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Prof. Robério Nunes dos Anjos Filho 1/119 Direitos Fundamentais Em Espécie (Art. 5° da CF/88) Direito Constitucional Prof. Robério Nunes dos Anjos Filho Procurador Regional da República Doutor pela USP Mestre pela UFBA

Artigo 5 direitos fundamentais em espécie - federal 2011

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Direitos FundamentaisEm Espécie (Art. 5° da CF/88)

Direito Constitucional Prof. Robério Nunes dos Anjos Filho

Procurador Regional da RepúblicaDoutor pela USP

Mestre pela UFBA

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• “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)”

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• O Art. 5° está em consonância com o nosso preâmbulo:

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

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• Direito à vida• É o maior de todos os direitos, até porque

sem ele os demais perdem seu significado. Abrange diversos desdobramentos, dentre os quais:

• a) o direito à existência;• b) o direito à dignidade da pessoa

humana;• c) o direito à integridade;• d) o direito à privacidade.

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• Direito à vida: existência

• O direito à existência “Consiste no direito de estar vivo, de lutar pelo viver, de defender a própria vida, de permanecer vivo” (José Afonso da Silva).

• A vida é um processo:

INÍCIOINÍCIOCICLO VITALCICLO VITAL

FIMFIM

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• Direito à vida: existência

• Termo inicial do direito à vida, na sua projeção de existência:– Concepção genética: novo conjunto genético

(concepção ou fertilização)– Nidação: fixação do óvulo na parede do útero– Concepção Embriológica: 3ª semana– Concepção Nemológica: atividade cerebral (8ª ou

20ª semana)– Concepção Ecológica: capacidade de sobreviver

fora do útero, pulmões prontos (entre a 20ª e a 24ª semanas).

– Concepção Personalista: atribuição da personalidade.

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• Direito à vida: existência

• Correntes doutrinárias sobre o nascituro:– Teoria natalista: a personalidade tem início a partir

do nascimento com vida. Não há direitos sem sujeito, e o nascituro não é um ser humano já formado.

– Teoria da personalidade condicional: o nascituro tem personalidade, sob a condição de que nasça com vida.

– Teoria concepcionista: desde a vida intra-uterina o nascituro é pessoa, sendo portanto titular de direitos:

• Desde que haja vida viável, a partir da nidação; ou• Desde a fertilização pura e simples.

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• Direito à vida: existência• STF:

– “III - A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA E OS DIREITOS INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO PRÉ-IMPLANTO. O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias "concepcionista" ou da "personalidade condicional").

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• Direito à vida: existência• STF:

– E quando se reporta a "direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e garantias individuais" como cláusula pétrea está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos direitos fundamentais "à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade", entre outros direitos e garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao planejamento familiar).

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• Direito à vida: existência• STF:

– Mutismo constitucional hermeneuticamente significante de transpasse de poder normativo para a legislação ordinária. A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana.

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• Direito à vida: existência• STF:

– O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser humano.

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• Direito à vida: existência• STF:

– Os momentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição.

– IV - AS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO. (...)” (ADI 3510, Relator:  Min. Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgado em 29/05/2008)

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• Direito à vida: existência

• O termo final do direito à vida, na sua projeção de existência, é a morte, que pode ser:– Natural; ou– Provocada.

• Considera-se morte a ausência de atividade cerebral (morte encefálica), não a ausência de batimento cardíaco: convenção humana.

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• Direito à vida: existência• A redefinição de morte, que deixou de ser

aferida pela ausência debatimento cardíaco e passou ser considerada a morte encefálica, foifeita em 1968 por uma comissão ad hoc da Harvard Medical School, logo após a realização do primeiro transplante cardíaco na Cidade do Cabo (África do Sul).

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• Direito à vida: existência

• Lei nº 9.434/97: “Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina”.

• Vide Resolução 1.480/1997 do CFM.

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• Direito à vida: existência

• Em princípio toda morte provocada é ofensiva ao direito à vida, mas há exceções admitidas pelo direito, como a legítima defesa e o estado de necessidade.

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• Direito à vida: existência

• Pena de morte:

Art. 5°, XLVII – “não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;”

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• Direito à vida: existência

• Pena de morte:– Fora da hipótese de guerra declarada é vedada, e é

cláusula pétrea (art. 60, § 4°, IV).– A PEC 01/88, de 06-10-88, de autoria do Dep. Amaral

Neto, previa a pena de morte. Foi inadmitida pela CCJ da Câmara em 04-12-1997, à unanimidade.

