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APL de economia criativa

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Manual de sistematização das experiências com os arranjos produtivos locais com a economia criativa - tecnologia social para o desenvolvimento sustentável

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Equipe Programando o Futuro

VAGNER SIMION NASCIMENTO

Coordenador Geral

DANIEL MONTEIRO COELHO

Coordenador Financeiro

FÁBIO OLIVEIRA PAIVA

Coordenador Administrativo

Equipe APL do Hip Hop

VILMAR SIMION NASCIMENTO

Coordenador do APL

MARCUS VINICIUS FRANCHI NOGUEIRA

Articulador Institucional

BETO VALE e JUDITE DE CÁSSIA NASCIMENTO

Coordenadores Técnicos

JOSÉ ROBERTO BATISTA SANTOS

Pedagogo

Brasília-DF, Novembro de 2010.

EXPEDIENTE

SILVANA LEMOS DE ALMEIDA

Produção da cartilha

JOSÉ CARLOS GOMES (DADÁ)

Ilustrações

HELEM EVANGELISTA BRAGA

Diagramação e Projeto Gráfico

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Tecnologia social para o desenvolvimento sustentável

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APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável 4

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APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Apresentação

Quem somos

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APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Apresentação

Quem SomosA ONG Programando o Futuro está na estrada há 10 anos e tem como missão desenvolver e apoiar ações da

sociedade civil que promovam o desenvolvimento regional sustentável, a partir da implantação de centros públi-

cos de acesso às novas tecnologias de informação e comunicação e no desenvolvimento de tecnologias sociais

que priorizam o empreendedorismo e a organização social. Com sede em Valparaíso de Goiás, cidade do entorno

do Distrito Federal, a organização possui três eixos de atuação: inclusão digital para o desenvolvimento local,

qualificação para o mercado de trabalho e fortalecimento de redes e tecnologias sociais de apoio à sociedade

civil.

Ao longo desses dez anos, o projeto de viabilizar centros de acesso públicos à internet e capacitar o educador

social para orientar a comunidade no uso das novas tecnologias tem sido a linha norteadora da Programando o

Futuro. Tem como parceira a Fundação Banco do Brasil e é o Pólo Regional Centro-Oeste de Formação do Progra-

ma Telecentros.BR, onde capacita mais de mil e quinhentos monitores a distância por meio de uma plataforma

moodle construída em conjunto de um colegiado de parceiros.

Em 2009 e em 2010, a Programando o Futuro expande ainda mais seu leque de atuação, inicia um projeto

inovador de Arranjo Produtivo Local (APL) de Cultura Popular. O projeto foi realizado em Ceilândia, cidade saté-

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APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

lite de Brasília que tem o maior índice de violência, maior índice de uso de drogas, de analfabetismo e com uma

taxa baixa de escolaridade. O projeto se baseou em três pilares: diagnóstico, formação e estímulo ao empreen-

dedorismo. O diagnóstico local detectou a vocação da cultura hip-hop na cidade e identificou também como

esta cadeia era comprometida no uso de serviços terceirizados vindos de Brasília. A formação teve três eixos:

produção, música e confecções.

Em um ano de projeto foram capacitados 500 pessoas sendo a maioria jovens. A Programandoo Futuro também

estimula o empreendedorismo através da formação sobre precificação, comunicação e marketing, plano de

negócios e pesquisa local, legislação, associativismo e a orientação no uso e aplicação da lei do Micro Empre-

endedor Individual. Mais duas cidades serão beneficiadas com projetos de Arranjo Produtivo Local para Cultura

Popular: música em Cuiabá-MT e a moda hip-hop em Sobradinho, DF.

Esta publicação não vai se a ter a esta experiência da organização, vamos além. Temos a intenção de contar

como é a condução e implementação da tecnologia social do Arranjo Produtivo Local de Cultura, a viabilidade do

sonho.

Vagner Simion

Coordenador Executivo da Programando o Futuro

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Em busca do desenvolvimento sustentável

Economia Criativa

O APL de economia criativa

Plano Nacional de Cultura

Tecnologia Social

Empreendimentos Solidários

Arranjos Produtivos Locais

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10 11APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 11: APL de economia criativa

Em busca do desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento pressupõe uma transformação progressiva da economia e da sociedade. No século XXI, o

desafio é integrar desenvolvimento e sustentabilidade sem esgotar os recursos naturais e garantir as necessi-

dades básicas à todas e todos. Nos países em desenvolvimento um grande número de pessoas ainda não tem

suas necessidades básicas atendidas como alimento, roupas, habitação, emprego.

Uma grande atividade produtiva pode coexistir com a pobreza disseminada, e isto constitui um risco para o meio

ambiente. Por isso o desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam às necessidades huma-

nas, tanto aumentando o potencial de produção quanto assegurando a tod@s as mesmas oportunidades. O

desenvolvimento sustentável requer a promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro do

limite das possibilidades ecológicas a que tod@s podem, de um modo razoável, desejar.

