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Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Arteterapia MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

Arteterapia 02

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Programa de Educação Continuada a Distância

Curso de Arteterapia

MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO II

2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARTE

2.1 IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ARTE

Pirâmides egípcias, escorregadores gigantes, cestos de vime, grafite, pintura

abstrata, esculturas gregas, urinol...?!?!? Tudo isso é arte? Quem diz o que é arte e

o que não é? Arte grega, arte contemporânea, artesanato, arte popular, arte

moderna, arte abstrata... inúmeros tipos de expressão, que foram evoluindo durante

os tempos e hoje fazem parte de nosso cotidiano.

Quando se busca uma definição de “arte”, normalmente o que encontramos

é um conceito que trata a arte como uma criação humana com valores estéticos, tais

como: beleza, equilíbrio e harmonia. Entretanto, a arte também tem o poder de vir

acrescida de emoções, história, sentimentos e cultura.

Uma das principais características da arte é permitir que o objeto artístico

fale por meio da nossa imaginação. Assim, não existe arte original e arte falsificada.

Não há mentira ou verdade em arte, isso porque a arte não tem por objetivo mostrar

a realidade como ela é, mas como o artista deseja que seja. Portanto, desse

conceito nascem os vários tipos de arte.

A produção artística faz parte de uma necessidade primária do ser humano.

O homem vê a arte como meio de viver melhor; usa-a para divulgar suas crenças ou

explorar novas formas de olhar e interpretar o mundo utilizando sua criatividade e

imaginação.

De acordo com Chauí (2000) as transformações sofridas pelas artes

(passando do caráter religioso à autonomia da expressão da criatividade) foram de

dois tipos. Em primeiro lugar, mudanças nos estilos artísticos, passando desde o

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clássico até o surrealismo. Destacando-se as descobertas de novos procedimentos,

materiais e técnicas que levam a uma concepção do objeto artístico. Em segundo

lugar aparece a determinação social da atividade artística (sua finalidade), para que

ou para quem era desenvolvida.

Aprofundando um pouco mais a ideia, vemos que, no mundo atual, a função

da arte e o seu valor não estão em copiar a realidade, mas sim na representação

simbólica que um artista faz do mundo humano.

Portanto, a arte também é uma das maneiras pela qual o ser humano atribui

sentido à realidade que o cerca, e uma forma de orientação que transforma a

experiência em objeto de conhecimento, com valor simbólico.

O homem criou utensílios para facilitar o seu trabalho, como as ferramentas

para cavar a terra e os talheres para a cozinha, a roda para movimentar-se. E a arte

aparece neste sentido para que o mundo saiba o que ele pensa, para divulgar as

suas crenças e as dos outros, para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para

explorar novas formas de olhar e perceber objetos e cenas.

A arte, principalmente a arte contemporânea, busca a desestabilização das

verdades originárias, a ruptura com os princípios bem-instalados, destruindo as

evidências imediatas e atordoando as mentes com questões como a da realidade e

sua representação.

A arte é uma manifestação humana criada com a essência e inspiração de

seu momento, isto é, das circunstâncias e situações moldadas pelas referências

simbólicas da cultura. A arte pode ser entendida como um dos modos simbólicos de

que o ser humano se utiliza para atribuir significados ao mundo, mostrando por meio

de um objeto as possibilidades do real. A arte fala à imaginação e, por isso, sua

compreensão exige sensibilidade treinada, disponibilidade e conhecimento de

história geral e de história da arte.

Para compreendermos as formas de manifestação artística ao longo da

evolução histórica, vamos percorrer o caminho da arte desde a pré-história até a arte

contemporânea, no sentido de expandir nosso entendimento sobre o universo

artístico. Apertem os cintos e BOA VIAGEM!!!

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2.2 A ARTE NO MUNDO

A Idade da Pedra Lascada (cerca de 400 mil anos atrás) é o tempo dos

homens que viviam em cavernas, e que viviam da caça, da pesca e da colheita.

Nesta época, o homem já fazia uso da arte com representação de seu mundo, por

meio de registros nas paredes das cavernas, o que se denomina por Pintura

Rupestre. Executadas em recantos escuros e profundos das grutas que intrigam os

pesquisadores por seu propósito mais complexo que a mera decoração,

relacionadas ao pensamento mítico. Acredita-se que esteja ligado a rituais

realizados com o intuito que ajudasse em uma boa caçada. Abaixo podemos

observar uma pintura rupestre:

FIGURA 10 – PINTURA RUPESTRE LOCALIZADA NA ESPANHA

FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/arte-na-antiguidade/pintura-

rupestre-1.php> Acesso em: 12 fev. 2009.

