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Boletim Universo EAD Fevereiro - 2012 - Educação a Distância

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O seu informativo sobre tecnologias aplicadas à educação do Senac São Paulo. Para mais informações, acesse http://j.mp/IVPdMb

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Boletim Universo EAD - Fevereiro 2012 - ano VIII nº 72 Página 2

Tecnologia de ponta no mundo da moda

Realidade aumentada e identificação por radiofrequência facilitam o cotidiano de consumidores e lojistas

A indústria da moda tem uma dinâmica acelerada. Afinal, é obrigada a se reinventar a cada inverno e

verão. As coleções ganham mais itens e acessórios e as novas tecnologias de tecido aumentam as

opções de escolha dos estilistas e das confecções – pressionadas, ainda, a reduzir custos para se

manterem competitivas. Nesse sentido, aliam-se diferentes instrumentos da tecnologia da informação,

gradativamente associadas à internet, para dar conta dos principais desafios do setor: manter

inovação, formar profissionais e se relacionar com o consumidor.

Um bom exemplo de tecnologia aplicada em favor da moda é o uso da realidade aumentada em

provadores físicos e on-line. A partir da mistura de imagens, o sistema permite vestir roupas virtuais no

corpo real do consumidor, seja pela internet ou na própria loja.

O Espelho Virtual, disponível no portal iG, é um serviço gratuito que pode ser usado por qualquer

pessoa que tenha uma webcam e o Adobe Flash Player instalados em um computador com acesso à

internet. Para usar, basta seguir as recomendações disponíveis na própria página e clicar em

“experimente agora”. Depois, é só escolher a coleção preferida e as roupas que pretende provar. Se

preferir, o internauta pode fotografar seus looks para salvar no computador ou, como é comum,

compartilhar no Facebook. “São ferramentas próprias de cada ambiente virtual que, de fato, ampliam o

repertório de informação sobre moda”, explica Deborah Bresser, colunista e editora do portal iG Moda.

Grandes redes de varejo também já notaram os benefícios desse tipo de solução. No Brasil, o site da

Riachuelo oferece um provador virtual com peças para compor diversos looks, incluindo itens das

coleções feminina e masculina.

Experiências desse tipo, que mesclam a imagem gravada em um site a uma foto enviada, deverão ser

cada vez mais comuns e prometem facilitar bastante a vida dos consumidores, fabricantes e lojistas.

Afinal, com poucos movimentos de mouse e alguns cliques, é possível até ajustar o tamanho de

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diversas peças para saber os modelos mais adequados para cada estilo. Isso sem falar na possibilidade

de montar as combinações desejadas antes de partir para uma prova real.

Em junho de 2011, durante o Research@Intel Day – realizado em Mountain View, na Califórnia (EUA) –

, a Intel, líder mundial em inovação, demonstrou um protótipo da tecnologia Magic Mirror (Espelho

Mágico). A solução permite provar versões virtuais de roupas em um avatar 3D que simula as formas e

medidas de quem está em frente à tela de alta resolução. Além disso, o sistema captura e reproduz os

movimentos da pessoa, em tempo real.

A ideia é criar uma nova experiência de compras no varejo, oferecendo a possibilidade de testar cada

peça virtualmente, antes de ir ao provador real. Dessa forma, os consumidores poderão experimentar

um grande catálogo de roupas com mais velocidade e comodidade.

No Brasil, sistema semelhante com imagens tridimensionais foi criado pela Blumer. A empresa,

especializada no desenvolvimento de tecnologias de interatividade virtual, criou um provador 3D para o

lançamento da loja física da Penalty, em Campinas (SP). Além de capturar movimentos para integrá-los

às imagens de realidade aumentada, o recurso integra as informações aos aplicativos de mídias sociais

e comércio eletrônico.

Dessa forma, os clientes tiveram a oportunidade de experimentar o que mais os agradou, dentre as

9.720 combinações possíveis a partir do mostruário da Penalty. “Com a inovação, as pessoas perderão

menos tempo experimentando e isso refletirá nas vendas”, prevê Nanni Brandão, diretora de inovação

da Blumer.