O conhecimento acumulado e o desenvolvimento tecnológico podem aumentar a capacidade de produção da

base de recursos. Mas há limites extremos, e para haver sustentabilidade é preciso que, bem antes de esses

limites serem atingidos, o mundo garanta acesso eqüitativo ao recurso ameaçado e reoriente os esforços tec-

nológicos. O desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração de recursos, a

direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmoni-

zam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e os anseios das pessoas.

11APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 12: APL de economia criativa

Para um empreendimento ser sustentável precisa ter quatro requisitos básicos:

ser ecologicamente correto;

economicamente viável;

socialmente justo; e

culturalmente aceito.

Economia Criativa

Neste contexto, uma nova atividade econômica que se baseia no tripé do conhecimento, criatividade e cultura

vem ganhando espaço. É a chamada Economia da Cultura. A criatividade é a matéria prima desta nova econo-

mia.

O conceito da economia criativa surgiu na Inglaterra, em 1997, quando o Governo inglês reconhece a poten-

cialidade das atividades culturais como um segmento importante da economia. Naquele ano o governo inglês

até criou o Ministério da Economia Criativa. A economia criativa representa 8% do produto bruto da Inglaterra,

ultrapassando a receita da indústria farmacêutica.

A Economia Criativa é aquela que se baseia não em recursos materiais que são finitos, se esgotam, mas em

recursos imateriais, imperdíveis, que são infinitos. Portanto, ela é a única que se baseia em recursos que não se

esgotam, como se renovam e multiplicam com o uso.

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Este recurso da criatividade é extremamente abundante em nosso país. Mas é preciso que haja uma conscien-

tização para se conseguir entender que estes recursos econômicos e criativos por mais que sejam interes-

santes, simpáticos, divertidos para alguns, são de fato recursos econômicos diferenciais que agregam valor e

legitimam a cultura como investimento e não como despesa.

Para reconhecer a economia da cultura é preciso que se mude o conceito de riqueza. Valorando a riqueza não só

material mas em coisas tangíveis como a riqueza no jeito de fazer, em saberes, em viver diferente .

O grande patrimônio é a diversidade cultural que cada pessoa, cada empresa, cada cidade, cada município, cada

comunidade, seja diferente, único, o que vai garantir que o empreendimento seja atraente e interessante no

futuro.

Quando se alia criatividade a conhecimento se abre a possibilidade às classes desfavorecidas de uma nova

inserção não só econômica como social. Econômica porque se abre a perspectiva da geração do seu próprio

recurso que é algo muito complementar e importante, mas além da criatividade é preciso ter conhecimento e

empreendedorismo.

Progressivamente órgãos como BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento de Comércio) , PNUD ( Progra-

ma das Nações Unidas para o Desenvolvimento) , OEA (Organização dos Estados Americanos) , Unesco passam

a incluir questões relacionadas à Economia da Cultura em seu escopo de ação. O Banco Mundial estima que a

13APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

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Economia da Cultura responda por 7% do PIB mundial (2003). Nos EUA a cultura é responsável por 7,7% do PIB,

por 4% da força de trabalho e os produtos culturais são o principal item de exportação do país (2001).

PIB - Produto Interno Bruto

Representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região

(quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc).

Economia da Cultura no Brasil

No Brasil atuam 320 mil empresas voltadas à produção cultural, que geram 1,6 milhão de empregos formais.

Ou seja, as empresas da cultura representam 5,7% do total de empresas no país e são responsáveis por 4% dos

postos de trabalho. Hoje, no entanto, a cultura, como lugar de inovação e expressão da criatividade brasileira, se

apresenta como parte constitutiva do novo cenário de desenvolvimento econômico socialmente justo e susten-

tável. Nesse contexto, reconhece-se a existência de uma economia da cultura que, melhor regulada e incenti-

vada, pode ser vista como um vetor de desenvolvimento essencial para a inclusão social através da geração de

ocupação e renda.

A regulação das “economias da cultura” é fundamental para evitar os monopólios comerciais, a exclusão e os

impactos destrutivos da exploração predatória do meio ambiente e dos valores simbólicos a ele relacionados.

14 15APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

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O APL de economia criativa

Ciência e tecnologia para o desenvolvimento da economia da cultura

A ciência e a tecnologia nos tempos atuais inserem-se na vida de todos nós. A solução de problemas sociais que

afetam o nosso país tem nelas um aliado imprescindível. Além da geração de novos conhecimentos, a ciência e a

tecnologia devem estar a serviço de inovações tecnológicas que gerem riquezas, que torne o país cada vez mais

competitivo, mas fundamentalmente, que contribuam para elevar o bem-estar de toda sociedade.

O Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, por meio de sua Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão

Social – SECIS, tem procurado estimular iniciativas que permitam a assimilação dos conhecimentos de ciência e

tecnologia pelas camadas de população mais desprovidas do Brasil, contribuindo assim, para a inclusão desse

universo de pessoas no processo de desenvolvimento do país.

A Fundação Banco do Brasil (www.fbb.org.br), o Instituto de Tecnologia Social (www.itsbrasil.org.br) e a Rede de

Tecnologia Social (www.rts.org.br) também têm trabalhado na geração, desenvolvimento, articulação e integra-

ção de tecnologias voltadas para o interesse social.

