7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 1/36
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
BACHARELADO EM BIOLOGIA VEGETAL
Valéria Lima Marques de Sousa
Biodiversidade de cianobactérias litofíticas em
afloramentos quartzíticos, Serra de São José (MG),Brasil
Rio de Janeiro2010/ PROJETO D
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 2/36
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
BACHARELADO EM BIOLOGIA VEGETAL
VALÉRIA LIMA MARQUES DE SOUSA
Biodiversidade de cianobactérias litofíticas em
afloramentos quartzíticos, Serra de São José (MG), Brasil
Monografia apresentada ao
departamento de Botânica do Instituto
de Biologia, na Universidade Federal
do Rio de Janeiro, para a obtenção do
título de Bacharel em Ciências
Biológicas.
Orientadores: Mariângela Menezes
& Ruy José Válka Alves
Supervisora: Cristina A. Gomes Nassar
Rio de Janeiro2010/1
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 3/36
―Tudo que existe, existe talvez porque outracoisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja
certo‖.Fernando Pessoa
―Embora a natureza comece com a razão e terminena experiência, é necessário que façamos o oposto, ou
seja, começar a experiência e a partir dela passar a
investigar a razão‖. Leonardo da Vinci
Dedico este trabalho a todos que me apoiarame me apóiam na minha jornada pessoal e profissional.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 4/36
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, a Deus, por me guiar e manter sempre meus pés no chão.
À minha família por me apoiar, por garantir uma educação de qualidade, em todos os sentidos,pela compreensão e carinho. E ao meu irmão Evandro pelo apoio financeiro em momentospreciosos.
À minha orientadora Mariângela Menezes por sempre acreditar no meu trabalho e por me daroportunidades únicas na minha vida acadêmica.
Ao meu orientador Ruy José Válka Alves por também acreditar no meu trabalho, pelo apoiologístico em campo e por sua amizade.
Ao CNPq pela bolsa PIBIC durante quatro anos de trabalho.
Ao Museu Nacional por permitir a realização desse trabalho, disponibilizando transporte nassaídas de campo multidisciplinares.
Ao Pedroca, também pelo apoio logístico, permitindo que eu usufruísse das facilidades de estarem sua casa sempre que estive em Tiradentes, dispensando maiores despesas.Ao L’ubomír Kováčik e Maria pela receptividade e simpatia enquanto estive na Eslováquia; e
ainda, a ele por ter revisado meu primeiro artigo.Aos meus novos e antigos amigos de todas as horas, que sempre me apoiaram.
Aos amigos da Biologia 2004/1 e, especialmente, à Karine Oliveira Bloomfield Fernandes pelaamizade e ouvido disponível em vários momentos difíceis, além de todos os outros de muitafelicidade durante toda a faculdade.
Aos amigos Guilherme Pate e Marcelo Araújo por estarem sempre abertos a conversar sobrequalquer assunto.
Ao Eric Vidal pela amizade e motivo de muita motivação para outros trabalhos.
Aos amigos do LOI – Projeto Fundão Biologia, que sempre respeitaram meu lado ―botânica‖,apesar da minha grande paixão pela educação.
Aos professores da educação especial, que me mostraram um mundo muito além do trivial naeducação, com delicadeza, bom humor e paciência.
E a todos os professores que passaram pela minha vida e contribuíram para minha formaçãoprofissional e pessoal.
A todos de ontem e hoje do laboratório de Ficologia, onde este trabalho foi desenvolvido,especialmente ao Kanu (Thiago) Trindade, Luciana Costa, Marina Príncipe, LeonardoMagalhães, Marcio Oeiras Braz pela convivência e amizade.
A Suema Branco, Roberto A. Firme e Renata R. Guimarães pela amizade e por todos osmomentos de conversa e descontração dentro e fora do estágio.
A Suema e Renata, em especial, também por compartilhar um espírito grandioso de trabalho emequipe como minhas ―irmãs-científicas‖.
Ao ―irmão-científico‖ Bruno Machado Leão pela amizade. Ao Marcelo Vianna-Filho pela amizade e tentativas de organizar nossa saída de campo.
Ao Nílber pela ajuda na coleta e por ter ajudado nas fotos deste trabalho e por ser essa pessoasimpática e prestativa.
À Dra. Vera Huszar por sempre acreditar no meu trabalho e pela simpatia.
À Graça Sophia por sempre garantir uma convivência alegre no LabFico, por nunca deixar faltarcomida, água e CAFÉ e por estar sempre disposta a ajudar os estudantes.
À Lúcia Helena Sampaio Silva também por estar sempre disposta a ajudar, demonstrandointeresse pelo trabalho de todos no laboratório.
À Carla Fernandes Macedo (Carlinha) por ser uma pessoa maravilhosa, pelo apoio no início da
minha iniciação científica.À Simone Maciel pela amizade, ajuda, apoio, pelas conversas e caronas até o Fundão.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 5/36
RESUMO
Organismos extremófilos, como as cianobactérias, são extremamente importantes na
composição biológica de habitats considerados inóspitos, como em condições de
sucessão ecológica primária. As cianobactérias são capazes de conduzir tanto o processo
de fixação de carbono quanto o de fixação de nitrogênio, oferecendo uma grande
contribuição para o entendimento de questões evolucionárias e ecológicas. Neste
trabalho realizado na Serra de São José, sul do estado de Minas Gerais, amostras de
rocha foram coletadas para estudo da biodiversidade de cianobactérias litofíticas em
afloramentos quartzíticos. As espécies encontravam-se presentes em duas camadas
distintas, epilítica (castanho escura) e endolítica (verde), com seis espécies e três
espécies, respectivamente, distribuídas nas famílias Synechococcaceae (uma),
Merismopediaceae (uma), Microcystaceae (uma), Chroococcaceae (três), Phormidia-
ceae (uma), Scytonemataceae (uma) e Stigonemataceae (uma). Chroococcus varius
ocorreu facultativamente na crosta epilítica. Porphyrosiphon é um gênero já registrado
para o Brasil, porém em ambientes diferentes do analisado neste estudo.
Porphyrosiphon sp. diferiu morfologicamente de outras espécies já registradas em
literatura, tratando-se possivelmente de uma espécie nova. As comunidades de
cianobactérias litofíticas tanto de áreas tropicais como temperadas são compostas pelas
mesmas combinações de gêneros. Porém, ainda há muitas incertezas na circunscrição de
várias espécies, o que dificulta a comparação dessas comunidades. Novos estudos
envolvendo cultivo e técnicas de ultraestrutura, bioquímica e biologia molecular são
necessários para confirmar a existência e identificação de espécies crípticas de
afloramentos rochosos.
Palavras-chave: Cyanobacteria, taxonomia, Serra de São José, afloramentosquatzíticos.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 6/36
SUMÁRIO
1. Introdução .......................................................................................................... 01
1.1. Área de estudo ........................................................................................ 02
1.1.1. Localização ............................................................................. 02
1.1.2. Topografia e Fitofisionomia ................................................. 041.1.3. Clima ....................................................................................... 04
1.1.4. Estudos na área e importância econômica .......................... 05
2. Justificativa ........................................................................................................ 06
3. Objetivos ............................................................................................................ 06
3.1. Objetivo geral ......................................................................................... 06
3.2. Objetivos específicos .............................................................................. 06
4. Metodologia ....................................................................................................... 07
4.1. Trabalho de campo ................................................................................ 07
4.2. Trabalho no laboratório ........................................................................ 08
5. Resultados e Discussão ...................................................................................... 09
5.1. Taxonomia ......................................................................................... 09
5.2. Ecologia ............................................................................................. 19
6. Conclusões e considerações finais ....................................................................
8. Referências .........................................................................................................
23
25
FIGURAS
Localização da área de estudo .............................................................................. 03
Vista geral da Serra de São José .......................................................................... 05
Campo rupestre e locais de amostragem ............................................................ 08
Rochas com crosta epilítica e endolítica por unidade amostral ........................ 16
Cianobactérias em microscopia óptica ................................................................
TABELAS
Unidades amostrais e exposição à radiação solar ..............................................
Distribuição espacial das espécies ........................................................................
