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Curso de Especialização em Gestão Estratégica de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação Setembro 2014 O Terceiro Setor no Brasil Disciplina: As organizações sociais, gestão de pessoas, voluntariado e compromisso social. Profa Dra. Cleide Magáli Santos .

Aula Terceiro Setor no Brasil

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Curso de Especialização em Gestão Estratégica  de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação Setembro 2014

O Terceiro Setor no Brasil

Disciplina: As organizações sociais, gestão de pessoas, voluntariado e compromisso  social.Profa Dra. Cleide Magáli Santos .

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O que é o Terceiro Setor

DefiniçãoO Terceiro Setor é constituído por organizações criadas por iniciativas privadas que geram bens e serviços de caráter público. Essa característica marcante do Terceiro Setor é que o distingue dos outros dois setores tradicionais: o Estado e o mercado. Essa distinção baseia-se em uma visão conceitual da sociedade em que se dá relevância às possíveis formas de se constituir organizações.

Assim o Terceiro Setor é constituído a partir de uma iniciativa privada, isto é, qualquer pessoa pode criar uma organização do setor, mas que a finalidade dessa organização, em última instância, é o atendimento da população. Tal qual o Estado, o Terceiro Setor tem uma finalidade pública

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A definição do Terceiro Setor tem gerado muita controvérsia, dentro e fora do mundo acadêmico. Por questões práticas, o que significa ter em vista a dimensão econômica do setor, a definição tem hoje duas correntes predominantes que procuram estabelecer as fronteiras entre o Terceiro Setor, o setor privado e o Estado.

1) A corrente europeia identifica o Terceiro Setor com a economia social. A economia social engloba os seguintes setores: Cooperativismo (onde se identifica a figura do trabalhador com a do empresário); Mutualismo (onde se identifica o uso de serviços com a adesão à organização); Associativismo (onde predomina a forma livre de associação dos cidadãos).

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Segundo Jacques Defourny (1999), a economia social compreende todas as organizações que, por questões éticas, seguem os seguintes princípios:

1. De colocar a prestação de serviços aos seus membros ou à comunidade acima da simples procura por lucro;2. De autonomia administrativa;3. De um processo democrático na tomada de decisões;4. A primazia das pessoas e do trabalho sobre o capital, na distribuição dos resultados de atividades.

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2) A linha de pensamento norte-americana, identificada com o Center for Policy Studies, da Johns Hopkins University, define o Terceiro Setor como sendo constituído de:

a. Organizações estruturadas;b. Localizadas fora do aparato formal do Estado;c. Que não são destinadas a distribuir lucros auferidos com suas atividades entre os seus Diretores ou entre um conjunto de acionistas;d. Autogovernadas;e. Envolvem indivíduos num significativo esforço voluntário.

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Os principais personagens do terceiro setor são:

Fundações : São as instituições que financiam o terceiro setor, fazendo doações às entidades beneficentes. No Brasil, temos também as fundações mistas que doam para terceiros e ao mesmo tempo executam projetos próprios.

Entidades Beneficentes:  São as operadoras de fato, cuidam dos carentes, idosos, meninos de rua, drogados e alcoólatras, órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas; ajudam a preservar o meio ambiente; educam jovens, velhos e adultos; profissionalizam; doam sangue, merenda, livros, sopão; atendem suicidas às quatro horas da manhã; dão suporte aos desamparados; cuidam de filhos de mães que trabalham; ensinam esportes; combatem a violência; promovem os direitos humanos e a cidadania; reabilitam vítimas de poliomelite; cuidam de cegos, surdos-mudos; enfim, fazem tudo

Fundos Comunitários : Community Chests são muito comuns nos Estados Unidos. Em vez de cada empresa doar para uma entidade, todas as empresas doam para um Fundo Comunitário, sendo que os empresários avaliam, estabelecem prioridades, e administram efetivamente a distribuição do dinheiro

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Entidades Sem Fins Lucrativos: Infelizmente, muitas entidades sem fins lucrativos são, na realidade, lucrativas ou atendem os interesses dos próprios usuários. Um clube esportivo, por exemplo, é  sem fins lucrativos, mas beneficia somente os seus respectivos sócios. Muitas escolas, universidades e hospitais eram no passado, sem fins lucrativos, somente no nome. O importante é diferenciar uma associação de bairro ou um clube que ajuda os próprios associados de uma entidade beneficente, que ajuda os carentes do bairro.