Atualmente, surgem iniciativas voltadas para a proteção, valorização e afirmação da diversidade cultural da hu-

manidade. Tal perspectiva pressupõe maior responsabilidade do Estado na valorização do patrimônio material e

15APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

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imaterial de cada nação. Por essa ótica, a fruição e a produção de diferentes linguagens artísticas consolidadas

e de múltiplas identidades e expressões culturais, que nunca foram objeto de ação pública, afirmam-se como

direitos de cidadania.

Para fortalecer ainda mais este panorama, o PNC - Plano Nacional de Cultura - propõe estratégias e diretrizes

para o desenvolvimento socioeconômico sustentável a execução de políticas públicas dedicadas à cultura para

os próximos dez anos. O PNC foi sancionado pelo Congresso Brasileiro no dia 9 de novembro de 2010.

Plano Nacional de Cultura - PNC

Tomando como ponto de partida um abrangente diagnóstico sobre as condições em que ocorrem as manifes-

tações e experiências culturais, o PNC propõe orientações para a atuação do Estado na próxima década. Entre

suas linhas norteadoras está a ampliação da participação da cultura na economia de forma sustentável. Com-

preendendo que economia e desenvolvimento são aspectos da cultura de um povo, a cultura também é parte do

processo propulsor da criatividade, gerador de inovação econômica e tecnológica.

Neste sentido, o Plano Nacional de Cultura pretende apoiar de forma qualitativa o crescimento econômico

brasileiro. Para isso, deverá fomentar a sustentabilidade de fluxos de produção adequados às singularidades

constitutivas das distintas linguagens artísticas e múltiplas expressões culturais. Inserida em um contexto

www.cultura.gov.br/site/categoria/politicas/planonacional-de-cultura

16 17APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 17: APL de economia criativa

de valorização da diversidade, a cultura também deve ser vista e aproveitada como fonte de oportunidades de

geração de ocupações produtivas e de renda.

No PNC, a diversidade cultural pode produzir distintos modelos de geração de riqueza, dependendo da formação

profissional, da regulamentação do mercado de trabalho para as categorias envolvidas com a produção cultural,

e o estímulo aos investimentos e ao empreendedorismo nas atividades econômicas de base cultural, viabilizan-

do a inserção de produtos, práticas e bens artísticos e culturais nas dinâmicas econômicas contemporâneas,

com vistas à geração de trabalho, renda e oportunidades de inclusão social.

Tecnologia Social

Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação

com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social.

É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação

coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de

soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos

hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras.

17APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 18: APL de economia criativa

As tecnologias sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa

essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala. São exem-

plos de tecnologia social: o clássico soro caseiro (mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e

reduz a mortalidade infantil); as cisternas de placas pré-moldadas que atenuam os problemas de acesso a água

de boa qualidade à população do semi-árido, entre outros.

As tecnologias sociais se propõem a articular a produção e a transmissão do conhecimento para solucionar pro-

blemas reais da sociedade. A abordagem de cada iniciativa deve, necessariamente, valorizar os conhecimentos

e potencialidades locais; adotar metodologias participativas; compreender a realidade a partir da interação en-

tre os conhecimentos técnicos, ecológicos, sociais, econômicos, culturais e políticos; primar por parcerias inter

e multiinstitucionais, articular pesquisa e extensão, além de promover a gestão solidária dos empreendimentos.

Empreendimentos Solidários

Os Empreendimentos solidários são as diversas formas concretas de manifestação da Economia Solidária:

cooperativas, associações populares e grupos informais (de produção, de serviços, de consumo, de comer-

cialização e de crédito solidário, nos âmbitos rural e urbano); empresas recuperadas de autogestão (antigas

empresas capitalistas falidas recuperadas pelos/as trabalhadores/as); agricultores familiares; fundos solidários

e rotativos de crédito (organizados sob diversas formas jurídicas e também informalmente); clubes e grupos de

18 19APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 19: APL de economia criativa

trocas solidárias (com ou sem o uso de moeda social, ou moeda comunitária); ecovilas; redes e articulações de

comercialização e de cadeias produtivas solidárias; lojas de comércio justo; agências de turismo solidário; entre

outras.

19APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 20: APL de economia criativa

Os empreendimentos solidários caracterizam-se por priorizarem a noção de projeto, de desenvolvimento local e

de pluralidade das formas de atividade econômica, visando à utilidade pública.

Economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza (economia) centrada na valo-

rização do ser humano e não do capital. Tem base associativista e cooperativista, e é voltada para a produção,

consumo e comercialização de bens e serviços de modo autogerido, tendo como finalidade a reprodução amplia-

da da vida. Preconiza o entendimento do trabalho como um meio de libertação humana dentro de um processo

de democratização econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações do

trabalho capitalista.

