103

"A nossa luta é pra vencer..." Diário da ocupação do INCRA-GO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Após 04 anos da ocupação da superintendência regional do INCRA-GO organizada pelo Movimento Popular Terra Livre, pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra – MLST, pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – FETRAF, pelo Movimento de Volta dos Trabalhadores ao Campo – MVTC e pelo Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MBTR que culminou com a queda do então superintendente do órgão o senhor Rogerio Arantes. Resolvemos reorganizar e lançar no formato de livro digital o diário da ocupação escrito no período dessa importante ação do movimento por reforma agrária em Goiás e que foi amplamente divulgado em sites e blogs de norte a sul do país. Aproveitei para acrescentar alguns comentários como também algumas cenas dos bastidores da ocupação que não foi para o diário. O objetivo desse livro é resgatar essa importante luta do movimento popular por reforma agrária em Goiás, bem como no sentido de servir de exemplo para aqueles que continuam resistindo na luta por essa importante bandeira. Mesmo com a vitória da ocupação precisamos ressaltar que após quase quatros anos de governo Dilma (PT) – aqueles que lutam por uma reforma agrária de fato em todo o Brasil não tem muito que comemorar, ao contrario tivemos mais retrocessos que avanços na luta contra o latifúndio e o agronegócio. Ano após ano o governo Dilma bate recordes negativos em relação ao assentamento de novas famílias, assim como aprova leis como a reforma do código florestal que fortalece o agronegócio. A ocupação da superintendência do INCRA de Goiás em 2011 não foi apenas uma ação para derrubar o então superintendente que lá estava defendendo os interesses dos ruralistas, mas foi, sobretudo uma ação em defesa da reforma agrária. Infelizmente os grandes movimentos de luta por reforma agrária hoje no Brasil estão extremamente recuados – as tentativas de unidade entre as organizações após o congresso camponês em 2012 pouco se efetivou e muita pouca luta se fez contra o avanço do agronegócio. Apesar da conjuntura difícil é extremamente importante continuarmos resistindo e lutando por uma reforma agrária de fato no Brasil e nesse sentido espero que esse resgate histórico possa contribuir.

Citation preview

“A nossa luta é pra vencer.”

Diário da ocupação da superintendência do

INCRA-GO.

De junho a julho de 2011.

Pedro Ferreira Nunes

Lajeado-TO

2014

A todas as famílias organizadas pelo Movimento

Popular Terra Livre, Movimento de Libertação dos

Sem Terra, Federação dos Trabalhadores e

trabalhadoras da agricultura familiar de Goiás,

Movimento de Volta dos Trabalhadores ao Campo e ao

Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Rurais que

participaram da ocupação do INCRA-GO em 2011.

Em especial aos camaradas: Zelito, Queila, Danilo,

Alessandra, Matheus, Dona Fatima, Geraldo, Lena,

Géssica, Aloisio, Cida, Valdelice, Antônio Chagas,

Geraiton, Lazim, Aparecido, Anair e Nega.

Apresentação

Memórias de uma luta

Recebi a missão dos companheiros da coordenação dos

movimentos que ocuparam a superintendência regional

do INCRA em Goiás de ficar responsável pela

assessoria de comunicação dessa ação. Com isso o

camarada Zelito do Movimento Terra Livre,

organização da qual eu também fazia parte – Deu a

ideia de fazermos o diário da ocupação para

divulgarmos o dia a dia na ocupação e as ações que

iriamos realizar, pois com o passar dos dias a ação

tenderia a cair no esquecimento, sobretudo pelos

veículos oficiais de comunicação, com o diário

manteríamos a ocupação em pauta.

A ideia inicial era que fizéssemos os relatos

coletivamente, mas já nos dois primeiros houve grande

dificuldade para reunir todo mundo, sobretudo por que

sempre havia outras atividades e problemas que surgiam

que o núcleo dirigente precisava resolver. Por tanto

acabou ficando para mim a responsabilidade de fazer os

relatos que sempre quando era possível eu submetia ao

crivo de alguns camaradas.

O diário foi uma ação muito importante para divulgar a

nossa luta e para que também conseguíssemos apoio de

diversas organizações da classe trabalhadora. Os relatos

foram reproduzidos em diversos sites e blogs de norte a

sul do país, assim como chegou a nossas mãos diversas

manifestações de apoio graças às informações que

passávamos através do diário, o que com certeza

contribuiu para que fizéssemos a maior ocupação do

INCRA-GO. E mesmo com o boicote da grande mídia

na maior parte do tempo que ficamos acampados no

INCRA, conseguimos manter o Brasil informado do

que se estava passando em Goiânia.

Quando comecei escrever era como estivesse fazendo

uma nota à imprensa, mas ao longo dos dias o mesmo

foi ganhando um caráter mais eloquente e emotivo,

sobretudo por que a imprensa estava se lixando pelo

que nós estávamos fazendo lá dentro. A não ser se

fizéssemos como defendia um companheiro da direção

– Tocássemos fogo em umas caminhonetes do

governo, dai a imprensa apareceria para nos chamar de

vândalos e com eles a policia para nos reprimir.

Por fim o caráter do diário foi mudando, já não era um

informativo meramente, queríamos trazer o leitor para

dentro da ocupação com a gente, para que ele se

sentisse parte dela, para que ele pudesse sentir o clima

em que vivíamos – Nossas angustias, tristezas,

esperanças e alegrias.

Lembro-me de uma ligação que recebi de uma senhora

que morava em um assentamento no vale do Araguaia –

Ela disse que havia lido o diário e tinha se emocionado

com o nosso exemplo de força e resistência. Lamentava

por não poder esta conosco na ocupação, pois não

tinha como largar seu lote. E pediu para que eu

agradecesse a todos, pois sabia que estávamos lutando

por todos os acampados e assentados de Goiás

independente do movimento que faziam parte; Que eu

desse um grande abraço e falasse que ela estaria rezando

por nós, pela nossa vitória.

Esse telefonema foi uma grande injeção de animo para

que eu continuasse escrevendo o diário, pois não era

simples achar um tempo para escrevê-lo, já que eu tinha

outras tarefas na ocupação bastante cansativas.

Alguns companheiros chegaram a dizer que não era

bom escrever o diário, pois dávamos muita informação

a cerca do que iriamos fazer e assim os nossos inimigos

sempre sabiam do nosso próximo passo. Já outros

elogiavam, pois o nosso exemplo de luta e resistência

inspirava muita gente e por outro lado conseguíamos

furar o bloqueio da mídia, conseguir apoio do Brasil

todo e nos blindarmos contra qualquer ação truculenta

por parte das autoridades.

Reorganizar esses relatos é resgatar a memoria e o

exemplo dessa importante luta do movimento

campesino por reforma agrária em Goiás, sobretudo em

um período em que os que bravamente continuam

resistindo e persistindo na luta por reforma agrária não

tem o que comemorar. Assim espero que esse relato

possa inspirar, sobretudo a juventude camponesa a

continuar a tão importante e necessária luta por

reforma agrária em Goiás e em todo o Brasil.

Pedro Ferreira Nunes

Movimento Terra Livre, MLST e a FETRAF

ocuparam nessa madrugada o INCRA de Goiás

Nota à impressa

Cerca de 280 famílias organizadas pelo Movimento

Popular Terra Livre, o Movimento de Libertação dos

Sem-Terra (MLST) e a Federação dos Trabalhadores da

Agricultura Familiar (FETRAF) ocuparam a

Superintendência Regional do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nesta segunda

feira, 27 de junho de 2011, pois nossa paciência acabou!

Não temos mais como esperar.

Diante da grave situação que encontramos na luta pela

terra e a lentidão da reforma agrária nacional e no

estado de Goiás decidimos ocupar a Superintendência

Regional do INCRA e apresentar nossas reivindicações.

Estamos dispostos ao diálogo, mas não com a atual

superintendência que já mostrou a que veio. Portanto

exigimos:

1. O fim da violência no campo, a prisão e

condenação dos responsáveis pelos assassinatos de

camponeses e ativistas ambientais no Norte do Brasil,

assim como também defendemos a rejeição pelo

Senado e o veto pela presidente do novo texto do

Código Florestal aprovado pela Câmara dos Deputados.

2. Agilidade no processo de reforma agrária

nacionalmente e no estado de Goiás, para tanto é

necessário pagamento dos Títulos da Dívida Agrária

(TDAs) das fazendas que estão com decreto e que, há

mais de dois anos, aguardam o lançamento das TDAs

pelo tesouro.

3. Pagamento dos créditos das famílias assentadas;

4. A suspensão do recadastramento proposto pelo

Ministério Público Federal. Demandamos que o

INCRA rediscuta com os movimentos os critérios e a

forma de realização do cadastro;

5. A imediata substituição do atual superintendente

do INCRA de Goiás.

Direção Estadual do Movimento Popular Terra Livre,

Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar -

FETRAF e Movimento de Libertação dos Sem Terras -

MLST.

Canto a luta da ocupação do INCRA-GO

Em uma fria madrugada de junho,

começou a nossa ação

sabíamos o que queríamos,

mais até aonde iríamos,

ninguém sabia não!

Vínhamos de vários cantos,

de regiões do estado

homem, mulheres e crianças,

trazendo nos rostos a lembrança,

o nosso destino traçado.

Dividimos nossas incertezas,

o frio e também o sono

das noites mal dormidas,

as obrigações assumidas,

como também a fome!

Mais todas as dificuldades

serviu para nos fortalecer

dividir as dores dos dias,

como também as alegrias,

levou-nos a vencer.

Depois de tantos dias

nos tornamos irmãos

aprendemos a dividir,

a pensar coletivamente

a fazer revolução.

Nossa força adquirida superou o cansaço,

e o ataque dos inimigos,

o jogo sujo do poder até que muito tentou,

mais não consegui nos vencer.

Agora de volta para casa com a vitória na mão

só temos uma certeza,

Nossa maior vitória foi nossa transformação.

Diário da ocupação do INCRA – Regional Goiás

Segunda-feira, 27 de Junho de 2011 - 1º dia.

Na madrugada do dia 27/06, cerca de 280 famílias

organizadas pelos movimentos: Terra Livre, MLST e

FETRAF ocuparam a superintendência regional do

INCRA Goiás tendo como pauta a substituição

imediata do atual superintendente (Rogério Arantes), a

não aprovação do novo texto do código florestal pelo

Senado e o veto da presidente Dilma, como também

agilidade no processo de reforma agrária no Brasil e

especialmente em Goiás.

Os movimentos elaboraram uma carta para as

autoridades regionais e nacionais exigindo agilidade na

indicação do novo superintendente para o órgão em

Goiás, além de cobrar a não aprovação do novo texto

do código florestal e agilidade no processo de reforma

agrária. Também foi feito uma nota a imprensa

informando sobre a ação.

Na parte da tarde as famílias receberam a visita e o

apoio do deputado estadual Mauro Rubem (PT),

também da CSP-Conlutas de Goiás do DCE- UFG e a

assessoria da deputada federal Marina Santana (PT).

Terça-feira, 28 de junho de 2011 - 2º dia.

Começou com a presença da Deputada Federal Marina

Santana (PT) que declarou apoio à ação e se

comprometeu em levar a pauta de reivindicações dos

movimentos para o presidente nacional do INCRA e

para ministra de relações institucionais Ideli Salvati.

Também durante todo o dia mais famílias foram se

incorporando a ocupação e fortalecendo a luta dos

movimentos. O clima na ocupação é de resistir até que

as reivindicações sejam atendidas. A coordenação da

ocupação decidiu convocar mais pessoas de

acampamentos e assentamentos para somar a luta.

Nesse sentido dois outros movimentos decidiram se

incorporar a luta. O movimento de volta dos

trabalhadores ao campo (MVTC) e o Movimento

Brasileiro dos Trabalhadores Rurais (MBTR) decidiram

se incorporar com mais 100 famílias.

As coordenações dos movimentos que estão ocupando

o INCRA (Terra Livre, MLST e FETRAF) se reuniram

para discutir e avaliar os dois dias da ação. Até o

momento nossa ação tem sido vitoriosa por que

fizemos de forma organizada e planejada.

