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Extrativismo da carnaúba relações de produção tecnologia e mercados 2008

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EXTRATIVISMO DA CARNAÚBARelações de produção, tecnologia e mercados

Série: Documentos do Etene.

Obras já publicadas na série:

V. 01 – Possibilidades da Mamona como Fonte de Matéria-Prima para a Pro-dução de Biodiesel no Nordeste Brasileiro

V. 02 – Perspectivas para o Desenvolvimento da Carcinicultura no Nordeste Brasileiro

V. 03 – Modelo de Avaliação do Prodetur/NE-II: base conceitual e metodológicaV. 04 – Diagnóstico Socioeconômico do Setor Sisaleiro do Nordeste BrasileiroV. 05 – Fome Zero no Nordeste do Brasil: construindo uma linha de base para

avaliação do programaV. 06 – A Indústria Têxtil e de Confecções no Nordeste: características, desa-

fios e oportunidadesV. 07 – Infra-Estrutura do Nordeste: estágio atual e possibilidades de investi-

mentos V. 08 – Grãos nos Cerrados Nordestinos: produção, mercado e estruturação

das principais cadeias V.09 – O Agronegócio da Caprino-Ovinocultura no Nordeste BrasileiroV.10 – Proposta de Zoneamento para a CajuculturaV.11 – Pluriatividade no Espaço Rural do Pólo Baixo Jaguaribe, CearáV.12 – Apicultura Nordestina: principais mercados, riscos e oportunidadesV.13 – Cotonicultura nos Cerrados Nordestinos: produção, mercado e estru-

turação da cadeia produtivaV.14 – A Indústria de Calçados no Nordeste: características, desafios e opor-

tunidadesV.15 – Fruticultura Nordestina: desempenho recente e possibilidades de polí-

ticasV.16 – Floricultura: caracterização e mercadoV.17 – Floricultura: perfil da atividade no Nordeste brasileiroV.18 – Setor Sucroalcooleiro Nordestino: desempenho recente e possibilida-

des de políticasV.19 – Vitivinicultura Nordestina: características e perspectivasV.20 – Extrativismo da Carnaúba: relações de produção, tecnologia e mercados

Maria Odete Alves, Enga Agrônoma Mestre em Desenvolvimento Rural e Pesquisadora do BNB-ETENE

Jackson Dantas Coêlho Economista, mestrando em Economia Rural e Pesquisador do BNB-ETENE

EXTRATIVISMO DA CARNAÚBARelações de produção, tecnologia e mercados

Série Documentos do ETENE

N0 20

Fortaleza Banco do Nordeste do Brasil

2008

Presidente:Roberto Smith

Diretores:João Emílio Gazzana

Luíz Carlos Everton de FariasLuíz Henrique Mascarenhas Corrêa Silva

Osvaldo Serrano de OliveiraPaulo César Rebouças Ferraro

Pedro Rafael LapaAmbiente de Comunicação Social:

José Maurício de Lima da SilvaEscritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE

Superintendente: José Sydrião de Alencar JúniorCoordenadoria de Estudos Rurais e Agroindustriais – COERG

Maria Odete AlvesCoordenadora da Série Documentos do ETENE

Maria Odete AlvesEditor: Jornalista Ademir Costa

Normalização Bibliográfica: Rodrigo Leite RebouçasRevisão Vernacular: Antônio Maltos Moreira

Diagramação: Vanessa TeixeiraInternet: http://www.bnb.gov.br

Cliente Consulta: 0800 728 3030Tiragem: 1.700 exemplares

Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei n0. 10.994 de 14/12/2004Copyright © by Banco do Nordeste do Brasil

Alves, Maria Odete. A474e Extrativismo da carnaúba: relações de produção, tecnologia e mercados /

Maria Odete Alves, Jackson Dantas Coêlho. – Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2008.

214 p. - (Série documentos do ETENE, 20).

ISBN 978-85-7791-020-51.Extrativismo da carnaúba. 2. Economia. I. Coelho, Jackson Dantas. II.

