A VULNERABILIDADE HUMANA NO RISCO
Carlos PrudenteCláudia Mendonça
Carlos Prudente e Cláudia Mendonça
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OBJECTIVO
Compreender o que é a vulnerabilidade humana e quais os factores que a influenciam.
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ENQUADRAMENTO
Os desastres colocam em evidência a fragilidade da sociedade.Mostram ainda a dimensão da fragilidade humana.
É comum olhar para isso da vertente da psicologia ambiental. Este olhar fundamenta-se no entendimento ampliado de que fenómenos naturais levam as catástrofes.
Mas devemos olhar mais além, para a relação pessoa-ambiente, ampliando assim para o contexto ambiental e para as interacções nele vividas.
Esta dinâmica deve ser levada em conta em todas as etapas da gestão de risco.
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VULNERABILIDADE
A vulnerabilidade é uma condição externa à pessoa que a predispõe ao risco e por esta razão estão intimamente ligados, podendo mesmo ser entendidos como um existindo em função do outro.
Por exemplo, dois grupos populacionais podem estar sujeitos ao mesmo perigo, mas não apresentem o mesmo risco por não estarem igualmente em situação de vulnerabilidade.
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VULNERABILIDADESegundo o dicionário: qualidade do que é vulnerável; poucas defesas; Vulnerável – que pode ser atingido;
Em sentido figurado: Ponto fraco
Associável a:- Susceptibilidade- Sensibilidade- Fragilidade
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VULNERABILIDADE= FALHA
Uma vulnerabilidade é considerada uma falha que expõe o sistema sob algum dos aspectos da segurança.
Uma vulnerabilidade pode comprometer um sistema como um todo ou parte dele.
Uma vulnerabilidade torna-se um risco em potencial.
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VULNERABILIDADE HUMANA
“Um processo ou condição humana resultante de factores físicos, sociais, económicos e ambientais
que determinam a probabilidade e escala de danos resultantes do impacto de um
acontecimento perigoso”.
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VULNERABILIDADE HUMANA
Representa a interface entre a exposição a ameaças físicas ao bem-estar humano e a capacidade das pessoas e comunidades de lidar com tais ameaças.
As ameaças podem surgir de uma combinação de processos sociais e físicos.
Vulnerabilidade, segundo os autores, é uma característica da sociedade pós-moderna e dirige nossa atenção não ao resultado da perturbação, mas às condições que limitam a capacidade de resposta.
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VULNERABILIADADE HUMANA
É um conceito dinâmico e
multifactorial que pressupõe o
facto, nem sempre evidente, de
que nem todos os seres, grupos e
sociedades humanos são
igualmente afectados no seu
equilíbrio por um mesmo leque de
perturbações externas.
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VULNERABILIDADE HUMANA Na maioria das vezes, é mais fácil de perceber o dano que os perigos causam, tendo dificuldade em definir o risco e a vulnerabilidade.
AVALIAÇÃO passa pela:-Compreensão do perigo -Contexto geográfico e social -Relações sociais, culturais, políticas e económicas -Situação das instituições que detêm os recursos para a resposta, -A capacidade de absorção e adaptação que a comunidade possui para enfrentar as consequências.
A vulnerabilidade é extremamente dinâmica, além de poder apresentar sazonalidades até em pequena escala temporal.
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VULNERAVEL A QUÊ?
DESASTRE:
[...] um evento, concentrado no tempo e no espaço, em
que uma sociedade, ou uma subdivisão relativamente
auto-suficiente da sociedade, passa por grave perigo e
fica sujeita a perdas físicas para seus membros e
aparatos físicos, onde a estrutura da sociedade fica
fragilizada e a realização de toda ou algumas das funções
essenciais da sociedade fica prejudicada.
(PEEK; MILETI, 2002, p.511)
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QUEM É VULNERAVEL?
Todos somos vulneráveis às
ameaças naturais, a questão
atinge ricos e pobres, urbanos e
rurais, do Hemisfério Norte e do
Hemisfério Sul e pode
comprometer todo o
desenvolvimento sustentável dos
países em desenvolvimento.(CLARK E OUTROS , 1998)
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A catástrofe humana do furacão
Katrina, que em Agosto de
2005 atingiu o estado
americano do Louisiana e
inundou a cidade de New
Orleans causando mais de 1800
mortos, continua, indelével, na
memória mundial.
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[...] a ocorrência dos desastres naturais está ligada não
somente à sustentabilidade dos mesmos, devido às
características ambientais, mas também à vulnerabilidade
do sistema social sob impacto, isto é, o sistema económico-
social-político-cultural.
Normalmente os países em desenvolvimento não possuem
boa infra-estrutura, sofrendo muito mais
com os desastres do que os países desenvolvidos,
principalmente quando relacionado com o número de
vítimas.(VANACKER ET AL ,2003)
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Exposure: grau de exposição à ameaça;
Sensitivity: a sensibilidade do sistema
Cope capacity: Inclui a capacidade para resistir aos impactes, lidar com as perdas e readquirir as suas funções.
( EAKIN E WALSER 2008)
FACTORES DE VULNERABILIDADE
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FACTORES DE VULNERABILIDADEAlguns factores contribuem para o aumento do risco: Idade; Personalidade das pessoas expostas; Atitudes, crenças e valores individuais; Saúde e existência prévia de factores de stress; Pobreza; Uso irracional dos recursos naturais e desperdício; Degradação ambiental, contaminação e a poluição; Ignorância e a má vontade política; Fragilidade das políticas públicas Baixa escolaridade da população Negligência legal e a burocracia; A planificação urbana deficiente; A falta do conhecimento do risco e do treino de resposta à
crise. A carência de uma cultura de prevenção.