Estudantes do curso de psicologia da UFG

compareceram para dar o seu apoio e a proposta de

fazer um curso de formação entre um grupo de

estudantes da universidade e os movimentos sociais. A

proposta foi aprovada e as coordenações dos

movimentos colocaram a necessidade de fazer

atividades de formação e culturais nas horas livres.

Na parte da tarde um canal de televisão compareceu a

ocupação e fez uma reportagem interessante que com

certeza irá ajudar no fortalecimento de nossa luta e

furar o bloqueio da mídia. O dia foi encerrado com a

projeção do filme Tempos Moderno.

A cada momento mais famílias tem chegado e se

incorporado à ocupação, os movimentos não abriram

mão da pauta apresentada e se as autoridades não

derem retorno estamos dispostos a radicalizar nossa

ação.

Quarta-feira, 29 de junho de 2011 - 3º dia.

As famílias acampadas na superintendência regional do

INCRA continuam firme na luta para que as

autoridades que respondam pela reforma agrária tanto a

nível nacional como regional possam dar

encaminhamento a pauta apresentada pelos

movimentos sociais que estão ocupando o INCRA.

Nesse sentido as famílias continuam firme no objetivo

de só desocupar a superintendência quando as

reivindicações apresentadas forem de fato

encaminhadas pelas autoridades responsáveis. Caso

contrário o objetivo é a cada dia fortalecer a ocupação

com mais acampados e assentados se incorporando.

Ainda pela parte da manhã as famílias receberam a

visita da companheira Ana Lucia do Centro Cultural

Eldorado dos Carajás que fora convidada pela

coordenação da ocupação para ministrar cursos de

formação nas horas vagas para as famílias que estão

acampadas no INCRA, tendo em vista a necessidade de

fazer atividades de formação político-cultural nos

momentos mais tranquilos da ocupação.

Nesse sentido tirou-se uma agenda com a companheira

que irá realizar essas atividades de formação que serão:

- Sábado (02/06) ás 19h00 exibição do filme “Tapete

vermelho” e debate em seguida.

- Domingo (03/06) dás 08h00 ás 18h00 curso sobre

“Como funciona a sociedade”.

- Segunda – feira (04/06) ás 19h00 exibição do filme

“Tropa de Elite” e debate em seguida.

Estudantes do Diretório Central dos Estudantes da

universidade federal de Goiás e do Centro acadêmico

de psicologia participarão de uma atividade de

formação no sábado ás 14h00 para conhecer a luta dos

movimentos populares, sua organização, e dialogar

sobre a conjuntura atual para os movimentos populares.

Após o almoço foi convocada uma assembleia geral

para dar informe sobre os encaminhamentos políticos

da ocupação, a organização e funcionamento como

também as atividades de formação apresentadas acima.

Sobre a nossa organização interna tudo tem

funcionado, alimentação, cozinha, limpeza

infraestrutura entre outras, claro que algumas melhores

que outras, mas é necessário nos organizar melhor para

superar as dificuldades que forem aparecendo.

A reunião começou com a leitura da moção de apoio a

ação feita pelo DCE-UFG, em seguida foi dado

informe de que em vários estados brasileiros tem

acontecido mobilizações sobre tudo relativos à questão

da lentidão da reforma agrária, todos têm pressionado o

INCRA nacional para que dê respostas concretas para

os movimentos sociais e as famílias que estão na luta

por um pedaço de chão ou que já tem o seu mais que

esperam a infraestrutura nos seus assentamentos.

Colocou-se que nossa pauta apresentada já chegou à

mão de todas as autoridades, no entanto as mesmas

pouco se moveram até o momento. Por tanto é

necessário que nos preparemos para ficar até o tempo

que for necessário, isso é, até que nossas reivindicações

sejam atendidas, e que lutemos para que mais

companheiros se incorporem a nossa luta, pois nossa

pauta de reivindicações é extensa e para que ela seja

atendida é necessário que fortaleçamos nossa luta com

mais pessoas todos os dias.

Foi colocado o contato que a coordenação da ocupação

fez com o INCRA nacional com Junior Fidelis da

procuradoria nacional do INCRA e da advogada do

órgão, a Drª Quitéria. Junior Fidelis informou que o

presidente nacional do INCRA o senhor Celso Lacerda

não estava, mas assim que chegar olhará a pauta dos

movimentos e dará uma resposta.

Mais uma vez foi ressaltada a posição dos movimentos

presentes que é de não indicar nomes para

superintendência mais sim um perfil. Queremos a

substituição imediata do atual superintendente e

posteriormente uma audiência com o presidente

nacional do INCRA e o novo superintendente para

discutirmos sobre nossa pauta apresentada. Se até sexta-

feira não houver nenhum retorno começaremos a

radicalizar.

Em seguida foi anunciada a presença e incorporação em

nossa ação dos companheiros do MVTC e MBTR.

Companheiros do MLST nacional passaram para fazer

uma saudação e parabenizar os movimentos pela ação.

Também esteve presente o professor Fernando Leite

do Núcleo Luta Socialista do Psol Goiânia e servidor

em greve da universidade federal que parabenizou os

movimentos pela ação e ofereceu total apoio como

também deu informe sobre a greve dos servidores da

universidade federal. Foi anunciado também o apoio da

CUT-Goiás.

No fim da tarde fomos até a faculdade de educação da

UFG para conversar com alunos do curso de psicologia

sobre a ação dos movimentos sociais no INCRA e os

convidando a participar da atividade de formação no

sábado, os mesmos foram receptivos com a iniciativa.

À tarde Carlos Custodio da Direção estadual do PSOL

e do gabinete do Vereador Elias Vaz (PSOL) também

passou para deixar o apoio do Partido Socialismo e

Liberdade a nossa luta.

E nossa luta continua, e continuará até que nossas

pautas sejam atendidas. Não nos venceram pelo

cansaço.

Quinta-feira, 30 de junho de 2011 - 4º dia.

Chegamos ao 4º dia da ocupação da superintendência

regional do Incra – Goiás, até o momento pouco tem

avançado na pauta apresentada pelos movimentos as

autoridades regionais e nacionais responsáveis pela

reforma agrária. No entanto a cada dia as famílias têm

recebido mais apoios de organizações importantes,

nesse sentido o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL

de Goiás enviou moção de apoio às famílias através da

assessoria do gabinete do vereador Elias Vaz. Também

a Comissão Pastoral da Terra de Goiás (CPT)

compareceu para dar apoio às famílias.

As 09h00 teve assembleia geral para da informe sobre

os encaminhamentos da pauta política dos movimentos

e os resultados obtidos até o momento, como também

fazer uma avaliação das questões realizadas até o

momento, a organização e continuidade da ação.

Ainda na parte da manhã a coordenação da ocupação

conseguiu entrar em contato com o presidente nacional

do INCRA o senhor Celso Lacerda que confirmou o

recebimento de nossa pauta e das reivindicações dos

movimentos, colocou que discutirá a mesma com o

ministro da secretaria geral da presidência o senhor

Gilberto Carvalho e a Ministra de relações institucionais

a senhora Ideli Salvati e que após essa conversa nos

dará uma posição sobre a substituição do atual

superintendente do órgão em Goiás e das outras pautas.

Na parte da tarde teve reunião na CELG para discutir o

programa “Luz para todos” que é um dos maiores

gargalos nas áreas de assentamento. As noticiais não são

animadoras para os assentados, segundo o

superintendente de distribuição de energia a qual esta

vinculada o programa Luz para todos, o senhor

Antônio Almeida que recebeu a comissão dos

movimentos sociais, na ultima licitação aberta para

tocar o projeto apenas duas empresas concorreram e

depois retiraram seu nome, pois o valor que a CELG

tem pagado esta muito abaixo da praticada no mercado,

por tanto será convocada outro processo licitatório, o

processo será demorado, dessa forma os problemas nas

áreas de assentamentos continuaram por algum tempo.

Também teve reunião da coordenação dos movimentos

presentes no INCRA para avaliar a ação e tirar

estratégias para os próximos passos a serem tomados.

As coordenações dos movimentos e as famílias estão

dispostas a continuarem a ação enquanto a pauta

apresentada não for atendida, dessa forma cada

organização presente se comprometeu a mobilizar mais

gente para a próxima semana.

À noite uns grupos dos acampados no INCRA foram

prestigiar na assembleia legislativa de Goiás o ato de

lançamento da marcha nacional que esta sendo

organizada pelo MLST com o tema “Aperta a mão de

que lhe alimenta” que acontecerá em agosto.

O ato contou com a presença de varias autoridades e

representação de diversos movimentos sociais que

defendem a reforma agrária.

Sexta-feira, 01 de julho de 2011 – 5º dia.

O dia começou com uma assembleia geral para da

informe sobre as questões encaminhadas até o

momento, avaliação da ocupação, a organização interna,

e os encaminhamentos para os próximos passos a

serem tomados.

Brasília continua sem dar respostas à pauta apresentada

pelos movimentos, por outro lado a cada momento o

apoio à ocupação tem crescido. Zé Antônio da direção

estadual da CUT – Goiás compareceu a ocupação para

trazer o apoio da Central Única dos Trabalhadores.

As famílias continuam firme no seu objetivo tendo

convicção do papel importante que essa ação terá para

questão agrária no estado de Goiás nos próximos anos,

por isso desocupar esta fora de cogitação, mesmo com

as ameaças de reintegração de posse por parte da justiça

federal.

Após a assembleia geral as coordenações dos

movimentos que estão na ocupação foram para uma

reunião do fórum estadual pela reforma agrária e justiça

no campo para discutir a questão no INCRA como

também o seminário sobre reforma agrária que será

realizado pelo fórum em agosto.

Todos os movimentos que estavam presentes na

reunião do fórum (CPT, CUT, ASSINCRA, FETAEG,

MST, Terra Livre, MLST, FETRAF, MBTR, MVTC, e

Mandato do Deputado Estadual Mauro Rubem (PT)) -

Declararam apoio a ocupação e falaram da importância

dessa ação. Ao final o fórum deliberou por fazer uma

nota de apoio aos movimentos que estão ocupando o

INCRA e a pauta apresentada, essa nota será

encaminhada para as autoridades nacionais e estaduais

responsáveis pela reforma agrária em Goiás e no Brasil.

A tarde teve reunião da coordenação para fazer um

balanço e avaliação da ação e discussão sobre os

próximos passos a serem tomados.

A noite teve cinema com a exibição do filme “Dia de

festa” documentário que mostra a historia de quatro

companheiras da direção do movimento sem teto de

São Paulo sobre uma jornada de ocupação realizada no

ano de 2004. O filme foi bastante elogiado e discutido

pela turma que perceberam a semelhança de nossa luta

com a luta urbana.

Agenda para o final de semana: Hoje tem!

A partir de sábado começará uma serie de atividades de

formação política e cultural na ocupação, convidamos

as organizações parceiras a comparecerem e colaborar

na organização e realização das mesmas.

14h00- Atividades de formação com estudantes da

universidade federal de Goiás – UFG: Conhecer a

realidade de uma ocupação, a organização e historia dos

movimentos presentes e a pauta de reivindicação. Logo

após roda de diálogo sobre a conjuntura atual de

criminalização das lutas dos movimentos sociais.

19h00- Mostra de cinema, exibição do filme “Tapete

vermelho” e debate em seguida.

22h00- Forró Cultural.

Sábado, 02 de junho de 2011 - 6º dia.

As famílias acordaram no sábado com á noticia da

liberação da liminar de reintegração de posse do órgão

por parte da justiça federal, no entanto essa noticia não

abalou as famílias já que todos tem convicção de sua

missão, isto é, só desocupar a superintendência quando

a pauta dos movimentos for atendida pelas autoridades.

No sábado pela manhã aconteceu uma ciranda com as

crianças que estão na ocupação, às crianças se

divertiram muito desenhando e pintando.

Na parte da tarde um grupo de estudantes da

Universidade Federal de Goiás participaram de uma

roda de dialogo com as famílias acampadas no INCRA.