ONGs Organizações Não Governamentais: Nem toda entidade beneficente ajuda prestando serviços a pessoas diretamente. Uma ONG que defenda os direitos da mulher, fazendo pressão sobre deputados, está ajudando indiretamente todas as mulheres.Nos Estados Unidos, esta categoria é chamada também deAdvocacy Groups, isto é, organizações que lutam por uma causa. Lá, como aqui, elas são muito poderosas politicamente.

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Empresas com Responsabilidade Social: A Responsabilidade Social, no fundo, é sempre do indivíduo, nunca de uma empresa jurídica, nem de um Estado impessoal. Caso contrário, as pessoas repassariam as suas responsabilidades às empresas e ao governo, ao invés de assumirem para si. Mesmo conscientes disso, vivem reclamando que os "outros" não resolvem os problemas sociais do Brasil.Porém, algumas empresas vão além da sua verdadeira responsabilidade principal, que é fazer produtos seguros,acessíveis, produzidos sem danos ambientais, e de estimular seus funcionários a serem mais responsáveis

Mais:Empresas Doadoras; Pessoas Físicas

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PARTICIPAÇÃO O tema da Participação encontra-se bastante presente no

campo acadêmico e intelectual. Não é tarefa fácil, conforme apontada por diversos autores, devido à dificuldade de universalização do termo pelo fato de cada campo do conhecimento identificar Participação de uma maneira específica, entretanto aspecto interdisciplinar, e as dimensões empíricas e ideológicas serão preponderantes nessa tentativa.

Fenômeno antigo (desde as cidades-estados gregas) e recente (com o aparecimento das formas modernas de Estado no mundo ocidental)

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Participação talvez seja um dos temas mais debatidos na história da reflexão política

Participação↔Democraciacomo muito bem destaca Della-Porta (2003, p. 85), a

etimologia do conceito de política remete à participação.

Participar significa fazer parte, tomar parte, ser parte de um determinado todo. Mais especificamente, poderíamos dizer que participar pressupõe a existência de um sujeito politicamente capaz de influenciar e intervir em processos de construção e afirmação pública e coletiva de direitos, identidades e práticas de emancipação social. De forma mais simples, quando falamos em direito à participação, mencionamos o direito a ter direitos

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Participação Organizacional: surgem no âmbito da sociedade civil a partir de interesses compartilhados por um grupo social. A ação coletiva pode levar à formação de movimentos em defesa de interesses específicos, abrangendo os movimentos sociais, as associações cívicas e as organizações não-governamentais (ONGs). Também recebe a denominação de Terceiro Setor (constituído por grupos que se formam a partir de uma situação de "déficit de reconhecimento": o movimento dos sem-teto, dos sem-terra, dos gays, das mulheres, dos negros, entre outros).

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Democracia ↔Participação↔Cidadania

(…) a cidadania existe quando o indivíduo aceita suspender seu ponto de vista privado para levar em consideração o bem comum, e um mediador, em sua cidade ou subúrbio, é alguém que suscita este gosto do bem comum em todos os cidadãos e uma real responsabilidade de suas partes perante sua cidade e seus habitantes. (Jean-François Six. Dinâmica da mediação, 2001, p. 172)

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Cidadãos e cidadãs ativos, voluntários, militantes de tantas causas e movimentos sociais...Essas pessoas desvendam criticamente a realidade, situando-se diante dela, e se sentem encorajadas e empoderadas para intervirem, atuarem e transformarem a realidade na conquista da justiça e da paz.

Este curso foi pensado para pessoas assim... como você!!!

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Voluntariado: Origem e Evolução no BrasilFragmentos da História do Voluntariado no Brasil

1543 - É fundada na vila de Santos a Santa Casa de Misericórdia, primeiro núcleo de trabalho voluntário no Brasil.