Certamente estes povos desconheciam o que hoje chamamos de arte. E

para eles, a gravação de imagens tais como bizões, cavalos ou touros, tinha uma

função mágica, ligada a um pensamento mítico.

Um pouco mais além, no Período Paleolítico, se destacam pequenas

estátuas de osso, pedra ou marfim, em formatos femininos e arredondados, às quais

se atribui o título de deusas da fertilidade. Um exemplar destas deusas é a Vênus de

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Willendorf, encontrada na Áustria; ela possui cerca de doze centímetros de altura e

deve ter sido produzida entre 25 e 20 mil anos a.C.

FIGURA 11 – VÊNUS DE WILLENDORF - 25 E 20 MIL ANOS a.C

FONTE: Disponível em http: <//www.casaconhecimento.com.br/blog/2008/05/venus-de-willendorf/>

Acesso em: 12 fev. 2009.

Nos moldes das pinturas das Cavernas de Altamira e Lascaux situadas na

Europa, no Brasil também se encontram inúmeros sítios arqueológicos com pinturas

rupestres carregadas de significados, um exemplo marcante é a Serra da Capivara

(Piauí). A função destas obras, entretanto, se mantém a mesma em todo o planeta:

tratam de questões mágicas e ritualísticas ligadas à preservação da espécie.

Na Idade Antiga, recebe destaque a arte grega. Dentre as cidades-Estado

gregas, Atenas se tornou a mais famosa por sua produção artística. E é na escultura

que percebemos com mais clareza a evolução estilística do período. Inicialmente

rígidas e estáticas, a representação tridimensional das figuras humanas dava-se o

nome de Kouroi e Kourai, denominações que equivalem, respectivamente, às

esculturas masculinas e femininas; eram rígidas, geometrizadas e remetiam aos

padrões da escultura egípcia. Com o transcorrer do tempo, estas esculturas foram

se tornando mais soltas, até atingirem uma ideia de movimento.

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FIGURA 12 – ESCULTURA GREGA

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/PRAXIT~1.JPG>.

Acesso em: 12 fev. 2009.

Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, as obras se referiam

principalmente à religião. O que chamamos de período Paleocristão não constitui um

estilo no sentido exato do termo, mas qualquer obra que precedeu o cisma da Igreja

Ortodoxa.

As primeiras obras de arte descritas deste momento são as pinturas

encontradas nas catacumbas, local de reunião dos cristãos, cuja principal

característica foi registrar os episódios do Antigo e do Novo Testamento. A produção

de esculturas foi praticamente extinta neste período, em razão das proibições

(contidas nas escrituras) ao culto de imagens.

As representações da imagem do rosto de Cristo mostram uma figura com

feições fortes. Este tipo de representação religiosa é denominado Cristo Pantocrator,

ou seja, criador de todas as coisas.

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FIGURA 13 – DETALHE DE UM MOSAICO DA IGREJA DE SANTA SOFIA.

SÉCULO XIII

FONTE: Disponível em: <http://www.starnews2001.com.br/bizantino/byzance.html>.

Acesso em: 13 fev. 2009.

Na época do Renascimento (Idade Moderna), os pintores e escultores foram

finalmente elevados à categoria de artistas, espaço antes ocupado basicamente por

arquitetos, poetas e escritores. Agora, não eram mais considerados artesãos e

sendo nomeados pintores e escultores podiam opinar sobre questões mais

importantes para a sociedade. A Igreja Católica continuou seu domínio, mas houve

uma ascensão gradativa da nobreza.

Brotaram de Florença (século XV), berço do Renascimento italiano, muitos

artistas geniais como: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Dante Alighieri, Filippo

Brunelleschi, Sandro Botticelli, Rafael Sanzio e Nicolau Maquiavel são deste

período. Entre as obras mais famosas está o “Nascimento de Vênus”, de Sandro

Botticelli (1446 – 1510), tela que exibe a Vênus (Deusa) em pé sobre uma imensa

concha, com seus longos cabelos envolvendo o corpo. Encomendada por Lourenço

de Médici, um mecena (burguês rico que patrocinava o trabalho de artistas e

escritores) serviu de decoração para sua casa.

