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AVALIAÇÃO
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Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Campus Virtual
Avaliação a Distância
Disciplina: Antropologia Cultural
Curso: FILOSOFIA A DISTÂNCIA - UNISUL
Professor: JACI GONÇALVES
Nome do aluno: UMBERTO NEVES BALDEZ
Data: 17/02/2013
Orientações:
Procure o professor sempre que tiver dúvidas.
Entregue a atividade no prazo estipulado.
Esta atividade é obrigatória e fará parte da sua média final.
Encaminhe a atividade via Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA).
Questão 1:
A partir da observação e análise da charge “O olhar antropológico” de autoria do profº
Augusto Tavares, (Disponível em:
<http://aulasdoaugusto.blogspot.com.br/2010/02/charge-o-olhar-
antropologico.html#!/2010/02/charge-o-olhar-antropologico.html>. Acesso em: 16 jan.
2013), apresentada acima, explique, num texto de no mínimo 08 linhas, o conceito de
Antropologia Cultural. (2,5 pontos)
RESPOSTA:
A palavra Antropologia tem origem grega e sua formação significa, a grosso modo,
estudo do homem. Por estudar o homem, a antropologia pode se dividir em diferentes
ramos das ciências humanas e sociais, em que se pode destacar: Antropologia Filosófica
– o estudo do patrimônio filosófico da humanidade, desde a ontologia pré-socrática em
que aqueles pensadores se debruçavam sobre o que seria a Arkhé, até os pensadores
contemporâneos, debruçados sobre os problemas sociais, consumistas, tecnológicos etc
-; Antropologia Linguística – estudo das manifestações linguísticas humanas -;
Antropologia Social – patrimônio das relações sociais humanas e suas dimensões e
complexidades -; Antropologia Política – todas as manifestações políticas ocorridas na
história do homem, desde o feudalismo, passando pelas ditaduras e culminando na
democracia republicana e monarquista. E outros ramos, como a Antropologia Médica,
Antropologia Psicanalítica etc, cada uma refletindo os estudos das respectivas áreas.
Finalmente, a Antropologia Cultural juntamente com a Antropologia Filosófica e a
Antropologia Social tem uma dimensão considerável do estudo acadêmico e científico.
Porque as manifestações culturais humanas são longas e abundantes, abarcando desde a
pré-história com as manifestações culturais da arte rupestre, passando pela cultura
grega, macedônica, helênica, egípcia, romana, da idade média, renascentista até a
modernidade. A Antropologia Cultural estuda toda a complexidade, o contexto, a
diversidade e os fundamentos desse patrimônio. Especificamente à charge, essas
passaram a ser produzidas ainda no tempo das cavernas, eram gravadas nas paredes das
cavernas pelo homem com o sangue dos animais que caçava, se assim se pode
dimensionar. As charges então passaram a circular consideravelmente com a criação da
Imprensa por Gutemberg, e com o surgimento dos jornais, se tornaram principais itens
atrativos e da manifestação criativa. Nos tempos atuais, com a tecnologia e a internet, as
charges estão por todo lugar, e parecem ser um atenuante num tempo das imagens tão
vivas e tão numerosas quanto efêmeras, o homem parece querer, como instinto de
sobrevivência, voltar ao tempo do agasalho da imaginação, através das charges, mas
também da literatura e da poesia. É a Antropologia Cultural dos tempos atuais,
refletidas intelectualmente nessas dimensões desse tempo, que não deixa de ser refletida
pelo instinto do homem, e pelo seu legado desde as cavernas.
