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DIREITO PENAL IProf. Dr. Urbano Félix Pugliese
Finalização do fato típico na teoria do
delito
Conceito analítico de crime: Analítico (dogmático/formal analítico):
Estratificando os elementos do crime indica como o fato típico, ilícito e culpável;
1) Elementos do Fato típico: a) Conduta; b) Nexo de causalidade; c) Resultado; e d) Tipicidade.
Conceito de nexo de causalidade/nexo causal: Conceito: Ligação entre a conduta (causa) e
o resultado naturalístico (modificação do mundo exterior); e
Pode acontecer do crime não ter resultado naturalístico (mas, sempre terá resultado jurídico).
Causa ResultadoNexo
Teorias a respeito do nexo causal:1) Teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non): Considera-se causa qualquer antecedente que tenha contribuído, no plano físico, para o resultado;Art. 13/CP - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido; e Faz-se o procedimento hipotético de
eliminação de Thyrén;
Teorias a respeito do nexo causal:1) Teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non): Procedimento hipotético de eliminação de
Thyrén: João dos Mercados atira em Pedro dos Arames;
TiroComo
conseguiu a arma?
Comprou numa loja
Juca vendeu a arma a Pedro
Romeu vendeu para Juca
Críticas à teoria da conditio sine qua non:1) O registro não pode ser ad infinitum (por que ao inverso chegaríamos no primeiro ser humano na Terra);2) Somente será causa quando houver dolo ou culpa (elemento subjetivo do tipo); e3) Utilizar-se-á a Teoria da imputação objetiva para corrigir a teoria da equivalência dos antecedentes.
2) Teoria da causalidade adequada:
Considera causa do evento apenas a conduta do sujeito ativo apta e idônea (efetiva) a gerar o resultado;
Leva em consideração o que efetivamente pode ocorrer; e
Não é adotada no CP brasileiro.
3) Teoria da imputação objetiva: Considera um nexo causal além do
naturalístico; Para haver crime há de ter alguns requisitos
(Claus Roxin):1) Criar-se um risco não permitido;2) O risco se realiza no resultado concreto;3) O resultado se encontra dentro da
abrangência do tipo penal; eGünther Jakobs: 1) Princípio da confiança.
Causas comuns (concausas):
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. [...]
Causas comuns (concausas):1) Absolutamente independentes; e2) Relativamente independentes.
Preexistente (passado)
Concomitante (presente)
Superveniente (futuro)
Concausas absolutamente independentes:1) Preexistente: Uma causa anterior ocasiona a lesão ao bem
jurídico tutelado: Ex: João atira em José que tinha acabado de tomar um veneno e mesmo após o tiro morre em decorrência do veneno e não do tiro (João não responde pelo resultado);
2) Concomitante: Uma causa atual ocasiona a lesão ao bem jurídico tutelado: Ex: João atira em José e no mesmo instante Pedro atira em zona fatal do corpo de José (João não responde pelo resultado); e
3) Superveniente: Uma causa posterior ocasiona a lesão ao bem jurídico tutelado: Ex: João atira em José e após alguns instantes Pedro, com uma espada, corta a cabeça de José (João não responde pelo resultado).
Concausas relativamente independentes:1) Preexistente: Uma causa anterior contribui
para a lesão ao bem jurídico tutelado: Ex: João atira em José que tinha hemofilia e morre, quando uma pessoa sem a doença não morreria ( João responde pelo resultado); e
2) Concomitante: Uma causa atual contribui para a lesão ao bem jurídico tutelado: Ex: João dá veneno a José que no mesmo instante tem um colapso cardíaco (João responde pelo resultado).
Concausas relativamente independentes:Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou; 3) Superveniente: Uma causa posterior contribui para a lesão ao bem jurídico tutelado: 3.1) Que por si só causou o resultado: Ex: João atira em José que vai para o hospital que pega fogo e ele morre vítima do fogo (João não responde pelo resultado); e3.2) Que por si só não causou o resultado: Ex: João atira em José que vai para o hospital e lá morre por razão da cirurgia decorrente do tiro (João responde pelo resultado).
Conceito analítico de crime: Analítico (dogmático/formal analítico):
Estratificando os elementos do crime indica como o fato típico, ilícito e culpável;
1) Elementos do Fato típico: a) Conduta; b) Nexo de causalidade; c) Resultado; e d) Tipicidade.
Resultado:Conceito: É a modificação do mundo exterior causada pela conduta através da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado; 1) Naturalístico: Ocorre no mundo fático (os sentidos conseguem captar); 2) Jurídico (normativo): Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado; Nem sempre haverá um resultado naturalístico;
e Sempre haverá um resultado jurídico.
Conceito analítico de crime: Analítico (dogmático/formal analítico):
Estratificando os elementos do crime indica como o fato típico, ilícito e culpável;
1) Elementos do Fato típico: a) Conduta; b) Nexo de causalidade; c) Resultado; e d) Tipicidade.
Tipicidade:
Conceito: Conformidade/ajuste entre o fato concreto da vida real com o tipo penal abstrato contido na norma; Uma pessoa atira em alguém (há um tipo
abstrato indicado no art. 121); e Alguém morre (fato concreto da vida real).
