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Colonos, migrantes e projetos de Colonos, migrantes e projetos de colonização no Estado de Mato colonização no Estado de Mato Grosso após 1970” Grosso após 1970” IN: FRONTEIRAS DA CRENÇA IN: FRONTEIRAS DA CRENÇA Prof. Dr. Vitale Joanoni Neto Prof. Dr. Vitale Joanoni Neto (Considerações gerais) (Considerações gerais) Apresentação realizada Apresentação realizada por: por: Prof. Silvânio Barcelos Prof. Silvânio Barcelos Doutorando UFMT Doutorando UFMT

Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

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Análise da questão dos projetos de colonização no Norte de Mato Grosso a partir da obra FRONTEIRAS DA CRENÇA do prof. Dr. Vitale Joanoni Neto. Apresentação realizada por: Prof. Silvânio BArcelos

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““Colonos, migrantes e projetos de Colonos, migrantes e projetos de colonização no Estado de Mato Grosso colonização no Estado de Mato Grosso

após 1970”após 1970”IN: FRONTEIRAS DA CRENÇAIN: FRONTEIRAS DA CRENÇA

Prof. Dr. Vitale Joanoni NetoProf. Dr. Vitale Joanoni Neto(Considerações gerais)(Considerações gerais)

Apresentação realizada por:Apresentação realizada por:Prof. Silvânio Barcelos Prof. Silvânio Barcelos

Doutorando UFMTDoutorando UFMT

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Karl Von Den Steinen:Karl Von Den Steinen:

• “Não se habita impunemente o centro de semelhante continente” (Lylia Galetti).

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Mato Grosso “confins da Mato Grosso “confins da civilização”civilização”

• Joaquim Ferreira Moutinho (1869):

• Entregar a exploração das riquezas à companhias estrangeiras (inglesas).

• Final dos anos 70: Pronunciamento do Ministro do Planejamento João Veloso:

• “Grandes empresas deveriam assumir a tarefa de desenvolver a região”.

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Mato Grosso torna-se “fronteira”Mato Grosso torna-se “fronteira”

• “Área que necessitava ser colonizada, modernizada, para garantir a integridade territorial e política do país”.

• Idéia de “sertão”

• Paradoxo do conceito de “ocupação”

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A (re)ocupação da região de Mato A (re)ocupação da região de Mato GrossoGrosso

• Anos 1970: Transformação da região em “Fronteira Agrícola”

• Incentivos do governo aos empresários:

• SUDAM, BASA, SUDECO, PIN, POLONOROESTE (MT e RO)

• Incentivos fiscais, linhas de financiamento, juros subsidiados e prazos generosos

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Entre a prática e o discurso: Entre a prática e o discurso: fraudesfraudes

• Projetos fictícios

• Muitos foram abandonados após liberação de recursos

• Entre 20% instalados: produção de apenas um quinto do previsto.

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Idéia de progresso amazônico Idéia de progresso amazônico colocado em xequecolocado em xeque

• Entre 1985 e 1988:

• Dos 86 projetos novos da SUDAM 48 não estavam regularizados junto ao INCRA e encontravam-se dentro do Parque Nacional do Xingu.

• Dos 94 projetos implantados, somente 3 tinham apresentado alguma rentabilidade

• Migração para as periferias das cidades

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P/ Regina Beatriz Guimarães NetoP/ Regina Beatriz Guimarães Neto

• “Desse modo, as novas cidades que aglutinam esse tipo de população em seu perímetro urbano [...] já nascem velhas, reproduzindo modelos urbanos carcomidos, revelando desde já os problemas da sociedade capitalista globalizada, agudizadas em regiões em que o direito à vida e à propriedade tem poucas garantias”

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As irregularidadesAs irregularidades

• São José do Povo: liberados R$165.000,00 para construção de 15 Km de estradas e 2 poços artesianos. NADA FOI FEITO

• Planalto da Serra: verba para construção de posto de saúde foi autorizada, mas a obra nunca foi construída.

• Paranaíta: Foram alocados recursos para construção de casas. Após 60% do dinheiro ter sido liberado, nenhum tijolo foi assentado.

• Alta Floresta: INCRA paga por um rebanho bovino que deveria ser entregue aos parceleiros. Animais recebidos com qualidade inferior.

