UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
MEDICINA VETERINÁRIA
Márcio Stange da Cruz
RESOLUÇÃO CIRURGICA DE SINDROME CÓLICA EM EQUINO:
RELATO DE CASO
CURITIBA
2015
Márcio Stange da Cruz
RESOLUÇÃO CIRURGICA DE SINDROME CÓLICA EM EQUINO:
RELATO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária como como requisito parcial de Avaliação do Estágio Curricular Obrigatório do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Profa. Dra. Ana Laura Angeli.
Curitiba
2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao nosso SENHOR DEUS, por conceder o privilégio de
realizar o presente trabalho com animais tão espetaculares ao lado de pessoas tão
formidáveis.
Agradeço a minha esposa Noeme, que sempre esteve ao meu lado me
incentivando com paciência e carinho, sendo um instrumento nas mãos de DEUS.
Agradeço ao Oficiais veterinários Sra. Capitão Médica Veterinária Patrícia Isabel
Figueiredo Jorge, Sr. Capitão Médico Veterinário Hugo Manuel Espadilha Rosa e ao
Tenente Médico Veterinário José Macedo Tomás, pela paciência e oportunidade
oferecida em estagiar nas dependências do Hospital de Veterinário de Equinos da
Guarda Nacional Republicana de Portugal.
E por fim, agradeço a Professora Dra. Ana Laura Angeli, pela sua confiança,
entusiasmo e profissionalismo em nos guiar na condução deste Relatório de
Conclusão de Curso.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: VISTA DA ÁREA DE RECEPÇÃO DE EQUINOS NO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA GNR.________________________________________ 8
FIGURA 2: VISTA DO BRETE DE METAL LOCALIZADO NO HOSPITAL
VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR. ____________________________ 9
FIGURA 3: CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA
GNR. _______________________________________________________ 9
FIGURA 4: ENFERMARIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR.
___________________________________________________________ 10
FIGURA 5: FOTO MOSTRANDO A SALA DE INDUÇÃO DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DE EQUINO DA GNR, COM PACIENTE SENDO LEVADO
PARA A MESA CIRÚRGICA. ___________________________________ 10
FIGURA 6: ENFERMARIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR.
___________________________________________________________ 11
FIGURA 7: FERRARIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR. __ 11
FIGURA 8: LADO ESQUERDO DO ABDOMEM EQUINO: 1 (COLÓN VENTRAL
ESQUERDO ); 2 (FLEXURA DIAFRAGMÁTICA DORSAL); 3 (JEJUNO); 4
(FLEXURA PÉLVCA); 5 (CÓLON DESCENDENTE); 6 (COLÓN
DESCENDENTE); 7 (FÍGADO); 8 (BAÇO); 9 (ESTOMAGO); 10 (FLEXURA
DIAFRAGMÁTICA VENTRAL). __________________________________ 14
FIGURA 9: LADO DIREITO DO ABDOMEM EQUINO: 1 (COLÓN VENTRAL
DIREITO); 2 (CÓLON DORSAL DIREITO); 3 (BASE DO CECO); 4 (CORPO
DO CECO). _________________________________________________ 16
FIGURA 10: PACIENTE COM SÍNDROME CÓLICA RECEBENDO
FLUIDOTERAPIA. ____________________________________________ 30
FIGURA 11: LAVAGEM DA FLEXURA PÉLVICA EM EQUINO COM SÍNDROME
CÓLICA. ___________________________________________________ 32
FIGURA 12: BANDAGEM DE SUSTENTAÇÃO UTILIZADA PELA PACIENTE APÓS
CIRURGIA ABDOMINAL _______________________________________ 34
FIGURA 13: BANDAGEM UTILIZADA EM PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA. __ 35
FIGURA 14: BANDAGEM PARA SUSTENTAÇÃO ABDOMINAL APÓS CIRURGIA
DE ABDOME AGUDO _________________________________________ 35
FIGURA 15: RETIRADA DE DRENO COLOCADO APÓS CIRURGIA ABDOMINAL
REALIZADA EM EQUINO. _____________________________________ 36
FIGURA 16: DRENO RETIRADO DE EQUINO APÓS CIRURGIA DE CÓLICA. ___ 36
FIGURA 17: RETIRADA DOS GRAMPOS CIRÚRGICOS E PONTOS DE PELE EM
EQUINO APÓS CIRURGIA DE CÓLICA. __________________________ 37
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: DISTRIBUIÇÃO DA CASUÍSTICA DO HVE/GNR, DE ACORDO COM AS
ESPECIALIDADES, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO DE 06/08/2015 A
06/09/2015. _________________________________________________ 13
TABELA 2: A AVALIAÇÃO DA INDICAÇÃO CIRÚRGICA E POSSIBILIDADES DE
RECUPERAÇÃO. FONTE: THOMASSIAN, 2004 ____________________ 18
TABELA 3 – GRAU DE DESIDRATAÇÃO EM FUNÇÃO DOS VALORES DE HT E
PT. FONTE: EXAMINATION AND DIAGNOSIS OF THE ACUTE ABDOMEN.
___________________________________________________________ 22
TABELA 4 – PROTOCOLOS ANALGÉSICO E ANTIBIOTICOTERAPIA UTILIZADOS
NO CASO CLINICO. __________________________________________ 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIE Anemia Infecciosa Equina
BPM Batimentos por minuto
Cap Capitão
CARI Comando da Administração de Recursos Internos
Dra. Doutora
Dro Doutor
GNR Guarda Nacional Republicana
HVE Hospital Veterinário de Equinos
ID Intestino Delgado
IG Intestino Grosso
IM Intramuscular
IV Intravenoso
Ml Mililitros
MRPM Movimentos Respiratórios por Minuto
PRP Plasma Rico em Plaquetas
SGT Sargento
SRD Sem Raça Definida
Ten Tenente
USHE Unidade de Serviços e Honras Especais
Vet Veterinário
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ____________________________________________________ 6
2 DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO __________________ 7
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ______________________ 12
4. DESCRIÇÃO DA CASUÍTICA _______________________________________ 13
5. REVISÃO DE LITERATURA ________________________________________ 14
5.1. Anatomia do aparelho digestivo ___________________________________ 14
5.1.1 Fisiologia digestiva de equinos_________________________________15
5.2. Causas de cólica em equinos ____________________________________ 16
5.3. Tratamento __________________________________________________ 17
5.4. Sinais típicos de um equino com cólica\ ____________________________ 17
5.5. Limites paramétricos e clínicos a serem considerados para uma cirurgia ___ 17
5.6. Sons abdominais (quadrantes) ___________________________________ 18
5.7 Fluidoterapia __________________________________________________ 18
5.8 Prognóstico de Animais operados _________________________________ 19
5.9 Intervenção cirúrgica ____________________________________________ 19
5.10 Exames laboratoriais __________________________________________ 20
5.11 Exames complementares de diagnóstico ___________________________ 21
5.12 Abdominocentese _____________________________________________ 25
5.13 Diagnóstico por imagem como ferramenta de avaliação de Abdome agudo. 26
6 . DESCRIÇÃO DO CASO CLINICO ___________________________________ 30
6.1 Manejo do ferimento cirúrgico: ____________________________________ 34
7. DISCUSSÃO ____________________________________________________ 37
8. CONCLUSÕES __________________________________________________ 39
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________ 41
6
1 INTRODUÇÃO
O estágio curricular obrigatório é disciplina dos cursos de graduação em nível
superior, que tem como finalidade oportunizar ao aluno a possibilidade de pôr em
prática os conhecimentos obtidos nos bancos acadêmicos na área da qual mais se
identifica. Também tem por objetivos conhecer suas peculiaridades e dificuldades,
desenvolver suas habilidades e vivenciar a realidade cotidiana preparando-os assim
para a realidade do mercado de trabalho.
O período de estágio foi desenvolvido nas dependências do Hospital de
Equinos da Guarda Nacional Republicana (GNR) em Portugal, localizado na cidade
de Lisboa no período de 06 de agosto a 22 de outubro do corrente ano, totalizando
uma carga horária de 420 horas, sob a supervisão da Capitão Veterinária, Dra.
Patrícia Isabel Figueiredo Jorge, chefe da seção de equinos da GNR.
A escolha do local teve por escopo o fato de ser uma unidade militar
estrangeira localizada em território europeu, visando a preparação dos equinos para
o emprego na segurança pública, onde os mesmos se destacam pela sua aparência
e docilidade na aplicação da atividade de segurança pública. Além disso, por ser
uma instituição centenária no manejo de equinos, o serviço veterinário militar
apresenta um papel fundamental no estado de higidez de tais animais.