Questão 2: Assista ao vídeo “Falar açoriano, um luxo cultural”, disponível no link:
<http://www.youtube.com/watch?v=uf-cZMJIlP0&feature=related> (Acesso em: 16
jan. 2013). E articulando-o ao conteúdo da disciplina, explique, por que se diz que a
antropologia exige uma “transformação do olhar”. Utilize passagens do vídeo e de
textos externos ao material didático para fundamentar sua resposta. (2,5 pontos)
RESPOSTA:
A Transformação do Olhar é o seguinte: o homem no Brasil, especificamente
analisando, se deparou, ou conviveu, com diferentes povos e suas culturas, desde que os
portugueses por aqui se fixaram, convivendo com os índios, trazendo os negros, com os
conflitos e as injustiças havidas, mas esse homem gerou culturas, gerou costumes e
impôs culturas e costumes. Com o passar do tempo os conflitos foram diminuindo, as
transformações sociais e políticas repararam injustiças, as dicotomias entre culturas e
costumes se estreitaram, tornou-se possível viver rasoavelmente em harmonia, mas
outros problemas foram criados, como a pobreza do campo, as favelas, o desemprego e
a marginalização e delinquência, o abismo entre pobres e ricos. Isso não é
desconsiderado. Mas o enunciado é sobre os povos, as culturas que estão preservadas e
exigem uma atenção, políticas ou apenas um olhar diferente para elas. Existem áreas
indígenas no Brasil, esses povos mantém uma alienação total da modernidade,
mantendo suas formas de vida, e precisam ser respeitados. Existem grupos africanos
também, que não possuem o mesmo isolamento, já que são alegres e integrativos, mas
vêm de regiões exóticas, de formas diversas e por isso merecem atenção do olhar do
homem acadêmico e do homem das políticas públicas. E há grupos da América Latina
também que se firmam principalmente em São Paulo vivendo de trabalhos seja simples,
rasoáveis ou precários, como é o caso dos bolivianos e paraguaios e merecem a mesma
atenção.
Finalmente existem raridades do patrimônio cultural, que é a temática dos açorianos em
Santa Catarina, como o vídeo demonstra. É uma raridade porque os imigrantes que
vieram para o Brasil, tais como os alemães, os italianos e os espanhóis se integraram
totalmente na cultura nacional e a enriqueceram. Esses açorianos mantém as mesmas
formas de 500 ou 600 anos atrás, a mesma cultura, as mesmas formas de fala e outros
fatores. O “Outro Olhar” que merecem por parte tanto das pessoas simples quanto da
academia e das políticas públicas é no sentido de que se respeite essa cultura e a
preservação que ela carrega, tão rara nesse começo de século. Não existe muita
dicotomia pela proximidade dos povos e culturas, então que se respeite o que não se
perdeu, o que está preservado e que não se destrua isso. Esses povos, os açorianos da
ilha de Florianópolis podem ser analisados na semelhança com os povos árabes que
ainda existem no Brasil, pois os árabes também mantém as suas culturas, e
marcantemente a religiosa, e precisam ser respeitados.
Questão 3: A curiosidade do homem sobre si próprio sempre existiu, mas a passagem
do curioso, do exótico e do bizarro, para uma consciência da alteridade é que marca
realmente o pensamento do homem sobre o homem (LAPLANTINE, 1995, p.13), e a
reflexão a respeito da diferença. A partir do que foi estudado na disciplina de
Antropologia Cultural, explique esta colocação em um texto fundamentado de no
mínimo 08 linhas. (2,5 pontos)
RESPOSTA:
É importante contextualizar quando, onde, por que e como começa o exótico, o
estranho, seja o bizarro, para quando a cidadania exige outros padrões. Na atualidade,
há a diversidade do mundo, na América Latina há diferentes povos, alguns ainda
preservam culturas bem antigas, como os povos indígenas, e há enormes disparidades
entre ricos e pobres, o mesmo se verifica na África, sendo que na África existe o
problema das tribos e os conflitos violentos, existe corrupção generalizada tanto na
América Latina quanto na África, o que mantém o homem extremamente selvagem,
apesar de um tempo aparente da mais tranquila civilidade. Na Ásia também há enormes
diferenças, mas entre países, ilhas e regiões pobres - mas pobres pelo apetite capitalista,
pois são ricos com o oceano às portas – e regiões ricas, como são conhecidos os Tigres
Asiáticos. Há nessa região uma cultura tanto diversa quanto muito fechada, como é o
caso da China, uma cultura bem antiga. E existe a riqueza da Europa, dos Estados
Unidos, outros países e também que se considera a riqueza dos países emergentes. Essa
riqueza é o lado do encontro do homem com a alteridade, com a cidadania, com a
civilidade. Mas não se pode desconhecer que a Europa perdeu sua riqueza natural e
empobrece, o desemprego é muito elevado em muitos países da Zona do Euro, sendo
que outros países que entraram para esse bloco estão em enormes dificuldades com as
finanças, como é o caso da Grécia. O sistema capitalista e financeiro gerou, em plena
civilidade, o homem de uma selvageria de difícil compreensão e dimensionamento, a
selvageria consumista que destrói e não preserva, como é o caso dos produtos piratas,
como é o caso das bolhas econômicas que tragam fortunas, principalmente de quem
pouco tem e nada sabe. Os países emergentes, e os mais pobres, sofrem ainda mais
também com esses problemas gerados pelos mais ricos. Então no contexto do exótico
para o civilizado e comedido, devem-se considerar todas essas complexidades, e
concluir que, é certo que o homem vai evoluindo mentalmente, mas é certo também que
a história e o homem vão dando ciclos e círculos, é o moderno, é o altero, é o civilizado
que guarda um monstro invisível. É o monstro visível que na verdade é um santo. Essa é
a dimensão antropológica, e cultural da questão enunciada.
