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MCLMoscati/2009 CURSO DE METEOROLOGIA SINÓTICA (MET-338-4) AULA 1: REVISÃO SOBRE EQUAÇÕES BÁSICAS E APLICAÇÕES Marley Cavalcante de Lima Moscati 15 de junho de 2009 1 – EQUAÇÕES BÁSICAS 1.1 - VORTICIDADE 1.1.1 – EQUAÇÃO SIMPLIFICADA DA VORTICIDADE ABSOLUTA 1.2 – DIVERGÊNCIA 1.3 - VENTOS 1.3.1 - VENTO GEOSTRÓFICO 1.3.2 - VENTO AGEOSTRÓFICO 1.3.3 - VENTO GRADIENTE 1.3.4 - VENTO TÉRMICO 1.4 - EQUAÇÃO HIPSOMÉTRICA 1.5 - ADVECÇÃO 1.6 - COORDENADAS NATURAIS 1.6.1 - EQUAÇÃO DO MOVIMENTO 1.6.2 - EQUAÇÃO DA DIVERGÊNCIA 1.6.3 - EQUAÇÃO DA VORTICIDADE

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CURSO DE METEOROLOGIA SINÓTICA (MET-338-4) AULA 1: REVISÃO SOBRE EQUAÇÕES BÁSICAS E APLICAÇÕES

Marley Cavalcante de Lima Moscati

15 de junho de 2009

1 – EQUAÇÕES BÁSICAS

1.1 - VORTICIDADE

1.1.1 – EQUAÇÃO SIMPLIFICADA DA VORTICIDADE ABSOLUTA

1.2 – DIVERGÊNCIA

1.3 - VENTOS

1.3.1 - VENTO GEOSTRÓFICO

1.3.2 - VENTO AGEOSTRÓFICO

1.3.3 - VENTO GRADIENTE

1.3.4 - VENTO TÉRMICO

1.4 - EQUAÇÃO HIPSOMÉTRICA

1.5 - ADVECÇÃO

1.6 - COORDENADAS NATURAIS

1.6.1 - EQUAÇÃO DO MOVIMENTO

1.6.2 - EQUAÇÃO DA DIVERGÊNCIA

1.6.3 - EQUAÇÃO DA VORTICIDADE

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2

VORTICIDADE

• Mede a taxa de rotação instantânea de uma parcela fluida em torno do eixo vertical local. • Matematicamente é um campo vetorial definido como o rotacional da velocidade:

VXr

∇=ς

wvu

zyx

kji

∂=

ˆˆˆ

)()()(

)(ˆ)(ˆ)(ˆ

zetanetaksi

y

u

x

vk

x

w

z

uj

z

v

y

wi

ςηξ

∂−

∂+

∂−

∂+

∂−

∂=

Vorticidade Absoluta Vorticidade Relativa f+= ςη

φsen2 Ω=f (efeito da deflexão da Terra) 15103,7 −−=Ω sx (velocidade angular da Terra)

Convenção de Sinais para ςςςς: Os sinais positivo e negativo dão o sentido do giro.

GIRO HORÁRIO - VORTICIDADE NEGATIVA ciclônico no HS

anticiclônico no HN

GIRO ANTI-HORÁRIO - VORTICIDADE POSITIVA ciclônico no HN

anticiclônico no HS

EQUADOR

B A

B A

0⟩ς 0⟨ς

0⟩ς 0⟨ς

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3

EQUAÇÃO DA VORTICIDADE ABSOLUTA

)()(.)()(xy

P

yx

P

z

v

x

w

z

u

y

wVff

td

dH

∂−

∂+

∂−

∂+∇+−=+

ααςς

r

(a) (b) (c)

Tabela 1.1 – Ordens de magnitudes dos termos da Equação da vorticidade absoluta.

TERMOS: ORDENS DE MAGNITUDES:

t∂

∂ ς,

xu

∂ ς,

yv

∂ ς ~

2

2

L

U ~ 10-10 s-2

z∂

∂ ςω ~

LH

UW ~ 10-11 s-2

yd

fdv

~ U β ~ 10-1- s-2

HVfr

.∇ ≤

L

Uf0 ~ 10-9 s-2

z

u

yz

v

x ∂

∂−

∂ ωω ≤

LH

UW ~ 10-11 s-2

)(1

2 x

p

yy

p

x ∂

∂−

∂ ρρ

ρ ≤

22L

p

ρ

δρδ ~ 10-11 s-2

FONTE: Holton (2004).

Taxa de variação da vorticidade absoluta seguindo o movimento:

Termo a - termo divergente

Termo b - termo de inclinação

Termo c - termo solenóide

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4

Através da análise de escala e retendo apenas os termos com ordens de magnitudes maiores

que 10-10 s-2 (Tabela 1.1), verifica-se que a forma válida para movimento de escala sinótica

em latitudes médias, é dada pela equação aproximada:

HVfftd

d r.)( ∇−=+ς (mecanismo forçante dominante é o termo divergente)

Fig. 1 – Ilustração dos termos na Equação da Vorticidade Absoluta.