O presente trabalho teve como finalidade apresentar o relatório do estágio
realizado, que traz em seu bojo a descrição da estrutura da unidade concedente, as
casuísticas acompanhadas, as atividades desenvolvidas, além de apresentar um
caso resolução de cólica equina mediante tratamento cirúrgico.
7
2 DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO
A Divisão de Medicina Veterinária está localizada dentro do organograma da
Guarda Nacional Republicana, no Comando Administrativo de Recursos Internos
(CARI) e é composto pelos setores de inspeção de alimentos, apoio a ações de
meio ambiente, Hospital Veterinário de Cães e Hospital Veterinário de Equinos. Para
tanto, conta com um efetivo de oito oficiais médicos veterinários, três graduados
auxiliares administrativos e doze policiais ferreiros que além da formação específica
na atividade de ferraria também possuem formação como auxiliares de enfermagem
veterinária em equinos e cães.
O local especifico onde ocorreu o estágio foi no Hospital Veterinário de
Equinos da GNR, que está localizado nas dependências da Unidade de Serviços e
Honras Especiais (USHE), na Calçada da Ajuda no. 231, no município de Lisboa,
Portugal. O local contava com três veterinários; dois com especialização em cirurgia
de equinos, um com especialidade em anestesia veterinária com ênfase em grandes
animais.
O setor de realização do estágio obrigatório era o Hospital Veterinário de
Equinos da GNR, local este que atua três veterinários, dentro de uma estrutura
administrativa denominada Divisão de Veterinária da GNR, que conta com um Major
Veterinário na direção da Divisão, um Capitão Veterinário que atua na atividade
administrativa, apoio em ações conjunta ao meio ambiente (animais silvestres) e
inspeção alimentar nas instalações da corporação, um Capitão Veterinário
destacado no Terceiro Esquadrão acompanhando os equinos, um Capitão e um
Tenente Veterinários encarregados pelo acompanhamento dos cães da corporação.
8
O Hospital Veterinário de Equinos da GNR, conta com uma área de recepção
de equinos (Figura 1), um local para manejo de equinos com um brete de metal
(Figura 2), um centro cirúrgico (Figura 3), uma enfermaria para a preparação de
medicamentos injetáveis e de uso tópico (Figura 4), uma sala de preparação e
recuperação pós-cirúrgica (Figura 5), um pavilhão enfermaria (Figura 6) e um setor
de siderotécnica (ferraria) (Figura 7).
FIGURA 1: VISTA DA ÁREA DE RECEPÇÃO DE EQUINOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA GNR.
9
FIGURA 2: VISTA DO BRETE DE METAL LOCALIZADO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR.
FIGURA 3: CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR.
10
FIGURA 4: ENFERMARIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR.
FIGURA 5: FOTO MOSTRANDO A SALA DE INDUÇÃO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINO DA GNR, COM PACIENTE SENDO LEVADO PARA A
MESA CIRÚRGICA.
11
FIGURA 6: ENFERMARIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR.
FIGURA 7: FERRARIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE EQUINOS DA GNR.
O atendimento ocorria 24 horas por dia, por policiais com formação em
enfermagem veterinária e um oficial veterinário de sobreaviso na residência. Os
atendimentos de rotina como acompanhamentos e avaliações eram realizados das
09:00 às 17:00 horas de segunda-feira à sexta-feira. Todos os procedimentos
realizados nos equinos da corporação eram registrados em um programa
denominado Q-VET, de forma individual desde o momento em que o paciente iniciou
seu atendimento até sua alta, sendo anotado todos os procedimentos,
medicamentos e alterações observadas.
12
3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
A rotina do estagiário era realizada sempre acompanhando um oficial
veterinário nas funções pertinentes ao emprego de equinos na GNR, que não se
resumia somente as instalações do 4º. Esquadrão e instalações do 3º. Esquadrão
(Braço de prata) estava também ligada ao acompanhamento do efetivo montado e
de cães em grandes operações.
No transcorrer dos dias, as atividades alternavam-se em atendimentos a
ferimentos simples (pequenas suturas com grampeador e método tradicional),
curativos, atendimentos dentários, preparação de Plasma Rico em Plaquetas (PRP),
atendimentos a cólicas, exames de claudicações (avaliação estática e em
movimento, uso de pinça, flexionamentos de membros, avaliações radiológicas,
ultrassonografias, bloqueios e infiltrações) e tratamentos recomendados, suturas, e
auxilio a cirurgias, destacando novamente que tais atividades eram sempre
devidamente acompanhadas por uma oficial veterinário da GNR.
A rotina iniciava-se, ás 09:00 horas com a reavaliação dos parâmetros
fisiológicos (frequência cardíaca, frequência respiratória, tempo de preenchimento
capilar, temperatura retal, avaliação do percentual de hidratação, auscultação dos
quadrantes abdominais e avaliação da coloração das mucosas) dos equinos
internados, após ocorria a realização dos curativos dos animais internados e de
outros que se encontravam nos pavilhões de baias, que não necessitavam de um
acompanhamento mais rigoroso.
Após esta rotina inicial, outras atividades eram realizadas, como exames de
claudicação, coletas de amostras de sangue para exames de Anemia Infecciosa
Equina (AIE).
Paralela as atividades da GNR, os oficiais da corporação, após o expediente
normal, eram devidamente autorizados a realizarem atendimentos particulares,
atendimentos estes onde este estagiário era convidado a acompanhar os oficiais.
Em decorrência deste oficial ter ficado hospedado nas dependências do
Regimento encontrava-se de plantão durante a semana e em alguns fins de
semana.
13
4. DESCRIÇÃO DA CASUÍTICA
As casuísticas acompanhadas eram de diversos tipos, sendo possível praticar
diversas especialidades e acompanhar outras, sendo atendidos no período 35
equinos, distribuídos da seguinte forma conforme Tabela 1 a seguir.
TABELA 1: DISTRIBUIÇÃO DA CASUÍSTICA DO HVE/GNR, DE ACORDO COM AS ESPECIALIDADES, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO DE 06/08/2015 A
06/09/2015. ESPECIALIDADES NÚMERO DE CASOS
Cirurgia geral 02
Enfermagem 09
Anestesia 05
Medicina interna 04
Ortopedia 07
Diagnóstico por imagem 07
Odontologia 01
Foi acompanhado um caso de recuperação de uma cirurgia abdominal,
objetivando a resolução de um quadro de cólica por impactação, onde o equino
submetido a tal procedimento já se encontrava a cerca de três meses da cirurgia e
neste caso foi possível acompanhar os procedimentos para a preparação para o
retorno do animal para a atividade policiamento, como cuidados com a alimentação
e condicionamento físico.
A preparação para o retorno das atividades profissionais se resumia a
trabalhos diários na guia em diversos tipos de pisos.
O segundo caso também estava diretamente relacionado a quadro de
impactação, o qual será abordado mais adiante, por ser o mesmo objeto de relato de
caso no presente trabalho.
No setor de enfermagem os procedimentos estavam diretamente relacionados
a curativos locais e administração de medicamentos intravenosos, intramusculares,
fluidoterapia, administração de colírios e retirada de pontos cirúrgicos (fio e
grampos) e de drenos.
Nas atividades de sedação e anestesia, eram realizadas as preparações dos
anestésicos e de sedativos em pacientes que necessitaram serem submetidos a
cirurgias de cólica, exames ultrassonográficos de membros locomotores,
14
administração de plasma rico em plaqueta (PRP) em tendões e suturas decorrentes
de acidentes.
Na ortopedia, foi possível avaliar o paciente em estação, em movimento ao
passo e ao trote, em linha reta e em círculos, uso de pinça, uso de bloqueios locais,
administração intrarticular. Após a avaliação, utilizavam-se exames de
ultrassonografia e radiografia objetivando identificar o tipo de lesão e sua extensão
para definir a melhor forma de tratamento.
Na odontologia foi realizada somente uma atividade prática, visando corrigir
os dentes molares de um equino que apresentava pontas e ganchos, com uso de
equipamento elétrico e manual.
5. REVISÃO DE LITERATURA
5.1. ANATOMIA DO APARELHO DIGESTIVO
O trato gastrointestinal dos equinos possui características fisiológicas e
anatômicas peculiares quando comparadas a outros animais domésticos, sendo
classificado como um herbívoro monogástrico, com digestão no ceco e cólon maior,
semelhante idênticos aos poligástricos (Figuras 8 e 9) (THOMASSIAN, 2005).