Título. CDD 633.85

Conselho Editorial

José Sydrião de Alencar Júnior

Francisco das Chagas Farias Paiva

José Maurício de Lima da Silva

Ozeas Duarte de Oliveira

José Maria Marques de Carvalho

Maria Odete Alves

Biágio de Oliveira Mendes Júnior

Paulo Dídimo Camurça Vieira

Ademir da SIlva Costa

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AGRADECIMENTOS

Aos colegas DEMÉTRIO Gomes Crisóstomo e Maria TERTULIANA Maia Araripe, da Central de Informações do ETENE, pela prontidão em fornecer os dados necessários ao desenvolvimento do trabalho e à NADJA Holanda de Oliveira, pela montagem dos mapas.

Aos colegas Francisco Raimundo EVANGELISTA, CARLOS ALBERTO Fi-gueiredo Júnior e MARCOS FALCÃO Gonçalves, pela leitura e contribuições ao texto final deste documento.

Aos bolsistas da COERG ABRAHÃO Macario Silva Netto e JULIANA Alves Araújo, pelo valioso auxílio durante a tabulação de dados, TIAGO Almeida Saraiva, pela elaboração das planilhas do CD-ROM encartado neste documento, assim como aos colegas da CIEST, pela definição do seu leiaute final.

Aos colegas técnicos de campo, pela articulação com os atores locais e viabilização das entrevistas na maioria dos municípios visitados (AURELIANO Nogueira de Oliveira: Russas e Limoeiro do Norte (CE); RICARDO Mesquita Alencar: Mossoró, Apodi e Felipe Guerra (RN); PEDRO Rodrigues de Sousa: Campo Maior e Piripiri (PI)).

Ao Agente de Desenvolvimento João Edivaldo Nogueira DO VAL, que nos auxiliou no trabalho em Parnaíba (PI) e ao Gerente Geral da Agência de Espe-rantina GENÍLSON José Dias, que nos acompanhou durante as visitas realizadas nesse Município.

Ao Engenheiro Agrônomo Francisco Hélio Mota Dias, técnico do Escritório da Emater em Granja (CE) que, além da grande contribuição com seus conhe-cimentos sobre a região e o extrativismo da carnaúba, nos acompanhou durante todas as visitas realizadas no Município.

Aos diretores da ONG Instituto Carnaúba, em Sobral, Osvaldo Aguiar e Expedito Torres, que nos acompanharam durante as visitas realizadas em Sobral e Cariré.

A todos os atores da cadeia do extrativismo da carnaúba nos três estados produtores, pelas entrevistas concedidas e valiosas contribuições, sem as quais este trabalho não teria sido concretizado.

PREFÁCIO

Grande fonte de riqueza no Nordeste em tempos idos, a carnaúba já foi o ícone de uma civilização existente na Região, como escreveu Manuel Correia de Andrade. Atualmente, mesmo que por decreto, essa palmeira voltou a ocupar o seu lugar de direito, o de símbolo do estado do Ceará, apesar do desrespeito expresso pela derrubada de carnaubais para inserção de culturas mais lucrativas, tanto no Ceará como no Rio Grande do Norte. Ainda é grande o desconhecimento acerca das potencialidades da “árvore da vida” brasileira, fato em parte gerado pelo limitado número de pesquisas realizadas do fim da década de 1940 até os dias atuais.

Na tentativa de resgatar o conhecimento dessa riqueza, produzida unicamen-te no Nordeste (especificamente no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte), esta publicação apresenta os resultados da pesquisa que abordou, de forma ampla, aspectos agronômicos, distribuição geográfica da carnaubeira, mercado da cera, tecnologia utilizada e relações sociais de produção, trazendo também uma síntese do histórico da intervenção do Estado, assim como sugestões de políticas para o setor como um todo.

A pesquisa aborda todos os produtos do extrativismo e suas utilidades, em especial a cera, que tem maior valor econômico na “árvore da vida” e é matéria-prima com dezenas de aplicações na indústria cosmética, farmacêutica, informática e de polimento.

