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BAD CIVIL
SOCIETY “A MÁ SOCIEDADE CIVIL”
CHAMBERS, Simone.
KOPSTEIN, Jeffrey.
UFSC / CFH / PPGSP
PEREZ, Felipe.
FRAINER, Jean.
World Church of the Creator
Grupos que promovem
benefícios da sociedade civil
somente aos seus membros.
E criam um sentimento de
oposição aos indivíduos
externos ao grupo.
Os membros são levados a deixar os seus
próprios interesses em favor do grupo
Grupos de ódio
Os acontecimentos envolvendo a
World Church of the Creator direcionaram as atenções
para grupos que promovem um “mau capital social”
A atuação destes grupos nos faz repensar o conceito de sociedade civil.
A atuação da
Má Sociedade Civil
Mesmo que não se acredite numa invasão por
estes grupos, não se dá a devida atenção;
Um dos motivos para a falta de interesse pode estar, justamente, na gênese do conceito de
Sociedade Civil
Há concordância que o fim da vida associativa representaria o fim da
democracia Os conceitos divergem sobre como a sociedade
civil melhora a democracia
Ameças à democracia
elimina os comportamentos, a disposição e o interesse necessários à cooperação pela democracia
destrói o potencial
democrático por forçar os cidadãos por
meio do medo do Estado
Indiv
idual
ism
o a
tom
ísti
co
Isolam
ento
totalitarista Em ambos os casos a sociedade sofre os efeitos
debilitantes da despolitização que são
devastadores para a democracia.
Mas, o que é melhor?
Individualismo Egoísta
Participação Associativa
Que Sociedade Civil
promove democracia?
Embora seja uma questão resolvida em
democracias estáveis, não é tão clara no
caso do totalitarismo.
A distinção mais importante,
portanto, não é entre o isolamento
e a participação mas entre os diferentes
tipos de participação.
Jogando Boliche com Farrakhan
A economia do ódio
Uma questão de contenção
Uma questão de liberdade de associação
Um problema interno da sociedade civil
Uma questão de eficiência democrática
E daí?
• Mas qual a importância disso para fortalecer a democracia
• Por que jogar boliche em uma liga pode fortalecer, e não minar, a democracia?
Putnam identificou o declínio do capital social.
Isso depende de quem cria a liga e de que tipo de crenças são
reforçadas nas relações entre os jogos
Uma “liga branca” de basquete não criaria o mesmo tipo de capital
social que uma liga mista.
“Entre seus membros a Ku Klux Klan pode cultivar
a solidariedade e a confinaça (...) mas as premissas
associativas destes laços são o ódio e a difamação...”
Tipos de participação
Contém todos os benefícios associados à participação: confiança, civismo, auto-sacrifício, mas somente entre os membros de um grupo particular
Extende os benefícios alcançados por meio
da participação a todos os cidadãos,
independentemente de sua filiação ao grupo C
ivil
idad
e par
ticu
lari
sta
Civ
ilidad
e dem
ocrática
Putnam não viu tudo...
“A sociedade civil é vista como um antídoto contra a anomia, apatia e
isolamento. O que defendemos é que essa perspectiva não consegue
ver que às vezes a cura é pior que a doença.”
• Putnam reconhece falhas na teoria, mas não são suficientes para
corrigir os problemas;
• Admite que o CS pode ser direcionado para o mau; mas não
identifica como as consequencias positivas podem ser maximizadas
e as negativas minimizadas;
• Apresenta as distinções entre CS Bridging e CS Bonding:
• Bonding tende a reforçar identidades e grupos homogêneos;
• Bridging envolve fazer conexões entre distinções sociais,
étnicas e políticas
Mas estas distinções não são capazes de separar o
bom capital social do mau capital social
O papel das desigualdades
Sabemos que inferir comportamento político a partir da situação
econômica é sempre um esforço perigoso, contudo, a evidência do
nazismo é bastante convincente.
Recentes estudos sobre o nazismo, com milhares de registros
individuais indicam que a decisão de aderir ao movimento
estava diretamente relacionada a privações materiais
concretas dos envolvidos, e a propostas para sua melhoria
apresentadas pelo programa nazista.
A ameaça da mobilidade descendente é, muitas vezes,
suficiente para mover um segmento crescente da população
em direção a movimentos extremistas
O papel das desigualdades
Sabemos que inferir comportamento político a partir da situação
econômica é sempre um esforço perigoso, contudo, a evidência do
nazismo é bastante convincente.
Recentes estudos sobre o nazismo, com milhares de registros
individuais indicam que a decisão de aderir ao movimento
estava diretamente relacionada a privações materiais
concretas dos envolvidos, e a propostas para sua melhoria
apresentadas pelo programa nazista.