Na Rússia, a rede Topshop, focada no chamado fast fashion, também levou a ideia ao público. Durante

três dias, uma de suas lojas testou soluções de realidade aumentada no lugar do espelho tradicional.

Com o uso de um sistema denominado Kinect Fiting Room, as consumidoras selecionavam as peças

que preferiam vestir e o sistema, depois de capturar digitalmente a imagem da pessoa, aplicava as

roupas disponíveis no espelho virtual do provador.

Outra tecnologia de ponta que tem ajudado a aprimorar as experiências de compra no mundo da moda

é a de identificação por radiofrequência (Radio Frequency Identification – RFID). No Brasil, um caso

interessante de aplicação está na memove, primeira empresa de fashion retail do país a adotar a

tecnologia RFID em toda a sua cadeia produtiva.

Controlada pela holding VGB Global Brands – detentora das marcas Crawford e Siberian –, a rede tem

usado a tecnologia como um facilitador de todos os processos que envolvem o dia a dia das lojas. Para

isso, todas as peças são identificadas via radiofrequência, permitindo maior controle de estoques e a

completa monitoria dos produtos, desde a fabricação até a venda ao consumidor.

Além de reduzir custos, a rede conseguiu agilizar o controle e a reposição dos estoques. Para os

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clientes, o sistema RFID possibilitou a criação de um fast check-out. Trata-se de um caixa expresso que

“lê” o preço das peças a distância e calcula rapidamente o preço para clientes que utilizam cartões de

crédito ou de débito. Vale conferir a novidade nas próximas compras!

Estilo e imagem pessoal é o tema de novo curso a distância

Referência em capacitação para a área, Senac São Paulo oferece mais de 50 opções de cursos ligados à moda

O Brasil está na moda e, há alguns anos, entrou definitivamente no circuito mundial do setor.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção – Abit, o faturamento nacional

da cadeia têxtil e de confecção chegou a US$ 60,5 bilhões em 2010 – dados de 2011 deverão ser

divulgados em março.

O cenário positivo também tem impulsionando o mercado de trabalho. De acordo com a entidade, a

indústria têxtil e de confecção gera cerca de 1,7 milhão de empregos diretos. Trata-se do segundo

maior empregador da indústria de transformação no país, perdendo apenas para o setor de

alimentos e bebidas.

Porém, é preciso capacitar mais profissionais. Segundo Sylvio Napoli, gerente de infraestrutura e

capacitação tecnológica da Abit, se uma companhia quer manter o nível da mão de obra, pode

preparar cursos específicos ou encaminhar alunos para uma escola especializada.

Referência de mercado quando o assunto é moda, o Senac São Paulo oferece 54 opções de

capacitação, diretamente ligadas ao setor. São cursos livres, técnicos e de extensão universitária,

além de graduações e pós-graduações.

Entre as principais vantagens que o Senac oferece aos interessados na crescente área, está a

ampla programação, que atende aos mais diversos perfis profissionais e inclui todos os segmentos

do negócio, desde o planejamento e a criação, até a produção e comercialização de produtos.

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Uma das novidades para 2012 é o curso livre Estilo e Imagem Pessoal Masculino, ministrado

totalmente a distância. Dirigido a profissionais de diversas áreas, que tenham concluído o ensino

médio, o objetivo é desenvolver habilidades para aprimorar a imagem pessoal dos participantes,

incluindo recursos e técnicas para compor estilos e adequar soluções a diferentes tipos físicos e

ocasiões.

Ainda não há data estipulada para o início das aulas, mas os interessados podem manifestar

interesse na própria página do curso. O programa inclui tópicos importantes, como a identificação e a

valorização de tipos físicos, a escolha do visual adequado para cada situação, a priorização de

compras e outras dicas fundamentais para a composição de estilos próprios.