1908 - A Cruz Vermelha chega ao Brasil. � 1910 - O escotismo se estabelece no Brasil para �

“ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião”. 1935 - É promulgada a Lei de Declaração de �

Utilidade Pública, para regular a colaboração do Estado com as instituições filantrópicas.

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Fragmentos da História do Voluntariado no Brasil

1942 - O presidente Getúlio Vargas cria a Legião Brasileira de Assistência - LBA. 1961 - Surge a APAE para incentivar a assistência �aos portadores de deficiência mental. 1967 - O Projeto Rondon, que leva universitários �voluntários ao interior do país. 1970 – Surgimento de ONG´s.� 1983 - A Pastoral da Criança é criada com o �objetivo de treinar líderes comunitários para combater a desnutrição e a mortalidade infantil.

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Fragmentos da História do Voluntariado no Brasil

1990 - Na década de 90, o voluntariado começa a ser valorizado pelas empresas.

1993 - O sociólogo Herbert de Souza cria a Ação �da Cidadania Contra a Fome e a Miséria e pela Vida e organiza a sociedade com o objetivo de combater a fome.

1995 - O Conselho da Comunidade Solidária �incentiva a participação da sociedade civil em projetos sociais.

1997 - São criados os primeiros Centros de �Voluntariado do Brasil.

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Fragmentos da História do Voluntariado no Brasil

1998 - É promulgada a Lei do Voluntariado – Lei 9.608/98, que dispõe sobre as condições do exercício do serviço voluntário e estabelece um termo de adesão.

� 2001 - O Brasil destaca-se entre os 123 países participantes do Ano Internacional do Voluntário, criado pela ONU. Neste ano, a Pastoral da Criança é indicada ao Prêmio Nobel da Paz, pelo trabalho realizado por seus 150 mil voluntários.Flavia Regina de Souza Oliveira

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Fragmentos da História do Voluntariado no Brasil

2002 – A ONU escolhe o Brasil para apresentar o relatório final do Ano Internacional do Voluntário. Milú Villela, presidente do Centro de Voluntariado de São Paulo e do Instituto Faça Parte é a primeira mulher da sociedade civil a discursar na Assembléia Geral da ONU e apresenta a proposta de que o voluntariado continue a ser considerado como estratégia de inclusão e desenvolvimento social. Esta proposta recebeu a adesão de 143 países.

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O TERCEIRO SETOR NO BRASIL

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Solidários na diversidade É uma sensação estranha, essa consciência dupla, essa sensação de estar sempre a se olhar com os olhos de outros, de medir sua própria alma pela medida de um mundo que continua a mirá-lo com divertido desprezo e piedade. (W. E. Du Bois. As almas da gente negra, 1999)

Enfrentar a diversidade significa lutar por uma sociedade com equidade, conviver com pontos de vista diferentes sobre os mesmos assuntos; conviver com diferentes hábitos, costumes, comportamentos, crenças e valores – e respeitá-los. Enfrentar a diversidade é partir do princípio de que o conflito faz parte do ser humano e, a partir daí, buscar na diferença o respeito ao outro. O artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que:

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação (Artigo 2º, Declaração Universal dos Direitos Humanos)

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Histórico do terceiro setor A ativa participação das entidades sem fins lucrativos na sociedade brasileira data do

final do século XIX. Já o processo de formação e consolidação das organizações não governamentais (ONGs) hoje presentes no cenário nacional surgiu nas décadas de 60 e 70, épocas marcadas pelas restrições político-partidárias impostas pelos governos militares, concentrando-se basicamente nas décadas de 80 e 90 (século XX), período em que mais cresceram e se tornaram visíveis. Apesar da evolução recente, as ONGs tiveram papel relevante enquanto catalisadoras dos movimentos e aspirações sociais e políticas da população brasileira.