FONTE: Salby (1996), p. 390.

Termo a: • Identificar áreas com movimento vertical ascendente e descendente – informação sobre o tempo

Termo b: • ciclogênese • frentes • tornados • convecção em geral

Termo c: • Brisas • Monção • Circ. Vale-Montanha

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DIVERGÊNCIA

• Conceito físico de Convergência/Divergência horizontal:

Medida da taxa de adição/remoção de uma massa de ar numa coluna atmosférica. Ocorre devido a mudanças na velocidade do vento ao longo das linhas de corrente. Convergência/divergência implica em confluência/difluência.

CONVERGÊNCIA DIVERGÊNCIA

Conexão da divergência com o movimento vertical

FONTE: ZAMG (versão 5.0)

y

v

x

uVH

∂+

∂=∇

r.

> 0 DIVERGÊNCIA < 0 CONVERGÊNCIA

Convergência/divergência

causam mudança na área e produzem movimento vertical.

pVH

∂−=∇

ωr.

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6

• Por considerações geométricas, a divergência/convergência pode ser descrita como a taxa

relativa de aumento/diminuição de uma superfície material, tal que:

(A é a área da superfície material, assumida pequena)

0. ⟩∇ HVr

⇒ 01

⟩td

Ad

A

⇒ unidade de área de superfície sofre um aumento de área/segundo;

0. ⟨∇ HVr

⇒ 01

⟨td

Ad

A

⇒ unidade de área de superfície sofre uma redução de área/segundo;

contração (redução de área) expansão (aumento de área)

convergência horizontal divergência horizontal

Obs.: a área mantém-se na mesma posição

td

Ad

AVH

1. =∇r dydxA =

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• Conceito geométrico de convergência/divergência: Confluência/difluência

Confluência/difluência indica linhas de corrente convergindo/divergindo para/de um

ponto/região. Confluência/Difluência pode implicar em convergência/divergência.

CONFLUÊNCIA DIFLUÊNCIA

• Confluência/difluência produzem uma mudança na forma de uma área fechada por um anel de parcelas de ar através do processo de deformação (Figura 2), mas não necessariamente resulta em uma mudança no tamanho da área fechada pelo anel (Carlson, 1994). Conseqüentemente, confluência/difluência não são diretamente associadas com movimento vertical através deles.

Fig. 2 – Esquemas ilustrativos de escoamentos: a) difluente, b)confluente.

FONTE: Djuric (1994), p. 63.

Corpos inicialmente circulares. Escoamento com deformação pura (isto é, não tem divergência e nem vorticidade)

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VENTOS

VENTO GEOSTRÓFICO ( gVr

)

• Análise de escala na equação do movimento horizontal:

334

2

101010

)1

()()(

−−−

∇−=+

PL

OUfOL

UO

PVXkftD

VD

H

HH

H

δρ

ρ

rr

• Esta aproximação é denominada de balanço geostrófico, e é mantido em regiões onde o

Número de Rossby ( oR ) é muito menor do que 1 (termos inerciais tomam valores muito

menores do que os termos do gradiente de pressão e do termo de Coriolis),

• oR é uma medida da validade da aproximação geostrófica:

Lf

U

Uf

LU

Coriolisdetermos

inercialaceleraçãodetermosR ===

/2

0

Para escala sinótica em latitudes médias: U ~10 ms-1 L ~106 m,

310≈ρ

δ Pm2s-2

of ~ 10-4 s-1

sU

LT

510≈= (escala de tempo

oR << 1 para sistemas de tempo de escala sinótica em latitudes médias.

Isto não implica que acelerações não sejam importantes sobre estas escalas, mas que a atmosfera está em balanço geostrófico aproximado.

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9

•Vento idealizado, sem aceleração.

Tem-se a forma vetorial do Vento Geostrófico, expressa por:

Geralmente, nos distúrbios extratropicais de escala sinótica, o vento geostrófico é uma boa

aproximação para o vento real ( gVVrr

= ). Esta aproximação é denominada de

aproximação geostrófica.

• Esquema ilustrativo do balanço de forças na aproximação geostrófica:

A A

___________________P _______________________P

___________________ _______________________

___________________P-∆P _______________________P-∆P

B B

(HN) (HS)

• substituindo-se gH VVrr

= na equação do movimento horizontal;

• multiplicando-se vetorialmente por k

oC oC

PH∇

gVr

gVr

PH∇

• gVr

é paralelo às isóbaras e com maiores valores de P à direita no HN e à esquerda no HS;

• As isóbaras são retas paralelas e são invariantes no tempo. • Força do P∇ é perpendicular às isóbaras e dirigido das altas para as baixas pressões

• Coriolis é perpendicular a HVr

e à direita deste no HN e à esquerda no HS

• A magnitude do vento geostrófico é proporcional ao espaçamento das isóbaras.

PXkf

V Hg ∇= ˆ1

ρ

r

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Algumas situações onde o vento geostrófico é válido:

Fig. 4 - Esquema ilustrativo de um trem de ondas em um escoamento no HS.