Isto não significa que as privações sejam a única causa da
ascensão do nazismo; mas se pode afirmar com segurança
que o núcleo dos membros nazistas tinha origem nas
regiões e ocupações mais severamente afetadas pelas
dificuldades econômicas.
Isso significa que nem todos os membros aderiram ao
nazismo por uma questão ideológica.
Má Sociedade Civil
na Rússia
Sabemos que inferir comportamento político a partir da situação
econômica é sempre um esforço perigoso, contudo, a evidência do
nazismo é bastante convincente.
Recentes estudos sobre o nazismo, com milhares de registros
individuais indicam que a decisão de aderir ao movimento
estava diretamente relacionada a privações materiais
concretas dos envolvidos, e a propostas para sua melhoria
apresentadas pelo programa nazista.
Skinheads e outros grupos da direita radical, apoiados por
partidos de extrema direita, são formados por indivíduos
oriundos dos subúrbios industriais.
Os grupos comunistas são formados por descendentes de
eleitores idosos, comunidades rurais empobrecidas e
industriários desempregados.
A crise da globalização pós-comunista ofereceu
combustível aos movimentos antiliberais.
Não só os desempregados...
Não somente os desempregados, mas também os indivíduos com
baixos salários são os que mais se associam a grupos de ódio.
Em sociedades onde as pessoas definem sua auto-estima com base nos
salários e na estabilidade financeira a “descendência social” concorre
para direcioná-las a grupos extremistas
IMPORTANTE
Mesmo que o desemprego seja uma causa necessária para apoiar
movimentos extremistas, certamente não é a única causa para isso.
Nem só o desemprego...
As pesquisas que estabelecem conexões entre o desemprego e a má
sociedade civil não são trazem implicações puramente materialistas.
Ambos os processos – de deslocamento socioeconômico e anomia,
podem agir simultaneamente.
No lugar de descartar as pesquisas sobre as causas da
“má sociedade civil” como se estas fossem indeterminadas,
recuando para uma explicação confusa de anomia,
os teóricos podem contribuir aclarando a etiologia da associação
em grupo e analisando o bom e o mau capital social.
Para deixar bem claro...
Não se trata de um rígido argumento materialista
de que o efeito de todas as ideias são produzidos
por condições materiais. Mas trata-se de
argumentar que as discussões sobre como
promover e inculcar os valores necessários à
democracia liberal precisam dar mais atenção à
relação entre condições materiais e ideias.
Serão uma saída?
Nenhuma destas organizações
são escolas de virtudes
cívicas. Mas elas servem ao
propósito da contenção. Elas
podem promover válvulas de
escape. Associações podem
delimitar exibições de ódio e
surtos hostis de inveja.
Nancy Rosemblum sugere que grupos de ódio,
organizações paramilitares e milícias cumprem
uma importante função na sociedade liberal:
3 considerações:
1. Estes grupos detém a violência, apenas enquanto detém
a violência: em alguns momentos promovem, organizam
e executam a violência;
2. Os grupos detém a violência, mas (talvez) não detenham
o ódio: mantém o ódio dentro do limite legal, mas não
do limite desejável;
3. Não está claro como isto poderia ser analisado
empiricamente.
O que fazer?
Uma questão natural e
óbvia em relação à “má
sociedade civil” é:
Quando se justifica que o
Estado limite o direito de
livre associação em prol
da promoção dos valores
da democracia liberal?
O que fazer?
Benefícios da liberdade de associação
Benefícios da igualdade de
oportunidades
O que fazer?
As respostas a estas questões podem nos
encaminhar para um espinhoso dilema ético.
Mas também podem nos afastar de outras questões.
Com um foco legalista, pode parecer que resolvendo a questão da interferência ou não interferência, teremos resolvido o caso da
“má sociedade civil
A “má sociedade civil pode se mitigada através do pluralismo. Devemos promover uma sociedade que seja diversificada e
variada
O que fazer?
A “má sociedade civil pode se mitigada através do pluralismo. Devemos promover uma sociedade que seja diversificada e
variada
Desta forma, cidadãos poderão se unir mesclando diferentes
posições sociais, etnias e raças, evitando o ódio e o racismo.
Como fazer?
Uma questão central é saber como as
relações associativas podem modelar
as disposições necessárias para manter
uma saudável democracia liberal.
Tolerância, respeito, cooperação, interesse por bens comuns,
autonomia, competências comunicativas e deliberativas,
conhecimento, industrialização, espírito público...
Outros modos...
Sabemos que isto é incompatível com o
totalitarismo.
mas... e se fosse compatível?
A tradição islâmica também está desenvolvendo sua própria
concepção de sociedade civil, que é significativamente
diferente de uma concepção liberal.