Em meados dos anos 90, deu-se a entrada organizada do setor empresarial em programas e projetos sociais, especialmente através de suas fundações e institutos associados, representando a inserção da visão de mercado no terceiro setor e novas possibilidades de parcerias e de fontes de recursos para as instituições atuantes na área. O modo de atuação empresarial e também o novo marco legal para o setor (como veremos a seguir) – que introduz uma qualificação jurídica específica e novas formas de regulação para a interação com o Estado – reforçaram a tendência de modernização e de aumento da profissionalização para as instituições integrantes do setor, que passaram a investir na aquisição de atributos que confiram melhorias de qualidade, transparência de ação e resultados (inclusive auditorias externas), aumento da visibilidade e da credibilidade e identificação de novas estratégias de sustentabilidade e financiamentos.

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A institucionalização da cooperação: a(s) legislações.

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A Constituição de 1988 institucionaliza diretrizes que marcam a ascensão de um novo modelo de gestão das políticas públicas baseado na descentralização política e administrativa da União para as demais unidades federadas, na responsabilidade do Estado, na participação da população, na formulação e controle em todos os níveis de governo. Nas décadas seguintes foi possível perceber, então, o conflito entre a expectativa da implementação de políticas públicas que concretizassem os direitos conquistados, assegurados em Lei, e as restrições políticas e econômicas para sua implementação (tendo por exemplo, a construção do Sistema Único de Saúde – SUS).

ROCHA (2003) define descentralização como um processo político em que o poder se desloca no interior do Estado e deste para a sociedade.

Para ALMEIDA (2005) o termo descentralização pode ter uma gama variada de significados, e tem sido utilizado na descrição de modificações ocorridas na estrutura e papéis do Estado brasileiro. Tais modificações têm atingido graus e formas variadas, através de: transferência de

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capacidades fiscais e de decisão sobre políticas para autoridades subnacionais; transferência para outras esferas de governo de responsabilidades pela implementação e gestão de políticas e programas definidos no nível federal; e deslocamento de atribuições do governo nacional para os setores privado e não governamental. Na área de políticas sociais, a descentralização significou transferência de autonomia decisória e de recursos para os governos subnacionais e a transferência para outras esferas de governo de responsabilidades pela implementação e gestão de políticas e programas definidos no nível federal.

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Voluntariado no Brasil (Regulamentação)

A crescente prática do voluntariado no Brasil demandou uma regulamentação que assegurasse a distinção entre relação de emprego e trabalho voluntário.

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Voluntariado no Brasil: RegulamentaçãoContrato de Trabalho

Para que se reconheça a existência do contrato de trabalho há a necessidade de ocorrência concomitante dos seguintes fatores:

� pessoalidade – o empregado não pode se fazer substituir por outro na realização do trabalho;

� habitualidade – o empregado atua com certa frequência;subordinação – o empregado responde a ordens e determinações do empregador;onerosidade – o empregado recebe salário do �empregador.

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Verificadas essas características, está configurada a relação de emprego e a entidade deve cumprir todas as obrigações trabalhistas, como qualquer outra pessoa jurídica.

Lei do VoluntariadoO serviço voluntário, como visto anteriormente, é uma realidade antiga no Brasil, mas somente foi regulamentado pela Lei nº 9.608/98, também denominada Lei do Voluntariado. Essa lei pode ser considerada um marco importante e é por si mesma um indicador da crescente importância atribuída pelo governo ao Terceiro Setor.

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Lei do VoluntariadoSegundo o artigo 1º da referida lei, o serviço voluntário é a atividade não remunerada, prestada por uma pessoa física (voluntário), a entidades públicas de qualquer natureza, ou a instituições privadas de fins não lucrativos, que tenham objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, podendo incluir-se a mutualidade.

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Lei do Voluntariado

O exercício do serviço voluntário dá-se mediante a celebração de um termo de adesão (estabelece a natureza do vínculo entre as partes) entre a entidade pública ou privada e o prestador do serviço voluntário. Neste termo, que é um contrato escrito, deverão constar a identificação do prestador e do tomador dos serviços, a natureza do serviço e as condições para o seu exercício, como a carga horária e o local da prestação.

