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Disciplina: Teorias de Leitura Curso: TPFL Profa. Dra. Ana Maria B. Accorsi

1 tragédia

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Disciplina: Teorias de Leitura

Curso: TPFL

Profa. Dra. Ana Maria B. Accorsi

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do grego antigo τραγῳδία, composto de τράγος,

"bode" e ᾠδή, "canto“

é uma forma de drama que se caracteriza pela sua seriedade e dignidade, frequentemente envolvendo um conflito entre uma personagem e algum poder de instância maior, como a lei, os deuses, o destino ou a sociedade.

Conceito geral

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Obscuras, mas é, certamente, derivada da rica poética e

tradição religiosa da Grécia Antiga.

Suas raízes podem ser rastreadas mais especificamente nos ditirambos, os cantos e danças em honra ao deus grego Dionísio (conhecido entre os romanos como Baco).

NO DESENVOLVIMENTO DA ARTE:

Dionísio é o deus da arte, o deus-espelho que reflete para as pessoas o que elas são, e a partir de então elas podem aceitar o que são e o que os outros são, podem aceitar o diferente.

Começa a surgir o conceito de humanidade, de que o ser humano pertence a um universo maior que o da pólis.

Origens

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Aristóteles em sua obra A Poética = estudos e análises da

tragédia [que tinha grande papel na cultura grega e, posteriormente, na ocidental]

Tragédia = imitação de uma ação completa e elevada, em uma linguagem que tem ritmo, harmonia e canto.

“a imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão; deve ser composta num estilo tornado agradável pelo emprego

separado de cada uma de suas formas; na tragédia, a ação é apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores.

Suscitando a compaixão e o terror, a tragédia tem por efeito obter a purgação dessas emoções.”

A Poética de Aristóteles

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Ptto: suas partes se constituem de passagens em versos

recitados e cantados, e nela atuam as personagens diretamente, não havendo relato indireto.

A tragédia consegue abordar de uma maneira muito profunda questões do bem e do mal.

Sua função é provocar, por meio do temor e da compaixão (terror e piedade) a expurgação ou purificação dos sentimentos (catarse).

“Com efeito, a união de um reconhecimento e de uma peripécia excitará compaixão ou terror; ora, precisamente nos capazes de os

excitarem consiste a imitação que é objeto da tragédia. Além do que, infortúnio e felicidade resultam dos atos.”

A Poética de Aristóteles

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A tragédia clássica deve cumprir três condições:

a) possuir personagens de elevada condição (heróis, reis, deuses),

b) ser contada em linguagem elevada e digna e

c) ter um final triste, com a destruição ou loucura de um ou várias personagens sacrificadas por seu orgulho ao tentar se rebelar contra as forças do destino.

A tragédia se divide em prólogo, episódio e êxodo.

A parte do coro se divide em pároclo e estásimo.

A ordem seria o prólogo precedendo o pároclo (primeira entrada do coro), seguido de cinco episódios (atos) alternados com os estásimos e a conclusão com o êxodo, a intervenção final do coro, que não era cantada.

A Poética de Aristóteles

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Em Macbeth há compaixão e terror:

a) Há compaixão quando nos deparamos com o sofrimento de Duncan e

b) Há terror quando Macbeth e Lady Macbeth planejam a morte de Duncan.

Compaixão e terror são características inerentes à natureza humana.

