir muitas turmas no ano, dificultando a elaboração de boas aulas, a correção
dos trabalhos, diminuindo consideravelmente a paciência e prejudicando a sua formação
continuada.
De acordo com Gaspari et al (2006), Santini e Molina Neto (2005) e Zagury
(2009) a jornada de trabalho extensa dos profissionais que atuam na escola é um fator
que dificulta muito a prática pedagógica, principalmente porque esses profissionais não
conseguem focar toda a sua atenção apenas para uma escola, prejudicando a qualidade
do ensino, diminuindo a paciência e a ocasionando falta de tempo para continuar a sua
formação continuada.
Como já mencionado, a jornada de trabalho extensa é um reflexo da baixa
remuneração recebida pelos profissionais da Educação. Em muitas situações existe a
necessidade de acumular dois ou três empregos para poder receber um salário digno e
isso influência negativamente no seu trabalho (PARO, 1996).
156
- Função social da escola
Durante muitos anos a escola teve a função social de ensinar os conteúdos das
diferentes disciplinas que compõe o currículo. Com o passar dos anos, a escola foi
alterando a sua função social porque começou a receber alunos de diferentes camadas
sociais que antes não permaneciam nas unidades escolares. Nas entrevistas realizadas,
nos foi relatado que existe cobrança da comunidade para que os alunos entrem no
mercado de trabalho, passem no vestibular ou no vestibulinho, mesmo que a função
social da escola pública tenha se expandido. Essa incoerência entre o que a escola pode
oferecer e a cobrança realizada pela sociedade se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural.
- Descontentamento profissional
Nas entrevistas realizadas, os profissionais da educação relataram que alguns
professores estão desanimados e se empenhando cada vez menos nas suas atribuições.
Esse fator dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural, porque o
desanimo e a falta de empenho é o resultado dos diversos problemas enfrentados por
esses profissionais em todos os dias de trabalho. Quase todos os fatores dificultadores
que se encaixam nessa dimensão fazem com que os docentes fiquem descontentes com
o seu trabalho e, por consequência, se sintam desanimados para continuar realizando as
suas funções com qualidade.
O descontentamento com a profissão dos profissionais da Educação também foi
identificado no estudo desenvolvido por Paro (1996). Segundo o autor, os professores
sentem o desprestígio da profissão docente e em alguns momentos sentem até vergonha
quando necessitam mencionar a sua ocupação profissional, pois se sentem
inferiorizados socialmente.
- Resistência dos professores
Identificamos na escola pesquisada que os professores mais experientes criaram
uma resistência frente à proposta curricular do município de São Paulo. Esse fator
dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque esses docentes
tiveram outra formação e se acostumaram a ministrar as suas aulas de outra forma.
Durante os anos, as propostas curriculares vão se alterando de acordo com os interesses
de quem está no poder e os profissionais da Educação precisam se acostumar e
157
modificar a sua forma de atuação de acordo com essas mudanças, que ocorrem devido a
diversos interesses políticos daquele momento da sociedade.
- Relação aluno-aluno
Esse fator dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque os
alunos da escola pesquisada pertencem a diferentes classes econômicas e necessitam
conviver no mesmo ambiente diariamente. Essas diferenças econômicas ocasionam
problemas no cotidiano escolar, pois os alunos ficam comparando quem está utilizando
o melhor tênis ou usando a melhor marca. Nessa situação, os profissionais da Educação
necessitam mediar esses conflitos ocasionados por essas diferenças.
Paro (1996) também ressalta em sua pesquisa a dificuldade existente devido aos
conflitos gerados nas relações entre os alunos. Nos depoimentos coletados pelo autor foi
mencionado que os alunos brigam entre eles, causando em alguns momentos ferimentos
sérios entre os envolvidos.
- Relação escola-comunidade inadequada
Os profissionais da educação entrevistados relataram que a família não é
presente no acompanhamento da vida escolar de muitos alunos. No projeto pedagógico
dessa unidade escolar também é citado que a família está presente na escola para
realizar cobranças, mas não ajuda no acompanhamento da vida escolar dos alunos. Esse
fator dificultador se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque criou-se uma
cultura na escola pública que a família não necessita acompanhar a vida escolar dos
alunos, colocando toda a sobrecarga da aprendizagem das crianças e adolescentes nos
profissionais que atuam na escola.
Gaspari et al (2006) e Zagury (2009) mostraram em seus estudos que a relação
conturbada entre a escola e a comunidade dificulta a prática pedagógica dos professores
diariamente. Na nossa pesquisa os profissionais entrevistados relataram a dificuldade
que eles têm com alunos que a família não acompanha a vida escolar, deixando esses
adolescentes tomarem decisões sem respaldo nenhum dos adultos que convivem com
eles. Outra questão importante que apareceu nessa pesquisa foi a cultura da comunidade
com a disciplina de EF. Os profissionais entrevistados relataram que muitos familiares
reclamam do professor que não permite seus filhos jogar futebol porque quer ensinar
outros conteúdos ou utilizar outras estratégias além das atividades práticas.
158
Na visão dos profissionais da Educação entrevistados por Paro (1996) a família
não mantém uma relação adequada com a escola pública que os filhos estudam. Em
muitos momentos, os familiares delegam a escola todo o processo educacional das
crianças e adolescentes, sem querer participar efetivamente desse acompanhamento
escolar. Na pesquisa também é relatado que os pais necessitam deixar os filhos na
escola por um tempo cada vez mais prolongado devido a vida atribulada da sociedade
moderna, porém diminuem de forma considerável o tempo que estão disponíveis para
acompanhar o processo educacional dos filhos.
O autor ainda traz o depoimento de toda a comunidade escolar relacionado a
importância da participação dos pais no processo de ensino-aprendizagem dos filhos,
porém na escola pública, essa ajuda nem sempre ocorre devido a falta de tempo, de
interesse ou de condições para ajudar os jovens nas tarefas diárias (PARO, 1996).
Penin (2011) também apontou em seu estudo que na representação das
professoras entrevistadas, as famílias de muitos alunos que estudam na escola pública
são desorganizadas, não dão a atenção necessária, não possuem tempo para acompanhar
a vida escolar dos filhos, devido à carga de trabalho e a falta de condições culturais e
educativas.
Trânsito
Durante as entrevistas nos foi relatado que um dos fatores que dificultam a
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo é o trânsito
enfrentado pelos profissionais da Educação que acumulam cargos e precisam se
locomover entre as escolas que trabalham durante o dia. O trânsito se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural porque esse é um problema relacionado com as
políticas publicas organizadas pelo poder público em relação ao transporte na cidade de
São Paulo, que se torna cada dia mais caótico e interfere no trabalho de todos os
profissionais que necessitam se locomover durante o dia na cidade.
- Falta de organização da rede municipal
A organização da rede municipal é um fator dificultador que também se encaixa
na dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso acontece porque existe uma estrutura que deve
ser seguida e cumprida pelas escolas, não permitindo total autonomia nas ações que
precisam ser realizadas no cotidiano escolar público. Além disso, o poder público vem
159
instituindo aumento do número de dias letivos com alunos há algum tempo, diminuindo
a possibilidade de formações realizadas dentro da própria escola.
- Relação interpessoal profissional
Outro fator que se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural é a relação
interpessoal profissional dentro da unidade escolar. Os profissionais da educação
relataram que em algumas situações existe pouco respaldo por parte da gestão nas
situações que ocorrem no cotidiano escolar e no Ensino Fundamental I a professora de
EF relata a dificuldade de relacionamento com algumas professoras polivalentes, pois
elas reclamam quando existe algum atraso para buscar as suas turmas, dificultando a
possibilidade de trocar experiências em vista de melhorar a qualidade do ensino.
O relacionamento complicado de todos os profissionais que trabalham dentro do
ambiente escolar é um dos fatores que dificulta a implementação da proposta curricular
de EF do município de São Paulo. Gaspari et al (2006) e Tokuyochi et al (2008)
também apontaram em seus estudos que o relacionamento do professor de EF com os
diretores e coordenadores pedagógicos nem sempre é satisfatório, além dos problemas
que surgem com os professores das outras disciplinas que compõe o currículo escolar.
Paro (1996) escreve um capítulo em seu livro que descreve apenas as relações
interpessoais dentro da escola. Em seu estudo ele também identificou os conflitos
existentes entre o corpo gestor e os professores e entre os próprios docentes. Essas
relações conflituosas dificulta a implementação da proposta curricular de EF ou de
qualquer outro componente curricular, porque muitas vezes a falta de entendimento
entre os profissionais da Educação que trabalham juntos emperra muitas ações que
necessitam ser desenvolvidas.
- Número elevado de alunos por turma
Turmas com muitos alunos prejudica a implementação da proposta curricular de
EF. Identificamos na escola pesquisada, como aumenta a dificuldade dos professores
nas turmas com mais alunos. Juntando isso com o espaço físico inadequado e com a
falta de materiais, se torna muito difícil ministrar uma boa aula para os alunos. Esse
fator se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque os órgãos competentes
estipulam o número mínimo e máximo de alunos que cada sala de aula pode ter,
forçando as unidades escolares há deixarem as salas com muitos alunos, caso exista
procura da comunidade para matricular as crianças e adolescentes na escola.
160
- Liberação dos responsáveis
Durante a nossa estadia na escola observando as aulas do Ensino Fundamental
II, identificamos que alguns responsáveis dos alunos não permitiram que houvesse a
saída desses adolescentes para um clube próximo. Era importante que todos os alunos
pudessem ir ao clube para o professor de EF conseguir ministrar as suas aulas para
todos da turma. Aqueles alunos que não tinham a liberação ficavam na escola realizando
atividades teóricas elaboradas pelo docente. Esse fator dificultador se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural porque os próprios responsáveis em alguns momentos
não permitem que seus filhos realizem atividades diferenciadas desse componente
curricular por não acreditarem que os aprendizados advindos dessa aula sejam
importantes.
- Restrição médica
A restrição médica é um fator dificultador que se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural, pois um dos alunos do Ensino Fundamental I foi proibido pelo
médico de participar das aulas de EF por estar com excesso de peso e pressão alta,
devido ao entendimento cultural que esse profissional da saúde possui em relação à aula
de EF na escola. A proibição da participação na aula não possibilitou o aluno a aprender
os conteúdos desse componente curricular e não permitiu que a professora realizasse
qualquer tipo de adaptação na sua aula para que essa criança pudesse realizar as
atividades propostas sem risco para a sua saúde.
GREVE
Durante as observações realizadas no cotidiano escolar foi realizada uma greve
entre os profissionais da Educação que pediam diversas reivindicações para melhorar as
suas condições de trabalho. Não consideramos a greve como um fator dificultador,
porém ela faz parte da dimensão Sociopolítica/Cultural e necessita ser citada no
trabalho, pois os próprios órgãos competentes que estipulam as condições que todas as
pessoas que trabalham com educação vão ter durante o seu cotidiano. Dessa forma,
existiam diversos pedidos de mudanças enviados para o governo, mas poucos foram
atendidos. Isso demonstra que os profissionais da Educação passam por diversas
dificuldades profissionais que poderiam ser resolvidas se houvesse interesse político
para solucionar esses problemas.
161
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores
dificultadores que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural.
Descontentamento profissional
Jornada de trabalho extensaBaixa remuneração
Greve
Visão da disciplina de EF
Função social da escola
Trânsito
Resistência dos professores
Falta de condições para a educação inclusivaNúmero elevado de alunos por turma
Indisciplina dos alunos Relação escola-comunidade
inadequada
Relação aluno-aluno Liberação dos responsáveis
Falta de organização da rede municipal
Cultura do aluno com os estudos
Implicações da aula de EF
SOCIOPOLÍTICO/CULTURAL
Relação interpessoal profissional
Esquema 3 – Compreensão dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural
O descontentamento profissional é o fator dificultador que acaba sendo a grande
consequência de todos os outros fatores dificultadores identificados pela pesquisa. A
baixa remuneração faz com que o profissional da Educação aumente a sua jornada de
trabalho para complementar a sua renda e quando precisa se locomover de um local para
o outro é acometido pelo trânsito caótico da cidade de São Paulo. A organização da rede
municipal por muitas vezes dificulta o trabalho do professor, possibilitando que as salas
de aula fiquem com muitos alunos e não dando condições para que realmente exista a
inclusão das crianças com necessidades especiais na escola básica. Os alunos que
estudam na rede municipal também não possuem a cultura de estudos, levando a
diversos casos de indisciplina dentro da escola, uma relação conflituosa e violenta entre
eles e a pouca participação da família na vida escolar desse aluno aumenta ainda mais
esses conflitos, impossibilitando muitas vezes a liberação desses alunos para realizarem
atividades diferenciadas dentro da escola. Também ocorre dos professores não
compreenderem muito bem a função social da escola pública, pois são cobrados que os
162
alunos aprendem os conteúdos de forma que consigam ser aprovados nos vestibulinhos
e vestibulares, mas ao mesmo tempo tem uma pressão da própria rede municipal
apontando que a função da escola está se alterando. Dessa forma, os professores muitas
vezes se tornam resistentes a trabalhar com os princípios norteadores da proposta
curricular porque não participam efetivamente do seu processo de construção. Além de
tudo isso, os professores de EF sentem em alguns momentos que os outros profissionais
da Educação desvalorizam a sua disciplina, a relação interpessoal desses docentes com
os outros professores é conflituosa em alguns momentos e a sua aula causa alguns
problemas para escola, porque os alunos não ficam sentados nas fileiras normalmente.
Todos esses fatores tornam os profissionais da educação extremamente descontentes e
dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.
163
6.1.1 - Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular da EF do município de São Paulo
Para leitura da teia de relações foi criada a seguinte legenda:
Verde – Fatores dificultadores Sociopolíticos/Culturais;
Azul – Fatores dificultadores Institucionais/Organizacionais;
Preto – Fatores dificultadores Instrucionais/Pedagógicos.
Cores mescladas – Fatores dificultadores que se encaixam em diferentes
dimensões
Descontentamento profissionalGreve
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF – FATORES DIFICULTADORES
Esquema 4 – Teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo
A teia de relações dos fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF foi criada com o seguinte critério: no centro da teia estão os fatores que
mais prejudicam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo e quanto mais para a periferia da teia, esses fatores vão se tornando menos
prejudiciais.
164
Conseguimos compreender, quando olhamos para a teia, que todos os fatores
identificados na pesquisa se relacionam, independente se estão encaixados nas
dimensões: Institucional/Organizacional, Instrucional/Pedagógica ou
Sociopolítica/Cultural. Além disso, os mesmos fatores dificultadores podem estar
encaixados em dimensões diferentes, mostrando que essas classificações foram criadas
apenas para melhor compreensão dos acontecimentos do cotidiano escolar, mas elas se
relacionam há todo o momento.
Também é possível identificar que a maioria dos fatores que dificultam a
implementação da proposta curricular de EF estão concentrados nas dimensões
Sociopolítica/Cultural e Institucional/Organizacional. Isso demonstra que as maiores
dificuldades enfrentadas pelos professores não são causadas por deficiências
pedagógicas, mas sim por falta de interesse político de resolver questões educacionais e
por questões organizacionais da própria rede de ensino ou internas da própria escola.
Deixamos a greve de fora da teia porque todos os fatores identificados são
problemas que os profissionais da Educação enfrentam diariamente e há muitos anos
tentam resolvê-los realizando manifestações. Esse ano durante a realização da pesquisa,
mais uma tentativa foi realizada, porém não houveram muitas alterações nas condições
de trabalho desses profissionais na realidade escolar.
165
6.2 Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo
Fatores Facilitadores
Entrevista
Observação
Fund 1
Observação
Fund 2
Institucional/Organizacional
Recursos disponíveis x x x
Permanência na escola x x
Organização da rede municipal x
Facilidade de tirar cópias x
Hora de estudo x
Organização da escola x
Educação inclusiva x
Instrucional/Pedagógica
Interesse dos alunos pelas aulas x x x
Clube próximo da escola x x
Ambiente da aula x
Desenvolver projetos diferenciados x
Olhar interdisciplinar x
Perfil do professor x
Adaptação da atividade x x
Competições externas x
Hidratação na aula x
Cooperação na aula x
Educação inclusiva x
Sociopolítica/Cultural
Permanência na escola x x
Relação professor-aluno x x
Empenho dos professores x
Respeitar a diversidade x
Alterações na LDB x
Relação interpessoal profissional x
Organização da rede municipal x
Cooperação na aula x
Participação da família na vida escolar do aluno x
166
Dimensão Institucional/Organizacional
Recursos Disponíveis
Durante as nossas observações na escola pesquisada, identificamos que existem
alguns recursos disponíveis que facilitam a prática pedagógica do professor de EF. Um
momento marcante foi quando a professora precisava de uma sala para mostrar um
filme para os alunos e logo foi atendida no seu pedido. Esse fator facilitador se encaixa
na dimensão Institucional/Organizacional porque a escola consegue se organizar em
algumas situações para adquirir esses recursos.
Permanência na escola
Permanecer na mesma escola é um fator facilitador que foi mencionado nas
entrevistas e identificado nas nossas observações. O professor de EF que está na escola
há algum tempo consegue manter uma relação mais amistosa com as turmas que já
ministra aula há mais tempo e os alunos se acostumam com a sua forma de trabalho,
facilitando a implementação da proposta curricular de EF. Esse fato facilitador se
encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque a própria rede municipal
possibilita que o professor permaneça na mesma unidade escolar pelo tempo que achar
adequado.
Organização da rede municipal
Durante as entrevistas foi mencionado que a rede municipal de ensino possui
uma ótima estrutura administrativa, pois o diretor e os coordenadores pedagógicos são
efetivos, cada unidade escolar possui dois assistentes de direção, sala de informática
com computadores de última geração, diferentes projetos e verbas mensais para
complementar as necessidades pedagógicas do professor. Além disso, atualmente
existem alguns professores de módulo nas escolas. Esses professores não possuem aulas
atribuídas e ficam a disposição da escola para auxiliar o docente da sua disciplina ou
substituir quem faltou naquele dia. Esse fator facilitador se encaixa na Dimensão
Institucional/Organizacional porque a rede de ensino do município se organiza bem
nessas situações para facilitar a implementação de todas as propostas curriculares.
167
Facilidade de tirar cópias
Durante a nossa estádia na escola, identificamos que o professor de EF teve
facilidade de tirar cópias de materiais para as suas aulas, ganhando tempo para realizar
reflexões com os alunos sobre o conteúdo que estava sendo ensinado. Essa possibilidade
de tirar cópias de materiais se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque
a própria unidade escolar oferece esse recurso para o professor.
Hora de estudo
A hora de estudo é um momento onde o professor é remunerado sem precisar
estar com os alunos em sala de aula para poder refletir sobre a sua prática pedagógica ou
realizar suas obrigações burocráticas. Esse é um fator facilitador que se encaixa na
dimensão Institucional/Organizacional porque a própria rede de ensino possibilita esse
momento para o professor. Identificamos em nossas observações que a docente de EF,
em muitos momentos realizou discussões com as professoras polivalentes sobre as
turmas nesse momento, na tentativa de melhorar a qualidade do ensino para os alunos.
Organização da escola
A organização da escola é um fator facilitador que se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional. Identificamos durante a observação, que a escola se
organiza para que a hora de estudo da professora seja realizada quando as turmas estão
realizando intervalo. Essa organização é positiva, porque a aula de EF ocorre no mesmo
espaço desse intervalo e, com essa organização, a professora pode utilizar o espaço em
todas as suas aulas caso tenha necessidade.
Educação Inclusiva
Possibilitar uma educação que seja inclusiva é um fator que facilita a
implementação da proposta curricular de EF. Na escola pesquisada, conseguimos
identificar apenas em um momento uma ação que possibilitava a inclusão dos alunos
com necessidades especiais. Existe apenas uma cuidadora na escola que ajuda diversas
crianças com necessidades especiais. Em uma das aulas observadas, essa profissional
ajudou um menino cadeirante a participar da aula de EF. Acreditamos que esse fator se
encaixa na dimensão Institucional/Organizacional, porque mesmo com todas as
dificuldades, a organização interna desses profissionais possibilitou a inclusão dessa
criança na aula.
168
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores
facilitadores que se encaixam na dimensão Institucional/Organizacional.
Organização da rede municipal
Organização da escola
Recursos disponíveisPermanência na escola
Facilidade de tirar cópias Hora de estudoEducação inclusiva
INSTITUCIONAL /ORGANIZACIONAL
Esquema 5 – Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo da dimensão Institucional/Organizacional
Dentro os fatores facilitadores identificados nessa dimensão, percebemos que a
organização da rede municipal está relacionada com a permanência do professor na
escola por um longo período e com os recursos que estão disponíveis naquela unidade
escolar, pois é a própria rede de ensino que se organiza para que esses fatores
facilitadores ocorram de forma efetiva. Também notamos que a organização da escola
está relacionada com a facilidade de tirar cópias de materiais, com as condições
adequadas para ocorrer a educação inclusiva e com a organização da realização da hora
de estudo pelo professor. Além disso, é importante salientar que a organização da rede
municipal influencia diretamente a organização da escola que por sua vez, também
acaba influenciando a organização da rede municipal.
169
Dimensão Instrucional/Pedagógica
Interesse dos alunos pelas aulas
Um dos fatores facilitadores que apareceu tanto nas entrevistas quanto nas
observações foi o interesse dos alunos pela aula de EF. Esse fator se encaixa na
dimensão Instrucional/Pedagógica porque a própria dinâmica da aula dessa disciplina
estimula muitos alunos a participarem efetivamente da aula, principalmente as crianças
do Ensino Fundamental I. Importante ressaltar que esse interesse não é contemplado por
todos os alunos e não minimiza alguns fatores dificultadores destacados acima.
Clube próximo da escola
Ter um clube próximo da escola facilitou a prática pedagógica dos professores
de EF. Encaixamos esse fator na Dimensão Instrucional/Pedagógica porque o docente
aproveitou que poderia utilizar esse espaço e organizou as suas aulas para utilizá-lo e
atingir seus objetivos educacionais.
Ambiente de aula
Criar um ambiente de aula adequado é um fator facilitador que se encaixa na
dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre porque o professor organiza a sua aula e
já deixa o espaço todo preparado para que os alunos cheguem e comecem a realizar as
atividades propostas. Essa organização diminui os problemas que podem ocorrer
durante a aula e facilita a implementação da proposta curricular de EF.
Desenvolver projetos diferenciados
Ter a possibilidade de criar e desenvolver projetos diferenciados com fins
pedagógicos é um fator que facilita a prática pedagógica do professor. Acreditamos que
esse fator facilitador se encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica porque o
professor necessita de conhecimentos pedagógicos específicos para desenvolver esses
projetos de acordo com os interesses educacionais da escola. Durante a entrevista
realizada na unidade escolar pesquisada, foi mencionado que a escola possui projetos
para tentar melhorar a convivência dos alunos e os professores tentam colocar em
prática durante as suas aulas.
170
Olhar Interdisciplinar
Nas entrevistas realizadas com os profissionais da Educação, nos foi relatado
que os professores que chegam à escola com um olhar interdisciplinar conseguem
desenvolver melhor a sua prática pedagógica e, consequentemente, implementar a
proposta curricular da sua área. Esse fator facilitador se encaixa na dimensão
Instrucional/Pedagógica porque o professor necessita conhecer um pouco dos conteúdos
das diversas disciplinas que compõe o currículo escolar para criar esse olhar, além de ter
humildade de reconhecer que todas as disciplinas são importantes para o crescimento e
aprendizagem dos alunos.
Perfil do professor
Ter um perfil para trabalhar com um determinado nível de escolaridade se
encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica, pois os professores são formados para
ensinar os conteúdos para alunos de todas as idades, porém aquele que consegue
identificar que sua prática pedagógica é mais adequada para determinadas pessoas, vai
conseguir ministrar melhores aulas, caso consiga ensinar para aquela faixa etária.
Adaptação da atividade
Conseguir identificar que alterar uma atividade no momento correto, porque a
aula não está correndo da forma como foi planejada é um fator facilitador que se
encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre, pois construir esse olhar e ter
recursos para alterar uma atividade demonstra uma maturidade pedagógica que é
construída com muita experiência prática e grande repertório teórico.
Competições Externas
As competições externas são vistas muitas vezes como uma forma dos
professores treinarem os alunos mais habilidosos e excluírem os jovens com menos
habilidade das aulas de EF, mas na escola pesquisada, o professor utilizou essas
competições como um recurso pedagógico para ensinar o conteúdo de atletismo para
todos os alunos. Ele filmou as competições e depois mostrou os vídeos para todas as
turmas, ensinando as provas que constituem o atletismo. Esse fator facilitador se
encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica porque o professor utilizou as
competições como um recurso pedagógico para que todos os alunos entendessem sobre
o conteúdo que estava sendo desenvolvido.
171
Hidratação na aula
A professora de EF do Ensino Fundamental I combinou com as crianças que elas
poderiam trazer garrafas com água para se hidratarem durante a aula. Esse acordo
realizado melhorou a prática pedagógica da professora que não precisou parar a aula
para que os alunos bebessem água e ganhou mais tempo efetivo de participação das
atividades pelas crianças. Esse é um fator facilitador que se encaixa na dimensão
Instrucional/Pedagógica porque a docente pensou nesse acordo com o intuito de
melhorar a sua prática pedagógica e a qualidade do ensino para as crianças.
Cooperação na aula
Durante as aulas observadas no Ensino Fundamental I, as crianças cooperaram
em alguns momentos da aula para que os alunos com necessidades especiais
participassem da atividade. Esse fator facilitador se encaixa na dimensão
Instrucional/Pedagógica porque essa cooperação influenciou positivamente no
andamento da aula da professora, possibilitando que ela pudesse propor atividades em
que todos participassem independente das suas limitações.
Educação Inclusiva
A educação inclusiva é um fator facilitador que também se encaixa na dimensão
Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre porque a professora se sentiu mais segura em
relação a participação do garoto com necessidades especiais quando a cuidadora estava
presente na aula. A docente tirou dúvidas com essa profissional e esse trabalho em
conjunto possibilitou a inclusão desse aluno na aula, influenciando positivamente na sua
prática pedagógica.
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores
facilitadores que se encaixam na dimensão Instrucional/Pedagógica.
172
INSTRUCIONAL / PEDAGÓGICA
Interesse dos alunos pelas aulas
Cooperação na aula
Hidratação na aula
Competições externas
Ambiente da aula
Clube próximo
da escola
Desenvolver projetos diferenciados
Olhar interdisciplinar
Perfil do professor
Esquema 6 – Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica
Dentre os fatores facilitadores identificados nessa dimensão, percebemos que o
interesse dos alunos pelas aulas de EF ocorre porque o professor utiliza as competições
externas para ensinar toda a turma sobre o conteúdo que está sendo ensinado, cria um
ambiente de aula adequado para atingir seus objetivos, utiliza um clube que está
localizado próximo da escola para desenvolver algumas atividades diferenciadas e
desenvolve projetos diferentes na escola com todo o grupo de docentes devido ao seu
olhar interdisciplinar. Dessa forma, os alunos acabam cooperando na aula,
principalmente ajudando as crianças e adolescentes que possuem algum tipo de
necessidade especial e trazem garrafas de água nas aulas do Ensino Fundamental I para
que a professora não precise parar a sua aula durante a hidratação. Importante ressaltar
que todos esses fatores também se relacionam entre si.
O perfil do professor é muito importante para que existam boas decisões
pedagógicas durante as aulas e que todos os fatores facilitadores que foram identificados
ocorram de forma positiva e ajudem na implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo.
173
Dimensão Sociopolítica/Cultural
Permanência na escola
Identificamos durante as observações na escola pesquisada, que o professor de
EF permanece nessa unidade escolar há alguns anos. Fica claro que a sua boa relação
com algumas turmas foi construída com esse processo de permanência e isso facilitou a
sua prática pedagógica. Acreditamos que esse fator facilitador se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural porque a rede municipal possibilita que o docente fique na escola
pelo tempo que achar necessário e acumule pontos para a atribuição de aula nessa
unidade escolar todos os anos.
Relação professor-aluno
A boa relação entre professores e alunos é um fator que facilita a implementação
da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Segundo os profissionais da
Educação entrevistados, os professores dessa disciplina normalmente mantêm uma
melhor relação com os alunos. Esse fator facilitou se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural, pois essa forma de se relacionar do professor de EF é construída
culturalmente pelo próprio perfil desse professor.
Empenho dos professores
Nas entrevistas realizadas na escola pesquisada, foi mencionado que os
professores de EF da escola são empenhados para atingir os seus objetivos
educacionais. Esse empenho se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque o
docente necessita lidar com todos os fatores que dificultam o seu trabalho e, mesmo
assim, ainda se empenhar ao máximo para conseguir realizar um bom trabalho. Essa
vontade de ministrar boas aulas tem um componente social muito forte inserido.
Respeitar a diversidade
Temos na escola pública profissionais da Educação e alunos de diferentes etnias,
gêneros, opções sexuais e poder aquisitivo. Respeitar essa diversidade cultural é um
fator facilitador que se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural, pois conviver com
essa diversidade é uma escolha de respeitar as diferentes culturas e formas de se
expressar das pessoas que convivem na nossa sociedade, e na escola todas essas
expressões culturais se afloram de forma demasiada.
174
Alterações na LDB
Um dos entrevistados mencionou que as alterações realizadas na LDB tornando
a disciplina de EF um componente curricular obrigatório facilitou a implementação da
proposta curricular dessa disciplina. Ainda na visão do entrevistado, a EF era vista pelos
alunos como um momento de lazer antes dessa alteração. Acreditamos que esse fator se
encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque todas as leis são criadas por
interesses políticos que norteiam a sociedade em um determinado momento.
Relação interpessoal profissional
Foi identificado durante as entrevistas que os professores que mantêm uma boa
relação no trabalho conseguem planejar melhor as ações pedagógicas na tentativa de
melhorar a qualidade do ensino. Esse fator facilitador se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural, pois o relacionamento entre os profissionais da Educação
normalmente é conflituoso por questões diversas, mas aqueles educadores que
conseguem ampliar o seu olhar, respeitando a opinião de todos e tendo uma relação
profissional amistosa, melhora de forma significativa o seu trabalho dentro do ambiente
escolar.
Organização da rede municipal
A organização da rede municipal também se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural, pois uma rede de ensino só consegue ter fatores positivos na sua
organização quando existem interesses políticos visando a melhoria da qualidade
educacional. Importante ressaltar que essa organização da rede municipal facilita a
implementação da proposta curricular de EF em alguns sentidos, mas como já foi
discutido anteriormente, dificulta em outros, aumentando ainda mais a complexidade do
cotidiano escolar.
Cooperação na aula
A cooperação na aula é um fator facilitador que também se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural. Identificamos nas observações realizadas durante as aulas de EF
que as crianças querem muito ajudar os alunos com necessidades especiais e fazer com
que eles participem da aula. Essa vontade de ajudar é construída culturalmente pelos
alunos e possibilita que ocorra a inclusão de todas as crianças dentro do ambiente de
aula.
175
Participação da família na vida escolar do aluno
Durante todo o tempo que permanecemos na escola, identificamos apenas em
um momento a participação da família na vida escolar do aluno. Uma mãe foi conversar
com a professora de EF para comentar que o médico tinha proibido o seu filho de
realizar aula de EF porque ele estava com obesidade e hipertensão. A professora
conversou por um tempo com a mãe e conseguiu compreender melhor a situação desse
aluno. Essa participação familiar na escola se encaixa na dimensão
Sociopolítica/Cultural porque essa vontade da família de participar da vida escolar do
filho também é construída socialmente, de acordo com os valores que as pessoas têm da
escola.
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender os fatores
facilitadores que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural.
SOCIOPOLÍTICO/CULTURAL
Organização da rede municipal Permanência na escola
Participação da família na
vida escolar do aluno
Alterações na LDB
Empenho dos professores
Respeitar a
diversidadeRelação interpessoal
profissional
Relação
professor-aluno
Cooperação na aula
Esquema 7 – Compreensão dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo da dimensão Sociopolítica/Cultural
Dentre os fatores facilitadores identificados nessa dimensão, as alterações que
foram realizadas na LDB tornando a EF um componente curricular obrigatório se
relaciona com a organização da rede municipal e com a permanência do professor na
escola, sendo esses fatores políticas públicas que ajudam na implementação da proposta
176
curricular de EF. Ainda dentro dessa dimensão, o empenho dos professores está
relacionado com o respeito pela diversidade, a relação positiva entre professores e aluno
e entre os professores e seus colegas de trabalho. A participação da família na vida
escolar do aluno se relaciona com a cooperação dessas crianças e adolescentes durante a
aula porque os alunos que possuem os familiares próximos da escola costumam ajudar
mais os seus colegas e participar das atividades durante as aulas. Importante ressaltar
que todos os fatores identificados também se relacionam entre si.
177
6.2.1 - Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular da EF do município de São Paulo
Para leitura da teia de relações foi criada a seguinte legenda:
Verde – Fatores dificultadores Sociopolíticos/Culturais;
Azul – Fatores dificultadores Institucionais/Organizacionais;
Preto – Fatores dificultadores Instrucionais/Pedagógicos.
Cores mescladas – Fatores dificultadores que se encaixam em diferentes
dimensões
Empenho dos professores
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF – FATORES FACILITADORES
Esquema 8 – Teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São
Paulo
A teia de relações dos fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF foi criada com o seguinte critério: no centro da teia estão os fatores que
mais facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo
e quanto mais para a periferia da teia, esses fatores vão se tornando menos facilitadores.
178
Muito semelhante com a teia dos fatores que dificultam a implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo, ao analisar a teia dos fatores
facilitadores conseguimos compreender que todos os fatores identificados na pesquisa
também se relacionam, independente se estão encaixados nas dimensões:
Institucional/Organizacional, Instrucional/Pedagógica ou Sociopolítica/Cultural. Além
disso, os mesmos fatores facilitadores podem estar encaixados em dimensões diferentes,
mostrando que essas classificações foram criadas apenas para melhor compreensão dos
acontecimentos do cotidiano escolar, mas elas se relacionam há todo o momento.
Também conseguimos compreender que os fatores facilitadores não estão
concentrados em nenhuma das dimensões que estão sendo analisadas, porém no centro
da teia estão concentrados os fatores facilitadores Institucionais/Organizacionais e
Sociopolíticos/Culturais e mais para a periferia da teia se concentram os fatores
Instrucionais/Pedagógicos.
Esses resultados demonstram que os fatores facilitadores
Institucionais/Organizacionais e Sociopolíticos/Culturais são muito importantes para
que a proposta curricular de EF seja implementada com qualidade, reforçando a
necessidade de existir interesses políticos e da própria organização da rede de ensino
para existir qualidade no processo educacional.
Embora os fatores facilitadores Instrucionais/Pedagógicos estejam concentrados
na periferia da teia, estes também demonstraram ser de extrema importância para o
processo de implementação da proposta curricular de EF, pois o conhecimento
pedagógico dos profissionais da Educação que foi adquirido na formação acadêmica e
na experiência prática é relevante para que exista melhoria na qualidade do ensino
público no município de São Paulo.
179
6.3 - Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo
Dimensão Institucional/Organizacional
Formação continuada
Os profissionais da Educação mencionaram nas entrevistas a importância da
formação continuada para que exista uma real implementação da proposta curricular de
EF do município de São Paulo. Essa sugestão de mudança se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional porque esses profissionais necessitam de mudanças do
Sugestões de mudança
Institucional/Organizacional
Formação continuada
Melhorar a estrutura física
Aumentar os recursos disponíveis
Dois professores por turma
Permanecer em uma unidade escolar
Coordenador de área
Horários de discussões
JEIF
Passeios pedagógicos
Melhor organização da escola
Construção coletiva da proposta curricular
Instrucional/Pedagógica
Formação continuada
Menor número de alunos por turma
Passeios pedagógicos
Sociopolítica/Cultural
Menor número de alunos por turma
Estágio remunerado
Melhor relação interpessoal
Mais empenho dos professores
Relação escola-comunidade adequada
Repensar os acúmulos de cargo
Construção coletiva da proposta curricular
Autonomia do professor
Repensar o ciclo de escolaridade
180
próprio processo de formação da rede municipal para conseguir realizar os cursos e
capacitações oferecidas. Eles pedem que as formações aconteçam dentro do horário de
trabalho e que exista dispensa de ponto.
Melhorar a estrutura física
Como citado anteriormente, a escola momentaneamente passa por uma reforma
para melhorar a estrutura física e o atendimento aos alunos, mas no momento em que foi
feito a pesquisa, as aulas estavam ocorrendo durante a reforma e isso atrapalhou
demasiadamente a prática pedagógica dos professores de EF. Todos os profissionais da
Educação entrevistados mencionaram que esse docente não está tendo o espaço
adequado para ministrar suas aulas. Colocamos essa sugestão de mudança na dimensão
Institucional/Organizacional porque a própria rede municipal não conseguiu se
organizar para atender bem os alunos enquanto ocorre a reforma no prédio escolar.
Importante ressaltar que grande parte desse problema será resolvido quando a obra
estiver pronta.
Aumentar os recursos disponíveis
Os docentes de EF apontaram como sugestão de mudança que a escola tenha
condições de obter materiais diversos para que seja possível ensinar várias
manifestações da cultura corporal de movimento. Acreditamos que essa sugestão se
encaixa na dimensão Institucional/Organizacional, pois adquirir os materiais necessários
para os docentes ministrarem as suas aulas é uma obrigação da rede de ensino,
disponibilizando verbas adequadas, e da escola, utilizando essas verbas de forma
satisfatória.
Dois professores por turma
Ter dois professores por turma é uma sugestão de mudança que se encaixa na
dimensão Institucional/Organizacional. Devido ao grande número de alunos que
existem nas turmas atualmente, dois docentes poderiam trabalhar em conjunto para
sanar todas as dúvidas que poderiam surgir durante as aulas. A rede municipal poderia
se organizar para que existisse mais professores em cada disciplina com disponibilidade
para trabalhar em conjunto e a escola se organizaria para que esse trabalho realmente se
efetivasse, buscando melhoria na qualidade do ensino público.
181
Permanecer em uma unidade escolar
Se os professores conseguissem permanecer em apenas uma unidade escolar e
não precisassem acumular cargos para obter um salário digno, existiria a possibilidade
de focar toda a atenção apenas para essa escola. Segundo os profissionais da Educação
entrevistados, os docentes que trabalham em apenas um local durante o dia tem mais
tempo para preparar as atividades, fazer as correções e refletir sobre os problemas da
escola. Essa sugestão se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque é
necessário existir o interesse da rede de ensino se organizar para que esses profissionais
tenham a possibilidade de permanecer apenas em uma unidade escolar e ganhar um
salário digno para a sua sobrevivência.
Coordenador de área
Segundo os profissionais da Educação entrevistados, os coordenadores
pedagógicos não conseguem cumprir todas as suas tarefas burocráticas e ainda auxiliar
na prática pedagógica de todas as disciplinas que compõe o currículo da escola
municipal. Sendo assim, caso houvesse a possibilidade de existir um coordenador de
cada disciplina, facilitaria o trabalho pedagógico e poderia melhorar o processo de
implementação da proposta curricular de todas as disciplinas. Essa sugestão de mudança
se encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque existe a necessidade de
organização da própria rede de ensino para que isso se efetive dentro das unidades
escolares.