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Lei do Voluntariado

� A celebração do referido termo de adesão é de extrema importância, eis que estando o serviço voluntário previsto em um contrato escrito, não poderá gerar vínculo empregatício, nem tão pouco obrigações de naturezas trabalhistas, previdenciárias ou afins para a entidade, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 1º da Lei: “O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim.”

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Lei do Voluntariado

Caso o prestador de serviço voluntário venha a incorrer em despesas durante a realização do seu serviço, poderá ser por elas ressarcido, desde que a entidade as tenha expressamente autorizado. Tal ressarcimento é denominado ajuda de custo e deve ser efetivamente proporcional a eventuais despesas de alimentação e transporte. O que a isso ultrapassar pode caracterizar remuneração e, nesse caso, sujeitar a entidade a demandas trabalhistas.

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Reflexos da regulamentação no voluntário

Consequências � Profissionalização do trabalho voluntário;� A Instituição economiza por não ter que cumprir

encargos trabalhistas; Possibilidade de exigir pontualidade, competência e �

responsabilidade do voluntário sem temer a caracterização da subordinação típica da relação de emprego;

� Possibilidade de efetuar ajuda de custos, sem temer a caracterização da remuneração típica da relação de emprego;

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Reflexos da regulamentação no voluntário

Consequências (cont.)

A exigência de horário, qualidade, desempenho e a ajuda de custos proporcionada pela Instituição são fatores de motivação para o voluntário e permitem superar a mentalidade de que o voluntário está prestando um favor. O voluntário não é aquele que trabalha “quando quer”, mas aquele que trabalha “porque quer”.

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Voluntariado na Jurisprudência“Relação de emprego – trabalho prestado a instituição religiosa. O simples fato de o trabalho ter sido prestado a instituição religiosa, por si só, não afasta a configuração da relação de emprego. Se o labor é prestado de forma altruísta, caso em que a retribuição se dá apenas no plano moral ou espiritual, o vínculo não se configura.(...)

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OSCs - Sociedade civil organizada

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OSCs - Sociedade civil organizada(Tipos de Organizações no Brasil)

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Podem ser qualificadas como OSCIP as organizações que realizam assistência social, atividades culturais, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, educação e saúde gratuita, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do voluntariado, dentre outras. Dessa maneira, admitindo a existência de entidades de direito privado com objetivo público, foram excluídas da composição do terceiro setor, para efeitos legais, as instituições estatais, as organizações de mercado, as cooperativas, as organizações sindicais, as entidades representativas de profissão ou partido político, os fundos de previdência e de pensão e as instituições vinculadas a igrejas ou práticas devocionais, com exceção daquelas que visam apenas bem comum.

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As fundações, por expressa determinação legal (Art. 62 do Código Civil –Lei 10406/02, parágrafo 1º) perseguem o bem comum na medida em que a finalidade delas pode ser religiosa, moral, cultural ou de assistência.

É importante destacar que apesar de as pessoas jurídicas atuantes neste setor serem identificadas como ONG (organização não governamental), OSCIP (organização da sociedade civil de interesse público), OS (organização social), Instituto, Instituição etc, elas são juridicamente constituídas sob a forma de associação ou de fundação.As designações OSCIP e OS, porém, são qualificações que as associações e fundações podem receber, uma vez preenchidos os requisitos legais,