FIGURA 8: LADO ESQUERDO DO ABDOMEM EQUINO: 1 (COLÓN VENTRAL ESQUERDO ); 2
(FLEXURA DIAFRAGMÁTICA DORSAL); 3 (JEJUNO); 4 (FLEXURA PÉLVCA); 5 (CÓLON DESCENDENTE); 6 (COLÓN DESCENDENTE); 7 (FÍGADO); 8 (BAÇO); 9 (ESTOMAGO); 10
(FLEXURA DIAFRAGMÁTICA VENTRAL).
15
5.1.1 Fisiologia digestiva de equinos.
A fisiologia digestiva dos equinos apresenta características anatômicas e
fisiológicas peculiares em relação ao de outras espécies domésticas, sendo
classificado como herbívoro monogástrico, mas no ceco e cólon maior a digestão
ocorre de forma semelhante aos poligástricos (THOMASSIAN, 2005).
O processo digestivo começa com a apreensão dos alimentos, pelos lábios e
língua sendo também utilizados os dentes incisivos na ingestão de substâncias mais
firmes como tubérculos e ramos. Na boca, com dentição funcional e intacta,
esmagam e moem os alimentos, liberando carboidratos e proteínas que podem ser
prontamente digeridos no estômago e intestino delgado (MEYER, 1995).
A mastigação é acompanhada por uma grande produção de saliva (40-90ml/min)
possibilitando a deglutição, umedecendo o bolo alimentar com minerais e
bicarbonato que tem a função de neutralizar os ácidos formados no estômago,
Meyer (1995) afirma que a saliva contém uma concentração muito baixa de amilase,
praticamente sem tempo de atuar resultando em uma ação pré-gástrica
insignificante (TISSERAND, 1983).
Ao chegar ao esôfago o bolo alimentar é conduzido em frente mediante
contrações da musculares. A deglutição no cavalo é realizada através de maneira
irreversível em razão do desenvolvimento do véu palatino, impedindo o retorno do
alimento do esôfago em sentido a boca e impedindo a expulsão pelas vias nasais
(TISSERAND, 1983).
O estômago do equino adulto de porte médio tem capacidade de 15 a 20 litros,
pequeno e ajustado para recepção contínua de pequenas quantidades de alimento,
e o seu volume representa menos que 10% do volume total do trato digestivo.
(LARANJEIRA e QUEIROZ, 2008).
Os carboidratos e proteínas são absorvidos no intestino delgado, e os ácidos
graxos voláteis, que são produzidos pela digestão da celulose, são absorvidos no
ceco e no cólon maior (Argenzio, 1990).
Com cerca de 20 metros de comprimento, o intestino delgado é dividido em
duodeno, jejuno e íleo, sendo a principal porção do trato digestivo que ocorre a
digestão e absorção de carboidratos, de lipídeos e parte da proteína (MEYER,
1995).
Em decorrência do longo mesentério, a ocorrência de vólvulos é possível além
de encarceramentos (MOORE et al., 2001), as reduções no diâmetro do intestino
16
nas regiões da flexura pélvica e cólon menor propiciam a ocorrência de
impactações e a grande mobilidade do cólon maior possibilita ectopias
(LARANJEIRA e QUEIROZ, 2008).
O volume do intestino grosso representa em torno de 60% do volume total do trato
digestivo, sendo dividido em ceco e cólon (MEYER, 1995). Neste sitio a maior parte
da fermentação microbiana, sendo o local principal da digestão dos carboidratos
estruturais, que são digeridos por enzimas produzidas pelos microrganismos e
absorvidos como ácidos graxos voláteis (LARANJEIRA e QUEIROZ, 2008).
FIGURA 9: LADO DIREITO DO ABDOMEM EQUINO: 1 (COLÓN VENTRAL DIREITO); 2 (CÓLON DORSAL DIREITO); 3 (BASE DO CECO); 4 (CORPO DO CECO).
5.2. CAUSAS DE CÓLICA EM EQUINOS
A síndrome de cólica não se trata de uma especifica entidade nosológica e
sim uma multiplicidade de condições das vísceras abdominais (LARANJEIRA e
QUEIROZ, 2008). A etiologia das doenças do trato gastrointestinal dos equinos que
levam à cólica é complexa e diversa. Podendo envolver torções e impactações. Na
prática clínica diária a maioria dos casos de cólica tem causa desconhecida, mas em
geral, resultam da distensão do intestino por ingesta, gás, fluidos ou devido a uma
interrupção da motilidade normal do intestino (Íleo). Os casos mais severos podem
também resultar de danos da parede intestinal por processos de isquemia,
inflamação, edema ou enfarte, torções e impactações (PEDROSA, 2008).
Causas de cólica de equinos podem ser verminose, sobrecarga, gases,
levando geralmente a quadros severos (BRITO, 2013).
17
5.3. TRATAMENTO
Os cavalos com cólica requerem tratamento médico imediato. O tipo de
tratamento médico é determinado pela causa da cólica e a gravidade desta.
Escolher qual o melhor tratamento é de suma importância, onde devem ser
tomadas medidas para prevenir ou contra-atacar os efeitos de endotoxemia e tomar
a decisão de realizar tratamento cirúrgico versus médico o mais rapidamente
possível (MOORE, 2005).
O tratamento de uma síndrome de cólica esta diretamente relacionado com a
causa, sendo que pode envolver sedação, analgesia, fluidoterapia, lubrificantes e
laxativos, anti-endotóxicos, lubrificantes, laxativos e resolução cirúrgica.
(FIGUEREDO, 2012).
A cólica continua a ser a principal causa de morte nos cavalos. Felizmente,
menos de 10% dos casos de cólica são graves o suficiente para necessitarem de
cirurgia ou para causarem morte ao cavalo. Indica-se a cirurgia para resolução da
cólica equina quando for detectada uma obstrução mecânica no TGI, a qual não é
possível a sua correção clinicamente (FIGUEREDO, 2012).
5.4. SINAIS TÍPICOS DE UM EQUINO COM CÓLICA\
A identificação de um equino com cólica, quando ocorre as primeiras
manifestações é de suma importância, pois aumenta as chances uma resolução
mais rápida, onde sinais como rolar e se jogar no chão sem maiores cuidados, suar
em excesso, deitar e levantar constantemente ou ter dificuldades para caminha
caracterizam um quadro de cólica (CAMPELO, 2008).
5.5. LIMITES PARAMÉTRICOS E CLÍNICOS A SEREM CONSIDERADOS
PARA UM PROCEDIMENTO CIRURGICO
Os limites paramétricos e clínicos a serem considerados indicativos de
tratamento cirúrgico em animais com síndrome cólica estão descritos na Tabela 2.
18
TABELA 2: A AVALIAÇÃO DA INDICAÇÃO CIRÚRGICA E POSSIBILIDADES DE RECUPERAÇÃO. FONTE: THOMASSIAN, 2004
FC 80-100 BPM 080 CONTROLÁVEL
100 DANOS
IRREVERSÍVEIS
FR 40-60 mrpm 60 mrpm lim. Máx.
TPC 6-8 segundos <6 controlável
>8 próximo ao CID
SONS ABDOMINAIS Hipotonia ou Íleo adnamico
HEMATÓCRITO >60 incompatível com recuperação
ÍNDICE DE
LACTATO
0-75 mg/dl prognóstico bom
76-100 mg/dl apenas 33% sobrevivem a cirurgia
>100 mg/dl 0-25% sobrevivem a cirurgia
5.6. SONS ABDOMINAIS (QUADRANTES)
A auscultação abdominal em equinos com sinais clínicos de cólica e de suma
importância e deve ser realizado do lado esquerdo e direito e o aspecto ventral, pelo
um período que varia em cada quadrante de um minuto até 10 minutos, período este
onde é possível avaliar corretamente os sons abdominais em especial os que tem
origem no ceco e cólon maior (SALLERS, 1984). Os sons auscultados no intestino
delgado tem uma tendência de terem um aspecto mais liquido e agudo quando
comparados com os sons do intestino grosso (SPEIRS, 1999). Os sons agudos e
gorgolejantes auscultados na fossa paralombar, em geral tem sua origem na região
ileocecal onde os sons auscultados no lado esquerdo da mencionada região, tem a
sua origem no intestino delgado (EHRHARDT, 1990).