Horários de discussões
Os profissionais da Educação normalmente não possuem tempo para trocar
experiências e realizar discussões sobre os problemas que ocorrem na escola. Por conta
disso, uma das sugestões de mudança foi existir mais tempo para que ocorram essas
conversas dentro das unidades escolares. Essa sugestão se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional porque a própria rede de ensino que poderia possibilitar
mais dias para que esses profissionais pudessem realizar essas discussões sem estar
dentro da sala de aula.
JEIF
Uma das sugestões de mudança mencionada pelos profissionais da Educação
entrevistados é que todos os docentes possam realizar a JEIF, independente do número
182
de aulas atribuídas. Acreditamos que essa sugestão se encaixa na dimensão
Institucional/Organizacional porque seria necessária uma organização da própria rede
de ensino para que todos os docentes tivessem o direito de realizar essa formação. A
diretora, os coordenadores pedagógicos e os professores afirmaram que melhora o
trabalho pedagógico dos docentes quando estes podem participar dos estudos e das
discussões realizadas em JEIF.
Passeios pedagógicos
Segundo os profissionais da Educação entrevistados, muitas vezes existe
vontade de realizar passeios pedagógicos com o intuito de diversificar as estratégias
para ensinar os conteúdos, porém nem sempre a rede de ensino possibilita o transporte
para levar os alunos. Como sugestão de mudança, esses profissionais entrevistados
pedem uma melhor organização por parte dos gestores para facilitar esse processo de
conseguir o transporte para realizar os passeios. Essa melhor organização se encaixa na
dimensão Institucional/Organizacional.
Melhor organização da escola
Para que exista uma real implementação da proposta curricular de EF é
necessário que a escola se organize melhor. Os docentes dessa disciplina mencionaram
que nem sempre conseguem realizar aulas diferenciadas por conta da dificuldade de
organização das pessoas que trabalham na própria escola. Essa sugestão de mudança se
encaixa na dimensão Institucional/Organizacional porque existe falta de comunicação
entre os profissionais da Educação que trabalham nessa unidade escolar, gerando esse
problema de organização em alguns momentos.
Construção coletiva da proposta curricular
A maioria dos profissionais entrevistados se posicionou a favor que houvesse
uma construção coletiva da proposta curricular. Eles não sentiram que fizeram parte da
construção das orientações curriculares que vigora nas escolas municipais e sugerem
que cada escola tenha mais autonomia para construir a sua própria proposta, se pautando
em alguns princípios norteadores de toda a rede de ensino. Essa sugestão se encaixa na
dimensão Institucional/Organizacional porque teria que haver uma organização por
parte dessa instituição para que cada escola construísse a sua proposta pautada em
princípios norteadores.
183
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender as sugestões de
mudança que se encaixam na dimensão Institucional/Organizacional.
Formação
continuada
Melhorar a
estrutura físicaAumentar os
recursos disponíveis
Dois professores
por turma
Permanecer em uma
unidade escolar
Coordenador
de área
Horários de
discussõesJEIF
Passeios
pedagógicos
Construção coletiva
da proposta curricular
Melhor organização
da escola
INSTITUCIONAL /ORGANIZACIONAL
Esquema 9 – Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo da dimensão Institucional/Organizacional
Dentre as sugestões de mudança mencionadas pelos profissionais da Educação, a
construção coletiva da proposta curricular está relacionada com todas as outras
sugestões identificadas. Isso ocorre porque essa construção em conjunto levaria em
conta a situação real em que a escola se encontraria naquele momento e poderia ser
modificada caso melhorasse a estrutura física, aumentassem os recursos disponíveis,
melhorasse a formação continuada, todos os professores pudessem realizar a JEIF, todos
os docentes permanecem em apenas uma unidade escolar durante o dia, houvesse dois
professores por turma e um coordenador pedagógico para cada disciplina, fosse
ampliado os horários de discussões, melhorasse a organização para realizar passeios
pedagógicos e a organização da própria escola. Imprescindível ressaltar que todos esses
fatores se relacionam há todo momento.
184
Dimensão Instrucional/Pedagógica
Formação continuada
A formação continuada é uma sugestão de mudança que também se encaixa na
dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorreu porque os professores sugerem que a
formação acadêmica necessita estar mais próxima da realidade vivenciada na escola e
que exista maior troca de experiência entre os docentes da rede que atuam em diferentes
escolas. Além disso, qualquer tipo de melhoria realizada no processo de formação dos
profissionais da Educação, automaticamente proporcionará mudanças na prática
pedagógica dentro das unidades escolares.
Menor número de alunos por turma
Se houvesse menos alunos em cada uma das turmas na rede municipal de ensino,
os docentes poderiam ter um olhar mais individualizado para cada criança e adolescente
durante as suas aulas. Essa sugestão se encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica
porque esse possível tratamento individualizado poderia levar o professor a sanar as
dúvidas dos alunos e criar estratégias para melhorar a qualidade da sua aula.
Passeios pedagógicos
Poder realizar passeios que complementem as discussões realizadas em sala do
conteúdo que está sendo ministrado pelos professores é uma sugestão de mudança que
também se encaixa na dimensão Instrucional/Pedagógica. Isso ocorre porque se os
profissionais da Educação pudessem organizar alguns passeios com o apoio
organizacional da rede de ensino, melhoraria muito a sua prática pedagógica e facilitaria
a implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo.
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender as sugestões de
mudança que se encaixam na dimensão Instrucional/Pedagógica.
185
Formação continuada
Menor número de
alunos por turmaPasseios pedagógicos
INSTRUCIONAL / PEDAGÓGICA
Esquema 10 – Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo da dimensão Instrucional/Pedagógica
Dentre as sugestões de mudança mencionadas pelos profissionais da Educação, a
formação continuada está relacionada com os passeios pedagógicos e com o menor
número de alunos por turma, pois os docentes que possuem boa formação profissional
conseguem organizar passeios que o ajudem na sua prática pedagógica e a sanar com
mais qualidade as dúvidas de turmas que contém menos alunos.
Dimensão Sociopolítica/Cultural
Menor número de alunos por turma
Ter menos alunos em cada uma das turmas da escola é uma sugestão de
mudança que também se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorreu
porque compor as salas com um número máximo de alunos menor é uma política
pública que só pode ser colocada em prática de acordo com os interesses políticos dos
gestores educacionais e seria de extrema importância para a efetivação da
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo, devido às
diversas dificuldades que os alunos que frequentam a rede municipal possuem no seu
aprendizado.
186
Estágio remunerado
Se os futuros professores pudessem realizar seu estágio de forma remunerada
nas escolas públicas municipais haveria maior possibilidade de uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Segundo os
profissionais da Educação entrevistados, os futuros docentes necessitam trabalhar
durante a formação inicial e não conseguem realizar o seu estágio de forma adequada.
Além disso, nos foi relatado que a formação acadêmica está muito distante da realidade
vivenciada nas escolas e a realização do estágio de forma adequada ajudaria o futuro
docente a compreender melhor a dinâmica e as dificuldades existentes na escola
pública. Essa sugestão de mudança se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural
porque essa remuneração poderia acontecer se houvesse uma política pública para esse
fim.
Melhor relação interpessoal
Melhorar as relações interpessoais na escola entre os professores, coordenadores
pedagógicos e diretores é uma sugestão de mudança que melhoraria o processo de
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Existir uma
relação adequada e profissional entre essas pessoas é de extrema importância para que a
prática pedagógica do professor ocorra de forma positiva. Todos esses profissionais
necessitam estar em sintonia e com objetivos focados na qualidade da educação todos os
dias para os alunos conseguirem ter boas aulas. Essa sugestão de mudança se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural porque culturalmente nas escolas a relação interpessoal
entre esses profissionais costuma ocorrer com muitos conflitos e com pouca
comunicação.
Mais empenho dos professores
Professores mais empenhados é uma sugestão de mudança que se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural. Isso ocorre porque o empenho dos docentes está
relacionado com as condições de trabalho que estão disponíveis e com questões
intrínsecas exclusivas de cada profissional. Sabemos de todas as dificuldades que
ocorrem na escola pública e, como já mostrado anteriormente, esses problemas deixam
os docentes descontentes e desanimados com o seu trabalho. Aqueles que ainda
conseguem se empenhar, mesmo com todas as condições adversas, estão tendo
motivação por ainda acreditarem que podem fazer diferença na vida dos alunos. Esses
187
princípios ocorrem de acordo com as suas convicções que foram construídas
culturalmente durante todo o processo da sua história de vida.
Relação escola-comunidade adequada
Os profissionais da Educação entrevistados acreditam que a família necessita
participar com mais ênfase na vida escolar dos alunos para que exista uma efetiva
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. A participação
dos familiares nas decisões tomadas pela escola em relação aos alunos é extremamente
importante para que exista uma prática pedagógica satisfatória. Essa sugestão de
mudança se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque culturalmente os
familiares dos alunos da escola pública participam pouco da vida escolar das crianças e
adolescentes.
Repensar os acúmulos de cargo
Repensar os acúmulos de cargo é uma sugestão de mudança que se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural. Os profissionais da Educação entrevistados acreditam
que todos deveriam ter um salário digno para não precisar ter dois cargos durante o dia.
Importante ressaltar que nenhum desses profissionais se mostrou ser contra os acúmulos
com as condições salariais atuais. Para que esses profissionais não precisassem ter dois
empregos existiria a necessidade de existir uma política pública que mudasse
radicalmente os salários de todos que estão envolvidos com o processo educacional das
crianças e jovens brasileiros.
Construção coletiva da proposta curricular
A construção coletiva da proposta curricular é uma sugestão de mudança que se
encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural, pois culturalmente as propostas
curriculares são construídas pelos professores que atuam nas Universidades. As
orientações curriculares da rede municipal de ensino foram construídas de forma
coletiva segundo o idealizador da proposta, mas os profissionais da educação que atuam
na escola pesquisada discordam disso e não consideram que participaram efetivamente
dessa construção. Para esses profissionais, as propostas curriculares deveriam estar
embasadas por alguns princípios e cada escola deveria ter autonomia para construir a
sua, de acordo com o seu projeto político-pedagógico.
188
Autonomia do professor
De acordo com os profissionais da Educação entrevistados, os professores não
possuem autonomia para tomar algumas decisões durante as suas aulas. Sendo assim,
esses profissionais sugerem que exista mais autonomia para os docentes tomar as
decisões que acreditam ser mais adequadas para melhorar a sua prática pedagógica.
Essa sugestão de mudança se encaixa na dimensão Sociopolítica/Cultural porque
culturalmente os docentes não têm autonomia para tomar algumas decisões e se tornam
dependentes das ordens dos profissionais que estão acima do seu cargo na hierarquia da
escola.
Repensar o ciclo de escolaridade
Os profissionais da Educação entrevistados acreditam que seja necessário
repensar o ciclo de escolaridade para que exista uma efetiva implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo. Foi-nos relatado que não existem
condições adequadas para a implementação do ciclo e os alunos acabam saindo da
escola sem aprender os conteúdos necessários. Essa sugestão de mudança se encaixa na
dimensão Sociopolítica/Cultural porque o ciclo de escolaridade foi uma política pública
que foi imposta sem alterar as condições de trabalho dos docentes e, por conta disso,
seria necessário repensar no processo de implementação dessa política pública.
Abaixo, mostraremos um esquema para melhor compreender as sugestões de
mudança que se encaixam na dimensão Sociopolítica/Cultural.
189
Construção coletiva
da proposta curricular
Relação escola-comunidade
adequada
Melhor relação
interpessoal
Autonomia
do professor
Repensar os acúmulos de cargo
Estágio
remunerado
Mais empenho
dos professores
Menor número de
alunos por turma
Repensar o ciclo
de escolaridade
SOCIOPOLÍTICA/CULTURAL
Esquema 11 – Compreensão das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo da dimensão Sociopolítico/Cultural
Dentre as sugestões de mudança identificadas, repensar os acúmulos de cargo
alteraria de forma positiva todas as outras sugestões, pois profissionais da Educação que
necessitam ter dois cargos possuem muita dificuldade na realização do seu trabalho por
conta do desgaste que ocorre durante o seu dia a dia. A construção coletiva da proposta
curricular é uma sugestão de mudança que para ser efetivada de forma positiva
necessitaria de uma melhor relação interpessoal entre os profissionais da Educação,
mais empenho dos professores, maior autonomia dos professores para tomar decisões,
relação escola-comunidade adequada, menor número de alunos por turma, repensar o
ciclo de escolaridade e estágio remunerado (dando possibilidade do futuro docente
participar da construção das propostas). Importante ressaltar que repensar os acúmulos
de cargo e a construção coletiva da proposta curricular em conjunto com todas as
sugestões de mudança que estão ao seu redor também se relacionam.
Gaspari et al (2006) apontou em seu estudo que as sugestões que os
professores enfatizaram para que melhorassem a sua prática pedagógica estavam
relacionadas à melhoria das condições de trabalho (espaço e materiais adequados para
realizar as aulas), troca de experiência com outros professores de EF, maior
investimento do governo, aumento do número de aulas, cursos de formação continuada,
190
diminuição do número de alunos por turma, reconhecimento da disciplina no contexto
escolar, melhorias no salário, maior disciplina dos alunos, maior integração entre os pais
e a escola e apoio da sociedade.
Levar em consideração as sugestões realizadas pelos profissionais que compõe o
cotidiano escolar no intuito de melhorarem a sua prática pedagógica é extremamente
importante, pois eles que estão cotidianamente vivendo os problemas reais que a escola
possui. Portanto, esse conhecimento é de estrema relevância para que exista mudanças
reais na prática pedagógica dos professores de EF e, por consequência, a proposta
curricular dessa disciplina nas escolas do município de São Paulo seja implementada
com qualidade.
191
6.3.1 - Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação
da proposta curricular da EF do município de São Paulo
Para leitura da teia de relações foi criada a seguinte legenda:
Verde – Fatores dificultadores Sociopolíticos/Culturais;
Azul – Fatores dificultadores Institucionais/Organizacionais;
Preto – Fatores dificultadores Instrucionais/Pedagógicos.
Cores mescladas – Fatores dificultadores que se encaixam em diferentes
dimensões
Construção coletiva da
proposta curricular
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA CURRICULAR DE EF – SUGESTÕES DE MUDANÇA
Esquema 12 – Teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo
A teia de relações das sugestões de mudança para uma efetiva implementação da
proposta curricular de EF foi criada com o seguinte critério: no centro da teia estão os
fatores que mais ajudariam na implementação da proposta curricular de EF do
192
município de São Paulo e quanto mais para a periferia da teia, essas sugestões de
mudança diminuem a intensidade de importância.
Muito semelhante com a teia dos fatores que dificultam e facilitam a
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo, ao analisar a
teia das sugestões de mudança, conseguimos compreender que todos os fatores
sugeridos na pesquisa também se relacionam, independente se estão encaixados nas
dimensões: Institucional/Organizacional, Instrucional/Pedagógica ou
Sociopolítica/Cultural. Além disso, as mesmas sugestões de mudança podem estar
encaixadas em dimensões diferentes, mostrando que essas classificações foram criadas
apenas para melhor compreensão dos acontecimentos do cotidiano escolar, mas elas se
relacionam há todo o momento.
Mantendo a coerência, a teia das sugestões de mudança vai ao encontro da teia
dos fatores dificuldades da implementação da proposta curricular de EF, pois a maioria
das sugestões mencionadas pelos profissionais da Educação entrevistados estão
relacionadas com as dimensões Institucional/Organizacional e Sociopolítica/Cultural.
Esses resultados demonstram que as principais dificuldades que necessitam ser sanadas
não são ocasionadas por problemas de ordem pedagógica, mas sim de ordem
organizacional e por interesses políticos que estão presentes há todo momento no
cotidiano escolar.
Gostaríamos de mencionar ainda a importância de ouvir as sugestões dos
profissionais que atuam todos os dias no cotidiano escolar para que realmente exista
melhorias na qualidade do ensino público e efetiva implementação das propostas
curriculares de todas as disciplinas que compõe o currículo escolar. Normalmente, esses
profissionais são muito criticados por pessoas que estão muito distante da realidade
vivenciada por eles e essa pesquisa mostrou que são muitos os fatores que precisam ser
alterados para melhorar as condições de trabalho dos diretores, coordenadores
pedagógicos e professores das escolas públicas.
Apontamos também a importância da sugestão de que a construção da proposta
curricular de EF aconteça dentro da própria escola, seguindo alguns parâmetros
educacionais para toda a rede. Caso essa sugestão virasse realidade, os profissionais da
Educação poderiam construir a sua proposta curricular pautados pelo projeto político-
pedagógico da escola e se sentirem autores da sua própria prática. Infelizmente nos dias
atuais, esses profissionais sentem que não fazem parte dessa construção e muitas vezes
se tornam resistentes há determinadas propostas porque são impostas de cima para
193
baixo, sem existir nenhuma participação de quem realmente realiza a implementação
desses documentos.
194
7 – Construção coletiva da proposta curricular de EF do município de São Paulo
Após analisar os fatores dificultadores e facilitadores da implementação da
proposta curricular da EF do município de São Paulo e as sugestões de mudança para
que exista uma efetiva implementação dessa mesma proposta, acreditamos que cada
escola construir a suas orientações curriculares pautadas nos princípios educativos da
rede municipal de ensino pode ser o caminho para iniciar a melhora na qualidade do
ensino público.
A implementação de qualquer proposta curricular está muito distante de ser
responsabilidade apenas dos professores. Os diretores, os coordenadores pedagógicos,
os professores e a comunidade que frequenta a escola também possuem
responsabilidade nessa implementação. Mesmo que não entrevistamos o/a supervisor/a
de ensino dessa escola, ele/ela também possui responsabilidade nesse processo. Todos
esses atores que compõe o cotidiano escolar se influenciam há todo momento e estão
sendo influenciados pelos fatores dificultadores e facilitadores identificados nas
dimensões Institucional/Organizacional, Sociopolítico/Cultural e
Instrucional/Pedagógica. Abaixo explicaremos essas relações por um esquema.
INSTITUCIONAL/ORGANIZACIONAL
DIRETORCOORDENADOR
PEDAGÓGICO
PROFESSOR
DE EFCOMUNIDADE
PROPOSTA
CURRICULAR
PROPOSTA CURRICULAR PROPOSTA CURRICULAR
EDUCAÇÃO
FÍSICA
SUPERVISOR
DE
ENSINO
Esquema 13 – Compreensão da influência dos atores escolares para a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo
195
Gostaríamos de deixar claro que abrir a possibilidade de se construir a proposta
curricular na própria escola, privilegiando os profissionais da Educação que ali estão
presentes, e os problemas reais de cada comunidade não possibilitará uma melhor
qualidade do ensino público se não houver interesse dos órgãos competentes de se
resolver os problemas de ordem Institucional/Organizacional e Sociopolítica/Cultural
identificados pela pesquisa. Além disso, supervisores de ensino, diretores, auxiliar de
diretores, coordenadores pedagógicos, professores, agentes escolares e comunidade
também precisam ter claro a responsabilidade que todos possuem no processo de
implementação das propostas curriculares de todas as disciplinas, inclusive da EF.
Acreditamos que quando os profissionais da Educação que atuam
verdadeiramente nas escolas tiverem autonomia e condições de ser autor da sua prática
pedagógica, haverá melhoria significativa no ensino público e todos que fazem parte do
cotidiano escolar serão beneficiados por essa nova forma de pensar a construção de uma
proposta curricular.
Também ressaltamos que por conta da complexidade que está presente no
cotidiano escolar público, todas as vezes que fatores que dificultam a implementação da
proposta curricular de EF forem resolvidos, surgirão outros problemas que precisarão
ser novamente solucionados. Também haverá outros fatores facilitadores e novas
sugestões de mudança. Além disso, se realizarmos essa mesma pesquisa em outra
escola, outros fatores poderão surgir, tornando ainda mais complexo o cotidiano escolar
público vivenciado pelos profissionais da Educação.
196
8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os fatores que dificultam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo segundo os profissionais de Educação entrevistados e as
observações realizadas no cotidiano escolar foram: espaço físico inadequado,
indisciplina dos alunos, cultura dos alunos com os estudos, falta de organização da
escola, dificuldade dos alunos, influência do clima, falta de condições para a educação
inclusiva, implicações da aula de EF, falta de materiais, visão da disciplina de EF, mau
odor, alunos transferidos, número elevado de alunos por turma, os materiais caem fora
da escola, restrição médica, dificuldade no clube, liberação dos responsáveis, dividir o
espaço de aula, jornada de trabalho extensa, formação profissional insuficiente, falta de
organização da rede municipal, relação escola-comunidade inadequada, relação
interpessoal profissional, função social da escola, falta de trabalho coletivo, baixa
remuneração, descontentamento profissional, trânsito, resistência dos professores e
relação aluno-aluno.
Realizando a análise de todos esses fatores dificultadores identificados,
compreendemos que as dificuldades que os profissionais da Educação vivem
cotidianamente na escola se encaixam na sua maioria nas dimensões
Sociopolítica/Cultural e Institucional/Organizacional. Poucas foram as deficiências
Instrucionais/Pedagógicas identificadas na pesquisa. Isso mostrou que a implementação
da proposta curricular de EF do município de São Paulo não depende somente das
pessoas que trabalham dentro da escola, mas, principalmente, dos gestores da própria
rede e das decisões políticas que são tomadas por pessoas que não fazem parte do
cotidiano escolar dos professores.
Os fatores que facilitam a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo segundo os profissionais de educação entrevistados e as
observações realizadas no cotidiano escolar foram: interesse dos alunos pelas aulas,
recursos disponíveis, clube próximo da escola, relação professor-aluno, permanência na
escola, organização da rede municipal, adaptação da atividade, organização da escola,
hidratação na aula, cooperação na aula, hora de estudo, educação inclusiva, participação
da família na vida escolar do aluno, facilidade de tirar cópias, competições externas,
empenho dos professores, ambiente de aula, desenvolver projetos diferenciados,
respeitar a diversidade, olhar interdisciplinar, alterações na LDB, relação interpessoal
profissional e perfil do professor.
197
Realizando a análise de todos esses fatores facilitadores identificados,
compreendemos que as dificuldades que os profissionais da Educação vivem
cotidianamente na escola se encaixam de forma equilibrada nas dimensões
Sociopolítica/Cultural, Institucional/Organizacional e Instrucional/Pedagógica. Isso
demonstra que uma boa formação pedagógica, aliada com boas ações organizacionais e
interesses políticos tornam-se possível a implementação da proposta curricular de EF do
município de São Paulo.
Os fatores que precisam ser alterados para que exista a implementação da
proposta curricular de EF do município de São Paulo segundo os profissionais da
Educação entrevistados foram: formação continuada, valorização salarial, melhorar a
estrutura física, aumentar os recursos disponíveis, dois professores por turma, menor
número de alunos por turma, estágio remunerado, coordenação de área, melhor relação
interpessoal, mais empenho dos professores, repensar o ciclo de escolaridade, relação
escola-comunidade adequada, ampliar os horários de discussões, todos os professores
terem a oportunidade de realizar a JEIF, melhorar a organização para realizar mais
passeios pedagógicos, melhor organização da escola, autonomia do professor,
construção coletiva da proposta curricular e repensar os acúmulos de cargo.
Analisando as sugestões de mudança que os profissionais da Educação
mencionaram, compreendemos que os fatores Institucionais/Organizacionais e
Sociopolíticos/Culturais são aqueles que mais precisam de alterações para que exista
uma real implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo. Esses
resultados mostram a coerência desses profissionais, pois eles apontaram que os fatores
que dificultam a implementação da proposta curricular se encaixam nas mesmas
dimensões em sua maioria.
Durante a fase de Re-configuração do Universo da pesquisa, identificou-se uma
postura reflexiva dos profissionais da Educação que foram colaboradores do estudo.
Mostramos os resultados identificados pela pesquisa dos fatores que dificultam e
facilitam a implementação da proposta curricular de EF. Em seguida, esses profissionais
mencionavam comentários relacionados com alguns desses fatores. Logo após, eles
ampliaram as discussões relacionadas com as sugestões de mudança para existir uma
real implementação dessa mesma proposta curricular.
Esses resultados mostraram a complexidade do cotidiano escolar vivenciado por
todos os profissionais que dele fazem parte. Foram diversos os fatores identificados que
dificultam e facilitam a implementação da proposta curricular de EF do município de
198
São Paulo, portanto as pesquisas que estão sendo realizadas nesse sentido não podem
trazer um conhecimento para a comunidade científica com analises simplificadas desse
cotidiano, sem levar em consideração toda a rede de relações Sociopolítica/Cultural,
Institucional/Organização e Instrucional/Pedagógica que fazem parte desse cotidiano.
Também gostaríamos de mencionar que após analisar todos os resultados da
pesquisa, acreditamos que a construção coletiva da proposta curricular realizada em
cada uma das escolas municipais, sendo pautada por princípios educacionais que
permeiam toda a rede de ensino, é uma nova forma de se pensar, tornando os
profissionais da Educação elaboradores e autores da sua própria prática.
Sugerimos que em estudos futuros, para melhor compreensão dos fatores
dificultadores e facilitadores da implementação da proposta curricular de EF, o
pesquisador entreviste mais pessoas que fazem parte do cotidiano escolar, como os/as
supervisores/as de ensino, auxiliares de direção, inspetores, pais e alunos. Essa
ampliação dos colaboradores pode trazer uma visão mais ampla desses fatores que estão
diretamente ligados com o processo de implementação de qualquer proposta curricular
na escola.
199
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TERMO DE AUTORIZACÃO E RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO
PARA EXECUÇÃO DA PESQUISA
(DIRETORES DE ESCOLA)
Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São
Paulo: análise a partir do cotidiano escolar
Eu, _______________________________, nascido/a em_____________________,
portador/a do RG nº. _______________________, responsável pela direção da escola
________________________________, situada à ____________________________,
São Paulo – SP, e e-mail ____________________________, abaixo assinado, autorizo
a realização da pesquisa supracitada nas dependências da escola supramencionada,
como também me responsabilizo pela oferta de condições de acesso às informações e
pessoas necessárias de modo a garantir a execução da referida pesquisa, sob
responsabilidade do pesquisador Prof. Daniel Teixeira Maldonado, aluno do Curso de
Mestrado em Educação Física, da Universidade São Judas Tadeu, orientado pela Profa.
Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, membro do Curso de Mestrado em
Educação Física da Universidade São Judas Tadeu.
Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente que:
1. O objetivo desta pesquisa é identificar e compreender, na perspectiva do
professor de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os
que dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos
oficiais em nível municipal.
2. Durante a pesquisa serão utilizados como instrumentos para coleta de dados:
a) Entrevista com os professores/as de Educação Física, coordenadores/as e
diretores/as;
b) Observação do cotidiano escolar vivenciado por esses professores;
c) Observação de aulas de Educação Física.
3. Todos os participantes da pesquisa preencherão o Termo de Consentimento e Livre
Esclarecimento;
4. Os riscos a que os sujeitos da pesquisa estão submetidos é o de se sentirem
constrangidos em relatar sua percepção ao pesquisador a respeito de seu cotidiano
profissional, visto que os mesmos podem perceber tal pesquisa como uma forma de
avaliar o seu trabalho;
210
5. A instituição terá como benefícios o retorno dos resultados produzido pela pesquisa
podendo, a seu critério, empreender ações para minimizar as dificuldades enfrentadas
por seus profissionais;
6. Os profissionais, por sua vez, serão beneficiados com a possibilidade de terem um
momento de reflexão sobre sua prática que pode não ocorrer sem o estímulo gerado pela
pesquisa, podendo gerar tomada de decisões no sentido de buscar meios para solucionar
problemas;
7. Os participantes estarão livres para interromper a qualquer momento sua participação
na pesquisa, sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou dano;
8. A concretização e bom andamento das coletas de dados dependem da disponibilidade
dos pesquisados em colaborar com o desenvolvimento do estudo;
9. Todos os dados pessoais dos participantes serão mantidos em sigilo, sendo todo
material registrado destruído após sua análise;
10. Todos os dados institucionais serão mantidos em sigilo, sendo todo material
registrado destruído após sua análise;
11. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas para
alcançar os objetivos da pesquisa expostos acima, incluindo sua publicação na literatura
científica especializada;
12. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da USTJ para apresentar recursos
ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799-1665;
13. Poderei entrar em contato com o prof. Daniel Teixeira Maldonado, responsável pelo
estudo, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 97134.4516 e e-mail
14. Este Termo de Autorização possui três vias, permanecendo uma via em meu poder,
outra com o pesquisador responsável e a terceira com o COEP/Universidade São Judas
Tadeu;
15. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre
minha autorização à realização desta pesquisa.
São Paulo, ___ de _________ de 2012.
___________________________________
Carimbo e Assinatura do responsável pela Instituição
211
TERMO DE AUTORIZACÃO E RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO
PARA EXECUÇÃO DA PESQUISA
(DIRETOR/A REGIONAL)
Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São
Paulo: análise a partir do cotidiano escolar
Eu, _______________________________, nascido/a em_____________________,
portador/a do RG nº. _______________________, responsável pela Diretoria Regional
de Educação-PENHA, situada à ____________________________, São Paulo – SP, e
e-mail ____________________________, abaixo assinado, autorizo a realização da
pesquisa supracitada nas dependências da diretoria de ensino supramencionada, como
também me responsabilizo pela oferta de condições de acesso às informações e pessoas
necessárias de modo a garantir a execução da referida pesquisa, sob responsabilidade do
pesquisador Prof. Daniel Teixeira Maldonado, aluno do Curso de Mestrado em
Educação Física, da Universidade São Judas Tadeu, orientado pela Profa. Dra. Sheila
Aparecida Pereira dos Santos Silva, membro do Curso de Mestrado em Educação Física
da Universidade São Judas Tadeu.
Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente que:
1. O objetivo desta pesquisa é identificar e compreender, na perspectiva do
professor de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os
que dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos
oficiais em nível municipal.
2. Durante a pesquisa serão utilizados como instrumentos para coleta de dados:
d) Entrevista com os professores/as de Educação Física, coordenadores/as e
diretores/as;
e) Observação do cotidiano escolar vivenciado por esses professores;
f) Observação de aulas de Educação Física.
3. Todos os participantes da pesquisa preencherão o Termo de Consentimento e Livre
Esclarecimento;
4. Os riscos a que os sujeitos da pesquisa estão submetidos é o de se sentirem
constrangidos em relatar sua percepção ao pesquisador a respeito de seu cotidiano
profissional, visto que os mesmos podem perceber tal pesquisa como uma forma de
avaliar o seu trabalho;
212
5. A instituição terá como benefícios o retorno dos resultados produzido pela pesquisa
podendo, a seu critério, empreender ações para minimizar as dificuldades enfrentadas
por seus profissionais;
6. Os profissionais, por sua vez, serão beneficiados com a possibilidade de terem um
momento de reflexão sobre sua prática que pode não ocorrer sem o estímulo gerado pela
pesquisa, podendo gerar tomada de decisões no sentido de buscar meios para solucionar
problemas;
7. Os participantes estarão livres para interromper a qualquer momento sua participação
na pesquisa, sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou dano;
8. A concretização e bom andamento das coletas de dados dependem da disponibilidade
dos pesquisados em colaborar com o desenvolvimento do estudo;
9. Todos os dados pessoais dos participantes serão mantidos em sigilo, sendo todo
material registrado destruído após sua análise;
10. Todos os dados institucionais serão mantidos em sigilo, sendo todo material
registrado destruído após sua análise;
11. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas para
alcançar os objetivos da pesquisa expostos acima, incluindo sua publicação na literatura
científica especializada;
12. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da USTJ para apresentar recursos
ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799-1665;
13. Poderei entrar em contato com o prof. Daniel Teixeira Maldonado, responsável pelo
estudo, sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 97134.4516 e e-mail
14. Este Termo de Autorização possui três vias, permanecendo uma via em meu poder,
outra com o pesquisador responsável e a terceira com o COEP/Universidade São Judas
Tadeu;
15. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre
minha autorização à realização desta pesquisa.
São Paulo, ___ de _________ de 2012.
___________________________________
Carimbo e Assinatura do responsável pela Instituição
213
APÊNDICE B
Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido para Professores de EF,
Coordenadores Pedagógicos e Diretora
214
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (PROFESSOR)
Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São
Paulo: análise a partir do cotidiano escolar
Eu____________________________________________________________________
___________ R.G__________________________ dou meu consentimento livre e
esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob
responsabilidade do pesquisador Daniel Teixeira Maldonado, aluno do curso de Pós-
Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu, e da orientadora
Prof. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, docente do curso de Pós-
Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu
Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:
1- O objetivo da pesquisa é identificar e compreender, na perspectiva do professor
de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os que
dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos oficiais
em nível municipal;
2- Responderei a uma entrevista individual, contando com questões abertas e que deve
levar em torno 30 (trinta minutos) a respeito da minha experiência com aulas de EF;
3- Permitirei que o pesquisador observe e faça anotações a respeito de,
aproximadamente, 30 (trinta) de minhas aulas;
4- Poderei obter como benefício a possibilidade de refletir, conjuntamente com o
pesquisador, a respeito da minha prática pedagógica, e fatores que a afetam, de modo
que eu possa compreende-los e pensar em maneiras de lidar com eles;
5- Participando dessa pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de que o processo de
entrevista e diálogo com o pesquisador cause alterações momentâneas em meu estado
psicológico, gerando alguma sensação de ansiedade e podendo interferir no meu bem-
estar nos primeiros momentos da entrevista;
6- Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na pesquisa
sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho ou à minha
imagem diante de meus colegas, diretores ou alunos;
215
7- Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão
utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua
publicação na literatura científica especializada;
8- Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665;
9- Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo Daniel Teixeira
Maldonado, pelo telefone (11) 97134.4516 e com o/a professor/a orientador/a Sheila
Aparecida Pereira dos Santos Silva pelo e-mail [email protected];
10- Esse Termo de Consentimento é feito em três vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder, outra com os pesquisadores responsáveis e outra com o COEP/Universidade
São Judas Tadeu;
7- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa.
São Paulo,___________ de _________________________ de 2012.
______________________________________________________
Nome e assinatura do professor voluntário
216
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(DIRETOR E COORDENADOR PEDAGÓGICO)
Implementação da proposta curricular de Educação Física do município de São
Paulo: análise a partir do cotidiano escolar
Eu____________________________________________________________________
___________ R.G__________________________ dou meu consentimento livre e
esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob
responsabilidade do pesquisador Daniel Teixeira Maldonado, aluno do curso de Pós-
Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu, e da orientadora
Prof. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, docente do curso de Pós-
Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu
Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:
1- O objetivo da pesquisa é identificar e compreender na perspectiva do professor
de EF, diretor e coordenador pedagógico, os fatores que facilitam e os que
dificultam a implantação de propostas pedagógicas emanadas dos órgãos oficiais
em nível municipal;
2- Responderei a uma entrevista individual, contando com questões abertas e que deve
levar em torno 30 (trinta minutos) a respeito da minha experiência com aulas de EF na
escola que dirijo/coordeno para auxiliar o pesquisador a compreender o contexto escolar
no qual ocorre a pesquisa;
3- Poderei obter como benefício a possibilidade ter mais um estímulo para refletir sobre
o cotidiano escolar da escola que dirijo/coordeno;
4- Participando dessa pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de que o processo de
entrevista e diálogo com o pesquisador cause alterações momentâneas em meu estado
psicológico, gerando alguma sensação de ansiedade e podendo interferir no meu bem-
estar nos primeiros momentos da entrevista;
5- Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na pesquisa
sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho ou à minha
imagem diante de meus colegas, diretor regional ou alunos;
217
6- Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão
utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua
publicação na literatura científica especializada;
7- Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665;
8- Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo Daniel Teixeira
Maldonado, pelo telefone (11) 97134.4516 e com o/a professor/a orientador/a Sheila
Aparecida Pereira dos Santos Silva pelo e-mail [email protected];
9- Esse Termo de Consentimento é feito em três vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder, outra com os pesquisadores responsáveis e outra com o COEP/Universidade
São Judas Tadeu;
10- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa.
São Paulo,___________ de _________________________ de 2012.
______________________________________________________
Nome e assinatura do voluntário
218
APÊNDICE C
Roteiros de Entrevista com Professores
de EF, Coordenadores Pedagógicos,
Diretora e Idealizador da Proposta
Curricular de Educação Física do
município de São Paulo
219
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS PROFESSORES DE EF
A. Aquecimento:
1. Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF.
B. Perfil acadêmico-profissional:
2. Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?
3. Você já realizou algum curso de capacitação profissional, especialização ou pós-
graduação? Quais?
4. Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?
5. Há quanto tempo trabalha nesta escola?
C. Aspectos do cotidiano escolar:
6. Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui mais
alguma atividade profissional?
7. Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos os
conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta curricular?
8. Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em prática
todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta
curricular?
9. Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da
Prefeitura de São Paulo?
10. O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a proposta
curricular como teoria principal?
11. Qual a sua opinião sobre a proposta curricular da Prefeitura de São Paulo para a
disciplina de EF?
Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!
Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver
interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.
220
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O COORDENADOR PEDAGÓGICO
1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser coordenador de uma escola? Há
quanto tempo é coordenadora? Há quanto tempo é coordenadora nessa escola?
2. Como é coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola?
3. Comente como tem ocorrido a implementação da Proposta Curricular da EF nessa
Escola?
4. As aulas de EF nessa escola estão ocorrendo de acordo com as orientações dessa
proposta?
5. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática os conteúdos
presentes na proposta?
6. Existem discussões entre professores e coordenadores sobre a prática pedagógica da
EFE e as orientações da proposta curricular?
7. A postura dos demais professores frente a Educação Física influencia na prática
pedagógica dos professores dessa disciplina?
8. Você já recebeu algum curso de capacitação sobre a proposta curricular da EFE?
9. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos
professores de EFE na sua escola?
Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!
Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver
interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.
221
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O DIRETOR
1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser diretor de uma escola? Há quanto
tempo é diretora? Há quanto tempo é diretora nessa escola?
2. Qual é o seu projeto como diretor dessa escola (o que já fez, o que poderia fazer,
etc)?
3. Como é dirigir a equipe dessa escola?
4. Quais são as principais dificuldades que atrapalham o desenvolvimento das aulas dos
professores nessa escola ?
5. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática todos os conteúdos
presentes na proposta curricular da EF?
6. A Educação Física é uma disciplina valorizada pelos diferentes gestores políticos que
passaram pelo governo (disponibilidade de verbas para compra de materiais e
manutenção da infra-estrutura)?
7. Você recebeu algum curso de formação sobre as orientações curriculares da EFE?
8. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos
professores de EFE na sua escola?
Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!
Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver
interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.
222
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O IDEALIZADOR DA PROPOSTA
CURRICULAR
1. Quais são os princípios fundamentais da proposta de EF do município de São Paulo?
2 - Se nós pensarmos nos diferentes currículos que foram propostos para a EF, qual é o
foco central da proposta curricular da EF da prefeitura de São Paulo?
3 – Como você percebe a recepção dos professores que fazem a formação sobre a
proposta curricular?
4 – Nas escolas que você tem contato, quais são os fatores que dificultam a
implementação da proposta curricular do município de São Paulo?
5 - Você também identifica que existem fatores facilitadores na implementação dessa
proposta curricular?
6 – Você percebe que os professores mais antigos resistem mais a seguir a proposta
curricular?
7 - Você acredita que a formação dos professores de EF está sendo realizada com uma
variedade muito grande de currículos e quando o professor vai ministrar as suas aulas
ele sente dificuldade?
8 – Você poderia falar em relação à questão metodológica da proposta curricular de EF
do município de São Paulo?
