Que tipos de documentários existem?

O modo poético

O modo expositivo

O modo observativo

NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. São Paulo: Papirus, 2005.

Universidade Federal de Juiz de ForaDisciplina: Documentário Graduação: 2016/2 I Instituto de Artes e Design

Daniel Brandi do Couto Mestrado em Cinema e Audiovisual (PPGACL/UFJF)

daniel@impulsohub.com.br

Documentário em grupos: A reunião de muitas vozes

Instituto de Artes e Design I Bacharelado em Cinema e AudiovisualDisciplina: Documentário.

Aula: Que tipos de documentário existem I Nichols, Bill. Introdução ao documentário

Cada documentário possui uma voz diferente e com natureza própria.

Enquanto no cinema as vozes individuais e compartilhadas prestam-se a teoria do autor, no documentário é possível identificar modos de representação que funcionam como subgêneros do próprio gênero documentário.

Poético - Expositivo - Participativo Observativo - Reflexivo - Performático

Tais modos estabelecem uma estrutura que determina como os indivíduos trabalham, estabelecem as convenções que o filme pode adotar e geram as expectativas que o público esperam ver satisfeitas.

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Nichols acredita que a ordem de apresentação desses modos se deve a cronologia em que eles foram foram criados.

Porém a identificação de um filme com um modo não precisa ser total. As características dos modos funcionam como dominantes, estruturando todo filme

Os modos não possuem uma cadeia evolutiva: um modo mais tardio não possuem superioridade sobre modos anteriores. ex: documentários expositivos (1920)

De acordo com Nichols, cada modo surge, em parte, da insatisfação dos cineastas com um modo prévio. (Ex: modo observativo surge da disponibilidade de novos equipamentos).

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Modo poético: abstrato demais I Modo expositivo: didático demais I Modo observativo: camuflava a presença do cineasta e sua influência.

De acordo com Nichols, o modo participativo advém:

Ex: Nanook omite. Flaherty pede para que afastemos nosa incredulidade no aspecto ficcional da sua história.

No caso de cineastas do Cinema-Verdade, o que acontece devido a presença do cineasta se torna tão crucial quanto o que acontece apesar dele.

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Chronique d’Un Été: https://vimeo.com/54909410

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Modos novos surgem a partir da deficiência de modos antigos, mas também a partir da necessidade de representar o mundo histórico de uma perspectiva singular.

Assim como o observativo surge durante o auge das formas descritivas da sociologia dos anos 50, a intensidade emocional e expressividade subjetividade dos anos 80 e 90 abrem campo para o modo performático.

De toda forma, é importante ter em mente que um modo novo não é melhor, ele é diferente.

1. O modo poético

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Compartilha ares comuns a vanguarda modernista

Sacrifica as convenções de montagem em continuidade, para explorar as associações e padrões que envolvem ritmos temporais e justaposição espaciais.

As pessoas nos documentários de modo poético funcionam em igualdade com os outros objetos.

Joris Ivens - Rain (1929) https://www.youtube.com/watch?v=T_MXa9enUfE

1. O modo poético

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O modo poético enfatiza mais o estado de ânimo, o tom, as demonstrações de afeto.

O elemento retórico, argumentativo é pouco desenvolvido.

Ex: Zeigt ein Lichtspiel: Schwarz, wiss, grau (1930), de Laszlo Moholy-Nagy. Enfatiza mais as gradações de luz que passam pelo filme, em vez de documentar a forma concreta das esculturas em si.

https://www.youtube.com/watch?v=ymrJLhSeIlk

1. O modo poético

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A dimensão documental do modo poético origina-se no grau em que os filmes modernistas se baseiam no mundo histórico como fonte (relação homem x cidade / modernidade x industrialização)

Um cão andaluz (Luis Buñuel e Salvador Dali, 1928), por exemplo, dá a impressão de uma realidade documental, mas povoa essa realidade com personagens surpreendidos em desejos incontroláveis, com mudanças abruptas de tempo e espaço, com mais enigmas que respostas.

O modo poético possui várias facetas, e todas enfatizam as maneiras pelas quais a voz do cineasta dá a fragmentos do mundo histórico uma integridade formal e estética peculiar ao filme.