17 e 18
07
22
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 7/36
1
1. INTRODUÇÃO
Cianobactérias ou cianoprocariontes (Cyanobacteria, Domínio Eubactéria) são
organismos procariontes fotossintetizantes que apresentam considerável importância
ecológica, especialmente no que diz respeito aos ciclos globais do carbono e do nitrogênio,
além de apresentarem grande significado evolutivo entre os procariontes (Raven et al.,
2001). Junto à colonização (proliferação e diversificação), os processos de fixação de
dióxido de carbono e nitrogênio têm coincidido no tempo e no espaço para as cianobactérias,
que conduzem contemporaneamente estes processos sob diversas condições ambientais, até
mesmo em habitats considerados inóspitos ou extremos (mais vide, p.ex., Körner, 2003),
desde o congelamento polar, superfícies rochosas, até águas e solos tropicais com elevadas
concentrações de salinidade, sujeitos a condições de alta irradiância e pobres em nutrientes
(Paerl et al., 2000).
Especificamente, as cianobactérias terrestres desenvolvem importante papel na
formação de comunidades pioneiras no processo de sucessão ecológica primária, presentes
de forma cosmopolita (Sigler et al., 2003), bem-adaptadas e com baixa diversidade dentro
da comunidade microbiana (Büdel, 1999). Estas populações são capazes de colonizar a
rocha nua e estabelecer um processo bioerosivo que atua junto a fenômenos atmosféricos
para a formação do solo.
Com o auxílio dos processos erosivos físicos e químicos, esses micro-organismos são capazes de penetrar nas fendas e poros das rochas, ocupando os diminutos
espaços entre os grãos; ao longo da vida, seus processos metabólicos (e.g., produção de
polissacarídeos ácidos) parecem intensificar a ação erosiva realizada por fatores abióticos, o
que aumenta a profundidade das fendas em relação à superfície (Krumbein, 2004).
Contudo, nem sempre a presença desses organismos é vista como promotor de
desestruturação do substrato. Na realidade, o biofilme formado por micro-organismos
epilíticos pode representar uma camada protetora sobre a rocha, que fica menos exposta ao
intemperismo. Em um estudo realizado por Kurtz & Netoff (2001) comunidades de micro-
organismos epilíticos foram consideradas estabilizadores de superfícies esboroadiças.
A existência de espécies de cianobactérias capazes de fixar nitrogênio
atmosférico (N2) nas crostas e biofilmes terrestres permite que ocorra um enriquecimento do
solo que está sendo formado (Büdel, 1999), podendo facilitar o estabelecimento de uma
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 8/36
2
comunidade sucessional. Estes organismos podem ser encontrados na forma de biofilmes ou
crostas que recobrem as rochas (Büdel, 1999; Büdel et al., 2002), estando localizados sobre
(epilíticas) ou no interior de fendas (casmoendolíticas), poros (criptoendolíticas) ou mesmo
escavando ativamente o interior da rocha (euendolíticas) (Sigler et al., 2003). Recentemente,
uma classificação mais detalhada de crostas microbianas em rochas foi proposta por Pócs
(2009).
Cianobactérias endolíticas possuem capacidades adaptativas e tolerância a
estresses severos, tais como temperaturas extremas, oligotrofia, dessecação e alto fluxo de
UV (Sigler et al., 2003), condições ambientais que já foram verificadas na Serra de São José
em trabalhos precedentes (Alves, 1994; Alves & Kolbek, 1993), nos quais comunidades
vegetais superiores apresentaram um crescimento lento, formadas por espécies
características, adaptadas a solos pobres em nutrientes.A presença de pigmentos específicos (e.g., scytonemina) em cianobactérias que
possuem bainha fortemente pigmentada parece aumentar a tolerância destes microrganismos
à radiação UV (Singh et al., 2002; Wynn-Williams et al., 2002). Além disso, cianobactérias
podem conter quantidades significativas de lipídios, com composição similar a óleos
vegetais, que desempenham papel importante na tolerância à dessecação (Singh et al.,
2002).
Este estudo busca a identificação taxonômica das comunidades de cianobactérias
litofíticas em um afloramento rochoso quatzítico da Serra de São José e, a partir da
literatura, estabelecer algumas relações entre os taxa e os principais aspectos ecológicos
relacionados às comunidades extremófilas, tais como temperatura, água, radiação
ultravioleta e tipo de substrato.
1.1. Área de estudo
1.1.1. Localização:
A Serra de São José (SSJ) – 21°05’S e 44°10’W – está situada ao sul da Cadeia
do Espinhaço, no estado de Minas Gerais (Figura 1) e faz parte do complexo montanhoso
brasileiro de serras quartzíticas abrigando os campos rupestres. Outras serras importantes
desse complexo, nos estados de Minas Gerais e Bahia, incluem a Serra do Lenheiro, a Serra
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 9/36
3
Figura 1: Localização da área de estudo, Serra de São José, MG.
(Fonte: carta do IBGE, 1:50.000)
do Cipó e a Chapada Diamantina. Os campos rupestres também ocorrem na Serra do
Ibitipoca, uma continuidade da Serra da Mantiqueira (Memini-Neto et al., 2007a; 2007b).
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 10/36
4
Localmente, a área de estudo faz parte dos municípios de Tiradentes, São João
del-Rei, Prados e Santa Cruz de Minas, MG, Brasil. Secundariamente, liga-se aos
municípios de Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Ritápolis e Rezende
Costa, MG, Brasil, por trilhas históricas. A SSJ está inserida em uma Área de Proteção
Ambiental (APA) que abrange ainda parte dos municípios de Tiradentes, São João del-Rei,
Prados, Santa Cruz de Minas e Cel. Xavier Chaves (IEF-MG, 2008), a APA Libélulas da
Serra de São José, criada a partir dos decretos 21.308 e 30.934, 19/05/1981 e 16/02/1990,
respectivamente.
1.1.2. Topografia e Fitofisionomia:
A Serra de São José (SSJ) possui cerca de 2 km de largura, correndo de S.S.W. a
NE por cerca de 15 km e eleva-se a partir de 900 metros acima do nível do mar com ponto
mais alto em 1430 m.s.m., apresentando uma fitofisionomia variada, desde uma vegetação
de Cerrado até a de Campo Rupestre, nas partes mais elevadas.
As colinas íngremes da vertente sul erguem-se abruptamente a partir de matas de
Cerrado, relativamente densas, com uma rica fauna e flora. O vertente norte apresenta
escarpas mais suaves (inclinações de 45º a 55º) e liga a SSJ aos latossolos do antigo
Cerrado, atualmente transformados em lavouras. O topo da SSJ tem topografia relativamente
plana, interrompida por afloramentos rochosos esparsos. Tais afloramentos são, em sua
maior parte, de composição quartzítica, com aspecto cárstico (Wray, 1997) produzido pelaerosão diferencial (Figuras 2-4), pobre em nutrientes, havendo o predomínio de vegetação
herbácea. O platô e as encostas são ocupados por um mosaico de comunidades vegetais,
características de campos rupestres. Estas comunidades crescem sobre os afloramentos de
quartzito (Figura 7) ou sobre areia e cascalho resultantes da fragmentação dessa rocha,
constituindo um solo pouco desenvolvido e pobre em nutrientes (Silva et al., 2004).
1.1.3. Clima:
O clima é úmido, com baixo déficit hídrico anual, elevada amplitude térmica
diária e precipitação média anual de 1.435 mm, com período seco de abril a setembro e
temperaturas médias de 15ºC a 17ºC, e período chuvoso de outubro a março, com
temperaturas médias de 21ºC a 22ºC (Rigueira et al., 2000), podendo atingir em torno de
40ºC neste período.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 11/36
5
Figura 2: Vista geral da Serra de São José na vertente sul.
1.1.4. Estudos na área e importância econômica
Ambientes de altitude vêm recebendo especial atenção no que diz respeito ao
estudo de comunidades fanerogâmicas, visto que ao longo de vários anos de estudo já foi
constatada grande biodiversidade e endemismo de espécies vegetais. Para a SSJ, em
especial, cita-se o trabalho de Alves & Kolbek (2009), que apresenta uma checklist da flora
local. Em relação ao estudo ficológico, destaca-se Sales (2004), que abrangeu a análise de
fitoflagelados em cinco ambientes aquáticos da SSJ.