– Mesmo no caso de guerra externa a previsão de pena morte tem que obedecer à proporcionalidade

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• Direito à vida: existência

• Pena de morte. Código Penal Militar (Dec. Lei 1001, de 21-10-1969):

Art. 55. As penas principais são: a) morte; (…)

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação.parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interêsse da ordem e da disciplina militares.

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• Direito à vida: existência• Pena de morte. Código Penal Militar (Dec. Lei 1001, de 21-10-1969).

Previsões:– Traição própria (art. 355);– Favor ao inimigo (art. 356);– Tentativa contra a soberania do Brasil (art. 357);– Coação a comandante (art. 358);– Informação ou auxílio ao inimigo (art. 359);– Aliciação de militar (art. 360);– Ato prejudicial à eficiência da tropa (art. 361);– Traição imprópria (art. 362);– Cobardia qualificada (art. 364);– Fuga em presença do inimigo (art. 365);– Espionagem (art. 366);– Motim, revolta ou conspiração (art. 368);– Incitamento em presença do inimigo (art. 371);– Rendição ou capitulação (art. 372);– Falta de cumprimento de ordem qualificada (art. 375, parágrafo único);– Separação reprovável (art. 378);– Abandono de comboio qualificado (art. 379, § 1°);

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• Direito à vida: existência• Pena de morte. Código Penal Militar (Dec. Lei 1001, de 21-10-1969).

Previsões:– Dano especial (art. 383);– Dano em bens de interêsse militar (art. 384);– Envenenamento, corrupção ou epidemia (art. 385);– Crimes de perigo comum (art. 386);– Recusa de obediência ou oposição (art. 387);– Violência contra superior ou militar de serviço (art. 389);– Abandono de pôsto (art. 390);– Deserção em presença do inimigo (art. 392);– Libertação de prisioneiro (art. 394);– Evasão de prisioneiro (art. 395)– Amotinamento de prisioneiros (art. 396);– Homicídio em presença do inimigo qualificado (art. 400, III);– Genocídio (art. 401);– Roubo ou extorsão em zona de operações militares ou em território militarmente

ocupado (art. 405);– Saque em zona de operações militares ou em território militarmente ocupado

(art. 406);– Violência carnal em lugar de efetivas operações militares quando resulta morte

(art. 408, parágrafo único, b).

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• Direito à vida: existência• Pena de morte - EUA: Supremo considera inconstitucional pena de morte para menores de

18 anos - 01.03.2005 ‑ 15h58 Um acórdão da Suprema Corte dos Estados Unidos, aprovado hoje com cinco votos a favor e quatro contra, determina que a aplicação da pena de morte a pessoas que cometeram crimes antes dos 18 anos de idade é inconstitucional.Esta é a segunda derrota judicial dos defensores da pena de morte nos Estados Unidos, depois de em 2002 ter sido proibida a condenação à morte de deficientes mentais.A Suprema Corte dos Estados Unidos já tinha considerado inconstitucional, em 1988, a execução de jovens com menos de 16 anos de idade, mas 19 estados norte‑americanos continuam a executar pessoas que tinham cometido crimes antes de fazerem 18 anos.O porta‑voz dos juízes do Supremo, Anthony Kennedy, fez notar que a maioria dos estados norte‑americanos não condena à morte menores de 18 anos e salientou que os que recorrem a esta prática fazem‑no cada vez com menos freqüência. A tendência, segundo o Supremo, é no sentido da abolição da pena capital.Para além dos Estados Unidos, a condenação à morte de menores de 18 anos tem sido aplicada em poucos países, como o Irã, o Paquistão, a China e a Arábia Saudita.A pena de morte foi reintroduzida nos Estados Unidos em 1976. Atualmente aguardam execução mais de 3.400 prisioneiros nos 38 estados que permitem esta punição.Supremo confirma decisão do estado do MissouriA decisão de hoje da Suprema Corte resulta de um recurso motivado por um acórdão do Tribunal Federal do Missouri, que rejeitou a aplicação da pena de morte a Christopher Simmons, de 17 anos, que em 1993 raptou uma vizinha, amarrou‑a e atirou‑a de uma ponte abaixo. Durante o julgamento a acusação afirmou que o jovem planejou o roubo e a morte de Shirley Crook e que se gabou da possibilidade de escapar à prisão devido à sua idade.

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• Direito à vida: dignidade

• O direito à dignidade: não basta existir, a vida há que ser digna.

