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AS ORIGENS DA CIÊNCIA MODERNA Capítulo 12 Profº José Ferreira Júnior

Cap 12 As Origens da Ciência Moderna

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AS ORIGENS DA CIÊNCIA MODERNACapítulo 12

Profº José Ferreira Júnior

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• O RENASCIMENTO:• Momento marcante da história do pensamento

ocidental;• Caracteriza-se pela importância que o homem passa a

atribuir a si mesmo dentro do contexto da natureza;• Valoriza a condição humana e a capacidade de

conhecer e intervir no todo;• A produção intelectual desse período se torna

audaciosa e crítica em relação à visão tradicional;• É a razão, fortalecida, que constrói seus próprios

caminhos em busca do entendimento das coisas.

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• Os vínculos entre filosofia natural e teologia

também ficaram mais tênues, embora as principais conquistas científicas desse período tenham sido realizadas por clérigos, mesmo que não da alta hierarquia, como Nicolau de Cusa e Copérnico.• Podemos dizer que o surgimento de uma atitude

científica está intimamente ligado ao universo renascentista e ao novo olhar que nesse período se desenvolveu.

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• O que o homem europeu sentiu quando percebeu

que a Terra não era do jeito que ele imaginava?• Euforia, incerteza, dúvida, confusão, ceticismo,

desespero?• Segundo Laura de Melo (historiadora brasileira):

“a descoberta América talvez tenha sido o feito mais espantoso da história dos homens”.• O olhar para os céus também se modifica com a

formulação do primeiro tratado de teoria astronômica heliocêntrica pelo astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico.

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• A comoção causada pela teoria heliocêntrica no

seio eclesiástico e sobre os fiéis foi grande, pois jamais uma autoridade espiritual contestara que a Terra era o centro do Universo.• O heliocentrismo contradizia a própria Bíblia, que

afirma que Deus criou a Terra imóvel e firme.• Embora muitos pensadores tenham tentado

resolver essa contribuição afirmando que as verdades teológicas são diferentes das verdades filosóficas, houve uma crise de autoridade: a filosofia escolástica reafirmava a cosmologia grega.

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• O cosmo concebido por Aristóteles, finito e

ordenado segundo uma hierarquia de valores e perfeição, pode ser assim resumido:• A Terra está fixa no centro.• A sua volta os astros executam um movimento

circular e uniforme, determinado por 55 esferas celestes que têm um centro em comum, a Terra.• O Universo termina na esfera mais externa, a das

estrelas fixs.• Um primeiro motor movimenta essa esfera externa,

que, por sua vez, move todas as outras, em contato entre si.

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• No interior do mundo sublunar (abaixo da Lua) tudo

estaria sujeito à mudança e à deterioração.• A Terra, pesada e opaca, situa-se no centro do

mundo sublunar.• Todas as esferas e corpos externos ao mundo

sublunar são imutáveis, incorruptíveis e luminosos.• Por volta do século II a.C. o astrônomo grego

Hiparco, procurando explicar o movimento retrógrado dos planetas, estabelecera o modelo geocêntrico clássico, que foi depois aperfeiçoado por outro astrônomo e geógrafo grego, Ptolomeu.

Modelo Geocêntrico de Aristóteles

Modelo Geocêntrico de Aristóteles

Modelo Heliocêntrico de Copérnico

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• No século XIII, com a redescoberta dos textos de

Aristóteles e do modelo de Ptolomeu, a física e a metafísica aristotélica passaram a constituir o foco principal de conhecimentos admitidos como verdadeiros pela Igreja, e o modelo ptolomaico, adaptado à filosofia escolástica, foi feito como a representação verdadeira do Universo.• O Renascimento foi o momento propício para que o

acúmulo de observações e de cálculos matemáticos confirmasse que o modelo geocêntrico já não servia para explicar todos os fenômenos.

A CONTRIBUIÇÃO RENASCENTISTA• Após considerar as diversas órbitas celestes,

Nicolau de Cusa concluiu que não havia nenhum centro fixo ou imóvel: “Onde quer que se situe o observador, ele acreditará estar no centro de tudo”.• Concebeu então um Universo nem finito, nem

infinito, mas indefinido, sem centro nem circunferência.• Nicolau de Cusa não propôs, portanto, que a Terra

girava em torno do Sol, mas contribuiu para abalar as certezas a esse respeito.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA• O retorno à Antinguidade realizado pelos

pensadores renascentistas fez ressurgir diversas filosofias esquecidas durante a época medieval, como o pensamento pré-socrático, o pitagorismo, o estoicismo, o materialismo e neoplatonismo.• Todas essas correntes continham elementos

considerados heréticos pelas autoridades eclesiásticas.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA•Os pensadores do Renascimento fundiam

elementos de diversas origens, um sincretismo do qual fizeram parte tanto concepções da Antiguidade e do início da era moderna como do período medieval.• Essas ideias se desenvolveram em vários

campos do conhecimento: astronomia e astrologia, química e alquimia, medicina e magia, matemática e numerologia.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA• Vários historiadores contemporâneos da

ciência costumam relacionar a nova visão do homem com os estudos e práticas realizados pelas correntes místicas e mágicas que se proliferaram no Renascimento.• É preciso superar a ignorância em relação a

essas crenças místicas e o preconceito que delas decorre, para admitir que serviram como uma espécie de “alavanca emocional” para diversas formulações científicas.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA• O NEOPLATONISMO• Foi um sistema filosófico surgido em Alexandria no

século III que pretendeu renovar o sistema platônico acrescentando-lhe elementos místicos por meio da ênfase do pitagorismo presente em algumas obras de Platão.• Trabalhava com o significado e o poder dos

números.• Teria contribuído para elevar a matemática ao

lugar de destaque que ela ocuparia na fundação da ciência moderna.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA•Nicolau de Cusa escreveu que “os

elementos foram [...] constituídos por Deus segundo uma ordem admirável; ele criou todas as coisas com número, peso e medida”.•Nicolau Copérnico afirmava que o Universo