As áreas de campo rupestre da SSJ ainda sofrem forte pressão antrópica, por
meio de atividades turísticas e agropecuárias. O fato da SSJ fazer parte da área destinada a
uma APA torna seu manejo e conhecimento da biodiversidade local estratégico e de extrema
relevância, associando o conhecimento científico acadêmico com os usos sustentáveis
destinados a APA, como o ecoturismo (Pereira & Campos, 2006), bem como as atividades
agropecuárias em áreas adjacentes.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 12/36
6
2. JUSTIFICATIVA
Ainda são poucos os estudos dedicados à biodiversidade ficológica e de
cianobactérias em regiões de altitude, em nível mundial, sobretudo em regiões tropicais,
incluindo o Brasil. Trabalhos em campos rupestres, ainda que sejam realizados, estão
majoritariamente voltados ao estudo de plantas superiores (Alves, 1992), em detrimento dos
outros grupos vegetais. Apesar da reconhecida importância de organismos colonizadores
primários, como as cianobactérias, em um processo sucessional, esses são pouco estudados
em sua taxonomia e ecologia em ambientes rupestres, o que dificulta o entendimento de seu
papel em processos biogeoquímicos – p.ex., decomposição de rocha (Krumbein, 2004);
entrada de recursos, como carbono e nitrogênio, no ambiente; formação de substrato;
estabelecimento de uma vegetação sucessional (Dojani et al., 2001, 2007; Lüttge, 1997).
Tanto o processo de bioerosão realizado pela comunidade litofítica, quanto os
processos de sucessão ecológica primária e secundária são fenômenos complexos que
podem levar décadas ou mesmo séculos para se estabilizar e variam de acordo com as
características climáticas e geológicas locais, assim como em função da composição
biológica presente no ambiente.
Foram apurados apenas cinco trabalhos de maior relevância para o estudo de
cianobactérias em ambientes litofíticos de áreas tropicais, sendo eles Büdel (1999), Büdel et
al. (2002), Rascher et al. (2003), Dojani et al. (2007) e Muroňová (2007). Somente Büdel et
al. (2002) e Muroňová (2007) referem-se ao Brasil. Contudo, este último não se restringe a
ambientes litofíticos e solos.
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
O objetivo geral deste estudo é inventariar, através de estudos taxonômicos, as
espécies de cianobactérias colonizadoras de rochas nuas em afloramentos rochosos da Serrade São José, contribuindo para o conhecimento da sua biodiversidade.
3.2. Objetivos específicos
Identificar os taxa endolíticos e epilíticos registrados em nível específico;
Descrever as espécies, com o maior grau de exatidão possível, em
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 13/36
7
assembleias epilíticas e endolíticas, e registrar através de fotografias os taxa encontrados.
4. METODOLOGIA
4.1. Trabalho de campoUma área amostral principal (AM) foi selecionada (Figura 5) –
21º06’24,9’’S, 44º11’47’’W; 1.165 m de altitude – para coletas, por apresentar visível
diversidade de micro-habitats, com diferentes exposições à radiação e ser de fácil acesso; a
área amostral foi separada em unidades amostrais como segue: Norte (UAN), Sul (UAS),
Leste (UAL), Oeste (UAO) e topo (UAT). O esforço amostral foi de duas amostras de rocha
para cada unidade amostral, com área superficial de aproximadamente 400 cm2. Coletas
complementares foram realizadas em mais duas localidades diferentes da SSJ conhecidas
como cachoeira do mangue (CMA) – 21º06’59,5’’S, 44º12’28,7’’W 1.000 m de altitude, e
campo de Vellozia (CVE) – 21º06,89’S, 44º10,058’W, 1.250 m de altitude.
As amostras foram coletadas no dia 9 de setembro de 2008, ao final do período
seco. As temperaturas à sombra e ao sol foram medidas com uso de termômetro analógico
de mercúrio. As condições de luminosidade são dadas na Tabela 1.
Tabela 1: Unidades amostrais e exposição à radiação solar.
Unidades amostrais (código) Exposição à radiação solarUAN (R210422) DiretaUAS (R210423) DifusaUAL (R210424) DiretaUAO (R210425) DiretaUAT (R210426) DiretaCMA (R210427) SombraCVE (R210428) Direta
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 14/36
8
Figuras 3 – 9: Campo rupestre e locais de amostragem. Figura 3: Vista geral do campo
rupestre, vertente Norte. Figura 4: Rocha com aspecto cárstico derivado de erosão
diferencial. Figura 5: Área amostral principal (AM). Figura 6: Cachoeira do mangue. Figura7: Rocha no Campo de Vellozia; figura 8: Camada epilítica (crosta escura) e fratura na
rocha, evidenciando cor original da rocha quartzítica na UAS. Figura 9: Camada epilítica
(crosta escura) e rocha fraturada, evidenciando camada endolítica (verde) na UAS (foto
cedida por Nílber Gonçalves da Silva).
3 4
5 6
7 8 98
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 15/36
9
4.2. Trabalho no laboratório
As crostas de cianobactérias foram raspadas das rochas e colocadas em água
destilada para análise em microscopia óptica (Olympus BH2 e Leica DMLS) e sistema de
aquisição de imagem acoplado (Image Pro-Plus 6.1). A identificação taxonômica do
material em nível específico foi realizada com base em material vivo e bibliografia recente e
adequada. Os arranjos hierárquicos infraclasses de Cyanobacteria seguiram os indicados por
Hoffmann et al. (2005) e a identificação taxonômica de gêneros e espécies baseou-se no
sistema de classificação de Anagnostidis & Komárek (1985; 1988; 1990) e Komárek &
Anagnostidis (1986; 1989; 1998; 2005). Para as ordens Nostocales e Stigonematales, foram
utilizados como referência Desikachary (1959) e Geitler (1932), para a identificação em
nível específico. O material obtido de cada unidade amostral foi conservado, posteriormente,
em frasco Neogen, fixado em formaldeído e tombado no herbário do Museu Nacional do
Rio de Janeiro.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Taxonomia
Foram registradas nove espécies, distribuídas nas famílias Synechococcaceae
(uma), Merismopediaceae (uma), Microcystaceae (uma), Chroococcaceae (três),
Phormidiaceae (uma), Scytonemataceae (uma) e Stigonemataceae (uma).
CHROOCOCCALES
Synechococcaceae
Aphanothece cf. saxicola Nägeli 1849 Gatt. Einzell. Algen, 60, pl. I.H. 1849
Figura 19
Colônias microscópicas, amorfas, hialinas. Mucilagem colonial fina, difluente e hialina.
Células cilíndricas, até duas vezes mais longas que largas, 2,0 – 2,3 µm de comprimento, 1,0
– 1,4 µm de largura, conteúdo homogêneo, cinza-azulado pálido.
Ocorrência: endolítica em rocha quartzítica (UAN, UAS).
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 16/36
10
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, 01 (R210422); 02 (R210423).
Comentários: As colônias observadas foram sempre microscópicas. Na literatura essas
colônias são descritas como macroscópicas, quando mais antigas (Komárek & Anagnostidis,
1998). A espécie já foi registrada para o Brasil em esteiras microbianas em uma lagoa do
estado do Rio de Janeiro (Damazio & Silva-e-Silva, 2006).
Merismopediaceae
Aphanocapsa cf. muscicola (Meneghini) Wille 1919 Nyt.Mag.Naturv. 56: 43, Plates I, II.
1919.
Basiônimo: Coccochloris muscicola Meneghini, Monogr. Nostoch. Ital. 60, pl. VII: fig.2.
1842.
Figura 20
Colônias amorfas a globosas. Mucilagem colonial difluente, hialina. Células esféricas, (1,2)
1,5 – 2,2 μm de diâmetro, esparsamente distribuídas, conteúdo granuloso, azul-esverdeado
pálido a cinza pálido.
Ocorrência: epifítica em algas epilíticas sobre rocha quartzítica (UAN, UAS, UAT).
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,V.L.M. Sousa, 01 (R210422); 02 (R210423); 05 (R210426).
Comentários: Aphanocapsa cf. muscicola foi encontrada aderida à mucilagem de
Gloeocapsospsis magma, Gloeocapsa cf. rupicola e Stigonema dendroideum. Na literatura,
esta espécie é registrada como epilítica para zonas temperadas e suas medidas celulares
citadas por Komárek & Anagnostidis (1998) variam entre 2 – 4 μm.
Microscystaceae
Gloeocapsa cf. rupicola Kützing 1849 Sp. alg. 221. 1849.