Mais do que descrever o curso de ação de uma narrativa, mira em construir um tom e um estado de espírito em detrimento da explicação, argumentação. MP

2. O modo expositivo

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Tem por característica agrupar o mundo histórico numa estrutura mais retórica e argumentativa do que estética/poética.

Dirigem-se ao espectador diretamente, expondo um argumento ou recontando uma história.

Fazem o uso da voz-over ou “Voz de Deus”, semelhante aos noticiários televisivos.

A tradição da voz de Deus fomentou a cultura do comentário com voz masculina, profissionalmente treinada, cheia, grave, que mostrou ser a marca de autenticidade e credibilidade do modo expositivo.

Dependem muito de uma lógica informativa transmitida verbalmente. As imagens desempenham papel secundário.

2. O modo expositivo

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O comentário nos documentários expositivos é geralmente apresentado como distinto das imagens do mundo histórico que o acompanham.

Eles organizam nossa atenção, enfatizam pontos, interpretam o que está na tela.

Apesar de prover de um lugar ignorado, ele é associado a objetividade, credibilidade.

Seguimos o conselho e vemos as imagens como comprovação ou demonstração do que é dito.

A montagem serve menos para estabelecer um ritmo ou padrão formal, do que para manter a continuidade do argumento. É uma montagem de evidência.

2. O modo expositivo

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O tom oficial do narrador passa a sensação de credibilidade, usando características como distância, neutralidade, indiferença e onisciência.

O documentário expositivo facilita a generalização e a argumentação.

As imagens sustentam as afirmações básicas ao invés de construir uma idéia nítida das particularidades de um determinado mundo.

Esse tipo de filme aumenta nossas reservas de conhecimento, mas não desafia ou subverte as categorias que organizam esse conhecimento.

2. O modo expositivo

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Notícias de uma guerra particular (Kátia Lund / João Moreira Salles, 2000).

3. O modo observativo

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Os modos poético e expositivo, com frequencia, sacrificaram o ato específico de filmar as pessoas, para construir padrões estéticos ou argumentos persuasivos

Com o avanço tecnológico, surgiram equipamentos que podiam ser carregados por uma só pessoa.

O modo observativo trabalha na captura da observação espotânea da experiência vivida.

Filmes sem comentários em voz over, música, efeitos sonoros e até sem entrevistas.

O que vemos é o que estava lá.

3. O modo observativo

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Os modos poético e expositivo, com frequencia, sacrificaram o ato específico de filmar as pessoas, para construir padrões estéticos ou argumentos persuasivos

Com o avanço tecnológico, surgiram equipamentos que podiam ser carregados por uma só pessoa.

O modo observativo trabalha na captura da observação espotânea da experiência vivida.

Filmes sem comentários em voz over, música, efeitos sonoros e até sem entrevistas.

O que vemos é o que estava lá.

3. O modo observativo

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Os atores sociais tendem a interagir uns com os outros, ignorando os cineastas.

O espectador faz inferências e tira suas conclusões baseado no comportamento que ouve e observa.

É um modo que propõe uma série de considerações éticas:

1. Questão da intromissão não consentida. 2. Comportamento x Presença do dispositivo 3. Quando o cineasta tem a responsabilidade de intervir?

Os filmes observativos mostram uma força especial pois dão ideia de duração real do acontecimento

Rompem com a montagem acelerada e o ritmo dramático que muitas vezes se fazem presente nos modos anteriores. (Wedding camels)

3. O modo observativo

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A presença da câmera confirma a sensação de engajamento com o imediato e a sensação de fidelidade.

Muitas vezes essa sensação serve aos documentaristas para criar aparências.

Acontecimentos encenados

ex: (coletivas de imprensa são observativas, mas só existem para serem registradas. Lógica inversa).

ex: Triunfo da vontade (poder da imagem na representação do mundo histórico)

Entrevista mascarada.

3. O modo observativo

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Tais características iam justamente contra ao que acreditavam os cineastas do cinema-direto.

Estes sustentam que o cineasta deveria ser como uma “mosquinha na parede”, sem intervir.

Gera-se o debate sobre o quanto do que vemos seria igual se o dispositivo não estivesse lá ou o quanto seria mais diferente se a presença fosse percebida.