• O direito à dignidade da pessoa humana é hoje considerado o fundamento do próprio direito.

• A dignidade é um princípio e o um valor fundamental.

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• DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

• Relação entre pessoas e coisas. Segundo Kant:• PESSOA:

– Fim em si mesmo – Dignidade– Autonomia– Insubstituível

• COISA– Meio, instrumento para realizar a dignidade– Preço:

• Econômico• Afetivo

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• Direito à vida: dignidade• Declaração Universal dos Direitos do Homem:

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, (…)Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.”

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• Direito à vida: dignidade• CF/88:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana;

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• Direito à vida: dignidade

• CF/88:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...)

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• Direito à vida: dignidade• CF/88:

Art. 226. (...) § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

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• Direito à vida: dignidade• CF/88:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

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• Direito à vida: Dignidade x Existência

EutanásiaSignificado do termo “eutanásia”: “morte bela”, “morte suave”, “morte tranqüila”, “morte sem dor”, “morte sem padecimento”.Não confundir eutanásia com ortotanásia, que implica não mais prolongar artificialmente a vida para não gerar mais sofrimento.

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• Direito à vida: dignidade x existência

EutanásiaA eutanásia não é admitida no nosso

ordenamento, diante da alegação de irrenunciabilidade do direito à vida.

“Não parece caracterizar eutanásia a consumação da morte pelo desligamento de aparelhos que, artificialmente, mantenham vivo o paciente, já clinicamente morto. Pois, em verdade, vida já não existiria mais, senão vegetação mecânica” (José Afonso da Silva)

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• Direito à vida: existência• Lei nº 9.434/97: “Art. 3º A retirada post mortem

de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina”.

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• Direito à vida: dignidade x existência

EutanásiaMesmo com o consentimento do paciente a prática da eutanásia pode levar à responsabilização penal do médico.Código Penal:Induzimento, instigação ou auxílio a suicídioArt. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.Parágrafo único. A pena é duplicada:I - se o crime é praticado por motivo egoístico;II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

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• Direito à vida:

dignidade x existência

Eutanásia

A vedação à eutanásia ofende a dignidade humana?

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• Direito à vida:

dignidade x existência

Aborto

O aborto deve ser tratado como crime ou como questão de saúde pública?

Tema polêmico:

- Reunificação alemã

- Caso Roe versus Wade

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• Direito à vida: dignidade x existênciaAborto

EUA - O aborto é um direito da mulher até a 24ª semana;

JAPÃO - O aborto pode ser feito até a 21ª semana (mínimo hoje para o feto sobreviver for a do útero – teoria ecológica) em casos de estupro, risco físico ou risco econômico;

FRANÇA - O aborto pode ser feito até a 12ª semana, e após isso só se houver risco à vida da mulher ou grave problema de saúde do feto;

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• Direito à vida: dignidade x existênciaAborto

PORTUGAL - O aborto (interrupção voluntária da gravidez) foi legalizado por referendo em 2007 (Lei nº 16/2007 de 17 deAbril ) e é permitido: a) até a 10ª semana de gravidez a pedido damulher, independentemente, das razões, após um período de reflexão de 3dias; b) até a 16ª semana em caso de violação ou crime sexual (não sendo necessário que haja queixa policial);

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• Direito à vida: dignidade x existênciaAborto

PORTUGAL - O aborto (interrupção voluntária da gravidez) foi legalizado por referendo em 2007 (Lei nº 16/2007 de 17 deAbril ) e é permitido: c) até a 24ª semana em caso de malformação do feto;d) em qualquer momento emcaso de risco para a grávida ("perigo de morte ou de grave eirreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica damulher grávida") ou no caso de fetos inviáveis.

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• Direito à vida: dignidade x existênciaAborto

CHILE - O aborto é proibido em qualquer circunstância, mesmo com risco de vida para a mulher.

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• Direito à vida: dignidade x existência

Aborto

No Brasil o aborto é crime, nos termos do Código Penal:Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

• Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

• Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.• Aborto provocado por terceiro• Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento

da gestante:• Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.