Fonte: Kousky e Elias (1982).

Eixo do cavado Eixo da crista

•Região extratropical (pois nos trópicos 0→f );

•Longe da superfície da Terra, onde o atrito não é importante (isto é, pode ser desprezado);

•Em escoamentos sem acelerações, o que implica que as isóbaras ou as isolinhas de geopotencial são

estritamente paralelas e uniformemente espaçadas;

• Em escoamentos retilíneos.

• OBS.: Em um escoamento ondulatório, formado por uma seqüência de cavados e cristas (chamada de

trem de ondas - Figura 4), a aproximação geostrófica não é boa porque a própria definição de gVr

considera o movimento retilíneo. Neste caso, usa-se o vento gradiente (considera o movimento

curvilíneo).

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VENTO AGEOSTRÓFICO ( agVr

)

• Forma vetorial: gHag VVVrrr

−=

• A velocidade do agVr

é proporcional às acelerações horizontais experimentadas por uma

parcela de ar e, de acordo com a equação do movimento sem atrito:

td

VdXk

fV H

ag

rr

ˆ1=

O agVr

é associado com circulações verticais.

Algumas aplicações do agVr

:

• Frontogênese;

• Ciclogênese;

• Dinâmica das correntes de jatos em baixos e em altos níveis;

• Desenvolvimento de convecção severa;

agVr

é perpendicular ao vetor aceleração da parcela (td

Vd H

r

),

à esquerda deste no HN à direita deste no HS.

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VENTO GRADIENTE ( grVr

)

• Vento horizontal sem atrito, onde a aceleração tangencial é nula e só existe a aceleração

centrífuga.

• Como o vento gradiente leva em conta a força centrífuga devido a curvatura da trajetória

das parcelas, o vento gradiente é uma aproximação do vento real melhor do que a

aproximação do vento geostrófico.

• O balanço do vento gradiente é obtido pelo balanço entre 3 forças: Força de Coriolis,

Força Centrífuga e Força do Gradiente de Pressão.

01

2

=∂

∂++

n

pVf

R

Vgr

gr

ρ

rr

n

pRfRfRVgr

∂−±−=

ρ2)

2(

2

r

•As várias raízes dessa equação são classificadas de acordo com os sinais de R e do termo n

p

ρ

1;

•É exigido que grVr

seja real e não negativo.

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Fig. 5 – Esquema ilustrativo dos 4 tipos de escoamentos gradiente, para o HN: a) baixa

regular, b) baixa anômala, c) alta regular, d) alta anômala; para o HS: e) baixa

regular, f) baixa anômala, g) alta regular, h) alta anômala.

Os símbolos P, Ce, e Co significam força do gradiente de pressão, força centrífuga e

força de Coriolis, respectivamente.

FONTE: Varejão-Silva (2000), p. 328.

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

(g)

(h)

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VENTO TÉRMICO ( TVr

)

• TVr

refere-se à diferença vetorial entre o vento geostrófico em dois níveis:

pdTXkf

RpVpVV p

p

p

ggT ln)ˆ()()(1

0

01 ∇−=−≡ ∫rrr

, onde 01 pp ⟨ .

• TVr

expressa uma relação entre o cisalhamento vertical do vento e os gradientes

horizontais de temperatura:

No sistema z : V

V

g

T TXkTf

g

z

VV ∇=

∂= ˆ

rr

No sistema p: TXkpf

R

p

VV

g

T ∇−=∂

∂= ˆ

rr

No sistema θ : pXkp

p

f

RVV

k

kg

T ∇=∂

∂=

ˆ0

1

θ

rr

• O cisalhamento vertical do vento geostrófico varia em módulo, direção e sentido, de acordo com o tipo de atmosfera na qual ele está atuando: barotrópica ou baroclínica.

• TVr

paralelo às isotermas, nos ventos de oeste de latitudes médias sempre para leste nos dois hemisférios, e deixa baixas T à esquerda no HN e à direita no HS; • TH∇ sempre aponta para T mais altas.

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• Outras formulações:

)(ˆ101 φφ −∇= Xk

fVT

r

)(ˆ12 zzXk

f

gV pT −∇=r

12 zz − é proporcional à T, tal que )(ln2

112

p

p

g

TRzz =−

Em função da espessura da camada, considerando que zg=φ .

TVr

também sopra paralelo às linhas de espessura constante, com baixos valores de espessura à esquerda no HN e à direita no HS.

para uma dada camada, em termos do gradiente horizontal de diferença de geopotencial entre o topo e a base da camada

EQUADOR

PN

PS

QUENTE

FRIO

FRIO

TH∇

TH∇

TVr

TVr

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EQUAÇÃO HIPSOMÉTRICA

• A denominação Equação hipsométrica ou carta de espessura se deve a se considerar a

espessura entre duas superfícies isobáricas.

• Estas cartas também são chamadas de topografias relativas, pois, as isolinhas de tais

mapas unem pontos de igual altitude relativa de uma superfície isobárica (a de cima) sobre

a outra (a de baixo).