APLs – Arranjos Produtivos Locais

Os Arranjos Produtivos Locais - APL - são conjuntos de atores econômicos políticos e sociais, localizados em um

mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que apresentam vínculos de produção,

interação, cooperação e aprendizagem. Essa estratégia econômica surge na década de 1970, no sul da Itália,

como alternativa às formas produtivas da economia clássica. Mas há autores que afirmam que desde 1910 já se

havia identificado as vantagens advindas das organizações produtivas “clusterizadas” – distritos industriais na

Inglaterra, porém este tema começou a ficar conhecido como importante estratégia de desenvolvimento local,

20 21APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 21: APL de economia criativa

no meio científico mundial, após 1982, quando estudiosos norte-americanos começam a dedicar atenção aos

clusters industriais e às comunidades, locais de aprendizado.

Um APL se caracteriza por um número significativo de empreendimentos e de indivíduos que atuam em torno de

uma atividade produtiva predominante, e que compartilhem formas percebidas de cooperação e algum meca-

nismo de governança, e pode incluir pequenas, médias e grandes iniciativas. Sua metodologia de trabalho prevê

a organização de diferentes cadeias econômicas a partir da aglomeração das iniciativas, em um mesmo territó-

rio, e de indivíduos relacionados a mesma cadeia produtiva.

Os Arranjos Produtivos Locais geralmente incluem iniciativas – produtoras de bens e serviços finais, fornecedo-

ras de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, etc., cooperativas,

associações e representações - e demais organizações voltadas à formação e treinamento de recursos huma-

nos, informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento.

É possível reconhecer a existência de um Arranjo Produtivo Local a partir de um conjunto de variáveis, presen-

tes em graus diferentes de intensidade. Pelo Termo de Referência para Política de Apoio ao Desenvolvimento

dos Arranjos Produtivos Locais, elaborado pelo Grupo de Trabalho Interministerial, um APL deve ter a seguinte

caracterização:

www.mdic.gov.br/portalmdic/arquivos/dwnl_1277405676.pdf

21APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 22: APL de economia criativa

• Ter um número significativo de empreendimentos no território e de indivíduos que atuam em torno de uma

atividade produtiva predominante;

• Compartilhar formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de governança. Pode incluir também

pequenas e médias empresas.

O apoio a Arranjos Produtivos Locais é fruto de uma nova percepção de políticas públicas de desenvolvi

mento, em que o local passa a ser visto como um eixo orientador de promoção econômica e social. Seu

objetivo é orientar e coordenar os esforços governamentais na indução do desenvolvimento local, bus

cando se, em consonânia com as diretrizes estratégicas do governo, a geração de emprego e reda.

Sobretudo, o APL é uma ação política, é uma ação de articulação, de convencimento, para que as pessoas mu-

dem o seu paradigma de atuação e rompam com a idéia do individual, do fazer isolado e pensem no conjunto,

fazendo parcerias com os atores locais, em vez de evidenciar a concorrência, se amplia o mercado.

O que diferencia um APL de qualquer outro projeto são basicamente duas questões fundamentais:

22 23APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 23: APL de economia criativa

1º) Formação do Conselho Gestor. Um Arranjo Produtivo Local tem sucesso quando seu Conselho Ges-

tor tem sobrevida. Sua atuação precisa ser constante e ininterrupta para definir e pactuar as regras de

funcionamento do APL.

2º) A formação no eixo do empreendimento. O foco não está mais na formação de grafiteiros ou

dar oficinas de grafite, por exemplo. O importante é discutir como é que se viabiliza a vida econômica

deste grafiteiro.

23APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 24: APL de economia criativa
Page 25: APL de economia criativa

Arranjos Produtivos Locais de Cultura

Mapeamento

Conselho Gestor

Empreendedorismo

Pedagogia Empreendedora

Page 26: APL de economia criativa

APL da Cultura

O APL da Cultura é uma organização das atividades de uma determinada cadeia produtiva da cultura que privile-

gia o trabalho em conjunto para o desenvolvimento da cultura local através do fortalecimento da qualificação do

indivíduo e por conseguinte de sua produção cultural.

O APL da Cultura nasce como uma proposta intersetorial envolvendo, inicialmente, ações e programas do

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Ministério da Cultura. Neste contexto, o MCT através da Secretaria

de Inclusão Social (SECIS) e o Minc através da Secretaria da Cidadania Cultural (SCC), aproximaram dois de seus

programas, Ciência Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social (CT/SECIS) e o Programa Cultura Viva

(Minc/SCC). Dentro destes programas foram articuladas duas ações: Apoio a Pesquisa e a Inovação em Arranjos

Produtivos Locais (MCT/SECIS) e Apoio a Iniciativas de Economia Solidária Relacionadas à Cultura (Minc/SCC).

Em paralelo acontecia o debate do Plano Nacional de Cultura, onde a cultura foi reconhecida por sua perspectiva

cidadã. Com esta perspectiva, o Ministério da Cultura abre o Programa da Economia da Cultura e estabelece um

canal onde a cultura se torna um eixo estratégico para o desenvolvimento econômico do país, passa a ter uma

importância para o desenvolvimento local, como gerador de oportunidades de trabalho, gerador de oportunida-

des de renda e principalmente...