Figuras 21-22
Colônias microscópicas ou macroscópicas, esféricas, 35 – 54 µm de diâmetro,
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 17/36
11
avermelhadas, formando subcolônias com várias células. Mucilagem colonial fina, firme,
avermelhada nas margens e, nas subcolônias, levemente avermelhada a quase hialina, às
vezes levemente lamelado. Células esféricas a hemisféricas, após a divisão, 2,6 – 3,2 (4,4)
µm de diâmetro, densamente arranjadas, conteúdo homogêneo a finamente granuloso, azul-
esverdeado a verde escuro.
Ocorrência: epilítica em rocha quartzítica (UAS, UAO).
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, 02 (R210423); 04 (R210425).
Comentários: Não foram observadas células de resistência ou estádios tipo Aphanocapsa
(aphanocapsóides) nos espécimes analisados, impossibilitando a confirmação da identidade
taxonômica como G. rupicola Kützing. Esta espécie é descrita como aerofítica para regiõesmontanhosas da Europa (Komárek & Anagnostidis, 1998), entretanto Couté et al. (1999)
registraram-na sobre rochas úmidas, em floresta xérica e à sombra de pteridófitas, na Nova
Caledônia.
Chroococcaceae
Chroococcus cf. montanus Hansgirg 1892 Arch. Naturwiss. Landesdurchforsch. Bohmen
8(4): 1-268. 1892.
Figura 23
Células solitárias, em colônias microscópicas ou em agregados macroscópicos. Colônias
esféricas com 5,8 – 10,5 μm de diâmetro, com 2 – 8 células. Bainha conspícua, firme, fina,
hialina a amarelada, às vezes levemente lamelada, seguindo o contorno das células.
Células esféricas, hemisféricas e, menos freqüente, um setor de esfera, 4 -7 (8,2) μm de
diâmetro, verde escuro, conteúdo heterogêneo, com alguns grânulos escuros e, às vezes,
uma região central mais clara (centroplasma?).
Ocorrência: endolítica em rocha quartzítica (UAS, UAL, UAO, UAT).
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, 02 (R210423); 03 (R210424); 04 (R210425).
Comentários: O material examinado foi semelhante ao Chroococcus montanus Hansgirg.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 18/36
12
Esta última espécie é descrita como epilítica em rochas úmidas com distribuição na Europa
Central (Komárek & Anagnostidis, 1998). Por outro lado, C. montanus é caracterizada
como espécie pioneira fortemente adaptada a condições extremas de ressecamento e luz.
Chroococcus varius A. Braun in Rabenhorst 1861 Rabenhorst, Alg. Eur. 2451. 1861.
Figura 24
Células solitárias ou em colônias microscópicas, formando agregados gelatinosos. Colônias
esféricas a amorfas, com tamanho médio 3,5 – 10 µm de diâmetro, hialinas a verde oliva.
Colônias em grupo de 2-4 células, com mucilagem conspícua, espessa, hialina, não lamelada
a levemente lamelada. Células esféricas, hemisféricas ou um setor de esfera, (1,8) 2,2 – 4,0
(4,2) m sem bainha; 3,0 – 4,5 m com bainha; conteúdo celular homogêneo verde oliva.
Ocorrência: epilítica e endolítica em rocha quartzítica (UAN, UAS, UAL).
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, 01 (R210422); 02 (R210423); 03 (R210424).
Comentários: Apesar de microscópicas, as colônias encontravam-se densamente arranjadas
em agregados verde-oliva macroscópicos. Naz et al. (2004) registraram essa espécie em
presença de corpos d’água, aderido ao substrato e na forma planctônica.
Gloeocapsopsis magma (Brébisson) J. Komárek & K. Anagnostidis ex J. Komárek 1993
Bull. Natl. Sci. Mus. Tokyo, Ser. B (Bot.), 19: 24. 1993
Basiônimo: Protococcus magma Brébisson, in Brébisson & Godey, Alg. Falaise: 40, pl. IV
(p.p.). 1835.
Figura 25
Colônias macroscópicas, castanho-avermelhadas, esféricas a irregulares, (16) 22 – 40 μm de
diâmetro, com poucas subcolônias. Mucilagem colonial espessa (1 – 5,0 μm), conspícua,avermelhada, às vezes levemente lamelada, seguindo o contorno da célula. Células esféricas,
hemiesféricas a um setor de esfera ou irregulares, 4,5 – 8,0 (11) μm de diâmetro; conteúdo
homogêneo verde-escuro.
Ocorrência: epilítica em rocha quartzítica (UAS, UAL, UAN, UAO, UAT, CVE).
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 19/36
13
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, 01 (R210422); 02 (R210423); 03 (R210424); 04 (R210425); 05 (R210426);
07 (R210428).
Comentários: Espécie aerofítica possivelmente com ampla distribuição geográfica sobre
rochas úmidas em regiões montanhosas de elevadas altitudes (Komárek & Anagnostidis,
1998). Há registros desta espécie formando biofilmes dispostos profundamente dentro do
substrato (crescimento casmoendolítico) em cavernas da Espanha (Roldán & Hernández-
Mariné, 2009). No Brasil, Gloeocapsopsis magma é citada por Silva-e-Silva et al. (2006)
formando esteiras microbianas no brejo do Espinho, Lagoa de Araruama, RJ, sistema
costeiro raso hipersalino.
OSCILLATORIALES
Phormidiaceae
Porphyrosiphon sp.
Figuras 26-30
Filamentos em tapetes agregados eretos ou decumbentes, 5,0 – 9,0 μm de largura. Bainha
mucilaginosa espessa, levemente lamelada, castanho avermelhada, fechada quando jovem e,
mais tarde, aberta no ápice. Tricomas retos a levemente curvos, sem movimento, 4,5 – 5,8
μm de diâmetro. Células subquadráticas a 1,2-1,6 vezes mais longas do que largas, 5,5 – 8,0
(9,4) μm de comprimento, conteúdo homogêneo verde escuro, presença de grânulos escuros
no citoplasma.
Ocorrência: epilítica em rocha quartzítica (UAS, CVE).
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, 02 (R210423); 07 (R210728).
Comentários: O gêneroPorphyrosiphon
tem como característica diacrítica a largura dotricoma (6-10 μm de largura). Contudo, outros aspectos diagnósticos, tais como a presença
de bainha espessa, lamelada e colorida colocam a espécie encontrada dentro da descrição
aceita para o gênero de Phormidiaceae. Além disso, algumas espécies descritas para outras
regiões tropicais também foram identificadas como pertencentes ao gênero, apesar da
largura do tricoma também poder ter sido inferior a 6,0 μm. Trata-se, provavelmente, de
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 20/36
14
uma espécie nova!
A maioria das espécies do gênero apresenta hábito aerofítico e subaerofítico sobre rochas
úmidas, podendo ocorrer de forma epilítica em ambientes de água doce (rios, lagoas, brejos),
marinhos, estuários e manguezais e solos hipersalinos, raro sobre tronco de árvores e solo. A
determinação do gênero e do número de espécies para o mesmo ainda estão indefinidos para
a biologia molecular.
Duas espécies do gênero citadas para o Brasil encontravam-se descritas, anteriormente,
como Lyngbya, e foram renomeadas como Porphyrosiphon luteus (Gomont) Anagnostidis et
Komárek e P. martensianus (Meneghini ex Gomont) Anagnostidis & Komárek. Uma
terceira espécie foi descrita dentro do gênero Scytonema e hoje se encontra reconhecida
como Porphyrosiphon notarisii Kützing ex Gomont. P. luteus foi registrado para várias
localidades, tais como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Maranhão, sendoneste último em estuário (Nogueira & Ferreira-Correia, 2001), apresentando medidas de
diâmetro do tricoma inferiores a 6,0 μm (4,0- 4,2 µm). Já P. matensianus foi registrado tanto
em reservatórios (Moresco & Rodrigues, 2006) quanto na planície de inundação do alto Rio
Paraná, Paraná (Fonseca & Rodrigues, 2005) e sobre algas e no solo de manguezal, em
Pernambuco (Branco et al. 2003). Porphyrosiphon notarisii foi registrado para um
fragmento de floresta estacional semidecidual, em São Paulo (Silva, 2009) e para
reservatórios, no Paraná (Moresco & Rodrigues, 2009), porém neste último com aidentificação em conferatum. O material litofítico da SSJ diferiu das três espécies do gênero
registradas para o Brasil não apenas pelo ambiente em que foi encontrado como em sua
morfologia. A presença de bainha fortemente pigmentada é uma característica comum de
espécies terrestres, sujeitas à intensa radiação UV e que também foi registrada para P.
notarisii no trabalho de Silva (2009).