O papel do Estado
A maior ameaça para as crianças na sociedade liberal
moderna não é que elas acreditem muito profundamente em
algumas coisas, mas que elas não acreditem em nada
profundamente.
Além disso, vemos um intenso debate sobre como o Estado
pode moldar a sociedade civil.
Isto é mesmo um problema nas democracias liberais?
Apatia ou ódio?
Apatia ou Ódio?
Apatia é mais generalizada
Ódio é mais devastador e pode
crescer a níveis ameaçadores
As lições
As lições aprendidas na vida associativa não são
transferidas diretamente para a vida política.
Os membros da Church of the
World Creator aprenderam
cooperação e confiança, mas isso
não significa que eles se tornaram
cidadãos cooperativos e confiáveis
(ou confiantes).
Um problema intrínseco
A “má sociedade civil” é realmente um problema da democracia.
É um problema de ter eficácia e voz.
Tanto republicanos quanto democratas estão interessados no
chamado “projeto formativo”: como as instituições, as
estruturas sociais e as forças econômicas moldam
identidades, afetam a formação de interesses e influenciam
a orientação de valores.
Ambas as abordagens identificam um descontentamento
generalizado por parte do ator social.
Comunitaristas /
Republicanos
Atribuem a sensação de descontentamento à perda
do sentimento de pertença.
Como cura, prescrevem um a vida associativa
intensa.
Democratas
deliberativos
Atribuem a sensação de descontentamento à
falta de eficácia política. O “mal-estar” da
modernidade está ligado à perda de controle sobre
a própria vida e as condições que determinam
as chances de cada um.
A cura é uma esfera pública acessível e eficaz.
Uma questão de eficácia
A quem os cidadãos recorrem quando suas
necessidades não são atendidas?
Uma questão de eficácia
A quem os cidadãos recorrem quando suas
necessidades não são atendidas?
Os teóricos da democracia deliberativa estão
interessados na apatia e passividade...
Mas há outras saídas...
Uma questão de eficácia
A quem os cidadãos recorrem quando suas
necessidades não são atendidas?
Os teóricos da democracia deliberativa estão
interessados na apatia e passividade...
Mas há outras saídas...
Muitos cidadãos insatisfeitos irão procurar grupos
que parecem oferecer uma solução, mas oferecem
bodes expiatórios.
Evidências empíricas
Estudos de Sheri Berman sobre a República de Weimar:
...em vez de responder às demandas da população
cada vez mais mobilizada, as estruturas políticas
do país obstruíram a participação significativa na
vida pública. Como resultado, as energias dos
cidadãos e os interesses privados foram desviados
para atividades associativas, que geralmente eram
organizadas no interior de grupos coesos, e não
extrapolando estes grupos...
Não, não é isso...
O argumento aqui não é que uma vibrante e
eficiente esfera pública transformará, magicamente,
racistas em democratas liberais...
Não se trata de reeducação cívica!
Também não significa que a exposição pública do
sentimento antidemocrático deve ser incentivada
para que não infecte as associações privadas...
É mais assim...
Sempre haverá um certo número de pessoas que
rejeitam os princípios essenciais da democracia.
Estas são as pessoas que poderão ser convencidas
que judeus, imigrantes, afrodescendentes, ou
croatas são culpados, ou que a democracia liberal
como um todo é culpada pela situação deles.
Um cuidado
Há um risco de estreitar o foco para o design das
instituições, deixando em segundo plano a questão
da insegurança econômica, causadora da frustração.
A versão habermasiana da democracia deliberativa
está propensa a este problema por duas razões:
1. A primeira é ligada à importante distinção entre
o sistema e o mundo da vida;
2. A segunda refere-se ao seu procedimentalismo
rigoroso.
Sistema / Mundo da vida
Embora os habermasianos reconheçam que o
Estado cria condições para uma esfera pública e
sociedade civil saudáveis, desconfiam do Estado.
Estado é sistema, e opera na lógica do poder!
A distinção sistema / mundo da vida pode dar a
impressão de que a auto-organização dos
indivíduos é sempre positiva. A tendência é ver
ameaças à democracia apenas na forma de
impedimentos à auto organização.
Procedimentalismo
Habermas afirma que cabe aos participantes
elaborar os detalhes de um sistema de justiça.
Isto leva a um círculo que impede a solução.
Como criar, democraticamente, as condições para
uma democracia saudável e autêntica?
O que acontece quando o ressentimento originado
das desigualdades prejudicam a democracia, mas
não há vontade democrática para abordar estas
desigualdades?
Há saída?
“Nós não temos uma solução mágica para o
problema, mas estamos convencidos de que esta
não é uma razão para parar de falar sobre a política
de insegurança econômica ou desistir dos Estados
como atores efetivos na luta contra a injustiça
social.” CHAMBERS, Simone.
KOPSTEIN, Jeffrey.