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O mesmo mecena foi também o patrocinador de Américo Vespucio. Havia

um clima inovador e uma mudança de espírito (aliada ao dinheiro que vinha da

burguesia) que permeava o período e permitia que os artistas não reproduzissem

apenas os temas bíblicos.

O valor da obra de Leonardo é indiscutível. Obras como “A Virgem do

Rochedo”, “Santa Ceia” e, é claro, a “Monalisa” até hoje despertam curiosidade e

novas interpretações, sem dúvida fazem parte de nossa riqueza cultural. Além da

utilização da perspectiva geométrica, Da Vinci criou uma técnica conhecida como

esfumato, onde o claro e o escuro da imagem final é o resultado da sobreposição de

inúmeras camadas de tinta bem diluída. À geometria das linhas soma-se uma

ambientação ímpar, que potencializa a sensação ilusionista de profundidade e

realidade.

FIGURA 5 – MONALISA

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/1monalisa.jpg>.

Acesso em: 13 fev. 2009.

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Na Idade Contemporânea muitos foram os movimentos artísticos, dentre

eles: Neoclássico (caracterizado pelo retorno ao passado, pela imitação dos

modelos antigos greco-latinos), Realismo (cientificismo, a expressão da realidade e

dos aspectos descritivos), Impressionismo (destaque para a arte abstrata que tende

a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e os planos,

as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito), Cubismo

(geometrização das formas e volumes, renúncia à perspectiva, o claro-escuro perde

sua função, representação do volume colorido sobre superfícies planas).

Algumas obras deste período merecem destaque:

FIGURA 14 – NEOCLÁSSICO: A GRANDE ODALISCA DE JEAN-AUGUSTE-

DOMINIQUE INGRES (1814)

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html>

Acesso em: 25 fev. 2009.

FIGURA 15 – OBRA DO REALISMO

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html>.

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Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 16 – OBRA DO IMPRESSIONISMO

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/MONET1.jpg>

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 17 – OBRA CUBISTA

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/beijo_picasso.jpg>

Acesso em: 13 fev. 2009.

A evolução artística, cultural e social, permitiu que a arte trilhasse muitos

caminhos, dando um pulo gigantesco para a nossa contemporaneidade percebemos

o quanto a arte, atualmente, assume a preocupação de assumir uma expressão

crítica do artista com a sociedade e com a própria arte.

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Marcel Duchamp, artista bastante polêmico da contemporaneidade, revelou

sua posição crítica com relação aos grandes salões de arte, com obras um tanto

“ousadas”, mas que mostram o quanto a arte se desligou da obrigatoriedade de

retratar a realidade externa. O artista tenta buscar uma linguagem pessoal, a

expressão de seu pensamento.

FIGURA 18 – A FONTE - MARCEL DUCHAMP

FONTE: Disponível em: <http/digitalphilosophy.wordpress.com/2008/06/08/>

Acesso em: 24 jan. 2009.

FIGURA 19 – RODA DE BICICLETA - MARCEL DUCHAMP

FONTE: Disponível em: <http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html>

Acesso em: 24 jan. 2009.

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A obra de Marcel Duchamp é considerada uma “ready-made”, ou seja, uma

manifestação da intenção em romper com o processo artesanal da produção

artística de seu tempo, apropriando-se de algo que já está feito, industrializado e que

tem finalidade prática e não artística (o urinol de louça, a roda de bicicleta, a

banqueta) passando esses artigos para a categoria de arte.

Os temas e interesses, formas e conteúdos vão se modificando ao longo do

tempo. Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é própria e que jamais

se irá renascer.

A arte contemporânea, no início do século XX, sai dos museus e galerias e

deixa de ser privilégio das elites, para ajudar a humanizar o nosso mundo

materialista, é o momento do efêmero, que suscita uma atitude de aceitação.

Nossa sociedade vive uma crise de valores, proveniente da ruptura com os

paradigmas da modernidade agravada pela globalização econômica e cultural. Uma

sociedade que deixa bem claro que não existe diferença entre honesto ou traidor,

ignorante ou sábio, enganador ou generoso.