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• Direito à vida: dignidade x existência

Aborto

Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:

• Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

• Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

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• Direito à vida: dignidade x existência

Aborto

Forma qualificada• Art. 127. As penas cominadas nos dois

artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

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• Direito à vida: dignidade x existência

Aborto

• Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário• I - se não há outro meio de salvar a vida

da gestante;Aborto no caso de gravidez resultante de

estupro• II - se a gravidez resulta de estupro e o

aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

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• Direito à vida: dignidade x existência

Aborto

Ponderações de interesses:

1) Aborto terapêutico ou necessário, para salvar a vida da gestante:

Existência x Existência

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• Direito à vida: dignidade x existência

Aborto

Ponderações de interesses:

2) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro:

Existência x Dignidade/Honra

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• Direito à vida: dignidade x existência

Aborto

- ADPF 54 e aborto de feto anencefálico

- Sistema único de saúde e aborto

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• Direito à vida: integridade

• O direito à integridade abrange:

–Integridade física

–Integridade moral

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• Direito à vida: integridade física

• Há uma preocupação constitucional especial em relação à integridade física e moral do preso:a) ninguém será submetido a tortura ou a tratamento desumano ou degradante (5°, III);b) a lei considerará a tortura crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, e por ela responderão os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-la, se omitirem (5°, XLIII); c) não haverá penas cruéis (5°, XLVII, e); d) é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral (5°, XLIX);

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• Direito à vida: integridade física

e) a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (5°, LXII); f) o preso será informado dos seus direitos, dentre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado (5°, LXIII); g) o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial (5°, LXIV); h) a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária (5°, LXV); i) ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (5°, LXVI).

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Direito à vida: integridade física

□Uma das piores formas de violação à integridade física é a tortura.

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• Direito à vida: integridade física• A tortura é vedada pelo sistema internacional

de proteção aos direitos humanos:• Convenção contra a tortura e outros

tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes (Resolução 39/46, da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1984);

• Convenção Interamericana Para Prevenir e Punir a Tortura (Cartagena das Índias, Colômbia, em 9 de Dezembro de 1985)

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• Direito à vida: integridade física• A tortura, também é vedada

constitucionalmente: Art. 5°, III – “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;”Art. 5°, XLIII – “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;”

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• Direito à vida: integridade física

• A tortura é tratada ainda pela lei 9.455/97, cujo art. 1°, diz que constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Incorre na mesma pena (2 a 8 anos de reclusão) quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal (§ 1°).

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• Direito à vida: integridade física

• Como derivação da proteção à integridade física e da inalienabilidade dos direitos fundamentais, temos a vedação constitucional a qualquer forma de comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas, prevista no artigo 199, § 4°, da Lei Maior: “A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização”.

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• Direito à vida: integridade moral

• A integridade moral também é protegida constitucionalmente:

Art. 5°, V – “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;”Art. 5°, X – “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”Art. 5°, XLIX – “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;”

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• Direito à vida: privacidade• Art. 5°, X – “são invioláveis a intimidade, a vida

privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”

• Assim, o direito à privacidade compreende:– Intimidade– Vida privada– Honra– Imagem

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• Direito à vida: privacidade• Art. 5°, XI - “a casa é asilo inviolável do

indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”;

• Art. 5°, XII - “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.

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• Direito à vida: privacidade

• Sigilo de dados inclui os dados:– Telefônico– bancários– fiscais

• Esses sigilos estão protegidos pela cláusula da reserva de jurisdição?

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• Direito à vida: privacidade• Artigo 6° da Lei Complementar n° 105/2001:• “As autoridades e os agentes fiscais tributários da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

• Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária.”

• ADI’s 2386, 2390, 2397

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• Direito à vida: privacidade

• “O sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide sobre os dados/registros telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das comunicações telefônicas) - ainda que representem projeções específicas do direito à intimidade, fundado no art. 5º, X, da Carta Política - não se revelam oponíveis, em nosso sistema jurídico, às Comissões Parlamentares de Inquérito, eis que o ato que lhes decreta a quebra traduz natural derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela própria Constituição da República, aos órgãos de investigação parlamentar.” (STF, MS-23452/RJ)

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• Direito à vida: privacidade

• “SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto àcorrespondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal.

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• Direito à vida: privacidade

• SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídico-tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte.” (RE 389808, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2010)

• OBS: 5x4!!!

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• Direito à vida: privacidade

• Pelo provimento: Min. Marco Aurélio, Min. Ricardo Lewandowski, Min. Celso de Mello, Min. Gilmar Mendes, Min. Cezar Peluso (Presidente).

• Pelo desprovimento: Min. Carlos Britto, Min. Dias Tóffoli, Min. Cármen Lúcia, Min. Ellen Gracie.

• Ausente o Min. Joaquim Barbosa, relator para o acórdão da AC 33. Não estava na Corte o Min. Luiz Fux.