Em Macbeth

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Comparação entre a tragédia grega e a elizabetana

Grega

Via os acontecimentos dramáticos da vida humana na forma de mudança da fortuna que irrompia de fora ou de cima sobre o homem;

O autor arranja a peça de tal forma que o caráter do personagem não desempenha papel decisivo;

Édipo e Orestes não têm liberdade de ação, cumprem a fatalidade de um destino previamente determinado;

Elizabetana

É muito maior o papel desempenhado pelo caráter singular do herói como fonte do destino;

Macbeth é Macbeth não em razão dos caprichos de um deus que o moveu para um destino trágico, mas porque essa era a essência dele;

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Comparação entre a tragédia grega e a elizabetana

O meio em que as peças se inspiram é sempre o mesmo (os mitos conhecidos, a herança nacional dos helenos);

- É possível distinguir claramente entre o caráter natural da personagem e o destino que a aguarda;

As personagens quase sempre são das famílias reais (os Atreus, os Labdácidas, etc.);

Multiplicidade de temas com notável liberdade de movimentos;

O caráter é pré-formado pelas condições de nascimento e pelas circunstâncias vitais;

- O mundo apresenta-se bem mais diversificado, tornando possível as combinações da fantasia;

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Comparação entre a tragédia grega e a elizabetana

O círculo do herói limita-se a sua família, à corte, ao palácio e sua vizinhanças;

Seus temas são os mais diversos, além da história nacional, inclui a romana, histórias fabulosas, novelas, contos de fadas, etc;

Graças às viagens de descobrimento que se sucedem pelo século XVI, ocorre o apelo ao exotismo estrangeiro (aventuras na Itália, nas Américas, em Veneza, etc.);

Cosmopolitismo cultural: consciência perspectiva em relação ao passado. O autor sabe-se herdeiro da cultura antiga. A realidade torna-se mais ampla, mais rica em possibilidades e ilimitada. Uma consciência mais livre abrange o mundo inteiro;

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Comparação entre a tragédia grega e a elizabetana

Sua consciência está limitada pela presença dos deuses que lhe impõem um destino;

A ação de Destino atinge, de um só golpe, apenas o herói e aqueles que são próximos;

Era culturalmente exclusivista: o círculo dos seus objetos eram limitados porque o público antigo só considerava a sua própria cultura como digna de consideração artística.

As desgraças transcendem o herói e devastam toda a sociedade;

O seu conceito é universal, é magico e polifônico;

O destino humano é feito de harmonia e desarmonia. Mistura o sublime com o baixo, abre caminho para a tragédia individual. Busca as forças secretas da vida - não religiosa - os aspectos mágicos ou mesmo científicos que permeiam o mundo.

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O teatro shakespeariano inovou toda uma cultura dramática,

agora o homem estava no centro do palco.

Shakespeare explorou conflitos do homem e não de deuses.

As tragédias shakespearianas representam aspectos da vida.

Shakespeare elaborava tensões; respondia a lembranças marcantes, a pressões intensas, constantes ou penosas até à mais pura amargura.

As personagens shakespearianas têm a capacidade falar com seu interior.

O interior de Macbeth é essencial para a peça. Os solilóquios de Macbeth nos mostram o seu interior.

A trajetória de Macbeth dentro da peça mostra a evolução da personagem a partir do seu falar interior.

Em Shakespeare

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Em Shakespeare, as personagens não se revelam, mas se desenvolvem, e o fazem porque têm a capacidade de se auto recriarem. Às vezes, isso ocorre porque, involuntariamente, escutam a própria voz, falando consigo mesmos ou com terceiros. Para tais personagens, escutar a si mesmos constitui o nobre caminho da individuação, e nenhum outro autor, antes ou depois de Shakespeare, realizou o verdadeiro milagre de criar vozes, a um só tempo, tão distintas e tão internamente coerentes, para seus personagens principais, que somam mais de cem, e para centenas de personagens secundários, extremamente individualizados. (BLOOM, 2000, p. 19)

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1. ARISTÓTELES. A poética. Rio de Janeiro: Globo. 2001.

2. AUERBACH, Erich – Mimesis. S.Paulo: Perspectiva.

3. BLOOM, Harold- O Cânone Ocidental. [Tradução Marco Santarrita] S.Paulo: Objetiva, 2001.

4. _______. Shakespeare: a invenção do humano. [Tradução de José Robert O’ Shea]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

5. ERVINE, John - Introduction in The Complete Works of W.S.;