9 - Então esse grupo referência eram de professores que faziam parte da rede e depois o
documento foi analisado por outros professores da rede também?
10 - Então durante a implementação da proposta houve muitos jogos de interesses e de
contradições que aparecem na própria área? Não foi algo tranquilo de se realizar?
Muito obrigado pela sua valiosa contribuição!
Após conclusão deste estudo, o resumo do mesmo poderá lhe ser enviado. Se tiver
interesse de recebê-lo, favor anotar abaixo o seu endereço eletrônico.
223
APÊNDICE D
Transcrição das Entrevistas com o
idealizador da proposta curricular de EF
do município de São Paulo, Diretora,
Coordenadores Pedagógicos e
Professores de EF
224
Entrevista com o Idealizador da proposta curricular de EF do município de São
Paulo
1 – Quais são os princípios fundamentais da proposta de EF do município de São
Paulo?
R – Então vamos lá. Levando em consideração a multiplicidade de grupos sociais que
habitam o município e levando em consideração a trajetória histórica e política da rede
municipal de tentar fazer um trabalho mais voltado as comunidades, e isso não é de
hoje, isso começou com a gestão Erundina lá em 1989 e veio nas suas várias vertentes,
sempre com grupos e setores do município, que não é todos né, que não é hegemônico,
mas setores da rede municipal que tentavam fazer alguma coisa voltada para a
comunidade, a cara geral dessa proposta era pensar em uma pedagogia que
reconhecesse a diversidade cultural né, e que fosse comprometida com a formação de
identidades democráticas. Então, esse foi o tom que marcou a elaboração de todos os
documentos, desde uma preocupação inicial com o ler e escrever e infelizmente, há uma
tendência há pensar que o ler e escrever é decifrar o código alfabético e não é isso, em
todos os documentos da prefeitura vão falar isso. Então se a gente pega, então há duas
versões atrás se a gente pega os documentos que foram escritos na gestão da Marta
Suplicy a gente vai perceber uma preocupação com o letramento, então uma
preocupação, por exemplo, na gestão da Marta que a rede começou a ser influenciada
com a ideia da dialogicidade, com a ideia do reconhecimento dos grupos étnicos com
um trabalho voltados para as diferenças. Então, há esse tom no município
independentemente do partido que estiver no governo e o principio fundamental é esse,
reconhecer as diferenças culturais e promover uma formação voltada para a construção
de identidades democráticas. Agora, outros princípios também fundamentam, então
vamos lá. Não basta proporcionar condições de acesso, a gente tem que procurar
também condições de permanência na escola. Há um esforço grande para que a gestão
seja democratizada. Então, o município vem dando passos largos, desde o governo
Erundina, com a formação de conselhos de escolas fortes, na ampliação da jornada do
professor, com uma grande parcela da carga horária (que agora virou lei), com um terço
da carga horária que não sejam com atividades em sala de aula. Então, eu penso que a
pedagogia da rede municipal tem sido influenciada por essas ideias. Em alguns
momentos ela retrocede um pouco, com as salas de apoio pedagógico, em outros
225
momentos ela avança, com uma forte política de inclusão, mas eu acho que o principio
geral do currículo é esse.
2 - Se nós pensarmos nos diferentes currículos que foram propostos para a EF,
qual é o foco central da proposta curricular da EF da prefeitura de São Paulo?
R – Então, eu acho importante achar falar um pouquinho como ocorreu esse processo de
implementação da proposta para entender esse ponto. Então, em 2006 quando o prefeito
ainda era o José Serra, em 2006 havia um movimento grande na rede que tinha
começado no ano anterior que era o ler e escrever em todas as áreas, e ai houve a
necessidade de elaborar documentos que fundamentassem a ideia do ler e escrever em
todas as áreas (o entrevistado pega o documento). Esse aqui foi um documento
elaborado nessa época, em 2006, certo? E ai, uma coisa era pessoas do campo da
investigação e da produção da competência leitora e escritora pensando conceber isso
em todas as áreas e depois as pessoas das áreas especificas pensando nisso. Porque a
rede entende que o trabalho do letramento não se reduz aos anos iniciais, precisa ser
estendido aos nove anos do Ensino Fundamental. Então esse pessoal precisava elaborar
documentos por áreas, e o que eles fizeram? Eles criaram um instituto, um grupo
chamado grupo referência que eram pessoas indicadas pelas diversas diretorias de
ensino (Diretorias Regionais de Ensino), e ai esse grupo de professores que tinham a
função de uma vez por mês se encontrar na Secretária Municipal de Educação e
começar a escrita de um documento de cada área, tinha um grupo de professores de
matemática, um grupo de professores de história, um grupo de professores de geografia,
e assim por diante.
Eram professores da rede?
R – Eram professores da rede do Ensino Fundamental II. Esses professores estavam na
sala de aula e tinham sido indicados pelas DREs, e esse pessoal começou a escrever.
Mas olha o que aconteceu, o pessoal da SME da Diretoria de Orientações Técnicas
percebeu que se eles não tivessem o apoio de alguém com mais experiência para realizar
essa escrita as coisas não iam andar, ai eles começaram a buscar várias pessoas. Uma
das pessoas que foi chamada para fazer esse trabalho era um professor de EF que tinha
alguma relação com os Parâmetros Curriculares Nacionais, porque a Diretora de
226
Orientação Técnica da época tinha feito parte da equipe que tinha elaborado o
Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil lá no governo Fernando Henrique.
Então ela tinha esses contatos e ela chamou para a EF uma pessoa que estava nessa
questão. Só sei que esse trabalho não andou do jeito que a DOT achou que deveria
andar. Naquele mesmo ano de 2006 eu e o Mario havíamos publicado o livro Pedagogia
da Cultura Corporal que defendia uma ideia de EF na área da linguagem e alguns
professores que participavam desse grupo referência conheciam esse material e levaram
o material para a Diretora de Orientação Técnica e a diretora na época pediu uma
reunião comigo. Eu cheguei lá e ela simplesmente me jogou essa bomba na mão. Ela
disse que tinha esse trabalho que não andou e a gente queria alguma coisa no sentido
que estava escrito no livro, só que você não pode ser contratado porque a vaga que a
gente tinha para esse contrato já está ocupada por aquela pessoa que não está dando
conta. Então eu disse que não havia problema, que eu achava esse trabalho importante e
extremamente relevante e decidi conversar com o Mário para a gente realizar esse
trabalho em parceria e ai essa pessoa pode continuar participando também, ela não
precisa ir embora do grupo. E ai a gente começou esse trabalho com o grupo referência
e que foi mais ou menos assim, a gente promovia situações para reflexão e para a
formação desse grupo referência na área de EF enquanto linguagem, porque o
documento que eles entregaram para a gente era um rol de atividades e ai a gente
pensou que isso pudesse ser diferente. Esse trabalho que incluía os professores do grupo
referência elaborou aquele documento cinza (Referencial para a Expectativa da
Competência Leitora e Escritora – Educação Física) e isso foi em 2006. Só que desde
aquele dia, o grupo de assessores de EF, o Mário e eu e das outras áreas outras pessoas,
a gente bateu muito forte, porque o seguinte, as pesquisas da área indicam que não
adianta você elaborar uma proposta se você não pensar em dinâmicas de formação,
então a gente começou a pensar muito forte nessa ideia. Então acabou 2006, mudou o
governo e ai, logo no começo de 2007 recebemos uma nova convocação e foi colocado
que a ideia agora pensar a formação, mas pensar também na escrita de um currículo. E
ai começou esse trabalho que foi paralelo. Então havia esse grupo referência que
continuava escrevendo o currículo, e ai já não era mais uma referência fina, mas já era
um currículo com mais elementos para o professor pensar na prática, pensar a sua
prática pedagógica e paralelamente nós começamos a rodar a cidade inteira fazendo
ações formativas que foram distribuídas em 2007 da seguinte maneira: um coordenador
pedagógico e um professor de EF por escola, foi desse jeito em 2007. Bom, ai foi o ano
227
inteiro e esse documento foi sendo escrito e ao mesmo tempo ele era mandado para as
diretorias, para as DREs e eles iam dando retorno, e, além disso, nós tivemos um grande
momento onde professores de Ensino Fundamental I fizeram a leitura e fizeram a
devolutiva e depois professores de Ensino Fundamental II fizeram a leitura e fizeram a
devolutiva e depois em uma reunião lá no centro da cidade, onde os supervisores
também fizeram uma leitura e fizeram devolutiva. Então esse documento ao longo de
2007, além das formações, um professor e um coordenador por escola, além do grupo
referência, teve essas idas e vindas com os supervisores. Então, por exemplo, o
documento do Fundamental I teve muitas mudanças em função da leitura que esses
professores fizeram e por ai foi. Isso foi em 2007 e no final desse ano o documento
ficou pronto, tanto o de Fundamental I como o de Fundamental II. Em 2008 fizemos
uma ação, e sempre isso todas as áreas fazendo a mesma coisa, nós produzimos vídeos
explicativos e junto com o vídeo nós produzimos pautas e a ideia era que nas DREs, os
formadores desenvolvessem pautas, desenvolvessem aquela sugestão de pauta voltada
para os vídeos. Então eles iam passar o vídeo e iam seguir uma pauta que a gente tinha
elaborado para isso. Junto com isso continuava o grupo referência. O grupo referência
nunca parou, porque em 2008, além desse trabalho com pauta as DREs criaram uma
instância chamada a Sala do Professor, onde esses professores do grupo referência la na
sala do professor faziam as formações dos seus colegas. Bom, algumas DREs não
conseguiram fazer desse jeito, porque o pessoal do grupo referência, aqueles primeiros
que tinham sido indicados, já não compactuavam mais com a proposta ou achavam que
tinha outra coisa, e ai esse grupo referência começou há mudar até que em 2008 uma
coisa que aconteceu foi bastante chata, a SME abriu um edital em que as DREs
poderiam contratar formadores para fazer essas ações formativas e os currículos desses
formadores foram lá para a SME e a gente olhou as propostas desses formadores e tinha
gente de tudo quanto é tipo, tinha gente que queria dar escolhinha de tênis, gente que
queria dar ginástica, essas ONGs se candidataram, e ai a gente foi avaliando as
propostas e vetando aquelas que não combinavam com a proposta curricular. Então,
mesmo assim a DRE não estava nem ai e muitas vezes acabaram contratando as pessoas
que a gente tinha vetado e isso foi uma coisa terrível. Por isso que em 2009 teve uma
grande mudança, nós fizemos um processo seletivo para chamar o pessoal do grupo
referência com questões para eles, nós fizemos uma grande reunião e todo mundo que
se candidatou foi lá e fizemos esse processo seletivo e também trabalhamos com as
pessoas das DREs que seriam indicadas por nós. A gente tirou a autonomia das DREs
228
para fazer essas contratações. Então, a partir de 2009 até 2012 eu acho que foi um bom
momento, porque esse pessoal do grupo referência foi se fortificando no referencial
teórico e na proposta e eles foram desenvolvendo cursos nas DREs, o Mário e eu
também. Então no 1º semestre desse ano cada um de nós ministrou dois cursos e o
pessoal que está conosco do grupo referência também, cada um ministrou pelo menos
um curso. Então, o que eu tenho pensado, até porque eu comparo a EF com as outras
áreas. A EF, e eu acho que essa é uma avaliação que a própria SME faz. A EF dentro de
todas as áreas do currículo foi aquela que persistiu mais em uma formação
compromissada com a proposta. Porque as outras áreas continuam com formações, mas
os autores às vezes não estão tão presentes, até porque são outras pessoas que estão
fazendo a formação, o grupo referência das outras áreas se desmanchou, ai a política foi
um pouco diferente para cada uma das áreas. Acredito que a EF foi mais interessante
nessa direção. Outras coisas que a gente conseguiu fazer que eu penso que foi muito
interessante. A gente conseguiu atrelar a bibliografia do concurso às orientações
curriculares e cada concurso feito nesse período nós conseguimos fazer uma reunião
com os ingressantes, então hoje na rede municipal tem uma parcela de professores
muito novos, das quais você se inclui e que de alguma maneira eles tem conhecimento
dessa proposta, só não sei se com a profundidade. Tem outra coisa interessante também
que no primeiro semestre de 2011 a gente conseguiu fazer ações formativas com os
coordenadores pedagógicos com uma adesão pequena, porque os coordenadores acham
que tem outras prioridades e acham que não precisam se preocupar com a EF, mas a
gente também fez essa tentativa.
3 – Como você percebe a recepção dos professores que fazem a formação sobre a
proposta curricular?
R – Eu estou muito impressionado com os grupos que eu tive esse semestre. Nesse
semestre eu tive uns grupos muito bons. E ai como a gente faz as avaliações direto das
formações com as pessoas do grupo referência, nós sentimos que no começo, no
começo que eu digo, no começo da proposta havia pessoas bastante resistentes, pessoas
que diziam que isso daqui a pouco cairia, que daqui a pouco mudaria e com a
continuidade das formações, acho que essa resistência enfraqueceu e também nós temos
percebido pessoas nas formações que são pessoas de outro tipo, porque coincidiu que os
últimos concursos foram muito concorridos, entrou gente muito qualificada e gente que
229
esta querendo fazer uma EF diferente, claro que essas pessoas às vezes ocuparam CJ,
ocuparam módulo, viraram professores precários, soma-se à isso dois fenômenos, nós
começamos a assumir as aulas com os pequenininhos do 1º e do 2º ano e isso deu um
gás novo e a prefeitura esse ano não está pontuando aqueles cursos feitos naquelas
gambiarras, que o cara não vai e depois pega o diplominha para melhorar a evolução
funcional, isso também fez que os cursos inchassem. Então, a grande procura que os
professores tem é em função disso, então como existe um monte de coisa misturada, eu
não consigo dizer, eu não consigo afirmar que a representação que os professores tem é
essa ou essa ou essa. Eu vejo que esses professores estão simpáticos, não é mais um
público que fica o tempo inteiro menosprezando o trabalho, é um grupo que está
querendo entender, mas realmente é um grupo que está chegando na escola e ta sensível
ao que está acontecendo. Eu fui banca de um garoto lá da PUC que ele investigou
professores do município em inicio de carreira e uma coisa que me surpreendeu na
resposta que ele trouxe dos professores foi que todos eles querem continuar no
município, gostam do município e querem continuar no município. Então você vê, são
professores que estão afim, que estão ali naquelas escolas e querem ficar naquelas
escolas e querem fazer o melhor para aquelas escolas, mas eu acho que há uma parcela
dos professores que pode até negligenciar a proposta por desconhecimento e há uma
parcela dos professores que até nega a proposta por não gostar dela. Eles falam olha, eu
entendi isso aqui, eu sei o que está escrito aqui, mas eu não quero porque eu penso que
EF tem que ser outra coisa.
4 – Nas escolas que você tem contato, quais são os fatores que dificultam a
implementação da proposta curricular do município de São Paulo?
R – Eu acho que o maior fator que dificulta a implementação dessa proposta nas duas
escolas que eu acompanho firme é que muitas vezes o coletivo da escola não entende o
trabalho, muitas vezes eu penso que esse tem sido um empecilho e os estudos que tem
sido feito sobre o assunto tem mostrado isso. O trabalho do Saulo Françoso que
investigou também isso ai indicou que o professor está lá e quer desenvolver um
trabalho com o funk, por exemplo, e ele enfrenta obstáculos da própria instituição. Na
escola que eu acompanho com o Pedro, no ano retrasado, para desenvolver um trabalho
com parkour, ele teve que fazer reunião com os pais, porque os pais não entendiam.
Agora nesse semestre, essa semana, ele está começando um trabalho com salsa e os
230
alunos estão afim, mas os professores das outras matérias estão tirando sarro. Então há
uma visão hegemônica da EF na cabeça da comunidade, e a comunidade que eu estou
falando é professores, alunos, pais e bairro. Então ainda há uma visão hegemônica
daquela EF hegemônica e que esses professores às vezes precisam enfrentar obstáculos.
Não sei se em materiais eles têm dificuldade, a gente houve relatos que os professores
querem usar a sala de vídeo e ai os colegas falam, mais por que EF na sala de vídeo.
Agora, esses professores que não estão à frente da sala de aula, que não são regentes e
que estão no módulo, por exemplo, esses não tem condição de desenvolver a proposta,
porque eles ficam saltando e não conseguem se engajar. Acho que vai levar um tempo
até que esses professores consigam uma pontuação, se removam, assumam aulas.
5 - Você também identifica que existem fatores facilitadores na implementação
dessa proposta curricular?
R – Eu acho que o fator mais facilitador são os alunos que nós temos agora. Pelo
trabalho que eu tenho feito no campo eu observo que os alunos estão bem simpáticos e
eles sabem diferenciar muito bem, até porque muitas das escolas estão com atividades
ampliadas, àquelas atividades de contra turno, então aquela galera que quer bater bola
mesmo acabam assumindo essas atividades que ficam de fora da grade horária e durante
as aulas eles levam na boa. Então eu penso que esses alunos são os elementos que mais
favorecem, aliado há essa nova geração de professores que nós temos que também esta
mais sensível. Agora também tem uma coisa viu, a formação dos professores, talvez ao
contrário do que meus colegas diretores e coordenadores pedagógicos tenham dito, a
formação do professor de EF hoje é muito melhor do que era no passado. Então, com
todas as mazelas que ela possa ter, hoje esse professor de EF acessou mais elementos do
que os professores da minha geração, por exemplo. Então, esses professores também
estão percebendo que é importante fazer outras coisas e na medida em que a rede tratar
bem seus professores, ela vai conseguir reunir mais adeptos. Eu acho que nós tivemos
um problema esse ano porque os professores não tiveram o que mereciam na sua pauta
de reivindicações na tentativa de greve e o sindicato se comportou de uma maneira
inadequada, mas fora isso a rede municipal tem tratado bem, tem proporcionado
melhores condições para os professores e isso reflete na prática.
231
6 – O que nós percebemos na escola em que acompanhamos é que os professores
estão com algumas dificuldades, por exemplo, todos eles acumulam cargo, muitos
reclamam também de não ter todas as aulas atribuídas e não poder fazer JEIF ou
porque está de módulo e muitos desses profissionais já têm mais de dez anos de
experiência profissional. Você percebe que os professores mais antigos resistem
mais a seguir a proposta curricular?
R – Eu percebo isso sim. Às vezes eles estão à defesa de uma EF. Eles vivem certo
anacronismo. Eles estão hoje, em 2012 dando aula, mas às vezes eles estão com uma
representação de um papel da EF que é de outro tempo. Um exemplo que acontece aqui
nesse bairro que eu tenho acompanhado. O Julio Mesquita que é uma EMEF aqui do
lado tem professores que vão nessa direção, vão à direção da proposta e o Amorim Lima
que graças a essa fama que ele acumulou nos últimos tempos, ele tem só professores
mais antigos que levam seus alunos para as competições do município que são
organizadas pela SEME e não pela SME, o pessoal do Julio Mesquita não participa das
competições, o pessoal de outras escolas mais periféricas não vai e o pessoal aqui que é
um pessoal mais antigo acaba indo e ai, eles se queixam, por exemplo, que os alunos
dão WO, que eles não vão, que eles só querem zoar. Como sou eu que dou formação
nessa DRE eu sempre encontro com eles. Como esse grupo são os saudosos de uma EF
esportiva, eles ficam o tempo inteiro e às vezes são os únicos em uma reunião de
professores a defender que tem que ter o esporte, que tem que formar. Por exemplo,
aconteceu uma coisa que é bisonha no ano passado, uma professora confessou diante de
quarenta alunos que uma aluna dela tinha se classificado no atletismo ela ficou uma
semana sem dar aula na escola porque essa uma aluna tinha que participar de várias
baterias lá na Água Branca. Então você percebe assim, para acompanhar uma criança,
uma, uma, uma atleta do atletismo eu deixo de dar aula para um monte de pessoas e
essas pessoas acham ainda que esse é o papel dela. Então olha lá, enquanto todo mundo
está pensando outra coisa essas pessoas estão pensando isso. Mas olha, eu penso que é
positivo essas pessoas frequentem as reuniões formativas. E ai um dos detalhes legais
que a gente conversou com o pessoal dessa escola foi de quantas reuniões formativas,
não reunião técnica né, quantas reuniões formativas você teve nos últimos dez anos que
falaram que era para trabalhar desse jeito. Eu também acho que essas pessoas estão
inquietas. No último encontro que eu tive com essa professora esse ano, no 1º semestre
ela perguntou se não dava para trabalhar o esporte nessa proposta e eu disse que o
232
esporte está sendo trabalhado ali, só que não será trabalhado para aprimorar a habilidade
motora dos alunos, vai ser trabalhado como um tema da EF. Então tem sido muito
difícil marcar isso por faixa etária, dizer que são só os professores mais velhos que estão
pensando assim, não sei se são só os professores mais velhos, mais sei que ainda há um
grupo de professores de EF que pensa desse jeito. Eu tenho acompanhado colegas que
frequentam as reuniões formativas da rede estadual e que alguns deles querem fazer
uma proposta com o olhar mais voltado para a comunidade e há pessoas que querem e
insistem, mesmo sendo novos que a EF tem que ser esportiva.
7 - Você acredita que a formação dos professores de EF está sendo realizada com
uma variedade muito grande de currículos e quando o professor vai ministrar as
suas aulas ele sente dificuldade?
R – Eu penso que os currículos nas faculdades eles estão bastante distorcidos, eu já
discuti isso bastante e tenho até algumas coisas escritas sobre isso. Isso que eu chamo
de Frankstain, esse currículo que tem um pouquinho de cada coisa, o aluno entra lá e
não consegue entender isso, porque cada professor chega e fala o que quer e do jeito que
quer e há muitos professores universitários que não tem noção de EFE, porque são
professores de outra área e são sérios nas outras áreas, mas quando esses professores
precisam dar aula de EFE eles distorcem. Então eles não estão ajudando esses jovens há
entender qual é o papel da EF. Então ontem eu tive a primeira aula com meus alunos de
Metodologia de Ensino 2 e ai eu fiz uma reflexão com eles da fala da Dilma, porque a
Dilma falou que agora para 2016 vai pensar na EF na escola, vai pensar na escola na
questão de formar atletas e ai a gente realizou várias reflexões dessa fala, inclusive
quanto isso impacta mesmo na prática, entre outras coisas. A conclusão que nós
chegamos ontem é que existe um setor dos meus alunos que defendem que a EF seja um
espaço que a gente identifique possíveis atletas, ou seja, nós ainda temos jovens
professores que pensam que a EF é um espaço para isso e são pessoas interessantes e
legais, mas essas pessoas estão sob a influência de um discurso hegemônico que nesse
momento a gente está vivendo, mesmo que a gente fale para eles que nós já
apresentamos essa proposta de formar atleta na EF e não deu certo. O Brasil recebe
medalhas de modalidades que não tem na escola e que nunca terão na escola. A
modalidade que o Brasil mais investe que é o futebol de campo ainda não tem medalha
233
de ouro, então apesar de todos esses argumentos, parece que dentro dos professores de
EF, que está no DNA do professor de EF a perseguição desse ideal esportivo.
Talvez isso ocorra pela formação que esse profissional teve quando era aluno da
escola?
R – Exatamente. Talvez as melhores experiências que a gente tenha tido enquanto aluno
de escola tenha sido no campo esportivo, então a gente pensa em continuar com isso.
8 – Você poderia falar em relação à questão metodológica da proposta curricular
de EF do município de São Paulo?
R – Segundo as orientações didáticas das orientações curriculares, há uma preocupação
grande com o reconhecimento do patrimônio cultural corporal dos alunos, e isso é bem
amplo, não é nem o que o aluno sabe e nem o que o aluno gosta. É o que o aluno sabe,
onde tem, onde passa na TV. Então esse mapeamento articulado às intenções do projeto
político pedagógico da instituição, esse mapeamento é que vai fazer com que a gente
selecione a temática que vai ser problematizada. A partir daí, há um momento em que
essa temática é vivenciada com base nas representações que os alunos têm, então vamos
dançar do jeito que eles acham que é para dançar, vamos jogar do jeito que eles acham,
vamos lutar do jeito que eles acham e esse momento é de ressignificação, onde eles vão
ver como o outro dança, eles vão ver como eles dançam, vão chocar a representação que
eles têm com a representação do outro. Então tem que haver muita vivência em função
dessas representações que eles têm. Outro momento do trabalho tem que ser o
aprofundamento, onde eles irão conhecer melhor aquela manifestação, do que se trata,
com o que ela parece, de onde ela veio, como que diferentes pessoas pensam aquela
manifestação e ai um outro momento tem que ser a ampliação, porque eu preciso
acessar discursos diferentes sobre aquela manifestação, se não eu corro risco de pensar e
de ter uma visão dominante, ou seja, só existe um jeito de pensar essa manifestação e é
como o meu professor faz ou como meu professor ensinou. Não. O fulano da esquina
que joga isso ou a menina que dança não sei aonde ou o cara que eu vi no documentário
na TV falam outras coisas e pensam outras coisas. Então, em síntese, é importante
reconhecer como eles pensam essa modalidade, trazer mais elementos daquela
manifestação para que eles conheçam melhor aquilo que eles vêm e consigam entender,
234
fazer uma etnografia. Ah, agora eu consigo entender isso no mundo e, principalmente,
trazer visões de outras pessoas sobre aquilo, porque eu só consigo reconhecer o outro a
partir do momento que eu sei o que ele sabe sobre aquele assunto. Se ele nunca ouvir o
que você tem a dizer sobre certo assunto, você pra mim ou vai ser uma pessoa que é
diferente de mim ou uma pessoa que eu simplesmente desconsidero, ou seja, eu não
tomo conhecimento da sua existência. Então, se eu souber o jeito que você brinca de
pega-pega e eu brincar do jeito que você brinca eu to reconhecendo o conhecimento que
você tem, mesmo que eu não goste dele. A gente não quer que todos os professores do
município sigam a proposta, a gente não quer isso, o que a gente quer e é obrigação do
município fazer isso é que os professores saibam que ela existe e o que ela diz. Ai você
pode tomar uma decisão. Pode ser que tenha uma escola que queira alfabetizar em outro
caminho e eles podem seguir outro caminho, porque meus professores avaliaram os
alunos, discutiram e pensaram outra coisa. É a mesma coisa nas práticas corporais. A
escola não pode ser aquele lugar de fixação de certas práticas corporais como a melhor,
a escola precisar ser um lugar onde eu conheça as práticas corporais e conheça também
as pessoas que fazem as práticas corporais e eu acho que ai é o problema da nossa
formação, porque naqueles cursos que formam professores que vão trabalhar as
ginásticas ou as danças, ou os esportes, ou as lutas, às vezes o professor fica lá o ano
inteiro ensinado tudo de basquete, mas dificilmente ele ensina sobre quem joga
basquete, então a gente não sabe nada, a gente não sabe quem é o cara que luta, quem é
o cara que joga basquete, por isso que quando vem a olimpíada e a menina do Piauí
ganha no Judô a gente se surpreende né, a gente pensa, nossa lá no Piauí tem Judô,
porque senão a gente acaba pensando que Judô é uma coisa só de japonês, só da
comunidade nipônica e aqui em São Paulo que faz e isso não é verdade. É muito
importante que a gente tenha essa visão ampliada e profunda das práticas corporais.
Professor, deixa eu ver se consegui entender bem. Essa proposta teve uma
participação forte do grupo referência quando ela foi elaborada e esses professores
às próprias DREs indicavam porque se destacavam mais ou estavam mais
disponíveis para realizar uma proposta curricular?
R – Eu não posso te dizer quais foram os critérios que as DREs utilizaram para sugerir
esses professores, porque quando eu cheguei lá, eles já estavam. O que eu sei é que
essas pessoas foram indicadas pelas DREs. Acho que vou dar um exemplo que é muito
235
interessante. Em Campo Limpo indicaram duas professoras com muita experiência na
rede, já QPE 19, e que chegaram lá com toda uma história de fazer EF de outro jeito,
são pessoas da minha geração e lá elas se deixaram seduzir por essa proposta, mas isso
aconteceu com essas duas pessoas. Há pessoas que faziam parte do grupo referência que
até o último dia e até o último texto apresentavam resistência. Uma coisa muito
importante que eu faço questão de dizer é que não houve ingerência do poder executivo
na elaboração dos documentos, ou seja, se você olhar os documentos, se você olhar o
documento de EF você vai dizer, nossa, esse documento tem uma ideia pedagógica que
não é aquela ideia que o antigo DEM, que é o partido do Kassab teria, entendeu. Isso é
importante dizer, porque eu estou cansando de ouvir as pessoas dizendo que fulano e
beltrano participaram da proposta, mas eles não fizeram aquilo que eles queriam, é
como se o cara colocasse o nome dele lá e depois fala que não é bem assim que ele
pensa. Não. O que está lá é o que a gente pensa, o que está lá é o que o grupo referência
trabalhou, o que está lá é o texto que a gente concorda com ele.
9 - Então esse grupo referência eram de professores que faziam parte da rede e
depois o documento foi analisado por outros professores da rede também?
R – Exatamente. Professores de Fundamental I e II e Supervisores de Ensino. Os
supervisores também leram os documentos e as devolutivas foram por escrito e depois
houve uma reunião presencial. Então nós fizemos a escrita, depois que o grupo
referência finalizou mais ou menos o que estávamos pensando, a gente mandou para a
rede, ai houve uma leitura dos professores do Ensino Fundamental I e o documento do
Ensino Fundamental II foi lido por professores de EF que também encaminharam por
DRE um monte de apontamentos e ai depois os supervisores, só que foram feitas
reuniões também com essas pessoas, primeiro a gente recebeu a devolutiva deles e
depois fizemos reuniões que a gente conversou sobre o que estava lá.
Então os professores da Educação Básica participaram da elaboração da
proposta?
R – Sim. Participaram como leitores críticos. Eu vou contar um caso. Em uma reunião
com os professores de EF tinha um grupo de professores que defendia que tinha que
estar no documento a relação com o lazer, e ai a gente falou que não, que não
236
combinava, mas eles defendiam e ai a gente foi no argumento, mas apareceu essa
discussão nessa reunião. Os supervisores não disseram isso, o grupo referência nem
tinha levantado essa ideia. Para nós, a EF não é lazer e a gente não quer fazer essa
discussão com o lazer. Em outro momento havia também uma discussão com a ideia de
saúde e ai a gente colocou que EF enquanto linguagem não tem nada a ver, então a
gente tinha que usar um tempo dessa reunião para explicar qual era a concepção de área,
porque o que acontecia, o professor, qual é o vicio do professor, ele ia procurar uma
relação de conteúdos a serem trabalhos e o documento não tem uma relação de
conteúdos a serem trabalhados, ai eles liam as expectativas e relatavam que nenhuma
daquelas expectativas conversavam com saúde, acontece que EF na área de linguagem
não é saúde, então tinha esse debate em relação a concepção da área que era mais rico
com os professores do Ensino Fundamental II. A preocupação dos professores do
Ensino Fundamental I é que eles teriam que trabalhar lutas e por isso que saiu o esporte
e as lutas e ficou apenas a dança e a brincadeira no Ensino Fundamental I. A discussão
com os supervisores era muito mais a concepção que enriqueceu a reunião com eles,
mas nós não sabemos quais foram os critérios utilizados pelas DREs para escolher essas
pessoas, mas eu tenho uma suspeita, até porque houve reuniões que havia professores
ali sentados que são professores conhecidos por defender certas concepções da EF.
Como a rede municipal tem também professores universitários, nas reuniões com o
Ensino Fundamental a gente via que esses professores se juntavam pelas concepções
que defendiam. Aconteceu uma coisa interessante, que havia uma pessoa do grupo
referência, do primeiro grupo referência havia um professor que era ligado há um desses
setores da EF que quando a gente entrou na segunda reunião ela já não foi mais e
abandonou o grupo referência, ou seja, se ela estava afim de resistir tinha que
permanecer e ai depois ela apareceu na reunião, ai todo mundo falou, mas quando você
teve a chance de participar você não foi, agora você vem falar isso ai eu não quero.
10 - Então durante a implementação da proposta houve muitos jogos de interesses
e de contradições que aparecem na própria área? Não foi algo tranquilo de se
realizar?
R – Não. Além das questões conceituais da própria área e que é legitimo que os
professores pensem essas coisas, há questões políticas que querem puxar para um lado e
para o outro, porque nem todas as DREs ao longo do percurso eram simpáticas há esse
237
movimento de reorientação curricular, nós tínhamos DREs que ainda achavam que na
gestão anterior tinha uma proposta mais interessante, mas não de EF, de educação, nós
tínhamos DREs que eram mais simpáticas há essa reorientação, então a relação da SME
com as DREs não era tão suave assim e as DREs tem autonomia, porque elas podem
contratar formadores. Às vezes existe uma série de pessoas nas DREs que são
vinculadas há certas ideias de educação e eu acho que isso só mostra a grande
diversidade que existe na nossa área.
11 – Talvez essa grande variedade de identidades e de formas de atuar faz com que
o professor que chega à escola se sinta mais perdido?
R – O que nós temos orientado os professores quando eles enfrentam problemas é que
nessa hora a gente tem que ser um pouco legalista né, o que dizem as orientações
curriculares. Agora, é nesse professor onde explode os problemas, porque nele não estão
apenas as representações da SME. Eu fico pensando no dia que saiu o edital do
concurso. Eu fico pensando nesse professor que está na escola quando bate o olho no
edital o que ele pensa, da onde que isso aqui ta vindo, ai ele fica pensando naquilo, se
ele for um pouco consciente né, ele fica pensando naquilo, ele fica pensando no que ele
esta fazendo, no que o diretor quer que ele faça. Então ele vai falar, isso aqui é o oficial,
mais às vezes o oficial tem menos força do que acontece lá, porque lá tem os problemas
e a gente reconhece isso. O currículo escrito é muito importante, os coordenadores
ficam cada vez mais sensíveis e os diretores também, mas é séculos, é séculos. Agora, a
gente não tem receio de ser contra hegemônico, não faz mal perder, o que não pode
parar é de lutar, então a gente tem que continuar lutando. Esse ano tem eleição, muda
partido, eu acho que todo esse trabalho feito ao longo desses anos contribuiu de alguma
maneira para alcançar os professores e eu acho isso importante.
12 - Você acha que pode acontecer de mudar o governo, mudar o partido e mudar
toda a concepção?
R – Eu acho que isso não acontece tão rápido e nem tão simples assim, o maior
exemplo é que os educadores do Partido dos Trabalhadores passaram oito anos
criticando os Parâmetros Curriculares Nacionais e quando eles assumiram o governo e
já estão há dez anos no governo, eles não mudaram os PCNs. Então não é assim que a
238
gente vai lá e muda um trabalho, mesmo porque é investimento, é curso, eles vão ter
que responder no ministério público se quiser jogar tudo fora agora, então eu acho que
as políticas educacionais tendem a se fincar, tendem a fincar no terreno. Eu acompanho
a construção do currículo em Várzea Paulista, já acompanhei em Itatiba, já acompanhei
em Cubatão, aqui no município e na rede estadual, eu desconheço uma outra
experiência onde houve um tempo tão prolongado de insistência, com tentativa de
manter o mesmo discurso, embora eu saiba, porque eu vejo no diário oficial também,
existem palestras sobre esporte, existe não sei que e isso da uma balançada às vezes na
cabeça do professor, porque os professores falam para mim na formação, você esta
falando isso aqui, mais eu fui na formação lá do esporte, do olimpismo e eu respondo
que isso é ótimo para você pensar na EF mas não na proposta curricular. O pessoal às
vezes deixa de ir a uma jornada pedagógica para ir à formação do campeonato porque
existem pessoas na DRE que fazem força para isso. Temos que reconhecer essas forças
e saber enfrentá-las.
Entrevista Diretora
1 - Quais foram as razões que te levaram a escolher ser diretora de uma escola? Há
quanto tempo é diretora? Há quanto tempo é diretora nessa escola?
R – Eu virei diretora de escola porque eu tinha vontade de mudar algumas coisas que eu
não achava corretas. Eu acredito muito na educação, na verdade é isso. Foi uma opção
vir para a educação. Eu trabalhava em outra área antes da educação e acredito muito na
educação pública. Eu sou diretora há dois anos e dessa escola há um ano e dois meses.
Antes de ser diretora já era professora da rede pública há quatorze anos.
2 - Qual é o seu projeto como diretora dessa escola (o que já fez, o que poderia
fazer, etc)?
R – A avaliação que eu tenho na verdade é que é um grande desafio entre aquilo que a
gente pensa e que a gente consegue realizar na prática. Eu acho que tem uma série de
fatores que interferem que extrapolam o desejo individual. Eu acho que a escola é um
coletivo e construir um coletivo na escola não é fácil. Tem a questão da estrutura que
você tem que respeitar essa estrutura. O desafio é você construir um coletivo na escola.
239
Ainda assim, em uma escola, o grupo, a equipe inteira não tem que ser igual no projeto
de educação. Então você tem que construir um projeto que contemple as diferentes
visões de educação e eu acho que cada um vai defender aquilo que acredita. Eu penso
que o maior desafio, agora como direção, daquilo que eu fiz para mim é construir a
democracia na escola dentro dos valores que tem que permear a educação de inclusão,
voltado para o conhecimento e para o desenvolvimento das pessoas e eu particularmente
penso que os problemas de conflito, porque eu também sou professora. Mas eu tenho
que me colocar como direção né? Enquanto direção é construir um projeto que se pense
na questão de uma construção democrática, participativa, mas que a gente consiga
atingir questões importantes na educação. O aluno tem que ser estimulado pelo
conhecimento para que ele possa ser instrumento para definir a sua vida no futuro
dentro do que foi possível. Entendeu? Então eu acho que essa construção coletiva ela é
difícil. Eu acho que é o grande desafio. Porque às vezes as coisas precisam acontecer e
se a gente não repensar muito, a gente acaba encaminhando as coisas de uma maneira
que não seja construção coletiva e ela é dura. Porque às vezes parece que as coisas
ficam soltas, mas enfim. Eu acho que o maior desafio na escola é você conseguir
construir esse espaço coletivo vendo, conseguindo perceber que a escola faz parte da
sociedade, que ela não é uma coisa a parte da sociedade e você tem um conjunto de
alunos que é reflexo da sociedade que a gente vive. Então lidar com essas situações, na
minha opinião, é uma coisa muito complicada.
3 - Pensando já na construção coletiva e entrando nessa questão da escola
democrática que tem muitos alunos com realidades muito diferentes e como você
disse a escola faz parte, está dentro dessa realidade complexa, quais são as
principais dificuldades que atrapalham o desenvolvimento das aulas dos
professores nessa escola?
R – Em relação ao que eu ouço de queixa do professor ou você quer saber no que eu
acredito que sejam as dificuldades?
Se você puder falar tanto no que você ouve de queixa dos professores e no que você
acredita que sejam as dificuldades seria muito importante.
240
R – Existe muita reclamação sobre a questão da disciplina, ou da indisciplina. Então a
questão do aluno estar na sala de aula e não conseguir concentração, atenção,
envolvimento na aula, a questão da violência é muito presente. Na nossa escola não tem
um nível de violência que a gente assiste em outras escolas, mas tem discussão, tem
bate boca, tem até que as vezes um menino ameaça o outro e tal, mas eu acho que no
nível do conjunto administrável frente a realidade. Então o nível de queixa é muito
grande em relação à indisciplina, da concentração, alguma situação que a família não é
tão presente em acompanhar a vida escolar do menino e isso dificulta. Fica muito nesse
nível.