é inteiramente composto de números e que seu tratado heliocêntrico poderia ser compreendido apenas pelos matemáticos.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA• HERMETISMOS• Doutrina baseada no Corpus hermeticum, texto

egípcio, sobre magia que teria sido escrito por Hermes Trismegisto, muitos anos antes.• Redescoberto pelos renascentistas, Hermes foi

traduzido pelo italiano Marsilio Ficino, tradutor de Platão, clérigo e médico, função esta que exercia aliada à magia, com encantamentos musicais, uso de talismã e simpatias.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA•Oskar Adler diz que o termo “ciência oculta”

relaciona-se ao fato de que a fonte cognoscitiva de que provém tal saber se encontra no mistério da “interioridade” do próprio ser humano.• A inquisição acendeu muitas fogueiras

contra os pensadores magos renascentistas, mas o intenso debate entre o pensamento mágico e o cristão lançou bases importantes para a ciência nascente.

CIÊNCIA, MISTICISMO E MAGIA•A possibilidade de operar sobre a natureza implica entendê-la, reproduzi-la e controla-la.

GIORDANO BRUNO

Não se requer do filósofo natural

que busque todas as causas e

princípios, mas só as físicas, e destas

as principais e próprias.

GIORDANO BRUNO• Nasceu em Nola, na Itália, em 1548.• Ordenou-se padre pela ordem dos dominicanos,

mas foi acusado de heresia por suas ideias rebeldes.• Viajou por vários países europeus durante muitos

anos, fugindo de seus perseguidores, e voltou para a Itália em 1591.• No ano seguinte, foi denunciado à Inquisição por

um aluno seu.• Permaneceu encarcerado durante sete anos, ao

fim dos quais recebeu a sentença de morte.

GIORDANO BRUNO

• No dia 17 de fevereiro de 1600, foi queimado vivo, condenado pelo Santo Ofício, tornando-se para muitos o principal mártir da ciência moderna por sua defesa ferrenha de Copérnico e do heliocentrismo.• Sua filosofia caracterizou-se

fundamentalmente por seu antiaristotelismo e sua cosmologia animista e panteísta.

GIORDANO BRUNO• Para ele o mundo não poderia ser como

Aristóteles afirmava, finito, hierarquizado, estático, tendo como única fonte de movimento o primeiro motor, um Deus transcendente.• De acordo com a cosmologia de Bruno, o mundo

seria infinito e ilimitado, a Terra não ficaria no centro do Universo e não apenas existiriam vários mundos como também eles seriam habitados.• Ele concebia o Universo de maneira semelhante

a Heráclito de Éfeso: em constante movimento.

GIORDANO BRUNO• Nada seria imóvel.• Esse movimento não seria decorrente do

entrechoque dos corpos, e sim da própria natureza das coisas.• Para Bruno, cada coisa no Universo conteria

em si mesma um princípio anímico (do latim anima, “sopro vital”), como o dos seres vivos, que faria com que ela se movesse, se transformasse.

GIORDANO BRUNO• Não haveria divisão entre alma e matéria,

nem duas substâncias, a material e a espiritual: tudo teria uma única essência material provida de animação espiritual.• A esse animismo da filosofia bruniana alia-

se um panteísmo (do grego pan, “tudo”, e théos, “deus”): não havia apenas um princípio anímico, mas a própria divindade estaria presente em tudo.

GIORDANO BRUNO•Ele defendeu um Deus imanente.•Deus não teria criado o mundo separado de si; Ele faria parte, na verdade, do próprio mundo.

FRANCIS BACON

• Nasceu em Londres.• Pertencia a uma família de nobres.• Desde menino, foi educado para

ingressar na carreira política e projetar-se nos cargos públicos.• É considerado um dos fundadores do

método indutivo de investigação científica.• Atribui-se a ele a criação do lema “saber

é poder”.

Teoria dos ídolos

• A ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o homem.•Mas era necessário que os cientistas

se libertassem daquilo que denominava ÍDOLOS, i. é.,falsas noções, preconceitos e maus hábitos mentais.

O método experimental contra os ídolos• Em sua obra Novum Organum,

destaca 4 gêneros de ídolos que bloqueiam a mente humana e prejudicam a ciência:• Ídolos da Tribo• Ídolos da Caverna• Ídolos do Mercado ou do Foro• Ídolos do Teatro.

O método experimental contra os ídolos

• Ídolos da Tribo•As falsas noções provenientes

das próprias limitações da natureza da espécie humana.

• Ídolos da Caverna•As falsas noções do ser humano

como indivíduo.

O método experimental contra os ídolos• Ídolos do Mercado ou do Foro• As falsas noções provenientes da

linguagem e da comunicação.• Ídolos do Teatro• As falsas noções provenientes das

concepções filosóficas, científicas e culturais vigentes.

Método indutivo de investigaçãoPara combater os erros provocados pelos ídolos, propôs o método indutivo de investigação, baseado na observação rigorosa dos fenômenos naturais, que cumpriria as seguintes etapas:•Observação;•Organização racional;•Explicações gerais (hipóteses);•Experimentações.

Método indutivo de investigaçãoA teoria da indução de Bacon, ao propor uma ampliação do conhecimento, é um marco na história da filosofia e da ciência, tendo orientado muitos pensadores e cientistas dos séculos seguintes.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA• COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e

grandes temas. 16 ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2006.• CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. 4. ed. São Paulo:

Ática, 2011.