O novo curso foi inspirado no sucesso do Estilo e Imagem Pessoal Feminino, lançado em meados de

2009 e também ministrado totalmente a distância. A próxima turma terá início em 14 de março e

aulas vão até 13 de abril. Outras seis turmas já estão programadas para 2012.

Senac Moda Informação: o verão 2013 já chegou!

Dirigido a profissionais do setor, evento apresenta tendências e referências que inspiram a criação das próximas

coleções

Desde 1964, quando o Senac São Paulo deu início à promoção de ações educacionais voltadas à área

de moda, a instituição tem se destacado como referência nacional. Com expressiva participação no

fortalecimento do setor no país, o Senac ocupa uma posição mais que consolidada na área e oferece

um amplo portfólio de cursos e eventos.

Atualmente, o Senac é um dos grandes responsáveis pela prática e disseminação do conceito de

design sustentável e ético. Com profissionais dedicados à análise de pesquisas e do desenvolvimento

do mercado no país e no exterior, a instituição mantém diversas ações que visam difundir tendências

e conteúdos que ajudam a impulsionar o mercado de trabalho e a fortalecer a formação da mão de

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obra destinada à indústria têxtil e de confecção.

Entre as iniciativas de sucesso da instituição, destaca-se o Senac Moda Informação, um evento

dirigido aos profissionais do setor, realizado desde 1993. Com duas edições anuais, em março e

outubro – focadas, respectivamente, nas tendências de moda para verão e inverno –, o Senac Moda

Informação é considerado o maior e mais importante encontro da América Latina, em termos de

confirmação de produtos de moda.

No próximo dia 15 de março, o Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, será palco da

39ª edição do evento. Com a proposta de apresentar tendências que podem ser aplicadas no

mercado brasileiro, o Senac Moda Informação – Verão 2013 contará com ciclo de discussões, sessões

de coaching e palestras ministradas por reconhecidos profissionais do mercado.

Serão abordadas as últimas novidades coletadas a partir de pesquisas realizadas na Europa e nos

Estados Unidos, incluindo conceitos inspirados no cinema e na cultura; na arquitetura e no design; na

natureza e no comportamento.

Acessórios, moda praia, jeans, tecidos e padronagens são apenas alguns exemplos dos temas que

serão discutidos. Uma das apresentações mais aguardadas é a dos alemães Malte Horeyseck e Malte

Huffmann, sócios-diretores da Dafiti – atual caso de sucesso em fashion e-commerce.

Além das palestras, uma exposição com espaços e cenários transmitirá referências sensoriais a partir

de ambientes que reverenciam as tendências da estação. Uma instalação com shapes (moldes)

ícones de cada segmento complementa a experiência dos visitantes, estimulando a observação e a

criação de formas, acabamentos e modelagens.

Segundo Marcelo Pedrozo, consultor de moda da unidade Lapa Faustolo do Senac, é necessário ler

tendências como referências que indicam linguagem comum de mercado. “Isso não quer dizer que

você não possa imprimir sua identidade em suas criações, mas pode estar subsidiado pelas

informações de seu meio. Basta uma pequena análise nas coleções das grifes de referência para

evidenciar esse dado”, completa.

Internet democratiza passarelas da moda

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Graças à internet, informações do mercado se tornaram acessíveis aos diversos perfis de consumidores,

profissionais e estudantes da área

A moda está na moda. Cada vez mais criativa e sofisticada, a moda também está mais democrática.

E o sucesso dos grandes eventos realizados no Brasil, como São Paulo Fashion Week e Fashion

Rio, faz com que o setor amplie sua influência na cultura de massa.

Os números contam o que tem sido a expansão do mercado da moda no país. Segundo a

Associação Brasileira de Estilistas (Abest), as exportações geraram resultados da ordem de US$

18,3 milhões em 2011, com negócios fechados em 66 países.

O Sistema Moda Brasil – polo de articulação junto ao governo federal, que reúne representantes da

cadeia produtiva do setor – apurou um faturamento de US$ 74 bilhões em 2011, o equivalente a

3,5% do PIB brasileiro. Esses dados incluem os resultados das empresas associadas a entidades

que geram 2,4 milhões de empregos diretos (Abest, Abicalçados, Abit, Assintecal, Cicb e IBGM).