Questão 4: Leia o texto “Nós, os outros: construção do exótico e consumo de moda
brasileira na França”, de Débora Krischke Leitão (2007) - disponível no link:
<http://www.scielo.br/pdf/ha/v13n28/a09v1328.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2013 -.
Explique, por meio de um texto de no mínimo 08 linhas, porque torna-se fundamental
para a Antropologia estranhar aquilo que nos parece familiar, para assim descobrir o
exótico que está congelado dentro de nós pela reificação e pelos mecanismos de
legitimação (ELÍBIO JUNIOR, POYER, 2008). Sua resposta deve estar fundamentada.
(2,5 pontos)
RESPOSTA:
Os brasileiros sempre tiveram uma característica marcante no consumo de luxo,
principalmente no caso dos vestuários: optam pelas marcas famosas e caras. Assim os
pontos desse tipo de consumo são conhecidos pela região da Oscar Freire, nos Jardins,
na Paulista em São Paulo, e o Shopping Iguatemi, onde se concentra a elite do consumo
de roupas, bolsas etc. Também pesquisas têm demonstrado um elevado consumo das
principais cidades do mundo por parte dos brasileiros, principalmente Nova Iorque e
Paris, inclusive consumo de eletrônicos. Até um problema da camada pobre é ponto de
reflexão, qual seja, o jovem que rouba para ter um tênis de marca, ou um relógio. A
questão do roubo do tênis de marca sempre foi uma coisa intrigante no Brasil. Então
algumas questões podem ser refletidas: por que esse apetite por luxo, tanto no caso da
elite, que vai atrás do exótico nos principais pontos, quanto por parte da camada pobre
delinquente, que rouba para obter um tênis de marca? Outra questão é, por que o
brasileiro consome tanto no exterior, mesmo com a disparidade do Dóllar e o Euro?
Refletindo sobre o gosto pelo exótico, uma conclusão importante é que talvez
não seja exatamente o exótico que o brasileiro busca, pois não tem o exótico na Oscar
Freire nem no Iguatemi, e, como assinalou a autora em seu artigo, os calçados da
Amazônia são produzidos em Novo Hamburgo, ou seja, até o “Produto Amazônia”, que
pelo termo já refletiria o exótico, não possui esse caráter. O que a elite busca é o
ambiente do luxo mesmo, é o prazer de sacar o cartão de crédito e fazer essas compras,
nos locais que são assim caracterizados. É uma questão muito mais do campo da
psicologia do que da antropologia, a avidez imediata por consumo, mas a antropologia
pode explicar que na história do homem sempre foi assim, desde o alvorecer do
renascimento, quando se desenvolveu o mecenato, a elite lançou desejo pelo consumo
das artes renascentistas, e, com as grandes navegações, os produtos das índias. Na
exploração do Brasil, os índios andavam nus e as tintas do pau-brasil embelezavam as
roupas da elite, das princesas, rainhas e dos reis europeus. Esse era o luxo daquele
tempo. Essa é a explicação antropológica.