26 27APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 27: APL de economia criativa

Dez passos para realizar um Arranjo Produtivo Local de Cultura

Identifique a sua vocação econômica

Escolha o território, faça um recorte territoria

Identifique a vocação econômica do território

Procure as iniciativas e os indivíduos relacionados a esta mesma cadeia produtiva

Mobilize os atores

Apresente os motivos

Faça o mapeamento da cadeia econômica

Garanta o funcionamento do Conselho Gestor

Monte o projeto pedagógica de formação

Formalização de novos empreendimentos e formação de novos planos de negócio

... gerador de sonhos quando consegue promover a equação onde as pessoas consigam exercitar

a plenitude da sua realização criativa e ao mesmo tempo sobreviver desta plenitude.

26 27APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 28: APL de economia criativa

Mapeamento

O Mapeamento do Território é a chegada do projeto na localidade. A opção seguida aqui para o conhecimento

do território e suas potencialidades é utilizar a técnica da Pesquisa Participativa. Uma pesquisa onde os atores

locais elaboram o questionário, aplicam as questões e tabulam os resultados. Desta forma, acredita-se que

é possível se estabelecer uma relação mais verossímel com a realidade quando os próprios atores daquela

determinada cadeia produtiva são capacitados para fazer a Pesquisa Participativa. Este levantamento permite

conhecer as características específicas da cadeia econômica local, o que é fundamental na construção dos

próximos passos.

A Pesquisa Participativa não possui um planejamento ou um projeto anterior à prática, o mesmo é construído

junto aos participantes. Portanto, é uma atividade de pesquisa, educacional, orientada para a ação, onde a

comunidade participa na análise de sua própria realidade, com vistas a promover uma transformação social em

benefício dos próprios participantes.

Características: a) É um processo de conhecer e agir. A população engajada na Pesquisa Participativa simultaneamente

aumenta seu entendimento e conhecimento do seu entorno, bem como tem a possibilidade de ter uma

ação de mudança em seu benefício e de sua comunidade.

28 29APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 29: APL de economia criativa

b) É iniciada na realidade concreta que a comunidade pretende mudar. Gira em torno de um problema

existente. Caso haja consciência suficiente, a própria população inicia o processo e pode até mesmo

28 29APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 30: APL de economia criativa

dispensar o especialista externo. Mas mesmo que se opte pelo especialista, o envolvimento da população

é essencial.

c) Variam a extensão e natureza da participação. No caso ideal, a população participa do processo inteiro:

proposta de Pesquisa, planejamento, coleta de dados, tabulação, análise e um novo planejamento.

d) A população deve participar e se apropriar do processo.

e) Tenta-se eliminar ou reduzir as limitações da Pesquisa tradicional. Pode empregar métodos tradicio-

nais na coleta de dados, mas enfatiza posturas qualitativas e hermenêuticas, e a comunicação interpes-

soal.

f) É um processo coletivo

g) É uma experiência educativa

30 31APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 31: APL de economia criativa

Conselho Gestor

Os Conselhos Gestores de Políticas Públicas

Nas últimas décadas, o Brasil viveu algumas experiências colegiadas como os conselhos comunitários criados

para atuarem junto à administração municipal ao final dos anos 70; os conselhos populares ao final dos anos

70 e parte dos anos 80 os conselhos gestores institucionalizados. Muitos são os esforços empreendidos para

fortalecer a democracia brasileira, que desde o início do processo de redemocratização, tem convergido para a

defesa de uma maior participação da cidadania nos processos de decisão.

Os Conselhos Gestores são importantes condicionantes institucionais da nova prática de gestão por gerarem

uma nova esfera de ação social pública e não estatal. “Trata-se de um novo padrão de relações entre Estado e

sociedade porque [os Conselhos Gestores] viabilizam a participação de segmentos sociais na formulação de

políticas sociais (...)”.

Esse padrão é caracterizado, sobretudo, por sua origem como demanda popular promotora de novas agendas

em políticas públicas de redução da exclusão digital, social e cultural, e por engendrar uma democracia social

mais justa, uma vez que agrega os cidadãos na busca de objetivos comuns, sugerindo caminhos que proporcio-

nem a visibilidade e resolução das necessidades das comunidades envolvidas.

30 31APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 32: APL de economia criativa

Nesse sentido, os Conselhos Gestores materializam esse processo de fortalecimento da participação popular

junto às tomadas de decisão do poder público, uma vez que se constituem como mecanismos de controle social.

É possível notar que em comunidades onde existe maior autonomia por parte dos conselheiros, existe também

uma participação mais efetiva dos mesmos nas atividades do projeto. Nesses locais, a comunidade entende

mais facilmente que os equipamentos estão disponíveis porque pertencem a todos, e por isso, todos devem

zelar por ele.

Gestão Participativa e Autonomia Política

Um dos objetivos da implantação dos Conselhos Gestores é aprimorar as formas de democracia participativa,

não em oposição à democracia representativa, mas de forma a complementá-la.

Dessa forma, o papel do Conselho Gestor será mostrar à comunidade atendida que as regras que regem o funcio-

namento daquele Arranjo Produtivo Local devem partir deles e de sua realidade específica, de modo que estas

regras sejam mais justas a medida que são as mais adequadas àquela comunidade.