Eu penso em relação a isso que é muito difícil estimular que os alunos tenham
vontade de conhecer. Essa coisa que deveria ser assim tão natural e que a gente percebe
uma fase influente nas séries iniciais, da vontade do conhecer, do fazer e chega há uma
certa altura e eu não sei exatamente o porque acontece um desestimulo. Eu acho que
tem a questão da idade, tem a questão da estrutura da escola. Eu acho cruel o aluno ficar
sentado das sete da manhã até meio dia e essa é uma dificuldade que a gente tem. Na
nossa escola particularmente, na verdade, a gente está sem um espaço de escola, a gente
está em um espaço provisório há um ano e pouco porque o novo prédio da escola está
sendo construído ao lado, então a gente tem uma limitação de espaço infinita. Quando
entrar propriamente na área que está sendo seu objeto de estudo, de EF, a gente não tem
espaço, a gente não tem quadra, a gente tem um improviso. Esses fatores influenciam
bastante, mas eu penso como a gente falou anteriormente, como a escola é reflexo da
sociedade, ela não está desligada, nós vivemos em uma sociedade que em nível da
escola é uma contradição, porque exige um conhecimento para passar no vestibular,
para fazer uma entrevista, para fazer um concurso e ao mesmo tempo ela não estimula o
conhecimento como um ponto, ahm, simplesmente não valoriza o conhecimento. Eu
acho que a escola teria esse papel. Ela não teria que estar voltada nem para o mercado
de trabalho, nem para o vestibular, nem para o vestibulinho (que os alunos do Ensino
Fundamental fazem para passar nas escolas técnicas). Ela teria que estar pautada encima
do conhecimento, estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura, o encantamento
pelo conhecimento. Eu vejo esse o nó central. O nó dos educadores com os alunos. A
gente não consegue estimular, às vezes eu acho que no coletivo a gente nem percebe. É
um ponto difícil também de tocar no coletivo, porque eu acredito que os professores,
eles fazem aquilo que eles acham de melhor. Eu não acho, eu não percebo que a gente
tem um coletivo de professores que não queiram trabalhar, que enrolam, que se
241
amarrem, eu não acho isso. Eu acho que é um grupo, mas que tem alguns pontos que
são difíceis de a gente tocar. Por outro lado, eu acho que a gente tem uma jornada
bastante extensa. Muitos dos professores, e é o meu caso também, a gente tem acúmulo
de cargo. Então quando você precisa trabalhar em um lugar e no outro para a sua
sobrevivência é cansativo, é cansativo na hora de preparar aula, na hora de corrigir as
atividades e na hora de preparar as aulas. A paciência diminui, tem uma série de fatores.
Acho que não é um único fator. Acho que aquela escola que tem um professor
acomodado, acho que não é isso. Acho que o professor (essa é uma leitura que eu faço
dos professores dessa escola enquanto diretora) é um grupo que é interessado, mas ai
tem. Primeiro que não se discute o que é educação, o papel da educação, a gente discute,
mais discute pouco, muito menos do que deveria. Para você ampliar um pouco o
universo, a troca, entender o que o outro realmente pensa de fato, então acontecem
algumas situações, que elas são pontuais, podem ser resolvidas, mas são resolvidas da
maneira que dá. Eu acho que. Acho que se a gente tiver... Por isso que eu sempre falo
em processo de construção e às vezes eu me pego em algumas contradições também né,
porque quando você fala em processo de construção, a construção leva tempo e às vezes
você precisa de respostas imediatas entendeu, e isso até complica, porque às vezes a
gente enquanto direção tem que ter algumas respostas e que não da tempo de fazer essa
construção então fica uma contradição.
Pelo que eu entendi você acha que a questão da própria estrutura da escola
dificulta o trabalho dos professores, a questão dos professores que tem que
trabalhar demais por uma questão de sobrevivência dificulta e você acha que essa
questão da escola é complexa, não pode ser entendido como algo simples, tem
muitos fatores que influenciam?
R – Tem muitos fatores, tem os fatores que a gente chama de externos, mas também é
uma contradição chamar de externo já que a gente está falando que a escola faz parte do
sistema, então aquilo que acontece lá fora, na sociedade, lá fora entre aspas, nos muros
de fora da escola, eles também são fatores internos, porque essas crianças vêm da
estrutura de família que tem, vem da estrutura da sociedade que tem e vai convivendo
dentro disso. É isso que elas trazem dentro do espaço escola, entendeu? E o que elas
levam da escola, também não acho que a escola seja um espaço limitado, às vezes eu
acho que a gente limita mais do que a potencialidade que esse espaço tem. Eu acho
242
assim, que a escola pública é um espaço privilegiado, principalmente com concurso
público que os professores são efetivos, você pode conquistar a permanência de um
grupo, eu acho que é esse um projeto que eu tenho, quando você conseguir estruturar a
permanência de um grupo sem tanta remoção e esse grupo possa se conhecer e
aprofundar um trabalho. Então eu acho que a escola é um espaço privilegiado que a
gente poderia desenvolver muitas coisas interessantes, muitas mesmo e algumas coisas
não acontecem.
Então você acha que se você estivesse em uma escola com um grupo de professores
que construíssem um conhecimento, ficassem na escola, tivessem uma formação,
isso poderia facilitar a implementação de uma proposta curricular e até mesmo na
dinâmica da aula do professor?
R – Acho, acho sim. Acho que você tocou em um ponto que eu ainda não tinha
verbalizado porque a formação permanente do professor é um ponto muito importante.
Acho que assim, o acesso ao mestrado e não só estudos internos, o professor tinha que
acessar outras possibilidades, outros estudos ampliados sabe? É fundamental isso.
4 – Na sua experiência como diretora e conversando com os gestores e com outras
pessoas que não estão dentro da escola, mas que realizam a gestão da escola. Essa
estrutura de fora da escola, a gestão, existe algo realizado de fora da escola que
atrapalha aqui dentro?
R – Então, olha. Tem sim. Nem sei seu poderia falar isso nominalmente porque às vezes
dentro da estrutura a gente não pode se colocar. Mas tem sim, tem uma estrutura que
você tem que seguir e tem que cumprir. Então tem algumas coisas que a escola tem
autonomia, para outras a escola não tem autonomia. Ela está dentro de uma estrutura,
dentro de um plano, dentro de uma programação e que você tem que cumprir.
Então, sem entrar em uma questão mais profunda, existem algumas questões
externas que se a escola tivesse mais autonomia poderia ter um andamento mais
positivo?
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R – Acredito que sim. Certa autonomia nós temos. Acho que nós temos algumas
autonomias sim. Dá para construir. O que eu sempre penso é que existe uma
contradição. A estrutura ela existe e você esta subordinado a ela. A gente está
subordinado e tem que seguir alguns parâmetros que estão estabelecidos e que você não
pode fugir, mas também tem espaço de construção, acho que tem as duas coisas.
Existem questões limitadoras, mas tem sim espaço para construir.
Mesmo com essas limitações você acredita que com esse espaço de construção e
com a permanência dos professores, ou seja, uma escola que está bem estruturada
consegue realizar um bom trabalho?
R – Eu acho. Apesar dessas limitações, eu acho de verdade que tem que se discutir
política educacional e política de sociedade. Eu acho que você discutir uma política, o
modo de organização da sociedade não está desligado da escola que você vai ter, agora
mesmo assim, ainda estando no modelo que a gente vive e nessa estrutura ainda acredito
que na escola é possível uma construção e avançar nas construções que a gente já tem.
5 - Os professores relatam algumas dificuldades ou facilidades para por em prática
todos os conteúdos presentes na proposta curricular da EF?
R – A nossa escola, assim, e eu cheguei aqui e ela já estava assim. Eu cheguei estava
acabando de derrubar o lado de lá para construir. A gente está em um momento difícil,
porque na verdade a EF pressupõem um ambiente. Um ambiente de EF tem que existir,
acho que deveria existir sala ambiente de todas as outras áreas, mas ela tem que existir,
tem que existir um espaço físico e a gente não tem esse espaço e olha que os professores
tentam fazer uma adaptação. Nós temos professores muito empenhados, porque eles
usam esse espaço aqui que a gente tem que não é uma quadra, que ele é interrompido
nas horas dos intervalos, então a gente tem um espaço pequeno, uma estrutura pequena
para desenvolver as atividades. A adaptação possível é que a gente tem um clube aqui
perto então o ano passado os professores levaram os alunos do período da manhã o ano
inteiro e a gente vai usar denovo esse ano e eu até já fiz uma cartinha para levar para a
diretora do parque e eles cedem os espaços para a gente usar, mas de uma forma
adaptada porque mesmo sendo perto dentro do período de aula você tem que se
deslocar. É um pedido dos professores de EF fazer aula de dobradinha para eles terem o
244
espaço mais tranquilo, mas você também têm que adequar essas dobradinhas na
possibilidade de horário dos outros professores por causa dos acúmulos. Então foi uma
reivindicação dos professores que as aulas fossem de dobradinha que já tinham pedido o
ano passado, mas a gente ainda está tentando fazer essa adequação, mas você precisa
fazer essa adequação com acúmulos, com a possibilidade dos demais professores de
horário entendeu? Então você tem que fazer um casamento. É difícil de te falar na
proposta de EF, principalmente o ano passado e esse ano nessa escola porque a gente
não está nem em um “espaço normal”, que você tenha a quadra, entendeu? Que você
tenha um espaço interno na escola de circulação nós não temos, isso então dificulta
muito.
Então já vai fazer mais de um ano que esta tendo essa reforma na escola?
R – Isso. Começou o ano passado. Cheguei nessa escola em janeiro e já e estava
começando junto essa reforma.
Então como não existe um espaço adequado esse é um fator que dificulta a aula?
R – Sim. Influência bastante
Tirando essa questão do espaço você acha existe algum outro fator que influência
na aula de EF? Pensando no seu olhar como diretora.
R – A EF eu vejo é que tem um facilitador dos meninos terem um desejo muito grande.
A EF desperta e eu vejo também que assim, de possibilidades que a EF pode propiciar,
além da atividade física em si, as relações humanas de uma maneira muito especial. Os
jogos integrativos, o respeito, a aceitação de regras e a convivência no grupo. Então,
acho que tem o dificultador do professor de EF cruel, de uma forma muito objetiva
assim, por exemplo, o professor de EF tem uma exposição ao sol. Eu particularmente
penso que o Estado deveria dar protetor solar porque isso deveria ser equipamento ali de
trabalho, de prevenção de risco de doenças, então isso eu acho que é um ponto. Por
outro lado, eu não sei, eu tenho um olhar tão encantador pela EF por essa vontade dos
meninos de irem, por essa cobrança pela aula de EF entendeu? Então, eu penso que esse
espaço privilegiado é um facilitador para o professor trabalhar, porque quando você esta
trabalhando em sala de aula em uma situação que os meninos não possuem
245
encantamento por aquilo que você tem que trabalhar dentro da sala em um espaço
fechado, eu acho que esse é um dificultador que a EF não tem. Agora os dificultadores,
nesse momento eu enxergo o espaço
6 - A EF é uma disciplina valorizada pelos diferentes gestores políticos que
passaram pelo governo (disponibilidade de verbas para compra de materiais e
manutenção da infraestrutura) e pelos outros professores?
R – Eu acho que por muito tempo e ainda por parte do grupo, algumas disciplinas como
a EF, Artes, Geografia e História pelo próprio cunho de sociedade que a gente vive, elas
tiveram sim e até muito recentemente ainda tem um pouco um olhar como algo
secundário do ponto de vista curricular. A disciplina é legal, é bacana, que os meninos
queimam energia, mas eu acho que esse olhar está sendo mudado. Eu acho que cada vez
mais um grupo maior esta conseguindo enxergar a importância mesmo curricular da EF,
de Artes, dessas disciplinas que eram consideradas, que alguns brincavam “perfumaria”,
entre Português, Matemática, Química, Física, Biologia. Eu acho que esse olhar está
mudando. Ainda têm alguns problemas, por exemplo, o ano passado o professor
escreveu a meninada no campeonato, então no horário do treinamento teve um
pouquinho de conflito, porque os alunos tinham que perder aula para fazer. Então tem
algumas coisinhas difíceis, mas eu acho que o olhar está mudando, está mudando um
pouco. Eu acho que isso vale para a EF e vale para todas as áreas. Eu acho que o dia que
o coletivo enxergar a importância em pé de igualdade de todas as disciplinas, a gente vai
dar um grande salto e fazer um trabalho interdisciplinar também melhor. Eu acho que
falta a gente se enxergar enquanto grupo de educadores, conseguir enxergar o papel de
cada área, eu acho que também falta isso, talvez até eu nessa conversa com você esteja
pensando em planejamentos novos e tal, as áreas poderiam se colocar um pouco. O que
significa a sua área o trabalho da sua área porque talvez em conjunto eu consigo olhar
para aquilo que eu não conheço.
Você recebeu algum curso de formação sobre as orientações curriculares da EFE?
R – Sim. Recebemos as orientações. Existem as reuniões de orientação de inicio de ano
que tocam na questão curricular. Eu particularmente não participei de um curso que vá
discutir as propostas curriculares especificas de cada disciplina. Também, isso eu
246
acredito que esteja mais voltado na escola municipal para a coordenação que tem ações
permanentes, normalmente nas sextas-feiras em que essa questão que envolve o
pedagógico fica mais voltada para a coordenação. Eu até gostaria, de verdade, que a
direção estivesse mais envolvida na questão do pedagógico, então quanto mais situada
tiver melhor, mas essa questão é muito mais direcionada para a coordenação.
7 - O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos
professores e dos professores EFE na sua escola?
R – Acho que são tantos fatores conjugados. Eu acho que o professor precisava estar
com o pé inteiro na escola, porque é preciso de tempo para pensar junto esse espaço. Ele
não poderia estar sobrecarregado de tantas atividades porque a escola ela é desgastante,
as relações humanas são, e você está trabalhando com adolescentes e pré-adolescentes,
então eu acho que o professor precisava ter um tempo, falta mais tempo para a gente
refletir o processo que a gente vive. Eu sinto isso. Às vezes existe conflitos em situações
pequenas que se a gente tivesse mais tempo de todos juntos na escola superaria esses
conflitos com certeza. Eu acho que a questão da valorização salarial para fixar o
professor na escola, acho que a questão do acesso a formação, a questão de você
conseguir enxergar quem é o seu aluno, como trabalhar com esse aluno. Tem algumas
coisas que a gente precisa respeitar e pronto, você não consegue, cada um tem seu jeito
de trabalhar etc, mas tem algumas questões que elas poderiam permear e melhorar a
questão da formação continuada do professor, a questão do número de alunos por sala
de aula. Eu acho que se você consegue trabalhar com um número menor, os professores
conseguem ter um olhar mais próximo a esse aluno.
O cotidiano escolar é desgastante?
R – Muito desgastante. Uma coisa é você analisar uma escola de fora dela e outra coisa
é você analisar uma escola no cotidiano dela, porque tem muitas coisas que acontecem
que você não imagina. Às vezes a gente faz a nossa agenda do dia, ai você senta no final
do dia com a impressão que você não cumpriu. Se você for pontuar foram tantas as
ocorrências, é claro que a gente tem um trabalho em equipe, a direção não faz nada
sozinha. A direção eu acho que sozinha ela não é ninguém, mas ela é necessária. Eu
acho que eu tenho um papel, eu acho que eu assumo um papel enquanto direção, mas a
247
escola né, tem um grupo, os professores, os outros funcionários, mas eu acho que o
cotidiano é sim, muito desgastante e na sala de aula mais ainda, porque você tem que
fazer a leitura da sala, se relacionar com a sala e depois de 50 minutos você está em
outra sala.
Se o professor tiver mais de uma escola ele terá mais dificuldades pensando nessa
questão?
R – Com certeza. O professor tem que pensar em muitos alunos todos os dias e ninguém
consegue fazer isso. Eu acho que humanamente é muito difícil você conseguir dar conta
de uma turma tão extensa. A educação ela é complexa. Se você tiver uma sala de aula,
vamos pensar no Fund I que é uma sala de aula. Eu acho que eles têm uma condição
melhor de enxergar quem são seus alunos com a mesma dedicação que tem o Fund II,
não acho que os professores do Fund I são menos dedicados, mas eles estão
cotidianamente mais presentes, eles tem um grupo de alunos numericamente menor,
claro que tem toda a complexidade, eu não estou negando, mas eles podem acompanhar
cotidianamente, acho que essa é a diferença.
Então deixa eu ver se consegui entender. O cotidiano é complexo, são muitos
fatores dessa complexidade que dificultam o professor implementar uma proposta
curricular, existe uma estrutura fechada que necessita ser seguida, embora mesmo
com essa estrutura ainda existe autonomia da escola para muitas questões e mesmo
assim existem professores que com todas essas dificuldades se empenham e tentam
fazer um trabalho melhor possível pensando na proposta curricular. Também
existem fatores que facilitam e você acha que na EF, pela vontade dos alunos
participarem da aula esse é um fator que facilita e principalmente o que mais
facilitaria a implementação de uma proposta curricular seria que houvesse
professores dentro da escola por bastante tempo e que essa construção coletiva e
democrática se permeasse na escola, pensando que o professor pudesse ficar na
escola por mais tempo, tivesse um salário mais digno que não precisasse ter
acúmulo de cargo e nessa escola quanto mais tempo permanecesse aquele grupo,
talvez melhor essa implementação da proposta ocorreria?
248
R – Acho. Acho que a questão econômica ela não justifica por si. Eu não acho que é
assim. Eu dei uma aula ruim porque meu salário é pequeno. Eu não acho que é assim.
Eu acho que o educador ele está na escola, na direção ou em qualquer instância na
estrutura da escola, ele tem que se empenhar ao máximo. Eu acredito na luta para
melhorar essas condições. Particularmente, acho que só coletivamente que a gente vai
construir esse tipo de mudança.
Entrevista Coordenador 1
1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser coordenadora de uma
escola? Há quanto tempo é coordenadora? Há quanto tempo é coordenadora nessa
escola?
R – Que me levaram a ser coordenadora, porque eu achava que dava para fazer um
trabalho mais integrado entre os professores. Eu queria ser uma pessoa que fizesse essa
articulação. Nessa escola eu estou há oito anos e de coordenadora mesmo quinze anos.
Atuei mais quinze anos como professora, portanto tenho trinta anos de experiência em
escolas públicas e privadas.
2. Como é coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola?
R – É difícil, não é fácil. Porque cada um traz as suas experiências, traz suas histórias e
o pior de tudo é que você trabalha com concepção de educação. Então algumas
concepções batem com a... Porque além de cada um trazer a sua, nós temos a concepção
da rede. Então às vezes a pessoa quer fugir e ela tem que entender que trabalhando em
uma rede tem que respeitar alguns limites.
Especificamente com o professor de EF, como é a sua relação?
R – Eu sempre tive bom relacionamento com qualquer professor, mas com o de EF a
gente sempre tem uns impasses assim, porque até agora a gente está trabalhando com as
orientações curriculares de EF, onde mostra que a EF não é só treino, treino, treino...
entendeu? Até nos planejamentos aparecem outras formas de expressão e alguns
professores têm algumas concepções antigas, tradicionais, antigas mesmo, porque não
são tradicionais. Ele acha que ainda é jogar bola. Que o professor de EF é para jogar
bola.
249
Então você possui algumas dificuldades no seu relacionamento com esses
professores em alguns momentos?
R – Já esteve pior. Agora está bem melhor. Esse pessoal novo que está chegando, recém
formado, está muito melhor.
Com os professores que estão aqui nessa escola hoje o seu relacionamento é
melhor?
R – Esses de hoje sim. Os que estão aqui na nossa escola foi um grupo diferenciado.
Porque é assim né. Não é que nós não participamos de campeonato, nós participamos de
tudo, nossa escola é uma das escolas que mais participam de tudo na rede, mas não é
aquele único sentido da competição, da vitória. Tem a parte da participação mesmo,
colaboração.
3. Comente como tem ocorrido a implementação da Proposta Curricular da EF
nessa Escola?
R – Não está sendo tão fácil assim. De um dia para o outro não muda. Porque muitas
vezes o professor quer fazer para ver no que vai dar. Então assim, toda hora dou uma
“cutucadinha”, que a gente chama de intervenção pedagógica, chama atenção para uma
coisa. Eles fazem a formação que a gente chama de JEIF (Jornada Especial de
Integração). Eles participam desses estudos, então, tem a parte teórica e depois a gente
pede para colocar em prática. Isso vai mostrando e desmistificado alguns pensamentos
antigos.
Realizar a JEIF facilita a implementação da proposta curricular?
R – Eu acredito. Por ter trinta anos de escola pública, nós trabalhamos, nós garantimos
esse espaço de estudo. Eu acredito que melhorou muito com esse espaço. Não é 100%,
mas melhorou muito.
4. As aulas de EF nessa escola estão ocorrendo de acordo com as orientações dessa
proposta?
R – As aulas de EF ocorrem com muitas dificuldades devido aos problemas da escola e
algumas dificuldades que nós temos dentro da escola pública.
250
5. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática os conteúdos
presentes na proposta?
R – Nós temos vários tópicos. A nossa escola hoje, por estarmos em reforma, nós não
temos quadra. Então, isso a criança reflete essa falta de espaço, tanto nas aulas de EF
como nas outras aulas. Elas precisam de espaço, precisam ter esse movimento. Outro
ponto é o próprio material da EF. Então, às vezes ele quer dar uma atividade e nós
temos duas verbas que chegam na escola, então bimestralmente eu peço para eles
fazerem a relação e eles me dão tudo o que precisam, que eu compre bola de todos os
tipos, colchões de todos os tipos, tudo o que eles precisam eu compro. Nada assim,
caríssimo, mas tudo que está na verba da prefeitura a gente compra. Agora, fora isso, a
gente tem muito assim. O que me dói mais hoje é a falta de participação de alguns
alunos. Então assim, as meninas a gente solicita que venha de uniforme e não o
uniforme da prefeitura, qualquer roupa que possa ter movimento. Eles querem vir de
calça agarrada, salto alto, que já é uma forma de não querer fazer EF. Outros preferem
ficar encostados, querendo mexer em celular. Então assim, a proposta de EF não é só
um problema dentro da escola é um problema de toda a comunidade. Então essas
atividades como o Dia do Desafio e outras, a virada esportiva, acho que tem que chamar
essa meninada pra isso, porque é uma meninada muito mais obesa, muito mais parada e
a brincadeira, o esporte deles é ficar no vídeo game. Então eles mesmos estão se
negando a fazer EF.
Os professores relatam para você que a principal dificuldade é a resistência do
aluno?
R – Isso. A resistência do aluno.
Existe alguma questão burocrática que o professor necessita realizar que
influência na prática pedagógica?
R – A única questão burocrática que pode dificultar é o diário de classe, a chamada que
existe. Mas no horário de estudo eles tem um horário que para fazer isso, registrar todo
esse conteúdo. A chamada tem que ser feita, não tem como fugir, agora outro motivo
burocrático não vejo não.
Você tem autonomia para colocar em prática todas as ideias que você acredita ou
existem questões externas à escola que impossibilitam?
251
R – Não, não tem não. A gente tem autonomia, mas é a longo prazo. É o que eu te falo.
Tudo que você for tentar tem que tentar sabendo que você trabalha com pessoas com
concepções de educação. Então quando tem um professor que acha que ele tem que dar
futebol o ano inteiro, para você mexer com esse professor não é de uma hora para outra
que você muda. Então você tem autonomia. Eu chamo, a gente conversa, a gente estuda,
vê outras práticas, mas têm que vir dele essa mudança, porque é que nem aluno, se eu
for só assim ferro e fogo não adianta. Se eu falar oh você vai dar aula assim, assim,
assim. Eu não tenho a especialização na EF, eu tenho a metodologia e a didática dentro
da pedagogia. Então eles querem discutir comigo muitas vezes algumas especificidades
da disciplina ou da área e o meu negócio não é esse. O meu negócio é a metodologia e a
didática para chamar esses alunos para a aula. É fazer com que essa aula seja
interessante e participativa.
6. Existem discussões entre professores e coordenadores sobre a prática
pedagógica da EFE e as orientações da proposta curricular?
R – Sim. Em todas as reuniões tem isso. E assim oh, como o projeto da prefeitura é o
projeto ler e escrever nós trabalhamos tudo com gêneros. Então também o professor de
EF ele trabalha com algum gênero. Então, por exemplo, a própria regra, trabalhar uma
regra com um aluno, uma regra de um jogo, uma regra de um esporte. Isso já esta dentro
do ler e escrever também, a gente tenta fazer tudo articulado, então se a gente vai usar
um, por exemplo, hoje ainda tava dando lá alguma coisa sobre os cem anos no
Mazaroppi, então tem que ser juntado um assunto que a gente vai tratar
interdisciplinarmente. Dentro da área nessas reuniões a gente discute desde as
orientações e o que aquilo meche com EF, porque EF como as outras disciplinas, elas
não são soltas no ar, elas são interligadas e às vezes o professor acha que a sua matéria,
a sua disciplina é distante do mundo e ela não é distante do mundo. Quando ele começar
a perceber que a EF, a Matemática, Ciências, História, Geografia estão todas ligadas, ele
já se torna um professor diferenciado.
A prefeitura de São Paulo realiza um número de paradas pedagógicas suficientes
para realizar essas discussões?
R – O número de paradas não é suficiente. Então assim, hoje a gente trabalha também
com muitas necessidades econômicas do professor. Então, você vê, qualquer curso que
o professor vai fazer um mestrado, uma pós-graduação ou qualquer curso de extensão
252
tudo requer custo e infelizmente e agente como professor, porque eu também sou,
muitas vezes não consegue ficar em um serviço só. Então o professor cava, a internet é
um amigão da gente poder usar para estudos, mas outros recursos financeiros muitas
vezes você não tem e o número de paradas da escola elas são poucas porque os assuntos
não são só os pedagógicos, muitas vezes entram os problemas disciplinares ou os
problemas administrativos que também requer um tempo dessas reuniões.
Acumular cargo por não ser valorizado financeiramente dificulta a prática
pedagógica?
R – Acumular cargo dificulta em todos os sentidos. Em todos os sentidos mesmo porque
enquanto coordenação, você tem as suas responsabilidades de casa, as responsabilidades
de filho e você precisa sustentá-los, então se em um lugar não dá, você tem que procurar
outro e infelizmente é assim e o professor de EF é um dos que você vê que trabalha de
manhã, tarde, noite em academia ou personal, ele está sempre com várias atividades.
Então a gente tem que pegar esse professor a laço.
Então se o professor tivesse apenas um trabalho e ficasse em apenas uma escola,
isso facilitaria muito a implementação da proposta curricular?
R – Isso, facilitaria muito, mas não é só o tempo naquela escola, é o tempo bem
trabalhado naquela escola, porque também se você der o tempo e ele também não
estiver afim de fazer nada ele vai continuar na mesma coisa, porque é assim, mesmo ele
tendo todos esses acúmulos, tudo isso você vê professores que se destacam, vê
professores que estão afim de abraçar várias causas pela educação e às vezes um
professor que nem acumula e ele fica no canto dele e se torna aquela ilha que eu te falei.
O empenho do professor é muito importante então?
R – Olha, eu sou antiga. Eu acho que é compromisso do professor com a educação,
porque quando ele tem um compromisso, mesmo que a hora é curta você corre, você se
mata, fica lendo jornal no metrô, se informando de tudo que é jeito, mas é o
compromisso do professor o que mais importa
7. A postura dos demais professores frente à Educação Física influencia na prática
pedagógica dos professores dessa disciplina?
253
R – Isso ai é complicado, porque assim, eu mesma, porque cada professor puxa para sua
área, por mais que a gente fale assim, não todas são importantes, muitas vezes um
discrimina o outro. Mas também a EF acho que ela está cada vez mais entrando no
currículo geral da escola, porque por muito tempo era como se fosse uma aula de lazer
ou então só uma prática para campeonato. Quem ia treinar fica treinando, os outros
ficavam sentados olhando e um bobo apitando, era sempre assim que ficavam as coisas.
Agora a própria prática da EF é muito importante se você vê até nos casos de
preconceito hoje em dia o quanto o professor de EF é importante nisso, às vezes um
professor de Português, de Matemática não tem acesso há uma criança ou adolescente
como o professor de EF. Parece que essa área traz essa abertura do entrosamento maior
na relação professor e aluno.
Essa boa relação dos professores de EF com os alunos facilita a prática
pedagógica?
R – Em todos os sentidos. Na EF isso acontece mais. É impressionante que assim,
acontece muito mais do que em uma aula dentro da sala de aula.
8. Você já recebeu algum curso de capacitação sobre a proposta curricular da
EFE?
R – A gente não tem uma capacitação assim, especifica da área, hoje a gente vai discutir
sobre Matemática, amanhã sobre Português. O nosso projeto é ler e escrever e o
conviver no século XXI, então nós trabalhamos nessas duas frentes. Então o conviver
que a prática de interação entre os seres, o crescimento do cidadão na escola e a outra
que é o ler e escrever em tudo. Então que nem eu te falei, quando ele está ensinando o
aluno a ler uma tabela de jogo, aquela coisa, quantos pontos fez um, quantos pontos fez
o outro, quem vai para a segunda fase, então isso faz parte do ler e escrever. Então não
existe isso, hoje nós vamos estudar Matemática, Português, História, é o ler e escrever e
o conviver em todas as áreas.
E essas discussões ocorrem quando você é capacitada pela prefeitura de São
Paulo?
R – A gente também é capacitada, a nossa capacitação também é curta porque ao
mesmo tempo é insuficiente porque assim, porque ao mesmo tempo eu também não
posso sair da escola. Então a gente sai da escola no 1º semestre umas seis vezes e no 2º
254
semestre mais umas seis vezes, geralmente de sexta-feira, mas também tem todo esse
prejuízo de você não poder deixar a escola vazia. Então seria até importante, vamos
fazer uma capacitação de três a quatro dias por semana ou aumentar pelo menos um ou
dois dias, só que tem o problema de você estar na escola com todos os seus afazeres,
então é complicado, no caso de coordenador também não tem substituição, ou você faz
ou você faz. Não tem outro.
Então quando ocorrem as capacitações você necessita voltar e ainda dar conta de
todo o trabalho que teria que ser feito naquele momento?
R – Isso mesmo
Você percebe se a prefeitura oferece cursos de capacitação para os professores de
EF?
R – Olha, é o que eu te falei, a prefeitura oferece curso de capacitação para todo mundo,
dentro do horário e fora do horário. Quando é dentro do horário o problema maior são
os acúmulos, então muitos professores, citando aqui o nosso professor, ele trabalha aqui
com a gente, ele sai, vai para uma outra escola e depois de noite ele volta para fazer esse
horário de estudo, então são três idas em vindas das duas escolas todos os dias. Quando
eles colocam os cursos, muitas vezes assim, se ele vai fazer o curso pela minha escola
ele não consegue chegar na outra e não tem dispensa de ponto, tendo que perder o dia.
Fica pior se o acúmulo ocorre entre estado e prefeitura, porque se é tudo na prefeitura a
gente ainda consegue fazer alguns acordos, mandar um memorando que a pessoa está
fazendo curso, mas agora quando acumula com o estado ou outro tipo de escola privada
ai não tem acordo.
9. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos
professores de EFE na sua escola?
R – Olha, eu já te falei, eu sou antiga. Na minha concepção o que falta hoje não é
capacidade dos professores de conhecerem as suas disciplinas. O que falta hoje é
didática e metodologia para isso. Os professores têm que saber, estudar, descobrir que
na prática o aluno não é aquele aluno acadêmico que aparece na Universidade. Muitas
vezes o que a gente vê na Universidade, na Faculdade, na prática é muito diferente.
Então eu acho assim, cada vez mais têm que ter o estágio remunerado e nós temos
alguns casos de muito sucesso como as meninas da 1º série de alfabetização que são
255
estagiarias de Pedagogia que chegam aqui com um olhar e já saem professoras
maravilhosas porque tem essa bagagem, agora a gente sabe que o aluno também, muitas
vezes para pagar a Universidade ele tem que trabalhar, então muitas vezes não faz um
estágio bem feito e por isso chega na escola achando que a coisa é diferente.
Então você fica com a ideia que a realidade é aquela que você viu na Universidade
e não é?
R – Não é porque assim. Não existe a teoria sem a prática e não existe a prática sem a
teoria, porque também se você falar que eu sou bom na prática, é uma prática vazia e se
você também falar eu sou bom só na teoria, você não consegue aplicar. Então eu acho
que o que mais falta hoje nos professores é a didática de ensino.
Você acha que também precisaria melhorar a questão salarial, diminuição do
acúmulo de cargos, a relação do professor com o aluno, essa questão da
indisciplina ser muito forte. Precisaria existir alguma mudança nesses aspectos
para ocorrer a implementação da proposta curricular?
R – Olha, essa parte toda de dinheiro eu chamo de condições. Eu acho que a escola, para
o professor ter um bom trabalho, a escola tem que dar o mínimo de condições. Então
assim oh, é lógico que também existem profissionais e profissionais, tem professor que
só falta querer que você vá dar aula para ele também, mas assim, a escola tem que dar
condições para esse professor e a prefeitura, no caso por sermos funcionários públicos, a
prefeitura tem que dar essas condições para nós e ao mesmo tempo quando ela não dá
essas condições é que você procura trabalhar em tudo que é canto. A gente conhece, não
na nossa escola graças a deus, mas a gente conhece professores de EF em escola que
não tem bola, que não tem um arco, que não tem um colchonete, que não tem nem um
apito e se o professor quiser ele que compre do bolso dele. Isso muitas vezes são rendas,
são aplicações, são dinheiro público que não está sendo bem gasto. Então a gente tenta
gastar esse dinheiro público para dar o mínimo de condições para que esse professor
consiga aqui dentro fazer o seu trabalho, só que fora essas condições aqui dentro, eles
precisam também de outras condições. Você vê, além dos acúmulos, o trânsito. Ah o
professor tem carro á mais fácil para acumular. Às vezes o trânsito que a gente pega é
muito mais fácil ir de metro do que ir de carro. Então, esse problema financeiro, esse
problema político mesmo invade todas as áreas, não é o caso da EF, é toda a Educação.
256
Essas relações são muito complexas?
R – É completamente complexo e assim, às vezes a gente está motivado, não pelas
coisas externas, porque na verdade o que vai te motivar a ser professor e que nem eu, há
ter 30 anos só na prefeitura são os alunos. Você não pode esperar nada de ninguém de
fora, porque não vem, nós estamos em um momento de greve, de paralisação, de
movimento, agora o que te faz acordar de manhã e vir trabalhar são os alunos, eles que
te atraem.
E mesmo com essa questão da indisciplina e dos problemas com o aluno para o
professor conseguir implementar essa proposta vai necessitar de muito empenho e
não esperar nada das condições de trabalho ?
R- Isso mesmo, porque se você for esperar todas as condições. É igual a ter um filho, se
você for esperar todas as condições você não tem porque sempre esta faltando alguma
coisa. No caso da indisciplina, o professor muitas vezes deve se despir de muitos
preconceitos, de muita coisa porque hoje as crianças chegam de uma sociedade
diferenciada. Nós trabalhamos nessa escola aqui no Tatuapé, nossa escola é bem
localizada, mas nós temos aqui três favelas que a gente chama de comunidade. Nós
atendemos essas três comunidades. Nós temos crianças que vem com motorista
particular porque estudava em escola particular, foi reprovado e a mãe colocou aqui de
castigo, pos na escola pública e nós temos poucas crianças que são do bairro. Então essa
relação entre todos eles é complicada, se o professor não fizer esse elo, ele não
consegue. Ai o consumismo começa a falar mais alto do que a amizade e a autoridade
do professor. Então em vez de estarem querendo participar da atividade eles estão
competindo para ver quem tem o tênis importado.
A diversidade cultural é um fator complicador?
R – É um fator complicado, mas para você ver quando o professor é bom ele aproveita
até disso para mostrar que isso é a parte. Que não é o tênis caro ou a roupa de marca ou
não sei o que, que vai segurar esse aluno. Que muitas vezes, até isso para vocês
estudarem é importante, os alunos que mais se destacam em competições são os alunos
que possuem mais problemas de indisciplina. Então alunos inquietos, que não
conseguem se concentrar naquelas quatro paredes, olhando para a nuca do amigo que
está na frente.
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Os professores de EF sentem dificuldade de trabalhar com os alunos que são
indisciplinados, que tem falta de atenção e concentração?
R – Sim. Por isso que o projeto da prefeitura é o ler e escrever. Nós não estamos felizes,
as nossas notas na prefeitura, a educação no Brasil não está bem. Às vezes eu fico
chateada, porque eu queria ir para o interior, você pega as notas do interior e as notas da
capital, a diferença é muito grande. Estamos muito abaixo do interior de São Paulo. Mas
assim, essa diversidade que a gente trabalha, chegam crianças aqui, de outras escolas
que vem para o nossa no 6º ano, que mal sabem escrever o nome. Isso já faz, muitas
vezes que o aluno por já não saber disso ele fica indisciplinado. Os fatores da
indisciplina são vários. Então a melhor coisa para o professor é o que o professor de EF
faz muito bem feito, é conversar com esse aluno e ver onde está pegando isso ai, onde
está sendo a pedra no sapato do aluno. É como os professores de EF se abrem com eles
e com elas. Temos também aqui na escola a professora de EF. Às vezes o professor
percebe que a dificuldade física dele, ele consegue superar, mas a dificuldade de ler e
escrever é muito maior porque a defasagem foi muito grande. Ele se sobressaindo em
um jogo, em um campeonato, alguma coisa, ele começa a ter uma auto-estima
diferenciada, porque na quadra ele consegue e dentro da sala de aula ele não consegue.
Os professores de EF possuem dificuldades de trabalhar com alunos que possuem
necessidades especiais?
R – Olha. Tem. Mas até nisso eu já tive professores que se sobressaem perante aos
outros. No ano passado nós tivemos um professor que ele já tinha essa experiência,
então ele trouxe para gente uma experiência muito bonita. Porque nós temos hoje,
muitas crianças, muitos cadeirantes, então mesmo sendo cadeirantes eles tem
diferenciações nas necessidades, mas os nossos aqui são aqueles que nós chamamos de
PC (crianças que tiveram paralisia cerebral) e mesmo assim ele conseguiu trazer um
jogo que eu mesma enquanto pessoa, enquanto profissional eu nunca tinha visto que são
adaptações para a cadeira de rodas para que as crianças pudessem participar da
paraolímpiada. Nós não chegamos a participar, nós ainda não conseguimos, mas nós
temos vontade. Então, assim, você vê, foi uma coisa que um professor plantou uma
sementinha e que a gente acredita que vai brotar aqui na escola.
Isso de novo foi o empenho do professor?
258
R – Empenho do professor e assim, não tem nenhum mérito para a coordenação, para
direção, é o professor enquanto ser humano, enquanto pessoa. O melhor professor é
aquele professor inquieto, é aquele professor que quando vê as coisas ele não se
acomoda, ele vai atrás, aquilo mexe com ele enquanto ser humano.
Então nós estamos em uma escola que possui alunos com alto padrão financeiro,
com baixo padrão financeiro, com dificuldades de aprendizagem e com
necessidades especiais. O professor precisa saber lidar com todas essas situações
para conseguir implementar uma proposta curricular?