Os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer a

historia dos movimentos que fazem parte dessa ação,

sua organização e as pautas de reinvindicações da

ocupação.

Também foi feito um dialogo sobre a conjuntura atual

de criminalização dos movimentos sociais, abordando a

crise mundial e seus efeitos no Brasil como o corte no

orçamento de 50 bilhões sobre tudo das áreas como

educação, saúde e reforma agraria. Como também a

aprovação na câmara do novo texto do código florestal

e a violência no campo.

Os estudantes fizeram vários questionamentos sobre a

organização e luta dos movimentos sociais, e

mostraram disposição e solidariedade com a luta dos

movimentos de agricultores familiares e camponeses

sem terra em Goiás.

A atividade contou com um momento cultural com

moda de viola, um gostoso lanche e por fim uma

partida de futebol entre os Estudantes X Sem terras.

À noite as famílias assistiram a o filme “Tapete

Vermelho”, o mesmo conseguiu tirar boas gargalhadas

do público e também muita reflexão. Assim como

muita emoção, após a exibição do filme a companheira

Ana Lucia do Centro Cultural Eldorado dos Carajás fez

um dialogo com as famílias sobre a mensagem do filme.

Para fechar à noite as famílias ainda tiveram animo para

dançar forró madrugada adentro.

Atividades com estudantes da UFG na ocupação

do INCRA

Por Danilo Oliveira e Silva - Estudante de

Psicologia – UFG

Na tarde de sábado, 2 de julho, estudantes

universitários se reuniram com companheiros de

Movimentos Sociais na Superintendência roda de

diálogo Regional do Instituto Nacional de Colonização

e Reforma Agrária (INCRA) em Goiás, ocupada desde

a madrugada de domingo para segunda. O Movimento

Popular Terra Livre, o Movimento de Libertação dos

Sem Terra (MLST), a Federação dos Trabalhadores da

Agricultura Familiar (FETRAF), o Movimento

Brasileiro de Trabalhadores Rurais (MBTR) e o

Movimento de Volta do Trabalhador ao Campo

(MVTC) resistem na ocupação para exigir dentre outras

pautas: a rejeição pelo Senado e o veto presidencial do

novo texto do Código Florestal bandeiras dos

movimentos aprovado pela Câmara dos Deputados –

que anistia desmatadores e diminui as áreas de

preservação ambiental; o fim e a punição dos

responsáveis pela violência no campo, expressa pelos

assassinatos recentes de lideranças camponesas e

ativistas ambientalistas no Norte do Brasil; agilidade no

processo de reforma agrária em Goiás; a imediata

substituição do atual superintendente do INCRA em

Goiás por alguém que tenha capacidade teórico-técnica

e disposição política de dialogar com os diversos

Movimentos Sociais.

A atividade de formação construída em unidade entre o

Centro Acadêmico de Psicologia da Faculdade de

Educação da UFG (CAPsi), o Diretório Central dos

Estudantes da UFG (DCE-UFG) e os Movimentos

Sociais envolveu a apresentação dos diferentes

Movimentos e sua constituição histórica, a explicação

das pautas reivindicadas com a ocupação, a

contextualização da conjuntura dos movimentos

populares, em especial os envolvidos com a questão

agrária e a discussão destes temas entre estudantes e

militantes que lutam pela terra. O encontro contou com

a apresentação musical de moda de viola e no final uma

confraternização em forma de partida de futebol

improvisada – sem terras 3, estudantes 1.

Está posto o desafio de integrar as pautas do

Movimento Estudantil e dos Movimentos Sociais pela

solidariedade da classe trabalhadora. A avaliação é de

que um pequeno passo foi dado nesta tarde de sábado.

Fica a gratidão pela disponibilidade e oportunidade

aberta pelos Movimentos e o total apoio às lutas do

povo pela construção de uma sociedade

economicamente justa, socialmente solidária e

politicamente igualitária.

Domingo, 03 de julho de 2011 - 7º dia.

O dia de domingo foi marcado por muitas reuniões das

coordenações e reuniões gerais dos movimentos para

articular a próxima semana, desde a mobilização de

mais companheiros para se somar a luta, como tirar

estratégias para que as autoridades saiam do campo das

promessas e comecem de fato a atender nossas pautas.

A noite vários companheiros começaram a chegar, e

entre segunda e terça a ideia é que o numero de famílias

ocupando o INCRA dobre. Essa semana será de

extrema importância para que as pautas apresentadas

pelos movimentos sejam atendidas, mesmo com uma

liminar de reintegração de posse os movimentos e as

famílias não se intimidarão, e se necessário for

resistiremos à desocupação. Mais não nos calaram e

nem nos intimidaram.

Segunda-feira, 04 de julho de 2011 – 8º dia.

Vitória dos movimentos: Primeiro ponto de pauta é

atendido, presidente nacional do INCRA divulga

nome do novo superintendente do órgão em Goiás.

O oitavo dia da ocupação da superintendência regional

do INCRA em Goiás foi de renovação de força e

energia para as famílias que estão ocupando o órgão,

por um lado a chegada de novos companheiros alegrou

quem já esta a mais de uma semana na luta, por outro

lado o anuncio por parte do presidente nacional do

INCRA o senhor Celso Lacerda de que já foi decidido

o nome do novo superintendente do INCRA Goiás

animou o pessoal.

No entanto as famílias não têm ilusão, sabem da

importância dessa decisão já que esse era o primeiro

ponto da pauta dos movimentos, e o encaminhamento

desses, abriria a possibilidade de negociar os outros.

Mas até o momento não foi oficializado o nome no

diário oficial da união, por tanto pode haver mudanças.

O nome divulgado pelo presidente do INCRA é do

Alagoano Jorge Tadeu, que é servidor do INCRA de

Sergipe desde 1978, ocupando vários cargos de chefia

naquela superintendência e em 2008 passa então a

ocupar o cargo de superintendente regional. Por tanto

um quadro com capacidade técnico – operativo,

político e de dialogo com os movimentos sociais.

Totalmente ao contrario do atual superintendente do

INCRA de Goiás.

Escola de alfabetização e escolarização na

ocupação do INCRA

A educação no e do campo é uma bandeira dos

movimentos sociais que chegaram à conclusão que não

basta apenas se conquistar a terra, e nesse sentido então

esta colocada a importância da educação no e do campo

para que os acampados e assentados na luta pela

reforma agrária tenham condição de ali permanecer e

possa se educar para contribuir com a luta.

Mesmo que nos últimos anos, sobre tudo no governo

Lula várias escolas no campo tenham sido fechadas, o

programa nacional de educação na reforma agrária

(PRONERA), veio se consolidando e de programa de

governo passou a ser lei. No entanto ao mesmo tempo

os recursos destinados para o programa foram

cortados.

Desde 2008 os movimentos discutem com o INCRA a

implantação do curso de escolarização de 1º a 4º via

PRONERA, mais até o momento tem ficado só na

promessa. Enquanto isso centenas de trabalhadores

camponeses estão sem o direito de estudar.

Para protestar contra essa morosidade os movimentos

que estão ocupando o INCRA organizaram uma sala de

aula improvisada na entrada do INCRA de

alfabetização e escolarização. As aulas continuaram

enquanto a ocupação continuar.

Mostra de cinema

A noite foi exibido o filme “Tropa de Elite 2”, pelo

Centro Cultural Eldorado dos Carajás, após a exibição

do filme a companheira Ana Lucia fez um dialogo com

o público sobre as questões abordadas no filme. A

companheira colocou que enquanto os produtores das

drogas ilícitas não forem presos e punidos o trafico não

acabará. Quem tem sido preso e criminalizado tem sido

a juventude negra e pobre das periferias.

Terça-feira, 05 de julho de 2011 - 9º dia.

Começou com uma assembleia geral para discutir o

andamento das negociações, a organização e

continuidade da ação. Logo após um grupo de

companheiros foi participar de uma manifestação dos

servidores federais no Hospital Universitário em

solidariedade a luta dos companheiros que estão em

greve.

A tarde um grupo de companheiros participaram de um

curso sobre os efeitos do alcoolismo ministrado pela

companheira Alzira da CSP – Conlutas de Goiás. A

turma que participou do curso elogiou muito a atividade

ressaltando a importância da mesma. Ao mesmo tempo

as aulas de alfabetização e escolarização aconteciam na

sala improvisada na entrada do órgão.

Por outro lado à coordenação política da ocupação

tirou à tarde para visitar varias organizações de luta dos

trabalhadores pedindo apoio político e material para a

continuidade de nossa ação. Nesse sentido os

companheiros do SINDIAGRI (Sindicato dos

Trabalhadores do Setor Público Agrícola do Estado de

Goiás), fizeram uma importante contribuição. O

SINTEGO, ANDES, SINTSEPE e o SINDSAÚDE,

também prometeram ajudar os movimentos e as

famílias que estão ocupando o INCRA.

Os movimentos também conseguiram articular com a

secretaria de saúde do município de Goiânia um canal

para o atendimento das pessoas que estão acampadas

no INCRA e por ventura venha precisar de

atendimento médico. Nesse sentido a secretaria

disponibilizou o CAIS do jardim Guanabara para

atender as famílias.

A noite teve cinema, foi passado para as famílias o filme

“Batismo de Sangue”.

Quarta-feira, 06 de julho de 2011 - 10º dia.

Após as famílias tomarem o café da manhã, logo foi

convocada uma assembleia geral para preparar a turma

para o ato que aconteceria logo mais. Os informes

foram dados e os encaminhamentos relativos à

organização do ato foram tirados e deliberados. Logo

após um grupo da coordenação política foi participar de

um café da manhã oferecido pela Central Única dos

Trabalhadores em decorrência do dia nacional de luta

dos trabalhadores.

Ato em defesa da reforma agrária, não ao novo

texto do código florestal, e pelo fim da violência no

campo.

O Ato teve inicio por volta das 10h00 da manhã, as

famílias que estão acampadas no órgão pegaram suas

bandeiras, seus gritos de ordem, e suas musicas e

começaram a cantar animando a turma. Logo a

imprensa compareceu no local para cobrir a atividade e

fazer reportagens sobre a ação dos movimentos. Em

seguida começaram a chegar representantes e militantes

das organizações parceiras.

Estiveram presentes no ato os companheiros da CPT

(Comissão Pastoral da Terra) de Goiás e do Fórum

Estadual pela Reforma Agrária e Justiça no Campo que

trouxe um abraço e uma saudação de Dom Tomás

Balduíno que não pode comparecer ao ato devido à

agenda marcada anteriormente. Companheiros da CSP

– Conlutas de Goiás (Central Sindical e Popular), CUT

– GO (Central Única dos Trabalhadores), SINTSEPE –

GO (Sindicato dos Servidores Público), ASSINCRA –

GO (Associação dos Servidores do INCRA), RECID

(Rede de Educação Cidadã), Deputado Estadual Mauro

Rubem (PT), e do Vereador Elias Vaz (PSOL).

Antes que fossem abertas as falas para saudação das

organizações e militantes solidários a luta dos

movimentos que estão ocupando o INCRA, os mesmos

foram recepcionados com uma mística elaborada pelo

coletivo de educação e formação da ocupação com as

crianças que trouxeram as bandeiras dos movimentos e

produtos produzidos pelas famílias assentadas da

reforma agrária.

Logo após as organizações presentes fizeram uso da

palavra para saudar a ação dos movimentos que estão

no INCRA, ressaltando a importância da unidade em

um momento de fragmentação das lutas dos

trabalhadores, e a importância de se colocar a questão

da reforma agrária na ordem do dia, o que não tem

acontecido nos últimos tempos.

Para todos os presentes essa ação marca um novo

momento da luta pela reforma agrária em Goiás,

mostrando que a unidade é possível e que com

resistência e luta as vitorias viram, nesse sentido todas

as organizações presentes deram total apoio e

solidariedade a luta dos movimentos que estão

ocupando a superintendência regional do INCRA em

Goiás.