5.7 FLUIDOTERAPIA
Na medicina equina são frequentes as perdas de água e eletrólitos causados
principalmente por anorexia, disfagia, diarréia, sudorese intensa ou em casos de
obstrução intestinal mecânica ou funcional, sendo a reposição hidroeletrolítica,
procedimento essencial como complemento no tratamento da causa primária
(FERREIRA, 2011).
19
Muitos cavalos com cólica são beneficiados pela administração de fluidos
para prevenir a desidratação e a hipovolemia. Também é útil no aumento do fluido
disponível para a secreção intestinal, e essa constante secreção é necessária para
amolecer uma massa de ingesta desidratada no intestino. A técnica de sobre
hidratação pode ser usada no tratamento primário de obstruções cecais e da flexura.
Cavalos com oclusões estranguladas ou enterite devem receber os fluidos via IV
porque a absorção destes vai estar comprometida (FIGUEREDO, 2012).
5.8 PROGNÓSTICO DE ANIMAIS OPERADOS
A incidência anual de cólica equina nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha
são 4,2 casos/100 animais e 7,2 casos/100 animais respectivamente. Casos que
requeiram intervenção cirúrgica, apresentam um índice maior de óbitos quando
comparados com os casos tratados clinicamente, onde a letalidade chega a 13%
nos casos que são tratados clinicamente, percentual este pequeno quando
comparados com os 31% de óbitos dos caso trados cirurgicamente (DI FILLIPIO et
al, 2010). Os percentuais dos episódios de cólica que resultam em cirurgia variam de
1,4% a 6,3% (KANEENE et al., 1997).
5.9 INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Uma questão que o médico veterinário dever ter em mente é estar de seguro
em responder a seguinte pergunta: Quando devemos optar ´por uma intervenção
cirúrgica para a resolução de um caso de cólica? Quando for observado os
seguintes caso é um bom indicativo para tal procedimento.
1) Identificação exata da cólica e a lesão obstrutiva requer correção cirúrgica,
onde temos por exemplo os casos das obstruções por estrangulação.
(EDWARDS, 1998);
2) Diante da impossibilidade de termos um diagnóstico específico, mas
observamos a existência de evidências suficientes que indicam a
necessidade de realização de cirurgia. (EDWARDS, 1998);
3) Em pacientes com histórico de cólica recorrente, que permanece por vários
dias ou semanas, são suspeitos de sofrerem de uma lesão obstrutiva parcial
devido a neoplasias, aderências, etc. (EDWARDS, 1998).
A maioria dos casos de cólica recai na segunda opção. Onde apesar dos
grandes avanços nas técnicas anestésicas e cirúrgicas e no manejo durante a
20
cirurgia, a taxa de mortalidade dos pacientes submetidos a cirúrgica, mantem-se
bastante elevada. (FIGUEREDO, 2012).
O Percentual de equinos submetidos a celiotomia devido a cólica, e que
morreram ou são eutanasiados durante a cirurgia devido a um estado muito
adiantado das lesões tem sido estimada entre 8 a 24% (DUCHARME 1983).
O caminho para melhorar a taxa de sobrevivência, consiste, exatamente no
reconhecimento precoce de uma lesão cirúrgica, antes mesmo de haver
deterioração da condição do paciente (FIGUEREDO, 2012).
5.10 EXAMES LABORATORIAIS
A contagem de proteínas e o hemograma, embora não forneçam informações
específicas, podem ajudar no prognóstico e diagnóstico da cólica em equinos
(MACHADO et al, 2011).
É esperado que animais que tenham intercorrências no pós-operatório
manifestem nível proteico elevado o que encontra-se diretamente proporcional a
inflamação ou lesão tecidual (FAGLIARI, 2008).
Alterações bioquímicas são observadas em equinos com abdômen agudo
podendo serem em decorrência de hipoproteinemia e hipoalbuminemia, tendo em
vista à correlação direta entre proteína e esse íon . Com a instalação do processo
inflamatório, a determinação da concentração de fibrinogênio é importante na
avaliação cardiovascular, auxiliando na escolha do tratamento e de sua
monitorização (REGINA et al 2013).
Apesar de hiperfibrinogenemia (> 0,4 g/dL) ocorrer nos quadros
acompanhados de processo inflamatório, a hipofibrinogenemia, apesar de rara, pode
ser observada em animais com CID e falência múltipla dos órgãos. (DIAS et al
2013).
Outro achado importante em pacientes com síndrome cólica é a azotemia pré-
renal causada pela hipovolemia gerada pela desidratação, que leva à diminuição do
fluxo sanguíneo renal e à diminuição da taxa de filtração glomerular (DIAS et al
2013).
21
5.11 EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO
5.11.1 Parâmetros laboratoriais
A análise laboratorial esta vinculada diretamente as instalações disponíveis
para o efeito. No entanto, a determinação do hematócrito (Ht), proteínas totais e
eventualmente realização de leucograma, são essenciais na tomada de decisão do
tratamento na doença abdominal aguda (COLAHAN, 1994).
O Ht e a concentração plasmática de proteínas totais são indicadores do grau
de desidratação e são parâmetros necessários na monitorização da eficácia do
tratamento na reposição do volume sanguíneo (COLAHAN, 1994). A contagem total
de glóbulos brancos é útil na detecção de casos não cirúrgicos (COLAHAN, 1994).
5.11.1.1 Hematócrito
Existem vários fatores a considerar na avaliação do Ht, como a raça, condição
física, treinamento, desvermifugação e excitação, pois provocam pequenas
alterações nos valores sem significado patológico. Um valor de Ht superior a 45% já
é significativo e acima de 60% está associado à presença de uma lesão severa
(FREEMAN, 2001).
Geralmente, as chamadas raças de “sangue quente” como o Árabe, Puro
Sangue Inglês e Barbo têm valores de Ht superiores aos das chamadas raças de
“sangue frio” como Shire, Bolognet ou Percheron (FISCHER, 1997).
Uma situação de endoparasitismo crônico pode levar a uma queda do Ht, e
por sua vez, uma situação de dor ou excitação causa um aumento do Ht devido a
contração esplénica, por mediação do SN simpático (libertação de catecolaminas)
(COLAHAN, 1994).
5.11.1.2 Concentração plasmática de proteínas totais
A concentração plasmática de proteínas totais, ao contrário do Ht, não varia
com a raça ou condição física do cavalo, considerando-se normais valores entre 6 a
7 g/dL (FREEMAN, 2003).
De uma forma geral, num paciente de cólica, tanto o Ht como as proteínas
totais (PT) aumentam devido à perda de fluido isotônico do sangue e do espaço
extracelular para o intestino obstruído ou estrangulado ou para a cavidade
peritoneal; devido à diminuição da ingestão de água; e/ou perda de fluidos e
eletrólitos sob a forma de suor e urina (COLAHAN, 1994).
Uma disparidade entre os valores de Ht e da concentração de PT pode
indicar, uma contração esplénica, pois, neste caso, ocorre uma elevação do Ht sem
22
o aumento das proteínas. Já a diminuição da concentração de PT sem a diminuição
do Ht, pode indicar perda de proteínas como resultado de um processo de peritonite
ou de enfarte intestinal ou ainda de a manifestação de uma enterite (COLAHAN,
1994).
É importante fazer uma estimativa do grau de desidratação (Tabela 3) e/ou
choque e do volume de fluidos a serem restabelecer, pois são parâmetros críticos na
decisão de realização de cirurgia e na indução anestésica (WHITE 1990).
TABELA 3 – GRAU DE DESIDRATAÇÃO EM FUNÇÃO DOS VALORES DE HT E PT. FONTE: EXAMINATION AND DIAGNOSIS OF THE ACUTE ABDOMEN.
GRAU DE DESIDRATAÇÃO HT (%) PT
(G/DL)
DESIDRATAÇÃO (6%) LIGEIRA 43-50 7.0-8.2
DESIDRATAÇÃO (8%)MODERADA 50-57 8.3-9.5
DESIDRATAÇÃO (10%) SEVERA >57 >9.5
Embora nem o hematócrito nem a concentração plasmática de PT sejam
parâmetros específicos na identificação de lesões cirúrgicas, podem auxiliar na
determinação da severidade da lesão e do grau de choque e são ambos
indispensáveis na monitorização da fluidoterapia pré e pós-cirúrgica (COLAHAN,
1994).
No entanto, o grau de desidratação, choque e a resposta à fluidoterapia
dependem também de outros fatores como coloração das membranas, Tempo de
Preenchimento Capilar (TPC), humidade das mucosas, pressão do pulso e
Frequência cardíaca (COLAHAN, 1994).