• São Félix do Araguaia: “O gado não tinha nem dente para comer capim”.

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• Professor Vitale = Resultado prático da inépcia dos poderes públicos:

•“Famílias isoladas por anos a fio em áreas de dificílimo acesso, a espera de demarcação e de infra-estrutura mínima. Terras abandonadas, grilagem e violência” (p. 26)

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Mato Grosso e osMato Grosso e os fluxos migratórios: Objetivos fluxos migratórios: Objetivos

Ocupação do território para Ocupação do território para garantia da possegarantia da posse

Abrir áreas para o excedente Abrir áreas para o excedente populacionalpopulacional

Atenuar as tensões no campoAtenuar as tensões no campo

Evitar crises sociais de elevado Evitar crises sociais de elevado alcancealcance

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NORDESTE: Origem da mão-de-NORDESTE: Origem da mão-de-obra que circula pelo paísobra que circula pelo país

1808/1809: Seca na região provoca 1808/1809: Seca na região provoca migraçao para a Amazônia.migraçao para a Amazônia.1870/1910 (período da borracha): 1870/1910 (período da borracha): População na Amazônia cresceu 4 vezes.População na Amazônia cresceu 4 vezes.1916: Migração organizada de cearenses 1916: Migração organizada de cearenses para Ponte Alta (entre Nova Brasilândia e para Ponte Alta (entre Nova Brasilândia e Chapada dos Guimarães): “Irmandade de Chapada dos Guimarães): “Irmandade de São Francisco de Assis”São Francisco de Assis”1940/60: Migração para o Paraná (Café)1940/60: Migração para o Paraná (Café)

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Paraná = 1970/80: mudanças de Paraná = 1970/80: mudanças de paradigmas no campoparadigmas no campo

Introdução do cultivo de soja (exportação)Introdução do cultivo de soja (exportação)

Mecanização ostensiva das lavourasMecanização ostensiva das lavouras

Necessidade de maiores propriedadesNecessidade de maiores propriedades

““O Paraná tornou-se exportador de mão-O Paraná tornou-se exportador de mão-de-obra, o que atraiu a atenção das de-obra, o que atraiu a atenção das empresas de colonização que atuavam no empresas de colonização que atuavam no estado de Mato Grosso.” (p. 28)estado de Mato Grosso.” (p. 28)

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Rotas de migraçãoRotas de migração

Alemanha, Itália, Polônia...Rio Grande do Alemanha, Itália, Polônia...Rio Grande do Sul...Paraná...Mato GrossoSul...Paraná...Mato Grosso

““Seus filhos estão nascendo em Mato Seus filhos estão nascendo em Mato Grosso e seus netos serão acreanos, Grosso e seus netos serão acreanos, roraimenses, quem sabe?” (p.28)roraimenses, quem sabe?” (p.28)

““A árvore genealógica deles é a própria A árvore genealógica deles é a própria rota da busca pela terra” (R. Lessa)rota da busca pela terra” (R. Lessa)

Os outros: ERRANTES...Os outros: ERRANTES...

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OS PEÕESOS PEÕES

Gatos: empreiteiros que utilizam mão-de-obra Gatos: empreiteiros que utilizam mão-de-obra dos peõesdos peõesEstigma: “volantes ao estilo Mato Grosso”, Estigma: “volantes ao estilo Mato Grosso”, “raizeiros” ou “pés-inchados”“raizeiros” ou “pés-inchados”Locais de fixação: pensões (peoneiros), praças Locais de fixação: pensões (peoneiros), praças e outros locais públicose outros locais públicosSem recursos, superexplorados (nem sempre Sem recursos, superexplorados (nem sempre remunerados): “vivem maltrapilhos, remunerados): “vivem maltrapilhos, embriagando-se e dormindo ao relento” (p. 35)embriagando-se e dormindo ao relento” (p. 35)Sem-memóriasSem-memóriasEscravidão por dívida Escravidão por dívida

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Relato da família de cearensesRelato da família de cearensesJuina/MTJuina/MT

Retirante do século XXI, chega ao Noroeste de Retirante do século XXI, chega ao Noroeste de Mato GrossoMato GrossoDe Barbalha à Juina: “retrato vivo desse grande De Barbalha à Juina: “retrato vivo desse grande organismo dentro do qual se dá o deslocamento organismo dentro do qual se dá o deslocamento populacional”populacional”““Às vezes achava um cacau na estrada e depois Às vezes achava um cacau na estrada e depois achava assim uma coisa verde, comia e bebia a achava assim uma coisa verde, comia e bebia a água, aquela água quente do meio da estrada, água, aquela água quente do meio da estrada, achava caça morta no meio da estrada, a gente achava caça morta no meio da estrada, a gente só pelava e comia”só pelava e comia”

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Relato da família de cearensesRelato da família de cearensesJuina/MT (cont.)Juina/MT (cont.)