Uma vitória já foi alcançada, isto é, o anuncio por parte

do presidente nacional do INCRA da troca do atual

superintendente, no entanto essa vitória tem que ser

concretizada, e isso só se dará com o anuncio oficial no

diário da união, o que não aconteceu até o momento,

por enquanto só temos a garantia por parte do

presidente. Mesmo com a troca do superintendente a

luta continua, pois não temos apenas um ponto de

pauta.

O ato foi encerrado com os presentes gritando palavras

de ordem e cantando musicas que falam de nossas lutas

e conquistas.

A Luta continua

Na parte da tarde as coordenações dos movimentos que

estão comandando a ocupação do INCRA fizeram uma

reunião para avaliar os 10 dias da ocupação, e planejar a

continuidade da ação.

Todos avaliaram como positiva a ação até o momento,

como também a necessidade de continuarmos, pois até

agora não temos nada garantido, é necessário nos

organizarmos para mobilizar mais gente, pois a ação

continuará na próxima semana, e mais semanas se nossa

pauta não for atendida, já chegamos até onde chegamos

por tanto agora não podemos voltar atrás.

Foi com esse entusiasmo que as coordenações saíram

da reunião, com a convicção que a luta não vai ser fácil,

mais todos estão convictos de que não nos venceram

pelo cansaço.

Amanhã tem!

Ás 08h00 da manhã assembleia geral.

Ás 09h30 Curso de Formação Política sobre A

Globalização.

Ás 14h00 Aula de Alfabetização e Escolarização para

jovens e adultos.

Ás 20h00 Roda de diálogo sobre a participação da

juventude no movimento popular

Diário da Ocupação do INCRA – Goiás: A luta

continua.

Quinta-feira, 07 de julho de 2011, 11º dia.

As famílias continuam esperando a nomeação do novo

superintendente do órgão, assim como a audiência com

o presidente nacional do INCRA e com o novo

superintendente para encaminhar as outras pautas.

Mesmo com o cansaço as famílias continuaram a

resistência. Alguns companheiros sobre tudo os que já

estão assentados tem que retornar para casa, mais

outros companheiros chegam para fortalecer a luta,

assim vamos continuando a nossa batalha cotidiana.

Pela manhã sempre uma assembleia geral para discutir

questões organizativas internas como também da

informes das negociações. Acertar questões pendentes e

avançar na luta. A companheira Márcia Jorge do

SINTSEPE-GO ministrou um curso sobre o processo

da globalização, para tanto utilizou o filme

“Globalização ou o Mundo visto do lado de cá” de

Silvio Tendler.

As pessoas que participaram do curso elogiarão

bastante a atividade destacando a importância da

mesma, os companheiros que participaram do curso

eram da coordenação, e assumiram o compromisso de

reproduzir o curso com os companheiros da base.

Sexta-feira, 08 de julho de 2011 - 12º dia.

Após o café a turma parte para a assembleia geral, a

avaliação continua a mesma, a necessidade de

resistirmos o período que for necessário, mais não

sairemos enquanto não tivermos nossas pautas

atendidas, é então que entoamos um canto de luta:

“Quem tá cansado da licença do caminho, quem

acredita dê as mãos e vamo embora”. E assim vamos

resistindo. Superando o frio, a gripe, a dor nas costas

entre outros probleminhas.

Na parte da tarde os companheiros Ângela e Sergio da

Rede de Educação Cidadã, comparece para ministrar

um curso sobre educação popular, o curso também foi

bastante elogiado por quem participou sobre tudo a

metodologia utilizada pelos companheiros. A educação

popular libertadora na perspectiva freiriana é uma

bandeira dos movimentos do campo na luta pela

reforma agrária.

A noite foi exibido o filme “Cadê profiro” do cineasta

Hélio Brito que conta a história do líder camponês José

Porfírio desaparecido político durante a ditadura militar

no Brasil. Antes do filme foi feito uma introdução para

contextualizar o pessoal que iria assistir ao filme sobre a

história desse importante mártir da luta pela reforma

agrária em Goiás e no Brasil.

Sábado, 09 de julho de 2011 - 13º dia.

O dia começa com a assembleia geral para repassar os

encaminhamentos anteriores, planejar os próximos

passos, avaliar o que tem sido feito até então, como

também renovar as energias para continuação da luta. À

tarde as famílias acampadas tiraram o tempo para se

organizar e reorganizar suas coisas, também foi

realizado um campeonato de truco, e a turma jogou

bola no final da tarde.

A noite teve exibição de documentários sobre a visita

dos sem tetos ao shopping Center e outro sobre os

surdos que voltaram a ouvir, a companheira Ana Lucia

do Centro Cultural Eldorado dos Carajás após a

exibição dos filmes fez uma discussão com a turma

sobre os mesmos. A noite foi encerrada com muita

animação da turma dançando forró.

Domingo, 10 de julho de 2011 - 14º dia.

Famílias acampadas no INCRA discutem em

seminário propostas para o funcionamento do

órgão em Goiás.

Após uma breve assembleia geral as famílias que no

domingo receberam a visita e apoio do advogado

agrarista Amarildo Cardoso, almoçaram e em seguida

partiram para um seminário que discutiu propostas de

funcionamento do órgão em Goiás.

O seminário mostrou aos participantes a legitimidade

da pauta de reivindicações dos movimentos, sobre tudo

a conclusão de que o atual superintendente Rogério

Arantes não tem legitimidade e nem capacidade de

continuar a frente do INCRA. Também foi apontada a

necessidade de mudar muita coisa no funcionamento

do órgão, por conseguinte pessoas que estão à frente de

alguns setores importantes que não tem conseguido dar

respostas às necessidades apresentadas pelos

movimentos.

Há também uma serie de denuncias de corrupção que

inclusive já estão sendo investigados pelo Ministério

Público, os movimentos apontaram à necessidade de

uma lavagem no INCRA, e a necessidade de uma

moralização da administração do órgão. O seminário

durou a tarde toda e as famílias avaliaram como muito

positivo o mesmo, ao final foi aprovado pelos

participantes um conjunto de propostas para o

funcionamento da SR – 04 será encaminhado depois

um documento final desse seminário com as proposta

discutidas e aprovadas. Foi encerrado o campeonato de

truco e durante a noite a turma dançou mais forró para

relaxar e se preparar para próxima semana.

Segunda-feira, 11 de julho de 2011 - 15º dia.

Coordenação da ocupação vai ao INCRA nacional

em Brasília tentar conversar com o presidente

nacional do órgão.

Um grupo de 16 companheiros das coordenações dos

movimentos que estão ocupando o INCRA em Goiás,

partiu ás 05h00 da manhã para capital federal na

tentativa de conversar com o presidente nacional do

INCRA. No entanto ao chegarem descobriram que

durante essa semana Celso Lacerda está em viajem

oficial para o exterior, mais a assessoria do presidente

recebeu a coordenação da ocupação após ouvir nossas

reivindicações e pauta marcou para a próxima segunda-

feira uma reunião com o presidente nacional do

INCRA em com o nome indicado para assumir a

superintendência em Goiás Jorge Tadeu.

Sabemos que tem sido feito varias articulações políticas

no sentido de impedir que o superintendente indicado

pelo presidente do INCRA nacional seja nomeado para

a superintendência em Goiás. O processo para sua

nomeação esta na casa civil, e por enquanto está

confirmado o nome do Jorge Tadeu.

As famílias que estão no INCRA têm total convicção

de que a vitória final exigirá de nós mais duas semanas

de sacrifício, e todos estão dispostos a fazê-lo. A luta é

feita de dedicação e sacrifício, assim sobre sangue,

suor e lagrima vamos continuando, sabendo que a

persistência, a insistência e resistência nos levarão

a vitória final.

“Quem tá cansado dê licença do caminho, quem

acredita dê as mãos e vamo embora… Não adianta

inventar novos caminhos por que já mais

conseguiram nos convencer, capitalismo nunca foi

de quem trabalha, nossos direitos só a luta faz

valer”. (José Pinto)

Terça-feira, 12 de julho de 2011 – 16º dia.

Ocupação do INCRA-GO: Organização, formação

e luta de classes.

A formação é necessária para que a cada dia nossos

companheiros e companheiras entendam que a nossa

luta é muito maior, não é simplesmente para conquistar

um pedaço de terra, o que dará minimamente condição

para que essas famílias sobrevivam com mais dignidade.

Nossa luta tem como objetivo a transformação radical

dessa sociedade, queremos superar o capitalismo, e a

reforma agrária apesar de ser uma política desenvolvida

em países capitalistas altamente desenvolvidos, no

Brasil ela tem um caráter revolucionário.

Queremos uma reforma agrária de fato e não apenas

concessão de lotes, essa reforma agrária consiste em

acabar com os latifúndios e o agronegócio. Por tanto

essa semana a ocupação do INCRA em Goiás tem sido

marcada pela realização de vários cursos que tem como

objetivo mostrar as famílias que estão nessa ação como

funciona essa sociedade, a necessidade de nos

articularmos e nos organizarmos para superar a mesma.

Nesta terça o dia começa com mais uma assembleia

geral - Informes, avaliação e organização para

continuidade da ação, mais apoios a nossa luta como

moções da CSP – Conlutas de Goiás, da Comissão

Pastoral da Terra de Goiás, e do Sindicato dos

Servidores do Judiciário de São Paulo.

Após a assembleia geral a coordenação geral sai para

articular junto às organizações parceiras contribuição

para continuação de nossa luta. A coordenação

responsável por articular os cursos de formação e

cultura se reuniu para organizar uma agenda de

atividades. Em resumo foi um dia de articulação e

organização interna da ocupação.

Quarta-feira, 13 de julho de 2011 - 17º dia.

Curso sobre projetos alternativos de geração de

energias não poluentes

Foi apresentado para as famílias projetos de geração de

energias alternativas que tem sido desenvolvido em

vários assentamentos e comunidades do nordeste, sobre

tudo o projeto do Biogás, uma tecnologia de fácil

domínio, que a partir do esterco do gado é possível a

geração de gás de cozinha.

Nesse sentido foi apresentado para as famílias que estão

na ocupação, sendo que boa parte delas são pré-

assentadas ou assentadas à importância de dominar

essas tecnologias alternativas não só pela questão

econômica mais sobre tudo pela questão da preservação

do meio ambiente, já que são fontes de energias

renováveis e que não poluem o meio ambiente.

O projeto inicialmente apresentado foi o do Biogás,

mais também há outros que serão trabalhados

posteriormente como o das fossas biodigestoras e o da

energia solar. As famílias pretendem reivindicar que

sejam montados kits com materiais para construir esses

projetos alternativos juntamente com os recursos de

construção das casas nos assentamentos.

Quinta-feira, 14 de julho de 2011- 18º dia.

Um dia bastante movimentado

A quinta-feira foi um dia bastante movimentado, logo

sedo uma equipe foi com destino a praça universitária

onde está acontecendo o Congresso Nacional da União

dos Estudantes, onde os movimentos que estão

ocupando o INCRA montaram uma estrutura para

arrecadar fundos para o financiamento da nossa ação.

Quem ficou na ocupação foi convocado para a

assembleia geral onde foram passados os informes das

negociações nacional, da organização interna da

ocupação, dos limites e desafios como também planejar

e dividir as várias tarefas que teríamos durante o dia.

Logo após a assembleia geral um grupo foi participar

do curso “Como funciona a sociedade” com a

professora Márcia Jorge do SINTSEPE-GO. O curso

iniciou – se na quinta-feira e terminará na sexta-feira.

De uma forma bem didática e dinâmica, incentivando a

participação integral do grupo presente a professora

Márcia Jorge conseguiu passar a questão da

desigualdade social, de onde surge, entre outras

questões.

Paralelo a isso a coordenação articulou com a economia

solidaria um curso sobre o tema na sexta-feira, nesse

sentido o pessoal da economia solidaria convidou um

grupo de companheiros que estão acampados no

INCRA a participação dos mesmos em uma atividade

da economia solidaria no encontro da Sociedade

Brasileira para o progresso da ciência que está

acontecendo no Campus II da UFG.

Reunião da coordenação com os servidores do

INCRA

Um grupo de servidores da superintendência regional

do INCRA em Goiás solicitou uma reunião com a

coordenação da ocupação para discutir questões

relativas à ação e no que os servidores poderiam ajudar.

