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ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES DEFINIÇÃO 1: Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade DEFINIÇÃO 2: Ética é o conjunto de normas de comportamento e formas de vida através das quais o homem tende a realizar o valor do bem. OBSERVAÇÕES 1.- É ciência: Tem (a) objeto de estudo (a moral, moral positiva, o bem), (b) leis e método próprio; 2.- Etimologia: ethos (grego) = costumes {(mos, mores (latim)--> moral)}; 3.- Moral: É um dos aspectos do comportamento humano; *(Outros: jurídico, social, alimentar, etc.) *É um conjunto de regras de comportamento próprias de uma cultura. 4.- A ética vai além da moral: procura os princípios fundamentais do comporta- mento humano (J. R. Nalini). Lei de ouro da ética: Não faça ao outro o que não queres que o outro faça a ti (atitude passiva). Faça ao outro o que queres que o outro faça a ti (Atitude pró-ativa). Kant: "Vive de tal forma que a máxima de teu agir possa por ti ser querida como lei universal" O todo da ética é integrado pela Deontologia e pela Diceologia (Paulo L. Netto Lobo - “Comentários ao estudo da Advocacia”, Ed. Brasília Jurídica, 1966). DEONTOLOGIA: Ramo da ética que trata dos deveres (ex.: códigos de ética). DICEOLOGIA: Ramo da ética que cuida dos direitos. Desafios Contemporâneos: Ética e Moral

Ética e moral desafios contemporâneos

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Page 1: Ética e moral   desafios contemporâneos

ÉTICA – CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES• DEFINIÇÃO 1: Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em

sociedade

• DEFINIÇÃO 2: Ética é o conjunto de normas de comportamento e formas de vida através das quais o homem tende a realizar o valor do bem.

• OBSERVAÇÕES

• 1.- É ciência: Tem (a) objeto de estudo (a moral, moral positiva, o bem), (b) leis e

método próprio;

• 2.- Etimologia: ethos (grego) = costumes {(mos, mores (latim)--> moral)};

• 3.- Moral: É um dos aspectos do comportamento humano;

*(Outros: jurídico, social, alimentar, etc.)

*É um conjunto de regras de comportamento próprias de uma cultura.

• 4.- A ética vai além da moral: procura os princípios fundamentais do comporta-

mento humano (J. R. Nalini).

• Lei de ouro da ética: • Não faça ao outro o que não queres que o outro faça a ti (atitude

passiva).

• Faça ao outro o que queres que o outro faça a ti (Atitude pró-ativa).

• Kant: "Vive de tal forma que a máxima de teu agir possa por ti ser querida como lei universal"

• O todo da ética é integrado pela Deontologia e pela Diceologia (Paulo L. Netto Lobo - “Comentários ao estudo da Advocacia”, Ed. Brasília Jurídica, 1966).

• DEONTOLOGIA: Ramo da ética que trata dos deveres (ex.: códigos de ética).

• DICEOLOGIA: Ramo da ética que cuida dos direitos.

Desafios Contemporâneos: Ética e Moral

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ÉTICA E MORAL DIFERENÇAS

ETICA MORALPERMANENTE TEMPORAL

UNIVERSAL CULTURALREGRA CONDUTA DE REGRATEORIA PRÁTICA

PRINCÍPIOS ASPECTOS DE CONDUTA ESPECÍFICOS

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• CLASSIFICAÇÕES DA ÉTICA

• A) Quanto ao resultado do comportamento:

1 – Ética absoluta (apriorística);

2 – Ética relativa (factual, experimental).

• B) Quanto ao aspecto histórico (sobretudo ocidental):

1 – Ética empírica (em contraste com a ética racionalista)

2 – Ética dos bens

3 – Ética formal

4 – Ética de valores

• CLASSIFICAÇÕES DA ÉTICA= Quadro Geral

• A) Quanto ao resultado do comportamento:

1 – Ética absoluta (apriorística);

2 – Ética relativa (factual, experimental).

B) Quanto ao aspecto histórico (sobretudo ocidental):

1 – Ética empírica: Anarquista - Utilitarista - Ceticista - Subjetivista

2 – Ética dos bens: Socrática - Platônica - Aristotélica - Epicurista - Estóica

3 – Ética formal

4 – Ética de valores

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• Ética dos bens

PRINCÍPIO BÁSICO: Existe um “bem supremo” a nortear os comportamento. Ele é o fim de todos os meios.

Bens possíveis:

a) A Felicidade (grego: eudemonia; (eu = bom) + demonia (= espírito)). Originou a corrente dos eudemonistas, como Aristóteles.

b) A Virtude ou a prática do bem: A finalidade última do homem está em ser bom, virtuoso e não em ser feliz. Originou os idealistas.

c) O Prazer (sensual, intelectual, artístico, etc.). Originou a corrente dos hedonistas (ver cínicos).

d) A Sabedoria.