Os processos, desde o corte da palha até a industrialização da cera, são descritos e analisados detalhadamente, permitindo ao leitor a percepção das tecnologias utilizadas no extrativismo e relações sociais existentes. No entanto, o desafio oferecido pela complexidade desses fatores pouco atrai estudiosos para compreender a atividade e contribuir com propostas de solução para os problemas sociais e tecnológicos envolvidos. Este desinteresse reflete-se no reduzido número de publicações científicas abordando o tema.

Mas, sem dúvida alguma, a contribuição mais importante deste trabalho deve ser atribuída ao esforço de estimar custos e lucro líquido do processo extrativo, aspecto jamais explorado, pelo menos no nível de complexidade aqui proposto. Esse esforço originou um CD contendo uma planilha para elaboração de orça-

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mentos, acompanhado de manual de instruções, na tentativa de ajudar, de forma prática, aqueles que lidam com a atividade.

Espera-se que essa pesquisa, conjugada com outras atualmente em realização nos três Estados de ocorrência da palmeira, extrapole os muros do conhecimento acadêmico e transforme-se em soluções para a cadeia produtiva da carnaúba, especialmente para os segmentos que estão na base do extrativismo e trabalham arduamente, não só de julho a dezembro, mas durante todo o ano e, conforme afirmou Hélio Mota, engenheiro agrônomo técnico do Escritório da Emater em Granja-CE, “feito escola de samba, que quando termina o desfile, começa a tra-balhar na fantasia para o ano seguinte”.

José Sydrião de Alencar Júnior

Superintendente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste - ETENE

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ...............................................................................13 LISTA DE FOTOS ..................................................................................1�LISTA DE FIGURAS ...............................................................................17LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................17LISTA DE SIGLAS ..................................................................................1�INTRODUÇÃO....................................................................................... 231 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................2�2 – CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E DISTRIBUIÇÃO

GEOGRÁFICA .................................................................................2�3 – PRODUTOS DA CARNAUBEIRA: USOS E MERCADO ......................�33.1 – A Raiz .........................................................................................�33.2 – O Palmito ...................................................................................��3.3 – O Fruto (amêndoa)......................................................................��3.4 – A Folha (palha) ...........................................................................��3.5 – O Caule (tronco)...................................................................... ...�13.6 – A Cera .........................................................................................�24 – PROCESSO PRODUTIVO: ATORES, RELAÇÕES

SOCIAIS E TECNOLOGIA ................................................................�34.1 – Etapa 1: arrendamento, corte, transporte e secagem da folha ��4.2 – Etapa 2: extração do pó cerífero ...............................................7�4.3 – Etapa 3: beneficiamento do pó cerífero ....................................824.3.1 – Processo artesanal ..................................................................824.3.2 – Processo industrial .................................................................885 – PROCESSO PRODUTIVO: ESTIMATIVAS DE CUSTO E RECEITA ......�35.1 – Etapas 1 e 2: arrendamento, corte, secagem e extração do pó ....��5.2 – Etapa 3: beneficiamento do pó cerífero ....................................��5.2.1 – Produção de cera de origem.................................................... ��5.2.2 – Produção de cera industrial................................................... 1026 – POLÍTICAS E AÇÕES DE APOIO À ATIVIDADE............................... 1076.1 – Intervenção Estatal Planejada: dos anos 1940 à década de 1980 1076.2 – Ações não Planejadas: dos anos 1990 aos dias atuais ............1136.2.1 – Financiamento da produção .................................................1136.2.2 – Outras ações de apoio à atividade .......................................1216.2.2.1 – Ações de entidades públicas ..............................................121

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6.2.2.2 – Ações de entidades não-governamentais ..........................12�7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE POLÍTICAS ..............13�7.1 – Etapas de Campo .....................................................................1377.1.1 – Financiamento da produção .................................................1377.1.2 – Investimento em tecnologia .................................................13�7.2 – Etapa Industrial ........................................................................1�07.2.1 – Investimento em tecnologia .................................................1�07.2.2 – Etapa comercial ....................................................................1�0REFERÊNCIAS.................................................................................... 1�2APÊNDICE A: Estimativas de custo e receita no extrativismo da carnaúba ................................................................1�1APÊNDICE B: A Fazenda Raposa e o experimento com genótipos

de carnaubeiras produtoras de cera ...........................18�APÊNDICE C: Emulsão de cera de carnaúba: uma técnica inovadora

de conservação pós-colheita ......................................1�3APÊNDICE D: Substitutos da cera de carnaúba ................................1��APÊNDICE E: Projetos de pesquisa em execução no BNB e