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• Direito à vida: privacidade• Na AC 33, relativa ao RE 389808, a cautelar foi deferida

pelo Min. Marco Aurélio, mas o Tribunal Pleno, em 24/11/2010, por maioria de 6x4 negou o referendo à cautelar.

• Negaram referendo à liminar: Min. Joaquim Barbosa, Min. Carlos Britto, Min. Dias Toffoli, Min. Cármen Lúcia, Min. Ellen Gracie, Min. Gilmar Mendes.

• Deram referendo à liminar: Min. Marco Aurélio, Min. Ricardo Lewandowski, Min. Celso de Mello, Min. Cezar Peluso.

• No julgamento do RE 389808, em 15/12/2010 o Min. Gilmar Mendes mudou seu entendimento.

• O tema deve ser enfrentado novamente nas ADIs 2386, 2390, 2397.

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• Direito à vida: privacidade• O Supremo Tribunal Federal admitiu que o

sigilo das correspondências dos presidiários não está protegido pela reserva de jurisdição, e portanto pode ser excepcionalmente quebrado pela administração penitenciária, por ato fundamentado do diretor do estabelecimento – Art. 41, parágrafo único da Lei 7.210/84 (HC 70.814/SP).

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• Direito à vida: privacidade• Exame de DNA e STF:

1ª Decisão: “Discrepa, a mais não poder, de garantias constitucionais implícitas e explícitas - preservação da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do império da lei e da inexecução específica e direta de obrigação de fazer - provimento judicial que, em ação civil de investigação de paternidade, implique determinação no sentido de o réu ser conduzido ao laboratório, ‘debaixo de vara’, para coleta do material indispensável à feitura do exame DNA” (HC 71373/RS, j. de 10-11-1994).

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• Direito à vida: privacidade• Exame de DNA e STF:

2ª Decisão: “DNA: submissão compulsória ao fornecimento de sangue para a pesquisa do DNA: estado da questão no direito comparado: precedente do STF que libera do constrangimento o réu em ação de investigação de paternidade (HC 71.373) e o dissenso dos votos vencidos: deferimento, não obstante, do HC na espécie, em que se cuida de situação atípica na qual se pretende - de resto, apenas para obter prova de reforço - submeter ao exame o pai presumido, em processo que tem por objeto a pretensão de terceiro de ver-se declarado o pai biológico da criança nascida na constância do casamento do paciente: hipótese na qual, à luz do princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade, se impõe evitar a afronta à dignidade pessoal que, nas circunstâncias, a sua participação na perícia substantivaria.” (HC 76060/SC , j. de 31-03-1998).

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• Exame de DNA e STF: Caso Glória Trevi (3ª decisão)– “EMENTA: - Reclamação. – 1. Reclamante submetida ao processo de Extradição n.º 783,

à disposição do STF. – 2. Coleta de material biológico da placenta, com propósito de

se fazer exame de DNA, para averigüação de paternidade do nascituro, embora a oposição da extraditanda.

– 3. Invocação dos incisos X e XLIX do art. 5º, da CF/88. – 4. Ofício do Secretário de Saúde do DF sobre comunicação

do Juiz Federal da 10ª Vara da Seção Judiciária do DF ao Diretor do Hospital Regional da Asa Norte - HRAN, autorizando a coleta e entrega de placenta para fins de exame de DNA e fornecimento de cópia do prontuário médico da parturiente.

– 5. Extraditanda à disposição desta Corte, nos termos da Lei n.º 6.815/80. Competência do STF, para processar e julgar eventual pedido de autorização de coleta e exame de material genético, para os fins pretendidos pela Polícia Federal.

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• Exame de DNA e STF: Caso Glória Trevi– 6. Decisão do Juiz Federal da 10ª Vara do

Distrito Federal, no ponto em que autoriza a entrega da placenta, para fins de realização de exame de DNA, suspensa, em parte, na liminar concedida na Reclamação. Mantida a determinação ao Diretor do Hospital Regional da Asa Norte, quanto à realização da coleta da placenta do filho da extraditanda. Suspenso também o despacho do Juiz Federal da 10ª Vara, na parte relativa ao fornecimento de cópia integral do prontuário médico da parturiente.