Os servidores declararam apoiar a ação dos

movimentos e se colocaram a disposição para colaborar

e ajudar no que for necessário, sobre tudo se houver

necessidade de conversar com a polícia e o juiz sobre a

questão da reintegração de posse.

Foi colocado que essa tem sido a maior ocupação na

história da superintendência do INCRA em Goiás, a

mesma nunca teve ocupada por tanto tempo, e a

disposição dos movimentos ao contrario do que muitos

pensavam, e que era habitual de se ocupar o INCRA e

ficar no máximo uma semana, é de ficar o tempo que

for necessário.

Barraca da ocupação no congresso nacional da

união nacional dos estudantes

Os movimentos que estão ocupando o INCRA

decidiram montar uma barraca na praça universitária

onde está acontecendo o encontro nacional da união

dos estudantes para levantar finanças para

continuarmos na luta.

Será comercializado na barraca feijão tropeiro e

espetinhos, por tanto é importante que todos os

companheiros e companheiras que passem por lá

possam contribuir com a luta comprando nossos

produtos.

Diário da Ocupação do INCRA – Goiás: “Nas

praças, nas ruas, quem disse que sumiu, a que está

presente que quer mudar o Brasil”.

Sexta-feira, 15 de julho de 2011 - 19º dia.

Após as famílias acordarem e tomarem o café da manhã

a voz do companheiro Galego ecoa através do

megafone convocando mais uma assembleia geral.

Informes sobre o andamento das negociações são

dadas, por enquanto nada mudou, nem de lá e nem de

cá, enquanto de lá o nome do novo superintendente

não é nomeado oficialmente, daqui o animo de

permanecer enquanto for necessário continua

inabalado. Por enquanto só nos resta esperar a

audiência de segunda-feira com o presidente nacional

do INCRA em Brasília, o que definirá os nossos

próximos passos.

Também são dadas informes sobre nossa organização

interna, as articulações com as organizações parceiras,

apoios, moções de solidariedade entre outras questões.

Também acertamos e organizarmos as atividades de

formação.

Nesse sentido após a assembleia geral a companheira

Márcia Jorge do SINTSEPE-GO dá continuidade ao

curso sobre “Como funciona a sociedade”.

Os companheiros Deusdete e Joana da economia

solidária dão curso sobre o assunto, os companheiros

apresentaram o importante trabalho que a ECOSOL

tem feito no estado de Goiás, articulando os

camponeses e agricultores familiares no sentido de

organizar e comercializar seus produtos com outra

ótica.

Dom Tomás Balduino da Comissão Pastoral da

Terra visita as famílias que estão ocupando o

INCRA e declara solidariedade e apoio a luta dos

camponeses sem terra e dos agricultores

familiares.

Na sexta-feira as famílias que estão a quase três semanas

ocupando a superintendência regional do INCRA em

Goiás, receberam uma importante visita de

solidariedade e apoio que com certeza fortaleceu não só

a nossa luta externa mais sobre tudo o nosso animo

interno para que continuemos sem vacilar rumo ao

nosso objetivo final.

Dom Tomás Balduino figura histórica da luta pela

reforma agrária de renome internacional, fundador da

Comissão Pastoral da Terra (CPT), e defensor

intransigente dos povos oprimidos do campo e da

cidade, como também uma voz de resistência e rebeldia

em um período de conformismo e descenso da luta dos

trabalhadores, é com certeza um estimulo para que

continuemos firmes na nossa luta.

Dom Tomás parabenizou as famílias pela ação sobre

tudo pelo exemplo da unidade, que os movimentos e as

famílias estão fazendo uma ação legitima e que os

mesmos devem continuar para que tenhamos vitórias

concretas. Ressaltou a ilusão dos movimentos diante da

eleição de Lula de que pela origem do mesmo se faria

uma reforma agrária no Brasil, mais essa só acontecerá

com a luta dos movimentos, não devemos esperar que

ela seja feita de cima para baixo, pois assim não se fará a

reforma agrária.

Barraca da ocupação no CONUNE faz sucesso

entre os estudantes

Estudantes de todo o Brasil que estão participando do

congresso da Une tem colaborado com a ocupação do

INCRA de Goiás através da compra dos produtos dos

movimentos que estão sendo comercializados na

barraca da ocupação instalada na praça universitária.

Todos os dias mais estudantes tem se solidarizado e

divulgado a barraca da ocupação, o dinheiro que esta

sendo arrecadado será revertido totalmente para

continuação de nossa ação, desde compra de alimentos

como também para o deslocamento e mobilização de

mais companheiros para a luta.

Sábado, 16 de julho de 2011 - 20º dia.

Ato contra a reforma do código florestal no

CONUNE

Um grupo das famílias que estão ocupando o INCRA

pegou suas bandeiras, seus gritos de guerra, seus cantos

de luta e partiram rumo ao Goiânia arena, onde iria

acontecer um ato contra a reforma do código florestal

organizado pelo setor de oposição da UNE.

Estudantes de todas as partes do Brasil, de varias

correntes e linhas partidárias de esquerda, MST e via

campesina, marcha mundial das mulheres e os cincos

movimentos que estão ocupando o INCRA em Goiás:

Terra Livre, MLST, MBTR, MVTC e a FETRAF

fizeram um bonito ato que contou com a participação

de cerca de mil participantes,

Gritando palavras de ordem como “Os estudantes não

vão deixar o novo código passar” ou “Os camponeses

não vão deixar o novo código passar”. “Quem não pula

é ruralista”. “Oh Kátia Abreu preste atenção eucalipto

não é floresta não” entre outros.

Os movimentos presentes que fizeram o uso da palavra

discursaram no sentido de denunciar os problemas que

geraram se o novo texto do código florestal já aprovado

na câmara dos deputados for aprovado no senado e

pela presidente Dilma, como o assassinato de lideranças

camponesas e ambientalistas no norte e que até o

momento ninguém foi preso, os movimentos foram

unanimes em dizer que essas mortes estão ligadas a

aprovação do novo texto na câmara. Como também

pela necessidade de proteção e preservação do meio

ambiente algo que não é prioridade para o novo texto

do código florestal.

Os estudantes também denunciaram a posição, ou

melhor, a omissão por parte da direção majoritária da

Une que simplesmente tem ignorado o assunto, nesse

sentido todos discursaram sobre a necessidade de

retomar a Une e fazer dessa instituição outrora

aguerrida novamente um instrumento de luta em defesa

dos direitos da classe trabalhadora.

Os movimentos do campo presentes parabenizaram os

estudantes pela realização do ato ressaltando que essa

luta tem que ser de todos e ressaltaram que com

unidade venceremos essa batalha.

Oposição de esquerda da Une visita à ocupação da

superintendência regional do INCRA em Goiás.

Na parte da tarde um grupo de estudantes que fazem

parte da oposição de esquerda dentro da Une foram

fazer uma visita à ocupação da superintendência do

INCRA, os mesmos puderam conhecer um pouco de

como as famílias estão vivendo e aproveitaram para

almoçar.

Logo após participaram de uma roda de dialogo com as

famílias sobre a conjuntura da luta pela terra em Goiás

e no Brasil, a pauta de reivindicações da ocupação, além

da organização e funcionamento da ocupação.

Os estudantes agradeceram a oportunidade em estarem

sendo recebidos e em conhecer a ocupação assim como

do conhecimento adquirido, ressaltando a importância

do exemplo de unidade dessa ação, colocando a

dificuldade que é conseguir a unidade hoje mesmo entre

o setor de esquerda da Une, e que os movimentos estão

provando que a unidade se dá na ação concreta, e que

esses exemplos de luta levarão para as organizações e

universidades onde atuam.

Já as lideranças dos movimentos agradeceram a

presença dos estudantes que tiraram um tempo na

programação do congresso da Une e foram ver a

realidade da ocupação, como também a importância da

luta deles dentro da Une tentando resgatar o perfil de

luta de outras épocas.

Sendo um grupo de estudantes de outros estados como

SP, RJ, CE além dos de Goiás, os movimentos pediram

que os mesmos divulgassem nos seus estados a luta que

estamos travando em Goiás, e que essa luta possa servir

de exemplo para seus respectivos estados.

Roda de sambanejo e culto evangélico na

ocupação

Enquanto um grupo foi dirigir a barraca da ocupação

no congresso da Une na praça universitária que a cada

dia esta bombando mais, quem ficou na ocupação não

ficou parado. Comandados pela bateria cultural

improvisada do movimento Terra Livre a turma

começou a improvisar canções sertanejas em ritmo de

samba (por isso sambanejo), as canções que falam da

vida no interior, dos amores perdidos fez com que a

turma sentisse um pouco a saudade de casa como

também do companheiro ou companheira que ficou

para trás, no entanto todos entendem que o

sacrifício é necessário, e as canções que os fazem

lembrar de casa de certa forma os ajudam a

suportar a saudade.

A turma evangélico-protestante estava em outro canto

realizando um culto evangélico para agradecer a Deus

pela energia e pedindo ajuda para que nossas pautas

sejam atendidas com urgência. Assim todas as

manifestações dessa diversidade que é o nosso povo

vão se revelando e se apresentando sem ninguém se

sentir discriminado.

Domingo, 17 de julho de 2011 - 21º dia.

Logo sedo mais uma equipe parte para dirigir a barraca

da ocupação no ultimo dia do congresso da Une, para

os companheiros o dia será longo e intenso, mais

também muito prazeroso, pois terão a oportunidade de

levantar muitos fundos para continuidade da nossa

ação.

Já na ocupação o dia é de descanso, sem assembleia

geral, sem reuniões dos movimentos ou das

coordenações. As famílias aproveitam então para

acordar um pouco mais tarde do que o habitual e

arrumar suas coisas como lavar as roupas sujas, já se

preparando para mais uma semana.

Outros sentam a redor da mesa de truco e vão

passando as horas jogando o jogo que ninguém nunca

ganha, a fila para lavar as roupas vai aumentando, sai o

almoço e o lanche continua a mesa de truco e a lavagem

de roupa.

É hora do jogo do Brasil e sempre há uma turma

iludida que vai para frente da TV passar raiva. A noite

cai é hora do jantar e novos companheiros chegam para

fortalecer a luta.

A noite tem reunião da coordenação geral para

organizar a ida a Brasília, quem irá, a hora que sairemos.

Nossas táticas e estratégias. Chega então a hora de cair

na cama, cama não, no chão, em cima das

caminhonetes, em barracas improvisadas e assim

renovamos as nossas energias para mais uma semana de

luta.

Segunda – feira, 18 de julho de 2011 - 22º dia.

Coordenação geral da ocupação vai a Brasília

conversar com o presidente nacional do INCRA e

com o futuro superintendente do órgão em Goiás.

Ás 05h00 da manhã saímos de comboio rumo a Brasília

com o objetivo de voltar de lá com o mínimo de

garantia de que nossas pautas serão atendidas. - Com a

convicção de que se necessário permaneceríamos ali o

tempo que fosse necessário, como também já

estávamos articulando e preparando o nosso pessoal

que ficou na ocupação a possibilidade de deslocar três

ônibus para ocuparmos o INCRA nacional com o

objetivo de agilizar o processo.

Ás 10h00 da manhã como combinado fomos recebidos

pelo presidente nacional do INCRA o senhor Celso

Lacerda e pelo procurador geral do INCRA o senhor

Junior Fidelis.

Após uma breve apresentação dos presentes o

companheiro Aderson da Comissão Pastoral da Terra e

do Fórum Estadual pela Reforma Agrária e Justiça no

Campo que ficou com a responsabilidade de coordenar

a reunião fez uma breve introdução sobre o papel do

fórum de reforma agrária e sua atuação em Goiás,

como também colocando a importância da ação dos

movimentos que estão ocupando o INCRA e a

legitimidade de suas pautas.

Logo após a coordenação de cada movimento fez uma

fala sobre a questão agrária em Goiás e o papel que o

INCRA tem tido nesse processo no ultimo período,

como também falou – se das pautas de reivindicações

da ocupação, em seguida foi à vez do presidente do

INCRA falar de como estava às negociações.