Agenda de Pesquisa ...................................................1�8ANEXO A: Quantidade produzida (em toneladas) na extração

de carnaubeira por tipo de produto extrativo (2004) – mu-nicípios do Nordeste brasileiro ......................................202

ANEXO B: Carta da carnaúba ............................................................211ANEXO C: Pauta de reivindicações do Sindicarnaúba .....................213

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Média da Produção de Pó, Cera e Fibra de Carnaúba nos anos de 2001, 2002 e 2003 .......................................2�Tabela 2 – Somatório da Produção Obtida nos Anos de 1990 a 2006, em Toneladas, na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto – Brasil e Unidades da Federação .....................33Tabela 3 _ Quantidade Produzida, em Toneladas, na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (1990 – 2006) – Brasil e Unidades da Federação ......................................3� Tabela 4 – Somatório do Valor da Produção nos Anos de 1990 a 2006, na Extração da Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo – Brasil e Unidades da Federação ....................3�Tabela 5 – Composição da Cinza das Raízes da Carnaubeira – Dados em Percentuais .....................................................�� Tabela 6 – Produção de Cera de Carnaúba, em Tonelada, no Brasil – 1920-2006 ........................................................................��Tabela 7 – Remuneração Média dos Trabalhadores nas Fases de Corte, Transporte e Secagem da Palha de Carnaúba – com Base em Diária .................................................................7�Tabela 8 – Remuneração Média dos Trabalhadores nas Fases de Corte, Transporte e Secagem da Palha de Carnaúba – Base em Milheiro .....................................................................7�Tabela 9 – Variação e Remuneração Média Diária dos Trabalhadores na Fase de Extração do Pó Cerífero por “Bateção” Mecânica – Base em Diárias ............................................81Tabela 10 – Estimativa de Custo de Bateção Mecânica de um Milheiro de Palhas de Carnaúba (7,50kg de Pó Cerífero) – Bateção Própria; Máquina Própria – 2005 ......................��Tabela 11 – Custo de Bateção Mecânica de Um Milheiro de Palhas de Carnaúba (7,50kg de Pó Cerífero): Parâmetros e Formas de Pagamento Diversas Observadas em Campo – 2005 ......��Tabela 12 – Resumo de Custo e Receita no Extrativismo da Carnaúba – um Milheiro de Palha (7.5kg de Pó Cerífero): Diversos Parâmetros Observados em Campo, considerando

Produção e Venda de Pó – 2005 ......................................�8

1�

Tabela 13 – Custo de Produção de um Quilo de Cera de Origem em Fábrica Artesanal – 2005 .................................................��Tabela 14 – Resumo de Custo e Receita no Extrativismo da Carnaúba – um Milheiro de Palha (7,5kg de Pó Cerífero): Diversos Parâmetros Observados em Campo, com Produção de Pó, Produção e Venda de Cera de Origem – 2005 ...101Tabela 15 – Resumo de Custo e Receita com Aquisição de 7,5kg de Pó Cerífero, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte e Venda de Cera de Origem – Taxa de Juros de 5% a.m. – 2005 ...............................................................102Tabela 16 – Resumo de Custo e Receita com Aquisição de 7,5kg de Pó Cerífero, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte e Venda de Cera de Origem – Taxa de Juros de 0,53% a.m. – 2005 ..........................................................102Tabela 17 – Estimativa da Produção e do Faturamento Anual (2003) por Empresas Produtoras de Cera de Carnaúba. Piauí. 2003 .....................................................................10�Tabela 18 – Estimativa do Custo de Produção Mensal de Cera de Carnaúba. Piauí .............................................................10�Tabela 19 – Custo de Uma Tonelada de Cera de Carnaúba Tipo Um 10�Tabela 20 – Custo de uma Tonelada de Cera de Carnaúba Tipo Três 10�Tabela 21 – Financiamento do BNB à Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Estado, Período 1998-2006 .....................................11�Tabela 22 – Financiamento do BNB para a Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Porte, Período 1998-2006 ......................117Tabela 23 – Financiamento do BNB para a Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Finalidade, Período 1998-2006 .............11�Tabela 24 – Financiamento aos Miniprodutores, por Finalidade, Período 1998-2006 ........................................................11�Tabela 25 – Financiamento do BNB para a Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Ano, Período 1998-2006 ........................120

