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CONDIÇÃO PÓS-MODERNA David Harvey

Condição pós moderna

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Page 1: Condição pós moderna

CONDIÇÃO PÓS-MODERNA

David Harvey

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A T R A N S F O R M A Ç Ã O P O L Í T I C A E C O N Ô M I C A D O C A P I TA L I S M O D O F I N A L D O S É C U L O X X

Transição no regime de acumulação e no modo de regulamentação da vida social e política a ele associado (1998, p. 118)

Implica em alguma correspondência entre transformação tanto das condições de produção como das condições de reprodução dos assalariados. (IDEM)

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MODO DE REGULAMENTAÇÃO

A materialização do regime de acumulação toma forma de normas, hábitos, leis, redes de regulamentação etc. que garantam a unidade do processo, isto é, a consistência apropriada entre comportamentos individuais e o esquema de reprodução . (1998, p. 117)

Corpo de regras e processos interiorizados. (IDEM)

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MODO DE REGULAMENTAÇÃO

Conjunto total de relações e arranjos que contribuem para a estabilização do crescimento do produto e da distribuição agregada de renda e de consumo num período histórico e num lugar particulares. (1998, p. 118)

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TAYLORISMO

Os Princípios da Administração Científica – F. W Taylor, 1911.

Aumento da produtividade pela decomposição de cada processo de trabalho em movimentos componentes e da organização de tarefas de trabalho fragmentadas segundo padrões rigorosos de tempo e estudo do movimento

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CRISE DO CAPITALISMO

Falta da demanda efetiva por produtos

Intervencionismo estatal – Keynes

O problema era chegar a um conjunto de estratégias administrativas, científicas e poderes estatais que estabilizassem o capitalismo, ao mesmo tempo em que se evitavam as evidentes repressões e irracionalidades, toda a beligerância e todo o nacionalismo estreito que as soluções nacional-socialistas implicavam. (1998, p. 124)

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FORDISMO/KEYNESIANISMO

Após 1945 – maturidade do fordismo como regime de acumulação

Período de expansão do pós-guerra que se estendeu de 1945 a 1973, que teve como base um conjunto de práticas de controle do trabalho, tecnologias, hábitos de consumo e configurações de poder político-econômico. (1998, p. 119)

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FORDISMO

Relação entre produção em massa e consumo de massa

Um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista. (p. 122)

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FORDISMO

O fordismo se aliou firmemente ao keynesianismo, e o capitalismo se dedicou a um surto de expansões internacionalistas de alcance mundial que atraiu para a sua rede inúmeras nações descolonizadas. (1998, p. 125)

O crescimento fenomenal da expansão pós-guerra dependeu de uma série de compromissos e reposicionamentos por parte dos principais atores dos processos de desenvolvimento capitalista. (p. 125)

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FORDISMO-KEYNESIANISMO

O Estado teve que assumir novos papéis e construir novos poderes institucionais; o capital corporativo teve de ajustar as velas em certos aspectos para seguir com mais suavidade a trilha da lucratividade segura; e o trabalho organizado teve de assumir novos papéis e funções relativos ao desempenho nos mercados de trabalho e nos processos de produção. (p. 1998, p. 125)

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FORDISMO

O fordismo do pós-guerra tem de ser visto menos como um mero sistema de produção em massa do que como modo de vida total. Produção em massa significava padronização do produto e consumo de massa, o que implicava toda uma nova estética e mercadificação da cultura. (1998:131)

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ESTADO

Assumiu uma variedade de obrigações. Na medida em que a produção de massa, que envolvia pesados investimentos em capital fixo, requeria condições de demanda relativamente estáveis (IDEM, p. 129)

Utilizava-se o grande poder corporativo para assegurar o crescimento sustentado de investimentos que aumentassem a produtividade, garantissem o crescimento e elevassem o padrão de vida enquanto mantinham uma base estável para a realização de lucros. (p. 129)

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FORDISMO

Tudo isso se abrigava sob o guarda-chuva hegemônico do poder econômico e financeiro dos Estados Unidos, baseado no domínio militar. O acordo de Bretton Woods, de 1944, transformou o dólar na moeda-reserva mundial e vinculou com firmeza o desenvolvimento econômico do mundo à política fiscal e monetária norte-americana.A américa agia como banqueira do mundo em troca de uma abertura dos mercados de capital e de mercadorias ao poder das grandes corporações. (IDEM,p. 131)

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BRE T TON WO ODS – 1 944CRI AÇÃO DO FM I E B I RD

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FORDISMO

Sob essa proteção, o fordismo disseminou desigualmente, à medida que cada estado procurava seu próprio modo de administração das relações de trabalho, da política monetária e fiscal, das estratégias de bem- estar e de investimento público, limitados internamente apenas pela situação das relações de classe e, externamente, somente pela sua posição hierárquica na economia mundial e pela taxa de cambio fixada com base no dólar (IDEM,p. 132).

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FORDISMO

A expansão internacional do fordismo ocorreu numa conjuntura particular de regulamentação político-econômica mundial e uma configuração geopolítica em que os Estados Unidos dominavam por meio de um sistema bem distinto de alianças militares e relações de poder (p. 132).

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FORDISMO

Concentração da negociação fordista do trabalho em certos setores da economia e a certas nações-Estado em que o crescimento estável da demanda podia ser acompanhado por investimentos de larga escala na tecnologia de produção em massa (IDEM, p. 132).

Divisão entre uma força de trabalho predominantemente branca, masculina e fortemente sindicalizada e “o resto” (IDEM).

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ESTADO

A legitimação do poder do Estado dependia cada vez mais da capacidade de levar os benefícios do fordismo e de encontrar os meios de oferecer assistência médica, habitação e serviços educacionais adequados em larga escala, mas de modo humano e atencioso. (p. 133)

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CRÍTICAS AO FORDISMO

Pouca qualidade de vida num regime de consumo de massa padronizado.