• Equação Hipsométrica:

)(ln2

112

p

p

g

TRzz =−

• A equação hipsométrica é utilizada operacionalmente no cálculo de altura de um dado

nível de pressão a partir dos dados de radiossondagem.

CONSTRUÇÃO DA CARTA DE ESPESSURA

• Computar os valores da espessura dos registros de radiossonda;

• Plotagem da espessura sobre uma carta e traçar isopletas;

• Plotagem da espessura do outro nível na mesma carta e traçar isopletas;

• Fazer a subtração gráfica dos dois campos escalares usando regras matemáticas de subtração vetorial. Obs.: A carta de 1000 hPa é construída a partir da carta de superfície, usando regras de

conversão detalhadas em Kouky e Elias (1982).

• 12 zz − é a espessura da camada, sendo proporcional à T ;

• Na realidade, T deveria ser VT (temperatura virtual média da camada), dada

por )061,01( qTTV += , onde q é a umidade específica;

• A espessura será maior em regiões quentes e menor em regiões frias.

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• Para determinar as linhas de espessura, algumas regras devem ser seguidas:

• Processo gráfico da construção da carta de 500/1000:

Fig. 7 -

FONTE: Barry e Chorley (2003).

1) As linhas de espessura são desenhadas em intervalos de 60 m;

2) As linhas de espessura devem passar pelos pontos de intersecção das linhas de 2z e de 1z ;

3) As linhas de espessura nunca podem cruzar uma linha de 2z ou de 1z , exceto no ponto de

interseção das linhas 2z e 1z ;

4) A orientação da linha de espessura é determinada pelo gVr

nas duas superfícies.

APLICAÇÕES DAS CARTAS DE ESPESSURA

• Tradicionalmente, as espessuras das camadas 700/1000 hPa e 500/1000 hPa são as mais usadas;

• A topografia de 500/1000 hPa é particularmente útil para ver a localização e a atividade das frentes, verificar a direção do movimento das baixas quentes em superfície, dar o prognóstico de mudanças de temperatura por advecção, dar o prognóstico de desenvolvimento de sistemas de pressão, entre outros. •Estas e outras aplicações de mapas de topografia relativa são apresentadas e discutidas em Medina (1976, p. 195-214).

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ADVECÇÃO

• Advecção é o termo dado ao processo de transporte de propriedades atmosféricas e de alguns corpos pelo vento.

• Matematicamente, advecção pode ser conhecida em termos de “propriedades conservativas” (por exemplo, energia cinética, vorticidade, enstrofia, temperatura potencial, razão de mistura, etc), expressa por:

0=td

ad

onde a é a variável conservativa.

Embora a seja uma função do espaço e do tempo, sob algumas condições ela fica constante dentro das parcelas de ar movendo-se. A distribuição da variável a pode ser descrita pela função matemática a = a(x, y, p, t). Usando a expansão Euleriana, a equação de conservação pode ser escrita como:

p

awaV

t

aH

∂−∇−=

∂.

r

A estimativa de advecção pode ser feita para propriedades que podem ser representadas por isopletas. Se as isopletas movem-se devido a algum outro processo além do escoamento de ar, tal movimento não é advecção. Exemplos: • isotermas podem ser deslocadas devido ao aquecimento, sem escoamento de ar. Este processo não é advecção por não ser efetuado pelo vento e sim pela adição de calor; • movimento de isopletas como conseqüência de mistura ou difusão.

os termos do lado direito são chamados de advecção horizontal e advecção vertical de a, respectivamente.

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19

• Advecção Térmica: relaciona calor sendo transportado pelo vento, de uma região para

outra.

Em meteorologia, a advecção horizontal de temperatura é calculada por:

θcos||||. TVTVA HHT ∇−=∇−=rr

Há três casos de advecção horizontal de temperatura:

quente nula fria.

Fig. 8 – Esquemas ilustrativos de advecção de temperatura: a) quente, b) nula, c) fria.

FONTE: Haltiner e Martin (1957), p. 208.

(a) (b) (c)

Advecção Fria ⇒ transporte do frio para o quente ( −=TA )

Advecção Quente ⇒ transporte do quente para o frio ( +=TA )

Advecção Nula ⇒ sem transporte, pois o ângulo entre os vetores é 90° ou 270°

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20

Fig. 9 - Exemplos de advecção do vento térmico para HN: a) quente, b) fria.

FONTE: Djuric (1994).

Advecção de Temperatura Geostrófica:

)(lnsen||||

2

112

p

pR

fVVA ggTg

αrr

=

• No HN, a advecção fria (quente) é caracterizada por rotação anti-horária (horária ou veering) do

gVr

com a altura;

•No HS, advecção fria (quente) é caracterizada por rotação horária (anti-horário ou backing) do

gVr

com a altura;

• Assim, o vento médio da camada pode dar uma boa indicação sobre o tipo de advecção térmica que está ocorrendo.