1�

LISTA DE FOTOS

Foto 1 – Carnaubal no Município de Russas (CE) ............................... 2�Foto 2 – Folha da Carnaubeira ............................................................. 31Foto 3 – Flores da Carnaubeira ............................................................ 32Foto 4 – Frutos da Carnaubeira ........................................................... 33Foto 5 – Carnaubal Plantado em Russas (CE) ....................................... 37Foto 6 – Queimada de Carnaubal em Limoeiro do Norte (CE) ............ 38Foto 7 – Boca-de-leão em Felipe Guerra (RN) ..................................... �2Foto 8 – Xarope Composto com Raiz da Carnaubeira ....................... �3Foto 9 – Broto Terminal da Folha da Carnaubeira .............................. ��Foto 10 – Frutos da Carnaubeira ......................................................... ��Foto 11 – Confecção Artesanal de Vassouras em Felipe Guerra(RN) ... �7Foto 12 – Artesanato de Palha em Jericoacoara (CE) .......................... �7Foto 13 – Coberta com Palha de Carnaúba em Jericoacoara .............. �7Foto 14 – Peças Decorativas de Talo de Carnaubeira .......................... �8Foto 15 – Chapéus em Fase de Acabamento numa Fábrica Localizada em Sobral (CE) ...................................................................... ��Foto 16 – Artesanato de Cestarias e Móveis de Carnaúba (Porto das Barcas, Parnaíba, PI) ............................................................ �0Foto 17 – Peças Decorativas de Talos de Carnaúba (Porto das Barcas, Parnaíba, PI) .......................................................................... �0Foto 18 – Papel Artesanal de Palha de Carnaúba ................................ �1Foto 19 – Tipos de Cera de Origem ..................................................... ��Foto 20 – Cera Industrial Tipo Um, Três e Quatro em Escama e Atomizada ............................................................................ ��Foto 21 – Vareiro em Limoeiro do Norte (CE) ..................................... �8Foto 22 – Aparador/Enfiador em Limoeiro do Norte (CE) ................... ��Foto 23 – Acessórios Utilizados pelo Vareiro para Proteção de Ferimentos, em Limoeiro do Norte (CE) .............................. 70Foto 24 – Carroça de Transportar Palha para o Lastro ....................... 71Foto 25 – Lastro para Estender a Palha, em Russas (CE) ..................... 72Foto 26 – Trinchador da Palha para Produção de Vassouras, em Felipe Guerra (RN) ................................................................ 7�Foto 27 – Mulher Trabalhando no Riscado da Palha de Carnaúba, em Cariré (CE) ....................................................................... 77

1�

Foto 28 – Máquina Guarany Ciclone, de Propriedade da Foncepi (Piripiri, PI) ........................................................................... 78Foto 29 – Máquina Guarany Ciclone Atual, em Apodi (RN) ................ 80Foto 30 – Homem Batendo Palha na Atual Máquina Guarany Ciclone, em Felipe Guerra (RN) ......................................................... 80Foto 31 – Trabalhadores na Máquina Guarani Ciclone: Falta de Proteção,

em Felipe Guerra (RN) .......................................................... 81 Foto 32 – Minhocão, em Felipe Guerra (RN) ........................................ 82Foto 33 – Caldeira para Cozimento do Pó Cerífero, em Felipe Guerra (RN) ........................................................................... 83Foto 34 – Prensa da Cera de Origem, em Felipe Guerra (RN).............. 83Foto 35 – Gamela de Resfriamento e Secagem da Cera de Origem, em Felipe Guerra (RN) ......................................................... 83Foto 36 – Recozimento da Cera de Origem em Latas de Querosene, em Cariré (CE) ....................................................................... 8�Foto 37 – Prenseiro (ou Prensador) de Cera de Origem, em Felipe Guerra (RN) .......................................................................... 8�Foto 38 – Ensacamento da Cera em Escamas, em Piripiri (PI).............. 89Foto 39 – Cera de Carnaúba Atomizada, em Piripiri (PI) .................... �1