Celso Lacerda colocou que o nome para assumir a

superintendência em Goiás é mesmo do Alagoano

Jorge Tadeu, e que isso já esta acertado politicamente

na casa civil e com o ministério de relações

institucionais, como também na secretaria geral da

presidência, e que o nome só não foi oficializado

devido a questões burocráticas.

Colocou também que na ultima semana houve uma

pressão muito grande para que o nome apresentado não

fosse oficializado, sobre tudo por pressão da bancada

federal de Goiás representada na pessoa do deputado

Jovair Arantes, no entanto o presidente conseguiu

articular junto aos ministros que diante do quadro

colocado e dos nomes propostos de Goiás o melhor era

trazer um nome de fora.

O presidente colocou que a nossa vinda com certeza

iria ajudar para que o processo acelerasse e que desde

nossa chegada ao INCRA nacional ele estava em

contato com a ministra da casa civil, a ministra de

relações institucionais e o ministro da secretaria geral da

necessidade de concretizar o processo da nomeação do

novo superintendente do órgão em Goiás, pois a

disposição dos movimentos que estavam ali era

permanecer o tempo que fosse necessário como

também em articular a vinda de mais companheiros.

Por fim o presidente pediu licença para fazer mais

articulações nesse sentido e ficou combinado que na

parte da tarde voltaríamos a nos reunirmos para ver o

que se tinha avançado e avaliar o que era necessário

fazer, e também na parte da tarde estaria presente o

novo superintendente Jorge Tadeu.

Articulamos nosso almoço dentro do INCRA mesmo e

ficamos aguardando a evolução das negociações,

também fazendo as nossas.

Já por volta das 15h retomamos a reunião com o

presidente do INCRA, o procurador geral e o Jorge

Tadeu futuro superintendente da superintendência de

Goiás.

O presidente mais uma vez nos garantiu que a

nomeação estava garantida politicamente e que o

problema era apenas de ordem burocrática, pois como

havia tido mudança de ministro e pessoal na casa civil,

o novo pessoal estava tomando pé das questões.

Nesse meio tempo chegou até a nossa coordenação por

parte de servidores do INCRA uma ameaça de despejo

das famílias que estavam na superintendência em Goiás

na terça-feira. - Foi nos passado que o Rogério Arantes

tinha negociado para que a liminar de despejo fosse

cumprida, e para tanto o mesmo tinha articulado com o

governo de Goiás um operativo com 250 policiais para

despejar as famílias.

O presidente e o procurador do órgão imediatamente

entraram em contato com o ouvidor do INCRA em

Goiás e com a secretaria de segurança pública para

verificar a informação, e descobriu-se depois que era

tentativa de intimidação por parte do Rogério Arantes,

então superintendente do INCRA-GO, que já estava a

alguns dias tentando que fosse executada uma liminar

de despejo, no entanto o INCRA nacional estava

conseguindo barrar.

A reunião continuou com o Jorge Tadeu falando um

pouco da sua trajetória e do seu trabalho desenvolvido

tanto como servidor, depois como chefe de divisão e

por ultimo como superintendente do INCRA em

Sergipe. Dos avanços que pode se obter mesmo com as

dificuldades e do seu compromisso ideológico com a

reforma agrária.

Foram feitos vários questionamentos pelos

movimentos ao Jorge Tadeu sobre funcionamento do

INCRA como também adiantamento da alguns pontos

de pauta e sobre a realidade do INCRA em Goiás, o

mesmo respondeu prontamente, deixando uma boa

impressão nos presentes.

Por fim fomos para os encaminhamentos finais. - O

presidente Celso Lacerda nos colocou que devido ao

correr da hora a liberação por parte da casa civil

provavelmente só se daria na terça-feira, e assim a

nomeação oficial se daria na quarta-feira.

Ficou encaminhado então que ao sair à nomeação

oficial do Jorge Tadeu, o mesmo juntamente com o

presidente do INCRA iriam a Goiás para uma reunião

com os servidores e o fórum de reforma agrária, essa

reunião acontecerá talvez ainda nesta semana. Assim o

presidente solicitou que assim que saísse a nomeação

que desocupemos o órgão.

Colocamos para ele que desocuparíamos mais que

gostaríamos de entregar a chave na mão do novo

superintendente e se possível dele, como também após

10 a 15 dias de trabalho uma audiência com o novo

superintendente para negociarmos nossas pautas

especificas.

Após alguns minutos de discussão e certa resistência

encaminhou se então que ao sair à nomeação do Jorge

Tadeu na quarta-feira, na quinta-feira ele irá para

Goiânia juntamente com alguém do INCRA nacional

para receber a chave das mãos dos movimentos que

estão ocupando o INCRA.

Por fim tudo fechado politicamente à coordenação

resolveu retornar para Goiânia, contente pelos

resultados obtidos mais com a convicção de que a luta

não havia acabado e a ocupação continuaria, só

sairíamos do INCRA quando entregássemos a chave na

mão de alguém do INCRA nacional e do novo

superintendente.

Diário da ocupação do INCRA – Goiás: Momentos

finais de uma batalha inesquecível

Terça-feira, 19 de julho de 2011 - 23º dia.

O dia foi de muito animo para as famílias sobre tudo

após os informes por parte da coordenação dos

resultados da reunião acontecida no dia anterior com o

presidente nacional do INCRA. Todos estavam

contentes por saber que estávamos prestes a conquistar

o que tanto lutamos, como também por saber que logo

estaríamos voltando para casa.

No entanto foi ressaltada a necessidade de nos

mantermos firmes na nossa organização e na

continuidade da ocupação até o ultimo momento que

de fato a nomeação oficial pudesse se confirmar no

papel. Mais a noticia se espalhou e mais companheiros

começaram a chegar para o “gran finale”.

Na parte da tarde a turma do circo laheto compareceu a

ocupação para fazer uma apresentação para as famílias

acampadas no INCRA, foram momentos de muitas

risadas e diversão para as famílias sobre tudo para as

crianças.

Quarta-feira, 20 de julho de 2011 - 24º dia.

A frustração

Logo pela manhã a noticia de que a nomeação não saiu

no diário oficial como articulado na reunião em Brasília

frustrou a expectativa de todos. Um golpe que nem o

mais descrente dos que estavam ali pudesse imaginar.

Logo foi articulado o contato em Brasília para saber o

que estava acontecendo, a resposta não foi animadora, a

bancada federal de apoio ao governo em Goiás

conseguira articular para que a portaria que nomeava o

novo superintendente fosse barrada.

Foi um dia para pensar e planejar o próximo passo que

daríamos, pois estávamos em um momento decisivo e

não podíamos abrir mão da nossa luta. Nos olhos de

todos se via a frustração e um grande ponto de

interrogação sobre o que aconteceria.

Á noite a coordenação geral se reuniu para decidir o

que fazer e como fazer, já que o que tinha sido

cominado não tinha sido cumprido, não dava para ficar

chorando sobre o leite derramado. Uma coisa era fato,

já tínhamos ido até ali não dava para voltar para trás,

não podíamos transformar uma possibilidade de vitória

em derrota, dizia o camarada Zelito.

Foi então que se decidiu, vamos para Brasília ocupar

novamente a sala da presidência do INCRA e de lá só

sairemos com o decreto em mãos, se necessário fosse se

acorrentar no INCRA nacional, faríamos. Foi então que

cada coordenação partiu para articular com o seu grupo

as pessoas que iriam e como iriam.

Quinta-feira, 21 de julho de 2011 - 25º dia.

Para Brasília mais uma vez: Ou vai ou racha!

Logo na madrugada a coordenação partiu para Brasília

com o objetivo de voltar de lá só com a nomeação do

novo superintendente nas mãos, seja ele quem fosse.

Na ocupação logo foi convocada uma assembleia geral,

era necessário preparar a turma para continuar a

resistência, não podíamos voltar atrás, mais ao contrario

do dia anterior havia vontade de resistir no rosto das

pessoas. A assembleia geral tornou-se mais um ato

político com as pessoas da coordenação colocando a

importância de continuarmos, já tínhamos informes

sobre como as coisas estavam em Brasília, às coisas

estavam caminhando bem, mais não era hora de

fazermos muito alarde, agora era preto no branco como

dizem.

Enquanto em Brasília à coordenação estava articulando

reunião com Gilberto Carvalho da Secretaria Geral da

presidência e na casa civil juntamente com assessores

do presidente nacional do INCRA, na ocupação era

hora de reorganizar a casa.

Todos achavam que retornaríamos para nossa casa

naquele dia e acabamos por descuidar da organização

interna, o que era normal, mais agora era necessário

retomar a organização sobre tudo pela possibilidade da

questão não se resolver com a urgência que queríamos.

Por tanto chamamos uma reunião da coordenação que

permaneceu na ocupação para articular a organização

interna da ocupação.

Na parte da tarde a coordenação chamou uma reunião

com a equipe de segurança que tinha sido apontada

com muitos gargalos que fazia se necessária serem

corrigidos, as coisas foram discutidas e encaminhadas,

agora era por em prática.

A turma estava apreensiva sobre o que estava

acontecendo em Brasília, as noticias eram que tudo

estava caminhando mais ninguém fazia muito alarde,

enquanto isso um grupo preparava um bolo para uma

companheirinha que fazia aniversario naquele dia, outro

grupo estava organizando um cineminha improvisado.

À noite por volta das 09h00 veio à confirmação de que

o nome do Jorge Tadeu tinha sido encaminhado, neste

momento estava passando o filme “Che o argentino”, a

noticia se espalhou rapidamente como rastro de

pólvora, gritos de comemoração foram ouvidos, mais a

coordenação com os pés no chão pediu para que todos

se acalmassem, mas era impossível esconder a alegria.

Os companheiros da coordenação em Brasília como

definido não voltariam sem a nomeação oficial na mão,

por tanto decidiram dormir dentro do INCRA nacional.

Sexta – feira, 22 de julho de 2011 – 26º dia.

O dia da vitória

Ás 06h00 da manhã estava publicado no diário oficial a

exoneração de Rogério Arantes e mais três chefes de

divisão como também a nomeação de Jorge Tadeu

como novo superintendente do INCRA de Goiás.

Á noticia logo chegou à ocupação, a felicidade tomou

conta de todos, logo mais estava confirmada a vinda do

novo superintendente para receber a chave da mão dos

movimentos, tínhamos então que reorganizar o INCRA

para entregá-lo bem organizado como também

organizar as coisas para voltarmos para casa.

Uma equipe de servidores do INCRA compareceu ao

local para fazer uma vistoria, os mesmos conferiram e

parabenizaram a turma pela organização, pois nada

tinha sido extraviado ou quebrado. A turma feliz com

suas bandeiras, gritos de guerra se preparava para o ato

de entrega da chave ao novo superintendente como

também pela desocupação. Tudo organizado com todos

já tendo almoçado agora era esperar o grande

momento.

ATO NA PORTA DO INCRA-GO EM DEFESA

DA REFORMA AGRÁRIA

CONVITE URGENTE

Após 25 dias de sangue, suor e sacrifício na luta

ocupando a superintendência regional do INCRA em

Goiás, chega ao fim essa importante batalha com a

nomeação oficial do novo superintendente do órgão o

senhor Jorge Tadeu. Por tanto com o atendimento do

nosso principal ponto de pauta resolvemos desocupar o

INCRA, no entanto ressaltamos que a guerra continua,

pois há outros pontos de pauta que precisamos discutir

e encaminhar, mais que faremos posteriormente já com

o novo superintendente.

A desocupação do INCRA se dará através de um

importante ato em defesa da reforma agrária e do

INCRA que culminará com a entrega da chave ao novo

superintendente o senhor Jorge Tadeu e a um

representante do INCRA nacional que estarão em

Goiânia nesta sexta-feira ás 14h, pretendemos com isso

marcar um novo período na luta pela reforma agrária

em Goiás.

Por tanto convidamos a todas as organizações parceiras

e aos seus militantes que foram solidários de alguma

forma e que com certeza colaboraram para que nossa

ação tivesse êxito, a estarem presentes neste importante

ato.