Hoje, graças às ferramentas de tecnologia e, principalmente, à internet, informações de moda estão

disponíveis no mundo on-line e estão acessíveis para os diversos perfis de consumidores,

profissionais e estudantes da área.

Interessados em opinar, divulgar e se aproximar do público, protagonistas da área já estão presentes

em redes como Twitter e Facebook. Sites especializados promovem interações e já é possível ver

desfiles de casas exclusivas, como a Chanel, por exemplo, em qualquer lugar do mundo onde exista

um computador conectado à internet.

Para Deborah Bresser, colunista e editora do portal iG Moda, uma característica desse mercado é a

receptividade ao que é novo, inclusive com relação a mídias e tecnologias. Ela lembra que o primeiro

movimento foi a rápida disseminação dos blogs de moda. Com o tempo, essas ferramentas foram

incorporadas ao marketing e, atualmente, há blogueiros extremamente bem remunerados. “Os blogs

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descobriram um nicho que a imprensa de moda não cobria, que era fazer o leitor se espelhar. Criou-

se, então, uma identificação com o público jovem e isso trouxe a mercantilização do conteúdo –

muitas vezes, patrocinado por empresas relacionadas a produtos de beleza e acessórios – até mais

do que moda, mas de moda também”, ressalta.

Hoje, muitos jornalistas buscam temas e pautas a partir do que as pessoas estão escrevendo ou

reblogando na internet, da mesma forma que o mercado segue as tendências que predominam entre

seus consumidores. “As redes inverteram o fluxo da notícia”, avalia Deborah.

Outro fortíssimo mecanismo de divulgação no mundo da moda é o Twitter, microblog usado para

fluxo de informação, manifestações e mobilização. A jornalista destaca uma antiga coleção da

Arezzo que utilizava pele animal e foi retirada das lojas depois do assunto ficar entre os mais

comentados da rede, de maneira negativa.

As redes sociais democratizam também a produção. A maioria das grandes marcas está usando,

mas mesmo pequenos ateliês podem criar uma página no Facebook e estruturar uma logística de

comércio eletrônico a partir dali. Algumas empresas, por exemplo, até interagem com o público para

eleger, via Facebook, os próximos lançamentos. Foi o caso recente da Neon – marca dos estilistas

Dudu Bertholini e Rita Comparato –, que lançou um perfil do Twitter e, agora em fevereiro, a loja

virtual. “É uma grife que trabalha muito com estamparia e parte das novidades está sendo escolhida

pelos internautas. As estampas que fizerem mais sucesso on-line vão virar roupas”, conta.

Desfiles on-line

Se a presença de estilistas, modelos e marcas importantes em blogs, microblogs e redes sociais

favorece a interatividade e a geração de informação em alta velocidade, os desfiles on-line

escancaram as salas exclusivas das grifes. Atualmente, grandes marcas mundiais e nacionais fazem

desfiles na internet, alguns ao vivo. “Isso provoca uma mudança fundamental, pois os desfiles de

moda são eventos tradicionalmente fechados. Na hora em que o mercado os coloca na rede, há uma

mensagem clara de que aquela informação pode e deve chegar a qualquer pessoa, tirando o sentido

de exclusividade e ampliando o acesso à informação, que era restrita até então.”

Deborah, que também é professora de jornalismo de moda e em novas mídias, aproveita os desfiles

on-line nas aulas. “Isso gera um grande ganho na qualificação de quem está na área. Antigamente, o

jeito era ver fotos de alguns looks e, mesmo assim, dias depois das apresentações. Hoje, há quem

transmita desfiles em tempo real ou on demand. Como professora, posso pedir aos alunos que

assistam a determinados desfiles, avaliem e façam resenhas”, diz.