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PNE aprovado, depois de quatro anos de tramitação no Congresso (Fonte: Revista Escola)A presidente Dilma Rousseff sancionou o Plano Nacional de Educação, sem vetar nenhum termo do texto. O decreto foi publicado no dia 26 de junho, após a votação no Congresso de dois destaques polêmicos: a destinação do investimento equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) essencialmente à Educação pública e a utilização de recursos da União para complementar o Custo Aluno-Qualidade (CAQ) e o Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi).Na última etapa de votação na Câmara dos Deputados, os parlamentares rejeitaram o destaque que defendia que esses recursos fossem aplicados apenas na Educação pública. Com isso, programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), todos do Ministério da Educação, também entrarão nesse cálculo. O Plano prevê ampliar o investimento público até alcançar, no mínimo, 10% do PIB em dez anos.Os parlamentares também rejeitaram o segundo destaque, que pretendia isentar o Governo Federal de complementar os recursos de estados e municípios gastos com Educação, utilizando como parâmetro o cálculo do Custo Aluno-Qualidade e o Custo Aluno-Qualidade Inicial. Esses indicadores apontam o quanto deveria ser investido por aluno em cada etapa e modalidade da Educação Básica.Em nota oficial, a presidente Dilma Rousseff afirmou que, com a sanção do PNE, o Brasil finalmente tem um plano educacional à altura dos desafios educacionais enfrentados pelo país. “A destinação dos recursos dos royalties do petróleo e do Fundo Social do pré-sal para a educação abrem a perspectiva de tornar realidade as metas do PNE”, disse a presidente, referindo-se à lei que garante 75% dos recursos oriundos dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação, aprovada em junho de 2013 pela Câmara.Durante estes quatro anos de articulação para aprovação do PNE, organizações de todo o país se mobilizaram em processo de ampla articulação com deputados federais, em especial de seus estados, com vistas a fortalecer o Plano.

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Exemplos de atuação do terceiro setor no Brasil

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Políticas e programas setoriais no Brasil

São vários os exemplos que podem ser encontrados no âmbito do terceiro setor, sem fins lucrativos, no efetivo trabalho de contribuir para a formulação, expansão e eficácias das políticas públicas sociais, isoladamente ou em articulação com demais segmentos e setores da sociedade, ou através de redes, formais ou informais (como as que complementam os sistemas de saúde e assistência social pública) dos quais destacamos:

educação: programas de alfabetização e capacitação de jovens e adultos; apoio a melhorias de gestão escolar e processos que visam à elevação da qualidade dos serviços da escola pública – aceleração do grau escolar, tratamento de temas transversais aos currículos, novas metodologias, etc..; programas de redução da chamada exclusão digital;

educação: programas de alfabetização e capacitação de jovens e adultos; apoio a melhorias de gestão escolar e processos que visam à elevação da qualidade dos serviços da escola pública – aceleração do grau escolar, tratamento de temas transversais aos currículos, novas metodologias, etc..; programas de redução da chamada exclusão digital;

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Políticas e programas setoriais no Brasil (cont.)

economia: na implementação de novos modelos socioprodutivos e sistemas alternativos de produção, trabalho e renda; na expansão dos serviços de microcrédito voltados para a população empreendedora de baixa renda;

na defesa do meio ambiente e dos direitos humanos; na prestação de serviços de atendimento complementar a

crianças e jovens em situação de risco pessoal e social; na elevação da participação social nos diversos conselhos

estruturados no país nas áreas de educação, saúde e cidadania;

nos processos de discussão e construção do orçamento participativo, dentre outros.

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Exemplo 1Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas (SINASE)Crianças e Adolescentes como sujeitos

sociais

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Exemplo 1:Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas (SINASE)

Crianças e Adolescentes como sujeitos sociais

Anos 80- Reabertura e mobilização da sociedade civil.

1984 - I Seminário Latino Americano de Alternativas Comunitárias de Atendimento a Menores de Rua

1985, a Coordenação Nacional do Movimento Meninos e Meninas de Rua, uma conquista fundamental no período.

1986, também em Brasília, realizou-se o I Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua.

1988- promulgação da Constituição - grande avanço nos direitos sociais e isto por sua vez beneficiou, entre outros, a criança e o adolescente.

1989- aprovada a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, da qual o Brasil tornou-se signatário.

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Anos 90 1990 – aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA- Lei Complementar Nº. 03, Artigo Nº. 17, de 22/08/1990)

cai a Doutrina da “Situação Irregular” entra em vigência a Doutrina da Proteção Integral a toda criança e adolescente de 0 (zero) a 18 (dezoito) anos de idade.

  1992- Criação do CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente)

Anos 2000 2004 a 2006 – estudos e criação do SINASE (Sistema

Nacional de Atendimento Socioeducativo) SINASE é a reunião de regras e critérios, de caráter

jurídico, político, pedagógico, financeiro e administrativo, que envolve desde o processo de apuração de ato infracional até a execução de medidas socioeducativas. Isso pautado na noção de comunidade socioeducativa.