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SISTEMA DE COORDENADAS NATURAIS

•Nas cartas sinóticas, faz-se uso do sistema de coordenadas naturais, um sistema de

coordenadas útil para interpretar fisicamente os campos cinemáticos do vento (divergência,

vorticidade e deformação).

•Um sistema de coordenadas naturais é aquele em que se roda o sistema de coordenadas

cartesiano (com eixos x, y e z nas direções para leste, para norte e verticalmente para cima,

respectivamente), de forma que

• Neste novo sistema de coordenadas, os eixos são renomeados:

• o eixo x é orientado na direção do escoamento; •o eixo y é perpendicular e à esquerda do escoamento, independente de hemisfério; •o eixo z não se altera.

• eixos x ⇒ eixo s (para referir-se à direção das linhas de correntes); • eixo y ⇒ eixo n (para referir-se à direção normal); • eixo z ⇒ eixo z

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Fig. 10 – Esquema ilustrativo do sistema de coordenadas naturais.

FONTE: Lemes e Moura (1998), p. 155.

onde:

HVr

- Vetor velocidade do vento horizontal, e em qualquer instante tVV H

)r= ;

V - Escalar não negativo definido por

tD

sDV ≡ ;

s, n - Distância curvilínea na direção t)

e n)

, respectivamente;

t)

, n)

- Versores nas direções da velocidade local e normal, respectivamente;

O versor n)

é perpendicular à HVr

e à esquerda deste em qualquer hemisfério;

R - Raio de curvatura do escoamento;

s

x

y n

n

R

HVr

t

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23

EQUAÇÃO DO MOVIMENTO EM COORDENADAS NATURAIS

)3()2()1(

1ˆ pVXkftd

VdHH

H ∇−=+ρ

rr

(1)

Da análise vetorial, tem-se as seguintes relações (Kousky e Elias, 1982; Fedorova, 2001):

Aplicando-se estes resultados nos termos da equação do movimento, obtém-se:

Termo (1):

Termo (2): nVftXkVftVXkfVXkf Hˆ)ˆˆ()ˆ(ˆˆ ===

r

Termo (3): )ˆˆ(11

nn

pt

s

ppH

∂+

∂−=∇−

ρρ

onde nn

ts

ˆˆ∂

∂+

∂=∇

nR

V

nR

Vt

td

Vd

td

tdVt

td

VdtV

td

d

td

Vd H

ˆ

ˆˆˆ

ˆ)ˆ(2

+=+==

r

Rsd

d 1=

αndtd ˆˆ α= n

R

VV

sd

d

td

sd

sd

td

td

tdˆ

ˆˆ===

α

Page 24: Eq basicas metsin2009

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24

Assim, a Equação 1 pode ser escrita como:

nn

pt

s

pnVfn

R

Vt

td

Vdˆ

1ˆ1ˆˆˆ

2

∂−

∂−=++

ρρ

Separando os termos por componentes, tem-se:

ts

pt

td

Vd ˆ1ˆ∂

∂−=

ρ aplicando-se t.

nn

pnVfn

R

1ˆˆ

2

∂−=+

ρ aplicando-se n.

Obtém-se o seguinte sistema de equações:

s

p

td

Vd

∂−=

ρ

1 (2)

n

pVf

R

V

∂−=+

ρ

12

(3)

Page 25: Eq basicas metsin2009

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25

INTERPRETAÇÃO

EQUAÇÃO 2:

Considerando zg=φ , pode-se escrever a Equação 2 como:

std

Vd

∂−=

φ (4)

• Esta equação estabelece que acelerações na magnitude da velocidade do vento só se verificam quando a altura geopotencial varia na direção do movimento do ar. • Uma vez que as Equações 2 e 4 não envolvem o parâmetro de Coriolis (f), estes resultados aplicam-se a ambos os hemisférios.

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26

43210 φφφφφ ⟨⟨⟨⟨

Fig. 11 – Análise esquemática da altura geopotencial para um nível de pressão constante

no HS.

FONTE: Kousky e Elias (1982), p.16.

No ponto A: (vento é paralelo aos contornos de altura)

0=∂

s

φ ⇒ 0=

td

Vd

No ponto B:

0⟩∂

s

φ ⇒ 0⟨

td

Vd (desaceleração)

No ponto C:

0⟨∂

s

φ ⇒ 0⟩

td

Vd (aceleração)

Em geral, o movimento do ar em uma superfície de pressão constante:

• acelera-se quando o movimento é em direção à alturas geopotenciais mais baixas;

• desacelera-se quando o movimento é em direção à alturas geopotenciais mais altas.

• O escoamento é dito uniforme na direção do movimento se 0=td

Vd.

Page 27: Eq basicas metsin2009

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27

• Corrente de jato, ou jato, é definido como uma corrente de vento intensa (ventos de

12,5 ms-1 abaixo de 600 hPa e de pelo menos 30ms-1 acima do nível de 300 hPa), estreita,

quase horizontal, associada com forte cisalhamento vertical do vento (zd

Ud, com valores

da ordem de 5-10 ms-1 km-1 (Chen et al., 1994)) (Ray, 1986).