NOSTOCALES
Scytonemataceae
Scytonema ocellatum Bornet et Flahaut 1886 Ann. Sci. Nat., Bot., ser. 7, 5: 95. 1886.
Figuras 31-39
Talo escuro a marrom, macroscópico, com um mm de comprimento. Filamentos longos, em
geral, 11 – 13 μm de largura, com ramificação falsa simples ou dupla, com formação de
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 21/36
15
necridia. Bainha espessa, firme, castanha-amarelada, paralelamente lamelada. Tricomas
verde escuro, levemente constritos, 7,5 – 9,0 μm de largura, atenuando em direção ao ápice.
Células quadráticas a mais curtas do que largas. Em geral, heterócitos quadráticos a
subquadráticos, amarelados, intercalares, 10 – 11,5 μm de largura.
Ocorrência: epilítica em rocha quartzítica (UAN, CMA, CVE).
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, (R210422); 06 (R210427); 07 (R210428).
Comentários: Nas populações examinadas não foi observada reprodução por hormogônio. O
morfotipo registrado para CMA apresentou larguras do filamento (14-18 μm) e tricoma (12-
15 μm) maiores em relação ao encontrado para as demais unidades amostrais, além de
heterócitos cilíndricos, bainha mais estratificada e ramificações com células terminais
discóides (Figura 33-38).Essa espécie é registrada para zonas tropicais em solos e sobre rochas. No Brasil, é
citada para ―inselbergs‖ – formações rochosas graníticas e de gnaisse – da floresta Atlântica
(Büdel et al. , 2002), diferenciando-se apenas nas medidas do filamento e do tricoma, 14 – 15
μm e 12 μm, respectivamente, mais largos em relação ao registrado para UAN e CVE.
STIGONEMATALES
Stigonemataceae
Stigonema dendroideum Frémy Arch. Bot. Mém., 3 (2): 405, figs. 329, 330. 1930
Figuras 40-41
Talo escuro, macroscópico, com 1 – 2 mm de comprimento. Filamentos longos, amplamente
ramificados, 15,6 –17,8 μm de largura. Bainha espessa, castanho amarelada, não-lamelada,
às vezes afilando em direção ao ápice. Tricomas constritos, com 12,8 – 16,3 μm de largura,
unisseriados ou com duas ou mais fileiras de células. Ramificações eretas, às vezes
visivelmente atenuadas em direção ao ápice, unisseriadas ou até duas fileiras de células, 7,7
– 14,9 μm de largura. Células ovais com 7,7 – 14,9 μm de largura. Heterócitos intercalares
ou laterais, subesféricos, com dimensões pouco variáveis em relação às demais células.
Ocorrência: epilítica em rocha quartzítica (UAN, UAS, CVE).
Material estudado: BRASIL. Minas Gerais: Tiradentes, Serra de São José, 09-IX-2008,
V.L.M. Sousa, 01 (R210422); 02 (R210423); 07 (R210428).
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 22/36
16
Comentários: Hormogônios ou conídios não foram observados nas populações examinadas.
Três espécies do gênero Stigonema foram registradas por Büdel et al. (2002), porém
nenhuma coincidiu com a registrada neste trabalho. Outra espécie do gênero, Stigonema
tomentosum (Kiitz) Hieron. foi citada encontrada em solos arenosos de campinas
amazônicas, sendo apresentada como a única espécie capaz de crescer nessas áreas (Macedo
& Prance, 1978), destacando-se a importância desses micro-organismos na colonização de
áreas pobres em nutrientes.
Figuras 10 – 18: Rochas com crosta epilítica e endolítica por unidade amostral. Figuras 10-
11: Unidade amostral Sul (UAS); figura 10: rocha com crosta epilítica; figura 11: rocha com
crosta endolítica verde. Figuras 12-13: Unidade amostral Norte (UAN); figura 12: rocha
com crosta epilítica; figura 13: rocha com crosta endolítica verde (seta) pouco evidente.
Figuras 14-15: Unidade amostral Leste (UAL); figura 14: rocha com crosta epilítica; figura
15: rocha com crosta endolítica verde escura (seta). Figura 16: Rocha da unidade amostral
oeste (UAO), com crosta epilítica. Figuras 17-18: Unidade amostral topo do matacão
(UAT); figura 17: rocha com crosta epilítica; figura 18: rocha com crosta endolítica verde
escuro.
10
11
12 13 14
15 16 17 18
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 23/36
17
Figuras 19-32: Cianobactérias em microscopia óptica. 19. Aphanothece cf. saxicola Nägeli
20. Aphanocapsa cf. muscicola (Meneghini) Wille; 21-22. Gloeocapsa cf. rupicola Kützing;
23. Chroococcus cf. montanus Hansgirg; 24. Chroococcus varius A. Braun in Rabenhorst;
25. Gloeocapsospsis magma (Brébisson) J. Komárek & K. Anagnostidis ex J. Komárek; 26-
30. Porphyrosiphon sp.; 31-32. Scytonema ocellatum Bornet et Flahaut, morfotipo UAN,
com tricoma no interior da bainha.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 24/36
18
Figuras 33-41: Cianobactérias em microscopia óptica. 33-39. Scytonema ocellatum Bornet et
Flahaut; 33. morfotipo UAN, tricoma heterocitado; 34-39. morfotipo CMA. 34-35. Tricomas
heterocitados; 36. Filamento com bainha estratificada; 37-38. Vista das células naramificação, fora da bainha; 39. Tricoma heterocitado e com necrídias; 40-41. Stigonema
dendroideum Frémy.
4140
393837
36353433
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 25/36
19
5.2. Ecologia
Dois estratos de cianobactérias principais foram identificados: epilítico e
endolítico (Tabela 2). A camada epilítica apresentou uma crosta castanha escura a preta.
Análises em microscópio óptico revelaram a presença de espécies com bainhas fortemente
pigmentadas: Gloeocapsopsis magma (Brébisson) J. Komárek & K. Anagnostidis ex J.
Komárek, Porphyrosiphon sp., Scytonema ocellatum Bornet et Flahaut e Stigonema
dendroideum Frémy.
Já a camada endolítica apresentou coloração verde e era composta basicamente
por representantes da ordem Chroococcales: Aphanothece cf. saxicola Nägeli, Chroococcus
cf. montanus Hansgirg, Chroococcus varius A. Braun in Rabenhorst. As células nessa
camada atingiram profundidades variando de 0,5 mm a 1,5 cm. Algumas algas verdes das
classes Chlorophyceae (UAN e UAS) e Zygnematophyceae (UAO) foram encontradas junto
às cianobactérias endolíticas e epilíticas, respectivamente.
Tabela 2. Distribuição espacial das espécies (EPI - crosta epilítica; ENDO- crosta endolítica; UAN – unidadeamostral norte; UAS – unidade amostral sul; UAL – unidade amostral leste; UAO- unidade amostral oeste;
CMA – Cachoeira do mangue; CVE - Campo de Vellozia).
ESPÉCIES EPI ENDO UAN UAS UAL UAO UAT CMA CVE
Aphanothece cf. saxicola X X XAphanocapsa cf. muscicola X X X XGloeocapsa cf. rupicola X X XChroococcus cf. montanus X X X X XChroococcus varius Gloeocapsopsis X X X X X X XPorphyrosiphon sp. X X XScytonema ocellatum X X X XStigonema dendroideum X X X X
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 26/36
20
As temperaturas atmosféricas medidas à sombra (UAS) e ao sol (UAN) foram
27ºC e 32ºC, respectivamente, o que caracteriza indiretamente o fluxo de luz nessas
unidades amostrais, visto que a face Sul da rocha nunca se encontra exposta diretamente à
radiação, recebendo apenas luz difusa. Ainda assim, a unidade amostral Sul foi a que
apresentou maior biodiversidade e um estrato endolítico mais evidente.