DIA: SEXTA – FEIRA, 22 DE JULHO DE 2011

(HOJE).

HORÁRIO: 14H

LOCAL: INCRA – GO (EM FRENTE AO

CLUBE FERREIRA PACHECO).

“Ou o povo com o seu poder popular impõe uma reforma agrária ao

governo ou o governo não fará uma reforma agrária”. (Plínio de

Arruda Sampaio)

Contamos com a presença de todas e todos!

NOTA A IMPRENSA

Ocupação do INCRA será encerrada após vitória

dos movimentos

Goiânia, 22 de julho de 2011.

Após 25 dias desocuparemos a superintendência

regional do INCRA – GO, mais antes faremos um ato

em defesa do INCRA e da Reforma Agrária, hoje no

dia 22 de julho ás 14h00 na porta do INCRA de Goiás

onde passaremos as chaves da superintendência ao

novo superintendente o senhor Jorge Tadeu e a um

representante do INCRA nacional que estará presente

no ato.

A superintendência do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Goiás

está sendo ocupada desde o dia 27 de junho de 2011

pelos movimentos: Terra Livre, Movimento de

Libertação dos Sem Terras (MLST), Movimento de

Volta dos Trabalhadores ao Campo (MVTC),

Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Rurais

(MBTR) e pela Federação dos Trabalhadores na

Agricultura Familiar (FETRAF-GO). E esta ação chega

ao fim após a confirmação do presidente nacional do

INCRA senhor Celso Lacerda da nomeação oficial do

novo superintendente do órgão em Goiás o senhor

Jorge Tadeu.

A pauta principal dos movimentos que estavam

ocupando o INCRA em Goiás era a exoneração do

superintendente até então o senhor Rogério Arantes e a

nomeação de um novo superintendente, sendo que

após a nomeação discutiríamos os outros pontos de

pauta. A burocracia do governo e a interferência por

parte de grupos políticos que não tem compromisso

com a reforma agrária em Goiás buscaram de todas as

formas desmobilizarem os movimentos fazendo com

que desistíssemos pelo cansaço. Mais a resistência, a

persistência e a insistência de todos e todas que

construíram essa ação fizeram com que ela se tornasse

vitoriosa.

Com a nomeação do senhor Jorge Tadeu como novo

superintendente do INCRA – GO conseguimos uma

importante vitória que com certeza colaborara para um

novo período na luta agrária em Goiás e no

funcionamento do órgão, pois o novo superintendente

é um servidor de carreira do INCRA de Sergipe sendo

superintendente do órgão no ultimo período, e tendo

demonstrado capacidade técnico-operativo e

compromisso político e ideológico com a reforma

agrária.

Por tanto ao conseguirmos essa importante vitória

decidimos por desocupar o INCRA – GO, no entanto

nossa luta continuará, pois a vários outros pontos de

pauta que precisamos discutir com o novo

superintendente e os novos gestores do INCRA em

Goiás, para que o processo de reforma agrária possa

avançar minimamente.

Com isso voltamos para os nossos acampamentos e

assentamentos esperando que os novos gestores do

INCRA – GO cumpram o seu papel como servidores

público que é de servir os trabalhadores camponeses e

familiares, agilizando o processo de reforma agrária em

Goiás, dialogando com os movimentos e não os tendo

como inimigos.

No entanto ressaltamos que se os outros pontos de

pauta não forem atendidos e se o INCRA – GO

continuar com a morosidade e a falta de compromisso

do ultimo período não hesitaremos em ocupá-lo

novamente.

Coordenação da Ocupação (Terra Livre, MLST,

FETRAF, MVTC, MBTR).

*Segue em anexo portaria emitida pelo Senhor

Celso Lacerda presidente nacional do INCRA.

Portaria emitida pelo Presidente do INCRA Celso

Lacerda:

INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E

REFORMA AGRÁRIA

PORTARIAS DE 20 DE JULHO DE 2011

O PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DE

COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA –

INCRA, no uso das atribuições que lhe são conferidas

pelo art. 21, da Estrutura Regimental deste Instituto,

aprovada pelo Decreto n.º 6.812, de 03 de abril de

2009, publicado no Diário Oficial dos mesmos dia, mês

e ano, combinado com o § 3º do art. 9°, do Regimento

Interno da Autarquia, aprovado pela Portaria/MDA/nº

20, de 08 de abril de 2009, publicada no Diário Oficial

da União do dia 09 seguinte, resolve: N° 358 – I –

Exonerar ROGERIO PAPALARDO ARANTES, CPF

nº 500.431.531-00, do cargo em comissão de

Superintendente Regional, código DAS-101.4, da

Superintendência Regional de Goiás – SR-04, do

Quadro de Pessoal deste Instituto. II – Nomear

JORGE TADEU JATOBA CORREIA, ocupante do

cargo efetivo de Fiscal de Cadastro e Tributação Rural,

matrícula SIAPE nº 1031842, CPF nº 140.452.064-34,

para exercer o cargo em comissão de Superintendente

Regional, código DAS-101.4, da Superintendência

Regional de Goiás – SR-04, do Quadro de Pessoal deste

Instituto.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DE

COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA –

INCRA, no uso das atribuições que lhe são conferidas

pelo art. 21, da Estrutura Regimental deste Instituto,

aprovada pelo Decreto n.º 6.812, de 03 de abril de

2009, publicado no Diário Oficial dos mesmos dia, mês

e ano, combinado com o § 3º do art. 9°, do Regimento

Interno da Autarquia, aprovado pela Portaria/MDA/nº

20, de 08 de abril de 2009, publicada no Diário Oficial

da União do dia 09 seguinte, resolve: No- 359 –

Exonerar VANESSIA TEODORA DA COSTA

ALVES, CPF nº. 300.081.231-87, do cargo em

comissão de Assistente Técnico (Comunicação Social),

código DAS-102.1, da Superintendência Regional de

Goiás – SR-04, do Quadro de Pessoal deste Instituto.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DE

COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA –

INCRA, no uso das atribuições que lhe são conferidas

pelo art. 21, da Estrutura Regimental deste Instituto,

aprovada pelo Decreto n.º 6.812, de 03 de abril de

2009, publicado no Diário Oficial dos mesmos dia, mês

e ano, combinado com o § 3º do art. 9°, do Regimento

Interno da Autarquia, aprovado pela Portaria/MDA/nº

20, de 08 de abril de 2009, publicada no Diário Oficial

da União do dia 09 seguinte, resolve: N o- 360 – I –

Exonerar EMIVAL LOPES, ocupante do cargo efetivo

de Engenheiro Agrônomo, matrícula SIAPE nº.

0440040, CPF nº. 085.965.301-34, do cargo em

comissão de Assistente, código DAS- 102.2, da

Superintendência Regional de Goiás – SR-04, do

Quadro de Pessoal deste Instituto. II – Exonerar LUIZ

CELIO PEREIRA DE AZEVEDO, ocupante do

cargo efetivo de Engenheiro Agrônomo, matrícula

SIAPE nº. 0720319, CPF nº. 134.887.081-87, do cargo

em comissão de Chefe de Divisão, código DAS-101.2,

da Divisão de Obtenção de Terras, da Superintendência

Regional de Goiás – SR-04, do Quadro de Pessoal deste

Instituto. O PRESIDENTE DO INSTITUTO

NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA

AGRÁRIA – INCRA, no uso da competência que lhe

foi subdelegada pela Portaria MDA nº 11, de 10 de

fevereiro de 2010, publicada no Diário Oficial da União

do dia 11 seguinte, resolve: No- 361 – Exonerar

NOEMIR BRITO OLIVEIRA, Procuradora Federal,

matrícula SIAPE nº 0720405, CPF nº 167.550.141-68,

do cargo em comissão de Chefe de Procuradoria

Regional, código DAS 101.2, do órgão de execução da

Procuradoria Federal Especializada junto ao Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA,

na cidade de Goiânia/GO.

CELSO LISBOA DE LACERDA

O ato final – Desocupação do INCRA-GO

Ás 14h00 o novo superintendente Jorge Tadeu já se

encontrava na ocupação com o procurador do INCRA

nacional Junior Fidelis. Companheiros da CPT nacional

e de Goiás, do MST, da FETAEG, do SINTSEPE-GO,

da ASSINCRA, CUT, PT-GO, A deputada Federal

Marina Santana (PT), o deputado Estadual Mauro

Rubem (PT), assim como vários servidores

compareceram ao ato que também contou com a

cobertura massiva da imprensa local.

O ato começou com uma mística puxada pelas crianças

que traziam nas mãos o símbolo de nossa luta como os

alimentos e produtos da agricultura familiar e

camponesa, o caderno representando nossa luta pela

educação no campo, atrás das crianças vinham à turma

com nossas bandeiras cantando “Pra não dizer que não

falei das flores”, e com nossos gritos de guerra. –

Quando o campo e a cidade se unir, a burguesia não vai

resistir. – Pátria livre, venceremos. – Reforma Agrária

quando? Já!

Em seguida foi aberto para as autoridades e militantes

das organizações parceiras que estavam no ato pudesse

falar. -Todas as falas discorreram sobre a importância

da nomeação do novo superintendente, falando de todo

o processo burocrático e articulações políticas que

aconteceram até aquele momento, apontando a

importância da ação dos movimentos que estavam

ocupando o INCRA como também à pressão dos

mesmos em Brasília.

Logo após foi lido uma carta elaborada pelos

movimentos que estavam ocupando o INCRA

direcionada ao presidente nacional do INCRA o senhor

Celso Lacerda, o procurador geral do INCRA Junior

Fidelis e a o novo superintendente do INCRA o senhor

Jorge Tadeu, após lida a carta, a chave do órgão foi

entregue ao novo superintendente pelas mãos da

pequena Ana Terra.

Em seguida Jorge Tadeu já falando como

superintendente do INCRA – GO, sobre sua

experiência a frente do INCRA em Sergipe, e dos

desafios que devem ser superados, mais se colocando

aberto ao dialogo com todos os movimentos via fórum

de reforma agrária.

Ao final as famílias cantando desocuparam a

superintendência regional do INCRA em Goiás após 26

dias, sob sangue, suor, dor, sacrifício, mais apesar do

cansaço visto nos olhos de todos, o sorriso fácil

mostrava a alegria da missão cumprida e a esperança de

que dali para frente o INCRA em Goiás funcionasse de

outra forma. Que de fato se realize a reforma agrária,

pois mesmo com todo o processo burocrático, a falta

de vontade do governo e de orçamento insuficiente é

possível avançar minimamente.

Por fim era hora de se organizar, se despedir dos

amigos feitos durante a ação e partir de volta para casa.

A coordenação da ocupação partiu para uma reunião

com o novo superintendente e com o procurador para

discutir a volta das pessoas, então o INCRA assumiu a

responsabilidade pelo transporte e retorno das famílias.

Sobre lagrimas e abraços intensos a turma se despediu,

mostrando a unidade criada e o relacionamento

harmonioso entre todas as famílias dos diferentes

movimentos nos 26 dias da ocupação. Assim todos

voltaram para casa levando em suas sacolas a certeza

que “só a luta faz valer”.

Vai companheiro, ti encontro na luta

Aos companheiros e companheiras que fizeram parte da

ocupação do INCRA-GO

I

Nesses 26 dias lutando ao teu lado

dividindo o frio e a fome, como também o cansaço

mostraste-me ser possível conseguir,

nosso objetivo traçado.

II

Nos momentos de tristeza e frustrações tu estavas ali

como também nos dias que eu queria desistir

mas o teu sorriso amigo

me fazia prosseguir.

III

Resistindo e persistindo assim fomos andando

e no nosso caminhar fomos nos transformando

descobrindo que a vitória final

só foi possível lutando.

IV

Sentirei a tua falta, de acordar e não tiver

de ouvir a sua voz cantando “a nossa luta é pra vencer”

mas sei que nessas idas e vindas

voltaremos a nos ver.

V

Mais como nos conhecemos na luta,

na luta nos encontraremos.

Mesmo que passe algum tempo,

isso eu posso falar.