OBS.: Há correntes mistas como

Eudemonismo idealista(virtude é o meio, felicidade o fim);

Eudemonismo hedonista (o prazer é o meio)

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Questões relacionadas à moral e à ética

1. Problemas no atual contexto sócio-político-econômico.

a) Perda dos valores:- honestidade.- sabedoria.- sensibilidade- semelhança e alteridade.

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Relação entre ética e moral

A moral e a ética não são um conjunto de verdades fixas e imutáveis; ambas apresentam um caráter histórico.

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Ética

Julgamento da validade das morais. “A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade”.

“Mas ela não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente produzido, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana”.

MoralRegulação dos valores e comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, tradição cultural etc.

Fenômeno social particular, sem o compromisso com a universalidade.

Em síntese

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Tarefas da Ética- Principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural

da humanidade.

- Sem ética, ou seja, sem a referência a princípios humanitários fundamentais comuns a todos os povos, nações, religiões etc, a humanidade já teria se despedaçado até a auto-destruição.

- Ethos: ética em grego. Designa a morada humana. Significa tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma morada saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.

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- Ética e convivência humana: Há necessidade de ética porque há o outro

ser humano. A atitude ética é uma atitude de amor pela humanidade.

- Ética e educação:“Toda educação é uma ação interativa: faz-se mediante informações, comunicação, diálogo entre seres humanos. Em toda educação há um outro em relação. Em toda educação, por tudo isso, a ética está implicada”.

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MORALA moral cuida dos deveres que impomos a nós mesmos, independentemente de qualquer recompensa ou sanção esperada, ou até de toda esperança, conforme Comte-Sponville (Dicionário Filosófico).• O homem pratica atos de duas naturezas:

atos do homem e atos humanos.Atos do homem são os praticados pelo homem na sua condição biológica.

Portanto, independem da sua liberdade e da sua vontade. Não são estudados pela moral.

Atos humanos são os que o homem pratica por sua vontade e usando a sua liberdade. São alcançados pela moral. Necessitam da educação.

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OBJETO DA MORAL

1. Material: a ação humana livre e consciente.

2. Formal: a ação humana como valor necessário para alcançar, nos planos pessoal e social, as aspirações mais profundas do ser humano, ditadas pela ração.

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EXIGÊNCIAS DA MORAL- Para que a ação seja livre, consciente e alcançada pela moral, deve realizar valores e requer capacidades do agente. Entre os valores destacam-se a Justiça e o Direito. - As capacidades são três:- discernir retamente entre o bem e o mal; - escolher e determinar-se;- responder pelos atos praticados e por suas consequências perante si e perante os outros.

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OS NOVE DEVERES MORAIS BÁSICOS• Sinceridade

• Urbanidade• Coragem• Perfectibilidade• Moderação• Justiça• Obediência• Diligência• Humanidade

OS QUATRO DEVERES MORAIS COMPLEMENTARES • 1. dar exemplo de cumprimento dos deveres morais básicos

da cidadania como a justiça, a honradez e a disciplina. • 2. ser homem de ação e valor positivo na sociedade ou seja,

agir construtivamente de modo a incutir nas pessoas o amor ao trabalho, à honestidade e à harmonia entre as pessoas

• viver com inteligência: não generalizar sem base, procurar pensar por si, aceitar as razões alheias quando estiver errado e integrar os problemas no respectivo conjunto.

• repudiar corajosamente o vício e o erro: promover os meios adequados para corrigi-los e puni-los, quando necessário.

Públio Siro (85-43 a C): “Quem decide praticar o mal, encontra sempre um pretexto”.

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OS 4 DEVERES MORAIS DOS QUE EXERCEM O

PODER • 1. admitir que toda decisão deve ter

uma base ética e ser obedecida por todos;

• 2 cumprir e fazer cumprir as normas e decisões fundadas nessa base ética;

• 3. preparar novos dirigentes dos setores sob sua responsabilidade;

• 4. respeitar os outros dirigentes e facilitar-lhes o cumprimento das respectivas funções

O QUINTO DEVER MORAL DOS QUE

EXERCEM O PODER• 5. Afastar as pessoas que,

por vontade própria, se apartem da base ética, de modo a impedir que o mau exemplo frutifique, incentivando os perversos e vitimando os honestos.

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CONCLUSÕES SOBRE OS DEVERES MORAIS• 1. No plano ético, a idade cronológica não mede o homem. Ele é

pesado e medido pela maneira como cumpre o seu dever.• Conforme diziam os romanos, na vida os anos não são contados, mas

pesados (non numerantur sed ponderantur).• 2. No plano da vida diária, o homem deve agir sempre conforme a

sua ciência e a consciência.• Juvenal (60-130):”O plano ético reúne todas as virtudes que

compõem o homem de bem”

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A CONSCIÊNCIA• Conceito: faculdade que tem o homem

de conhecer imediatamente o valor moral dos seus atos interiores.

• Origem do vocábulo: cum (latim) + syneidesis (grego) = ciência compartida com outro.