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• Exame de DNA e STF: Caso Glória Trevi– 7. Bens jurídicos constitucionais como

"moralidade administrativa", "persecução penal pública" e "segurança pública" que se acrescem, - como bens da comunidade, na expressão de Canotilho, - ao direito fundamental à honra (CF, art. 5°, X), bem assim direito à honra e à imagem de policiais federais acusados de estupro da extraditanda, nas dependências da Polícia Federal, e direito à imagem da própria instituição, em confronto com o alegado direito da reclamante à intimidade e a preservar a identidade do pai de seu filho.

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• Exame de DNA e STF: Caso Glória Trevi– 8. Pedido conhecido como reclamação e

julgado procedente para avocar o julgamento do pleito do Ministério Público Federal, feito perante o Juízo Federal da 10ª Vara do Distrito Federal.

– 9. Mérito do pedido do Ministério Público Federal julgado, desde logo, e deferido, em parte, para autorizar a realização do exame de DNA do filho da reclamante, com a utilização da placenta recolhida, sendo, entretanto, indeferida a súplica de entrega à Polícia Federal do "prontuário médico" da reclamante.”

(Rcl 2040 QO/DF, j. de 21-02-2002)

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• Exame de DNA e STF:– 4ª decisão: – “Recurso extraordinário. Investigação de

Paternidade. Correto o acórdão recorrido ao entender que cabe ao Estado o custeio do exame pericial de DNA para os beneficiários da assistência judiciária gratuita, oferecendo o devido alcance ao disposto no art. 5º LXXIV, da Constituição. Recurso extraordinário não conhecido”.

(207732/MS, 1ª Turma, j. de 11/06/2002, DO de 02/08/2002).

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• Exame de DNA e STF:– 5ª decisão: – “(...) 2. Reconhecimento, pelas Turmas

desta Corte, da obrigatoriedade do custeio do exame de DNA pelo Estado-membro, em favor de hipossuficientes. 3. O custeio do exame pericial da justiça gratuita viabiliza o efetivo exercício do direto à assistência judiciária, consagrado no artigo 5º, inciso LXXIV, da CF/88. (...)”.

(ADI 3394/AM, Pleno, j. de 02/04/2007).

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• Direito à liberdade• Liberdade: aspiração primeira do ser

humano.• A liberdade ilimitada seria a negação do

direito:“Liberdade é o poder de fazer tudo o que a lei autoriza. Pois se o Homem pudesse fazer o que ela proíbe, ele já não teria liberdade, porque os outros também teriam esse poder.” (Montesquieu, “O Espírito das Leis”)

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• Direito à liberdade

• Liberdade e desenvolvimento humano

• Espécies de liberdade:

a) Interna (subjetiva, psicológica, moral)

b) Externa (Objetiva)

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• Direito à liberdade• Proteção constitucional à liberdade:

– Liberdade de manifestação do pensamento, vedado o anonimato (art. 5°, IV);

– Liberdade de consciência e crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias (art. 5°, inciso VI). O Estado, portanto, deve ser laico, ou seja, suas bases não são erigidas sob fundamento religioso. Deve haver um distanciamento entre Estado e Religião. Dessa forma, é vedado explicitamente à União, aos Estados e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público (art. 19, I, da CF/88);

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• Direito à liberdade• Proteção constitucional à liberdade:

– Liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença (art. 5°, inciso IX);

– Liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5°, inciso XIII)

– Liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens (art. 5°, inciso XV);

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• Direito à liberdade• Proteção constitucional à liberdade:

– Liberdade de reunião, assegurando que todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente (art. 5°, inciso XVI);

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• Direito à liberdade• Proteção constitucional à liberdade:

– Liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (art. 5°, inciso XVII), dispondo ainda que: 1) é garantida a liberdade de criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas, que independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5°, inciso XVIII); 2) as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado (art. 5°, inciso XIX); 3) ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado (art. 5°, inciso XX);

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• Direito à liberdade• Proteção constitucional à liberdade:

– Liberdade de voto, protegendo-se o eleitor contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (art. 14, § 9°, CF/88);

– A nossa Lei Maior prevê, ainda, que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (art. 5°, inciso XLI).

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• Direito à liberdade• Proteção constitucional à liberdade:

– Liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados: o caráter nacional; a proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; a prestação de contas à Justiça Eleitoral; e o funcionamento parlamentar de acordo com a lei (art. 17, incisos I a IV da CF/88).

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Direito à liberdade

A antítese da liberdade é a escravidão

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• Direito à liberdade

• Espécies de escravidão:

a) clássica – liberdade externa

b) neoescravatura – liberdade de pensamento

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• Direito à igualdade• O direito à igualdade na CF/88:

Preâmbulo“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”.