R – É uma tarefa árdua, mas não é impossível, porque mexer com uma criança, formar
um cidadão não é impossível, agora não pode desanimar. Infelizmente a gente vê
pessoas chegando há uma certa altura da carreira que já desanimaram. Então é assim, é
ser que nem eu, trinta anos de magistério, mas continuar como se estivesse saindo da
faculdade porque se não você não consegue. E é bonito também, uma coisa que é bonita
e também é pessoal é que meus filhos cresceram também enquanto eu fui professora e
isso é muito bonito, você querer para os seus alunos o que você quer para os seus filhos.
Então você tem que saber que você pode ter quantos filhos for, mas que cada filho teu é
de um jeito e cada um aprende de um jeito, na escola é assim, então não é impossível
para uma mãe, então também não é impossível para o professor. O amor tem que ser em
primeiro lugar, porque você tem um filho que não come cebola e outro que adora
cebola, um que só toma tody e outro que toma café com leite e a escola é assim, cada
um é de um jeito. E o que é bom a gente saber é que cada professor é de um jeito,
porque se valoriza e se pensa muito nas diferenças dos alunos, mas as diferenças dos
profissionais da educação as pessoas não respeitam. Acham também que o professor e
que o coordenador deve ser moldado e sair todos iguaizinhos, falando igualzinho, todos
com o mesmo pensamento e não é assim, cada um tem a sua história de vida, cada um já
vêm com as suas marcas no corpo, as suas marcas na alma e o aluno também. E o aluno
hoje em dia a infância dele é muito curta, os problemas familiares são muito grandes,
então, muitas vezes o professor perde o seu emocional na escola e o aluno também.
Então ai que a gente tem que falar, da um tempo, vamos dar uma parada, porque senão o
bicho pega.
259
Entrevista Coordenador 2
1. Quais foram as razões que te levaram a escolher ser coordenador de uma
escola? Há quanto tempo é coordenador? Há quanto tempo é coordenador nessa
escola?
R – Eu escolhi ser coordenado pedagógico porque eu tinha formação em Geografia e
Pedagogia. Há vinte e cinco anos eu trabalho em coordenação de equipes de
professores. Trabalhei muitos anos no SESI-SP, estou na prefeitura há vinte e oito anos,
mas como coordenador desde 2001. Nessa escola estou há quatro anos. Sou
coordenador pedagógico porque gosto de trabalhar na formação de professores e eu
gostaria de colocar em prática e poder agregar valores da minha própria formação na
formação dos professores. Enquanto coordenador, muitas vezes eu posso contribuir um
pouco mais do que simplesmente em uma sala de aula.
Você teve experiência como professor por quanto tempo?
R – Sou professor de sala de aula há trinta anos e ainda atuo em sala de aula e hoje no
ensino universitário. Trabalho em duas Universidades há dezessete anos e não mais com
Ensino Fundamental e Médio.
2. Como é coordenar pedagogicamente a equipe dessa escola?
R – Olhe, coordenar a equipe dessa escola é até um paradoxo. Porque ao mesmo tempo
que é muito prazeroso é extremamente difícil. Por várias razões. Primeiro porque na
prefeitura a própria legislação permite pelo menos duas jornadas, então nós não temos
todos os professores em JEIF, temos os professores na Jornada Básica e para você
coordenar precisa do estudo do professor, você precisa construir um coletivo com o
professor. Simplesmente dando aula com apenas alguns encontros pontuais, quatro ou
cinco durante o ano, fica difícil. Mas nós aceitamos esse desafio e fazemos dentro dos
nossos limites e possibilidades, aquilo que é possível para coordenar. Então ao mesmo
tempo que é prazeroso é muito difícil. E a outra questão que é difícil, por se tratar de
uma escola central, os professores que aqui chegam tem muita experiência e muita
formação. Muitas vezes conseguem colocar no projeto, fazer grandes avanços, mas na
prática nem sempre tem ocorrido e nós temos que estar fazendo a intervenção no sentido
de mediar para que as coisas possam ser da melhor forma possível. Tem professor, que,
por exemplo, não exatamente o de EF, mas também o nosso professor acumula com
260
outra escola, então não pode fazer cursos além da JEIF, mas ele ainda faz JEIF. A outra
professora não faz JEIF porque não tem o número de aulas suficientes para fazê-la. O
outro professor nessa escola fica em módulo, não tem aula e também não pode fazer
JEIF. Então na verdade, nós temos apenas um professor. Mas quando se trata de
formação fora da JEIF, o professor que acumula é o primeiro há não poder ir.
3. Os professores relatam alguma dificuldade para por em prática os conteúdos
presentes na proposta?
R – O professor, especificamente o de EF, existe algumas dificuldades por problemas
sociais que muitas vezes são externos, mas inevitavelmente chegam à escola. Questão
da indisciplina, da falta de acompanhamento dos pais e falta de hábitos de estudos. Em
EF os alunos que mais dão trabalho em sala de aula e das demais áreas do
conhecimento, na maioria dos casos são os que mais se sobressaem em EF, porque não
gostam, por exemplo, da linguagem lógico-matematica ou verbal-linguistica. Quando
você faz uma atividade de esportes, uns alunos se sobressaem. Então fica um pouco
mais fácil para os professores de EF. Por conta que as questões de indisciplina e
comportamentais que eles trazem da família, esses alunos mais indisciplinados são
muitos vezes os que mais se sobressaem na EF.
O acúmulo de cargo dificulta a implementação da proposta curricular de EF?
R – Muito, muito. Porque o professor sai daqui e vai correndo para outro lugar. O
professor não consegue entender o projeto pedagógico da escola, não consegue entender
a escola e nem realizar as capacitações externas.
4. Comente como tem ocorrido a implementação da Proposta Curricular da EF
nessa Escola?
R – A proposta curricular de EF dentro do possível tem sido implementada com
algumas dificuldades até por conta da troca de professores. Então eu estou aqui há três
anos, cheguei aqui era um professor de EF, ele aposentou, chegaram dois professores
que dividiram aula, no outro ano já esse professor foi removido. Então, nesse sentido eu
penso que uma das dificuldades foi a mobilidade desses profissionais.
Você acha que os professores tem condições adequadas para implementar a
proposta curricular de EF na Prefeitura de São Paulo?
261
R – Na prefeitura em geral com certeza, eu penso que a prefeitura oferece.
Especificamente nessa escola não. Por ser uma situação excepcional nós estamos sem
condições nenhuma de implementar a proposta curricular porque estamos em
construção. Os professores trabalham praticamente em sala de aula, exceto quando
levam os alunos para uma visita técnica em atividades externas à escola, em
campeonatos. Mesmo assim os professores têm organizado grupos de alunos e tem
levado para o clube da cidade aqui próximo, há trezentos metros, para poder fazer
alguma atividade lá e o aluno poder sair da sala de aula porque hoje o espaço utilizado é
uma tenda, não é uma quadra, é um espaço multicultural utilizado também para o
intervalo.
Os professores relatam alguma dificuldade com falta de material para ministrar as
aulas?
R – Não. Porque material nós temos bastante, infelizmente alguns não estão sendo
utilizados por falta de espaço. Mas temos em torno de vinte colchonetes que estão
guardados em um container a vinte kilometros daqui.
Mas então os professores não podem usá-los?
R – Não tem onde por. O professor tem dificuldade de trabalhar até com bambolê hoje.
Então o material existe, porém esta sendo pouco utilizado, reafirmo, excepcionalmente
por conta da construção.
Você acredita que a prefeitura faz um número de paradas pedagógicas suficientes
para a formação dos professores?
R – Pelas dificuldades de agrupar as jornadas de trabalho dos professores, no caso da
JEIF e da Jornada Básica, eu penso que os encontros da prefeitura são poucos. Embora
eu reconheça a dificuldade pela legislação que exista isso porque fica impossível
cumprir duzentos dias letivos com mais paradas pedagógicas, além do que já existe.
Por ter duzentos dias letivos fica impossibilitada mais paradas pedagógicas?
R – Isso dificulta. Com certeza. Porque quando eram cento e oitenta dias letivos e ainda
tinha cento e oitenta dias letivos você poderia ter 85% das aulas dadas. Então os cento e
oitentas dias eram cento e sessenta e hoje não tem jeito, são duzentos dias letivos,
duzentos dias de trabalho com aluno, não tem onde tirar.
262
5. Existem discussões entre professores e coordenadores sobre a prática
pedagógica da EFE e as orientações da proposta curricular?
R – Sim. Nós trabalhamos em cima da proposta curricular, caderno de apoio, dos
materiais do programa ler e escrever. Nosso projeto de trabalho e nosso plano de ensino
é completamente em cima das expectativas de aprendizagem da proposta da prefeitura.
A disciplina de EF também tem que fazer parte do projeto ler e escrever. Você vê
dificuldades dos professores de EF trabalharem com leitura e escrita durante a
aula?
R – Não é uma prática constante. Eventualmente eles trabalham com leitura e escrita em
EF, mas os próprios alunos já têm uma cultura de que a EF é quadra, que EF é bola, que
EF é campeonato, menos ler e escrever. Existe um desejo por parte do professor, mas
ainda esta na utopia, então a prática da leitura e escrita é bem pouca.
A cultura do aluno dificulta a prática do professor de EF?
R – Absolutamente. Não só do aluno, mas dos pais, da comunidade, eles acham que EF
é correr, é jogar bola, é participar de campeonatos. Eles só querem bola, bola, bola. Eles
não querem outro tipo de atividade. A aula teórica é uma dificuldade.
Então essa cultura dificulta a implementação da proposta curricular?
R – Vai encontrar muito resistência. Eles querem ir para a quadra.
7. A postura dos demais professores frente à Educação Física influencia na prática
pedagógica dos professores dessa disciplina?
R – Atualmente eu acho que não. Essa cultura já existiu em outros tempos, mas de
acordo com a LDB atual, a EF e Artes são as duas disciplinas que trazem maiores
possibilidades de trabalhar com criatividade, com o aprender, com o movimento
corporal e com a acessibilidade. Elas deixaram de ser atividades meramente práticas, de
quadra, para ser atividades que até subsidiam o aluno para desenvolver outros
conteúdos. Então assim, mudou o enfoque da EF pela legislação, fez existir um esforço
para poder mudar na prática, e isso revela também uma nova visão dos demais com a
EF. Porque até os anos 90 nem sequer a EF reprovava por falta, nada. Então não tinha
263
nota, era só aproveitamento, participação. Hoje a EF tem conceito, tem frequência,
mudou o foco da EF.
Então quando a EF passou a ser uma disciplina do currículo foi vista de outra
forma pelos demais professores?
R – Isso
Os professores relatam alguma dificuldade para trabalhar com alunos que
possuem necessidades especiais?
R – Na verdade sim. Quando nós temos o aluno cadeirante nem vai para a quadra. Fica
em sala de aula com o professor de módulo com alguma parte teórica, mas eles não são
submetidos a aquilo que eles não dão conta. Infelizmente não há um projeto de inclusão
que faça ser garantida na aula de EF a participação desse menino, que ele tenha acesso
ao conteúdo. Essa é uma dificuldade da rede. Isso é muito difícil porque como o
professor vai para a quadra e tem que cuidar de um cadeirante, um altista, uma síndrome
de down e ainda dar conta de todos os outros, então a gente acaba, com aqueles com
necessidades especiais que não vão dar conta de uma atividade externa eles ficam com
outro tipo de atividade com outro professor.
Quando você realiza capacitações para capacitar os professores existem discussões
especificas sobre a proposta curricular de EF?
R – Olha. Especifico sobre EF não. O que tem é assim. Eu particularmente participei da
proposta porque na época eu era diretor na DOT da Diretoria de Educação de Itaquera.
Então eu fiz toda a leitura de todas as expectativas de aprendizagem do ciclo II junto
com os outros diretores de orientação técnica da cidade de São Paulo. Nós fizemos
revisão, chamamos alguns professores para participar. Os materiais foram construídos
pela Universidade com o auxilio dos nossos professores. Teve dois representantes por
cada DRE. Então nós assinamos esses cadernos. Em todos eles eu estou lá como
assinante do caderno. Então assim, houve essa participação legal no momento da
implementação. Então houve essa participação, não foi nada assim de cima para baixo.
Agora diante da implantação não há especificamente para a EF pela nova formação, o
que há é uma formação externa para os professores, mas tem sido essa administração. A
formação ficou bastante prejudicada porque grande parte dela é fora do horário de
trabalho e o professor não dispõe de tempo para isso. Então se fosse formação com
264
dispensa de ponto, dentro do horário de trabalho, talvez fosse um pouco mais eficiente.
Mas uma formação, meio que entre aspas em telefone sem fio. Uma formação que um
passa para o outro, que passa para o outro, para só depois chegar ao aluno. Eu entendo
que ela ficou bastante prejudicada nesse sentido.
Então as capacitações que você realiza para capacitar os professores muitas vezes
não tem discussões especificas?
R – Não
Então na rede existe uma concepção de educação e você passa essa concepção para
os professores?
R – Existe. O especifico é quando ele pode fazer a formação dele. Então o que a gente
trabalha é assim, por exemplo, é pegar o planejamento do professor e confrontar com as
expectativas de aprendizagem. Quando não bate a gente chama o professor, mas é uma
coisa individual, não é um trabalho coletivo, a formação não é para isso. Alias, o
coordenador pedagógico nem tem formação para formar especificamente dentro da
especificidade do professor de Geografia, de EF, Artes, Português, Matemática, Inglês,
Ciências. Quer dizer, é humanamente impossível. A nossa formação é pedagógica, é só
geral.
Você acreditaria que facilitaria a implementação da proposta curricular se
houvesse um coordenador de cada área?
R – Acredito que sim. A implementação da proposta curricular seria mais adequada
porque o coordenador entenderia da questão pedagógica em geral e a especifica de sua
área.
8. O que você acha necessário realizar para que melhore a prática pedagógica dos
professores de EFE na sua escola?
R – Do ponto de vista macro, primeiro tem que ser revista a questão dos acúmulos de
cargo. Então o professor deveria ser melhor valorizado para que ele pudesse trabalhar só
em uma unidade. Segundo ponto que a formação especifica dele fosse obrigatória,
fornecida pela SME, obrigatória para os professores dentro do seu horário de trabalho,
pois assim o professor não poderia se recusar a fazer. Enquanto for a formação por
opção, por representatividade, nem sempre acontece por mais que queira, o colega que
265
vai fazer a formação, por exemplo, determinada disciplina possui quatro professores,
mesmo que um desses professores da disciplina vá na formação dificilmente quando
retorna ele repassa para os demais o que aconteceu ontem. Isso não existe, é discurso.
Na prática é discurso, o professor que vai para a formação vai para a formação dele. Ele
não se compromete a chegar na escola e falar para o outro. A formação deve ser para
todos. Se existem quatro professores de EF os quatro terão que ser convocados para
fazer, porque vai um e ele não repassa para os demais, os demais não ficam sequer
sabendo o que aconteceu.
Você acha que deveria ser valorizada a questão financeira, eliminar os acúmulos
de cargos e melhorar as características da formação do professor?
R- Sim. A formação deveria ser obrigatória, dentro da área.
Fora a questão salarial, dos acúmulos e da formação teria mais alguma coisa que
teria que ocorrer para melhorar a prática pedagógica?
R – De verdade? Eu penso que não. Tem que haver um esforço também e esse esforço
partir do professor, que muitas vezes presta concurso e acabou, acha que chegou no
final. Então também tem que haver um esforço pessoal, porque não dá para culpar o
tempo todo a administração se nós enquanto professores também não fazemos a nossa
parte. Então, por exemplo, é impossível qualquer administração propiciar a formação na
totalidade para o professor. Ela vai ficar só dando formação. O professor vai ficar sem
dar aula. Então tem que haver ai uma contrapartida. A administração tem que propiciar
uma formação adequada dentro do horário de trabalho só que o professor também tem
que buscar a sua parte individual de formação. Procurar estudar, pesquisar, fazer o
mestrado e o doutorado porque só com a formação básica não vai avançar.
Então existe uma comodidade do professor?
R – Com certeza, com certeza.
Você acha que o empenho do professor é essencial para a implementação de uma
proposta curricular mesmo com as condições de trabalho adversas?
R – Acho. A escola da prefeitura, eu desafio. Tem poucas escolas no país que tenham a
estrutura da prefeitura de São Paulo, inclusive as escolas particulares. Porque eu não
conheço nenhuma escola particular que tenha um diretor efetivo, dois coordenadores
266
pedagógicos trabalhando por quarenta horas semanais, com dois assistentes de direção,
uma sala de informática com trinta computadores em rede, de última geração, com
diferentes projetos não existem. Fora a verba que vem mensalmente para as escolas para
complementar as questões pedagógicas, por exemplo, excursão cultural, algum material
de emergência que não consta no almoxarifado, tudo isso existe. Mas que na verdade o
que a gente encontra é uma fragilidade muito grande na qualidade da educação. Então
precisa de um esforço pessoal do professor.
Deixa eu ver se eu entendi, o professor tem uma estrutura boa, mas existem
algumas coisas, principalmente na formação e na questão salarial que precisam ser
revistas, mas também o empenho do professor é essencial para que as coisas
ocorram da melhor forma possível?
R – Isso. Por exemplo, eu não posso aqui defender não realizar o concurso de forma
alguma, porque eu sou concursado, porém chegam aqui professores que vem
contratados que são excelentes e o mesmo professor que volta efetivo já volta com outra
postura. Temos professores aqui efetivos que tem grande facilidade e a gente sabe que
trabalha em escola particular e lá eles são outros profissionais.
Nós não estamos culpando o professor, mas você está dizendo que um professor
que é concursado automaticamente pode se acomodar?
R – Não generalizando, mas em alguma parte sim.
A sua relação com o professor de EF é diferente dos demais professores da escola?
R – Não. A minha dificuldade não é com o professor de EF, mas é assim. Eu entendo
que não cabe ao coordenador pedagógico cuidar de materiais, então eu de verdade,
quase que me recuso, muito pontualmente, eu posso fazer isso, mas eu me nego, não
está na descrição do meu cargo, não estudei para distribuir bola, bambolê, ou papel, ou
caneta, então essa dificuldade eu tenho não com o professor de EF, eu não me lembro de
nada acentuado diferente dos demais. É uma dificuldade minha com estas questões. Eu
não olho materiais. Se o professor de EF pede material, vou falar com a direção, com a
APM, com o conselho de escola, menos comigo, estou aqui para ajudar a prática
pedagógica.
267
Voltando para a questão da indisciplina do aluno. Você enxerga alguma estratégia
para diminuir essa dificuldade que os professores tem para lidar com essa
questão?
R – Eu não acredito que a punição resolva. A prefeitura teria que desenvolver alguns
projetos que fossem mais focados nessa questão da indisciplina para que pudesse
implantar em todas as escolas municipais. É uma questão que a secretária de educação
se recusa a discutir isso. Eu acho que essa questão da indisciplina dentro da sala de aula
cabe ao professor e a escola dar conta. O professor não é completamente culpado, tem
todo um sistema coorporativo em todos os sentidos. Tem corporativismo dos
professores, tem corporativismo da própria prefeitura. Quando a gente vai em qualquer
formação que começa a se discutir indisciplina acaba na hora, dizem, gente a formação
não é para isso. Disciplina você resolve na sala de aula com o professor, aqui é para se
discutir porque o aluno não aprende e o que tem que fazer para ele aprender. Não se
quer discutir indisciplina. Então é um nó, não se tem resposta e não querem discutir.
Entrevista Professor 1
1 - Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF
R – Sempre tive vontade de trabalhar com a área de EF, desde pequeno, as vivencias que
eu tive, a identificação que eu tive na escola com a EF, alguns bons professores que
fizeram parte da minha formação influenciou. Quando eu decidi qual profissão seguir,
que eu tive a condição de fazer a faculdade optei pela EF por conta disso entendeu? Essa
identificação mesmo que eu tive, a importância que os professores de EF tiveram na
minha vida e a minha relação com a atividade física e o esporte em si que é o mais
comum né? Mas foi mais o contato que eu tive com os professores de EF que a gente
acaba se espelhando.
2 - Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?
R – Me formei e uma instituição privada na cidade de São Paulo em 1999. Fiz um curso
de espacialização em 2002 na UNICAMP, fiz um ano e meio de especialização que foi
um curso bastante importante.
268
Você poderia falar um pouco do curso?
R – Foi um curso voltado para a formação dos professores mesmo. O nome do curso era
Pedagogia do Movimento. Era um curso novo que eles estavam fazendo. A maioria dos
professores que ministravam as aulas tinham publicações na EFE. Então foi um curso
voltado para a Pedagogia da EF na escola.
3 - Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?
R – Ministro aula em escola desde 2002. Tenho dez anos de experiência profissional.
4 - Há quanto tempo trabalha nesta escola?
R – Nessa escola esse é o meu terceiro ano. Trabalhei sete anos em uma escola no Itaim
Paulista e estou nessa escola há três anos.
5 - Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui
mais alguma atividade profissional?
R – Eu tenho duas escolas. Na realidade eu tenho dois cargos. Trabalho nessa escola pela
manhã e tenho vinte e oito aulas e faço a formação da JEIF. De tarde eu trabalho em
outra escola localizada na zona leste da cidade de São Paulo e não tenho aula definida,
por isso é difícil de falar quantas aulas eu tenho na semana. Eu fico mais vinte e cinco
aulas disponíveis na escola. Tem semana que eu ministro às vinte e cinco aulas, tem
semana que eu ministro menos aulas, mais eu fico o tempo todo disponível na escola.
Na parte da tarde você é módulo?
R – Isso. Na parte da tarde eu sou módulo. O professor que faltar eu ministro a aula. Não
sou um professor eventual, sou concursado como qualquer outro professor, mas não sou o
titular das aulas.
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6 - Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos
os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta
curricular?
R – Então. A gente da área de EF eu vejo uma forma diferente. Os professores de EF são
os que menos levam em conta as dificuldades. A gente tenta passar por cima de tudo,
porque em termos de EF é muito complicado, são muitos fatores que acabam
dificultando, por conta do espaço, trabalhar no espaço aberto, tem a influência do tempo,
do clima, das outras pessoas que compõe o cotidiano escolar, que reclamam do barulho e
de tudo, mas, eu acredito que o maior problema mesmo, o que mais influencia na forma
que eu vou desenvolver a minha aula são os alunos. As características dos alunos, a
resistência que eles têm com determinados tipos de conteúdos, a forma que você tem que
contornar todas essas dificuldades de receptividade deles para você conseguir aplicar um
conteúdo que você acha adequado. Também ocorrem situações de indisciplina que
atrapalham a minha prática pedagógica. Algumas vezes as práticas corporais geram
conflitos e isto é normal, mas alguns alunos têm atitudes inadequadas e isso atrapalha a
minha prática pedagógica. Também tenho dificuldades de trabalhar com alguns
conteúdos porque não tenho material para desenvolver todas as práticas corporais que
estão na proposta curricular. Então eu acho que a maior resistência que a gente encontra é
do aluno, porque o restante, nós da EF, os professores que a gente conversa sentem as
mesmas dificuldades nas outras escolas, a gente passa por cima.
Se você não precisasse acumular cargos para sua sobrevivência e ficasse em uma
escola só, isso ajudaria na sua prática pedagógica?
R – Com certeza. A questão da motivação, o pique, o seu gás é outro. Não economizando
energia, porque, por exemplo, você sai da escola de manhã e você sabe que vai ter que
fazer tudo àquilo novamente à tarde, se você tivesse aquele mesmo gás ou não tivesse que
economizar energia para a tarde, com certeza você se dedicaria muito mais. Acho que
involuntário até. Você não consegue. Você quer dar o máximo mais ao mesmo tempo
você da uma economizada na sua paciência e em todos os sentidos, não tem como, é
inevitável.
270
De todas as dificuldades que você tem, a principal é a dificuldade com os alunos.
Muitos alunos por dia, cada um com uma realidade diferente com características
diferentes, fora a resistência que eles têm com alguns conteúdos da EF?
R – Os alunos vêm para a escola com a ânsia de colocar tudo que ele não faz fora da
escola na quadra, porque ele tem pouco espaço para a prática do lazer, ele já não
consegue mais brincar na rua, então ele vem para aquela expectativa para a EF achando
que ali é onde ele vai extravasar né, fazer tudo que ele quer e bate de frente com um
professor que nem sempre permite isso, embora a EF tenha essa questão lúdica, mas
quando você condiciona ele, tenta conscientizar que a EF tem algo mais para passar, para
ser ensinado na escola, ele tem aquele choque né.
Especificamente nessa escola, você passa algumas dificuldades pelas características
da escola?
R – Com certeza. A escola apresenta muitas dificuldades. A dificuldade do espaço, do
costume dos alunos. Eu estou lá apenas há três anos então você não pega o mesmo aluno,
você pega alunos vindo de outros professores, com hábitos diferentes. Mas a questão do
espaço é o fator mais importante, porque a criança precisa de espaço para se movimentar,
para se localizar, para se socializar e a escola está com o mínimo de espaço. Então essa
dificuldade é latente.
Quando você trabalha com os alunos em sala de aula, com textos, com vídeos, você
sente alguma dificuldade nesses momentos?
R – Os alunos não estão preparados na EF para ter que refletir, para ter que dialogar com
o outro, para de certa forma ter uma participação no discurso, para assistir. Tudo isso ele
acha que não faz parte da EF. Então essa resistência dificulta para gente. Então você tem
além de tudo esse fator cultural do aluno em relação à aula de EF.
7 - Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em
prática todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da
proposta curricular?
271
R – Talvez o que facilite é a postura que você se coloca na frente do aluno. É você saber
que quando não faz aquilo que ele quer, não é que você está castigando ele, não é um
castigo. Ele vai fazer aquilo que ele tanto almeja no caso de fazer um jogo, de jogar, de
fazer a modalidade que ele mais gosta. Eu acho que a gente tem que ter essa sensibilidade
para entender o aluno e você tornar esse ambiente facilitador e não dificultador.
A sua postura como professor facilita no andamento da aula?
R – Sim. Você pontuar para o aluno que existe um momento para tudo e ao mesmo tempo
você não colocar isso como um castigo para ele. Se você vai ficar na sala, você apontar
que é um processo natural, que tem dia que tem que ficar na sala, pois a gente vai fazer
uma atividade diferenciada e haverá dias em que nós iremos para quadra que eles terão
oportunidade de escolher o que eles irão fazer, mas que a EF tem um objetivo que precisa
ser cumprido, precisa ser seguido naquela série.
Durante a observação eu percebi que existe televisão com DVD em todas as salas, as
turmas que já eram suas o ano passado têm um respeito maior por você. Esse
fatores facilitam a implementação da proposta curricular ?
R – Facilitam. Você no começo, com aquele conhecimento inicial com o aluno você vai
limitando o que pode e o que não pode, como você quer que ele se dirija a você, e quando
você já passou por essa etapa existe uma maior afinidade com a sala e as coisas se tornam
facilitadoras. Uma sala que você esta conhecendo, você tenta impor o seu ritmo, você
sabe que vai ter um desgaste, que eles terão uma resistência que você vai precisar de mais
desprendimento para conseguir colocar as coisas em prática, moldá-los, então demora um
pouco mais. Já a sala que está no seu ritmo, você consegue, você sabe que aquele
momento que está cedendo ali eles vão lembrar na hora que você tentar recuperar, eles
vão recompensar. Então isso é importante.
Nessa escola existe um clube próximo que você utiliza. Quais são os fatores que
facilitam e que dificultam sua ida ao clube?
R – O que dificulta é a própria dinâmica da escola. A escola não está preparada para esse
tipo de atividade, para dar essa liberdade a mais para os alunos, então existe essa
272
preocupação, aquela coisa da contenção, de não poder, mas ao mesmo tempo têm a
questão legal né. Você não vai simplesmente pegar um aluno da escola e simplesmente
sair, colocá-lo em risco porque eles são crianças. Embora com alguns já existe um grau
de confiança, mas não é com a maioria. Então você também tem que se resguardar, sair
acompanhado, fazer aquele sermão toda vez, então você perde um pouco de tempo. Então
esses fatores dificultam a saída. Outra questão primordial é que para sair precisa ter duas
aulas juntas, porque a gente perde muito tempo para organizar a saída e o retorno, então
se for uma aula só não compensa você colocar, você ter tanto desgaste para chegar lá e
não poder fazer nada, por isso existe a necessidade das duas aulas e nem sempre é
possível a escola proporcionar isso.
8 - Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da
Prefeitura de São Paulo nesse tempo em que você está concursado?
R – Não. Capacitação não. Logo que entrou em vigor a proposta eles fizeram uma
reunião uma vez com todos os professores que eram recém admitidos, mas não foi um
treinamento, não foi uma capacitação. Foi uma exposição do que era e só. Não houve
uma capacitação, um curso, um aperfeiçoamento. Isso nunca houve.
Qual é a sua opinião sobre essa proposta curricular?
R – Eu acho que EF é uma área muito ampla, tem muitas referências e ela bebe um
pouquinho da área de todo mundo. Na realidade a proposta dessa abordagem cultural é
valida, mas nós não podemos desconsiderar as outras. Então embora a gente faça o
planejamento e a escola exija que você siga os referenciais o professor tem a formação
dele, ele tem o conceito da área dele que ele acaba vetando algumas coisas. Ele não aplica
somente a abordagem da prefeitura. Ele não põe em prática somente a abordagem da
prefeitura. Ele tem a referência dele e na medida do possível a gente tenta utilizar a
proposta. Nós pegamos o que tem de bom de cada uma das abordagens.
Você segue a proposta curricular da prefeitura, mas você acredita que a formação é
ampla e não da para ficar apenas em uma abordagem?
273
R – Claro. Se você pegar os autores que falam da motricidade humana você vai enxergar
que a propostas está dentro da motricidade humana, se você pegar outras propostas de EF
elas também se encaixam ali. O professor tem que saber selecionar, fazer uma filtragem e
saber o que daquilo dá para você utilizar na escola e o que não dá. Nessa proposta tem
muita coisa boa, mas tem coisa ali que a realidade não permite utilizar. A realidade é
outra. O pessoal pode ter tido uma boa intenção, mas na prática você não vai conseguir
desenvolver, não vai possibilitar que seus alunos aprendam isso. Então essa é a chave do
negócio.
9 - O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a
proposta curricular como teoria principal?
R – Eu acho que uma capacitação todo mundo precisa. Uma parada ao ano. A gente que
acumula cargo não tem tempo para estudar. Eu queria estar participando de um grupo na
Universidade, estar acompanhando as novas pesquisas, acompanhando um grupo de
estudos com os professores que fizeram a proposta, algo parecido, mas a nossa falta de
tempo não permite. Uma capacitação, um curso mais prático, algo inovador que você
pudesse estar fazendo uma reciclagem. Isso faz falta. Você buscar sozinho, você
pesquisar, você ter esse elo. Você precisa fazer, mas você ainda encontra muita
dificuldade, às vezes você não vai ao ponto. Se você pudesse participar de uma dinâmica,
trocar ideia com outro professor, você ver uma exposição do que está dando certo. Você
tem novas ideias, você se recicla, você revê os seus métodos. Isso é importante.
Então você acredita que para melhorar a sua prática pedagógica precisaria pensar
mais tempo na formação, possibilitar trocas de experiências com outros professores
e diminuir o número de aulas com alunos?
R – Eu acho que seria o ideal. Acho que iria me ajudar muito. Me daria uma noção do
que eu estou fazendo de certo e o que estou fazendo de errado. Isso falta às vezes. Você
ter um parâmetro. Você está fazendo uma coisa que derrepente você pode fazer melhor e
às vezes falta alguém que para falar, olha, você poderia fazer isso dessa forma, essa troca
né, ter novas ideias. Você faz aquilo que você acha que é certo, mas nem sempre está
certo
274
Você acaba se sentindo sozinho durante a sua prática pedagógica?
R – Exato. Me sinto muito sozinho
Para finalizar, deixa ver se eu entendi. O cotidiano escolar acaba tendo muitas
dificuldades para a EF já que os alunos não entendem muitas vezes o conteúdo que
você quer passar, o espaço físico da escola é uma questão muito complicada, tem
algumas questões específicas nessa escola por ela estar em reforma, por você ter que
sair para o clube acaba dificultando muito a sua prática pedagógica, a formação
continuada não está sendo realizada da forma adequada, pois o professor necessita
trabalhar muito e não tem tempo para continuar com a formação e ter o acúmulo de
cargo dificulta ainda mais essa formação?
R – Exato. Se você for pagar também pela formação, o que a gente ganha não permite
que a gente faça tudo isso. Não permite que você dê uma condição razoável para sua
família, que você pague saúde, porque se você depender da pública você não tem e você
ainda tem que manter os cursos de atualização com o seu dinheiro, o dinheiro que nós
ganhamos não dá para tanto.
Entrevista professor 2
1 - Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF
R – Eu sempre gostei das práticas corporais e me identifiquei com a EF, no caso quando
eu comecei a cursar eu vi que era realmente aquilo que eu queria. Foi esse o principal
fator para eu escolher a EF. Eu me interessava pelas praticas corporais na infância, na
escola, nas atividades extras (academia, luta), eu sempre gostei.
2 - Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?
R – Me formei em uma instituição privada da cidade de São Paulo no ano de 2008.
3. Você já realizou algum curso de capacitação profissional, especialização ou pós-
graduação? Quais?
275
R – Após a licenciatura eu realizei o bacharel. Fiz cursos de extensão de musculação,
além de cursos na parte de academia. Cursos de capacitação voltados há escola fiz um
curso de xadrez que eu trabalho na prefeitura, além de um curso e uma palestra da
prefeitura mesmo.
4. Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?
R – Vai fazer três anos em outubro desse ano. Estou na prefeitura há quase três anos.
5. Há quanto tempo trabalha nesta escola?
R – Cheguei nessa escola nesse ano. Desde fevereiro.
6. Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui
mais alguma atividade profissional?
R – Eu trabalho em apenas uma escola, nessa escola. Embora eu seja módulo eu ministro
muitas aulas na semana, a gente sempre tem aula. Eu ministro durante a semana sempre
de vinte aulas para cima. Eu também faço outro trabalho em academia. Sou instrutor,
professor de treino.
Você trabalha no período da tarde e da noite em academia?
R – Isso. Durante a tarde e noite.
7. Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos
os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta
curricular?
R – Primeiramente, no caso aqui a infraestrutura, é uma coisa que dificulta muito, pouco
respaldo por parte do suporte para o professor que é complicado, a indisciplina de alguns
alunos também, mas isso faz parte do nosso cotidiano e nós temos que lidar com isso. Já
trabalhei em outras escolas que a questão da indisciplina era realmente muito forte, aqui
existe indisciplina, mas não é tão forte assim.
276
Quando você fala de infraestrutura o que seria especificamente que falta?
R – No caso da infraestrutura aqui no colégio não tem quadra, onde ocorre a aula é
utilizado como um espaço em comum e não quadra, então a aula de EF fica picada por
conta dos intervalos, as vezes acontece algum evento e não tem aula de EF, por conta
disso temos atividades dentro da sala de aula, mas, por exemplo, se tiver um dia um
evento e não for nos avisado, a gente tem que correr para elaborar um outro trabalho.
Quando você está na sala de aula tentando ensinar algum conteúdo da EF você sente
dificuldade com os alunos?
R – Sinto sim, mas no caso dessa escola não é uma coisa tão grande assim, não é uma
proporção tão grande. Sempre tem um ou outro que recusa e você acaba conversando
mais perto do aluno. Então existe certa resistência mais não é generalizado.
Têm aqui na escola todos os materiais que você gostaria para a aula de EF?
R – Não. De jeito nenhum. Falta muito material
Se você não precisasse ter outro trabalho e pudesse se dedicar somente a escola
ajudaria a sua prática pedagógica? Ter mais que um trabalho dificulta a
implementação das propostas curriculares?
R – Com certeza. O ideal seria se dedicar há uma coisa só, porque no caso a gente sempre
leva trabalho para casa. Elaborar um projeto, corrigir um trabalho, uma atividade. Então
você separa o seu tempo em casa para elaborar as atividades para o trabalho escolar e
também tenho que ter tempo para elaborar uma aula de ginástica. Ai você tem que se
dividir e às vezes acaba fazendo as duas pela metade e para então entendeu? Você faz um
pouquinho de cada um. Agora se fosse ou só educação ou só a área de academia eu teria
um tempo maior para realizar com qualidade qualquer um dos trabalhos.
Você acha que se você pudesse realizar a formação da prefeitura como módulo
(JEIF) isso melhoraria sua prática pedagógica?
277
R – Com certeza. Porque eu sou professor, trabalho com todas as salas de aula e trabalho
com todos os alunos. No módulo a gente entra, conhece o aluno e no trabalho, no estudo
coletivo seria interessante, não só para o enriquecimento do professor, mas também para
colaborar no desenvolvimento do aluno.
Não realizar a JEIF dificulta a sua prática pedagógica?
R – Complicado né. Se eu me mantenho mais informado, no caso oito horas, sobre os
assuntos da escola, sobre o projeto pedagógico que a gente já conhece, mas sempre dando
aquela frisada, aquela refrescada, para todo o coletivo trabalhar de uma mesma maneira,
no mesmo idioma, porque para o JBD deu a hora, o JBD vai embora, acontece alguma
coisa tem o horário coletivo e ai conversa um assunto e a gente só fica sabendo às vezes
na hora do intervalo em uma conversa. Ai deu o intervalo e o professor comenta, a gente
mal fica sabendo.
Você acha que ter um especialista de EF de módulo nas escolas municipais facilita a
implementação das propostas curriculares?
R – Facilitaria, facilitaria sim. No caso, eu e o professor titular, a gente divide a sala,
quando vamos para o clube, cada um cuida de uma parte. Se um falta, o outro sabe o que
trabalhar. No caso aqui nessa escola a gente está bem atrelado nesse ponto. As coisas
estão dando certo.
8. Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em
prática todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da
proposta curricular?
R – Sim. O que facilita foi a nossa conversa com os alunos. Os alunos reconhecerem o
professor de módulo com um professor também. O suporte também que nos é dado, às
vezes a gente é respaldado positivamente pela gestão e pelo administrativo em relação
aos projetos.
278
Então o que facilita a sua prática pedagógica é que os alunos entendem que você
também é professor e isso minimiza um pouco os problemas existentes. A direção
também deixa claro que o professor de módulo tem as mesmas responsabilidades e
os alunos os mesmos deveres que tem com o professor titular?
R – Exato, exato. Isso nos respalda também. Deixa a gente trabalhar. Eles não perdem o
foco, porque na hora do módulo o pessoal dispersa, perde o foco, mas aqui esse problema
esta bem minimizado.
Você acha que ter um clube próximo da escola facilita a implementação da proposta
curricular?
R – Então, o difícil é a locomoção, mas lá, o espaço é muito amplo, nós podemos realizar
diversas atividades diferentes ao mesmo tempo. No dia que nós vamos ao clube a prática
se desenvolve muito bem.
A dinâmica da escola dificulta essa saída para o clube?
R – Sim. Às vezes o próprio aluno também, porque eles não vêm de uniforme e até eles
se trocarem, se prepararem para sair leva um tempo. O caminho, o trecho tem faróis, tem
que tomar muito cuidado, a gente tem que ir devagar, perde-se um tempo. Mas, é esse
problema mesmo, de perder tempo. E isso implica na prática pedagógica.
Você acredita que pelo professor de EF estar mais exposto ao clima, ao tempo,
trabalhar muitas vezes em um espaço aberto são fatores que dificultam a
implementação das propostas curriculares?
R – Eu encaro como um problema sim. Por exemplo, se estou em uma quadra aberta e
choveu? Ficaria inviável de realizar uma atividade prática na sala.
9. Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da
Prefeitura de São Paulo?
279
R – Sim. Fui convocado o ano passado para ser apresentado o caderno de orientações.
Nos foi apresentado e discutimos sobre. Eu já conhecia o caderno, mas nesse dia nos foi
apresentado.
Mas foi uma apresentação ou uma capacitação?
R – Isso. Foi apenas uma apresentação mesmo.
Você acredita que se houvessem capacitações sobre a proposta curricular, facilitaria
a implementação dessa proposta?
R – Seria interessante. Sempre que houver enriquecimento de conhecimento profissional.
Uma capacitação, o professor, ele sim, consegue ver o caderno, consegue trabalhar, mas
às vezes, com uma ajuda, uma força dessa capacitação, o professor consegue desenvolver
melhor.
10. Qual a sua opinião sobre a proposta curricular da Prefeitura de São Paulo para
a disciplina de EF?
R – Na minha opinião a proposta é muito boa. O livro em si é muito rico. Nele existem
diversas características que podem ser trabalhadas na aula de EF. Enfim, acho que é um
livro bacana.
Você acredita que toda essa teorização que consta nas orientações curriculares é
possível de se transformar em prática na sua realidade?
R – Então, ai já muda. Tem algumas coisas que não são tão possíveis assim. No caso da
luta, eu tenho fundamentos de judô, mas se eu fosse trabalhar aqui na escola, não tem
tatame, não tem colchonete. Não teria espaço, denovo, mais uma vez entra a
infraestrutura ai. Nem o material a gente tem, no caso dos colchonetes. No caso ele
contempla no livro a luta e a luta eu não conseguiria trabalhar. As brincadeiras, as danças
eu conseguiria, mas a luta eu não conseguiria.
280
11. O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a
proposta curricular como teoria principal?
R – Eu acredito que o professor, no meu caso de módulo, estando a par, estando junto
com o coletivo. A gente parece que não é agregado, fica de lado. A gente ser incluso
junto com os demais para criarmos juntos os projetos. A questão da infraestrutura
também. Uma infraestrutura melhor. Porque às vezes existem projetos que vem do
exterior, métodos de ensino do exterior, mas às vezes, por exemplo, na EF lá eles tem um
ginásio, então aqui a gente não tem um ginásio e temos que fazer as coisas pelo mesmo
documento que eles trabalham no exterior. Então se querem que a gente trabalhe por esse
caminho, por essas linhas, a gente teria que ter pelo menos a mesma infraestrutura que o
profissional lá fora tem a disposição. No caso uma quadra, não precisaria nem ser
ginásio. Um espaço amplo, fechado, que estaria imune as chuvas, as variações do tempo.
A gente poderia ter mais materiais também, materiais de ginástica, porque ginástica não
tem como a gente trabalhar porque não tem os colchonetes para a gente poder contemplar
todos os fatores que estão disponíveis nas orientações curriculares e tudo aquilo que o
professor almeja. As capacitações também sempre seriam interessantes. É oferecido sim
cursos, a gente lê lá no diário oficial, mas para o professor de EF ou é um ou é outro, é
bem raro, às vezes é no horário de trabalho e a gente não tem dispensa de ponto, a gente
perde o dia. Ai fica complicado, o profissional vai fazer assim... Não, eu vou chegar, vou
faltar e vou perder, vou deixar de pagar uma conta para ter capacitação. Ai ele pende e
realiza o que convém a ele naquele momento que é trabalhar, então ele vai trabalhar. A
capacitação seria fantástica para que o profissional fosse cada vez mais excelente no seu
trabalho. Imagina, um professor com a infraestrutura, com suporte, que pudesse ficar todo
o tempo apenas em uma escola e não necessitasse ter outro emprego. Pudesse ficar
pensando no projeto pedagógico da escola atrelado interdisciplinarmente com os outros
professores, ter um tempo, digamos assim, eu trabalho doze horas por dia. Estou tendo
um tempo mais curto de trabalho, então você volta para casa, pega aquele projeto, aquela
coisa toda fresca na cabeça, você vai lá e elabora um documento, elabora uma atividade.
Quem tem tempo para isso? Se você pudesse ser estar sendo capacitado, sempre estar
trazendo coisas novas dos conhecimentos que ele adquiriu nos cursos. Eu creio que todos
esses fatores melhorariam muito, cerca de 70% a 80%.
281
Entrevista professor 3
1 - Comente por que você escolheu a profissão de professor(a) de EF
R – Desde criança meu sonho era ser professora de EF. Desde os sete anos eu lembro da
minha mãe fazendo as roupas para eu usar na aula e eu já falava que queria ser professora
de EF. Eu gostava muito das atividades corporais na escola, sempre era a primeira da
turma e por esses motivos decidi ser professora dessa disciplina.
2 - Você se licenciou em EF por qual instituição de Ensino Superior? Em que ano?
R – Me formei em uma instituição privada da cidade de São Paulo no ano de 1992.
3. Você já realizou algum curso de capacitação profissional, especialização ou pós-
graduação? Quais?
R – Sim. Já realizai uma especialização em basquete e já fiz algumas capacitações da
prefeitura em EFE.
4. Há quanto tempo você é professor(a) de EFE?
R – Sou professora de EFE desde 1991, já tenho vinte anos de magistério.
5. Há quanto tempo trabalha nesta escola?
R – Cheguei nessa escola em 2007. Em 2008 acabei saindo e estou aqui de volta desde
2010. Esse é o meu terceiro ano consecutivo, mas já tinha trabalhado aqui como
professora em 2007.
6. Você é docente em quantas escolas? Ministra quantas aulas por semana? Possui
mais alguma atividade profissional?
R – Então tenho a carga mínima no estado de dez aulas apenas para não perder o vínculo.
Na prefeitura sou JBD, tenho 28 aulas, sendo 22 aulas atribuídas e no restante do tempo
fico de módulo.
282
7. Quais são as dificuldades no seu cotidiano escolar para colocar em prática todos
os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da proposta
curricular?
R – Nessa escola a principal dificuldade é a falta de espaço e falta de material apropriado.
Nós temos que improvisar tudo. Também vivo uma dificuldade muito grande que é a
questão da inclusão. Eu adoro trabalhar com os alunos que possuem algum tipo de
necessidades especiais, mas não é fácil. Talvez eles tivessem que oferecer cursos na área
para que a inclusão realmente ocorresse. Não tenho preparação profissional para trabalhar
com todos esses alunos com diferentes tipos de necessidades especiais. Falta material
também para trabalhar com esses alunos. Às vezes me sinto muito sozinha e não consigo
incluir todos esses alunos na aula. Quando os cuidadores estão na escola ajuda, mas se
eles faltam isso se torna muito difícil. Houve uma aula que a cuidadora de uma aluna
faltou, eu tinha que olhar todos os alunos de um 1º ano e ainda olhar essa criança que
necessita de muitos cuidados, sozinha. Outra dificuldade que eu também tenho é a
questão da indisciplina no Ensino Fundamental II, principalmente quando preciso dividir
o espaço com o outro professor de EF da escola, porque as nossas aulas caem no mesmo
horário. Com uma quantidade grande de alunos aumenta muito a questão da indisciplina.
Tenho dificuldades também com algumas professoras das salas. Com uma relação pouco
amistosa entre nós não consigo trocar muitas experiências e isso dificulta a
implementação da proposta curricular. Você não pode atrasar um minuto que elas
reclamam. Acho que esse ano os alunos já tem aula de Informática, Artes, Inglês, Sala de
Leitura e EF. Elas ficam tão pouco com os alunos, mesmo assim qualquer coisa sempre
reclamam. Embora não tenha problema com indisciplina no ciclo I, percebo que muitas
crianças nessa idade já estão com a sexualidade aflorada e isso dificulta a minha prática
pedagógica. As meninas querem ir ao banheiro para paquerar os alunos das outras salas.
Isso já acontece desde o 3º ano, mas é muito forte no 5º ano. Está muito precoce a
sexualidade das crianças. Também percebo dificuldade na leitura e na escrita dos alunos,
mas permaneço mais tempo realizando atividades práticas e não da para ter uma noção
muito grande. Eles já ficam demais na sala de aula. Nesse ano como professora de Ensino
Fundamental I essas são as dificuldades que eu tenho, mas em outros anos eu já tive
outras dificuldades porque fiquei em módulo no período da manhã. Eu acho muito difícil
283
o módulo. Tinha que bolar muitas atividades diferenciadas e tive que me adaptar. Nesse
momento eu tive muitos problemas com indisciplina dos alunos.
Ter que acumular cargo dificulta a sua prática pedagógica?
R – Não. Porque eu tenho poucas aulas. No estado tenho apenas 10 aulas. Eu consigo
ministrar todas as aulas ficando apenas em uma escola por dia. Não quero abrir mão das
duas escolas. No meu caso não atrapalha.
Mas e a questão de não poder fazer JEIF dificulta?
R – Sim. Dificulta muito. Existe uma diferença considerável de salário para quem faz a
JEIF, além de poder saber de todas as discussões que ocorrem na escola. Eu não posso
fazer JEIF porque não tenho todas as aulas atribuídas.
8 - Quais são os aspectos que te ajudam no seu cotidiano escolar para colocar em
prática todos os conteúdos selecionados por você de acordo com as orientações da
proposta curricular?
R – Sim. O meu perfil para trabalhar com o Ensino Fundamental I. Como são poucos os
casos da indisciplina facilita colocar em prática todos os conteúdos selecionados. Os
alunos do Fund I são menos resistentes de realizar as atividades, aceitam com mais
facilidade qualquer tipo de conteúdo. As professoras de sala de aula que mantém uma
boa relação comigo também facilitam a minha prática pedagógica, porque podemos
trocar muitas experiências e falar mais dos alunos.
9. Você recebeu qualquer tipo de capacitação sobre as orientações curriculares da
Prefeitura de São Paulo?
R – Sim. Fiz algumas capacitações sobre jogos cooperativos. Teve uma com o Marcos
Neira que foi sobre isso. Desde que essa proposta foi implantada eu não realizei mais
nenhuma capacitação.
284
Realizar capacitações sobre a proposta curricular facilitaria a implementação
dessa proposta?
R – Ter capacitações melhoraria a prática porque eu teria a possibilidade de refletir
sobre as minhas ações na escola. A gente sempre aprende coisas novas nas capacitações.
Ficamos mais motivados.
10. Qual a sua opinião sobre a proposta curricular da Prefeitura de São Paulo para
a disciplina de EF?
R – É um bom norteador. É um livro bem completo. Eu prefiro a liberdade da prefeitura
do que ter que trabalhar com as apostilas do estado. Até entendo porque tem professor
que não faz nada. Eu acredito que tudo que está na proposta é possível de se aplicar na
prática. Acho a prefeitura mais estruturada.
11. O que seria necessário para você melhorar a sua prática pedagógica tendo a
proposta curricular como teoria principal?
R – Tem que repensar a proposta do ciclo. Ninguém entende muito e todos empurram
com a barriga. Nós não somos preparados para trabalhar com o ciclo. Eu acho também
que quando acabar a reforma na nossa escola vai melhorar. As coisas estão muito
precárias na escola. Acredito que na hora que sair a escola nova vai melhorar. Poder
fazer a JEIF, ter maior respaldo da coordenação, ter mais materiais disponíveis, ter a
família dos alunos mais presente na escola, melhores condições e capacitações para
trabalhar com os alunos que possuem alguma necessidade especial. Temos muitos
alunos com necessidades especiais.
286
Categoria 1 - Os principais fatores que dificultam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo
A categoria denominada Espaço Físico Inadequado inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Dificuldade do espaço físico (escola está passando por uma reforma)
D - Necessidade de utilizar esse espaço nos dois intervalos de cada período,
impossibilitando o acesso do professor de EF nesses momentos
C1 - Falta de espaço físico porque a escola está em reforma
C2 - Falta de espaço físico adequado
C2 - Falta de infra-estrutura para incluir os alunos com necessidades especiais
P1 - Trabalhar em espaço aberto
P1 - Espaço físico inadequado
P2 - A infraestrutura (a escola não possui quadra e a aula de EF é realizada em um espaço
que pode ser utilizado por qualquer professor, além dos intervalos também ocorrerem
nesse espaço)
P3 - Falta de espaço
A categoria denominada Indisciplina dos alunos inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Muita reclamação da indisciplina dos alunos
D – A violência entre os alunos estar muito presente no cotidiano escolar (discussão e
bate boca, ameaças entre os alunos)
C1 - Indisciplina dos alunos
C2 - Indisciplina dos alunos
P2 - Tem problemas de indisciplina com alguns alunos
P3 - Possui problemas com a indisciplina com os alunos do ensino fundamental II
A categoria denominada Jornada de trabalho extensa inclui as seguintes unidades de
significado:
287
D - Existem também as dificuldades de ter que trabalhar em uma jornada muita extensa
D - Ter acúmulos de cargo
D - O cotidiano se torna cansativo, dificultando a elaboração de boas aulas, a correção
dos trabalhos, além de diminuir consideravelmente a paciência do professor
D - O professor tem que ministrar aulas para muitas salas de aula durante o dia
D - A cada 50 minutos ele necessita conviver com realidades diferentes com cada turma
que vai atuar
C1 - Jornada extensa de trabalho (acumulo de cargo e outros empregos na área de
formação gerando falta de tempo para realizar as capacitações oferecidas pela
prefeitura)
C2 - Ter acúmulo de cargo
C2 - Falta de tempo para a formação continuada
P1 - Acumular dois cargos como professor, não possibilitando voltar todas as suas
energias apenas para uma escola
P2 - Tem dificuldades por ter que atuar em áreas diferentes da EF durante o dia
A categoria denominada Falta de materiais inclui as seguintes unidades de significado:
C1 - Impossibilidade de adquirir todos os materiais solicitados pelos professores
C2 - Indisponibilidade de utilizar os materiais de EF
P1 – Não tem todos os materiais para colocar em prática todos os conteúdos da EF
P2 - Não tem todos os materiais que gostaria para realizar as suas aulas
P3 - Falta de material apropriado
P3 – Falta de materiais para os alunos com necessidades especiais
A categoria denominada Cultura do Aluno com os estudos inclui as seguintes
unidades de significado:
C1 - Problemas familiares dos alunos
C1 - Cultura do aluno e da comunidade frente à EF
C2 - Falta de hábitos de estudos dos alunos
C2 - Resistência do aluno com certos conteúdos
P1 - As características dos alunos
288
P1 - A resistência que esses alunos têm quando o professor quer desenvolver certos
conteúdos
P1 - Costume dos alunos quando tiveram aula com outros professores
P1 - Fator cultural do aluno em relação à aula de Educação Física.
P2 - Sente resistência dos alunos quando necessita realizar algum trabalho na sala de
aula
P3 - Tem dificuldades com algumas crianças do ciclo I que já possuem a sexualidade
muito aflorada e atrapalham a aula
A categoria denominada Formação profissional insuficiente inclui as seguintes
unidades de significado:
D - Dificilmente existe alguma discussão sobre o que é educação e qual é o seu papel na
escola de hoje.
C1 - Dificuldade financeira dos professores para realizarem a sua formação continuada
C1 - Número de capacitações insuficientes dos coordenadores,
C1 - Formação inicial dos professores muito distante da realidade escolar,
principalmente nas questões de didática e metodologia de ensino
C1 - Formação insuficiente do professor para trabalhar com a concepção de ensino da
prefeitura
C1 - Número de paradas pedagógicas insuficientes durante o ano
C2 - Professores que não participam da JEIF
C2 - Formação continuada da prefeitura insuficiente
C2 - Poucas jornadas pedagógicas
C2 - Falta de preparo para incluir os alunos com necessidades especiais
P1 - Não ter tido nenhum tipo de capacitação sobre a proposta curricular
A categoria denominada Falta de organização da rede municipal inclui as seguintes
unidades de significado:
D - Existe uma estrutura que deve ser seguida e cumprida
D - A escola não tem autonomia em todas as questões que envolvem o cotidiano escolar
C2 - Mudança anual da unidade escolar dos professores
C2 - Aumento do número de dias letivos com os alunos
289
C2 - Falta de um projeto da rede municipal de inclusão
P2 - Não poder realizar a JEIF porque não tem um número de aulas atribuídas,
dificultando o acesso há todas as discussões e formações que ocorrem na escola
P3 - Não poder realizar a JEIF por não ter todas as aulas atribuídas dificulta porque ela
perde todas as discussões que são realizadas na escola tendo uma diferença grande no
salário
A categoria denominada Falta de organização da escola inclui as seguintes unidades
de significado:
D - Dificuldade de colocar as aulas duplas para os professores de EF devido ao acúmulo
de cargos dos outros professores
P1 - A dinâmica da escola que não está preparada para certas atividades (sair com os
alunos para ter aula no clube próximo à escola).
P1 - Nem sempre a escola proporciona aulas dobradinha para poder realizar as
atividades no clube
P2 - Sente dificuldade quando necessita sair da escola para realizar as atividades no clube
com alguns alunos que precisam se trocar para sair da escola e perde-se muito tempo
P2 - O trajeto para o clube próximo da escola possui muitos faróis e o cuidado tem que
ser muito grande.
P3 - Necessita dividir o mesmo espaço com o outro professor da escola aumentando a
quantidade de alunos que permanecem no mesmo espaço
A categoria denominada Dificuldade dos alunos inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Falta de concentração
D - Falta de atenção
D - Pouco envolvimento na aula
D - Dificuldade de estimular a vontade de conhecer dos alunos devido a idade
C1 - Falta de interesse e participação dos alunos
C1 - Falta de atenção e concentração dos alunos
290
P1 - Dificuldade dos alunos em realizar atividades que necessitam de reflexão, que
necessitam de dialogo
P3 - Os alunos têm muitas dificuldades em aprender a ler e escrever
A categoria denominada Influência do clima inclui as seguintes unidades de
significado:
D - A exposição ao sol cotidianamente do professor de EF, podendo provocar certas
doenças
P1 - A influência do tempo
P1 - A influência do clima
P2 – O clima também influência negativamente o seu cotidiano, pois quando chove não
pode realizar atividades práticas se o espaço da escola for aberto
A categoria denominada Relação escola-comunidade inadequada inclui as seguintes
unidades de significado:
D - A família não é presente no acompanhamento da vida escolar dos alunos
C2 - Cultura da comunidade escolar frente à EF
C2 - Falta de acompanhamento dos pais
A categoria denominada Relação interpessoal profissional inclui as seguintes unidades
de significado:
P2 - Em algumas situações tem pouco respaldo por parte da gestão na sua atuação como
professor
P3 - Possui dificuldades com algumas professoras das salas de Ensino Fundamental I,
pois com uma relação pouco amistosa entre elas existe dificuldade para trocar
experiências, além das reclamações que essas professoras fazem quando o especialista
atrasa para entrar na sua aula
291
A categoria denominada Falta de condições para a educação inclusiva inclui as
seguintes unidades de significado:
C1 - Falta de preparo para trabalhar com alunos que possuem necessidades especiais
P3 - Dificuldade para trabalhar com os alunos que possuem algum tipo de necessidades
especiais
A categoria denominada Implicações da aula de EF inclui as seguintes unidades de
significado:
P1 - As outras pessoas que compõe o cotidiano escolar e reclamam da dinâmica da aula
de EF
A categoria denominada Função social da escola inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Função social da escola (cobrança para que os alunos entrem no mercado de
trabalho, passem no vestibular ou no vestibulinho). Ela acredita que a escola deveria ter
como função social estimular o conhecimento, o raciocínio, a leitura, o encantamento
pelo conhecimento.
A categoria denominada Falta de trabalho coletivo inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Dificuldade de trabalhar coletivamente.
D - Dificuldade dos professores se enxergarem enquanto grupo e entenderem os
objetivos de cada área dentro da escola (inclusive da área de Educação Física).
A categoria denominada Visão da disciplina de EF inclui as seguintes unidades de
significado:
D - A disciplina de EF ser vista muitas vezes como algo secundário do ponto de vista
curricular, ainda sendo considerada como algo legal, bacana, utilizado para queimar
energia
292
A categoria denominada Baixa remuneração inclui as seguintes unidades de
significado:
C1 - Baixa remuneração dos professores
A categoria denominada Descontentamento profissional inclui as seguintes unidades
de significado:
C1 - Falta de empenho de alguns professores
C1 - Desanimo de alguns professores
A categoria denominada Trânsito inclui as seguintes unidades de significado:
C1 - Trânsito para chegar na unidade escolar, principalmente para aqueles professores
que possuem acúmulos
A categoria denominada Resistência dos professores inclui as seguintes unidades de
significado:
C2 - Resistência dos professores mais experientes frente á proposta curricular
A categoria denominada Relação aluno-aluno inclui as seguintes unidades de
significado:
C1 - Alunos com diferentes situações econômicas convivendo no mesmo ambiente
Categoria 2 - Os principais fatores que facilitam a implementação da proposta
curricular de EF do município de São Paulo
A categoria denominada Clube próximo da escola inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Utilização do clube próximo à escola para realizar as aulas
293
C2 - Visita técnica ao clube da cidade próximo da escola
P1 - Ter um clube próximo da escola para desenvolver atividades diferenciadas
P1 - Ter duas aulas seguidas com a mesma turma no dia em que os alunos irão sair para
o clube
P2 - Ter um clube perto da escola minimiza os problemas de espaço
A categoria denominada Relação professor-aluno inclui as seguintes unidades de
significado:
C1 - Maior proximidade do aluno com o professor de EF
P1 – A postura do professor com o aluno
P2 - O aluno reconhecer o professor de módulo como reconhece qualquer outro
professor da escola
P3 - Ter poucos casos de indisciplina com essas turmas
P3 - Os alunos são menos resistentes em realizar qualquer tipo de atividade proposta,
aceitando com mais facilidade qualquer tipo de conteúdo
A categoria denominada Empenho dos professores inclui as seguintes unidades de
significado:
D – O empenho dos professores para realizar a adaptação do espaço existente
C1 - Compromisso do professor com a educação
C2 - Mas empenho do professor
A categoria denominada Ambiente da aula inclui as seguintes unidades de significado:
D – A possibilidade de não necessitar ficar em um espaço fechado durante a aula.
P1 - Sensibilidade para entender o aluno tornando o próprio ambiente da aula como um
fator facilitador
A categoria denominada Recursos disponíveis inclui as seguintes unidades de
significado:
C1 - Tentar atender aos pedidos de materiais dos professores
P1 - Ter televisão com DVD em todas as salas de aula
294
A categoria denominada Permanência na escola inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Ter professores efetivos na escola,
D - Conquistar a permanência desses professores com pouca remoção para que as
pessoas possam se conhecer melhor e aprofundar o seu trabalho
D - Os professores necessitam ficar em apenas uma escola em toda a sua jornada de
trabalho, para que tenha tempo de pensar nesse espaço e de refletir o processo vivido
cotidianamente
C1 - Trabalhar em apenas uma unidade escolar
P1 - Ministrar aulas para a mesma turma durante alguns anos seguidos
A categoria denominada Organização da rede municipal inclui as seguintes unidades
de significado:
C2 - Estrutura administrativa oferecida pela prefeitura (diretor e coordenadores
pedagógicos efetivos, dois assistentes de direção, sala de informática com computadores
de última geração, diferentes projetos e verbas mensais para complementar as
necessidades pedagógicas do professor)
P2 - Ter um professor de módulo na escola para ajudar o professor titular nas suas aulas
e substituir esse profissional quando ele precisa faltar
A categoria denominada Desenvolver projetos diferenciados inclui as seguintes
unidades de significado:
C2 - Desenvolver projetos que foquem especificamente na questão da indisciplina dos
alunos
P2 - Ele se sente respaldado pela gestão da escola em relação aos projetos que elabora
para trabalhar com os alunos
A categoria denominada Menor número de alunos por turma inclui as seguintes
unidades de significado:
295
D - Tempo para refletir mais sobre os alunos, diminuindo a quantidade de crianças em
cada sala de aula, facilitando o olhar para cada uma delas.
A categoria denominada Interesse dos alunos pela aula inclui as seguintes unidades de
significado:
D – O desejo dos alunos pela aula de EF,
D - A cobrança que esses alunos fazem pela aula
A categoria denominada Olhar interdisciplinar inclui as seguintes unidades de
significado:
C1 - Olhar interdisciplinar do professor
A categoria denominada Respeitar a diversidade inclui as seguintes unidades de
significado:
C1 - Respeitar a diversidade do ambiente escolar.
A categoria denominada Alterações na LDB inclui as seguintes unidades de
significado:
C2 - A disciplina de EF ter alterado seu enfoque com a LDB
A categoria denominada Relação interpessoal profissional inclui as seguintes unidades
de significado:
P3 - A boa relação que ela mantém com algumas professoras de sala, facilitando as
trocas de experiências e as conversas sobre as dificuldades dos alunos.
A categoria denominada Perfil do professor inclui as seguintes unidades de
significado:
P3 - O perfil que ela possui para trabalhar com as crianças de ensino fundamental I
296
Categoria 3 - Principais fatores que precisariam ser alterados para que exista a
implementação da proposta curricular de EF do município de São Paulo
A categoria denominada Formação continuada inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Formações continuadas constantes
D - Formação permanente do professor e existir discussões sobre política educacional e
política de sociedade avançando nas construções democráticas dentro da escola
C1 - Existir uma formação acadêmica com maior proximidade da realidade escolar
C2 - Formação continuada obrigatória oferecida dentro do horário de trabalho de todos
os professores
P1 - Cursos de capacitação
P1 - Participar de grupos de estudos na Universidade
P1 - Acompanhar as novas pesquisas
P1 - Participar de grupos de estudos com os professores que elaboraram a proposta
curricular da prefeitura de São Paulo
P1 - Trocar ideias com outros professores que ministram aulas na escola pública
P1 - Observar exposições de práticas pedagógicas que estão dando certo na escola
P1 - O essencial seria ter tempo para realizar essas formações, pois tendo dois cargos
tudo isso se torna muito complicado de acontecer
P2 - Capacitações no horário de trabalho com dispensa de ponto
P2 - Fazer JEIF independente de ter aulas atribuídas para estar mais presente na escola
P3 - Poder fazer a JEIF
P3 - Capacitações para trabalhar com os alunos que possuem alguma necessidade
especial
A categoria denominada Valorização salarial inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Deve existir a valorização salarial, possibilitando que o professor não necessite de
dois cargos para a sua sobrevivência
C2 - Valorizar financeiramente o professor para que ele possa atuar em apenas uma
escola
297
P1 - Esse profissional necessita dos dois cargos para poder dar uma condição razoável
de sobrevivência para sua família e mesmo assim não consegue pagar com o próprio
dinheiro dessas formações que seriam necessárias para sua evolução profissional
P2 - Ser valorizado financeiramente para poder ficar todo tempo em apenas um
emprego
A categoria denominada Melhorar a estrutura física inclui as seguintes unidades de
significado:
P2 - Ter uma infraestrutura melhor (quadra ou um espaço amplo que fosse fechado para
ficar imune as variações do clima)
P3 - Terminar a reforma que está ocorrendo na escola para que se tenha melhor
estrutura para ministrar as aulas
P3 – Melhores condições para trabalhar com alunos que possuem necessidades especiais
A categoria denominada Recursos disponíveis inclui as seguintes unidades de
significado:
P2 - Ter mais materiais disponíveis para conseguir colocar em prática todos os
conteúdos selecionados da proposta curricular
P3 - Ter mais materiais disponíveis
A categoria denominada Dois professores por turma inclui as seguintes unidades de
significado:
D - Se houvesse dois professores por turma existiria mais qualidade no ensino.
P1 – Seria interessante se o professor de módulo pudesse ficar o tempo todo com o
docente da sua disciplina. Dois professores na mesma turma iria ajudar.
A categoria denominada Permanecer em uma unidade escolar inclui as seguintes
unidades de significado:
D - Ficar em apenas uma escola em toda a sua jornada de trabalho, para que tenha
tempo de pensar nesse espaço e de refletir o processo vivido cotidianamente
298
A categoria denominada Menor número de alunos por turma inclui as seguintes
unidades de significado:
D - Tempo para refletir mais sobre os alunos, diminuindo a quantidade de crianças em
cada sala de aula, facilitando o olhar para cada uma delas.
A categoria denominada Estágio remunerado inclui as seguintes unidades de
significado:
C1 - Realizar estágio remunerado (durante a formação acadêmica conhecer a realidade
da escola e não precisar estar atuando em outra área para manter-se financeiramente.
A categoria denominada Coordenador de área inclui as seguintes unidades de
significado:
C2 - Existir um coordenador para cada disciplina na escola
A categoria denominada Mais empenho dos professores inclui as seguintes unidades
de significado:
C2 - Mais empenho de alguns professores
A categoria denominada Repensar os acúmulos de cargo inclui as seguintes unidades
de significado:
C2 - Rever os acúmulos de cargos
A categoria denominada Melhor relação interpessoal inclui as seguintes unidades de
significado:
P3 - Ter maior respaldo da coordenação
299
A categoria denominada Repensar o ciclo de escolaridade inclui as seguintes unidades
de significado:
P3 - Ser repensada a ideia do ciclo, pois os educadores ainda não estão preparados para
atuar dessa forma
A categoria denominada Relação escola-comunidade adequada inclui as seguintes
unidades de significado:
P3 - Ter a família dos alunos mais presente na escola
A categoria denominada Horários de discussões inclui as seguintes unidades de
significado:
P2 - Seria necessário ampliar os horários de discussões para que os professores
conseguissem conversar mais sobre os problemas da escola.
A categoria denominada JEIF inclui as seguintes unidades de significado:
P2 - Todos os professores deveriam ter o direito de realizar a JEIF para participar das
formações e das discussões dentro da própria escola.
- A categoria denominada Passeios Pedagógicos inclui as seguintes unidades de
significado:
P3 - A prefeitura deveria se organizar melhor para propiciar mais passeios pedagógicos
para as escolas.
A categoria denominada Melhor organização da escola inclui as seguintes unidades de
significado:
P1 - Em algumas situações a escola poderia se organizar melhor para que a aula de EF
ocorresse com mais qualidade.
300
A categoria denominada Autonomia do professor inclui as seguintes unidades de
significado:
P2 - O professor teria que ter mais autonomia para tomar determinadas decisões sem ser
barrado por problemas burocráticos e pela hierarquia dentro da própria escola.
A categoria denominada Construção coletiva da proposta curricular inclui as
seguintes unidades de significado:
D - A proposta curricular deveria ser construída de forma coletiva, baseando-se em
alguns princípios educativos.
302
ENSINO FUNDAMENTAL II
Observação das aulas
07/03
O professor me recebeu bem e fomos para a 1º turma que ele vai ministrar as
aulas. É um 9º ano. Fomos para um espaço adaptado, pois a escola está em reforma.
Esse espaço parecia ser uma antiga quadra descoberta. Foi colocada uma tenda para
cobrir o espaço. Os ferros que seguram essa tenda foram colocados no meio dessa
antiga quadra, dificultando a realização de algumas atividades
O professor dividiu os alunos em grupos: um grupo jogava vôlei, outro grupo
futebol e ainda existia a possibilidade de jogar tênis de mesa. A mesa estava adaptada
com carteiras de sala de aula e uma madeira com a rede de tênis de mesa. Três alunos
não participaram de nenhuma atividade. O professor jogou vôlei junto com os alunos.
Nesse espaço adaptado onde ocorrem as aulas as bolas caem em outras casas e
na rua. Isso faz com que a aula seja interrompida em alguns momentos.
Na segunda aula fomos para um 8º ano. A dinâmica da aula foi idêntica a
anterior. No meio da aula o professor necessitou voltar para a sala de aula, pois ia
começar o intervalo (que é realizado no mesmo espaço utilizado para as aulas de EF).
Na sala de aula o professor pediu que os alunos copiassem um texto e passou
algumas questões para serem respondidas. Disse que já tinha explicado o texto e ficou
durante toda a aula tirando dúvidas dos alunos que não conseguiram responder as
questões. Esse texto falava das alterações fisiológicas que acontecem no nosso corpo
quando realizamos exercícios (frequência, cardíaca, respiração, suor etc). Os alunos
copiaram o texto e responderam as questões de forma tranquila. Conforme eles
acabavam a tarefa solicitada podiam voltar para a quadra e continuar jogando. Ficamos
duas aulas com essa turma. O professor já ministrava aulas para essa turma há três anos.
Na quarta aula fomos para outro 8º ano. O espaço onde ocorre a aula estava
completamente sujo devido ao intervalo. A escola conta apenas com um agente de
limpeza, então o próprio professor ajudou a limpar o espaço para poder utilizá-lo
durante a sua aula.
303
Nessa turma alguns alunos mostraram indisciplina chutando a bola ou
atrapalhando de o jogo dos colegas. O professor relatou que muitos alunos possuem
comportamento inadequado na escola e possuem histórias de vida bem complicadas.
Em muitos momentos os alunos de outras salas vinham até o espaço onde ocorria a aula
e o professor tinha que pedir para que eles saíssem.
Na última aula fomos para um 7º ano. Alguns alunos chegaram na sala depois do
professor já ter iniciado a explicação sem ter nenhuma explicação para tal atitude. Nesse
momento o professor teve que interromper a aula.
Houve a necessidade de dividir o espaço onde ocorre a aula com outro professor.
Nesse espaço os alunos podiam jogar vôlei, basquete e tênis de mesa. Durante essa aula
muitos alunos não realizaram nenhuma atividade e, por consequência, ocorreram
diversos casos de indisciplina. Muitas crianças se machucaram, pois o espaço era
limitado, havia muitos alunos e esse espaço foi coberto há algum tempo atrás, sendo que
com essa cobertura o espaço se tornou ainda mais limitado, pois as vigas que compõe a
cobertura estão espalhadas por todo o espaço, facilitando ainda mais que os alunos se
machucassem. Durante a aula um cheiro muito forte começou a ser sentido no espaço. O
professor relatou que existe uma casa ao lado onde uma senhora toma conta de animais
e, durante algumas aulas, esse cheiro chega ao espaço dificultando a aula.
14/03
Cheguei à escola para realizar as observações e os três professores aderiram à
uma greve nacional de professores que estava sendo realizada nesse dia. Os professores
comentaram que aderiram à paralisação pela reivindicação por melhores salários, por
melhores condições de trabalho na sala de aula, todos os professores terem o direito de
fazer JEIF independente do número de aulas atribuídas, entre outros fatores.
21/03
O professor iniciou a sua aula no 9º ano com a mesma proposta da aula
anteriormente vista. Os alunos foram divididos em grupos: um grupo jogava vôlei, outro
grupo futebol e ainda existia a possibilidade de jogar tênis de mesa. A mesa estava
adaptada com carteiras de sala de aula e uma madeira com a rede de tênis de mesa.
Nesse dia, diferentemente das semanas anteriores, muitos alunos não participaram de
304
nenhuma atividade. Também houve casos de indisciplina nessa aula (chutar a bola de
propósito durante o jogo de vôlei, desrespeitar algumas regras impostas pelo professor);
Logo após o professor tinha aula dobradinha em um 8º ano. Nessa semana os
alunos já tinham a liberação para ir até o clube próximo da escola para utilizar os
espaços desse local durante as aulas de EF. Os vinte primeiros minutos de aula foram
utilizados para organizar os alunos para sair da escola, enfatizando que caso ocorresse
qualquer problema aquela turma não sairia mais da escola durante as aulas.
Durante a ida ao clube não houve problemas. Ao chegar ao clube o professor
realizou alongamento com os alunos, aferiu a frequência cardíaca em repouso, pediu
para que todos dessem uma volta correndo ou trotando no clube e depois pediu que os
alunos aferissem novamente a frequência cardíaca, mas agora depois da corrida. Houve
uma breve discussão sobre a diferença dos batimentos cardíacos antes e após a
realização de exercícios. Nesse momento houve um problema com um dos alunos que
quis ligar o celular para escutar música. O professor pediu que desligasse e prontamente
foi atendido.
No ginásio do clube com todos os alunos o professor ministrou uma atividade
onde duas equipes arremessavam bolas para tentar retirar uma bola de basquete que
estava no centro da quadra. A equipe que conseguisse deslocar essa bola até o espaço do
adversário ganhava o jogo.
Durante a atividade estava tendo aula na quadra ao lado e, ao mesmo tempo,
estava sendo cortada a grama do parque, causando um grande barulho na quadra, além
do forte cheiro do aparelho de cortar grama que logo tomou conta do ginásio,
dificultando o andamento da aula.
Após essa primeira atividade o professor organizou um jogo de handebol só de
meninos. O bom comportamento dos alunos dessa turma facilitou a prática pedagógica,
já que o professor ministra aulas para essa turma há algum tempo. Enquanto os meninos
jogavam as meninas ficaram sentadas. Após o término do jogo dos meninos, o professor
organizou o jogo de handebol das meninas e em outro espaço colocou os meninos para
jogar futsal. O professor teve dificuldades para organizar dois jogos em espaços
diferentes sozinho, além de não poder acompanhar ao mesmo tempo os dois grupos.
Nesse momento o professor também relatou a dificuldade de sozinho sair de uma sala,
ter que organizar o material e os alunos, pois acaba perdendo muito tempo. Isso dificulta
a prática pedagógica.
305
Para voltar do clube foi um pouco mais complicado, pois os alunos demoraram
bastante para se organizar, mesmo atrasados para voltar para escola não tiveram a
disposição necessária durante o percurso do clube até a escola para chegar no tempo
correto, além de alguns alunos desrespeitarem as regras impostas pelo professor.
Após a chegada do clube o professor foi ministrar aula em um 8º ano. No inicio
da aula a diretora veio explicar porque essa turma não tinha aula dobradinha de EF (isso
impossibilita a ida para o clube). Ela comentou a dificuldade de arrumar o horário dos
outros professores, pois muitos trabalham em mais de uma escola e precisam ter
horários alternativos, dificultando a possibilidade de ter aula dobradinha na EF. Um dos
alunos chegou quase cinco minutos depois da diretora já ter iniciado a sua fala, dizendo
que não estava na sala de aula por estar no banheiro. Isso atrapalhou a discussão que o
professor, diretora e alunos estavam tendo.
Fomos para o espaço adaptado dentro da escola. Novamente o espaço estava
sujo porque tinha acabado de terminar o intervalo e a escola só dispõe de um agente de
limpeza para organizar esse espaço. O professor novamente dividiu pequenos grupos,
sendo que alguns jogaram vôlei, outros basquete e outros tênis de mesa. Os alunos
fizeram a aula enquanto o espaço estava sendo limpo. Nessa aula muitos alunos não
participaram de nenhuma atividade. Novamente um cheiro muito forte da casa da frente
tomou conta do espaço. Ficou quase impossível permanecer na aula.
A última aula foi ministrada em um 7º ano. O professor chegou na sala e teve
que ter uma conversa séria com os alunos porque está muito difícil ministrar aula para
aquela turma pelo comportamento inadequado que eles estavam tendo. Todos os
professores estavam reclamando do comportamento da sala. Quando fomos para o
espaço novamente houve a necessidade de dividi-lo com o outro professor.
Os professores também dividiram os alunos em grupos para jogar basquete, tênis
de mesa e vôlei, mas por conta de ter muitos alunos no mesmo espaço ficou difícil a
dinâmica da aula, havendo muitos casos de indisciplina (discussão entre os alunos,
brigas, muitos alunos saindo sem a permissão dos professores). Em vários momentos os
professores tiveram que ser firmes com muitos alunos pedindo um comportamento
adequado.