• Geralmente as correntes de jato são descritas pela estrutura de suas isotacas (linhas de

mesma velocidade do vento).

• JET STREAKS (Figura 1.25) - regiões de máximos e mínimos locais de velocidade ao

longo do eixo do jato, deslocando-se ao longo do eixo, no mesmo sentido do vento, com

uma velocidade mais baixa (da ordem de 10 m/s) do que a própria velocidade do vento (da

ordem de 50 m/s).

Fig. 12 – Representação esquemática do eixo da corrente de jato.

Fonte: Medina (1976), p. 90.

Eixo da corrente de jato

Jet streaks

isotacas

EXEMPLO DE APLICAÇÃO DESSA REGRA: CORRENTE DE JATO

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ENTRADA DO JATO

aceleração

SAÍDA DO JATO

desaceleração

Fig. 13 – Esquema ilustrativo de uma seção em uma corrente de jato, destacando-se

as regiões com confluência (entrada do jato) e difluência (saída do jato) do

escoamento de ar.

FONTE: Medina (1976).

EQUAÇÃO 3:

n

pVf

R

V

∂−=+

ρ

12

ou n

VfR

V

∂−=+

φ2

• Para escoamento uniforme, diz-se que o vento encontra-se em balanço gradiente (balanço

entre as forças Centrífuga, de Coriolis e do Gradiente de Pressão) e este vento é

denominado de vento gradiente ( grV ), tal que:

nVf

R

Vgr

gr

∂−=+

φ2

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• Para escoamento retilíneo (escoamento seguindo grandes círculos da Terra), o termo de

aceleração centrífuga é nulo e o escoamento resultante é dito estar em balanço geostrófico,

e este vento é chamado de vento geostrófico ( gV ), tal que:

nVf g

∂−=

φ

para o HN: 0⟩f e φ decresce na direção n)

positiva 0⟨∂

n

φ

para o HS: 0⟨f e φ aumenta na direção n)

positiva ( 0⟩∂

n

φ

• Em virtude do ar freqüentemente realizar movimentos curvilíneos, o vento geostrófico é uma aproximação mais pobre para o vento observado do que o vento gradiente e, em regiões onde a curvatura é pronunciada, o vento observado pode variar de 50% a 200% do valor geostrófico (kousky e Elias, 1982). • Na análise prática dos mapas de tempo, a diferença entre vento geostrófico e vento gradiente é difícil de detectar, exceto quando a velocidade do vento é alta. Assim, o

termo R

Vgr

2

que é a fonte da diferença entre os dois ventos, torna-se considerável.

De observações de vento em 700 hPa, é verificado que muitas vezes o gV é a melhor

aproximação para o vento observado do que o grV , e isto pode ser devido a erros nas

medidas dos ventos reais, nas medidas de radiossonda, na insuficiência da rede de observações e devido à desvios da atmosfera do estado de equilíbrio, assumido em ambas aproximações (Hess, 1959). • Os balanços geostrófico e gradiente são úteis para descrever a estrutura do movimento de grande escala, mas não dão informações sobre como a circulação evolui. Tais equações são ditas diagnósticas.

• Equações do tipo da vorticidade e da divergência, que permitem a circulação

mudar de um estado a outro, são ditas prognósticas.

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EQUAÇÃO DA VORTICIDADE EM COORDENADAS NATURAIS

n

V

R

V

∂−=ς (53)

R

V - Termo de curvatura (onde R é o raio de curvatura)

n

V

∂ - Termo de cisalhamento do vento.

a) TERMO DE CURVATURA

• As curvaturas ciclônicas e anticiclônicas podem ser reconhecidas pelo giro das parcelas

fluidas que deslocam-se através das linhas de corrente.

a)

b)

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• Sinal do raio de curvatura: Todas as convenções de sinais aplicam-se nos dois

hemisférios, apenas as convenções ciclônicas e anticiclônicas são revertidas.

b) TERMO DE CISALHAMENTO DO VENTO:

• Há duas categorias principais de classificação de cisalhamento do vento:

1) Cisalhamento do tipo derivada define-se: s

VV

s

V

−≅

∂ 21 (s-1) (54)

2) Cisalhamento do tipo diferença define-se: 21 VV − (ms-1) (55)

EQUADOR

B A

B A

0⟩R 0⟨R

0⟨R 0⟩R

s é a direção no espaço; s∆ é a distância entre dois pontos;

1, 2 são dois pontos no espaço onde é avaliado o cisalhamento; V tanto pode ser um vetor, como a velocidade do vento ou, ainda, uma componente do vetor vento.

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a) Casos de cisalhamento positivo ou negativo:

Distribuição do vento (vetores mais curtos em negrito) e contornos (flecha longas).

Os espaçamentos mais estreitos (gradiente) entre os contornos indicam ventos mais rápidos.

A curvatura é positiva no ponto A (ς ciclônica no HN e anticiclônica no HS) e negativa no

ponto B (ς anticiclônica no HN e ciclônica no HS).