Concepções da tipicidade:a) Independência (Beling): Não há nenhuma ligação do Fato Típico com a ilicitude a culpabilidade; b) Caráter indiciário (ratio cognoscendi) da ilicitude (Mayer): Ocorrido o Fato Típico há um indício de ilicitude (pode ser afastada) (Adotada pelo Código Penal); c) Caráter essencial (ratio essendi) da ilicitude (Mezger): Todas as condutas típicas são também ilícitas (tipicidade e ilicitude não são institutos distintos; a tipicidade integra a ilicitude de sorte que a tipicidade não possui autonomia); ed) Teoria dos elementos negativos do tipo (Paulo Queiroz): Todas as condutas típicas são ilícitas e as causas de exclusão de ilicitude integram a tipicidade (para ter um Fato Típico não deve estar presente nenhuma causa excludente de ilicitude).
Tipicidade: Tipicidade = Tipicidade formal (adequação
típica) + tipicidade material (tipicidade conglobante = antinormatividade);
Teoria da Tipicidade conglobante (Zaffaroni): Uma norma não poderá ser típica e ao mesmo tempo ser normativa; e
Adequação típica: O ajuste perfeito do fato concreto à norma abstrata.
Adequação típica: Por subordinação imediata ou direta: Não
há necessidade de qualquer norma para haver a adequação típica (o ajuste); e
Por subordinação mediata ou indireta: Há a necessidade de uma norma de extensão para haver a adequação típica (o ajuste).
Tipo penal:Conceito: Moldura/molde/fôrma abstrata de conduta contida em uma norma penal;Elementos:1) Objetivos: Descritivos (podem ser auferidos pelas percepções sensoriais; ex. Noite, dia);2) Subjetivos: Internos (dolo e culpa); e3) Normativos: Valorativos/axiológicos (mudam na interpretação do julgador; ex. ato libidinoso, honestidade, probidade.
Função do tipo penal:1) Indiciária da ilicitude (o tipo penal indica uma
possível conduta ilícita); 2) Garantidora da proteção penal ao bem jurídico
tutelado; 3) Diferenciadora do erro (quando houver um
erro no tipo penal); e Erro (quando há um erro nos fatos concretos
que não encaixam no tipo penal) ≠ ignorância (não saber/ignorar).
Erro de tipo (crimes aberrantes): Elementos do Tipo: Objetivos, subjetivos e
normativos; Espécies de Tipos: Incriminadores,
permissivos e explicativos; Qualquer erro nos elementos do tipo (em
qualquer espécie de tipo) seria um erro de tipo; e
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Erro de tipo essencial: Conceito: Quando há um erro fundamental do tipo
penal; Inevitável/invencível/escusável/desculpável:
Exclui-se a conduta por que não há dolo/culpa; ex. Alguém que pega o casado no guarda roupa idêntico ao seu (não será punido pelo crime de furto); e
Evitável/vencível/inescusável/indesculpável: Exclui-se o dolo porém haverá delito caso haja forma culposa do delito; Ex: alguém que atira em uma pessoa fantasiada de alce à noite.
Erro de tipo acidental: Conceito: Quando há um erro não fundamental
do tipo penal (apenas circunstancial/secundário) não há isenção de pena;
Espécies:1) Erro sobre o objeto (error in objecto); 2) Erro sobre a pessoa (error in persona);3) Erro na execução (aberratio ictus);4) Erro no resultado (aberratio criminis); e5) Erro no nexo causal (aberratio causae).
Espécies de erro de tipo acidental:1) Erro sobre o objeto (error in objecto); João entra na casa para furtar feijão e furta arroz (responde pelo furto normalmente);2) Erro sobre a pessoa (error in persona): João atira no irmão gêmeo do pai;Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime
Espécies de erro de tipo acidental:3) Erro na execução (aberratio ictus): João atira em Pedro e erra a mira e atinge Maria; eArt. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Aberratio ictus:Posições:1) Atinge pessoa diversa (responde como se
tivesse praticado o crime contra aquela): João atira em Pedro e atinge Maria; ou
2) Atinge as duas pessoas (responde coma pena do crime maior ou uma das penas no caso de crimes idênticos aumentado de percentual por conta de ter atingido uma outras pessoa; concurso formal de crimes).
Espécies de erro de tipo acidental:4) Erro no resultado (aberratio criminis): João atira em Pedro e atinge um veículo; eArt. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Espécies de erro de tipo acidental:5) Erro no nexo causal (aberratio causae): João quer matar Joana enforcada. Amarra uma corda no pescoço dela e a atira no mar. Ela morre afogada (dolo geral/responde pelo homicídio).; Erro de tipo ≠ delito putativo:1) O delito não existe faticamente: João vai até a delegacia falar que fez abortamento (mas, ele não tem útero);2) A conduta não é ilícita: João vai até a delegacia para dizer que tem de ser preso por que cometeu incesto; e3) Por obra do agente provocador (delito de ensaio/de experiência/de laboratório): O flagrante preparado pela polícia que impossibilita a consumação (súmula n. 145/STF).
Erro provocado por terceiros:Art. 20, § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro;a) Situação de provocador: Responde quando agir com dolo ou culpa (ex. Médico que ministra veneno para que a enfermeira ministre e mate um paciente); b) Situação do provocado:1) Inevitável: Há plena ausência de dolo ou culpa; e 2) Evitável: Responde por culpa se assim existir (a enfermeira nota que o remédio a ser ministrado é de cor amarela e não rosa, mas por incautela ministra assim mesmo).