Sistema discriminador de administração pública, baseado na racionalidade técnico-científica.

Estética funcionalista no campo dos projetos racionalizados

Racionalidade burocrática despersonalizada

Exclusão das minorias

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CRÍTICAS AO FORDISMO

No terceiro mundo – processo de modernização que prometia desenvolvimento, emancipação das necessidades e plena integração ao fordismo, mas que, na prática, promovia a destruição de culturas locais, muita opressão e numerosas formas de domínio capitalista em troca de ganhos bastante pífios em termos de padrão de vida e de serviços públicos. (1998, p. 133)

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CRISE DO FORDISMO

Período de 1965 a 1973 – incapacidade do fordismo e do keynesianismo conter as contradições inerentes ao capitalismo.

Problemas com a rigidez dos investimentos de capital fixo de larga escala e de longo prazo em sistemas de produção em massa, que impediam muito a flexibilidade de planejamento e presumiam crescimento estável em mercados de consumo invariante (p. 135) .

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CRISE DO FORDISMO

A profunda recessão de 1973, exacerbada pelo choque do petróleo, evidentemente retirou o mundo capitalista da estagflação e pôs em movimento um conjunto de processos que solaparam o compromisso fordista. (p. 140)

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CRÍTICAS

Problemas de rigidez nos mercados, na alocação e nos contratos de trabalho (p. 135)

Rigidez dos compromissos do Estado com a classe trabalhadora (seguridade social)

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EFEITOS DO FORDISMO

Forte inflação

Crise fiscal e de legitimação do Estado

Excedente inutilizável das corporações em condições de intensificação da competição, que as obrigou a racionalização, reestruturação e intensificação do controle do trabalho. (p. 137)

Décadas de 70 e 80 foram um período de reestruturação econômica e reajustamento social e político.

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

Marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo (p. 140)

Apoia-se na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. (p. 140)

Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. (p. 140)

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

Envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego no chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas (Terceira Itália, Flandres etc).

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

Movimento de compressão do espaço-tempo – os horizontes temporais da tomada de decisões privada e pública se estreitam, enquanto a comunicação via satélite e a queda dos custos de transporte possibilitaram cada vez mais a difusão imediata dessas decisões num espaço cada vez mais amplo e variegado. (p. 140)

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

Implica níveis relativamente altos de desemprego “estrutural” (em oposição a “friccional”), rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos (quando há) de salários reais e o retrocesso do poder sindical – uma das colunas políticas do regime fordista. (p. 141)

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ME RCADO DE TRAB ALHO NA ACUM ULAÇÃO FLEXÍ VE L

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ESTR UTUR A DO M ER CADO DE TRABALHO

Centro – empregados “em tempo integral, condição permanente e posição essencial para o futuro de longo prazo da organização”. Gozando de maior segurança no emprego, boas expectativas de promoção e reciclagem, e de uma pensão, um seguro e outras vantagens indiretas relativamente generosas, esse grupo deve atender a expectativa de ser adaptável, flexível e, se necessário, geograficamente móvel. (p. 144)

Periferia- dois subgrupos

1- empregados em tempo integral com habilidades facilmente disponíveis no mercado de trabalho, como pessoal do setor financeiro, secretárias, pessoal das áreas de trabalho rotineiro e de trabalho manual menos especializado. Com menos acesso a oportunidades de carreira esse grupo tende a se caracterizar por uma alta taxa de rotatividade, “o que torna a redução da força de trabalho relativamente fáceis por desgaste natural” . (p. 144)

2- “oferece uma flexibilidade numérica ainda maior e inclui empregados em tempo parcial, empregados casuais, pessoal com contato por tempo determinado, temporários, subcontratação e treinandos com subsídio público, tendo ainda menos segurança de emprego que o primeiro grupo periférico. (p. 144)

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

A atual tendência dos mercados de trabalho é reduzir o número de trabalhadores “centrais” e empregar cada vez mais uma força de trabalho que entra facilmente e é demitida sem custos quando as coisas ficam ruins. (p. 144)

Solapamento da organização da classe trabalhadora (p. 145)

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

Exploração da força de trabalho das mulheres em tempo parcial, mal pago, como o retorno do sistema de trabalho doméstico e a familiar e da subcontratação permite o surgimento de práticas e trabalhos de cunho patriarcal feito em casa. (p. 146)

Novas técnicas e novas formas organizacionais de produção puseram em risco os negócios de organização tradicional, espalhando uma onde de bancarrota, fechamento de fábrica, desindustrialização e reestruturações que ameaçou até as corporações mais poderosas. (p. 146)

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

Economias de escopo e não de escala (p. 148)

Redução do tempo de giro no consumo.

Desregulamentação e inovação financeira

Capital financeiro como poder coordenador

Potencialidade de crises financeiras e monetárias

Formação de um mercado de ações global

Ruptura, em 1971, do acordo de Bretton Woods – de fixação do preço do ouro e da convertibilidade do dólar. (p. 155)

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ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL

Fortalecimento do capital financeiro.

Individualismo exacerbado (p. 161)

Individualismo competitivo como valor central numa cultura empreendimentista (p. 161)

O Estado é chamado a regular as atividades do capital corporativo no interesse da nação e é forçado, ao mesmo tempo, também no interesse nacional, a criar um “bom clima de negócios”, para atrair o capital financeiro transnacional e global conter (por meios distintos do controle de câmbio) a fuga de capital para postagens mais verdes e mais lucrativas. (p. 160)

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REFERÊNCIA

HARVEY, David. Condição Pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1998.