11.1.3 Determinação da concentração de fibrinogénio plasmático
A determinação da concentração de fibrinogénio é útil na identificação de
processos inflamatórios, principalmente inflamação séptica, pois o fibrinogénio é
uma proteína de fase aguda, atingindo a sua máxima concentração sanguínea 48-72
horas após o início do processo inflamatório (TAYLOR et al., 1997).
Nos equinos, a concentração plasmática de fibrinogénio em termos gerias e
mais sensível e confiável na monitorização do processo inflamatório, quando
comparamos com a contagem total e diferencial de leucócitos (TAYLOR et al.,
1997).
23
5.11.1.4 Contagem de leucócitos
A contagem total de glóbulos brancos é útil na detecção nos caso que o
tratamento cirúrgico é contra-indicado, onde geralmente, os pacientes que
apresentam uma peritonite severa, enterite ou Doença de Potomac (≤3000
células/µL) indicativa de uma situação de sépsis, por bactérias gram-negativas, ou
de endotoxémia (COLAHAN, 1994).
A leucocitose, por sua vez, não é muito comum em pacientes de cólica, mas
pode estar presente em situações de duodenite-jejunite proximal e de abcessos
intrabdominais (COLAHAN, 1994).
No caso de haver leucocitose e não ser palpado nenhum abcesso abdominal,
deve-se considerar a hipótese de haver outra condição que não envolva o TGI,
como por exemplo uma pneumonia (COLAHAN, 1994).
Não podemos esquecer que as alterações na contagem diferencial de
leucócitos, em geral, não auxiliam no diagnóstico da cólica. No entanto, existem
exceções, como é o caso da Doença de Potomac, na qual pode haver uma
verdadeira monocitose, e os casos de linfossarcoma, nos quais existe uma
acentuada linfocitose (WHITE, 1990).
5.11.1.5 Quantificação eletrolítica
A quantificação eletrolítica não é muito útil no diagnóstico, mas o é na
avaliação do estado eletrolítico do paciente e como tal na implementação da
fluidoterapia adequada. Os desequilíbrios eletrolíticos mais comuns nos pacientes
de cólica são baixos níveis de cálcio e potássio (COLAHAN, 1994).
A hipocalcemia (≤2,86 mmol/L) desenvolve-se, principalmente, quando existe
uma redução da ingestão de alimento em que existem baixos níveis de cálcio
sanguíneo, em cavalos exaustos ou em éguas periparturientes onde podem ser a
causa de Íleo paralitico, sendo diagnosticados como hipocalcemia. (WHITE, 1990).
A hipocalemia (≤3,3 mmol/L) é frequentemente associada a perda intestinal
(diarreia) ou, mais significativamente, a redução da ingestão de alimento uma vez
que o rim excreta grandes quantidades deste, levando a um déficit assim que a
ingestão de alimento é reduzida (TAYLOR, 1997).
Esta condição verifica-se nos episódios de cólica mais longos, como
impactações do cólon maior, nos quais os cavalos permanecem em anorexia
durante vários dias (BLOOD et al., 2000).
24
A hipercalemia (≥5 mmol/L) é uma situação rara no equino podendo, no
entanto, ocorrer em pacientes com acidose severa e com uma grande extensão de
intestino desvitalizado (necrose muscular), com hemólise ou disfunção renal (Taylor
& Hillyer, 1997). A hipercloremia (≥ 103 mmol/L) é muito rara em situações de cólica,
mas pode estar associada a desidratação severa, ou a acidose metabólica
(TAYLOR, 1997).
5.11.1.6 ) Análise dos gases sanguíneos
A análise dos gases sanguíneos é um bom parâmetro na avaliação da
severidade do choque e pode também ser indicativa da presença de uma lesão do
intestino delgado (WHITE, 1990).
Os gases venosos são adequadas na determinação do balanço ácido-base,
mas a medição dos gases arteriais providencia uma melhor estimativa das trocas
gasosas e da oxigenação, sendo bons indicadores da performance pulmonar dos
pacientes (WHITE, 1990).
A maioria dos pacientes de cólica apresenta uma alcalose ligeira,
particularmente no início do desenvolvimento da cólica, sendo esta situação
resultante de hiperventilação (alcalose respiratória) e por outro lado, a alcalose
persistente acompanha os processos obstrutivos do intestino delgado ou as
obstruções funcionais devido a deslocamentos do cólon maior, pois nestes casos há
refluxo gástrico e concomitante perda de ions de hidrogénio e cloro, que ficam
retidos no estômago (COLAHAN, 1994).
Tal parâmetro pode ser, ou não, indicativo de tratamento cirúrgico pois uma
condição de alcalose persistente também pode ocorrer num processo de enterite,
não sendo neste caso necessário a resolução cirúrgica (COLAHAN, 1994). A
acidose, por si só, não é indicativa de tratamento cirúrgico, mas sim, da presença de
uma lesão severa e prolongada (COLAHAN, 1994).
5.11.1.7 Quantificação das enzimas séricas
A quantificação das enzimas séricas é útil no diagnóstico pode ser importante
no diagnóstico diferencial de doenças que mimetizam os sinais de cólica. (WHITE,
1990). As concentrações séricas de ureia e creatinina são importantes indicadores
do estado de hidratação do animal e da função renal. Nos pacientes de cólica é
frequente haver azotemia pré-renal, podendo mesmo progredir, nos casos mais
severos, para falência renal aguda (WHITE, 1990).
10.11.1.8 Concentração de lactato plasmático
25
Os níveis de lactato têm sido utilizados como indicador de prognóstico nos
pacientes de cólica (MAGDESIAN, 2004). Os pacientes com concentrações
sanguíneas de lactato superiores a 11.2 mEq/L têm um prognóstico pior quando
comparados com pacientes com concentrações até 8.3 mEq/L (MAGDESIAN, 2004).
Moore et al. (1976) consideraram que, nos pacientes de cólica, as
concentrações de lactato superiores a 8 mmol/L estão associadas a um mau
prognóstico.
É incomum os cavalos com uma hipovolemia marcada devido a uma colite ou
choque hemorrágico, apresentarem concentrações elevadas de lactato; havendo um
grande número destes pacientes que respondem a uma fluidoterapia agressiva, e
não havendo, nestes casos, qualquer associação entre este parâmetro e o
prognóstico (MOORE et al.,1976).
A determinação da concentração sanguínea de lactato é um teste fácil, prático
e barato, podendo facilmente ser utilizado numa situação de campo e que pode
providenciar informação útil quanto ao grau de lesão intestinal e servir também como
parâmetro orientador da fluidoterapia a implementar (MAGDESIAN, 2004).
5.12 ABDOMINOCENTESE
Trata-se de um fluido peritoneal, ultrafiltrado do sangue com origem no
plasma dializado, que está submetido à regulação das células de revestimento da
cavidade abdominal e encontra-se no espaço que separa os peritônios visceral
parietal (MENDES et.al, 2000).
Segundo BLOOND (2000) tal fluido pode ser examinado verificando suas
características físicas, como cor, densidade específica, composição bioquímica,
tempo de coagulação, translucidez, morfologia quantidade de células e tipo celular.
Em equinos com cólica, a análise do líquido peritoneal é um meio indireto de
avaliação do estado das alças intestinais, pois quando apresentam um quadro de
hipóxia em decorrência de obstruções, infartos e torções onde ocorrerá passagem
de células e proteína para o líquido peritoneal, alterando sua composição normal
(FEITOSA, 2004).
26
5.13 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO
DE ABDOME AGUDO.
Além dos exames laboratoriais, o diagnóstico por imagem pode e deve ser
realizado num animal com cólica e na sua maioria, permitem diminuir a lista de
diagnósticos diferenciais ou mesmo por vezes estabelecer o diagnóstico definitivo,
sendo bastante úteis na realização da avaliação da necessidade cirúrgica.
No entanto, caso os sinais clínicos e outros exames realizados indiquem a
presença de uma cólica com indicação cirúrgica para a sua resolução, o animal deve
ser imediatamente encaminhado para a cirurgia, evitando perda de tempo e recursos
com mais exames. Os exames complementares referenciados em seguida, são o
ultrasonografia, radiográfico, endoscópico e laparoscópico.
5.13.1 Ultrassonografia
A ultrassonografia abdominal é uma técnica de diagnóstico por imagem que
trás várias informações, assim como a visualização não invasiva dos órgãos
abdominais e vísceras GI, que em outras condições seriam difíceis de serem
examinadas (REEF, 2003).