A arte, atualmente, propõe um novo olhar sobre a realidade, por meio das

intervenções urbanas. Neste contexto, recria-se um clima de incertezas, dificuldades

e resoluções em que o espectador interage com a obra que não finda, mas está em

constante renovação.

Convém lembrar que chamamos de intervenção toda e qualquer atividade

artística que rompe com o padrão ou a rotina de um determinado ambiente.

Na contemporaneidade podemos citar como intervenção urbana o trabalho

de performance, muito comum em agências de publicidades, por ocasião do

lançamento de um novo produto no mercado, as estátuas vivas, presentes em

praças e shoppings e o grafite, dentre outros. Neste último caso, a pintura sai da tela

para ocupar espaços alternativos como muros ou paredes, prédios, veículos,

calçadas, postes, árvores, corpos humanos, etc.

O que vale ressaltar é que a arte contemporânea, produto do homem,

procura soluções para os nossos problemas mais imediatos. Por isso, afasta-se das

questões da contemplação e busca uma interação mais efetiva com o observador.

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Os movimentos encontrados dentro da arte contemporânea beiram ao

infinito, pois a cada dia um artista pode criar seu próprio movimento. As

transformações parecem dar indício de que não estão nem próximas de uma

estabilidade. Equilibrar-se neste mundo é vital, e ter critérios de discernimento é

fundamental para não cairmos nos perigos do excesso de subjetividade do gosto

pessoal. Já que as fontes de informação são inesgotáveis, se tivermos alguns

pontos cardeais poderemos nos situar com menor dificuldade no labirinto da pós-

modernidade.

Segundo Tavares (2006), ao desenhar nas paredes ou fabricar cestarias e

cerâmicas, o homem primitivo era impulsionado pelas mesmas questões de

sobrevivência que motivaram o homem do Renascimento e o do século XX. A arte,

então, aparece no mundo humano como forma de organização, como modo de

transformar a experiência vivida em objeto de conhecimento que se desvela por

meio de sentimentos, percepções e imaginação. Assim, ela abarca um tipo de

conhecimento a partir de universos sensíveis e ideais da apreensão humana da

realidade.

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2.3 ARTE NO BRASIL

A arte das inúmeras tribos indígenas se destaca na cerâmica, trançados, a

arte plumária e a pintura corporal. Esta é uma arte diferente, pois não está

necessariamente associada a algum fim utilitário, mas apenas a pura busca da

beleza.

Sabemos que com a chegada dos colonizadores europeus, mais

especificamente dos portugueses, muitas tribos foram dizimadas. Grande parte da

história dos povos indígenas se perdeu. A busca por riquezas na terra de Santa

Cruz, com características extrativistas, não via com bons olhos os selvagens nativos.

O processo de catequização tentava amenizar o suicídio cometido em massa pelos

índios que preferiam a morte à escravidão. Não apenas uma, mas diversas culturas

desapareceram.

FIGURA 20 – CESTOS E ÍNDIOS

FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/xavantes.jpgres>

Acesso em: 12 fev. 2009.

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A arte é influenciada pelo desenvolvimento da sociedade e a prova disso é

que se examinarmos o contexto histórico de um país ou de uma época, este é

permeado pelas descrições e informações trazidas pela arte e pelos artistas, grande

parte da história é escrita baseada nos elementos artísticos. Como exemplo, pode-

se citar o artista francês Jean Baptiste Debret, o qual retratou em suas obras as

aclamações à Dom Pedro I, a vida indígena no Brasil e os vários momentos

históricos do império. Vejamos a seguir uma de suas obras, a qual retrata a

escravidão pela qual foram vítimas os indígenas que aqui habitavam na chegada

dos colonizadores.

FIGURA 21 – “O CAÇADOR DE ESCRAVOS” - JEAN BAPTISTE

FONTE: Disponível em: <Debrethttp://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_baptiste_debret_-

_ca%C3%A7ador_escravos.jpg> Acesso em: 23 jan. 2009.

Manuel da Costa Ataíde foi o maior vulto da pintura colonial brasileira. Foi

autor de uma extensa obra, mas o teto da Igreja de São Francisco de Assis é seu

trabalho mais reconhecido. Mulato, como a maior parte dos artistas brasileiros do

período, volta-se com mais atenção para a execução do que para a criação. Inova,

entretanto, nos modelos compositivos e na fisionomia das personagens.

