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paula-oliveira-cruz
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Barca Belacercarte.blogspot.com
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2. Pescador da barca bela,Onde vais pescar com ela,Que to bela,
pescador?
No vs que a ltima estrelaNo cu nublado se vela?Colhe a vela,
pescador!
Deita o lano com cautela,Que a sereia canta bela...Mas cautela,
pescador!
No se enrede a rede nela,Que perdido remo e velaS de v-la,
pescador!
Pescador da barca bela,Inda tempo, foge dela,Foge dela,
pescador!
Almeida Garrett
3. (que bem pode ser um coro boa maneira clssica da tragdia
grega-no prenuncia o coro, por regra, a catstrofe? - e que
acontecer ao pescador se no resistir tentao - leia-se seduo- ,
apesar dos avisos?)
4. O poema sintetiza um conflito dramtico representado por trs
personagens:
o pescador,
a sereia
e algum que o dono da voz que se dirige ao pescador
5. O sujeito potico suplica ao pescador que no v pescar, pois
conhece os perigos fatais que o esperam; a repetio da apstrofe (
pescador!) exprime o seu sofrimento cada vez mais intenso porque v
o pescador cair nos laos fatais da sereia
6. 1 estrofe -um aviso, um conselho:
Pescador da barca bela,Onde vais pescar com ela,Que to bela,
pescador?
Que como quem diz:
Se vais, ficas sem ela e,
perdendo-se a barca,
perdes-te tu!
7. Todo o poema contm os pr-requisitos de um texto argumentativo
cuja tese pode muito bem ser: Barco que v para o mar arrisca-se a l
ficar. (principalmente se as condies forem adversas: vv 5/6; v 10;
vv 13/14);
No vs que a ltima estrelaNo cu nublado se vela?
Que a sereia canta bela...
No se enrede a rede nela,Que perdido remo e vela
8. Assim, a lgica da argumentao assenta na enumerao das
adversidades que aumentam, gradativamente, o perigo que representa
o prprio mar:
(No vs que a ltima estrela / No cu nublado se vela? (vv 5/6) - a
ausncia de luz retira a clarividncia ao pescador, facilitando a
perigosidade);
por isso: Colhe a vela, / pescador!mas, se o no fizeres, se no
tiveres a fora, a coragem para o fazer, para resistir, Deita o lano
com cautela...
9. se o perigo mesmo iminente para uma barca deriva (sem orientao),
-o ainda mais se se deixar seduzir pelo canto da sereia como
aconteceu no episdio de Ulisses;
enredando-se a rede nela, ficar perdidamente enredado o prprio
pescador (ser o momento oportuno de lembrar um ditado popular: Ir l
e vir tosquiado.ou, se se preferir a adaptao: Ir pesca e ser
pescado.)
curiosidade: o termo pescar, conotativamente, muito utilizado no
jogo da seduo!;por isso: enquanto tempo, Foge dela, / Foge dela, /
pescador!,
isto , se no queres ficar sem a barca bela, no vs pescar com
ela;
10. Pescador da barca bela,Onde vais pescar com ela,Que to bela,
pescador?
No vs que a ltima estrelaNo cu nublado se vela?Colhe a vela,
pescador!
Deita o lano com cautela,Que a sereia canta bela...Mas cautela,
pescador!
No se enrede a rede nela,Que perdido remo e velaS de v-la,
pescador!
Pescador da barca bela,Inda tempo, foge dela,Foge dela,
pescador!
Conclui-se, assim, que o perigo ltimo, o maior, ela
11. Nvel fnico
Rima: montona: ela/ela/ela e or.
A monotonia da rima sugereque o canto da sereia tem a capacidade de
adormecer as resistncias do pescador.
Aliterao: barcabela.
A beleza da barca o primeiro elemento de perdio. "No vs se
vela?/Colhe a vela".
Sugesto da fora do aviso e do pedido do sujeito potico. "Deita o
lao com cautela! Que canta bela".
Sugesto do cuidado que o pescador devia ter. "No se enrede a rede
nela remo"
Sugesto do enredo do pescador nas malhas da rede da sereia, tecida
pelo seu canto
12. apstrofe(vv 1, 4. 8. 12, 16, 20);
adjectivao(bela, ltima);
pergunta de retrica (vv 1/4; vv 5/6;
exclamao retrica (vv 7/8; 11/12; 15/16; 19/20);
difora(vv 6/7 (repetio de uma mesma palavra, mas com sentido
diferente: vela (verbo) / vela (nome));
assonncia (contida na rima);
aliterao do L;
Nota: todo o poema uma alegoria, pelo que quase todos os seus
elementos devem ser lidos no plano metafrico: o que est em causa o
irresistvel poder de seduo da mulher fatal;
Construo Retrica
13. Metforas e smbolos:
"barcabela", "sereia", "pescador" so palavras de valor metafrico e
simblico.
Assim, a "barcabela" navega num mar que pode ser metfora de
existncia humana; ela prpria metfora e smbolo de seduo e dos
perigos que o homem corre na sua existncia; tudo o que belo
perigoso.
Poder-se- lembrar o famoso poema de Cames "Descala vai pera a
fonte", onde a beleza de Lianor pode correr perigo neste mundo
imperfeito. A "sereia" tradicionalmente um elemento provocador dos
navegantes (ver As Sereias, p.139).
14. Metforas e smbolos:
tambm neste poema metfora e smbolo da seduo e dos perigos que todo
o ser humano corre durante a sua existncia. O "pescador" metfora e
smbolo de todo o ser humano que tem de "navegar" no mar da vida,
rodeado de perigos.
Se se interpretar o poema no contexto onde est inserido, como se
deve fazer, ento teremos ainda novos sentidos. O pescador o homem e
a sereia a mulher; esta exerce uma atraco irresistvel sobre aquele.
Estamos face a um tema querido dos romnticos: a mulher como anjo ou
como demnio, mas sempre um ser superior, a que o homem se
submete.
15. Metforas e smbolos:
tambm neste poema metfora e smbolo da seduo e dos perigos que todo
o ser humano corre durante a sua existncia. O "pescador" metfora e
smbolo de todo o ser humano que tem de "navegar" no mar da vida,
rodeado de perigos.
Se se interpretar o poema no contexto onde est inserido, como se
deve fazer, ento teremos ainda novos sentidos. O pescador o homem e
a sereia a mulher; esta exerce uma atraco irresistvel sobre aquele.
Estamos face a um tema querido dos romnticos: a mulher como anjo ou
como demnio, mas sempre um ser superior, a que o homem se
submete.