Tal como a abdominocentese, a ultrassonografia permite a avaliação de
partes do abdómen cujo exame não foi possível através da palpação retal. Pode ser
realizada uma ultrassonografia transretal ou uma ultrassonografia percutânea. A
distensão do ID, espessura da parede intestinal, mobilidade intestinal e fluido
abdominal excessivo podem ser avaliados através da ecografia abdominal. (
MOORE, 2006).
Imagens satisfatórias por avaliação transabdominal podem ser obtidas com
sondas de frequência 3,5 e 5 MHz e são preferíveis sondas de matriz linear
microconvexa (MOORE et al.,1976).
Por meio da ultrassonografia abdominal é possível diagnosticar
estrangulações intestinais, peritonites, intussuscepções (jejuno-jejunal, ileocecal,
cecocólica e ceco-cecal), deslocamentos e ainda encarceramento nefro-esplénico do
cólon maior, efusão peritoneal, hérnia diafragmática, inguinal e escrotal, colelitíase,
ruptura da bexiga, impactação por ascarídeos e neoplasia abdominal. Para o
diagnóstico de enterolitíase a utilização de um equipamento de ultrassonografia não
é muito esclarecedora, porque os enterólitos são facilmente confundidos com
sombras gasosas (FREEMAN, 2001). O exame ecográfico pode ser muito útil em
potros (FREEMAN, 2003b).
27
Considerando as pequenas dimensões do abdómen de um potro, a sua
visualização ecográfica é possível mesmo com o uso de matrizes lineares
comumente disponíveis nos aparelhos portáteis utilizados na prática equina, com
transdutores de 7,5 MHz ou de 5,0 MHz (REEF, 2003).
O acesso de todo o abdómen de um equino, gastaria tempo precioso num
animal em estado grave e com urgente necessidade cirúrgica, a ultrassonografia
abdominal localizada rápida de cavalos (FLASH – fast localized abdominal
sonography of horses) mostrou resultados que a caracterizam como uma técnica
simples e rápida para avaliação de patologias cirúrgicas em animais com cólica.
A FLASH é constituída pela observação de sete pontos específicos, sem
prévia tricotomia da zona:
1. Abdomen ventral (do cranial ao caudal);
2. Janela gástrica (aproximadamente o 10º espaço intercostal, no terço médio do
abdome);
3. Janela nefro-esplnica (aproximadamente no 17º espaço intercostal esquerdo,
entre os terços dorsal e médio do abdómen);
4. Terço médio do abdómen esquerdo;
5. Janela duodenal (aproximadamente 14º e 15º espaços intercostais, na parte
dorsal do terço médio do abdómen);
6. Abdómen médio direito;
7. Janela torácica (tórax direito ventral cranial).
Nestes sete pontos é possível a verificação de: presença de líquido livre,
avaliação do rim esquerdo, observação das alças do ID dilatadas e túrgidas
(obstrução do ID) ou ansas do ID cheias de fluido não túrgido, avaliação da
motilidade intestinal e avaliação da qualidade do conteúdo do IG. Os resultados
desta técnica ecográfica são boas (medidos através da comparação entre os
achados ecográficos e os achados durante a cirurgia ou necropsia) e o tempo
dispendido na mesma variou de 7 min a 17 min, com uma média de 10,7 min
(BUSONI et al, 2007).
Uma vez que se trata de uma técnica segura, não invasiva, rápida e confiável,
exigindo equipamento geralmente já existente em hospitais veterinários e centros de
referência, como é o caso da maioria dos centros veterinários militares, o seu uso é
frequente na avaliação de cavalos com cólicas em todo o mundo e a tendência é o
aumento da sua utilização, pois a informação obtida pode levar a uma decisão
28
imediata entre tratamento médico ou cirúrgico, o que contribui para a melhoria dos
resultados (DESROCHERS, 2005).
5.13.2 – Exame radiológico
O exame radiológico é de bastante utilidade na avaliação de potros com
desconforto abdominal, uma vez que estes animais são de avaliação mais
complexa, por não ser possível a realização de palpação retal (FREEMAN, 2003).
E apesar de mesmo nos potros a realização de ecografias praticamente
serem substituído as radiografias na avaliação de patologias do ID, o exame
radiográfico continua a ser utilizado para o diagnóstico de doenças obstrutivas do
cólon maior (HARDY, 2008).
Devido à grande dimensão do abdómen equino, raramente se realizam
radiografias abdominais em adultos, no entanto, estas podem ser de bastante
utilidade quando há suspeita da presença de enterólito ou impactação por areia
(MOORE, 2006).
Para minimizar o efeito de movimento, recomenda-se a utilização de grade,
ecrã fluorescente e potência de 5 mA a 28 mA e 75 kV a 95 kV (CHAFFIN, 1999).
Devido à alteração da posição do gás e fluido em função da posição, é
recomendado obter radiografias do animal em estação e em decúbito direito e
esquerdo sempre que possível, para melhor e mais fácil interpretação. Tal como
outros exames, o raio X deve ser interpretado juntamente com os demais sinais
clínicos (CHAFFIN, 1999).
As enterites, peritonites e obstruções do ID, são vistas sob a forma de
múltiplas interfaces intraluminais gás/fluido, devido à presença de gás que provoca
distensão do ID. Por sua vez, o IG dilatado e por vezes deslocado pode ser visível
em casos de impactações por mecónio e vólvulos ou deslocamentos do IG
(BOHANON, 2005).
Para além de radiografias simples, a execução de radiografias de contraste
poderá ser útil em alguns casos, pois permite a localização de obstruções. Podem
ser utilizados enemas de bário ou radiografias seriadas para avaliar o trato GI
superior, após administração de uma suspensão de bário, através da sonda
nasogástrica (CHAFFIN, 1999).
5.13.3 Endoscopia
A endoscopia possibilita o diagnóstico de impactação gástrica, ulceração,
carcinoma de células escamosas, e ingestão de corpos estranhos. Os equinos com
29
úlceras ou outras lesões gástricas, podem apresentarem sinais que são indistintos
dos sinais clínicos de cólica recorrente ou crónica, sendo, nestes casos, bastante útil
a realização de uma endoscopia (FISCHER, 1997).
Quando o endoscópio penetra no estômago, geralmente situa-se ao longo da
curvatura maior, e assim que se identifica a zona do margo plicatus, o endoscópio
deverá ser manipulado de modo a sofrer uma rotação de 90 a 180º sobre si mesmo,
até ser possível visualizar o cárdia por completo. Após esta manobra, o endoscópio
pode retornar à sua posição original e continuar o seu caminho ao longo da
curvatura maior do estômago até se visualizar o piloro. A inspeção da zona glandular
e do piloro poderá ser difícil nos pacientes com atraso do esvaziamento gástrico,
devido à eventual presença de fluido e ingesta no antro (WHITE, 1990).
5.13.4 Laparoscopia
A laparoscopia exploratória é usada em pacientes de cólica que manifestam
sinais insuficientemente conclusivos para indicar tratamento cirúrgico ou para
prosseguir com o tratamento médico (FISCHER, 1997).
A laparoscopia tem sido limitada aos casos de cólica crónica ou recorrente,
uma vez que as obstruções agudas são acompanhadas de dilatação, havendo,
nestes casos, um grande risco de perfuração intestinal (WHITE, 1990).
30
6 . DESCRIÇÃO DO CASO CLINICO
Foi atendido no HVE/GNR, um equino, fêmea de 20 anos de idade, SRD,
pesando 450 quilos de temperamento sanguíneo (Figura 10) com sinais de cólica há
cerca de 30 minutos.
FIGURA 10: PACIENTE COM SÍNDROME CÓLICA RECEBENDO FLUIDOTERAPIA.
A paciente apresentava ao exame clinico, frequência cardíaca de 60 bpm,
frequência respiratória de 32 mrpm, temperatura retal de 38,2oC, grau de
desidratação de 5%, mucosas oculares e oral róseas, sudorese, demonstrando
constantemente intensão de deitar-se, olhando frequentemente para o franco
esquerdo. Ao serem auscultados os quadrantes foi verificado não haver sons
característicos, apontando para um quadro de ausência de motilidade intestinal e ao
exame retal não foi encontrado material fecal identificando-se uma massa compacta
no lado direito com forma característica de matéria fecal (cíbalas).