LEMBRETE: As derivadas matemáticas das variáveis não são definidas em pontos de descontinuidade. Por esta razão, é incorreto avaliar uma derivada aproximadamente usando diferenças finitas através de uma descontinuidade. Em outras palavras, a definição de cisalhamento do tipo diferença é útil em descontinuidades, embora a derivada seja indefinida. Assim, se os pontos 1 e 2 estão: Na HORIZONTAL e são normais às linhas de corrente: usa-se cisalhamento tipo diferença. Na VERTICAL: usa-se cisalhamento tipo derivada.

CONFIGURAÇÕES TÍPICAS DE ESCOAMENTOS ENCONTRADOS EM CARTAS SINÓTICAS ONDE ς É PROEMINENTE

(Djuric, 1994; Almeida et al., 1981)

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b) Ventos e contornos no caso com curvatura sem cisalhamento normal.

• A

Maior espaçamento: ventos mais fracos

Menor espaçamento: ventos mais fortes

• B

ς

ς -

•••• curvatura positiva quando as linhas de corrente curvam-se para a esquerda de um observador que se move com o vento, sendo chamada de curvatura ciclônica no HN e anticiclônica no HS; •••• curvatura negativa quando as linhas de corrente curvam-se para a direita em relação a um observador que se move com o vento, sendo chamada de anticiclônica no HN e ciclônica no HS.

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c) Configuração do escoamento na troposfera média ou superior no HS, em função do

cisalhamento e da curvatura horizontal. Esta configuração é típica de uma corrente de

jato no HS (Almeida et al., 1981).

Análise das contribuições do cisalhamento e curvatura na vorticidade para as Regiões I e II

da corrente de jato do HS:

Região I Região II

Em todos os pontos desta região, o escoamento é anticiclônico e, portanto, caracterizado por uma vorticidade devida à curvatura anticiclônica (vorticidade positiva no HS).

Em todos os pontos desta região, o escoamento é ciclônico e, portanto, caracterizado por vorticidade devido à curvatura ciclônica.

Se a vorticidade devido ao cisalhamento for levada em consideração, tem-se vorticidade anticiclônica (positiva no HS) na parte norte e vorticidade ciclônica (negativa no HS) na parte sul da região I.

Em termos de cisalhamento, tem-se vorticidade ciclônica ao sul da região de máximas velocidades de vento (ou eixo do jato) e vorticidade anticiclônica na parte norte da Região I.

ς > 0 anticiclônica no HS

ς < 0 ciclônica no HS

Eixo da corrente de jato

ALTA

BAIXA

ALTA Anticiclônico HS

Ciclônico HS

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norte da Região I

sul da Região II

Assim, ambas as componentes da vorticidade apresentam o mesmo sinal no lado anticiclônico da corrente de jato.

Assim, ambas as componentes apresentam o mesmo sinal no lado ciclônico da corrente de jato.

Fonte: Haltiner e Martin (1957).

Em resumo: tem-se máxima vorticidade relativa ciclônica no lado ciclônico do jato, na vizinhança do eixo do cavado. E, tem-se máxima vorticidade relativa anticiclônica no lado anticiclônico do jato, na vizinhança do eixo da crista.

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EQUAÇÃO DA DIVERGÊNCIA EM COORDENADAS NATURAIS

nV

s

VV

∂+

∂=∇

δr. (56)

onde:

s

V

∂ -

Divergência/convergência longitudinal. • convergência - quando a parcela diminui a velocidade ao longo das linhas de corrente escoamento abaixo • divergência - quando a parcela aumenta a velocidade ao longo das linhas de corrente escoamento abaixo

nV

∂ δ -

Componente associada com confluência/difluência do escoamento de ar.

0⟨∂

n

δ, tem-se confluência

0⟩∂

n

δ, tem-se difluência

Onde V=0, 0=∂

n

δ e este ponto é conhecido como ponto singular.

Diagrama esquemático que ilustra difluência e confluência (Figura 1.28):

Fig. 18 – Diagrama esquemático que ilustra a confluência e a difluência.

FONTE: Kousky e Elias (1982), p. 20.

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Valores típicas de divergência em sistemas sinóticos de latitudes médias:

HVr

.∇

(s-1)

∆t SISTEMAS DE MOVIMENTO

1,9x10-4 1 h Subsinótica (zona frontal)

3,2x10-5 6 h Sinótica intensa

0,8x10-5 1 dia Sinótica média

0,4x10-5 2 dias Sinótica

1,1x10-6 1 semana Ondas planetárias

FONTE: Petterssen (1956).

Geralmente, convergência/divergência e confluência/difluência são de sinais opostos;

de forma que a divergência geralmente é pequena.

Assim, a determinação da localização de regiões de convergência/divergência tem que

ser feita analisando-se estas duas componentes simultaneamente.

Localmente, também têm-se valores de divergência da ordem (Petterssen, 1956):

• 4,0x10-5 s-1 nos cavados bem desenvolvidos na troposfera superior;

• maior que 10-4s-1 em tornados e

• da ordem de 2,0x10-5 s-1 parece ser típico de ciclones desenvolvidos ou movendo-se

rapidamente ao nível do mar.