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FIGURA 22 – TETO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS PINTADO POR

MANUEL DA COSTA ATAÍDE

FONTE: Disponível em: <http://www.literaturabrasileira.net/site/content/view/19/35/>

Acesso em: 13 fev. 2009.

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi o artista brasileiro que despertou

o maior interesse por estudiosos internacionais, e é o único brasileiro a integrar o

panorama da história internacional das artes do período.

Seu reconhecimento hoje é indiscutível e suas obras determinam o circuito

turístico cultural de Minas Gerais. A singularidade de sua extensa produção abrange

a relação entre a arquitetura e a escultura, num consciente desenvolvimento de uma

arte expressiva. Tanto na pedra-sabão, como na madeira policromada, a

sensibilidade de seu gesto é, ao mesmo tempo, delicada e dramática. O prazer

estético advindo da observação de suas peças sobrepõe-se às questões temáticas e

narrativas das esculturas. Os detalhes do portal da Igreja de São Francisco de Assis

na cidade de São João del Rei são dignos de uma atenta observação. Sua

afirmação como escultor, entretanto, está no extraordinário conjunto de Congonhas

do Campo (1796 a 1805), onde as cenas dos Passos e dos Profetas estruturam um

espaço que contextualiza a religiosidade tradicional e as questões políticas da

época.

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FIGURA 23 – ESCULTURA DE ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA, O ALEIJADINHO

FONTE: Disponível em http: <//www.literaturabrasileira.net/site/content/view/19/35/>

Acesso em: 13 fev. 2009.

Dentro do movimento modernista, Tarsila, chama a atenção para os

elementos da natureza, principalmente os ligados ao sertanejo, à região Nordeste do

país, valorizando assim a cultura nordestina. A religião também é um tema bastante

apreciado pela artista. A obra “Procissão” chama a atenção pela magnitude (7

metros de comprimento) e traz, de forma caprichosa e autêntica, inúmeros detalhes

da fé nacional. A artista traduz com perfeição a arte aprendida em Paris para a

nação brasileira e traz novas tendências para a arte nacional.

FIGURA 24 – ABAPURU (1928) – ÓLEO/TELA DE TARSILA DO AMARAL

FONTE: Disponível em: <http//www.tarsiladoamaral.com.br/obras2> Acesso em: 13 fev. 2009.

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Essa obra foi realizada para presentear Oswald de Andrade (marido de Tarsila

nesta época). O quadro acabou virando marco do movimento Antropófago no Brasil, pois

a figura estranha fez Tarsila lembrar de um verbete Tupi-Guarani “Abapuru”, ou, na

sua tradução, “Homem que come”. Esse episódio marcou o início da determinação

artística de digerir a cultura europeia e transformá-la em algo originalmente

brasileiro.

Outros artistas modernistas brasileiros significaram muito para a evolução da

arte brasileira, algumas de suas obras são abaixo ilustradas:

FIGURA 25 – CAIPIRA PICANDO FUMO DE ALMEIDA JÚNIOR

FONTE: Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/saudade-almeida-junior>

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 26 – O MORRO DE HEITOR DOS PRAZERES

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/brasil.htm>. Acesso em: 14 fev. 2009.

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FIGURA 27 – BANDEIRINHAS DE ALFREDO VOLPI

FONTE: Disponível em: <http://www.bolsadearte.com/cotacoes/volpi.htm>. Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 28 – JOGO DE CARRETÉIS II DE IBERÊ CAMARGO

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/ibere/ibere.htm>

Acesso em: 14 fev. 2009.

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FIGURA 29 – RETIRANTES DE CÂNDIDO PORTINARI

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/portinari/portinari.htm>.

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 30 – MURAL DE DI CAVALCANTI, PROJETADO EM 1954

FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/cavalcanti/cavalcanti.htm>.

Acesso em: 14 fev. 2009.

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FIGURA 31 – A BOBA DE ANITA MALFATI

FONTE: Disponível em: <http://www.sampa.art.br/biografias/anitamalfatti/galeria/.

Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 32 – MONUMENTO ÀS BANDEIRAS DO ESCULTOR VICTOR

BRECHERET INSTALADO NA PRAÇA ARMANDO SALLES DE OLIVEIRA,

NO IBIRAPUERA

FONTE: Disponível em: <http://www.sampa.art.br/historia/monumentoasbandeiras/>.

Acesso em: 14 fev. 2009.