Moda: TI concilia estilo e técnica

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Programas e ferramentas on-line ajudam a aproximar as criações de moda das exigências técnicas da produção

O estilista Alexandre Herchcovitch usou diferentes tecidos para

criar a coleção que apresentou este ano, em janeiro, na São

Paulo Fashion Week: malha, renda dourada, nylon, couro

metalizado, cashmere dublado com lã bouclê, seda reponada e

gabardine.

Parece simples desenhar, cortar e costurar. Porém, o grande

desafio artístico da moda é conciliar a inspiração criativa com os

limites físicos do pano para conseguir o design e o acabamento

perfeitos. E é nessa e em outras questões que a tecnologia entra

como facilitadora de processos, aproximando cada vez mais os

profissionais da moda dos aspectos técnicos ligados à indústria.

Para comentar alguns exemplos de como a tecnologia tem colaborado com a evolução do setor, o

entrevistado desta edição é Sylvio Napoli, gerente de infraestrutura e capacitação tecnológica da

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), entidade que representa a força

produtiva de 30 mil empresas formais instaladas no país.

Universo EAD – Como a tecnologia da informação (TI), incluindo a internet e as ferramentas de

educação a distância, afetam a produção e o mercado da moda no setor têxtil e de confecções?

Sylvio Napoli – Como em todos os setores, a moda não fica alheia às influências da TI. Mas é

preciso ter o cuidado de não seguir apenas as regras das novas tecnologias. Mesmo porque a moda

envolve muito a criatividade de cada pessoa. E a área têxtil e de confecções prima por este aspecto:

deixar as pessoas e as empresas livres para criar tudo o que desejarem.

O que vem ganhando força é o relacionamento entre o setor têxtil e a moda, na área de tecnologia.

Como isso se dá? Muitas vezes, os criadores de moda não prestam atenção a detalhes técnicos,

especificamente relacionados aos tecidos, por exemplo. E começam a imaginar e a idealizar coisas

que, na prática, não são possíveis de se realizar. Projetos maravilhosos, na realidade concreta, nem

sempre dão certo! Por isso, há a necessidade de que exista uma interação maior entre a moda e os

aspectos da parte têxtil e da confecção. É nessa hora que entra a tecnologia.

Universo EAD – Como a TI ajuda a promover essa interação?

Sylvio Napoli – Não se pode fazer uma roupa com um tipo de tecido idealizado, que é impossível de

ser produzido. Com ferramentas de TI, ao criar qualquer coisa nova, é como fazer o DNA do produto,

do fim ao começo. E, dentro dessa árvore genealógica de produção, há como verificar o que é viável,

se o processo é conveniente, se o custo é interessante e tudo o mais.

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Há diferentes tipos de software que, diante de determinado tecido, fornecem todo o detalhamento

dos processos: a roupa melhor para ele, as fibras, que título de fio etc. Apresentam uma noção

completa de todo o processo. Basta descrever o tecido e o software vai buscar no banco de dados a

melhor forma de fabricá-lo, qual a quantidade ideal de metragem e o volume de produção para tornar

a proposta viável. E faz o mesmo para os detalhes da fiação, até à fibra, para completar as

informações da maneira mais racional possível.

Além disso, essas ferramentas também permitem projetar um tecido como se fosse uma criação

própria. Hoje, há softwares para desenhar camisa, calças etc. E é muito fácil de fazer.

Universo EAD – Poderia citar exemplos dessas aplicações?

Sylvio Napoli – Recentemente, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do

Ministério da Educação (MEC), lançou um programa de uniformização escolar. Para isso, foi criado

um kit com 16 itens, cada um disponível nas cores da bandeira brasileira: azul, amarela, verde e

branca. São diferentes tipos de peças, incluindo agasalhos, calças, bermudas, entre outros.

Cada prefeitura, de acordo com a necessidade, pode entrar no site do FNDE para, por meio de um

software, montar o uniforme escolar desejado, a partir da imagem de uma criança. O programa

pergunta: quer usar tênis? Basta clicar e o estudante aparece calçado. Quer que coloque meia? E

assim por diante. A criança vai sendo vestida virtualmente pelo software.