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APÊNDICE A

ATMOSFERAS BAROTRÓPICA E BAROCLÍNICA

Atmosfera Barotrópica

É a atmosfera na qual as superfícies de pressão e de densidade constantes coincidem e isto

implica que as superfícies de VT constante também coincidem com as outras duas. Da

Equação dos gases perfeitos Vd TRp ρ= , se p, ρ e dR são constantes, isto implica que

VT também é constante. Assim,

V

V

g

T TXkTf

g

z

VV ∇=

∂= ˆ

rr

, 0)( =∇ cteTV ⇒ 0=∂

z

Vg

r

cteVg =r

ou 0=gVr

com relação à altitude em módulo, direção e sentido.

Assim, numa atmosfera vertical barotrópica , cteVg =r

.

gVr

gVr

Z

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Exemplos de atmosfera barotrópica: bloqueio atmosférico, ventos föehn.

Bloqueio atmosférico - Fenômeno caracterizado por um sistema de alta pressão em latitudes médias, também conhecida como alta de bloqueio, onde os ventos são de oeste. Quando o anticiclone se estabelece, torna-se persistente e impede a propagação dos sistemas transitórios, tais como frentes, ciclones e anticiclones. O bloqueio tem duração de pelo menos 10 dias no HN (5 dias ou mais no HS). A região onde a alta de bloqueio atua é caracterizada por céu livre de nebulosidade e temperatura acima do normal.

A influência de um bloqueio no Brasil depende de sua posição: Quando a alta de bloqueio encontra-se próximo da América do Sul, a Região Sul do Brasil passa por um período sem precipitação e a Região Sudeste recebe chuvas intensas. Quando o bloqueio está mais para oeste, sobre o Oceano Pacífico, podem ocorrer chuvas intensas na Região Sul e sem precipitação na Região Sudeste. Regiões preferidas para ocorrência de bloqueio: HN: Oceano Atlântico (maior ocorrência) e Oceano Pacífico. HS: Austrália e Nova Zelândia, Oceano Atlântico, Oceano Índico, sudeste do Oceano Pacífico.

Predominância sazonal:

HN: Inverno e Primavera

HS: Início do inverno e final da primavera.

Há 3 tipos distintos de bloqueio: 1) do tipo dipólo, 2) do tipo Ômega, 3) tipo formado por uma crista estacionária de grande amplitude.

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Fonte: Adaptado de Bluestein (1993) para o HS.

Ventos Föhen - São ventos produzidos quando uma corrente de ar de grande escala muito forte

cruzam uma montanha. Do lado barlavento, o ar úmido ascende a montanha

sob condições saturadas e com ocorrência de precipitação. O ar descende

adiabaticamente do lado sotavento chegando ao mesmo nível que estava

inicialmente mais seco e mais quente. Ocorrem em regiões como os Alpes, as

Montanhas Rochosas e a Cordilheira dos Andes. Podem ocorrer em todas as

estações do ano, porém, são mais notáveis no inverno e no lado continental de

montanhas costeiras (Eliassen e Pedersen, 1977).

OBSERVAÇÕES:

1 - Uma atmosfera que fica barotrópica todo o tempo é denominada de Atmosfera Autobarotrópica.

2 - Atmosfera Barotrópica Equivalente: o distúrbio estende-se por toda troposfera, porém, sua intensidade

pode ser diferente em cada nível.

3 - Instabilidade barotrópica é aquela em que o distúrbio apresenta intensidade constante por toda a

troposfera.

Mais quente e

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Atmosfera Baroclínica

É a atmosfera na qual as superfícies de pressão e densidade constantes não coincidem, de

forma que VT varia sobre a superfície isobárica.

cteVz

VTcteT g

g

VPV ≠⇒≠∂

∂⇒≠∇⇒≠

rr

00 ou nulo com relação a altitude

em módulo, direção e sentido. Assim, numa atmosfera vertical baroclínica, gVr

varia.

Exemplos de atmosferas baroclínicas: situações de frentes atmosféricas, corrente de jato,

desenvolvimento de ciclones extratropicais intensos.

OBSERVAÇÕES:

1 – Instabilidade baroclínica: mecanismo responsável pela amplificação dos distúrbios

sinóticos de latitudes médias devido à existência de cisalhamento vertical do vento.

2 - Instabilidade Baroclínica Externa: associada com o gradiente de temperatura na

superfície;

3 - Instabilidade baroclínica Interna: associada com o cisalhamento do vento, aparece

mais em casos de correntes de jatos.

Z

gVr

gVr

gVr

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A Figura A.1 apresenta um esquema ilustrativo da estrutura correspondentes às atmosferas

barotrópica e baroclínica.

Fig. A.1 – Estrutura termal correspondente às atmosferas: a) barotrópica, b) baroclínica.

FONTE: Salby (1996), p. 379.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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kinematics and dynamics. New York, Oxford University Press, 1992, 431 p.

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