Foi administrado ao paciente, 10 ml IV de Fenilatrite, utilizado sonda
nasogástrica, de onde foi retirado um pequeno volume de material fibroso e na
sequência foi trabalhado o animal, após alguns minutos foi verificado que os sons
característicos de motilidade retornaram, mas de forma discreta, o animal foi
novamente colocado na baia, retirada a alimentação e mantido em observação,
sendo que não foram observadas cíbalas na baia. Cerca de quatro horas depois foi
verificado que os movimentos novamente cessaram e que a frequência cardíaca
31
estava na casa de 80 bpm, e 40 mrpm. Na auscultação do ceco foi verificada a
presença de sons metálicos no terço superior direito característico do acúmulo de
gás no local. Neste momento optou-se por laparotomia exploratória, onde destaca-
se que a frequência cardíaca atingiu 100 bpm. A equipe formada para o
procedimento ficou dividida da seguinte forma: Como cirurgião foi designado o Cap
Vet Hugo Rosa, como Anestesista ficou o Cap Vet Rocha, Auxiliar de cirurgia o Ten
Alves Teixeira, como volante este estagiário e sgt Fortes.
Foi colocado catéter 14G na veia jugular direita, suturado na pele, para
infusão de fluidoterapia (NaCl a 0,9%). Foi realizada a tricotomia da região
abdominal e retiradas as ferraduras. Na sequência a paciente foi levada para a área
de indução onde recebeu como medicamentos pré-operatórios e indutores de
anestesia geral (diazepan (0,2 mg/kg), quetamina (0,2 mg/kg) e romifidina (0.9
mg/kg, todos IV).
Posteriormente, a paciente foi conduzida para o interior do centro cirúrgico,
onde foi colocado um tubo nasal de silicone, em cada narina, para facilitar a
respiração do mesmo.
Na sequência foi colocado um tubo traqueal para fornecimento de anestésico
inalatório (isoflurano) e imediatamente começou a ser administrado o anestésico. Na
artéria temporal, foi conectado um equipamento de multiparâmetros, o qual permitia
a monitoração da pressão arterial, frequência cardíaca e oximetria (O2), que
esperava-se estar acima de 90% ficando na faixa de 94% a 96% de saturação.
Assim que a paciente apresentou sinais de sedação, através da verificação dos
movimentos palpebrais e dos olhos, deu-se inicio ao procedimento cirúrgico, com a
realização de uma incisão cirúrgica, na linha alba, de aproximadamente 50 cm de
comprimento, visando acessar a cavidade abdominal.
Após realizada a incisão, verificaram-se as condições das alças intestinas e
demais órgãos sendo que foi verificado que nos cólons superior e inferior direito
estavam torcidos entre si, o que provocou um acúmulo de gás no local e
concomitantemente foi verificado que na flexura pélvica encontrava-se uma massa
fecal compactada. Diante do quadro, e após ser confirmado que não havia sinais de
inviabilidade de algum seguimento de intestino foi optado por realizar a retirada do
gás acumulado, com o uso de um aspirador de líquidos, onde foi introduzida uma
agulha, paralelamente ao plano do intestino acessando o subcutâneo do intestino e
deslocada alguns centímetros adiante do ponto de abordagem e na sequencia a
32
agulha foi introduzida na luz do intestino de onde passou a ser aspirado o gás
acumulado. Após a retirada do gás, foi realizada a recolocação dos segmentos
torcidos, em sua posição original.
Ato continuo, foi realizada uma incisão na flexura pélvica, de onde passou a
ser realizada uma retirada do material ali localizado, no caso massa fecal, usando a
técnica de ordenha da porção anterior da incisão, retirando todo o material fecal ali
estacionado. Com a saída do material, foi introduzida na incisão flexura pélvica, uma
sonda de silicone (a mesma utilizada em casos de cólicas), sendo que uma
extremidade ficou no interior da porção intestinal e a outra ficou para o lado externo,
e nesta extremidade foi conectado uma mangueira comum de onde passou a
introduzir água para o interior do intestino visando promover uma lavagem do local e
assim permitir a retirada de matéria residual que ficou no segmento intestinal afetado
(Figura 11).
FIGURA 11: LAVAGEM DA FLEXURA PÉLVICA EM EQUINO COM SÍNDROME CÓLICA.
Após esta ação, o Sgt Fortes ficou suspendendo o trecho do intestino
incisado, enquanto o Ten Alves, procedia a síntese do ferimento cirúrgico, no
intestino, com dupla sutura invaginante na ida e uma continua na volta, neste
momento o cirurgião, Cap Hugo, trocou os trajes cirúrgicos para proceder os
procedimentos de recolocação das vísceras, da verificação dos demais órgãos e
proceder a síntese cirúrgica da incisão abdominal. Durante o procedimento de
verificação o cirurgião passou a lavar as alças intestinas com solução aquecida e
heparinizada de NaCl a 0,9%, onde foi gasto para este procedimento 6 litros de tal
33
solução, visando dissolver possíveis coágulos e umidificar as alças. Destaca-se que
durante o procedimento o animal ficou conectado a uma solução de Nacl 0,9%, e na
metade do procedimento foi administrado 20 ml de Lidocaína, visando agir sobre a
dor e na motilidade intestinal após o término do procedimento.
Na sequência o Cap Vet Hugo Rosa, passou a realizar a síntese do ferimento
cirúrgico, onde a primeira camada muscular foi aproximada com uma sutura continua
com fio de naylon.
A sequência, foi colocado um dreno, visando combater o acúmulo de líquidos
no local, e por fim a resolução cirúrgica se deu com uma sutura simples interrompida
da pele com fio de nylon.
Ato continuo sequencia o equino teve os eletrodos e agulha do
multiparâmentros retirados e desconectado o inalador de isoflurano e equipamento
de oxigênio, bem como o equipo de suporte de fluidoterapia, sendo levado
imediatamente para a área de recuperação, onde foi colocado por cerca de 4
minutos o tubo traqueal ficou no equino visando evitar a colabação da traqueia,
assim que o equino começou apresentar sinais de aumento da respiração, foi
retirado o tubo traqueal e mantido os tudo de silicone nas narinas, sendo o mesmo
deixado sozinho no local (sala de recuperação), na penumbra com silêncio para que
pudesse se recuperar da anestesia, vindo a se colocar de pé cerca após 45 minutos,
destaca-se que por ocasião em que o animal ficou de pé, pelo dreno colocado, saiu
uma razoável quantidade de liquido o qual foi atribuído ao volume de solução
fisiológica NaCl a 0.9% usada para lavar as alças intestinas, ato continuo foram
colocadas as ligas abdominais de sustentação, visando não sobrecarregar a sutura
abdominal. Assim que apresentou maior estabilidade nos membros, o animal foi
conduzido para a baia de internamento recebendo imediatamente Trental,
Gentamicina + Penistrep e Butorfanol além de ter seus sinais clínicos monitorados
uma vez a cada hora por 24 horas.
34
Foi estipulado o protocolo de medicamentos descritos na Tabela 4:
TABELA 4 – PROTOCOLOS ANALGÉSICO E ANTIBIOTICOTERAPIA UTILIZADOS NO CASO CLINICO.
MEDICAMENTO DOSAGEM FREQUÊNCIA
TRENTAL 7,5 mg/kg 1 dia
BUTORFANOL 0,1 mg/kg 1 dia
GENTAMCINA +
PENISTREP
3mg/kg + 12000 UI/kg 5 dias
6.1 MANEJO DO FERIMENTO CIRÚRGICO:
Ficou estabelecido que o ferimento cirúrgico deveria ser feito diariamente, que
consistia na retirada da bandagem de sustentação (Figuras 12 a 14), limpeza do
local com degermante, aguardar cinco minutos com posterior retirada do produto
com solução NaCl a 0,9%, esperar secar naturalmente, passar na extensão do
ferimento uma pomada a base de óxido de zinco que no caso era usado HalbuttR ou
MitosylR, na sequencia era colocado uma bandagem feita com gaze e por cima a
bandagem de sustentação, sendo esta mantida por 15 dias e somente retirada no
momento do curativo.
FIGURA 12: BANDAGEM DE SUSTENTAÇÃO UTILIZADA PELA PACIENTE APÓS CIRURGIA ABDOMINAL
35
FIGURA 13: BANDAGEM UTILIZADA EM PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA.