Percurso de impossível identificação Percurso de impossível identificação Percursos considerados “normais” não cabem Percursos considerados “normais” não cabem nesses relatos:nesses relatos:Mundo de trabalho familiar árduoMundo de trabalho familiar árduoRenda de centavosRenda de centavosNenhuma posseNenhuma posseDesterradosDesterrados““Alimentar-se quando e daquilo que for possível”Alimentar-se quando e daquilo que for possível”Necessidade levada ao extremoNecessidade levada ao extremo

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““Absolutização da desterritorialização”Absolutização da desterritorialização”

Deserdados: miséria vivida na origemDeserdados: miséria vivida na origemPessoas desprovidas de memóriasPessoas desprovidas de memóriasNo constante caminhar: passado reduzido No constante caminhar: passado reduzido à inutilidadeà inutilidadeAções comandadas pelo futuroAções comandadas pelo futuro““Não existe ponto de partida ou de Não existe ponto de partida ou de chegada, só o trajeto. As cidades, os chegada, só o trajeto. As cidades, os empregos e os contatos, não são mais empregos e os contatos, não são mais que meios para continuarem sua eterna que meios para continuarem sua eterna rota” (p. 29)rota” (p. 29)

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..

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Proletarização rural (rodovias)Proletarização rural (rodovias)

Desestruturação da economia natural das Desestruturação da economia natural das comunidades rurais recém-formadas.comunidades rurais recém-formadas.

Comunidades transformadas em Comunidades transformadas em consumidoras de produtos dos grandes consumidoras de produtos dos grandes centroscentros

Queda dos preços da produção localQueda dos preços da produção local

Inserção das relações capitalistasInserção das relações capitalistas

Última instância: mão-de-obra assalariadaÚltima instância: mão-de-obra assalariada

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Campanhas publicitárias no Sul e Campanhas publicitárias no Sul e Sudeste (Colonizadoras)Sudeste (Colonizadoras)

Público alvo: Mini-fundiários, pequenos Público alvo: Mini-fundiários, pequenos produtores capitalizados.produtores capitalizados.

Imagens fantásticas: terras muito vastas, Imagens fantásticas: terras muito vastas, produtivas e locais já estruturados.produtivas e locais já estruturados.

Natureza exuberante: fartura caça e pescaNatureza exuberante: fartura caça e pesca

O migrante: expectativas e esperançasO migrante: expectativas e esperanças

Objetivos comuns: encontrar um lugar Objetivos comuns: encontrar um lugar melhormelhor

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Propaganda enganosaPropaganda enganosa

““O que a propaganda não revelava era O que a propaganda não revelava era que a região estava, em alguns casos, que a região estava, em alguns casos, mal cortada por picadões, trilhas nas mal cortada por picadões, trilhas nas quais só se passava a pé, não oferecendo quais só se passava a pé, não oferecendo qualquer estrutura de apoio aos colonos, qualquer estrutura de apoio aos colonos, como postos de saúde, escolas para as como postos de saúde, escolas para as crianças ou estradas para o escoamento crianças ou estradas para o escoamento da produção” (Prof. Vitale, p. 32)da produção” (Prof. Vitale, p. 32)

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Perigos desconhecidosPerigos desconhecidos

Malária: chegou atingir 40% Malária: chegou atingir 40% dos migrantes sulistas.dos migrantes sulistas.

Acidentes de trabalho: “O Acidentes de trabalho: “O Motosserra foi um aparelho de Motosserra foi um aparelho de fazer viúva” (p. 34)fazer viúva” (p. 34)

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A CONTRA-PROPAGANDA...A CONTRA-PROPAGANDA...