Depois, o usuário confirma o que escolheu e o programa envia para o FNDE os itens selecionados

do kit, com as quantidades necessárias. Se a prefeitura concordar com o registro de preços feito pelo

FNDE, o sistema informa o custo daquela carga de uniforme e o município busca os recursos para

financiá-la.

O site inclui o registro de preço e as empresas que ganharam para fornecer cada item. E há vários

outros softwares. Há como entrar em uma loja virtual, por exemplo, e desenhar a roupa que quiser.

Assim, aliando a ferramenta aos aplicativos que fazem análise e rastreamento de produção, você

tem o custo do produto e avalia se é viável ou não.

Universo EAD – Isso diminui o risco no lançamento das coleções?

Sylvio Napoli – Completamente! É um exemplo de como usar banco de dados para facilitar a

produção, pois poderia haver problemas de vários tipos em relação à quantidade e ao tipo de item,

impedindo o atendimento da demanda prevista. Agora, a informação está on-line.

Universo EAD – Quais são os softwares mais usados no mercado?

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Sylvio Napoli – Existem empresas que só se dedicam a isso, como a Lectra e a Audaces. Mas há

outras. E também empresas com soluções próprias em seus sites, como a C&A e a Pernambucanas.

Universo EAD – Como essas tecnologias impactam na formação de mão de obra, tanto a distância

quanto presencialmente?

Sylvio Napoli – Especialmente na pós-graduação, já existem vários cursos que usam a tecnologia

para serem realizados a distância. Hoje, as ferramentas para sala de aula são bem modernas,

trabalham computação e programas baseados em simulação, que descrevem o comportamento dos

tecidos, por exemplo.

E o princípio de computação é matéria básica para qualquer tipo de formação superior. Não fica

restrito a um ano, não; deve-se cumprir até dois anos desse conteúdo. Na área de moda, o Senac

São Paulo, instituição parceira da Abit na realização de eventos e no intercâmbio de informações,

também oferece cursos livres a distância.

Universo EAD – Faltam profissionais no mercado têxtil e de moda?

Sylvio Napoli – Depende da região e do grau de sofisticação que se deseja do profissional. Em

termos de chão de fábrica, a quantidade demandada é grande. E quem forma costureiras,

maquinistas de fiação etc., geralmente, é o Senai. Mas não acredito que a falta de profissionais seja

impedimento para que se tenha uma boa empresa. Se uma companhia quer manter o nível da mão

de obra, pode preparar um curso específico ou encaminhar seus alunos para uma escola

especializada, que também dá cursos dentro da própria empresa. Da mesma forma, isso também

acontece na área de moda.

Universo EAD – Qual a repercussão da iniciativa de grandes marcas da moda em transmitirem

desfiles on-line?

Sylvio Napoli – Grande. Se você populariza a informação de moda, atrai mais gente ao mercado. É

uma ação muito importante. Especialmente com a ascensão das classes menos favorecidas, que

antes não tinham acesso ao consumo de moda. Hoje, não é mais assim! Esses consumidores estão

evoluindo e ingressando realmente no mercado. Por isso, nada melhor do que levar os desfiles a um

público maior.

Universo EAD – É cada vez mais estratégico ter mecanismos de geração de inovação consistentes.

Como a TI pode ajudar neste processo?

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Sylvio Napoli – Depende muito de cada empresa. Temos alguns projetos e trabalhos para levar os

conceitos de inovação para dentro das companhias – que aguardam definição de apoio da

Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de fomento do Ministério da Ciência e

Tecnologia. A Abit não vai inovar diretamente, mas vai induzir as empresas a fazerem isso. Inovar

requer critério, gestão, gerência e governança do programa de inovação. Nesse sentido, as

ferramentas de TI apoiam de muitas maneiras e são um dos caminhos para disseminar esses

conceitos. Já temos um projeto em gestação, em parceria com a Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial (Abdi), para criar um banco de dados com as melhores práticas de

inovação. Quando estiver pronto, divulgaremos mais detalhes. Não vai demorar muito.