- Vai companheiro,

na luta vamos nos encontrar.

Nos bastidores da ocupação

Sofrendo no frio

Na ocupação todo mundo se arranjava como podia.

Nada de mordomia, ao contrario. Os mais privilegiados

eram os que tinham barracas, onde podiam ter o

mínimo de privacidade bem como se protegerem do

frio. Aliás, a ocupação foi no período que mais faz frio

em Goiás.

Eu assim como muitos companheiros nos arranjamos

em baixo de um galpão que servia de garagem para os

carros do órgão, assim minha pousada era em cima da

carroceria de uma caminhonete. Como tenho um

problema crônico de dor nas costas que se agrava com

o frio, sofri bastante, tal como um beduíno.

Foram noites sem se quer conseguir pregar os olhos,

nem os calmantes que eu tomava conseguia aliviar a

dor. Mas a energia e o carinho de todos para comigo,

em especial os mais velhos que cuidavam de mim como

se fosse um filho fez com que eu superasse as dores e

seguisse cumprindo as tarefas que havia assumido na

ocupação.

Causando preocupação

Desde que passei a morar em Goiânia (em 2005), todos

os anos quando minha mãe vinha nos visitar eu fazia

questão de ir busca-la na rodoviária bem como ir deixa-

la quando ela fosse voltar para o Tocantins. No entanto

em 2011 não pude ir busca-la e nem deixa-la como de

costume, pois não podia me ausentar da ocupação

devido às tarefas assumidas. Além disso, eu também

não estava conseguindo arranjar um tempo para ir vê-la

para lhe dar um grande abraço e matar a saudade dela

bem como ter noticia da nossa família no norte.

Apesar de falar com ela pelo telefone todos os dias e

explicar o que estava acontecendo ela passou a

desconfiar que eu estivesse preso e não queria falar para

ela para não deixa-la preocupada, pois eu nunca tinha

feito aquilo antes. Faltando três dias para ela retornar

para o Tocantins a minha irmã Vera ligou dizendo que

minha mãe estava chorando desesperada por ir embora

e não me ver, além do mais estava muito preocupado

comigo, assim tive que arrumar um jeito de me ausentar

da ocupação por algum período para mostrar a ela que

tudo estava bem comigo.

Ao me ver pessoalmente ela se conformou bem como

após ouvir minhas explicações compreendeu a minha

ausência. Minha mãe sempre teve muita preocupação

com a minha militância politica, pois o que se fala do

movimento sem terra e o que se mostra na TV não é

muito animador. No entanto ela sempre respeitou as

minhas decisões mesmo que esta não lhe agradasse é

por isso que a considero um importante pilar de

sustentação da minha militância política.

Últimos momentos

Na quinta-feira os principais dirigentes da ocupação

tiveram que ir a Brasília para reverter o quadro das

negociações para nomeação do novo superintendente

do INCRA-GO que não era animador. Dessa vez eu

fiquei na ocupação com os outros companheiros com a

responsabilidade de reorganizar a ocupação e levantar o

animo do pessoal. Apesar de fazer parte da

coordenação geral da ocupação eu não me envolvia

diretamente com a parte de articulação politica e

organização interna, no entanto na ausência dos

camaradas responsáveis por essas frentes tivemos que

cumprir este papel. Assim convocamos a assembleia

geral como de costume para poder da os informes a

cerca das articulações em Brasília bem como

discutirmos a cerca da organização interna da ocupação

como alimentação, segurança, limpeza, atividades de

formação, cultura entre outros, pois sempre tinha

alguma reclamação e alguns pontos que eram

necessários melhorar.

Como todos pensavam que naquela quinta-feira

estaríamos voltando para casa, algumas coisas estavam

bastante desorganizadas em especial a segurança. Assim

por mais difícil que fosse era preciso levantar o animo

do pessoal inclusive apontando a perspectiva que se

fosse necessário teríamos que continuar uma semana ou

mais ali. O resultado da assembleia geral foi animadora,

as noticias de Brasília também eram, portanto

conseguimos reativar o espirito de luta e resistência.

Todos estavam sentido que a vitória estava próxima,

assim era preciso continuar resistindo.

Depois convocamos uma reunião especifica com o

pessoal da segurança para podermos fazer alguns

ajustes que se fazia necessário, era preciso haver mais

rigor e firmeza com quem entrava e saia da ocupação,

limitar horários e entrada de visitas. A reunião teve um

resultado bastante positivo. Enquanto isso também era

organizado atividades culturais para o pessoal como

exibição do filme ‘Che o argentino’.

Mesmo com a tentativa de voltar a vida normal na

ocupação todos não tiravam a cabeça do que estava

acontecendo em Brasília, assim eu era sempre parado

nos corredores com a pergunta se a exoneração do atual

superintendente e nomeação do outro se daria em

breve. Como já havia me frustrado anteriormente eu

não tinha total convicção de que isso aconteceria ainda

naquele dia ou na sexta-feira, que provavelmente ficaria

para próxima semana, no entanto como eu não queria

desmotivar o pessoal, sempre respondia que tinha que

ter esperança que as perspectivas eram boas e que tudo

ira ocorrer bem e teríamos êxito em breve.

Á noticia

Era por volta das 20h. Estávamos assistindo o filme

‘Che o argentino’ de Steve Soltemberg e estrelado por

Benicio del Toro. De repente um telefonema, era o

camarada Zelito de Brasília falando que tudo estava

acertado para nomeação do novo superintendente que a

mesma sairia no diário oficial da união na sexta-feira e

que eles já retornariam de Brasília acompanhado do

novo superintendente. Era, portanto para mim ir para o

escritório do movimento Terra Livre (pois não

tínhamos internet na ocupação) para elaborar duas

notas. – Uma para imprensa informando a cerca da

nomeação do novo superintendente e da desocupação

do INCRA-GO e outra convidando as organizações

que defendem e lutam pela reforma agrária em Goiás

para um ato em defesa da reforma agrária que ocorreria

na ocupação.

Á noticia também chegou ao ouvido de outros

camaradas que começaram a comemorar, no entanto foi

preciso alertar para que não se fizesse muito alarde e

nem espalhasse a noticia. Em seguida segui para a sede

do movimento Terra Livre no setor universitário,

chegando lá comprei umas cervejas, coloquei algumas

canções do Belchior e comecei a me inspirar para

escrever as notas. Lá pelas três da manhã tentei dormir,

mas não consegui, as 05h da manhã já estava em frente

ao computador lendo o diário oficial da união e logo

pude encontrar a noticia tão esperada. Ás 06h30 o

camarada Zelito me liga confirmando o ato e pedindo

para eu encaminhar as notas para imprensa e para as

organizações parceiras. Ás 08h da manhã eu estava

retornando para a ocupação com um monte de copias

da portaria assinada pelo presidente nacional do

INCRA exonerando o atual e nomeando o novo

superintendente do órgão em Goiás.

Já nas redondezas do INCRA-GO podíamos ouvir os

foguetes que as famílias soltavam em comemoração a

vitória alcançada. Ao chegar à ocupação todos vinham

me cumprimentar e me abraçar. Por fim comecei a

cumprir a tarefa de assessor de imprensa recebendo

uma enxurrada de ligações de órgãos de imprensa

querendo saber maiores detalhes da desocupação e da

nomeação do novo superintendente.

Vai companheiro, ti encontro na luta.

Ao final do ato me sentei em um banco e fiquei

observando o pessoal correndo de cima para baixo

organizando as coisas para retornar para seus

acampamentos e assentamentos. O cansaço era tanto

que eu estava quase dormindo, mas sempre era

despertado por alguém que vinha me abraçar e se

despedir. Foi nesse momento que após tantos anos sem

escrever um poema me veio na cabeça a inspiração para

fazer ‘Vai companheiro, ti encontro na luta e Canto a

ocupação do INCRA-GO’.

Nesses poemas em especial no primeiro explicitei o

sentimento daquele momento. Para mim não era um

adeus, mas um até breve para aquele pessoal que vinha

de varias partes do estado de Goiás - Jataí, Rio Verde,

Araguapaz, Goiás Velho, Faina, Lagoa Santa, Itajá,

Itarumã, Palestina, Vale do Araguaia entre outras

cidades que não me recordo. Era uma sexta-feira, eu iria

para minha casa apenas no domingo a tarde quando

então embarcamos os últimos companheiros do

movimento Terra Livre rumo a suas casas no interior.

Eu e o camarada Zelito fomos tomar uma cerveja,

brindamos ao sucesso da ocupação e enfim fui para

casa.

Toda essa luta foi apenas para mudar o

superintendente do INCRA em Goiás?

Olhando superficialmente pode parecer, mas não

tínhamos essa ilusão, sabíamos que não era mudando o

superintendente que faria com que a reforma agrária

saísse do papel em Goiás. No entanto tínhamos uma

convicção que com o Rogerio Arantes a frente do

INCRA-GO a reforma agrária estaria em marcha ré.

Não é preciso explicar muito o porquê dessa afirmação,

basta apenas dizer que Rogerio Arantes é sobrinho e

afilhado político do deputado federal Jovair Arantes

(PTB) Marconista de carteirinha, mas que a nível

nacional faz parte da base do governo petista tanto de

Lula como de Dilma.

Assim tínhamos no INCRA de Goiás (graças à logica

de nomeação do governo do PT que loteia e distribui os

cargos entre seus aliados apenas em troca de apoio

político, colocando assim pessoas que não tem

nenhuma condição de gerir estas pastas). um sujeito da

direita ligado a setores ruralistas.

Este sujeito da direita que se apropriou do INCRA-GO

graças a omissão do PT fez desse um instrumento para

cooptar movimentos populares, desviar dinheiro

público conforme aponta investigações do ministério

público federal bem como fazer uso político do órgão

para fortalecer Jovair Arantes e seu grupo politico. Por

tanto lutar para tirar um sujeito com este perfil da

superintendência do INCRA em Goiás, era lutar em

defesa da reforma agrária.

Luta esta que foi vitoriosa, ao contrario de outras

ocupações que também tiveram este ponto de pauta,

mas nunca tiveram força suficiente para derrubar

Rogerio Arantes. É fato que mesmo com as mudanças

ocorridas a reforma agrária não avançou, tanto em

Goiás como no resto do Brasil, pois sob o governo

Dilma (PT) o que vemos em curso é um processo de

antirreforma agrária e avanço do agronegócio, inclusive

sobre as terras dos povos indígenas. E este processo de

antirreforma agrária ocasiona também o

desmantelamento e sucateamento do INCRA.

No entanto, apesar desse quadro desolador, sobretudo

quando vemos grandes movimentos tal como foi na

ocupação do INCRA de Goiás em 2011 optando pela

via da negociata em gabinetes deixando de lado as

ocupações e mobilizações.

Devemos resistir e continuar lutando por uma reforma

agrária de fato neste país. E o exemplo dado pelo Terra

Livre, MLST, FETRAF, MVTC e MBTR devem ser

seguido e repetido em todos os estados brasileiros. Não

nos esqueçamos - A reforma agrária não sairá em uma

canetada e nem cairá do céu, se o povo organizado não

impor uma reforma agrária ao governo, seja ele qual

for, a reforma agrária não sairá.

Pedro Ferreira Nunes

Lajeado – TO, 01 de Janeiro de 2014.

Sobre o autor

Pedro Ferreira Nunes é Poeta e escritor. - Natural de Miracema do Tocantins, cidade em que nasceu em 18 de maio de 1985. Atualmente mora na cidade de Lajeado também no Tocantins após morar oito anos em terras goianas.

Formado como bacharel em Serviço Social pela Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, também atua como educador popular e assessor de movimentos populares construindo o Coletivo de Formação José Porfírio.

Pedro Ferreira Nunes é autor do romance ‘A Ilha dos Espíritos’, do livro de poemas ‘Minha poesia’ e dos artigos ‘O Serviço Social e a Política de Reforma

Agrária em Goiás’ e ‘Estudos sobre os Efeitos Econômicos e Sociais do Agronegócio tocantinense, além de diversos contos, crônicas e artigos sobre questões politicas e sociais referente à luta de classes no Brasil.