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Roteiro de Viagens Durante a Pesquisa de Campo ............27Figura 2 – Mapa de Ocorrência de Carnaúba (Fibra, ou Pó, ou Cera) na Área de Atuação do BNB, no Ano de 2006 .........................3�Figura 3 – Fluxograma dos Processos Extrativo e Industrial da Carnaúba no Nordeste Brasileiro ........................................��Figura 4 – Atores Sociais no Processo Produtivo da Carnaúba ...........��Figura 5 – Fluxograma do Refino da Cera Bruta

(de Olho ou da Palha) ..........................................................8�Figura 6 – Fluxograma do Refino da Cera do Pó (de Olho ou da Palha)......... ..........................................................................�0Figura 7 – Fluxograma do Processamento da Borra de Cera de Carnaúba na Indústria .........................................................�0

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Participação Percentual (em Relação ao Valor Total de Exportações) da Cera de Carnaúba na Pauta dos Três Estados Produtores ......................................................... �� Gráfico 2 – Produção de Cera de Carnaúba, em Tonelada, no Brasil – 1920-1979 / 1990-2006 .................................................... �7Gráfico 3 – Evolução dos Volumes de Cera de Carnaúba Exportados de 1937 a 2006 ................................................................ �7Gráfico 4 – Principais Países de Destino das Exportações de Cera de Carnaúba (em kg) – Acumulado 2001/2006 .................... �8 Gráfico 5 – Evolução do Preço Médio Real de Cera de Carnaúba – 1937 a 2006 ..................................................................... �1

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1�

LISTA DE SIGLAS

ALICEWEB Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet do Ministério do DesenvolvimentoACC Adiantamento de Contrato de CâmbioABNT Associação Brasileira de Normas TécnicasAGF Aquisições do Governo FederalAPA Área de Proteção AmbientalBB Banco do BrasilBNB Banco do Nordeste do BrasilBCB Banco Central do BrasilCACEX Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil S.ACCA Centro de Ciências AgráriasCNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoCODECE Companhia de Desenvolvimento do CearáCOFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade SocialCONAB Companhia Nacional de AbastecimentoCSCPC Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da CarnaúbaDNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as SecasEGF Empréstimo do Governo FederalETENE Escritório Técnico de Estudos Econômicos do NordesteEMATERCE Empresa de Assistência Técnica e Extensão RuralEMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do CearáFACIC Federação das Associações do Comércio, Indústria,

Serviços e Agropecuária do CearáFAEC Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do CearáFAPEPI Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do PiauíFETRAECE Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado

do CearáFIEC Federação das Indústrias do Estado do CearáFINAME Financiamento de Máquinas e Equipamentos FINEP Financiadora de Estudos e Pesquisas

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FONCEPI Fontenele Ceras do Piauí, S/AFUNCAP Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e TecnológicoIBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaICMS Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de ServiçosIPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor AmploIPI Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPT Instituto de Pesquisas TecnológicasIRPJ Imposto de Renda Pessoa JurídicaISS Imposto Sobre ServiçosMCT Ministério da Ciência e TecnologiaMDA Ministério do Desenvolvimento AgrárioMDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExteriorMIN Ministério da IntegraçãoNUTEC Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do CearáP&D&I Pesquisa, Desenvolvimento e InovaçãoPIS Programa de Integração SocialPROGER Programa de Geração de Emprego e RendaPROMOVALE Programa de Valorização Rural dos Vales IrrigáveisPRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

FamiliarPROVARZEAS Programa Nacional de Aproveitamento Racional de Várzeas IrrigáveisSDE Secretaria de Desenvolvimento EconômicoSEAGRI Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado do CearáSEBRAE-CE Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do CearáSESEMAR Assessoria e Apoio aos Povos das Serras, Sertão e MarSINE-RN Sistema de Emprego e Renda do Rio Grande do NorteSNA Sociedade Nacional de AgriculturaUFC Universidade Federal do CearáUFPI Universidade Federal do PiauíUNICAMP Universidade Estadual de CampinasUNEB Universidade do Estado da Bahia