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• Direito à igualdade• O direito à igualdade na CF/88:

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:(...)III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

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• Direito à igualdade• O direito à igualdade na CF/88:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

• I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

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• Direito à igualdade• Direito à igualdade:

a) igualdade formal – “Corresponde à igualdade “Perante a lei” citada no caput do art. 5º; b) igualdade material – É aquela realizada no mundo dos fatos. É a equiparação de todos no que diz respeito ao gozo e fruição de direitos, assim como à sujeição a deveres. É perseguida pela nossa CF/8818: arts. 3º, III; 3º IV.

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• Direito à igualdade• Teorias sobre igualdades

a) Corrente Nominalista – A igualdade é um simples nome, pois os homens nascem, crescem e morrem desiguais;b) Corrente Idealista – Postula uma igualdade absoluta entre as pessoas, as quais, no “estado de natureza” se encontram absolutamente iguais;c) Corrente Realista – Reconhece que os homens são desiguais sob múltiplos aspectos (naturais, físicos, morais, políticos), mas são idênticos em essência, pois são seres humanos.

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• Direito à igualdade

DESIGUALDADES SEGUNDO ROSSEAU“Concebo, na espécie humana, duas espécies de desigualdade: uma a que chamo natural, ou física, por ser estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito ou da alma; a outra, a que se pode chamar desigualdade moral ou política, por depender de uma espécie de convenção e ser estabelecida, ou pelo menos autorizada, pelo consentimento dos homens. Esta consiste nos diferentes privilégios que uns usufruem em prejuízo dos outros, como serem mais ricos, mais reverenciados e mais poderosos do que eles, ou mesmo em ser fazerem obedecer por eles.” (Discurso sobre a origem e o fundamento das desigualdades entre os homens)

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• Direito à igualdade

Igualdade na CF/88

a) Entre Homens e Mulheres, além de homossexuais (implícito). Arts. 5º, I; 7º XXX.

b) Perante a tributação – Arts. 145, § 1º; 150, II.

c) Perante a lei penal – Art. 5º, XLVI.

d) Sem distinção de qualquer natureza – homossexuais, nordestinos, negros, etc (art. 3º, IV; 5º, caput).

OBS: Há distinções na CF/88. Ex.: art. 40, “a”, CF/88.

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• Direito à igualdade• Igualdade e ações afirmativas

– Ações afirmativas são instrumentos que utilizam tratamentos formais desiguais com o objetivo de alcançar tratamento material igualitário

– Obedecem à lógica de tratar desigualmente os desiguais.

– Normalmente constituem políticas públicas de promoção de igualdade.

– Cotas são uma espécie de ação afirmativa.– Ações afirmativas geralmente são

temporárias, mas excepcionalmente podem ser permanentes

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• Direito à igualdade

• Igualdade e ações afirmativas– Ações afirmativas buscam realizar as duas

dimensões de Justiça:

1) Justiça Distributiva

2) Justiça de Reconhecimento de Identidades

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• Direito à igualdade

• Ações afirmativas na CF/88

– Art. 5°, LXXIV – “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”;

– Art. 5°, LXXVI – “são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito;”

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• Direito à igualdade

• Ações afirmativas na CF/88– “Art. 7º São direitos dos trabalhadores

urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...)

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;”

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• Direito à igualdade

• Ações afirmativas na CF/88

– Art. 37, VIII – “a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;”

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• Direito à igualdade• Ações afirmativas na CF/88

– Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (…)

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)

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• Direito à segurança

• O direito à segurança compreende:– Segurança pública (art. 144 - Polícias);– Segurança social (art. 6°, Título da Ordem

Social);– Segurança jurídica (art. 5°, XXXVI – “a lei

não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”)

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• Direito à segurança• O direito à segurança hoje em dia

freqüentemente entra em choque com os demais direitos fundamentais:

– No mundo: 11 de setembro e combate ao terrorismo, tortura, Guantánamo, etc.

– No Brasil: combate ao crime organizado, ao narcotráfico, aos delitos cotidianos, etc.

• Risco de retrocesso nos direitos humanos.

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• Direito à segurança

• “Quem joga fora a liberdade essencial para obter uma pequena segurança não merece nem liberdade nem segurança” (Benjamin Franklin)

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Direito de propriedade O paradigma da propriedade no Brasil Proposta de PEC:

Item 1 - A propriedade obriga. O seu uso deverá servir também ao bem comum e não apenas aos interesses do proprietário.Item 2 - A desapropriação é admitida em vista do bem comum. A lei estabelecerá a natureza e o valor da indenização. A indenização deverá ser calculada levando-se em conta, de forma eqüitativa, os interesses da comunidade e os das partes afetadas.