Micro-organismos pioneiros fototróficos são colonizadores muito importantes
em arenito (rocha comparável ao quartzito pela porosidade e composição), por serem
capazes de determinar e suportar uma flora heterotrófica, promovendo degradação e
eventual humificação da matéria orgânica. Contudo, a deterioração da rocha parece ser
restrita, abrindo caminho para uma deterioração mais severa a partir da sucessão (Gómez-
Alarcón et al., 1995). O surgimento de comunidades cianobacterianas em rochas nuas leva
ao estabelecimento de um processo de intemperismo ou biodeterioração, resultante da
interação de fatores químicos, físicos e biológicos (Büdel et al., 2004), que atuam junto aos
agentes erosivos, se relacionando com os processos de sedimentação, pedogênese
(preparando o solo para plantas superiores) e formação do relevo. Isso lhes permite ocupar
espaços cada vez mais fundos na rocha.
Nesse estudo o limite de profundidade dentro da rocha em que foi detectada a
colonização deve-se, provavelmente, a necessidade de luz para a fotossíntese e à menor
disponibilidade de água em maior profundidade, considerando-se a origem quartzítica darocha.
Além da porosidade primária, rochas quartzíticas apresentam porosidade
secundária ou epigenética (pós-deposicional), isto é, que se desenvolve após a rocha ter se
formado e são de difícil decomposição (Wray, 1997), sendo os ácidos os agentes de
meteorização química mais efetivos, em especial o ácido carbônico resultante da dissolução
de dióxido de carbono em água, e os ácidos orgânicos produzidos pelas plantas e liquens ou
resultantes da sua decomposição. A penetração ativa das cianobactérias na rocha ocorre por
ação física, pela variação do volume celular, e ação química, através da liberação de
polissacarídeos ácidos, escavando e aumentando a porosidade da rocha (Crispim et al.,
2004; Krumbein, 2004; Garcia-Pichel & Castenholz, 1993), o que deve facilitar o acesso de
água ao interior e produzir esfoliações superficiais, contribuindo para a degradação da rocha
colonizada.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 27/36
21
Certamente, a cor escura apresentada pela camada epilítica se deve à presença de
cianobactérias produtoras de pigmentos de bainha protetores que funcionam como
filtradores de radiação (Wynn-Williams et al., 2002). A scytonemina é um pigmento de
bainha que tem sua produção induzida por radiação UVA e UVB (Ehling-Schulz & Scherer,
1999), capaz de absorver parte dessas radiações e, ainda, UVC; presente em algumas
cianobactérias filamentosas, tais como espécies heterocitadas dos gêneros Scytonema e
Stigonema, bem como em algumas espécies cocóides, este pigmento parece ser produzido
por cianobactérias desde o Pré-cambriano, o que sugere uma estratégia adaptativa foto-
protetora das cianobactérias terrestres contra radiações de comprimentos de onda curtos
(Dillon & Castenholz, 1999; Garcia-Pichel & Castenholz, 1993) e explica a eficiente
ocupação do micro-habitat epilítico em afloramentos quartzíticos da SSJ.
A cianobactéria Gloeocapsa é descrita como adaptada a vida em fissuras nasrochas, onde a disponibilidade de água é intermitente, além de serem capazes de produzir
substâncias do tipo micosporina (mycosporine-like compounds), que também funcionam
como um filtro UV e podem ser utilizadas como marcador para sua presença nos biofilmes
(Garcia-Pichel et al., 1993). Outro pigmento encontrado no gênero e em algumas outras
espécies cocóides é a gloeocapsina, um pigmento de bainha, geralmente avermelhado, que
realiza o mesmo papel fotoprotetor (Pócs, 2009). Gloeocapsa cf. rupicola e Gloeocapsopsis
magma produzem, provavelmente, alguns desses pigmentos.
A ausência de cianobactérias com bainhas visivelmente pigmentadas na camada
endolítica pode ser devida à incapacidade de penetração na rocha, à menor disponibilidade
da luz numa maior profundidade ou mesmo devido ao tamanho dos indivíduos, em geral
filamentosos ou coloniais.
Scytonema ocellatum e Stigonema dendroideum apresentaram produção de
heterócitos em seu ambiente natural. Tal diferenciação celular garante a atividade da enzima
nitrogenase tanto durante o dia quanto a noite, permitindo a fixação eficiente do nitrogênio
atmosférico (N2). A presença de cianobactérias capazes de fixar N2 mostra a capacidade
destas comunidades epilíticas de enriquecer estas crostas, contribuindo significativamente
com compostos nitrogenados para o microambiente local, além de constituir uma importante
fonte de fixação de carbono, sendo capazes de facilitar o estabelecimento de uma
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 28/36
22
comunidade sucessional em áreas pobres em nutrientes (Belnap et al., 2001; Büdel, 1999;
Büdel et al., 2002; Dojani et al., 2007), como afloramentos rochosos quartzíticos.
Liquens cianobacterianos ou cianoliquens também são considerados um dos
principais responsáveis pela entrada de nitrogênio em ecossistemas terrestres, sendo comum
inclusive o aumento de sua biomassa em florestas temperadas antigas, em detrimento de
outros organismos fixadores de N2, tais como as crostas de cianobactérias (Campbell, 2010).
Contudo, os cianoliquens não são tão abundantes sobre os afloramentos rochosos da SSJ se
comparados às crostas de cianobactérias e, por isso, não foram considerados neste trabalho.
Tanto as cianobactérias filamentosas quanto as cocóides da camada epilítica
possuíam uma mucilagem e/ou bainha conspícua e espessa, mantendo visivelmente a rocha
úmida por mais tempo. A presença de mucilagem e/ou bainha espessada serve de proteção
contra a dessecação (Potts, 1999; Singh et al., 2002), podendo ser percebida a umidaderetida nas áreas escuras sobre as rochas. Gómez-Alarcón et al. (1995) verificaram a retenção
de partículas do ar por emaranhados filamentosos, que formavam um protossolo capaz de
facilitar a colonização por briófitas, que por sua vez, apresentaram sementes de plantas
vasculares (Asteraceae), evidenciando um processo sucessional.
Na atual sistemática das cianobactérias, tem-se que as espécies podem distribuir-
se por grandes extensões geográficas. Entretanto, espera-se que ocupem ambientes
ecologicamente semelhantes, não sendo mais admitida a existência de organismos ubíquos
(Komárek, 1994). Para Hoffmann (1996), considerar diversos fatores relacionados à
ecofisiologia e à capacidade de dispersão – por exemplo, temperatura, distribuição de
habitats, dispersão e especiação – pode levar a explicações possíveis para diferentes padrões
de distribuição geográfica das cianobactérias.
Aphanothece saxicola e Gloeocapsopsis magma são espécies citadas pela
literatura com ocorrência em ambientes salinos, mas estas espécies foram muito semelhantes
morfologicamente com o material registrado para a SSJ, o que permitiu tais identificações, o
que sugere uma ampla tolerância a fatores ambientais diversos e, ainda, podendo a
salinidade ser um fator comparável a baixa disponibilidade de água em afloramentos
quartzíticos, caracterizando um estresse hídrico. No caso de Porphyrosiphon sp., destaca-se
por ser um morfotipo diferente daqueles já registrados para o Brasil e, muito provavelmente,
trata-se de uma espécie nova.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 29/36
23
Afloramentos rochosos podem ser vistos como ilhas de diversidade, capazes de
abrigar uma grande diversidade de plantas superiores, bem como micro-organismos e
pequenos invertebrados (Main, 1997). Ainda assim, poucos são os estudos dedicados a essa
biota. Para o grupo taxonômico Cyanobacteria, a maioria dos estudos abrange biótopos
aquáticos epicontinentais e alguns marinhos, com poucas pesquisas dedicadas ao estudo de
cianobactérias aerofíticas e subaerofíticas e crostas de cianobactérias em geral.
De acordo com a classificação de crostas microbianas em rochas proposta por
Pócs (2009), as comunidades aqui descritas se enquadrariam preliminarmente no subtipo
silicícola do tipo filamentoso. Porém, para que se possa realizar uma classificação adequada
dos tipos de comunidades litofíticas microbianas em afloramentos quartzíticos, será
necessária a expansão da área geográfica de abrangência dos estudos ora realizados apenas
na Serra de São José.
6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo mostrou que comunidades de cianobactérias de afloramentos
rochosos ainda são pouco conhecidas na sua biodiversidade e distribuição geográfica no
Brasil. Além disso, dentre os trabalhos aqui citados para áreas tropicais, poucos se referiam
diretamente à taxonomia deste grupo de micro-organismos, e não foi encontrado nenhum
estudo realizado em rocha quartzítica ou de campo rupestre.