Desqualificação do migrante que volta:Desqualificação do migrante que volta:

JORNAL DA TERRA (1972): “os erros JORNAL DA TERRA (1972): “os erros devem ser procurados nas condições devem ser procurados nas condições psicológicas, morais e intelectuais dos psicológicas, morais e intelectuais dos pioneiros e seriam vagabundos e vadios pioneiros e seriam vagabundos e vadios os colonos que voltaram”.os colonos que voltaram”.

Os mais fracos voltariam “Os mais fracos voltariam “porque a terra porque a terra é para macho” é para macho” (p. 40)(p. 40)

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Page 26: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Esgotamento do modelo fundiário Esgotamento do modelo fundiário no Paraná: pressão fundiáriano Paraná: pressão fundiária

Propriedades familiares:Propriedades familiares:Abertura de áreas agrícolasAbertura de áreas agrícolasExploração da madeiraExploração da madeiraPlantação do caféPlantação do café

Declínio:Declínio:Crescimento populacional: + de 5%/anoCrescimento populacional: + de 5%/anoIntrodução da mecanizaçãoIntrodução da mecanizaçãoCultivo produtos exportação (soja): maiores áreasCultivo produtos exportação (soja): maiores áreasCrescimento das famílias: fragmentação das Crescimento das famílias: fragmentação das propriedadespropriedadesSupervalorização das terras: 160% entre 1980/81Supervalorização das terras: 160% entre 1980/81

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Movimentos sociais no Sul do país: Movimentos sociais no Sul do país: pressão fundiária (cont.)pressão fundiária (cont.)

Reivindicações: redistribuição das terrasReivindicações: redistribuição das terras

1980: 130 mil agricultores migraram para 1980: 130 mil agricultores migraram para as cidades.as cidades.

Porto Alegre: 600 mil hab. (1970) para 1,2 Porto Alegre: 600 mil hab. (1970) para 1,2 milhões habitantes no censo de 1980: milhões habitantes no censo de 1980: grande cinturão de miséria (favelas)grande cinturão de miséria (favelas)

Cascavel: 13 mil faveladosCascavel: 13 mil favelados

Curitiba: 28 mil faveladosCuritiba: 28 mil favelados

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Migrações campo/cidadeMigrações campo/cidade

Teoricamente, esse tipo de migração Teoricamente, esse tipo de migração promoveria o reagrupamento dos promoveria o reagrupamento dos minifúndios.minifúndios.Entre 1976 e 1978: “cerca de 61 mil Entre 1976 e 1978: “cerca de 61 mil pequenas propriedades desapareceram pequenas propriedades desapareceram no RS, incorporadas pelo latifúndio.no RS, incorporadas pelo latifúndio.Entre o discurso e a prática: projeções Entre o discurso e a prática: projeções equivocadas, única saída:equivocadas, única saída:MIGRAÇÃO PARA O NORTE DO PAÍSMIGRAÇÃO PARA O NORTE DO PAÍS

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Terra e trabalho: alma do migranteTerra e trabalho: alma do migrante

““Deslocaram-se para se manterem agricultores, Deslocaram-se para se manterem agricultores, mudaram para não mudar”: (LER GRIFO P. 39)mudaram para não mudar”: (LER GRIFO P. 39)

““A migração, iniciada há gerações, em inúmeros A migração, iniciada há gerações, em inúmeros casos, tem como objetivo, como ponto de casos, tem como objetivo, como ponto de chegada, a terra, o lote de bom tamanho, fértil, chegada, a terra, o lote de bom tamanho, fértil, uma utopia estimulada pelo Estado que dela se uma utopia estimulada pelo Estado que dela se aproveita para provocar novos deslocamentos, aproveita para provocar novos deslocamentos, carinhosamente acalentados pelo indivíduo carinhosamente acalentados pelo indivíduo como uma necessidade sagrada” (Prof. Vitale, como uma necessidade sagrada” (Prof. Vitale, 38)38)

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Radicalidade do trabalhador do Radicalidade do trabalhador do campocampo

““Defesa de sua sagrada condição de vida e Defesa de sua sagrada condição de vida e trabalho”.trabalho”.