CONSTITUIÇÃO

CONSTITUIÇÃO

DA ALEMANHA

DA ALEMANHA

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Direito de propriedade A propriedade atualmente não é mais puro

direito individual, mas sim uma instituição de interesse geral da sociedade.

Nesse sentido, a Constituição de 1988 afirmou a propriedade, mas também a função social da propriedade.

Assim, a propriedade é um direito de finalidade social, razão pela qual não pode mais ser tida como absoluta, exclusiva e perpétua.

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• A função social da propriedade havia sido prevista ou preconizada em Constituições anteriores:

– CF/34, Artigo 113, item 17: “É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar”;

– CF/46, Art 147 - O uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social. A lei poderá, com observância do disposto no art. 141, § 16, promover a justa distribuição da propriedade, com igual oportunidade para todos”;

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CF/67, Art 157 - A ordem econômica tem por fim realizar a justiça social, com base nos seguintes princípios: (...) III - função social da propriedade; (...)

CF/69, “Art. 160. A ordem econômica e social tem por fim realizar o desenvolvimento nacional e a justiça social, com base nos seguintes princípios:III - função social da propriedade; (...)

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O Preâmbulo da CF/88 já é revelador do espírito da Constituição em relação à propriedade:“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

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A propriedade não é citada no preâmbulo como valor supremo da nossa sociedade. Dentre estes, ao contrário, se encontram o exercício dos direitos sociais, o bem-estar, a igualdade e a justiça.

Como se não bastasse, as menções à propriedade são sempre acompanhadas da referência à sua função social, além do que há dispositivos específicos de proteção à função social.

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• Não há um único regime de propriedade na Constituição de 1988, que na verdade disciplina vários tipos de propriedade diferentes, com regimes jurídicos diversos: Propriedade em geral; Propriedade pública; Propriedade privada; Propriedade urbana; Propriedade rural; Propriedade dos meios de comunicação

social; Propriedade dos meios de produção; Propriedade de terras indígenas; etc.

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• Todas as propriedades estão vinculadas aos fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil:

• Fundamentos (art. 1° da CF/88):– I - a soberania;– II - a cidadania;– III - a dignidade da pessoa humana;– IV - os valores sociais do trabalho e da

livre iniciativa;– V - o pluralismo político.

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Objetivos (art. 3° da CF/88):– I - construir uma sociedade livre, justa e

solidária;– II - garantir o desenvolvimento nacional;– III - erradicar a pobreza e a marginalização

e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

– IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

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• Propriedade em geral:– Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

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Propriedade em geral - O Novo Código Civil (Lei n° 10.406/2002) também disciplina a função social da propriedade em geral:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

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§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.

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§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

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• Novo Código Civil (Lei n° 10.406/2002) :– Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos

jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.

Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.

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• A propriedade em geral está submetida também a limitações constitucionais ou legais. As limitações podem atingir:

– O caráter absoluto – Ex: tombamento (CF/88, artigo 216, § 1°; DL n° 25/1937); direitos de vizinhança; etc.

– O caráter exclusivo – Ex: requisição temporária (CF/88, artigo 5°, XXV), servidões civis e administrativas; etc.

– O caráter perpétuo – Ex: desapropriação (CF/88, artigos 5°, XXIII, e 216, § 1°); etc.

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A função social da propriedade, inserta no artigo 5°, XXIII, é direito fundamental da coletividade, com aplicabilidade imediata em decorrência do § 1° do Art. 5°:

“As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.”

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• Propriedade econômica (bens de produção):– Art. 170. A ordem econômica, fundada na

valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

– I - Soberania nacional;– II - propriedade privada;– III - função social da propriedade; – IV - livre concorrência;– V - defesa do consumidor;

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– VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (EC nº 42, de 19.12.2003)

– VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

– VIII - busca do pleno emprego;– IX - tratamento favorecido para as empresas

de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (EC nº 6, de 1995)

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Propriedade econômica (bens de produção):Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.

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Propriedade econômica (bens de produção):

Há uma clara função social dos bens de produção: criar a riqueza necessária ao bem-estar e ao desenvolvimento de todos os brasileiros, reduzindo as desigualdades sociais e regionais.