306
26/03
A 1º aula do dia foi no 8º ano B. O professor que tem as aulas faltou nessa aula.
O professor de EF que estava de módulo assumiu a turma. Ter um professor da
disciplina na escola para assumir as aulas quando o professor que tem as aulas falta é
um fator que facilita a implementação das propostas curriculares. .
A aula ocorreu na mesma dinâmica do outro professor. Cada grupo realizando
uma atividade diferente, porém o professor de módulo não tinha acesso há todos os
materiais da EF e isso dificultou a proposta da aula.
Durante a aula houve alguns casos de indisciplina (chutar a bola forte para
devolvê-la para outro grupo que estivesse realizando outra atividade, falta de respeito
com o espaço que cada grupo tinha para realizar o seu jogo). Também ocorreu dos
materiais caírem fora da quadra. Alguns alunos decidiram não realizar atividade
nenhuma. Na minha observação não houve o mesmo respeito com o professor de
módulo comparado com o professor que tem as aulas. A falta de respeito dos alunos
com o professor que entra para assumir as aulas é um fator que dificulta a prática
pedagógica.
Na 2º aula o professor titular chegou e assumiu as aulas. Essa aula foi ministrada
no 6º ano A. No inicio da aula, o professor ficou na sala de aula conversando com os
alunos sobre as aulas dobadrinhas. Essa turma está impossibilitada de ir para o parque
porque não tem nenhuma aula dupla. O professor colocou para a turma que o
comportamento da sala está difícil e isso está atrapalhando toda a escola, inclusive isso
dificulta que os outros professores pensem em ceder de alguma forma para que a turma
possa ter aula no parque.
Fomos para o espaço onde ocorre a aula de EF e um dos alunos não respeitou a
regra imposta durante o percurso (correu e quase machucou os outros alunos). O
professor teve que ser firme com esse aluno e chamar a sua atenção. É o primeiro ano
do professor com essa turma e isso dificulta a sua prática pedagógica. Alguns alunos
pulavam corda, outros jogavam vôlei, outros tênis de mesa e outros futebol. Houve
alguns problemas de indisciplina durante a aula (briga entre os alunos e um invadir o
espaço do outro).
Nessa turma existe uma aluna com necessidade especial que apresenta
dificuldade em participar das atividades junto com os outros alunos. O professor relatou
307
tentar aproximação dessa aluna para melhorar a participação dela na aula. Disse também
que no ano passado ela nem gostava de frequentar as aulas de EF.
Algumas vezes as bolas caíram fora do espaço onde ocorre a aula e isso
dificultou a dinâmica pela dificuldade de recuperar essas bolas.
Na 3º aula do dia fomos para um 8º ano e estava ocorrendo o intervalo ficando
impossibilitado de utilizar o espaço onde ocorre normalmente a aula de EF. O professor
decidiu ficar na sala e discutir um texto com os alunos. Ele precisou tirar xérox de um
material e teve facilidade de tirar essa xérox. O texto falava sobre atletismo e os alunos
tinham que colar no caderno. O professor propôs uma leitura compartilhada na sala.
Houve uma séria dificuldade de iniciar a leitura devido o comportamento de alguns
alunos. Os alunos demoraram em colar os textos nos cadernos e isso dificultou a prática
pedagógica do professor. Durante a leitura alguns alunos não acompanharam o texto e
falaram junto com os alunos que estavam realizando a leitura proposta.
Quando bateu o sinal do final do intervalo os alunos se levantaram para ir ao
espaço onde ocorrem as aulas sem a autorização do professor, que teve dificuldade para
retornar a leitura. Quando o texto todo já tinha sido lido, o professor permitiu que todos
fossem para o espaço. Nesse momento os alunos jogaram vôlei, futebol e tênis de mesa,
mas tiveram que ter aula ainda com a limpeza sendo realizada.
Alguns alunos falaram durante a leitura, alguns não acompanharam o texto e
durante a explicação também não deram a mínima para que o professor estava falando.
Após a aula que a leitura foi proposta o professor declarou que muitos alunos dessa sala
apresentam diversas dificuldades para ler e interpretar textos.
No intervalo, os professores estavam discutindo sobre a greve que acontecerá.
Todos estavam discutindo sobre as condições de trabalho impostas, além das condições
salariais. Estava sendo decidido quem iria aderir à greve e quem não iria.
Após o intervalo o professor foi ministrar aula em um 9º ano. Essa turma ia ter
aula no clube próximo à escola. A turma voltou do intervalo e ficou na porta da sala
atrapalhando os outros alunos. Eles estavam na porta da sala porque iriam sair para ter
aula no clube durante a aula de EF. A diretora teve que interferir e ter uma conversa
rígida com a sala. Essa ida ao parque causou alguns problemas na escola por conta do
comportamento dos alunos antes da saída. Além disso, quatro alunos não tinham
autorização para sair da escola e tiveram que ficar com outro professor realizando uma
atividade deixada pelo professor de EF.
308
Durante o trajeto para o parque dois alunos já tiveram que voltar para escola
devido ao comportamento que estavam tendo. Além desses, outros alunos não
respeitaram as regras impostas pelo professor. Quando chegamos ao parque o professor
de EF que estava de módulo acompanhando o professor titular das aulas teve que voltar
para a escola porque naquele dia ia sair uma aula mais cedo. Ele acabou voltando com
os dois alunos indisciplinados.
No clube, o professor dividiu os alunos em dois grupos. Os meninos foram jogar
futebol em uma quadra fora do ginásio onde estávamos e foram acompanhados por uma
professora de História que estava nos acompanhando e as meninas ficaram no ginásio
jogando futebol. Essa separação dos grupos ocorreu porque havia outra quadra vazia
nesse dia no ginásio, porém estavam lavando a parte de fora do clube e a torneira fica
dentro do ginásio. A quadra fica próxima da torneira, portanto ela estava toda molhada,
ficando inutilizável.
O ginásio estava muito quente, muito barulho por conta da limpeza que estava
ocorrendo no clube, além de haver muitos pernilongos naquele local. Na quadra onde os
meninos foram jogar futebol estava sem uma das traves e houve a necessidade de
adaptar o jogo.
O trajeto da volta para a escola foi tranquilo, pois os alunos já iriam direto
embora após chegarem à escola.
28/03
Todos os professores de EF da escola estavam em greve.
02/04; 03/04; 04/04; 05/04; 09/04; 10/04
Todos os professores de EF da escola estavam em greve.
11/04
Na 1º aula fomos para um 9º ano. Enquanto o professor preparava o ambiente
para a aula (colocava a rede de vôlei) alguns alunos pegaram as bolas e começaram a
organizar rodinhas de vôlei.
309
Após montar o ambiente o professor foi dividir os times para jogar vôlei. Houve
algumas meninas que tiveram resistência para jogar, reclamando de terem que realizar a
aula, mas acabaram jogando.
O professor dividiu os times. Enquanto duas equipes jogavam os outros ficavam
esperando a sua vez. Quando acabava o tempo do jogo as equipes trocavam.
Um aluno de outra sala veio até o espaço e desconcentrou os alunos que estavam
fazendo a aula. Mesmo após o professor ter pedido para ele voltar para a sua sala, ele
apareceu mais uma vez no espaço onde ocorre a aula desconcentrando novamente os
alunos.
A escola está em reforma e nessa aula o barulho estava muito forte nesse espaço,
dificultando a prática pedagógica.
Os materiais caíram fora do espaço quando um grupo que não estava jogando
decidiu realizar uma roda de vôlei um pouco distante de onde acontecia o jogo formal.
Os alunos dessa sala já estão acostumados com a dinâmica da aula. Já sabem as
regras do esporte, têm aula com esse professor há algum tempo e a maioria respeita a
dinâmica da aula.
Um dos alunos que não estava no jogo subiu no muro e o professor teve que
chamar a sua atenção.
Fomos ter uma dobradinha em um 8º ano. Os alunos foram para o espaço onde
ocorre as aulas e quando o professor chegou nesse espaço tinha alguns alunos dessa
turma chutando os materiais que tinham ficado no espaço da aula anterior. Ele teve que
chamar a atenção desses alunos.
Alguns alunos demoraram durante o trajeto para chegar ao espaço de aula sem
dar nenhuma explicação para esse atraso.
O professor organizou dois círculos na quadra e os alunos ficaram realizando os
fundamentos do vôlei. Nesse momento uma das bolas caiu para fora do espaço e
demorou alguns minutos para ser recuperada.
Os alunos escolheram o time após uns 10 minutos do jogo em roda para começar
a jogar o vôlei formal. Enquanto os dois times jogavam os outros alunos continuaram
jogando o vôlei em roda. O professor fazia orientações sobre as regras do esporte e em
alguns momentos corrigia os fundamentos. O time que perdia saia doa jogo e entrava o
time que estava aguardando.
No final do jogo de vôlei um dos alunos chutou a bola forte para tentar acertar
em alguém. Fomos para a sala de aula porque ia começar o intervalo nesse espaço.
310
Alguns alunos jogaram de propósito a bola que estava sendo guardada para fora do
espaço.
Iniciou-se na sala uma leitura compartilhada. Alguns alunos falavam e ficavam
com brincadeiras durante a leitura e as explicações do professor, que foi obrigado a
parar a aula algumas vezes para chamar atenção desses alunos. Novamente durante a
explicação esses mesmos alunos ficaram dando risada por algum motivo e novamente o
professor teve que parar a aula para chamar atenção.
Durante a explicação alguns alunos que estavam mais interessados participaram
da aula realizando perguntas. Isso enriqueceu a aula e ajudou na prática pedagógica do
professor.
Pela terceira vez na aula o professor teve que chamar atenção dos mesmos
alunos. Esses quatro alunos atrapalharam a aula inteira.
Tocou o sinal do final do intervalo e os alunos se agitaram para voltar ao espaço
onde ocorre a aula de EF e isso prejudicou muito a explicação do professor e a leitura
compartilhada.
Voltamos para o espaço e tinha uma equipe de limpeza limpando as sujeiras do
intervalo. Antes existia apenas uma pessoa para realizar essa limpeza e agora com uma
equipe de funcionários esse procedimento acontece mais rapidamente.
O professor teve que chamar atenção novamente de um aluno que estava
chutando a bola.
O professor de módulo veio trazer um fax sobre as olimpíadas escolares.
Enquanto o professor titular ministrava as aulas o professor de módulo estava
realizando a inscrição dos alunos que iam participar do evento. Isso facilitou a prática
pedagógica porque não existia outro funcionário da escola para realizar essas inscrições
e caso não houvesse o professor de módulo o professor titular teria que fazer as duas
coisas ao mesmo tempo.
Os alunos que estavam jogando bola em roda tiveram que interromper o jogo
mais uma vez porque a bola caiu novamente para fora do espaço.
Na sala dos professores durante o intervalo foi revelado pelas pessoas que
estavam na greve que o presidente do sindicato não quis ficar contra o governo, pois é
vereador da cidade de São Paulo e o partido dele está na chapa do governo. Ainda foi
dito que a maioria dos profissionais de educação que estavam na Praça do Patriarca
durante a Assembleia decidiram pela continuidade da greve e, mesmo assim, o
presidente do sindicato optou por encerrá-la. Revoltados, esses professores partiram
311
para cima do carro onde falava o presidente do sindicato. O presidente do sindicato, por
sua vez, chamou o batalhão de choque para conter esses professores que estavam
indignados com o que havia ocorrido.
Após o intervalo fomos para um 8º ano. Quando chegamos à sala havia um
aluno cuspindo nos outros e o professor teve que intervir com rigidez.
Fomos para o espaço onde ocorre a aula e dessa vez estava bem sujo devido ao
segundo intervalo. A equipe que realiza a limpeza estava novamente presente e limpou
o espaço durante a aula.
Na aula o professor formou dois círculos com os alunos para trabalhar com os
fundamentos do vôlei. Nesse momento alguns alunos passaram a jogar a bola um no
outro.
Nessa aula uma das bolas caiu em cima das tendas que cobrem o espaço.
Aconteceu novamente da bola cair fora da escola.
O professor dividiu quatro times para jogar vôlei. Enquanto esses times jogavam
os outros jogavam vôlei em roda ou esperavam sentados a sua vez de jogar. Durante
esse jogo um aluno xingou uma aluna que errou um passe e o professor teve que
intervir.
Na ultima aula fomos para um 7º ano. O professor passou a explicar que abriram
as inscrições para participar dos esportes que compõe as olimpíadas da prefeitura. Foi
explicado os procedimentos para participar dessas olímpiadas. Um dos alunos chegou
depois de ter iniciado a aula porque estava na diretoria. Havia outro aluno na diretoria
também. Ocorreu uma briga entre os dois e tiveram que voltar para a diretoria para
resolver esse problema.
Fomos para a quadra e tivemos que dividir o espaço com o outro professor.
Foram organizados grupos com os alunos para jogar vôlei. Nessa turma havia um aluno
com necessidades especiais. Ele era cadeirante e tinha deficiência intelectual leve. Não
tinha nenhum cuidador dentro da sala de aula para acompanhar esse aluno. Os próprios
alunos da sala tiveram que ajudar na locomoção dele até o espaço onde ocorre a aula.
Ele não participou de nenhuma atividade. Na escola existe apenas uma pessoa que tem a
função de ser auxiliar de vida escolar (pode auxiliar esses alunos na locomoção, na
higiene pessoal, entre outras necessidades). O professor conversou com essa
profissional sobre o aluno. Ela relatou que o menino teve paralisia cerebral e a parte
motora é bem comprometida. Ela disse também que o ideal seria ter um cuidador em
cada uma das salas de aula que têm algum aluno com necessidade especial, porém nessa
312
escola a prefeitura não mandou. O professor sentiu muita dificuldade, pois o menino
apresenta mobilidade muito reduzida e ele ainda tinha que organizar o restante dos
alunos da sala.
13/04
A 1º aula do dia foi em um 6º ano. O professor pediu para os alunos irem para o
espaço onde ocorrem as aulas. Ele precisava recolher as inscrições dos alunos que iam
participar das olimpíadas escolares. O professor de módulo de EF teve que substituir um
professor de outra disciplina que tinha faltado. No trajeto para o espaço os alunos
tiveram muitos atos de indisciplina, ocorreram diversas brigas e xingamentos entre eles.
A Auxiliar da Diretora teve que intervir e chamar a atenção dos alunos.
Quando o professor chegou ao espaço organizou dois círculos para realizar os
fundamentos do vôlei. Dois alunos simplesmente se recusaram a fazer a aula. Em um
dos círculos os meninos começaram a arremessar a bola um no outro, além de chutarem
a bola. O professor teve que chamar a atenção dos alunos.
Após essa atividade os meninos fizeram uma tarefa de toque na rede de vôlei e
as meninas continuaram a realizar os fundamentos em círculo. Durante a atividade
alguns meninos brigaram e discutiram. Alguns alunos realizavam a atividade de
qualquer jeito, além de continuarem chutando a bola. O professor teve que chamar a
atenção desses alunos várias vezes durante a aula.
Já estava um barulho muito forte no espaço por conta da reforma.
O espaço estava um pouco molhado por ter chovido no dia anterior e o professor
teve que chamar as auxiliares de limpeza para que pudessem passar o rodo na quadra
para tirar algumas poças.
Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais que não consegue
realizar as atividades com os outros alunos. Então durante a aula ela permaneceu
jogando bola sozinha ou sentada, mesmo com o professor tentando pedir que ela
participasse das atividades.
Um dos alunos que não queria mais participar das atividades e ficou grande parte
do tempo atrapalhando os outros alunos.
Na 2º aula fomos para um 7º ano. O professor explicou qual seria a dinâmica da
aula na sala. Logo no inicio da aula já teve que chamar a atenção de um aluno que no
trajeto para o espaço saiu correndo atropelando os outros alunos.
313
Nessa turma havia um aluno cadeirante com paralisia cerebral e não havia
nenhum cuidador que estivesse ali com ele naquele momento. O professor teve que
organizar o trajeto até o espaço da aula de todos os alunos e ajudar com mais cuidado na
locomoção desse menino. Ele ficou durante toda a aula apenas observando as
atividades.
No espaço onde ocorreu a aula um dos alunos se recusou a realizar as atividades
propostas e o professor chamou a sua atenção. Mesmo assim ele continuou se recusando
a realizar as atividades e o professor o mandou para a sala de aula fazer uma atividade
teórica.
A aula ocorreu na mesma dinâmica da turma anterior. Iniciou com dois círculos
e os alunos realizando os fundamentos do vôlei e depois enquanto alguns alunos
permaneceram nesse círculo os outros realizaram os fundamentos do vôlei na rede.
Nessa aula o cheiro ruim da casa que tem em frente à escola estava muito forte
no espaço e alguns alunos reclamaram disso.
Uma aluna da sala também se recusou a fazer a aula e o professor teve que
chamar a sua atenção. Ela continuou se recusando e eles foram conversar com a
diretora. Quando o professor chegou, ele relatou que essa menina veio transferida ontem
de outra escola e isso dificulta muito a sua prática pedagógica porque esses sempre
quando esses alunos chegam acabam tendo problemas com a dinâmica da aula.
No jogo que estava ocorrendo só de meninas, uma aluna constantemente
provocava as outras jogando a bola nelas e xingando as colegas.
O professor teve que chamar a atenção de um dos alunos que em vez de estar
realizando os fundamentos do vôlei estava chutando a bola nos outros colegas.
O professor comentou que nessa turma os alunos têm muitas dificuldades de
aprendizagem e ela tem muita dificuldade com essa situação.
Até acabar a aula o professor teve que chamar atenção de mais alguns alunos
que simplesmente paravam de realizar as atividades propostas.
O professor teve que chamar a atenção de mais um aluno que em vez de realizar
as atividades propostas ficava chutando a bola.
Fomos para o outro 7º ano na 3º aula. Uma aluna chegou depois do professor
entrar na sala e ainda deu risada depois de ter sido chamada atenção.
O professor comentou com a turma que eles não poderiam ir para o clube por
conta de que tinha chovido no dia anterior e os espaços que poderiam ser utilizados no
clube estavam todos molhados.
314
Ainda na sala o professor explicou como seria a dinâmica da aula. No espaço foi
dividido os times para realizar um jogo formal de vôlei. Enquanto dois times
começaram a jogar os outros ficaram em círculo realizando os fundamentos do vôlei.
Não houve nenhum problema de indisciplina enquanto os alunos estavam no
espaço onde ocorre a aula. O bom comportamento e a motivação dos alunos em realizar
as atividades facilitou a prática pedagógica.
Na 4º aula fomos para um 8º ano. Estava em horário de intervalo e o professor
teve que ficar na sala de aula. Foi proposto para os alunos uma leitura compartilhada. A
maioria dos alunos estavam interessados na aula e fizeram a leitura, além de prestar
atenção nas explicações e realizar perguntas que enriqueceram a aula. O texto falava
sobre atletismo.
Após a leitura, os alunos começaram a montar os times para jogar vôlei no
espaço. Quando chegamos ao espaço as auxiliares de limpeza estavam terminando de
limpar o local por conta do intervalo. Dois times começaram a jogar enquanto os outros
alunos ficaram esperando sentados ou em um círculo realizando os fundamentos do
vôlei.
O professor teve dificuldade com algumas meninas que não estavam se
esforçando em nada para jogar, tendo que chamar a atenção delas em vários momentos.
Após o intervalo fomos para um 8º ano. Chegamos ao espaço e mais uma vez
veio um cheiro forte da casa da frente.
O professor dividiu os alunos para jogar vôlei. Enquanto dois times jogavam os
outros ficavam em roda realizando os fundamentos do esporte e alguns sentados
esperando a sua vez.
Enquanto os alunos estavam em círculo realizando os fundamentos do vôlei a
bola caiu fora da escola e o jogo teve que ser interrompido por alguns momentos.
Não houve casos de indisciplina durante a aula. A turma já esta acostumada com
a dinâmica do professor e isso facilitou a prática pedagógica.
25/04
Nesse dia o professor levou os alunos para o campeonato de atletismo realizado
pela prefeitura de São Paulo. Enquanto ele realizava a parte burocrática para que
ocorresse a saída da escola (conferir as identidades de cada um dos alunos e as
autorizações assinadas pelos responsáveis) o professor de módulo ficou no espaço onde
315
ocorrem as aulas com os alunos que iriam participar das competições jogando vôlei,
futebol e tênis de mesa. Houve quarenta e cinco inscrições dos alunos do Ensino
Fundamental II para participar de diversas modalidades do atletismo.
Antes de sair para o local das competições o professor teve dificuldades na
escola porque as máquinas fotográficas estavam descarregadas e não havia a
possibilidade de utilizar nenhuma das três máquinas que estavam disponíveis na escola.
Também houve dificuldades com alguns alunos que esqueceram a documentação
necessária para participar das competições e atrasou muito a saída do ônibus porque o
professor teve que esperar os pais desses alunos trazerem os documentos antes de sair
da escola.
Durante o trajeto até o local do campeonato não houve problemas. Os alunos
pareciam bastante motivados para participar das provas de atletismo em que estavam
inscritos (corridas de 50 metros, 75 metros e de revezamento, arremesso de pelota, salto
em distância e salto em altura).
Durante o campeonato o professor comentou que o fator que mais dificulta a
participação dos alunos é a burocracia e a falta de tempo para realizar as inscrições, pois
a escola não ajuda nessa organização e fica tudo na responsabilidade do professor.
Ele também comentou que existir um professor de EF de módulo facilitou um
pouco porque esse profissional ajudou a realizar as inscrições e durante as aulas eles
dividiram os alunos que iriam participar das competições para treinarem e os alunos que
não participaram tiveram aula normal com o professor de módulo.
O professor também comentou que as competições externas facilitam a
implementação das propostas curriculares porque ele tira fotos e realiza filmagens
durante o campeonato para depois mostrar para os outros alunos da aula e ensinar esse
conteúdo (atletismo).
02/05
Na 1º aula fomos para um 9º ano. O dia estava chuvoso e frio. Antes de ir para o
espaço onde ocorre a aula o professor teve que olhar as condições para poder levar os
alunos para esse espaço (se o espaço estava seco ou molhado). Como a maioria do
espaço estava seco, os alunos foram para lá ter aula. Muitos reclamaram do frio e
ficaram resistentes para realizar as atividades.
316
Chegando ao local da aula os alunos ajudaram o professor a montar a rede de
vôlei e a mesa de tênis de mesa (adaptada) e já começaram a realizar as atividades. Ter a
ajuda de alguns alunos para montar o ambiente da aula facilitou a prática pedagógica.
Na aula ocorreu um jogo de vôlei formal, uma roda com os fundamentos do
vôlei do outro lado e um jogo de tênis de mesa do outro.
O professor teve que sair do espaço da aula para retirar uma aluna de outra sala
que estava escondida na aula de EF. Houve a necessidade de encaminhar a aluna para a
direção.
No jogo de tênis de mesa um dos alunos atrapalhava o jogo constantemente
quebrando os materiais e desconcentrando os colegas que em muitos momentos
achavam engraçadas as atitudes inadequadas do colega.
Começou a chover forte durante a aula e o espaço onde ocorre a aula de EF
começou a ficar bem molhado, tendo que ser reduzido os locais de utilização desse
espaço que já são limitados em dias que não chove.
Muitos alunos que normalmente participam da aula não realizaram as atividades
por conta do frio e do espaço reduzido que podia ser utilizado por causa da chuva.
Na 2º e 3º aula fomos para um 8º ano. O professor passou os filmes da
competição de atletismo que alguns alunos da escola foram na semana passada. A
escola possui televisão com dvd em todas as salas e uma filmadora que o professor
utilizou na competição.
A maioria dos alunos prestaram muita atenção nas fotos e filmagens da
competição de atletismo. Utilizar esse recurso tecnológico aumentou de forma
significativa o interesse dos alunos pela aula.
Após passar os filmes o professor pediu que os alunos realizassem grupos de
quatro pessoas para realizarem um trabalho sobre atletismo. Enquanto o professor
escrevia na lousa os alunos formavam os grupos. O professor sorteou alguns temas e
explicou como queria o trabalho. Os alunos prestaram atenção nas explicações e no
sorteio dos temas. Cada grupo terá que realizar um trabalho sobre uma das provas do
atletismo.
O professor permitiu que os grupos conversassem sobre o trabalho durante um
tempo. Houve a necessidade de retirar o celular de um dos alunos que não se importou
com a realização do trabalho e ficou ouvindo música.
317
Depois dos alunos discutirem sobre o trabalho parou de chover e o espaço onde
ocorre a aula de EF secou. O professor levou os alunos para realizar o restante da aula
nesse espaço. Os alunos jogaram vôlei, futebol e tênis de mesa.
Como havia chovido e alguns locais estavam molhados no espaço, os próprios
alunos ajudaram a retirar o excesso de água com um rodo porque queriam aproveitar o
tempo para realizar as atividades práticas.
Nas atividades práticas quatro alunas se recusaram a realizar a aula mesmo com
o professor insistindo para que elas participassem.
Na 5º aula fomos para um 8º ano. Chegando ao espaço as auxiliares de limpeza
ainda estavam limpando o local porque tinha acabado o intervalo. Esse fato atrasou um
pouco o inicio da aula.
Os alunos se organizaram para jogar vôlei e tênis de mesa. Na maioria do tempo,
grande parte dos alunos participou da aula com muita motivação para realizar as
atividades.
Houve um problema com um dos alunos no tênis de mesa que rebateu a bolinha
forte para tentar acertar um de seus colegas e quebrou o material. O professor precisou
chamar a atenção dos alunos explicando que a escola possui poucos materiais.
No jogo de vôlei a bola caiu para fora do espaço da aula duas vezes e houve a
necessidade de esperar uma pessoa na rua passar para devolver o material.
Na última aula fomos para um 6º ano. O professor que iria trocar a aula com o
professor de EF pediu um tempo as aula dele para terminar a sua atividade porque não
conseguiu ministrar a sua aula normalmente devido à indisciplina da maioria dos
alunos.
Quando o professor da outra disciplina terminou a sua atividade faltavam vinte
minutos para terminar a aula de EF. O professor levou os alunos para o espaço onde
ocorre a aula e teve que dividi-lo com a outra professora que também ministra aula na
escola dificultando a dinâmica da aula. Os alunos das duas turmas jogaram vôlei e tênis
de mesa.
07/05
A 1º aula ocorreu em um 6º ano. O professor dividiu dois espaços (vôlei e
futebol). O professor comentou a dificuldade que possui de trabalhar com essa turma
pela grande quantidade de alunos que ela possui.
318
Durante o jogo de futebol dois alunos brigaram entre eles e o professor teve que
intervir na briga. Mesmo pedindo para que esses alunos que brigaram não participassem
mais da aula em um momento que o professor estava acompanhando o jogo de vôlei os
dois voltaram a participar do jogo de futebol sem autorização. O professor teve que
chamar a atenção desses alunos novamente.
O professor adaptou o jogo de vôlei colocando mais alunos participando ao
mesmo tempo do que normalmente para que poucas pessoas ficassem sem participar da
aula. O jogo também terminava em doze pontos para que os times pudessem revezar e
todos participassem da aula.
Outra dificuldade que ocorreu na aula devido à quantidade de alunos e a
limitação de espaço foi que constantemente um jogo atrapalhava o outro porque as bolas
passavam de um lado para o outro devido à dinâmica do próprio esporte.
Na troca de aula a professora de outra disciplina comentou que os alunos
chegaram mais de dez minutos atrasados depois da aula de EF, atrapalhando a dinâmica
de sua aula.
Na 2º aula fomos para um 8º ano. Estava ocorrendo o intervalo no espaço da
aula e o professor teve que ficar na sala de aula.
O professor entregou uma cópia de um texto que falava sobre a maratona para os
alunos colarem no caderno. Alguns alunos se recusaram a pegar o caderno em um
primeiro momento. Durante a leitura o professor teve que chamar a atenção da turma
algumas vezes para pedir silêncio.
Após a intervenção do professor a maioria dos alunos acompanhou a leitura, se
interessaram pelo texto e realizaram uma pequena discussão sobre o conteúdo
mostrando bastante interesse.
Depois da leitura, o professor pediu para que os alunos se reunissem nos grupos
de um trabalho que ele havia solicitado na sua aula anterior para conversarem, porém a
maioria dos alunos não se preocupou muito com o trabalho e ficaram conversando sobre
outras coisas.
Ao termino do intervalo fomos para o espaço que ocorre a aula de EF. Por conta
da reclamação das auxiliares de limpeza houve a necessidade de esperar que limpassem
o espaço para só depois utilizar na aula de EF, portanto existiu pouco tempo de aula
para usar o espaço.
319
Antes de chegar ao espaço o professor percebeu que estava faltando uma bola e
descobriu que um aluno pegou a bola escondido para utilizar no intervalo e estava
levando a bola embora para casa.
Na aula ele dividiu um grupo jogando vôlei e outro futebol. No jogo de vôlei a
bola caiu fora da escola e o professor demorou algum tempo para recuperá-la atrasando
ainda mais a aula.
Os alunos estavam mais preocupados com os celulares do que com o jogo de
vôlei, atrapalhando a dinâmica do jogo.
Nas próximas duas aulas fomos para um 9º ano. Íamos para o clube próximo da
escola. Ao organizar a saída da escola o professor se deparou com vários problemas.
Alguns alunos que tinham autorização para sair se recusaram de ir e já vieram de calça
jeans de propósito. Uma aluna nova discutiu com o professor e o desrespeitou mesmo
ele tratando ela com respeito, houve um problema sério com celulares e o professor teve
que entregar para a diretora alguns celulares.
Ainda com todos esses problemas não havia ninguém para acompanhar o
professor até o clube devido à quantidade de professores que faltaram no dia.
Por conta de tudo isso o professor decidiu ficar na escola. Os alunos que estavam
preparados para ir ao clube ficaram revoltados e muitos se recusaram a fazer qualquer
outro tipo de atividade no espaço dentro da escola. Os alunos que não iam ao clube por
não ter autorização ou por ter se recusado ficaram na sala de aula fazendo atividade
teórica e os outros que estavam mais disponíveis jogaram vôlei e futebol.
Quando o professor pediu para os alunos pegarem o seu material na sala e
voltarem para o espaço de aula, a assistente de direção veio reclamar que esses alunos
estavam bagunçando com a escola inteira no trajeto.
ENSINO FUNDAMENTAL I
Observação das aulas
23/04
Na 1º aula fomos para um 3º ano. Os alunos estavam um pouco ansiosos com a
aula e a professora teve um pouco de dificuldade para falar.
320
No espaço onde ocorre a aula a professora formou um círculo e propôs a
primeira atividade. Todos prestaram atenção. A atividade era correr e formar grupos ao
sinal da professora. Todas as crianças fizeram essa atividade com muita motivação.
Houve após essa primeira atividade uma roda de conversa para discutir o que
ocorreu durante a atividade. Os alunos prestaram muita atenção nas palavras da
professora durante a roda de conversa.
Na segunda atividade a professora pediu para fazer duplas. Houve uma pequena
confusão para formar essas duplas. A professora conduziu os alunos em duas fileiras
para iniciar a atividade. A professora falava um número e as crianças estavam
numeradas. Os números chamados tinham que disputar uma corrida.
Nesse momento, sentimos um odor muito forte no espaço onde ocorre a aula
vindo da casa da frente.
A professora teve que adaptar a atividade por conta do espaço que é bastante
limitado e cheio de vigas no meio.
As crianças faziam a atividade com muita empolgação e por conta disso até se
machucaram. Ela teve que mudar a atividade por questão de segurança. Na corrida os
alunos tiveram que passar por baixo da mesa e depois da adaptação eles tiveram que dar
uma volta na mesa.
O barulho de duas reformas próximas da escola atrapalhou a dinâmica da aula.
A professora mudou a atividade e nesse momento teve um pouco de dificuldade
na explicação porque as crianças falavam muito.
A maioria dos alunos trouxe garrafinha com água e a professora não precisou
parar a sua aula para os alunos se hidratarem e isso facilitou a sua prática pedagógica.
A professora fez uma corrida com as operações matemáticas. Durante uma das
corridas uma aluna empurrou a outra sem querer e houve certo problema, pois a menina
que foi empurrada não parava de chorar. A professora teve que conversar com a sala.
Na 2º aula fomos para um 1º ano. Houve certa dificuldade porque as crianças
falavam muito alto e às vezes se empurravam. O barulho da obra ao lado estava muito
alto e atrapalhou muito a prática pedagógica.
A professora explicou no espaço como seria aula. Foram as mesmas atividades
da aula anterior.
Nessa aula um, dos alunos não parava de provocar os outros. Esse aluno brigou
com uma criança durante a aula sem nenhum motivo.
321
A professora relatou dificuldade em realizar rodas de conversa devido à idade
das crianças porque elas não conseguem prestar muita atenção.
Esses alunos se dispersavam muito facilmente e houve muita dificuldade de
explicar as atividades em alguns momentos.
A maioria dos alunos participou com muito entusiasmo da aula.
Novamente durante a explicação da alteração da atividade as crianças não
prestaram atenção, pois se dispersavam muito fácil com qualquer coisa e quando
começou a atividade eles errararam a tarefa.
Em muitos momentos durante essa aula os cachorros da casa da frente latiam
sem parar e isso atrapalhava a concentração dos alunos e a professora teve que forçar
mais a voz.
Nessa turma existe um aluno com limitações físicas, mas as crianças
participavam da aula com ele e quando existia uma dificuldade muito grande os outros
alunos o ajudavam.
Nessa turma muitos alunos também trouxeram a garrafinha de água. Dessa
forma a professora não precisou perder tempo autorizando os alunos beberem água
durante a aula.
Alguns alunos se machucaram no trajeto de volta para a sala. A professora
polivalente conversou com a professora de EF sobre o comportamento da sala que não
estava bom. Elas começaram traçar estratégias para tentar melhorar o comportamento da
sala.
Durante a hora de estudo da professora de EF, a professora polivalente
conversou com ela novamente sobre o comportamento da sala. A professora relatou
estar com dor na garganta por ter tido que falar muito alto no espaço onde ocorre a aula
de EF.
A escola organiza a hora de estudo da professora nos horários que ocorrem o
intervalo para que a aula de EF não seja prejudicada, pois no intervalo das crianças o
espaço em que se realiza a aula não pode ser utilizado.
A 4º aula foi ministrada em um 4º ano. Durante o trajeto até o espaço da aula de
EF alguns alunos brigaram e poderiam ter se machucado.
A professora explicou a dinâmica da aula. São as mesmas atividades das aulas
anteriores.
Novamente o barulho da reforma ficou muito alto.
322
A professora teve dificuldade para reunir os alunos no meio da quadra para
explicar a atividade, pois os alunos estavam inquietos e alguns não prestavam atenção
no que ela dizia.
A maioria dos alunos mostrava entusiasmo para realizar qualquer proposta de
atividade realizada pela professora.
Nessa turma houve dificuldade porque alguns alunos não respeitaram algumas
regras sugeridas pela professora. Houve a necessidade de conversar com a turma com
firmeza.
Como essa aula ocorreu após o intervalo, mesmo com a limpeza do local o
espaço foi invadido por pombas a procura de alimento.
Os alunos tiveram dificuldade de entender uma das atividades propostas por falta
de atenção na explicação da professora.
A 5º aula ocorreu em um 2º ano. A professora teve dificuldade para conseguir o
silêncio dos alunos para levá-los até o espaço da aula. Ela teve que conversar com a sala
mais de uma vez para pedir silêncio.
Muitos alunos estavam de calça jeans e a professora colocou para a turma que
deve existir uma vestimenta adequada para aula de EF.
Foram realizadas as mesmas atividades das aulas anteriores.
A professora colocou para a turma a dificuldade de ministrar aula com a
quantidade de pombas que estavam no espaço. Durante a aula as pombas também
tiravam a atenção dos alunos.
Um dos alunos procurou a professora e comentou do cheiro que estava na
quadra.
A professora teve que chamar a atenção dos alunos que estavam se empurrando
e falando durante a discussão da atividade realizada.
Uma das alunas não quis realizar uma das atividades proposta pela professora.
Depois da professora, uma colega pediu para que ela participasse da aula e ela
concordou. Parecia que estava com medo de alguma coisa.
Os alunos dessa turma apresentam dificuldade para prestar atenção nas
orientações da professora por estarem muito dispersos.
Durante a explicação da atividade a professora novamente teve que chamar a
atenção dos alunos que não paravam de falar.
A professora comentou que não conseguiu desenvolver todas as atividades
planejadas por conta do comportamento inadequado da turma.
323
N 6º aula fomos para um 3º ano. A professora reuniu os alunos e explicou a
dinâmica da aula (mesmas atividades das turmas anteriores). Ela perdeu um tempo da
aula para conseguir silêncio da turma e teve que chamar a atenção de alguns alunos.
A maioria dos alunos realizava todas as atividades propostas com muito
entusiasmo.
Na tentativa de realizar uma reflexão sobre a aula a professora teve dificuldade
de falar porque os cachorros da casa da frente começaram a latir demais.
Na explicação da próxima atividade, a professora teve dificuldade para
conseguir o silêncio das crianças que estavam muito agitadas e teve que chamar a
atenção de alguns alunos.
07/05
A 1º aula ocorreu em um 3º ano. A professora propôs uma aula com atividades
de corda. Ela dividiu as meninas e os meninos e houve uma disputa para ver quem
conseguia cumprir melhor as brincadeiras com esse material. A maioria dos alunos
participou das atividades com bastante motivação.
Alguns alunos não se interessaram muito pela atividade e não quiseram pular
corda. Eles ficaram sentados observando a aula.
Novamente, a maioria dos alunos trouxe garrafas com água e a professora não
precisou parar a aula para os alunos beberem água.
Por conta da reforma que está ocorrendo ao lado do espaço de aula houve a
necessidade de diminuir ainda mais esse espaço que já é limitado porque havia risco de
ocorrer algum acidente durante a aula.
Uma das alunas se machucou durante a aula e uma colega deu risada dela. Isso
ocasionou uma pequena briga entre as meninas. A professora teve que parar a aula para
intervir.
A 2º aula ocorreu em um 1º ano. A professora teve dificuldade no trajeto até o
espaço de aula porque os alunos falavam muito alto no corredor da escola.
Nessa turma têm uma aluna com necessidade especial (cadeirante e deficiente
intelectual). Não havia nenhum cuidador para ajudar a professora com a aluna que ficou
apenas observando a aula.
A professora teve dificuldade para explicar a dinâmica da aula por conta da
agitação dos alunos.
324
A professora iniciou a aula realizando várias brincadeiras de corda, nessa
brincadeira sempre havia uma disputa entre meninos e meninas.
Durante a primeira brincadeira um dos meninos errou para atrapalhar a
brincadeira e a professora teve que alterar as regras da atividade.
Em algumas atividades a professora tentou realizar adaptações para a aluna com
necessidade especial participar da aula. Os outros alunos da sala a ajudaram e todas as
crianças queriam ajudar. Todas as crianças da turma gostam muito dessa aluna e
ajudavam ela nas atividades quando existia possibilidade.
Após acabar uma brincadeira a professora tinha dificuldade para começar outra
depois de comentar se os meninos ou as meninas haviam ganhado porque os alunos
estavam muito agitados.
Durante a aula, a professora teve que chamar a atenção de dois alunos que
brigaram entre eles.
Nessa aula, como a professora tinha que prestar atenção nos alunos e na aluna
com necessidade especial e existiu mais dificuldade para desenvolver a dinâmica da
aula. As crianças que ajudavam essa aluna algumas vezes não tomavam o cuidado
necessário e a professora tinha que ter atenção redobrada.