Assim, seguem-se algumas considerações sobre este trabalho e suas
perspectivas:
- Foram registradas ao todo nove espécies de cianobactérias litofíticas, sendo
Porphyrosiphon sp. um morfotipo diferente dos já descritos, possivelmente representando
uma espécie nova;
- Os taxa mais frequentes na crosta epilítica foram Aphanocapsa cf. muscicola, Gloeocapsa
cf. rupicola, Gloeocapsopsis magma, Porphyrosiphon sp. , Scytonema ocellatum e
Stigonema dendroideum, com ocorrência facultativa de Chroococcus varius;
- Os taxa endolíticos foram Aphanothece cf. saxicola, Choococcus varius e C . cf. montanus;
- O conhecimento das cianobactérias em afloramentos rochosos de áreas geográficas
distintas oferecerá dados de biodiversidade e poderá trazer contribuições relevantes à
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 30/36
24
taxonomia e ecologia do grupo;
- Metodologias de coleta e análise do material ainda precisam ser melhoradas para uma
investigação com maior qualidade, em especial em rochas quartzíticas, em que os
organismos encontram-se muitas vezes incrustados nos grãos de quartzo;
- Tanto em áreas tropicais quanto nas temperadas, as comunidades de cianobactérias
litofíticas são compostas pelas mesmas combinações de gêneros. Porém, as incertezas na
circunscrição de muitas espécies dificultam a comparação dessas comunidades. No
momento pode-se concluir apenas que a riqueza de espécies de cianobactérias litofíticas das
áreas tropicais e temperadas é comparável, com em torno de 15 – 20 espécies por localidade;
- Trabalhos que envolvam o isolamento e o cultivo são necessários para a identificação e
confirmação de espécies através da taxonomia clássica em microscopia óptica e,
paralelamente, pela utilização de técnicas diversas para análise da ultraestrutura, da biologia
molecular e da bioquímica.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 31/36
25
8. REFERÊNCIAS
Alves, R.J.V. 1992. The Flora and vegetation of the Serra de São José in Minas Gerais,
Brazil. Tropicaleaf Nature Publishers, Phaha.70p.
Alves, R.J.V. 1994. Morphological age determination and longevity in some Vellozia
populations in Brazil. Folia Geobotanica et Phytotaxonomica 29: 55-59.
Alves, R.J.V. & Kolbek, J.1993. Penumbral rock communities in campo rupestre sites in
Brazil. Journal of Vegetation Science 4: 357-366.
Alves, R.J.V. & Kolbek, J. 2009. Summit vascular flora of Serra de São José, Minas Gerais,
Brazil. Check List 5(1): 035 – 073, 2009.
Anagnostidis, K & Komárek, J. 1985. Modern approach to the classification system of
cyanophytes. 1- Introduction. Algological Studies 38-39: 291-302.
Anagnostidis, K. & Komárek, J., 1988. Modern approach to the classification system of Cyanophytes. 3 - Oscillatoriales. Algological Studies 50-53: 327-472.
Anagnostidis, K. & Komárek, J., 1990. Modern approach to the classification system of
Cyanophytes. 5 - Stigonematales. Algological Studies 59: 1-73.
Belnap, J., Rosentreter, R., Leonard, S., Kaltenecker, J.H., Williams, J., Eldridge, D. 2001.
Capítulo 3: Ecology roles. In: Idem. Biological Soil Crusts: Ecology and Management.
Bureau of Land Management, Printed Materials Distribution Center. Denver, Colorado.
118p.Branco, L. H. Z.; Moura, A. N.; Silva, A. C.; Bittencourt-Oliveira, M. C. 2003.
Biodiversidade e Considerações Biogeográficas de uma Area de Manguezal do Estado
de Penambuco, Brazil. Acta Botanica Brasilica 17 (4): 585-596.
Büdel, B., 1999. Ecology and diversity of rock-inhabiting cyanobacteria in tropical regions.
European Journal of Phycology 34: 361-370.
Büdel, B., Weber, H.M., Porembski, S. & Barthlott, W., 2002. Cyanobacteria of inselbergs
in the Atlantic rainforest zone of eastern Brazil. Phycologia 41: 498-506.
Büdel, B., Weber, B., Kühl, M., Pfanz, H., Sültemeyer, D., Wessels, D. 2004. Reshaping of
sandstone surfaces by cryptoendolithic cyanobacteria: bioalkalization causes chemical
weathering in arid landscapes. Geobiology 2: 261-268.
Campbell, J. 2010. Relationships between Cyanolichens Communities and Nutrient Cycling
in Sub-boreal Spruce Forests. Tese de doutorado. University of British Columbia,
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 32/36
26
Canadá. 131p.
Couté, A., Tell, G., Thérézien, Y. 1999. Cyanophyceae (Cyanobacteria) aérophiles de
Nouvelle-Calédonie. Criptogamie 20 (4): 301 -344.
Crispim, C.A., Gaylarde, C.C., Gaylarde, P.M., 2004. Biofilms on church walls in Porto
Alegre, RS, Brasil, with special attention to cyanobacteria. International
Biodeterioration & Biodegradation 54: 121-124.
Damazio, C. M. & Silva-e-Silva, L. H. 2006. Cianobactérias em Esteiras microbianas
coloformes da Lagoa Pitanguinha, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de
Paleontologia 9 (1):165-170.
Desikachary, T. V. 1959. Cyanophyta. Indian Council of Agricultural Research. New Delhi.
686pp.
Dillon, J. G. & Castenholz, R. W. 1999. Scytonemin, a Cyanobacterial Sheath Pigment,Protects Against UVC Radiation: implications for Early Photosynthetic Life. Journal of
Phycology 35: 673-681.
Dojani, S.; Lakatos, M.; Rascher, U., Büedel, B. 2001. Biological crusts influence the
nitrogen composition of adjacent soils. Eds: Zotz, G. and Körner, Ch. The functional
importance of biodiversity. Berlin: Parey. Proceedings of the ecological society of
Germany, Austria and Liechtenstein 31: 343.
Dojani, S., Lakatos, M., Rascher, U., Wanek, W., Lüttge, U., Büdel, B. 2007. Nitrogen input
by cyanobacterial biofilms of an inselberg into a tropical rainforest in French Guiana.
Flora 202: 521 – 529.
Ehling-Schulz, M. & Scherer, S. 1999. UV protection in cyanobacteria. European Journal
of Phycology 34: 329-338.
Fonseca, I. A. & Rodrigues, L. 2005. Cianobactérias perifíticas em dois ambientes lênticos
da planície de inundação do alto Rio Paraná, PR, Brasil. Revista Brasileira de Botânica
28 (4): 821-834.
Garcia-Pichel, F., Wingard, C.E. & Castenholz, R. W. 1993. Evidenc Regarding the UV
Sunscreen Role of a Mycosporine-Like Compound in the Cyanobacterium Gloeocapsa
sp. Applied and Environmental Microbiology 59 (1): 170-176.
Garcia-Pichel, F. & Castenholz, R. W. 1993. Occurrence of UV-absorbing mycosporine
amino acid-like compounds among cyanobacterial isolates and an estimate of their
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 33/36
27
screening capacity. Applied of Environmental Microbiology 59: 163 – 169.
Geitler, L. 1932. Cyanophyceae von Europa – unter Berüncksichtigung der anderen
Kontinente. Kryptogamen-Flora von Deutshland, Österreich und der Schweiz. Berlin.
1196p.
Gómez-Alarcón, G., Muñoz, M., Ariño,X., Ortega-Calvo, J.J. 1995. Microbial communities
in weathered sandstones: the case of Carrascosa del Campo church, Spain. The Science
of the Total Environment 167: 249-254.
Hoffmann, L. 1996. Geographic distribution of freshwater blue-green algae. Hydrobiologia
336: 33-39.
Hoffmann, L. 2005. Nomenclature of Cyanophyta/Cyanobacteria: roundtable on the
unification of the nomenclature under the Botanical and the Bacteriological Codes.
Algological Studies 117: 13-29.IEF-MG. 2008. Unidades de conservação: Áreas de Proteção Ambiental, MG. Disponível
em <http://www.ief.mg.gov.br/images/stories/ucs_abril2008/apaestadual_0408.pdf>,
acessado em 15 de junho de 2009.