Conf. Ianni: “O campesinato francês, às Conf. Ianni: “O campesinato francês, às vésperas de 1789, certamente não pensava na vésperas de 1789, certamente não pensava na Bastilha, nem o russo, às vésperas de 1917, Bastilha, nem o russo, às vésperas de 1917, pensava no Palácio de Inverno”pensava no Palácio de Inverno”

CARÁTER REVOLUCIONÁRIO: Afirmação da CARÁTER REVOLUCIONÁRIO: Afirmação da comunidade, local no qual expressa, reserva e comunidade, local no qual expressa, reserva e mantém sua identidade. (p.38)mantém sua identidade. (p.38)

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A Vila de Fontanillas

1º Distrito de Aripuanã, atualmente é Distrito de Juina (distante 50 km)

Noroeste de MT: Área original de vários povos indígenas:

Cinta-larga, Surui Paiter, Zoró, Tupi Kawahib, Arara do Beiradão, Yakarawakta, Erikbaktsa, Enawenê Nawê, Myky e Iranxe.

Em Juina: área indígena cobre 61%

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A Vila de Fontanillas

VERGONHA NACIONAL - AMAZÔNIA TERRA DE NINGUÉM FAZENDEIROS E POLÍTICOS EXPULSAM GREENPEACE, ORGANIZAÇÕES E JORNALISTAS DE JUÍNA (MT) - 22-08-2007

Greenpeace e Opan pedem investigação contra fazendeiros e políticos que expulsaram as organizações e dois jornalistas franceses da cidade de Juína, no Mato Grosso.

Objetivo visita: Questão Enawenê Nawê

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Massacre do Paralelo Onze (1963)

Mais ou menos 3500 índios Cinta-Larga (Entre rios Aripuanã e Roosevelt) foram exterminados na ação iniciada pela empresa ARRUDA E JUNQUEIRA de Fontanillas.

“Toda uma aldeia foi bombardeada com ajuda de aviões e, em seguida, grupos por terra trataram de eliminar os sobreviventes. Os relatos falam de crianças covardemente assassinadas, pessoas mutiladas, mulheres estupradas” (Prof. Vitale, p. 41)

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A estrada Aripuanã/Cuiabá: caos

Mão-de-obra: 500 a 600 famílias vindas da Bahia para trabalhar no projeto.

Trecho construído: 191 km (Aripuanã/Fontanillas)

Promessa não cumprida: “cada trabalhador receberia 100 hectares de terra.

Aos olhos do Estado e da Empresa: “passaram de mão-de-obra barata a invasores de terras”

Page 35: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Embargo da obra: o absurdo

Do outro lado do Rio Juruena, no caminho planejado para a obra, estava a reserva indígena Erikbaktsa.

Mudança do traçado: isolação do trecho entre Juina e Fontanillas (corredor sem saída)

“Fontanillas é uma penitenciária terrestre e celestial. As almas ficam presas ali, vagando...” (p. 45)

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COOPERATIVISMO: em busca de COOPERATIVISMO: em busca de soluçõessoluções

• Colonos de COTRIGUAÇU: forte tradição cooperativista. (total 22 cadastradas)

• Organização da produção• Orientação técnica• Comercialização da produção• “Surgiram à revelia da empresa, do Estado ou

da cooperativa local, como uma alternativa, principalmente, para os pequenos proprietários e os colonos assentados pelo INCRA.

Page 37: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Formas de controle: entre o público e o privado

Restrições à liberdade de “ir e vir”: Constituição Federal rasgada.

PAC Lucas do Rio Verde: Colono só podia viajar com autorização do INCRA (discurso: fuga dos compromissos)

Projeto Cotriguaçu (1986): instalação de porteira vigiada.(Roma antiga...)

Projeto Juruena: Controle de acesso

Page 38: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

O discurso

“Sob o eufemismo ‘controle de acesso’, estava na verdade uma ação de força para impedir a possível ocupação de terras da empresa por pessoas sem condições financeiras para comprá-las” (p. 108)

Outra face da moeda: “propostas para cercear a liberdade de acesso de outros colonos migrantes” (moradores da área do Projeto Cotriguaçu – vide episódio porteira arrastada por camionete)

Page 39: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Diamantes de “sangue”Diamantes de “sangue”

  A maior parte dos diamantes de regiões A maior parte dos diamantes de regiões em conflito vem de Angola, República em conflito vem de Angola, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Democrática do Congo, Costa do Marfim, Libéria e Serra Leoa. Libéria e Serra Leoa.