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RISCO E VULNERABILIDADE
Os processos através dos quais os riscos se convertem em vulnerabilidade, em qualquer país, são modelados pelo estado latente de desenvolvimento humano:
- Desigualdades dos rendimentos - As oportunidades - O poder político
(Millenium Ecosystem Assessment,2006)
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REPRESENTAÇÃO DO RISCO
Depende:- das fontes de informação - percepção da vulnerabilidade
que o indivíduo ou grupo privilegia, ou seja, as pessoas escolhem suas fontes de informação segundo critérios que reflectem sua pertinência cultural e também suas motivações, preocupações pessoais e conhecimentos.
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COMO REDUZIR A VULNERABILIDADE?
Reduzir a vulnerabilidade significa identificar pontos de intervenção na cadeia causal entre o surgimento de um risco e as consequências para as populações humanas.
(Clark e outros, 1998)
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REDUZIR A VULNERABILIDADE
As medidas de mitigação ou de prevenção de riscos devem necessariamente levar em conta a percepção, o conhecimento e aceitação do risco pela população.
Portanto se a redução da vulnerabilidade é possível, ela não será eficaz se os indivíduos ou grupos envolvidos não a aceitarem.
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RESPOSTA À VULNERABILIDADE
A sociedade precisa enfrentar a catástrofe fisicamente, socialmente e psicologicamente.O comportamento humano antes, durante e depois de uma ocorrência tem vindo a ser foco de análise da ciência psicológica. Existem modelos desenvolvidos para analisar o comportamento humano em cada uma destas etapas e que variam segundo a ênfase atribuída aos factores cognitivos e atitudes ou perceptivos
(COELHO, 2006)
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RESPOSTA À VULNERABILIDADE
A comunidade técnica e
científica é unânime ao
considerar que a
Capacidade de adaptação
de um sistema humano
depende em muito do seu
nível económico e social.
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RESPOSTA À VULNERABILIDADE
Os indivíduos ou famílias ficam completamente dependentes do apoio institucional das entidades e organismos que concorrem para o socorro, seja através do alojamento em residências comunitárias de emergência, lares, asilos, pensões, seja mediante o fornecimento de alimentação ou agasalhos…
Devemos assim entrar em linha de conta com as capacidades e condições de resposta disponíveis
que são fornecidas pelos indivíduos, grupos e estruturas sociais na recuperação do impacte
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PREVENÇÃO
Análise da vulnerabilidade e dos riscos para identificar os problemas potenciais que em um evento meteorológico ou geológico extremo se pode impor.
Prevenir envolve sistemas de detecção e aviso, identificação de rotas de evacuação e abrigos, mantimentos de emergência e sistema de comunicação, procedimento para notificação e mobilização de “pessoas-chave” e pré-estabelecimento de acordo mútuo com comunidades vizinhas.
Treinar e educar pessoal, cidadãos e líderes comunitários também é crucial para o processo de prevenção.
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REACÇÃO
Acção tomada imediatamente antes, durante e em seguida de um desastre.A resposta efectiva para o desastre é salvar vidas, minimizar danos na propriedade e ressaltar o processo de recuperação.
Actividade realizada durante esforços de resposta:
Detecção e aviso de risco;Evacuação e abrigo das vítimas;Cuidados médicos;Pesquisa e operação de resgate e segurança;Protecção das propriedades.
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RECUPERAÇÃO
A recuperação envolve actividades de curto prazo tal como restaurar sistemas de suporte vital, bem como em longo prazo a tentativa de retorno a vida ao normal.
- Avaliar os danos para priorizar a ajuda de recuperação;- Reparar e reconstruir casas, prédios públicos, cordas salva-vidas e infra-estrutura; - Organização de voluntários e donativos;- Entrega de meios de socorro;- Restaurar serviços comunitários vitais e coordenar actividades governamentais.
O processo de recuperação pode levar semanas ou até anos, depende da magnitude do desastre, recursos disponíveis e do esforço da comunidade e do governo.
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MITIGAÇÃO
A mitigação refere-se às políticas e acções que buscam
reduzir a Vulnerabilidade de danos de uma área para
futuros desastres.
São implementadas medidas visam afastar os riscos
das pessoas e dos prédios, construírem prédios mais
capazes de resistir a desastres, e fortalecer elementos
do ambiente construído que são expostos aos riscos.
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DIMINUIR A VULNERABILIDADEAs populações são cada vez menos as vítimas indefesas das “acções divinas” e cada vez mais as vítimas das “acções humanas”.Entretanto, a crescente compreensão dos processos ambientais e uma capacidade ascendente para os alertas antecipados devem ajudar a identificar as ameaças e os riscos e a oferecer as respostas adequadas. Há, actualmente meios mais apropriados para prevenir e reduzir os danos às pessoas e os prejuízos às economias e comunidades.No momento, um maior investimento e uma sólida gestão ambiental, na preparação da comunidade e na redução da vulnerabilidade resultará em ganhos importantes no futuro.
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DIMINUIR A VULNERABILIDADE Realizar programas de desenvolvimento em informação, sensibilização e formação nos domínios análise de riscos e das atitudes e comportamentos de autoprotecção.
Apostar junto dos escalões etários mais jovens:
-Para implementar o reforço de uma cultura de segurança;-Como mecanismos de divulgação dessas medidas e posturas de autoprotecção e segurança;
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CONCLUSÃO
A analise dos desastres e da reacção do homem às
catástrofes permite identificar os factores de
vulnerabilidade humana.
Cada vez mais é importante não apenas identificar esses
factores, como realizar uma intervenção forte no sentido de
compreender qual o seu papel na resposta humana às
catástrofes.
Garantimos uma melhor preparação das populações para as
situações de desastre ao realizar programas de formação,
criar ferramentas de intervenção e ao desenvolver meios de
apoio e resposta a estas situações.
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FIM