No caso das compras nas principais cidades do mundo, é a característica
conhecida do brasileiro do gosto por essas cidades, do prazer em adquirir o que é de lá,
e por isso o problema do câmbio não é considerado. O brasileiro que consome nos
principais pontos do luxo no Brasil é o mesmo que consome o dobro em Nova Iorque,
em Miami ou em Paris, porque essa é a característica do brasileiro, não é exatamente
uma busca pelo exótico, pois já somos um país exótico e então é natural pensar que essa
busca está em polos opostos, é o nova-iorquino, é o parisiense, é o londrino e é o
madrileno que se aventuram pelas matas da África, da América Latina e na Ásia em
busca do exótico, porque o exótico há muito desapareceu desses locais. É o oposto que
se verifica no homem. Se somos exóticos queremos o industrial, se somos industriais
queremos o exótico.
No tocante ao delinquente pobre, esse é influenciado pela avalanche de
propaganda que vê na mídia, e por isso seu desejo pelo que considera luxo, um simples
tênis de marca ou pirata, um simples relógio ou celular fala mais alto que qualquer
razão: seu exotismo é não medir esforços para adquirir o luxo que seu desejo manda.
Esse é um problema muito sério da segurança pública no brasil.
Finalmente outra característica do consumo do brasileiro não pode deixar de ser
refletida, em polo oposto, o elevado consumo de produtos baratos, principalmente de
origem chinesa, principalmente na região do Brás, em São Paulo. Há muitos desses
produtos de péssima qualidade, mas é sabido que muitos são apenas de baixo custo
mesmo, não são piratas, e são de boa qualidade, adquiridos inclusive pela elite do luxo.
Então esse é um ponto de reflexão, a classe mais baixa da sociedade não deixa de
consumir por não possuir recursos para o luxo da elite - isso passou a ser possível com a
estabilidade econômica gerada pelo governo FHC, verificado principalmente na
aquisição de móveis, eletrônicos e eletrodomésticos parcelados - e pode adquirir
produtos de boa qualidade, e a elite então manifesta o seu exotismo ao optar por adquirir
esses produtos que, nesse caso sim, se revelam por um desejo exótico manifestado na
consciência consumidora, mais do que por um desejo de economia, que, como já citado,
parece não ser bem o problema da elite que consome luxo. Para que isso funcione bem e
seja positivo para o consumo brasileiro alguns aspectos precisam estar em equilíbrio:
lançar guerra à pirataria; aumentar a rigorosidade ao controle da qualidade e da origem
desses produtos; incentivar esse tipo de consumo e não permitir que esses concorram
com o produto que tem um custo mais elevado, para que os consumidores, tanto da
classe baixa, média ou da elite possam optar racionalmente por produtos que têm preços
diferentes porque são diferentes, quanto ao custo, à origem, o tipo e o local etc.
Na elite, ou classe média que viaja de Brasília, de São Paulo e o Rio Grande do
sul principalmente, mas também do Rio de Janeiro e outros locais do Brasil, outro
aspecto do consumo é importante: a busca por produtos em Buenos Aires, Argentina.
Pelo menos até pouco tempo atrás, essas pessoas adoravam ir fazer compras em Buenos
Aires, facilitado pelas passagens aéreas de baixo preço e pela viagem de curta duração.
Então o exotismo brasileiro era poder chegar rapidamente a uma cultura bem diferente
da nossa, a cultura simples-intelectual argentina, inclusive com as rivalidades
marcantes, e poder usufruir dessas diferenças, como se estivesse em cidade européia, e
adquirir produtos de boa qualidade por um bom preço. Hoje parece que esse fluxo
diminuiu um pouco, mas é um aspecto para importante reflexão em termos de consumo
e das questões antropológicas envolvidas. Esse aluno deseja que esses fluxos
permaneçam e se intensifiquem, mas que o oposto também ocorra, que os argentinos, os
chilenos, os uruguaios, bolivianos e paraguaios venham numerosamente e com
facilidade consumirem nos shoppings de Porto Alegre, de São Paulo e outros locais do
Brasil, que haja condições para isso, para além dos fluxos conhecidos. Que o exótico e a
alteridade sejam despertados nos diferentes povos para as trocas desses fluxos.
REFERÊNCIAS:
http://www.abant.org.br - acesso em 17-02-2013
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=438&sid=158 -
acesso em 17-02-2013
http://www.genus.org.br - acesso em 17-02-2013
http://nea.ufsc.br - acesso em 17-02-2013
http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnocentrismo - acesso em 17-02-2013
http://www.releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp - acesso em 17-02-2013
http://www.zahar.com.br/gilbertovelho - acesso em 17-02-2013