• Espécies: • Consciência moral: julgamento interno

que cada pessoa faz dos próprios atos e dos atos praticados, ou não, por outras pessoas.

• Consciência psicológica: julgamento ou intuição do que se passa em nós ou fora de nós.

A CONSCIÊNCIA MORAL: FUNDAMENTO E

OBJETIVOFundamento: É’ julgamento fundado em valores e no conjunto das potencialidades de cada ser humano para qualificar a bondade e a malícia de determinado ato praticado ou a praticar. Qual o objetivo? Conhecer as ações da própria pessoa para dizer ao homem o que deve fazer, ou não fazer, com base em reflexão prudente, análise crítica e responsabilidade.

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AS SEIS VARIAÇÕES DA CONSCIÊNCIA MORAL

• 1. Consciência certa• 2. Consciência ignorante• 3. Consciência duvidosa• 4. Consciência larga• 5. Consciência escrupulosa• 6. Consciência provável

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Variações da consciência moral1. Consciência certa: distingue com clareza, mediante análise crítica e

reflexão prudente, o lícito e o ilícito, o bem e o mal, o que fazer e não fazer.

2. Consciência ignorante: não sabe distinguir adequadamente entre o lícito e o ilícito, entre o bem e o mal, como os irresponsáveis e os loucos.

3. Consciência duvidosa: insegura, hesitante e repleta de dúvidas no agir, no escolher e no decidir. Tem dúvidas existenciais.

4. Consciência larga: julga boa qualquer ação sem analisá-la.5. Consciência escrupulosa: julga sem analisar toda conduta ilegal, proibida,

imoral ou ilícita.6. Consciência provável: julga lícita toda conduta embora saiba que pode estar

errada, afirmando ser possível ou parece ser.

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A CONSCIÊNCIA PROFISSIONAL• O que é? Maneira peculiar de uma profissão analisar, interpretar e

julgar os problemas deontológicos.• O que cria? Uma forma individual ou grupal de analisar o que está

conforme ou não com os parâmetros éticos da pessoa ou do grupo. Portanto, a consciência profissional confere capacidade de julgar e medir a prática dos atos sociais.

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A LIBERDADE COMO FUNDAMENTO

DA MORAL• capacidade que tem o homem de

autodeterminar-se em cada situação concreta ante a multiplicidade de alternativas oferecidas. É própria do homem como ser racional e consciente. Por ela, o homem ascende no plano moral, livre de coação provinda do grupo social

• Jubert, Joseph (1754-1824): “Não fazer o que se quer, mas aquilo que é julgado melhor”.

AS QUATRO ESPECIES DE LIBERDADE

• 1. LIBERDADE FÍSICA• 2 LIBERDADE CIVIL OU POLÍTICA• 3. LIBERDADE DO QUERER• 4. LIBERDADE VIVENCIAL

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LIBERDADE FÍSICA E LIBERDADE CIVIL OU POLÍTICA

• 1 – liberdade física: poder de ir e vir a seu talante. Constitucionalmente é garantida por “hábeas corpus”. Não há liberdade física total. Todavia não se confundem a liberdade do viajante que, por opção, limitou a sua liberdade com a liberdade do preso, que sofre restrições em virtude de um crime cometido.

• 2 – liberdade civil ou política: poder de fazer tudo o que se quer, salvo as limitações impostas por norma jurídica impositiva.

AS LIBERDADES DO QUERER E A VIVENCIAL

• A liberdade do querer: poder de se determinar por si mesmo, sem pressões interiores e exteriores.

• Por essa capacidade, o homem ascende no plano moral.

• A liberdade vivencial: poder de realizar o seu próprio projeto de vida, inclusive o de se aperfeiçoar.

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ReferênciasBOFF, Leonardo. Ethos mundial. Um consenso mínimo entre os humanos. Brasília: Letra Viva, 2000.

BOFF, Leonardo. Ética e Moral: a busca de fundamentos. Petrópolis: Vozes, 2004.• Camargo, Marculino. Fundamentos da Ética Geral e Profissional. 3ª. Ed. Vozes.Petrópolis. 2002.• COMPARATO, Fábio Konder. Ética: Direito, Moral e Religião no Mundo Moderno. São Paulo: Companhia

das Letras, 2006.• Lima Vaz, Henrique Cláudio de. Ética e Direito. Coletânea organizada por Claudia Toledo e Luiz Moreira.

Loyola. S. Paulo.2002.• Ferreira, Maria A. Brochardo. Consciência Moral e Consciência Jurídica. Mandamentos. Belo Horizonte.

2002.• Derisi, Octavio Nicolas. Valores Básicos para a construção de uma Sociedade Realmente Humana.

Mundo Cultural. S. Paulo. 1977. SEGUNDO, Juan Luis. Que Mundo? Que Homem? Que Deus?. Aproximações entre Ciência, Filosofia e

Teologia. São Paulo: Paulinas, 1995.

SANCHEZ VÁSQUEZ. Adolfo. Ética. 24ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.