A maioria dos alunos participou com muita motivação da aula.
Na 3º aula fomos para um 4º ano. A professora teve que chamar atenção dos
alunos no trajeto por conta do barulho.
Ao chegar ao espaço de aula os alunos demoraram em prestar atenção na
professora e ela teve dificuldade de explicar a aula.
A professora teve que chamar a atenção dos alunos mais duas vezes durante a
explicação porque eles não prestavam atenção e não ficavam quietos.
A aula teve a mesma dinâmica da anterior. Várias brincadeiras de corda havendo
uma competição entre meninos e meninas.
Durante as atividades de corda os meninos que estavam esperando a sua vez
dispersaram várias vezes e a professora teve que chamar a atenção.
Quando um dos meninos conseguiu realizar um ponto na brincadeira os outros
foram agressivos na comemoração e machucaram-no. A professora teve que chamar a
atenção dos meninos.
Houve uma discussão entre os alunos de quem iria bater a corda e eles acabaram
brigando por conta disso. Um dos alunos ficou chateado e não quis mais participar da
aula. A professora teve que chamar atenção de todos os alunos.
325
Nessa turma muitos alunos não respeitaram as regras colocadas pela professora
causando diversos conflitos e desentendimentos entre eles.
A professora teve que mandar dois meninos de volta para a sala antes de acabar
a aula porque elas estavam desrespeitando demais as regras.
Antes de voltar para a sala, a professora teve que chamar a atenção da turma
toda pelo mau comportamento da maioria dos alunos durante a aula.
Na 4º aula fomos para um 2º ano. A professora chegou ao espaço e explicou
como seria a dinâmica da aula. Eram as mesmas brincadeiras de corda das aulas
anteriores disputando meninos e meninas.
Houve dificuldade de explicar a atividade pela agitação dos alunos e pela
quantidade de conversa que ocorria na aula.
O cheiro forte dos cachorros da casa da frente era sentido no ambiente durante o
período da aula.
Nessa aula todos os alunos tiveram um ótimo comportamento e participaram das
atividades com muita motivação.
A 5º aula foi ministrada em um 3º ano. Os alunos dessa turma respeitaram a
explicação da professora e participaram das atividades de corda (as mesmas das aulas
anteriores) com muita motivação.
Havia na turma uma menina com uma limitação física no pé. Ela participou
normalmente das atividades sem sofrer nenhum tipo de desrespeito dos demais alunos.
A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos durante as atividades
que estavam desrespeitando as regras.
Essa era a última aula do dia e o ambiente ficou bem escuro, pois não há nenhum
poste de iluminação no espaço, dificultando a dinâmica da aula.
23/05
Na 1º aula fomos para um 2º ano. Durante o percurso duas crianças discutiram
porque uma tinha empurrado a outra e acabaram se machucando. A primeira brincadeira
realizada na aula foi pega-pega. Na segunda atividade as crianças tinham que realizar
arremessos na cesta. Durante a organização da fila para iniciar a atividade dois meninos
brigaram e a professora teve que intervir.
Durante o jogo um dos meninos chutou a bola e acertou em uma das meninas. A
professora teve que intervir.
326
A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação, mesmo
que a maioria não conseguia acertar a cesta.
Quase no final da atividade alguns meninos começaram a desrespeitar as regras
do jogo que estava sendo realizado e a professora teve que chamar a atenção dos alunos.
Um dos meninos a imitou, mas ela não percebeu.
Na 2º aula fomos para um 4º ano. Foram realizadas as mesmas atividades da aula
anterior. Na brincadeira de pega-pega a maioria dos alunos participou com bastante
motivação. Durante a brincadeira duas crianças brigaram e uma machucou a outra. A
briga começou porque uma encostou-se à outra no pega-pega. A menina que bateu na
outra criança discutiu com a professora dizendo que o pai dela manda bater em qualquer
criança que mexer com ela.
Duas meninas não queriam participar da aula e mesmo com a professora
chamando, elas se negaram a participar. A professora conseguiu que elas participassem
da aula depois de muita discussão.
A maioria dos alunos participou da atividade de arremessar a bola na cesta com
muita motivação.
Um aluno chegou um tempo após a aula ter iniciado porque não havia terminado
as tarefas com a professora polivalente.
Bem no final da aula, como o espaço utilizado é próximo da rua, duas pessoas
que estavam passando mexeram com as crianças e o clima ficou um pouco diferente do
normal.
Na 3º aula a professora estava de hora de estudo. A professora realiza essa hora
de estudos nessa aula porque o intervalo é realizado nesse momento e a aula de EF
ocorre no mesmo local do intervalo.
Na 4º aula fomos para um 3º ano. A professora teve dificuldade para os alunos
prestarem atenção na sua explicação e teve que chamar a atenção de alguns alunos.
As atividades propostas foram as mesmas das aulas anteriores. Na atividade de
pega-pega duas meninas se empurraram e uma delas ficou chorando, e, por conta disso,
não queria mais participar da aula. Todos os alunos dessa turma reclamaram dessa
menina dizendo que ela empurra as outras crianças durante as brincadeiras. A
professora chamou a atenção dessa aluna.
Os alunos ficaram em fila para realizar a atividade de arremessar a bola na cesta
e novamente a professora teve dificuldade para explicar a atividade.
327
Na 5º aula fomos para um 1º ano. Houve muita dificuldade com os alunos dessa
sala durante o trajeto até o espaço de aula. Os alunos brigaram entre eles e falavam alto
no corredor.
Onde ocorre a aula de EF estava montado o tênis de mesa. Um dos alunos subiu
na mesa e começou a deslizar nela sem a autorização da professora. Na hora de levantar
a mesa dois alunos se machucaram.
Nessa sala têm uma aluna cadeirante e com deficiência intelectual. Não havia
ninguém para ajudar a professora durante a sua aula com essa menina.
Durante a aula foram realizadas as mesmas atividades das aulas anteriores.
No pega-pega, a professora teve que tirar um aluno da brincadeira porque ele
não parou nenhum minuto de desrespeitar as regras e atrapalhar os colegas.
A professora teve dificuldade de explicar a atividade de jogar a bola na cesta
porque os alunos estavam muito agitados e não deixavam ela falar.
Durante o jogo alguns meninos se empurraram algumas vezes e em alguns
momentos chutavam a bola um no outro sem necessidade.
A maioria dos alunos participou das atividades com muita motivação, mesmo
com todos os problemas ocorridos.
Na 6º aula fomos para o outro 1º ano. Nesse momento os alunos estavam muito
agitados. A professora demorou quase dez minutos no trajeto entre a sala de aula e o
espaço onde ocorre a aula de EF.
A professora comentou que têm dois alunos novos na sala que vieram
transferidos de outra escola que ainda não se adaptaram as regras da escola e estão
comportando-se mal.
As atividades dessa aula foram as mesmas das anteriores. A professora teve
dificuldade de explicar como seria a aula porque alguns alunos não deixavam ela falar.
O espaço da aula estava mais escuro e não existe iluminação. Essa falta de
claridade atrapalhou a prática pedagógica da professora.
A maioria dos alunos participou das atividades da aula com muita motivação.
11/06
Na 1º aula fomos para um 4º ano. Nesse dia estava chovendo e a professora
ficou impossibilitada de utilizar o espaço onde ocorre a aula de EF.
328
Ela solicitou uma sala para poder passar um filme para os alunos e prontamente
conseguiu uma sala com televisão e DVD.
A professora já tinha começado a passar o filme por conta da quantidade de dias
com chuva que ocorreram nesse mês. A professora explicou para os alunos que iria
terminar de passar o filme hoje e fazer reflexões sobre o que foi entendido.
A maioria dos alunos assistiu ao filme com muita atenção. Eles se envolveram e
gostaram dessa dinâmica de aula.
Embora a maioria dos alunos estivesse prestando muita atenção, um grupo de
cinco crianças não queriam assistir ao filme e ficaram brincando entre elas.
Em um momento esse grupo de alunos que não estavam assistindo ao filme ficou
trocando de lugar de propósito e falando muito alto entre eles, atrapalhando os outros
colegas.
Com o passar do tempo, mesmo as crianças que estavam desinteressadas
começaram a assistir o filme. Nesse momento todos estavam bem concentrados no filme
e esse recurso audiovisual facilitou a prática pedagógica da professora.
Quando acabou a aula as crianças queriam continuar assistindo o filme e
reclamaram que tinham que voltar para a sala de aula.
Na 2º aula fomos para um 1º ano. A professora comentou com os alunos que eles
iriam assistir a um filme por conta da chuva, pois o espaço onde ocorre a aula estava
molhado. Primeiramente as crianças não gostaram muito.
Nessa turma têm uma menina com necessidades especiais que ficou junto com o
restante das crianças assistindo ao filme.
A maioria dos alunos se interessou muito pelo filme. Nessa turma não houve
nenhum problema de indisciplina.
Durante essa aula a coordenadora veio alertar a professora que tem um aluno na
escola com diagnóstico de hipertensão arterial e obesidade. O médico proibiu esse aluno
de realizar as aulas de EF. A professora comentou que existem outros alunos na escola
na mesma situação.
Na 3º aula a professora realizou sua hora de estudo e ficou discutindo questões
educacionais com as outras professoras.
Na 4º aula fomos para um 5º ano. Ainda estava chovendo e a professora levou a
turma para a sala de vídeo. Ao chegarmos à sala os alunos estavam bem agitados e a
professora teve dificuldades para que eles ficassem em silêncio. Muitos alunos estavam
tendo atitudes desrespeitosas um com o outro.
329
Três alunos se recusaram a assistir ao filme e preferiram ficar realizando cópia
de um texto.
Nessa turma têm uma aluna com necessidades especiais. Ela estava com uma
cuidadora. Durante o filme todo ela ficou fazendo barulho e isso tirou a atenção dos
seus colegas de classe por muitas vezes.
Um aluno estava com uma lanterna e ficou acendendo e apagando esse
equipamento durante o filme. Essa atitude tirou a atenção de alguns alunos em alguns
momentos.
Durante o filme a turma foi se acalmando e se interessando mais pela aula.
Quando todos os alunos estavam em silêncio e prestando atenção no filme a
aluna com necessidades especiais caiu no chão e começou a gritar muito alto tirando a
atenção de todos os outros alunos. A cuidadora teve que tirar ela da sala.
Os alunos novamente ficaram agitados e algumas crianças começaram a
conversar sem parar. A professora teve que chamar a atenção de alguns alunos.
Quando o filme já estava quase acabando alguns alunos novamente se
dispersaram e a professora teve que intervir.
Na 5º aula fomos para um 3º ano. Quando a professora chegou à sala de aula foi
avisada que essa turma estava com crianças de outro 3º ano e de um 1º ano também.
Algumas professoras faltaram e não havia com quem deixar esses alunos.
Novamente fomos para a sala de vídeo porque o espaço da aula de EF estava
molhado. Na sala de vídeo tivemos um problema porque as turmas já tinham começado
a assistir o filme e estavam em momentos diferentes. A professora teve que conversar
com as crianças e começar o filme quase do inicio.
Com a junção das turmas os alunos ficaram bastante agitados e a professora teve
que pedir silêncio três vezes antes de iniciar o filme.
Durante a aula a maioria das crianças começou a se interessar pelo filme e
começaram a prestar mais atenção.
Em um momento do filme as crianças que já tinham assistido contavam para as
outras que não tinham assistido aquela parte do filme e os alunos começaram a
conversar demais. A professora teve que chamar a atenção desses alunos pedindo
silêncio.
A professora teve que trocar alguns alunos de lugar porque eles estavam
conversando demais e atrapalhando os demais colegas.
330
Bem próximo do final da aula a professora teve que trocar outros alunos de lugar
também pelo mau comportamento.
Na 6º aula fomos para um 4º ano. Mesmo parando de chover o espaço onde
ocorre a aula de EF ainda estava molhado e fomos novamente para a sala de vídeo.
Logo no inicio da aula a professora teve que chamar a atenção de um aluno que
estava estragando as folhas do seu caderno.
A maioria dos alunos prestou muita atenção no filme e se interessaram bastante
pela aula.
Um grupo de três alunos começou a falar alto durante a aula e acabou
atrapalhando os colegas de turma.
Até acabar a aula a maioria dos alunos interessaram-se pelo filme e assistiram
com bastante atenção sem nenhum caso de indisciplina.
04/07
Na 1º aula fomos para um 3º ano. A professora reuniu os alunos no meio da
quadra e explicou a dinâmica da aula. As meninas ficaram em uma metade da quadra
jogando futebol e os meninos na outra metade jogando vôlei. Após um tempo as tarefas
seriam trocadas.
A professora comentou que tinha preparado outra dinâmica de aula, mas quando
chegou à escola não conseguiu ter acesso aos materiais porque apenas o professor de EF
estava com a chave dos materiais e teve que adaptar as atividades.
Os meninos se organizaram e começaram a jogar vôlei. As meninas demoraram
um pouco mais de tempo para se organizar, mas logo começaram a jogar futebol.
As meninas dessa turma organizaram um jogo de chute a gol e os meninos
fizeram dois times e começaram a jogar vôlei. Após um tempo, com a intervenção da
professora, as meninas organizaram dois times e começaram a jogar futebol. Tanto os
meninos quanto as meninas participaram da aula com muita motivação e interesse.
Muitas crianças trouxeram a sua garrafa de água e se hidrataram sem precisar
parar a aula.
331
No jogo de vôlei dos meninos uma criança não conseguia realizar o saque.
Todas as crianças do time que conseguiam fazer o movimento tentaram ensiná-lo e o
estimularam a continuar jogando.
Após um tempo a professora trocou os grupos. Os meninos jogaram futebol e as
meninas vôlei com muita motivação e interesse.
No jogo de vôlei das meninas duas alunas discutiram e brigaram durante o jogo.
Elas se desentenderam devido ao desrespeito de uma delas com as regras do vôlei.
No trajeto de volta para a sala de aula dois alunos discutiram porque um falou
mal do outro durante o jogo. A professora teve que intervir.
Na 2º aula fomos para um 5º ano. A dinâmica da aula foi a mesma da anterior.
Os meninos jogaram vôlei e as meninas futebol e depois de um tempo de aula os grupos
foram invertidos.
Os meninos rapidamente se organizaram e começaram a jogar vôlei, além de
participar da aula com motivação e várias vezes perguntarem das regras do jogo para a
professora. A maioria das meninas também jogou futebol com muita motivação e
interesse.
Durante essa aula um aluno foi afastado da aula de EF pelo médico porque está
com pressão alta. Ele pediu para a professora deixá-lo participar da aula, mas ela não
permitiu devido ao afastamento médico.
Durante o jogo de vôlei um dos meninos jogou a bola forte no colega para
machucá-lo. A professora teve que intervir.
Após vinte minutos a professora trocou os grupos Os meninos foram jogar
futebol e as meninas vôlei. A maioria dos alunos realizava as atividades com muita
motivação e interesse.
Durante a aula o cheiro ruim que vem da casa que fica em frente do espaço onde
ocorre a aula de EF ficou muito forte.
Na 3º aula a professora realizou sua hora de estudo. A escola organizou esse
horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo sem
332
atrapalhar a dinâmica da aula, já que o intervalo é realizado no mesmo local onde ocorre
a aula de EF.
Na 4º aula fomos para um 4º ano. Quando chegamos ao espaço onde ocorre a
aula de EF tinha terminado o intervalo e a professora teve que esperar as auxiliares de
limpeza terminar de limpar o espaço para iniciar a aula.
Logo no inicio da aula o cheiro ruim da casa da frente ficou forte novamente no
espaço.
A professora reuniu os alunos e explicou a dinâmica de aula. Ela dividiu os
times e explicou as regras para jogar queimada. Todas as crianças participaram da
atividade com muita motivação e interesse.
Durante a aula começou a ficar muito frio. Como o espaço onde ocorre a aula de
EF é aberto algumas crianças participaram menos da atividade porque estavam com
frio.
Nessa turma alguns alunos trouxeram garrafa com água e a professora não
precisou parar a aula para os alunos se hidratarem.
Durante o jogo de queimada dois meninos do mesmo time tentaram pegar a bola
e acabaram brigando por conta disso. A professora teve que intervir.
No trajeto de volta para a sala, alguns alunos mexeram com os colegas que
estavam tendo aula, atrapalhando as professoras polivalentes.
A professora teve que intervir com alguns alunos que estavam gritando e
jogando água um no outro dentro do banheiro.
Na 5º aula fomos para um 2º ano. A professora teve dificuldade no trajeto da
sala até o espaço onde ocorre a aula de EF porque os alunos estavam gritando e
atrapalhando as outras turmas.
Como estava muito frio nesse horário e o espaço onde ocorre a aula de EF é
aberto, a professora teve que pedir agasalho para todas as crianças que não trouxeram
roupa de frio para conseguir ministrar a sua aula.
333
A atividade desenvolvida em aula foi a queimada. A maioria das crianças
participou do jogo com muita motivação e interesse.
Dois alunos dessa turma tinham dificuldade de atenção e constantemente
erravam as regras do jogo.
As crianças falaram muito alto durante o trajeto de volta para a sala de aula e a
professora teve que intervir.
Na 6º aula fomos para outro 2º ano. A professora comentou com a turma que
havia muitos alunos sem a vestimenta adequada para realizar a aula e pediu para que na
próxima aula eles viessem com a roupa adequada.
A aula iniciou com a divisão dos times para realizar o jogo de queimada. Os
alunos estavam muito agitados e alguns faziam brincadeiras não deixando a professora
falar. Ela teve que intervir.
Nessa turma tem um aluno cadeirante e não havia nenhum cuidador para ajudar
a professora. Ela teve que leva-lo até o local onde ocorre a aula de EF e ficou com ele
durante todo tempo de aula sem a ajuda de ninguém.
Durante a queimada dois alunos brigaram e um foi reclamar com a professora
que o colega tinha batido nele.
Durante a explicação da professora, três alunos começaram a brigar e não deram
a mínima atenção para a professora.
Durante o jogo, a maioria das crianças participou da atividade com muito
interesse e motivação.
Próximo do final da aula, o espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro
dificultando a prática pedagógica da professora.
05/07
Antes de iniciar a 1º aula a mãe de um aluno que estava com atestado médico
para não realizar a aula de EF veio conversar com a professora. Relatou que o aluno tem
hipertensão e já perdeu 1kg e meio depois que começou o tratamento. Ela veio pedir se
334
ele poderia realizar a aula de EF. Essa mãe pareceu ser bem presente e essa relação da
família com a escola ajudou na prática pedagógica da professora.
Na 1º aula fomos para o 2º ano. Um dos alunos ainda na sala pegou o apito da
professora e assoprou sem autorização. A professora já tinha explicado que não queria
que isso acontecesse e o aluno desrespeitou mesmo assim o combinado.
A professora levou os alunos para o espaço onde ocorre a aula de EF, os
organizou e explicou a dinâmica da aula. A primeira atividade foi polícia e ladrão.
Todos os alunos participaram da atividade com muito interesse e motivação.
Nessa turma tem um aluno com necessidades especiais. Nessa aula a cuidadora
que fica na escola ajudou a professora no trajeto com esse aluno cadeirante. Durante o
polícia e ladrão ele participou normalmente com as outras crianças e a cuidadora
permaneceu por um tempo no espaço. Durante todo esse tempo que a cuidadora esteve
presente ela ajudou a professora e isso facilitou a prática pedagógica.
As outras crianças da turma ajudaram esse aluno cadeirante a participar da aula.
Mesmo com todas as dificuldades ele participou da atividade e parecia estar gostando.
Isso ocorreu principalmente por conta da ajuda das outras crianças.
Muitas crianças trouxeram garrafas com água e se hidrataram durante a aula. A
professora não precisou parar a aula para os alunos beberem água e isso facilitou a
prática pedagógica.
Em um momento da aula um aluno subiu em cima da mesa de tênis de mesa que
estava no espaço onde ocorre a aula de EF. A professora teve que interferir e pedir para
o aluno sair de cima da mesa.
A professora juntou os alunos e mencionou que havia muitas crianças com a
vestimenta inadequada para a aula de EF. Ela pediu para os alunos não usarem calça
jeans na próxima aula.
A segunda atividade da aula foi ameba. Todos os alunos realizaram a atividade
com bastante motivação e interesse.
Quando iniciou a brincadeira de ameba a professora perguntou para a cuidadora
se o aluno com necessidades especiais poderia participar da aula porque existia o risco
335
de ele tomar bolada. Ela respondeu que não havia problema e o menino participou da
brincadeira normalmente. A participação da cuidadora facilitou a prática pedagógica da
professora.
Durante a atividade de ameba um aluno se subiu na trave sem pedir a
autorização da professora. Ela teve que intervir.
Na 2º aula fomos para um 3º ano. A primeira atividade da aula foi polícia e
ladrão. Todos os alunos realizaram a brincadeira com muita motivação e interesse.
Muitas crianças trouxeram as suas garrafas com água e a professora não precisou
parar a aula para as crianças se hidratarem.
A segunda atividade realizada foi ameba. Todas as crianças realizaram a
brincadeira com muita motivação e interesse.
Na 3º aula a professora realizou a sua hora de estudo. A escola organizou esse
horário da professora nessa aula para que possa acontecer normalmente o intervalo sem
atrapalhar a dinâmica da aula da professora, já que o intervalo é realizado no mesmo
local onde ocorre a aula de EF.
Na 4º aula fomos para um 3º ano. Como essa aula ocorre após o intervalo e o
espaço da aula de EF também é utilizado nesse momento, a professora teve que esperar
as auxiliares de limpeza terminarem de limpar o local para iniciar a aula.
Ao iniciar a aula a professora dividiu os times para jogar queimada. Todos os
alunos realizaram a atividade com muita motivação e interesse.
Em um determinado momento da aula o cheiro ruim da casa que fica de frente
para o espaço onde ocorre a aula de EF ficou muito forte.
No trajeto de volta para a sala de aula um aluno derrubou o outro e acabou
machucando sério o colega. A professora teve que intervir.
Na 5º aula fomos para um 5º ano. A professora explicou que nessa aula a turma
iria jogar queimada. Ela ajudou a dividir os times e já iniciou o jogo. Os alunos
realizaram a atividade com muita motivação e interesse.
336
Durante a aula a professora comentou que essa sala tem muitos alunos e isso
dificulta a sua prática pedagógica, até por conta do espaço reduzido para realizar a aula.
Durante a aula também ficou evidente que o número de alunos da turma é
grande e o espaço reduzido. A dinâmica do jogo de queimada ficou prejudicada e os
alunos tropeçavam um no outro de vez em quando.
No jogo a bola caiu fora do espaço onde ocorre a aula de EF. A professora
conseguiu recuperar a bola depois de algum tempo e o jogo foi interrompido.
No final da aula a professora mudou a atividade. A professora propôs que os
alunos realizassem ameba. Alguns alunos simplesmente não quiseram participar da aula
e ficaram sentados.
Na 6º aula fomos para o outro 5º ano. Fomos até o local onde ocorre a aula de
EF. A professora explicou que os alunos iriam jogar queimada e dividiu os times. A
maioria dos alunos realizou a aula com interesse e motivação.
Durante o jogo de queimada um dos alunos jogou de propósito a bola no colega
para machucá-lo. A professora teve que intervir e o aluno ainda respondeu para ela.
O espaço onde ocorre a aula de EF ficou escuro e prejudicou o jogo de queimada
e, por consequência, a prática pedagógica da professora.
338
Reivindicações da greve
Reivindicação Salarial
1 – Alteração da atual lei salarial, para ampliar o percentual mínimo das receitas
correntes destinados as despesas com pessoal;
2 – Aplicação de elo menos 54% das receitas correntes com despesas de pessoal;
3- Incorporação dos abonos complementares de pisos, com aplicação em maio de 2012
dos índices previstos em lei para maio de 2013 e 2014;
4- Elevação dos pisos profissionais através de reajustes lineares sobre os padrões de
vencimentos dos servidores ativos, aposentados e pensionistas;
5 – Não inclusão das despesas com pessoal terceirizado para efeitos de cálculo de gastos
com pessoal da administração direta da prefeitura;
6- Instituição de mecanismo que determine reajuste periódico com percentual nunca
inferior a inflação do período e aumento real de salários;
7- Reajuste na mesma época e igual percentual para os aposentados por invalidez ou por
idade, com proventos sem direito a paridade;
8 – Direito de incorporação por exercício na JEIF, cargos ou funções com 5 anos de
exercício continuado ou não, para fins de aposentadoria;
9- Elevação das receitas destinadas ao pagamento dos precatórios;
10 – Uso dos precatórios para pagamento de divida dos servidores com o tesouro
municipal;
11 – Piso salarial para os servidores não inferior ao valor fixado pelo departamento
intersindical de estatística e estudo socioeconômicos (DIEESE);
12 – Aplicação de 40% sobre o atual valor do vale alimentação e sua extensão para os
aposentados e pensionistas;
13 – Recadastramento e pagamento retroativo dos ganhos judiciais para os agentes
escolares, agentes de apoio e integrantes do quadro do magistério que mudaram de CL;
14- Regulamentação e pagamento retroativo da gratificação por local de trabalho aos
profissionais da educação;
15 – Revisão dos critérios para concessão e valores dos adicionais de difícil acesso,
insalubridade e noturno;
339
16- Fins de descontos no PDE decorrentes de faltas de faltas abonadas e licenças
médicas, extensão dos direitos aos aposentados e incorporação desse prêmio aos
padrões de vencimento;
17- Gratificação de 50% pelo serviço noturno prestado a partir das 19:00 horas;
18 – Hora/aula excedente e de qualquer hora/trabalho além das jornadas a que estão
submetidos os profissionais da educação com valor100% superior;
19 – Pagamento do abono complementar de piso para os comissionados do quadro de
apoio e auxiliares de direção.
Reivindicação Funcional
1 – Aposentadoria especial do magistério para os readaptados;
2 – Ampliação da quantidade de referências da tabela da jornada especial de 40 horas do
magistério (gestores);
3 – Ampliação da quantidade de referências das tabelas dos docentes gestores ativos e
aposentados;
4 – Alteração, com diminuição dos tempos para enquadramento por evolução funcional
dos agentes escolares e ATEs;
5 – Progressão salarial da carreira por incentivos que contemplem titulação, experiência,
participação em projetos e programas, atualização e aperfeiçoamento profissional;
6- Computar na composição da JEIF aulas/classes atribuídas para regência (25
horas/aula) assim como turmas de reforço e recuperação, de treinamento esportivo e de
iniciação teatral, musical, dança, entre outros;
7 – Redução da jornada de trabalho do quadro de apoio (agentes escolares e auxiliares
técnicos de educação), agentes de apoio, vigias, auxiliares de secretária, secretários de
escola e gestores educacionais para 30 horas semanais sem redução de salários;
8 – Integração dos agentes do quadro de apoio ao QPE, com todos os direitos funcionais
e reajustes dos profissionais de educação;
9 – Transformação do atual cargo de agente escolar em auxiliar técnico em educação e
provimento dos cargos existentes e dos resultantes da transformação, por concurso de
ingresso de provas e títulos;
10 – Isonomia entre ativos, aposentados e readaptados;
340
11 – Alteração da denominação dos atuais agentes escolares e agentes de apoio para
auxiliares técnicos de educação, com enquadramento nas referências próprias deste
cargo, sem qualquer redução de vencimento padrão;
12 – Organização do cargo de ATE em 3 classes distintas, com reconhecimento e
manutenção das atribuições das classes 1 e 2, previstas nos editais dos concursos;
13 – Nenhum desconto referente as ausências por licença saúde;
14 – Quadro operacional e de auxílio técnico administrativo escolar composto de cargos
de provimento efetivo e funções de livre provimento exclusivamente nas unidades
escolares;
15 – Direito de desenvolvimento com enquadramento em referências de maior valor
pecuniário para os comissionados estáveis e não estáveis;
16 – Garantia de inclusão da JEIF a todos os professores que por ela optarem;
17 – Direito de recesso em julho para os CEIs;
18 – Manutenção das férias coletivas em janeiro para todos os profissionais de
educação;
19 - Direito de intervalo para os professores de CEIs;
20 – Contagem de tempo de ADI para todos os efeitos no cargo de professor de
educação infantil e professor de educação infantil e ensino fundamental I;
21 – Realização urgente de concursos para o quadro de apoio e fins das terceirizações;
22 – Assistente de direção para os CEIs;
23 – Garantia de cursos de formação dentro e fora do horário de trabalho para todos os
profissionais em educação;
24 – Pagamento de diferença por exercício de função ao ATE com direito a
incorporação.
Organização das Unidades e Condições de Trabalho
1 – Fim dos contratos de terceirização de serviços de transferência de equipamentos
educacionais para rede indireta;
2 – Alteração dos módulos, com ampliação da quantidade de docentes e do pessoal do
quadro de apoio, considerando as especificidades de cada unidade quanto à quantidade
de turnos, salas, aulas, número de alunos e alunos com necessidades especiais;
3 – Retorno dos CEIs indiretos para rede direta;
341
4 – Não realização de reformas, ampliação e manutenção predial em períodos de
funcionamento das unidades;
5 – Ampliação da rede física escolar para atendimento integral a demanda existente na
educação infantil, no ensino fundamental regular e na educação de jovens e adultos;
6 – Adequação de todos os prédios ao uso de sua finalidade e cumprimento da lei que
dispõe sobre acessibilidade;
7 – Ampliação da rede, considerando a infraestrutura necessária ao trabalho pedagógico
de qualidade, com acompanhamento especializado junto a equipe escolar, contemplando
desde a construção física, com adaptações adequadas aos portadores de necessidades
especiais, até os espaços especializados em atividades artístico-culturais, esportivos,
recreativos e a adequação de equipamentos e espaços específicos para trabalho de apoio
aos alunos com dificuldade de aprendizagem;
8 – Ampliação dos projetos de atendimento as crianças com necessidades especiais,
realizados nas próprias unidades, com professores capacitados para prestação desse
serviço e garantir na unidade educacional a permanência do profissional de educação eu
se dispuser a atender esses projetos e a esses alunos;
9 – Alteração das atuais formas de desenvolvimento das jornadas de trabalho, para que,
individualmente e coletivamente, seja possível o trabalho docente. Estudo,
desenvolvimento e execução de projetos;
10 – Criação de espaços de incentivo à leitura e ao estudo individual, como condições
especiais na direção do aprimoramento do trabalho educativo da superação pessoal dos
profissionais de educação;
11 – Reorganização do currículo, do espaço físico e dos equipamentos escolares na
perspectiva de rever criticamente os processos de conhecimento em desenvolvimento
nas escolas de educação infantil, de educação especial e de ensino médio, avaliando o
desenvolvimento da concepção de infância nos agrupamentos da educação infantil, sua
articulação com o ensino fundamental com duração de 9 anos;
12 – Inclusão dos alunos portadores de necessidades especiais e não apenas sua
inserção, sem nenhum apoio técnico, pedagógico e material para os profissionais do
ensino, com redução de alunos mediante estudo especifico de acordo com os tipos e
necessidades;
13 – Construção de unidades de educação infantil com infraestrutura abrangendo os
espaços pedagógicos, de recreação e lúdico;
342
14 – Autonomia da unidade escolar para cadastro, efetivação de matrículas e
transferência de alunos;
15 – Professores orientadores de sala de leitura e de informática nas EMEIs;
16 – Professores de Educação Física e Arte nas unidades de educação infantil;
17 – Manutenção nos CEIs do módulo de saúde (auxiliares de enfermagem), também
extensivo às EMEIs, em respeito a concepção de que as instituições de educação infantil
devem educar e cuidar;
18 – Cumprimento proporção criança/espaço físico, para garantir o atendimento à
criança pequena, considerando o espaço física necessário com a existência de materiais
pedagógicos e mobiliarios projetados para um projeto pedagógico pensado para cada
faixa etária;
19 – Programas de segurança para as escolas e implementação de políticas de inclusão
social (esporte, cultura, lazer, etc) que visem ao combate à violência, prioritariamente,
nos bairros com maior índice de violência e trafico de drogas;
20 – Gestão coletiva com efetivo funcionamento do conselho de escola;
21 – Efetiva participação do conselho tutelar nas escolas, com visitas periódicas de
maior intensidade, criando um canal maior de contato e comunicação com as unidades
escolares, como também melhor formação dos conselheiros para atender aos princípios
de uma escola democrática, laica, inclusiva e de qualidade social;
22 – Autonomia da escola na elaboração, execução e avaliação de planos e projetos
respeitados os princípios e diretrizes do plano municipal de educação;
23 – Sala para o quadro de apoio para todas as unidades de trabalho, com infraestrutura
adequada;
24 – Direito de participação no PEA de todos os docentes, incluindo os readaptados,
independentemente da jornada de trabalho;
25 – Revisão do módulo e concurso de remoção para o agente escolar;
Reivindicação voltada à Saúde do Trabalhador
1 – Melhoria das condições e atendimento no hospital do servidor público municipal
(HSPM);
2 – Descentralização do atendimento ambulatorial, com especialidades médicas, exames
por imagens e laboratoriais;
343
3 – Atendimento médico domiciliar para servidores que apresentam incapacidade de
locomoção;
4 – Implementação de medidas voltadas à prevenção e assistência à saúde do servidor;
5 – Reconhecimento das doenças profissionais;
6 – Distribuição gratuita de medicamentos para os servidores;
7 – Atendimento odontológico para os servidores municipais;
8 – Apoio técnico e financeiro, por parte da prefeitura, destinado a melhorar as
condições de trabalho e a erradicar e prevenir a incidência de doenças profissionais;
9 – Investimento na proteção, prevenção e saúde do trabalhador;
10 – Descentralização do atendimento médico ambulatorial com especializações,
facilitando o agendamento de consultas e exames;
11 – Modernização e ampliação da aparelhagem de exames por imagem e exames
laboratoriais;
12 – Estender o atendimento do HSPM aos filhos dos servidores, independentemente da
idade, com necessidades especiais (deficiências físicas, mentais, auditivas e
oftalmológicas);
13 – Contratação por concurso de profissionais das diversas áreas da saúde para melhor
atender aos servidores e seus dependentes;
14 – Criação de equipes multidisciplinares para atendimento domiciliar daqueles que
estiverem impossibilitados de locomoção;
15 – Criação do programa de assistência e prevenção à saúde do profissional de
educação;
16 – Reconhecimento das doenças do trabalho;
17 – Adoção de medidas preventivas, assistência e proteção a saúde e reabilitação
profissional, com política permanente do governo de proteção à saúde dos profissionais
de educação.
Reivindicação de Educação e Formação
1 – Condições para efetivação do trabalho pedagógico e administrativo sistemático que
favoreça a real implantação do ciclo;
2 – Realização da reorganização curricular, considerando a organização do ensino em
ciclos e as diferentes etapas de desenvolvimento da capacidade de aprendizagem dos
alunos;
344
3 – Laboratórios de informática com número de computadores e POIEs em proporção
ao número de alunos, salas e turnos das unidades escolares;
4 – Realização de reuniões/seminários considerando-os como dia letivo, para realizar a
avaliação do projeto pedagógico da unidade, os resultados alcançados e as alterações
necessárias;
5 – Garantia de meios, espaço, material e profissionais de educação para o
acompanhamento individualizado dos alunos, principalmente daqueles com dificuldade
de aprendizagem;
6 – Implementar a avaliação contínua e diagnóstica acompanhada das condições
necessárias para executar atividades que permitam aos alunos superar dificuldades, sem
promoção automática e com direito a recuperação paralela;
7 – Garantir todas as condições para assegurar a realização de recuperação paralela dos
educandos com defasagem de aprendizagem, desenvolvida por professores remunerados
para tal fim e integrada ao projeto pedagógico da escola;
8 – Implantação da avaliação coletiva e global no final de cada ciclo;
9 – Redução do número de alunos por sala/turma no ensino regular e nas escolas de
educação especial;
10 – Redução do número de alunos por sala/turma do EJA;
11 – Alteração da lei, para que seja restabelecida a aplicação de 30% exclusivamente na
manutenção e desenvolvimento do ensino, nos termos que determina a LDB;
12 – Instalação de centros de formação em cada DRE conforme acordo firmado na data
base 2010, adequadamente equiparado com materiais educativos, biblioteca, videoteca,
entre outros recursos, como espaços de produção coletiva de novos conhecimentos
sobre a escola, a sala de aula, os processos educativos, novas metodologias, novas
formas de organizar as salas de aula e o trabalho pedagógico, de modo a transformas as
condições da escola pública e da educação;
13 – Adoção de política de formação continuada articulada com a construção coletiva
do projeto político-pedagógico da escola, com a participação dos professores, gestores,
pessoal de apoio, estudantes, pais e movimentos sociais;
14 – Valorização da formação dos servidores, com concursos realizados pela SME e
sindicato, reconhecidas para fins de evolução funcional;
15 – Cursos de formação para o quadro de apoio, com reconhecimento para
enquadramento da evolução funcional;
345
16 – Não vinculação do alcance as metas a compensações por gratificação, bônus e/ou
prêmios;
17 – Realização de estudos periódicos da demanda por região;
18 – Programa de formação continuada aos profissionais em educação de CEIs, EMEIs,
EMEFs, EMEFMs e EMEEs, com garantia de igualdade de oportunidades, através de
cursos de graduação e/ou pós graduação oferecidos, por universidades públicas em
convênio com a SME;
19 – Cursos de formação para os Cipeiros;
20 – Instalação dos conselhos regionais de gestão participativa na educação;
21 – Utilização das horas adicionais e atividades das jornadas bem como parte das
jornadas dos gestores dos demais profissionais de educação para a formação
profissional e programas de incentivo a cultura geral;
22 – Criação de um programa especial de formação e capacitação para os profissionais
de educação, voltado para o trabalho com alunos portadores de necessidades especiais e
com dificuldade de aprendizagem;
23 – Criação de centros públicos estatais de apoio interdisciplinar para alunos da rede
pública municipal com necessidades educacionais especiais, bem como as suas famílias
e as escolas para os casos não compatíveis com a inclusão;
24 – Garantia de transporte escolar com adaptações necessárias aos alunos que
apresentem dificuldades de locomoção;
25 – Participação das secretárias municipais de saúde, educação, esporte, meio ambiente
e assistência social no desenvolvimento de programas de apoio às crianças e aos
adolescentes com necessidades especiais;
26 – Formação de equipes multidisciplinares que atendam poucas unidades escolares
em cada região, prestando o atendimento necessário as crianças e aos adolescentes com
necessidades especiais e/ou em condições de risco e de suas famílias.
Reivindicações Administrativas Gerais
1 – Realização da reforma administrativa na SME, que lhe garanta a autonomia na
execução do orçamento da educação;
2 – Criação e funcionamento do conselho de estudo da demanda, com membros dos
conselhos de escola e regionais de gestão participativa;
346
3 – Criação da carreira de pessoal técnico administrativo para ocupação de cargos e
funções nos órgãos de SME;
4 – Redefinição das atribuições das DREs: sua tarefa essencial será de coordenar o
trabalho educacional na região a partir da realidade das necessidades das unidades
escolares com relação a recursos humanos, materiais e orientação técnica, conciliando a
autonomia das unidades escolares com a defesa do sistema público de ensino.
Reivindicações relativas ao combate á violência
1 – Afastamento e proteção imediata aos profissionais de educação sob risco de vida ou
agressão nas escolas, sem perdas de direitos;
2 – Criação de um núcleo, pela SME, para discutir a violência e ações para enfrentá-la
no ambiente escolar.