Page 40: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

O garimpo e a colonizaçãoO garimpo e a colonização

Projeto RADAMBRASIL: mapeamento Projeto RADAMBRASIL: mapeamento reservas Juina e Alta Floresta (1977/79)reservas Juina e Alta Floresta (1977/79)

SOPEMI (Subsidiária da De Beers): SOPEMI (Subsidiária da De Beers): Exploração diamantes (1976/86) sem Exploração diamantes (1976/86) sem pagamento impostos (prospecção...?)pagamento impostos (prospecção...?)

Ideal do aventureiro: garimpeiroIdeal do aventureiro: garimpeiro

Juina (1986/93) tornou-se um pólo Juina (1986/93) tornou-se um pólo regional (progresso??) regional (progresso??)

Page 41: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Trabalho análogo ao escravo: recorrência histórica

O SILÊNCIO DAS VÍTIMAS:“O medo, o desconhecimento de seus

direitos que, aliás, não fazem nenhum sentido para essas pessoas, a vergonha diante das humilhações sofridas, faz as pessoas omitirem essa experiência. No entanto, quando elas afloram, é possível sentir sua intensidade” (Prof. Vitale, p. 73)

Page 42: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Trabalho escravo: traços marcantes na História do Brasil

Cia. De Mate Laranjeiras: Thomas Laranjeiras e irmãos Murtinho:

250 trabalhadores: pagos com vales, liberdades cerceadas, castigos físicos. Mulheres podiam ser negociadas por dívida.

Estrada de ferro Madeira-Mamoré: Superexploração do trabalho, pagamento transporte, vestuário, alimentação, castigos físicos, milícia armada.

Page 43: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Prostituição: corpos sem nome...

Origem: pobreza extrema, fome, solidão.ANOMIA: “Vivem como corpos

vazios, sem origem, sem identidade. Vivem do prazer, sem tê-lo. Convivem com os moradores da cidade, mas não querem e não podem ser reconhecidas. Estranho paradoxo”

Page 44: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

• .

Page 45: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

A propagandaA propaganda

• Ações do Estado para driblar as pressões sociais e econômicas.

• Conseqüências para os migrantes:

• Busca de alternativas econômicas: colocação profissional, fuga da proletarização (para o camponês significa miséria nas periferias das cidades)

• Indução do fluxo populacional

Page 46: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

A propaganda: entre o discurso e a A propaganda: entre o discurso e a práticaprática

• Colonização da Amazônia assimilada à uma “reforma agrária”

• Redistribuição de terras aos camponeses: evitar o abandono do campo provendo incentivos e infra-estrutura.

• Estradas: ponto principal da infra-estrutura prometida.

Page 47: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

A propaganda: entre o discurso e a A propaganda: entre o discurso e a práticaprática

• Migração do Sul para o Centro Oeste:

• 1º) Facilitar o processo de acumulação de terras no Sul.

• 2º) Suprir deficiência mão-de-obra no destino

• 3º) Introduzir na região de destino uma economia mercantil.

Page 48: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

E a História se repete... (Cícero, E a História se repete... (Cícero, antiguidade romana)antiguidade romana)

• “Consumado o processo da colonização, muitos foram novamente expulsos e induzidos a migrar e a repetir em outras regiões o papel desempenhado nas anteriores”.

• “Assim, o poder econômico constrói as fronteiras à sua conveniência. Ao lavrador migrante resta acreditar” (78)

Page 49: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

E a História se repete... (Cícero, E a História se repete... (Cícero, antiguidade romana)antiguidade romana)

• “O colono do sul foi transformado em excluído”:

• Reprodução de sua condição de camponês (mesmo com áreas maiores)

• “Bastaram alguns anos para que voltassem à condição original de minifundiários” FIM DOS SONHOS

Page 50: Colonos, migrantes e projetos de colonização em mato grosso

Na verdade, não houve “Projetos Na verdade, não houve “Projetos de Colonização” em Mato Grossode Colonização” em Mato Grosso

• “O que ocorreu foi uma grande operação para comercialização de terras, adquiridas em condições muito favoráveis por grandes empresas privadas”

• A TERRA COMO MERCADORIA• Enriquecimento de um pequeno grupo de

empresários: ‘BANDEIRANTES MODERNOS’, ‘DESBRAVADORES’ ou ‘PIONEIROS’.