Formação dos Conselhos Gestores

Os conselhos gestores serão os responsáveis por escrever o seu próprio estatuto, fiscalizar se os acordos estão

sendo cumpridos, auxiliar na resolução de conflitos e impasses administrativos, bem como adequar os em-

32 33APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 33: APL de economia criativa

preendimentos da região as demandas da comunidade. Por isso é indispensável que os seus membros sejam

eleitos pela comunidade e participem ativamente da vida do APL da qual são conselheiros.

32 33APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 34: APL de economia criativa

O primeiro passo para a formação do Conselho Gestor é a convocação da comunidade. Aconselha-se que a

primeira reunião para a formação do Conselho Gestor dê enfoque às lideranças comunitárias da região que estão

envolvidas de alguma forma no processo.

Avisos convocando a população para a reunião deverão ser afixados em postos de saúde, igrejas, centros

comunitários, associações de amigos do bairro e demais entidades da sociedade civil organizada que estejam

localizadas dentro da comunidade atendida. É importante que no cartaz fique claro que a reunião é aberta a

todos os interessados.

Contudo os articuladores locais do APL devem garantir a presença de ao menos um representante de cada uma

das instituições que tenham algum trabalho relevante dentro da comunidade, pois estes grupos mobilizados

poderão ser os grandes divulgadores das novas idéias.

Antes da avaliação do grupo o articulador local deverá ponderar que este é um passo muito importante para a

consolidação do projeto e irá propor que se faça uma segunda reunião, antes de se convocar a assembléia.

Esta reunião ampliada deverá alcançar o maior número de pessoas possível e mais uma vez será apresentado a

proposta do APL.

A diferença é que nesta reunião o articulador local já conhecerá um pouco mais da comunidade atendida e pode-

34 35APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 35: APL de economia criativa

rá se deter com mais tempo aos detalhes do projeto, mostrando inclusive como o Arranjo Produtivo Local pode

vir ao encontro com alguns dos anseios daquela população e complementar a ação de alguns projetos que por

ventura estejam em andamento na comunidade.

Após este segundo encontro, novamente deverá ser feita uma avaliação do processo onde os participantes

dirão se estão prontos ou não para eleger o seu Conselho Gestor. No caso de restarem dúvidas sobre o funciona-

mento do Conselho Gestor ou mesmo do APL, outras reuniões deverão ser realizadas até que todas as dúvidas

sejam sanadas. Em todas as reuniões e durante a assembléia o articulador deverá deixar muito claro que os

cargos de conselheiros não são remunerados e o fato de ser conselheiro não garante nenhum privilégio no uso

dos equipamentos ou de qualquer natureza.

O que será permitido e estimulado é que todas as entidades e grupos organizados sugiram e demandem ativida-

des que possam suprir as suas necessidades e a dos que se beneficiam com o seu trabalho.

No inicio de cada um desses encontros deverá ser eleito um secretário da reunião que será responsável por

redigir a ata da reunião. É extremamente importante que todo o processo seja documentado e que seja feita

uma lista de presença onde deverá contar além do nome dos participantes a forma mais fácil de contatá-lo, isto

é, e-mail, telefone ou endereço.

34 35APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

Page 36: APL de economia criativa

Composição do Conselho Gestor

A composição sugerida para um Conselho Gestor seria a de 9 (nove) membros sendo 6 (seis) eleitos pela comu-

nidade, 1 (um) representante indicado pela entidade parceira, 2 (dois) representantes indicados pelo articula-

dor do APL .

Caso o número de conselheiros se altere é indispensável garantir a representatividade desses setores envolvi-

dos na implantação e manutenção do projeto. Outro ponto a se observar é que o conselho gestor sempre deverá

ter um número impar de membros, evitando assim o empate durante as questões mais polêmicas em que for

necessário levar a decisão à votação.

DICA

O que deve ser deixado claro para todos os participantes é que é impossível que a assembléia tenha

um número de participantes menor do que qualquer uma das reuniões realizadas anteriormente.

36 37APL de Economia Criativa Tecnologia Social para o Desenvolvimento Sustentável

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Assembléia de eleição

A data da assembléia deverá ser acordada nas reuniões que a antecedem junto com a comunidade. Como não há

como estabelecer um número mínimo de pessoas para garantir o quorum necessário para a execução da vota-

ção ficará a critério do articulador local do APL aceitar ou não como suficiente o número de participantes.

No início do evento deverá ser feita uma apresentação objetiva novamente sobre que é o APL de Cultura e expli-

car quais as funções do Conselho Gestor, pois muitos dos presentes poderão não ter participado das reuniões

anteriores. Deverá ser aberta uma sessão de perguntas para tentar sanar possíveis dúvidas. Encerradas as

perguntas serão apresentados os modelos propostos de composição do conselho gestor.

Depois de decidida a composição do Conselho Gestor, deverão ser eleitos os conselheiros. Terminada as inscri-

ções, caso haja um número excedente de candidatos ao número de vagas será feita uma votação e os candida-

tos com o maior número de votos serão eleitos conselheiros.

É importante notar que para cada conselheiro eleito deverá ser eleito também um suplente. Os candidatos que

ficarem de fora do conselho depois da votação poderão assumir as vagas de suplente. Caso não haja acordo

quanto a isto por parte da assembléia, uma nova votação deverá ser feita para eleger os suplentes, nos mesmos

moldes da eleição que elegeu os titulares.