FIGURA 14: BANDAGEM PARA SUSTENTAÇÃO ABDOMINAL APÓS CIRURGIA DE ABDOME AGUDO
Nas primeiras 12 horas, o equino somente teve disponibilizado água, após
este período foi fornecido uma pequena porção de palha ao equino, a partir do 3º.
dia foi liberado para ingestão de uma pequena porção de ração e sendo mantido
este protocolo de alimentação por mais 5 dias, e após foi aumentado gradativamente
o volume de ração, até chegar a quota normal de 4 quilos diários no 15º. dia pós
cirurgia. A partir do 10º. dia o equino foi levado para caminhar ao passo por 15
minutos diários, em piso reto e com pequena inclinação, mas nunca deixado a
caminhar sozinho. Ainda no 10º. dia foi retirado o dreno (Figuras 15 e 16), sendo
necessário uma sutura com 3 grampos e no 15º dia foi retirado os pontos definitivos,
no 21º. dia foram retirados os grampos (Figura 17).
36
FIGURA 15: RETIRADA DE DRENO COLOCADO APÓS CIRURGIA ABDOMINAL REALIZADA EM EQUINO.
FIGURA 16: DRENO RETIRADO DE EQUINO APÓS CIRURGIA DE CÓLICA.
37
FIGURA 17: RETIRADA DOS GRAMPOS CIRÚRGICOS E PONTOS DE PELE EM EQUINO APÓS CIRURGIA DE CÓLICA.
7. DISCUSSÃO
O caso em questão encontra-se dentro do esperado para um caso típico de
cólica em equinos, pois segundo TINKER (1997), um equino com com idade
superior a 5 anos possui 2,8 vezes mais chance de ocorrer a manifestação de cólica
no caso o equino Nereirde possuía 20 anos de idade.
Em relação a idade também encontramos na literatura que equinos com idade
superior a 15 anos são mais propensos a serem submetidos a uma cirurgia de
resolução da cólica equina. (REEVES et al.,1989).
Em relação ao manejo alimentar destacamos que animais submetidos a uma
carga superior a 5 quilos de ração possuem entre 3,8 a 4,3 vezes mais chances de
desenvolver um quadro de cólica do que animais submetidos uma dieta sem
concentrado TINKER (1997), fato este observado no caso em questão pois os
equinos da GNR recebem uma cota diária de 6 quilos de ração por dia além de
palha é disponibilizado aos mesmos.
Animais estabulados possuem maior risco de desenvolverem cólica do que
os que estão em pastagem, TINKER (1997), situação este em que se encontrava o
equino objeto do presente relatório.
Em relação ao período do ano segundo TINKER (1997), aponta que os meses
de dezembro, março e agosto são os meses onde encontramos um maior número
de casos de cólica, tal estuo foi realizado na Virginia (EUA), indo diretamente ao
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encontro ao observado, onde a manifestação do quadro de cólica em epigrafe
ocorreu no transcorrer do mês de agosto e no mesmo hemisfério do estado
americano da Virginia.
A fisiopatologia de um caso de cólica prevista em literatura como distensão
intestinal e alterações na motilidade intestinal (WHITE, 2006) , foram encontradas no
equino em questão.
Em questão à dor tem-se a intensidade da mesma que está, por muitas
vezes, relacionada com a severidade da patologia que está na origem da cólica.
(BLOOD et al., 2000), sendo que no caso em questão observamos um pico na FC
de 100 bpm, o que aponta uma dor intensa em equinos. (THOMASSIAN, 2004).
Após ser identificadas as primeiras alterações nos parâmetros, FC,
Respiratório e auscultação. (THOMASSIAN, 2004). Optou-se pela intervenção
cirúrgica, após tais parâmetros não apresentarem melhores apesar das intervenções
clinicas.
Destacamos que no caso em questão foi administrado Nacl a 0,9%, pois em
casos de obstrução intestinal mecânica ou funcional,o que era o caso a reposição
hidroeletrolítica é um procedimento essencial como complemento no tratamento da
causa primária (FERREIRA, 2011).
Após a incisão foi verificado que o equino encontrava-se em uma quadro de
torção de seguimento dorsal e ventral dos cólons direitos associada a um
compactação estacionada no colón transverso.
Diante de tal quadro e por não possuir no momento da decisão um
diagnóstico especifico optou-se pela intervenção cirúrgica (DIAS, 2008).
Sendo dada prioridade inicialmente para a resolução da torção entre os
cólons direitos e posterior desobstrução do cólon transverso.
Na sequência foi realizada a lavagem das alças intestinais com solução de
0,9% a 36o.C, com heparina, indo ao encontro com que é preconizado por SOUZA
(2008).
Tal procedimento se faz necessário a fim de evitarmos aderências, pois a
formação de tais estruturas intra-abdominais é uma das complicações mais
frequentes no pós-operatório das laparotomias em equinos (PHILLIPS e
WALMSLEY,1993). Associada a solução foi adicionada heparina, descrita como uma
substância que reduz a formação das aderências intra-abdominais (PARKER, 1987).
39
Finalizando o processo foi realizada a resolução do ferimento por primeira
intenção, com é indicada após incisões cirúrgicas, que consistiu em aproximar os
bordos da lesão por meio de suturas, favorecendo a cicatrização devido a
diminuição do tempo da fase inflamatória e de remodelação do colágeno, obtendo
uma melhor contração da ferida e posterior reepitelização (AUER ESTICK, 1999).
O tratamento tópico do ferimento consistiu na limpeza diária do ferimento com
um solução com iodo-povidine, o qual é eficaz um agente anti-séptico, já que seus
componentes possuem ação de amplo espectro contra bactérias, esporos, fungos,
leveduras, vírus e protozoários (PAYNE et al 1999). Na sequencia foi utilizada agua
oxigenada, tendo em vista seu largo espectro antibacteriano, principalmente para
bactérias Gram positivas e algumas Gram negativas (PAGANELA et al., 2009), após
a limpeza do ferimento era aplicado no local uma pomada a base de oxido de zinco ,
a qual é recomendada para a proteção e cicatrização de ferimento com as
características descritas (NAVARRO et al., 2002). Sendo que tal rotina de
tratamento do ferimento prosseguiu por 15 dias, quando foi procedida a retirada dos
pontos de sutura.
8. CONCLUSÕES
Diante do exposto, conclui-se que a resolução cirúrgica de cólica em equino é
a uma opção viável desde que tais fatores se façam presentes, a saber:
1) Experiência das pessoas que estão ligadas ao manejo de equinos, como
tratadores e gerentes de haras, e que possam identificar os sinais de que o animal
esta em um quadro de desconforto abdominal, como inquietação, apatia, sudorese,
escoicear os flancos, deitar e rolar e ferimentos nas têmporas pois ao ser
identificado o problema, pode-se ganhar um tempo valioso no diagnóstico;
2) Decisão de contactar um médico veterinário, fator este que muitas vezes é
procrastinado, pois é comum verificarmos em algumas propriedades que tal decisão
não esta a cargo da pessoa e sim do proprietário que as vezes não se encontra no
local, fator este que esta diretamente ligado ao componente financeiro;
3) Conhecimento dos profissionais que estão ligados ao manejo do animal em
receber uma orientação do médico veterinário e operacionalizar tais orientações,
quer seja em movimentar o animal ou até mesmo aplicar algum medicamento, até a
chegada do profissional, onde por exemplo, caso um animal possua um pequeno
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desconforto em decorrência de gases, e o tratador possa aplicar um medicamento
que controle a dor, possibilitando o caminhar o equino, evitando assim que o animal
venha a deitar e rolar prevenindo uma possível torção de segmento intestinal ;
4) Qualidade do médico veterinário que atua na propriedade, pois não é incomum
encontrarmos casos de equinos que vieram a óbito em decorrência da displicência
de profissionais, que determinam tais ações pelo telefone para o tratador ou gerente
da propriedade e não deslocam para o local, aguardando a evolução do caso, onde
destacamos que funcionários da propriedade, por muitas vezes não possui
conhecimentos mínimos de enfermagem de equinos e quando efetivamente o
médico veterinário chega a propriedade o caso esta em um patamar de evolução
negativa que a única opção é a eutanásia;
5) Experiência do médico veterinário em identificar os sinais clínicos e correlaciona-
los com um quadro de síndrome de cólica, e estabelecer que a opção cirúrgica é a
mais viável.
6) Materiais e medicamentos prontos e organizados fator este fundamental para
qualquer procedimento cirúrgico;
7) Acesso às instalações apropriadas para uma intervenção cirúrgica de equinos;
8) Acompanhamento do pós-cirúrgico a partir da saída do centro cirúrgico, com
atenção especial ao controle da dor, hidratação e alimentação, em especial nas
primeiras quarenta e oito horas.
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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