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Texto VI: Eu gosto de ir pra casa dos meus avós Autores: Carol e seu Pai Fevereiro de 2011 http://caroleseupai.blogspot.com

Eu gosto de ir pra casa dos meus avós

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Texto VI: Eu gosto de ir pra casa dos meus avós

Autores: Carol e seu Pai

Fevereiro de 2011

http://caroleseupai.blogspot.com

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Geralmente, algumas vezes na semana, mas especialmente nos fins de semana, sempre tem aquela pergunta:

-Quem quer ir pra casa do vovô? Quem quer ir pra casa da vovó?

Antigamente não tinha pergunta, não. Meu pai só mandava se arrumar. É claro que ninguém estava pronta na hora marcada, e sempre tinha aquela frase:

-Não tem jeito mesmo, não adianta marcar nada nesta casa.

Parece que meu pai não sabia que toda mulher já vem com uma espécie de negócio que faz com que elas se atrasem quando marcam uma hora para elas. Mas não é toda mulher, não. Algumas não têm problemas pra fazer tudo no tempo certo, e se apresentarem prontas, como combinado. 1

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Por que ficar perturbando o pai da gente, que não agüenta não ver as minhas irmãs e a minha mãe não estarem prontas pra sair quando só passou um ou dois minutos da hora acertada?

Naquele tempo tudo era mais fácil pra sair; hoje, só vai quem quer e ninguém escapa do sermão:

- É assim que seus filhos vão fazer quando vocês chamarem pra eles irem me visitar! Vai ser exatamente assim, parece que vocês não entendem que se não fosse o meu pai e minha mãe eu não existiria e daí vocês também não, entenderam? Eles já estão velhinhos, agora é a hora que mais precisamos visitá-los.

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Aquelas palavras eram fortes e todas nós sentíamos que não podia ser daquela forma. Nós gostávamos dos nossos avós, mas parece que quando a gente vai crescendo, as coisas vão mudando. Se tiver alguma outra opção, com o pessoal do prédio, por exemplo, é melhor ficar brincando.

Isto era mais forte nas irmãs mais velhas, até porque elas tinham muito mais amigos e já podiam sair à noite e fazer várias coisas. E geralmente, parece que meu pai só chamava pra ir à casa do vovô quando tinha outra coisa organizada com a galera.

-Poxa, mas hoje todo mundo marcou de ir pro cinema! Eu não vou para o vovô não!

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E não é que a gente não tenha sido criada visitando os nossos avós. De pequena a gente ia lá. Nós sempre saíamos juntos. Tinha a casa de praia, que a gente sempre ia com toda a família. Sempre foi muito divertido.

Às vezes era meio ruim quando o meu avô vinha com aquele bigodão pra dar um beijo. Coçava e ficava pinicando. Meu pai aproveitava pra ficar zoando da minha cara.

-O que é que foi? Por que o vovô não pode beijar você, heim?

Parece que ele gostava de ouvir a gente falar sobre isso. E dava uma risada olhando para o rosto do vovô, que também sorria, quando qualquer uma de nós respondia.

-É o bigode do vovô, coça!

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O apartamento dos meus avós é o centro das reuniões.

Mesmo que de vez em quando tenha alguma coisa, que já é até meio tradicional, na casa de um dos filhos, quando tem um aniversário ou é Natal ou Ano Novo por exemplo, mas o apartamento do vovô é o ponto de encontro.

E é pra lá que vão todos, levando as comidas porque minha avó não está mais tão disposta a cozinhar e também não é justo pra ela que já trabalhou tanto.

- Vamos pra casa do vovô que a tia vai levar a lasanha e o tio o vatapá!

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Meu pai sempre fica com a parte mais tranqüila, geralmente, quando pedem, ele leva a sobremesa, coisas simples. Acho que eles não exigem muito dele nesse negócio de levar alguma comida porque é o mais velho dos filhos que mora na cidade. E também porque tem a vovó por parte de minha mãe, talvez seja por isso.

- Quem vai estar lá! As nossas primas vão? E os primos? Todo mundo vai?

Minhas irmãs têm que perguntar quem vai estar no almoço, na reunião. Parece que se não for todo mundo elas pensam que é uma boa desculpa pra também não irem ou pra voltar mais cedo. Essa é uma das coisas com que meu pai mais se irrita.

-Vocês podem parar com isso! A gente nem chegou lá e vocês já querem voltar! Pelo amor de Deus! Vocês parecem não gostar de seus avós.

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Meu pai sabe que a gente gosta. Todas têm muita afeição por eles. Mas quando a gente é jovem, às vezes, se expressa de jeito diferente. Isto não quer dizer que não se goste. Mas eu entendo minhas irmãs. Os pais não podem exigir que a gente faça exatamente como eles faziam, quando viviam com os seus pais. Mas também a gente pode dar um gostinho para os velhos de vez em quando, e fazer um pouco de média também.

- Pai, já liguei pra vovó hoje, tá. Não precisa ficar mandando!

Nenhum pai precisa ter receio de que os filhos não vão gostar dos avós. A gente se espelha muito nos pais. Às vezes, quando a gente tá junto no quarto ou então numa conversa com os amigos esse assunto aparece. Nessas horas, quase sempre, a gente percebe que todos esperam que seus filhos sejam muito bons com os seus avós.

-Mas é claro. Eu adoro meus pais! Meus filhos vão amar seus avós e adorar visitá-los.

Fim

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