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Estatuto do Conselho Gestor e Regimento Interno da Unidade

Depois de eleito a primeira tarefa do conselho gestor será redigir o estatuto do conselho Gestor e o Regimento

Interno da unidade. Para orientar os trabalhos o articulador local do APL poderá apresentar uma proposta de

estatuto e de regimento interno, que deverá ser modificada pelo grupo a fim de atender as necessidades da

unidade.

Como dissemos anteriormente o Conselho Gestor tem como uma de suas funções estimular a formação de

cidadãos autônomos, para a criação de uma sociedade autônoma. Dessa forma, os cidadãos envolvidos com

o processo deverão ter a chance real de participar das discussões que darão origem ao estatuto do APL. O que

significa que o modelo apresentado como proposta inicial pode ser totalmente modificada ou simplesmente

abandonado, pois ele não passa de um modelo, que pode ou não ser seguido. Depois de elaborado o estatuto ele

deverá ser aprovado em assembléia previamente convocada para este fim.

VALE UMA DICA...

Um Arranjo Produtivo Local de Cultura só deve ser implementado se houver um grupo mobilizado.

É preciso ter uma base, um grupo unido por interesses comuns.

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O projeto dos Arranjos Produtivos Locais prevê a formalização e a definição com clareza do negócio. Mas o de-

safio do APL de Cultura é a composição política destes atores e indivíduos que trabalham na mesma cadeia eco-

nômica. O resultado destes novos empreendimentos, do fortalecimento da cadeia econômica está diretamente

relacionado a forma e a qualidade da formação deste Conselho Gestor, que é o símbolo maior da existência do

APL de Cultura. O Conselho Gestor é uma meta fundamental, estruturante, é na verdade, a primeira meta.

Ao conseguir criar um modelo de governança: um estatuto, um termo de parceria, são estes documentos regi-

mentais que vão organizar este aglutinado de ações e indivíduos que se dispuseram a trabalhar no Arranjo.

Empreendedorismo

A aceleração das mudanças nos cenários econômicos mundiais vem exigindo das sociedades políticas de

desenvolvimento econômico, novas estratégias para enfrentar a queda no número de empregos tradicionais e o

desafio de inserir os jovens no mercado de trabalho.

A necessidade de criar novas oportunidades de negócios, de constituir novos empreendimentos que atribuam

uma dinâmica auto-geradora de trabalho e riqueza, faz a estratégia de incentivar o empreendedorismo uma

importante alternativa de desenvolvimento econômico.

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O incentivo à ação empreendedora tem sido um tema recentemente abordado e efetivamente aplicado nas últi-

mas décadas, considerando o grande histórico do agente empreendedor na construção de negócios que movi-

mentaram a economia mundial através dos tempos.

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A educação empreendedora é um dos caminhos encontrados para a criação de um ambiente que estimule com-

portamentos sociais voltados para o desenvolvimento da capacidade de geração do próprio trabalho. O desafio

desta educação empreendedora é construir um ambiente favorável à criação de uma cultura empreendedora,

que passa pela formação de atores sociais de estímulo ao empreendedorismo.

São estes atores sociais os responsáveis por introduzir o empreendedorismo nas diferentes esferas

da educação tradicional, transformando ambientes, conteúdos e, principalmente, formas de relaciona-

mento entre o aluno, o professor e o ambiente.

O empreendedor considerado como um ser social, ao mesmo tempo em que é fruto do desenvolvimento eco-

nômico e social é também contribuinte deste desenvolvimento, criando negócios, gerando riqueza, introduzindo

inovações e ofertando novas oportunidades de trabalho. Se o contexto social é importante para o surgimento e

desenvolvimento da ação empreendedora, é preciso que o ambiente social seja propício e estimulador de com-

portamentos que conduzam esta ação.

Os atores sociais estimuladores são vitais para o enriquecimento das relações no tecido econômico, permitindo o

surgimento de maiores oportunidades de inserção de pessoas e novos empreendimentos na atividade econômi-

ca. Ao mesmo tempo em que o ambiente suporta as relações empreendedoras, se beneficia com a ação voltada à

criação de novos negócios, gerando um ciclo virtuoso capaz de beneficiar a sociedade e economia em conjunto.

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A partir da criação da figura do agente catalisador da cultura empreendedora, por meio de um processo de capa-

citação sob a ótica de uma nova pedagogia, que este trabalho busca validar o estímulo ao surgimento de novos

empreendedores.

Pedagogia Empreendedora

A Pedagogia Empreendedora se propõe ao aprimoramento da capacidade de ajustar sempre uma percepção éti-

ca, significando a construção evolutiva de conceitos como liberdade, democracia, respeito, cooperação e amor

acima de tudo.

A estratégia da Pedagogia Empreendedora funda-se em estimular o sonho, não interferir na construção nem na

realização deste, oferecendo apenas orientação e meios para desenvolver as competências e habilidades para

formulá-lo e buscar realizá-lo.

