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Pessoa viveu parte da infância e da adolescência em território da actual África do Sul (à época, colónia inglesa).
Fernando Pessoa admirava Cesário Verde.
O poema «Tabacaria» é do heterónimo Ricardo Reis [Álvaro de Campos].
«Sou tudo» [«Não sou nada»] é o primeiro verso de «Tabacaria».
Fernando Pessoa nasceu no dia de Santo António, em Lisboa, em 1898 [1888].
Pessoa nasceu em frente ao teatro de São Carlos, que seu pai, crítico musical do Diário de Notícias, frequentava.
«Eis-me aqui em Portugal» é o primeiro verso de uma quadra que, ainda criança, dedicou à mãe.
«Deus quer, o homem sonha, a obra morre [nasce]» é o primeiro verso de «O Infante», poema de Mensagem.
Enquanto adolescente, Pessoa viveu com a madrasta [mãe], o pai [padrasto] e os cinco meios-irmãos.
A língua em que mais escrevia até cerca dos vinte anos era o francês [inglês].
Em Lisboa, durante dois anos, Fernando Pessoa foi aluno da Faculdade de Direito [do Curso Superior de Letras = futura Faculdade de Letras de Lisboa].
Pessoa teve uma tipografia, comprada com herança da avó Dionísia, mas esse negócio não teve grande sucesso.
O emprego de Pessoa implicava um rígido horário fixo, como o de um funcionário público [não, tinha bastante liberdade].
No local do emprego, Fernando Pessoa nunca escrevia textos seus. [Escrevia]
O poeta americano Walt Whitman influenciou Fernando Pessoa.
Pessoa deixou mais de trinta e sete [vinte e cinco (na verdade: vinte e sete)] mil papéis com escritos seus.
Em Lisboa, Pessoa viveu em cerca de dez [mais de vinte] casas diferentes.
Sendo embora Lisboa o seu habitat preferencial, Pessoa viajava frequentemente [raramente].
A estreia de Pessoa no meio literário aconteceu em 1912, com a publicação de artigos na Águia.
A revista Orpheu teve como colaboradores, entre outros, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.
Ridículas
também
há
criaturas
memórias
Dessas
esdrúxulas / esdrúxulos
A quinta.
Quem me dera no tempo em que [escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridiculas.
• cepticismo e ironia• utilização de repetições, [anáforas,
antíteses, paradoxos.]• verso livre• fuga para a recordação e/ou sonho• angústia existencial; sentido do
absurdo; tédio, náusea, cansaço, desencontro dos outros
• poetização do prosaico, do comum e quotidiano
• presença terrível e labiríntica do eu
6 Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma
8 E de não perceber as esperanças que os outros tinham por mim
15 O que fui — ai, meus Deus!, o que só hoje sei que fui...
36-7 Pára, meu coração! // Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
comparações inesperadas:
estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio
o que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa
comer o passado como pão de fome
metáforas inesperadas:
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O que eu sou hoje é terem vendido a casa
comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes
exclamações:
A que distância!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
anáforas:
O que fui / O que fui / O que fui / O que fui
O que eu sou hoje / O que eu sou hoje
apóstrofes:
Ó meu Deus
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo
paradoxos:
hoje já não faço anos
vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega
repetições:
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
versos longos e livres:
muitos das primeiras estrofes, sobretudo.
articulados com alguns bastante curtos:
os da última estrofe, por exemplo.
fuga para a recordação e/ou sonho:
vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega
poetização do prosaico, comum e quotidiano:
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —, / As tias velhas, os primos diferentes
fragmentação do eu:
com uma dualidade de eu para mim
angústia existencial: [...]
1.
15 de Outubro é a data do aniversário de Álvaro de Campos; 13 de Junho é a data do aniversário de Fernando Pessoa.
2.1
O passado era o tempo da infância feliz, da alegria partilhada pela família, da inocência e despreocupação.
2.2
O pretérito imperfeito exprime um tempo passado que teve duração, a duração da infância.
3.2
Na infância, o sujeíto poético era feliz, mas não sabia que o era. Só no presente, em que já perdeu essa felicidade inocente da infância, é que sabe que foi feliz.
3.3
O pretérito perfeito afirma o passado completamente concluído, morto.
6.1
A expressão «Vejo tudo outra vez» inicia a presentificação do passado que, assim, substitui o presente.
6.2
À euforia do passado tornado presente segue-se, na estrofe seguinte, a disforia da tomada de consciência de que é impossível recuperar a felicidade perdida da infância e de que o presente vazio é a única possibilidade.
8.
Os poemas «Aniversário» e «Perdi a esperança como uma carteira vazia» têm em comum a nostalgia do bem perdido da infância. Este tema, caro a Álvaro de Campos, é também um dos temas mais importantes de Pessoa ortónimo.
TPC
Lê as pp. 182 («Álvaro de Campos: o filho indiscipinado da sensação») e 184 («Futurismo»).