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O diploma da 4.ª classe! No Estado Novo, período que se inicia em 1933 e dura até ao 25 de Abril de 1974, havia uma grande taxa de analfabetismo. Este período era caracterizado por ser uma ditadura onde não havia liberdade, nem de expressão, nem religiosa, nem literária ou teatral. Até os cinemas tinham filmes proibidos que não podiam projetar! Os governantes desta época não tinham interesse em que as pessoas fossem cultas e instruídas e, por isso, a escolaridade obrigatória ia apenas até à quarta classe (4.º ano) e nem todos os meninos iam à escola. As raparigas, por exemplo, não eram obrigadas a ir e mesmo os rapazes, se não fossem, não eram muito pressionados (as aulas para rapazes eram separadas das das raparigas). Os programas de ensino eram reduzidos à aprendizagem escolar de base, e criavam-se nas regiões rurais os “postos de ensino”, cujos “mestres” - os regentes escolares - em muitos casos sabiam apenas ler e escrever, sendo-lhes, no entanto, exigida uma comprovada idoneidade moral e política (ou seja, não podiam fazer nada contra o regime). O combate ao analfabetismo não era considerado uma prioridade, já que a ignorância da leitura e da escrita evitava que as pessoas

Diploma da 4ª classe

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O diploma da 4.ª classe!

No Estado Novo, período que se inicia em 1933 e dura até ao 25 de Abril de 1974, havia uma grande taxa de analfabetismo. Este período era caracterizado por ser uma ditadura onde não havia liberdade, nem de expressão, nem religiosa, nem literária ou teatral. Até os cinemas tinham filmes proibidos que não podiam projetar!

Os governantes desta época não

tinham interesse em que as pessoas fossem cultas e instruídas e, por isso, a escolaridade obrigatória ia apenas até à

quarta classe (4.º ano) e nem todos os meninos iam à escola. As raparigas, por exemplo, não eram obrigadas a ir e mesmo os rapazes, se não fossem, não eram muito pressionados (as aulas para rapazes eram separadas das das raparigas). Os programas de ensino eram reduzidos à aprendizagem escolar de base, e criavam-se nas regiões rurais os “postos de ensino”, cujos “mestres” - os regentes escolares - em muitos casos sabiam apenas ler e escrever, sendo-lhes, no entanto, exigida uma comprovada idoneidade moral e política (ou seja, não

podiam fazer nada contra o regime). O combate ao analfabetismo não era considerado uma prioridade, já que a ignorância da leitura e da escrita evitava que as pessoas

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pudessem lutar contra a situação. Porque só quem tem conhecimento e sabedoria é que percebe o que é justo ou não.

Isto passava-se sobretudo nas famílias mais pobres. Depois de fazerem a 4.ª classe, a maioria dos alunos ia trabalhar, elas iam a servir, aprendendo as tarefas domésticas a realizar nas casas das famílias mais abastadas, eles iam para aprendiz de um ofício (mecânico, carpinteiro,) com idades muito jovens (10, 11, 12 anos). Ali ficavam e ali cresciam sem aprenderem mais nada e sem saberem quase nada sobre o mundo que os rodeava.

A peça do mês que escolhemos é

um diploma da 4.ª classe, que atesta a passagem no exame de um aluno, em …. Repara como o diploma era bonito e muito trabalhado! A figura do menino a segurar a bandeira mostra que ele pertencia à Mocidade Portuguesa, uma organização obrigatória para os jovens. Neste

tempo, ter um diploma era importante, pois era a única aprendizagem que era exigida. Quem o tivesse, sentia-se orgulhoso, porque tinha completado a escolaridade obrigatória.

Desafio: Procura ler o nome da pessoa e tenta imaginar o que teria sido a sua vida, a partir daí. Podes escrever um texto e entregá-lo na biblioteca. O texto mais interessante terá um prémio.

PARTICIPA!