Komárek, J. 1994. Current trends and species delimitation in the cyanoprocaryote
taxonomy. Algological Studies 75: 11-29.
Komárek, J. & Anagnostidis, K. 1986. Modern approach to the classification system of
Cyanophytes. 2- Chroococcales. Algological Studies 43: 157 - 226.
Komárek, J. & Anagnostidis, K. 1989. Modern approach to the classification system of
Cyanophytes. 4 - Nostocales. Algological Studies 56: 247-345.
Komárek, J. & Anagnostidis, K. 1998. Cyanoprokaryota 1. Teil: Chroococcales. In: Ettl, H.;
Gärtner, G.; Heynig, H.; Mollenhauer, D. (eds.) Süsswasserflora von Mitteleuropa
19/1, Gustav Fischer, Jena-Stuttgart-Lübeck-Ulm, Berlim. 548p.
Komárek, J. & Anagnostidis, K. 2005. Cyanoprokaryota. 2. Teil/ 2nd part: Oscillatoriales.
In: Büdel B., Krienitz L., Gärtner G. & Schagerl M. (eds.), Süsswasserflora von
Mitteleuropa 19/2 , Elsevier/Spektrum, Akademische Verlag, Heidelberg. 759 p.
Körner, C. 2003. Limitation and stress — always or never? Journal of Vegetation Science
14: 141 – 143.
Krumbein, W.E. 2004. Life on and in stone – an endless story? In: Rotstein, M. K. (ed.)
Proceedings of the century 10th International Congress on Deteriorationof Stone,
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 34/36
28
Stockholm. 8 pp.
Kurtz, H. D. & Netoff, D. I. 2001. Stabilization of friable sandstone surfaces in a
desiccating, wind-abraded environment of south-central Utah by rock surface
microorganisms. Journal of Arid Environments 48: 89-100.
Lüttge, U., 1997. Cianobacterial Tintenstrich: Communities and their Ecology.
Naturwissenschaften 84: 526-534.
Macedo, M. & Prance, G.T. 1978. Notes on the Vegetation of Amazonia II. The Dispersal
of Plants in Amazonian White Sand Campinas: The Campinas as Functional Islands
Brittonia 30(2): 203-215.
Main, B. Y. 1997. Granite outcrops: A collective ecosystem. Journal of the Royal Society
of Western Australia 80: 113-122.
Memini-Neto, L.; Alves, R.J.V.; Forzza, R.C. 2007a. A subtribo Pleurothallidinae(Orchidaceae) no Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Boletim de
Botânica (USP) 25: 253-278.
Memini-Neto, L.; Alves, R.J.V.; Barros, F.; Forzza, R.C. 2007b. Orchidaceae do Parque
Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais - Brasil. Acta Botanica Brasilica 21: 687-696.
Moresco, C. & Rodrigues, L. 2006. Cianobactérias perifíticas nos reservatórios de Segredo e
Iraí, Estado do Paraná, Brasil. Acta Scientiarum Biological Sciences 28 (4): 335-345.
Muroňová, M. 2007. Aerické sinice oblasti Ubatuba, Mata Atlantica, Brazílie. [Aerophytic
cyanobacteria of Ubatuba area, Mata Atlantica, Brazil. Bc. thesis, in Czech] University
of South Bohemia, Faculty of Biological Sciences, České Budějovice. 32 pp.
Naz, S., Masud-ul-Hasan & Shameel, M. 2004. Taxonomic study of Chroocophyceae
(Cyanophyta) from northern areas of Pakistan. Pakistan Journal of Bottany 36(2):
247-281.
Nogueira, N. M. C. & Ferreira-Correia, M. M. 2001. Cyanophyceae/Cyanobacteria in Red
Mangrove Forest at Mosquitos and Coqueiros Estuaries, São Luís, State of maranhão,
Brazil. Brazilian Journal of Biology 61 (3): 347-356.
Paerl, H. W., Pinckney, J. L. & Steppe, T. F. 2000. Cyanobacterial+bacterial mat consortia:
examining the functional unit of microbial survival and growth in extreme
environments. Environmental Microbiology 2(1): 11-26.
Pereira, P.F.S. & Campos, E.M.G. 2006. Valorando o Ecoturismo e as Atividades
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 35/36
29
Recreacionais da Área de Proteção Ambiental Serra de São José (MG): Uma Aplicação
do Método Custo de Viagem e da Valoração Contingente. In: Anais do XII Seminário
sobre a Economia Mineira [Proceedings of the 12th Seminar on the Economy of Minas
Gerais]. Disponível online em <http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/
seminario_diamantina/2006/D06A081.pdf >, acessado em 30 de julho de 2009.
Pócs, T. 2009. Cyanobacterial crust types, as strategies for survival in extreme habitats.
Acta Botanica Hungarica 51 (1-2): 147-178.
Potts, M., 1999. Mechanism of desiccation tolerance in cyanobacteria. European Journal
of Phycology 34: 319 – 328.
Rascher, U., Lakatos, M., Büdel, B. & Lüttge, U, 2003. Photosynthetic field capacity of
cyanobaceria of a tropical inselberg of the Guiana Highlands. European Journal of
Phycology 38: 247-256.Raven, P.H., Evert, R.F., Eichhorn, S.E. 2001. Biologia Vegetal. Guanabara Koogan. 6ª
edição. 906pp.
Rigueira, S.E., Bedê, L.C., Brito, A.A., Pilo, L.B., Lima, P.S., Nogueira, R.C., Weber, M.,
2000. Mapeamento de Biótopos na Área de Proteção Ambiental São José e Cidade de
Tiradentes, MG- Segunda Etapa. Zoneamento Ecológico-Econômico da Área de Proteção
Ambiental (APA) São José, MG. Fundação Alexander Brandt. Convênio
FNMA/FABRANDT: 008/98. 117p.
Roldán, M. & Hernández-Mariné, M. 2009. Exploring the secrets of the three-dimensional
architecture of phototrophic biofilms in caves. International Journal of Speleology 38
(1): 41-53.
Sales, C.P. 2004. Flora, ocorrência e distribuição de fitoflagelados em cinco ambientes
aquáticos na Serra de São José, sul do estado de Minas Gerais. 2004. Trabalho de
Conclusão de Curso. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. 45 p.
Sigler, W. V., Bachofen, R., Zeyer, J. 2003. Molecular characterization of endolithic
cyanobacteria inhabiting exposed dolomite in central Switzerland. Environmental
microbiology 5: 618-627.
Silva-e-Silva, L.H., Delfino, D.O., Lopes, F.A.S., Iespa, A.A.C. & Damazio, C.M. 2006.
Esteiras microbianas poligonais do brejo do Espinho, RJ. Revista de Geologia 19 (2):
155-161.
7/31/2019 VLMS Ciano SSJ Monografia
http://slidepdf.com/reader/full/vlms-ciano-ssj-monografia 36/36
Silva A. C., Vidal-Torrado P., Martinez Cortizas A., Garcia Rodeja E. 2004. Solos do topo
da Serra de São José (Minas Gerais) e suas relações com o paleoclima no sudeste do
Brasil. Rev. Brasil. Ciências do Solo 28: 455-466.
Silva, N.M.L. da. 2009. Algas e Cianobactérias Aerofíticas de Fragmentos de Floresta
Estacional Semidecidual no Noroeste Paulista. Dissertação de Mestrado. Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil. 108p.
Singh, S.C., Sinha, R.P., Häder, D.P. 2002. Role of lipids and fatty acids in stress tolerance
in Cyanobacteria. Acta Protozoologica 41: 297-308.
Thompson, D.B., Walker, L.R., Landau, F.H., Stark, L.R. 2005. The influence of elevation,
shrub species, and biological soil crust on fertile islands in the Mojave Desert, USA.
Journal of Arid Environments 61: 609-629.
Wray, R.A.L. 1997. Quartzite dissolution: karst or pseudokarst? Cave and Karst Science24 (2): 81-86.
Wynn-Williams, D.D., Edwards, H.G.M., Newton, E.M., Holder, J.M., 2002. Pigmentation
as a survival strategy for ancient and modern photosynthetic microbes under high
ultraviolet stress on planetary surfaces. International Journal of Astrobiology 1: 39-49.