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FIGURA 33 – PAINEL DE POTY LAZZAROTTO NO CENTRO DE CURITIBA

FONTE: Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/guia/a-arte-ao-ar-livre>

Acesso em: 16 fev. 2009.

Uma síntese da arte contemporânea brasileira pode deixar alguns leitores

perplexos com aquilo que chama hoje de arte. Permeada de inquietude e

desconcerto (proveniente muitas vezes da incompreensão) o telespectador pode

achar que está sendo enganado ou mesmo insultado por essa arte.

Na verdade, como sustenta Farias (2002), a arte contemporânea nasce

como resposta ao esgotamento deste ensimesmamento da arte, com as

modalidades canônicas – pintura e escultura – explorando-se, investigando suas

naturezas até o avesso. Entre os índices – e são tantos! – desse esgotamento,

figuram desde o retorno de questões e fórmulas antes vistas como ultrapassadas – a

pintura e a escultura figurativas, de conteúdo político, mitológico etc. – até o

florescimento de expressões híbridas, quando não inteiramente novas, como as

obras que oscilavam entre a pintura e a escultura, os happenings e as performances;

as obras que exigiam a participação do público; as instalações; a arte ambiental, etc.

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Alguns artistas brasileiros e contemporâneos:

FIGURA 34 – ZERO DOLLAR DE CILDO MEIRELES

FONTE: Disponível em: <http://www.escritoriodearte.com/listarQuadros.asp?artista=245>

Acesso em: 16 fev. 2009.

FIGURA 35 – SEM TÍTULO (1986) DE NUNO RAMOS

FONTE: Disponível em:

<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_criticas&c

d_verbete=2916&cd_item=15&cd_idioma=28555>. Acesso em: 14 fev. 2009.

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FIGURA 36 – DANIEL SENISE

FONTE: Disponível em: <http://www.tecepe.com.br/bienal/>. Acesso em: 14 fev. 2009.

FIGURA 37 – RETRATO 2002 DE LEDA CATUNDA

FONTE: Disponível em: <http://fortesvilaca.com.br/exposicoes/2002/12-leda-catunda/foto-1.html>.

Acesso em: 14 fev. 2009.

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Ainda sobre a arte contemporânea, a 28ª Bienal de São Paulo

(dezembro/2008) é um modelo do que a arte sugere para a atualidade. Na foto

abaixo você pode perceber a magnitude da obra, a qual pretende que o visitante

possa interagir com a produção artística.

FIGURA 38 – ESCORREGADOR DO ARTISTA CARSTEN HÖLLER

FONTE: Disponível em: <http://www.abril.com.br/fotos/bienal-de-arte-2008/?ft=bienal-de-arte-carsten-

holler>. Acesso em: 14 fev. 2009.

Farias (2002) faz um retrospecto do que seria a passagem da arte moderna

para a arte contemporânea:

Primeiro foi o futurismo, e hoje o senso-comum identifica "moderno" como

sinônimo do que há de mais novo, o mais atual ou mais contemporâneo.

Mas, no que se refere à arte, moderno é uma coisa, e contemporâneo,

outra. Moderno é o nome de um movimento com características particulares

que nasceu na Europa, com variados desdobramentos por quase todos os

países do Ocidente, e que entrou em crise a partir da década de 1950. A

partir daí, foi sendo substituído por um conjunto de manifestações que, cada

qual dotada de peculiaridades, foi, na falta de um nome melhor, reunido sob

a etiqueta simples e genérica de arte contemporânea. (FARIAS, 2002).

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Agora é a sua vez!!!

Vamos refletir um pouco sobre a arte contemporânea!

Leia as perguntas e tente responder mentalmente. Procure dentro de você

os significados de cada obra, as qualidades de cada artista.

O que você pensa sobre a arte contemporânea?

O que cada artista procurou mostrar com as obras abaixo ilustradas?

Qual a ligação com o tema abordado "em vivo contato" (pretendia refletir

sobre a função da exposição)?

Você compraria uma obra dessas? Até quanto pagaria?

FIGURA 39 – ÁLBUM DE FOTOS DA 28ª BIENAL DE SÃO PAULO

FONTE: Disponível em: <http://www.abril.com.br/fotos/bienal-de-arte-2008/?ft=bienal-de-arte-carsten-holler>.

Acesso em: 16 fev. 2009.

----------- FIM DO MÓDULO II -----------