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Exemplo 2 Política de Promoção da igualdade racial

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Exemplo 2 -Política de Promoção da igualdade racial Contexto: Brasil racista

MARCO LEGAL A Constituição Federal de 1998, no caput do artigo 5º estabelece que todos são iguais

perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, consagrando o Princípio de Igualdade. No campo dos direitos sociais, proíbe a Carta Magna à diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (artigo 7º, inciso XXX).

A Lei 7.716/89 definiu os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.

Outra Lei de destacada relevância é a Lei 9.459/97 que estabelece a punição dos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. A Lei 9.459/97 alterou a Lei 7716 de 1989, de forma a ampliar o seu objeto, originariamente restrito ao combate dos atos resultantes de preconceito de raça e cor, e tipificou como crime a prática do nazismo, forma específica de racismo fundamentado em doutrina de superioridade racial. É assim que nosso legislador determinou como crime “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fim de divulgação do nazismo”. A pena, neste caso, é de dois a cinco anos, além da multa.

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O Decreto nº 4.886 que institui a Política Nacional de Promoção de Igualdade Racial, o Decreto 4.885 que cria o Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial, e o Decreto 4.887 para regulamentação dos direitos humanos das comunidades negras rurais, remanescentes de quilombos, símbolo da resistência negra do Brasil.

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PROGRAMAS -Política de Promoção da igualdade racial (cont.)

O Governo brasileiro criou três instrumentos institucionais considerados fundamentais para o enfrentamento das discriminações: a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR; a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres – SPM; e a Secretaria Especial de Direitos Humanos – SEDH, todas vinculadas à Presidência da República.

No Governo Brasileiro articulam-se com vistas a sua implementação a curto e médio prazos, ações de caráter geral, melhorias no sistema de fiscalização e repressão; aperfeiçoamentos na estrutura administrativa da ação policial do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Trabalho. A esse conjunto de iniciativas somam-se, ademais, ações específicas de promoção da cidadania e de combate à impunidade; e atividades específicas conscientização, capacitação e sensibilização das instâncias do Estado e das organizações da sociedade civil

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Política de Promoção da igualdade racial e a ações das OSCÁreas:

Ações reparativas: ex. apoio às comunidades remanescentes de quilombos; fortalecimento de movimentos negros e associações de combate a discriminação racial etc

Ações afirmativas: produção de conhecimento e inclusão social; capacitação de educadores; revisaõ de material didadito: ataque ao racismo institucional etc

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◦ Cultura Negra e combate à intolerância religiosa (contemporaneidade(s))

◦ Os programas e a Sociedade Civil:  Consideramos a matriz africana, encontrada tanto na cultura nacional como nas

manifestações religiosas afro-brasileiras, guardiã de acervo simbólico de inesgotável explosão criativa das que sustentam a vida da população brasileira.

  Campanhas educativas e culturais de combate ao preconceito e à discriminação. Projeto História e Cultura Afro-Brasileira - Acervo Abdias Nascimento: sistematizar o acervo documental e

artístico do dramaturgo, poeta, escritor, artista plástico, político e professor Abdias do Nascimento, indicado para o Prêmio Nobel da Paz.

Projeto Cantando História: Pesquisa de campo voltada para o público de adolescentes, jovens e educadores, visando o conhecimento, compreensão e vivência das histórias do cancioneiro popular que retratam a organização, conquista, valorização da cultura e resgate dos conceitos éticos e estéticos dos afro-descendentes.

cursos de capacitação para formação de Agentes multiplicadores; distribuição de kits pedagógicos na rede pública e oficinas sobre igualdade racial.

A Cor da Cultura: O objetivo central é a valorização e preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro por meio das seguintes iniciativas:

◦ Criação de materiais áudio-visuais sobre a historia e cultura afro-brasileira;◦ Valorização de iniciativas de inclusão, dando visibilidade para as diversas formas de ações

afirmativas já promovidas pela sociedade;

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Referencias e Indicações Bibliográficas

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Documentos:

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