O ciclo de aprendizagem do empreendedor poderá ser realizado através do indivíduo, que, ao desenvolver o

sonho, projeta a imagem do futuro aonde ele deseja chegar, estar ou de quem ele deseja ser. Depois, ele busca

realizar o sonho, mas, para isso, identifica o que for necessário para realizá-lo.

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A metodologia utilizada nas oficinas deve ir ao encontro do conhecimento técnico com o despertar do empreen-

dedorismo.

Alguns princípios são norteadores:

A utilização de temas que promovam o empreendimento como sendo a prática para o aprendizado técnico;

A formação cidadã e emancipação do indivíduo;

Promover o resgate de valores dos participantes;

Explanação do multiplicador;

Explanação dos alunos;

O APL da cultura trás em si esta preocupação: nas oficinas de empreendedorismo apresentar este novo universo

que permite ao produtor de cultura, ao agente de cultura sobreviver fora dos parâmetros tradicionais de venda.

O artista pode encontrar alternativas para que ele consiga comercializar, transferir seu conteúdo, sobreviver,

sem necessariamente passar pelo mercado formal. O APL é uma tecnologia social que se propõe a colaborar com

a construção deste novo ambiente econômico para a cultura brasileira.

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É despertar no DJ, por exemplo, que ele tem alternativas de trabalho fora àquela que ele estava imaginando até

então através do trabalho colaborativo, associativo. O APL é uma possibilidade de encontrar alternativas que

viabilize economicamente e valorize as produções dos artistas locais, dando destaque aquilo que para o merca-

do tradicional não tem valor.

A base da capacitação no eixo empreendimento está voltada para comercialização, processo de associação,

e alternativas em economia solidária que possam colaborar com o desafio de viabilizar economicamente as

iniciativas de produção de cultura. Por exemplo, o caso do grafiteiro: se tem a pessoa, o produto, e um mercado

comprovado que o grafite vende. Mas como a gente faz para o grafiteiro saber dar preço no seu metro de grafite?

É importante perceber esta multiplicidade de possibilidades de se relacionar na cadeia econômica da cultura.

Outra importante formação é o aprimoramento técnico na expertise do artista, seja na facilitação e diversifica-

ção dos produtos, seja na forma de organização da produção artística. Esta definição só pode ser tomada com

base no mapeamento realizado.

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Impactos na Organização e no Desenvolvimento da Cadeia Produtiva

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Impactos na organização e no desenvolvimento da cadeia produtiva

Para avaliar e aferir as etapas de um Arranjo Produtivo Local de Cultura é preciso mensurar quantos empreen-

dimentos novos surgiram e quantos foram reorganizados. O número de fornecedores mobilizados e o número

de pontos de comercialização no ambiente da distribuição. E, se possível, mensurar de que forma o Conselho

Gestor orientou os integrantes dos negócios a se articularem no território com a perspectiva do desenvolvimen-

to sustentável e da geração de renda para os diversos grupos envolvidos.

A cultura não é um produto como qualquer outro, trás nela alguns valores embutidos. Há um ambiente na eco-

nomia da cultura hoje que é novo, onde os produtores culturais, principalmente em função das novas mídias,

novos processos de comunicação, conseguem estabelecer interfaces inovadoras e estas geram outras que vão

impactar no modelo dos empreendimentos.

Os músicos da banda Móveis Coloniais de Acaju, por exemplo, vivem do seu trabalho mas esta renda não é só

dos shows nem do disco. Eles criaram um modelo de fidelização dos seus fás pela internet, onde vendem uma

série de coisas de adereço da banda e acabam tendo uma relação muito mais íntima com seu público . É um mo-

delo estratégico que não pretende um milhão de discos, não pretendem cem milhões de seguidores, pretende

um público x, e fiel.

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Um outro exemplo de gestão inovadora, neste novo ambiente do mercado, da economia da cultura é o Teatro

Mágico. É uma banda de Osasco-SP que tem repercussão nacional, é um empreendimento cultural sustentável,

todos componentes vivem da sua arte mas além do show e da boa música, eles têm um grande trabalho de

internet e criam alternativas por onde captam recursos.

Que novo cenário é este? É um cenário da economia da cultura, o cenário da economia criativa. Os valores da

economia criativa são diferentes dos valores da economia nacional. A economia criativa parte do princípio que

tem um insumo que é a criatividade e que não acaba. Então há um ambiente novo e é ele que pode dar condi-

ções para que muitos artistas consigam se viabilizar economicamente. Mas é importante para que isto aconteça

trazer tecnologias novas. Então o associativismo, a economia solidária, as tecnologias sociais, as moedas com-

plementares e tantas outras tecnologias que estão disponíveis podem e devem ser utilizadas.

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Documentos de referência:

Plano Nacional de Cultura

http://www.cultura.gov.br/site/categoria/politicas/plano-nacional-de-cultura

Termo de Referência para Política de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais

www.mdic.gov.br/portalmdic/arquivos/dwnl_1277405676.pdf

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Links sugeridos:

Ministério da Ciência e Tecnologia

www.mct.gov.br

Fundação Banco do Brasil

www.fbb.org.br

Instituto de Tecnologia Social

www.itsbrasil.org.br

Rede de Tecnologia Social

www.rts.org.br

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