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De.longe.é.hostiário.suspensodo.templo.azul,.claro,.imenso

do.infinito...O.leque.da.carnaubeira

é.uma.bandeira,quebra-luz.do.sol.a.pino;

e.o.palmito,esgalgo,.fino,

é.esbelto.equilibrista-.pés.poisados.nas.margens.dos.ribeiros

e.lagos.brasileiros,com.um.disco.plúmbeo.na.crista.

Nessas.palmas.recortadase.espalmadas

ao.ventocomo.exóticas.pantalhas,

-.na.pobreza.dessas.palhas,quanta.esplêndida.riqueza

dadivosa.naturezaencerra,

para.glória.da.terra,minha.terra

que.de.luz.se.inundae.a.deusa.Flora.preferiu,.fecunda!

Carnaubeira,.eu.te.amo,desde.a.fina.raiz.tonificante,

que.é.suave.e.refrescante;e.o.caule.que.serve.de.cumeeira

às.casas.grandes,aos.palácios.e.choupanas,

-.até.os.renovos.verdejantesde.que.se.tira.a.cera

e.faz.a.velaque.ilumina.o.pobre

e.a.palha.com.que.se.cobreo.lar.e.tece.esteiras,

redes,.cofos,.abanos.e.chapéus!

Da.Costa.Andrade.e.Simplício.Mendes

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23

INTRODUÇÃO

A decisão de realizar a presente pesquisa partiu de uma demanda oriunda da área de políticas de desenvolvimento do BNB, a qual requeria um mapeamento da ocorrência de carnaubeiras na região Nordeste, com o objetivo de analisar a pertinência de financiar projetos oriundos da região de Campo Maior, no Estado do Piauí. Na ocasião, os gestores da agência bancária instalada naquele município questionavam sobre a restrição ao financiamento de custeio para as atividades de extração de pó da cera de carnaúba em algumas regiões do Estado, decorrente de um normativo interno datado de 1995.

Ao iniciarmos os primeiros levantamentos exploratórios para responder à demanda, observamos o quão era difícil o entendimento do setor, em virtude da complexidade das relações sociais, de produção e comerciais. Por outro lado, constatava-se o pouco interesse de estudiosos e pesquisadores pelo setor, tra-duzido no reduzido número tanto de publicações científicas que o explicassem quanto de pesquisas que contribuíssem para resolver os problemas de defasagem tecnológica.

Este conjunto de fatores, aliado à grande importância econômica e social que parecia ter o extrativismo da carnaúba1 para três Estados nordestinos (Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte), levou a Superintendência do Etene a tomar a decisão de realizar o presente estudo, que pretendeu, além de cobrir o vácuo de informações atualizadas, servir de instrumento de reflexão para os que atuam no setor e de orientação para gestores que definem e elaboram políticas públicas. Diante do cenário inicialmente observado, relacionaram-se algumas questões básicas que serviriam de subsídio para a elaboração do roteiro de pesquisa, quais sejam:

a) qual a área de ocorrência de carnaubais no Brasil? Qual a área explorada?

b) quais os municípios com maior concentração de carnaubais?

c) existe um sistema de cultivo para a exploração da carnaúba?

d) quais os principais produtos da carnaúba?

1 Por extrativismo, entende-se como sendo “o processo de exploração dos recursos vegetais nativos que compreende a coleta ou apanha de produtos como madeiras, látex, sementes, fibras, frutos e raízes, entre outros, de forma racional, permitindo a obtenção de produções sustentadas ao longo do tempo, ou de modo primitivo e itinerante, possibilitando, geralmente, apenas uma única produção” (IBGE, 2002).

2�

e) que novos produtos químicos e/ou naturais são concorrentes da cera?

f) que custos de produção são considerados na coleta do pó e no benefi-ciamento da cera?

g) qual o nível de tecnologia nos processos de coleta e beneficiamento do pó e da cera? Tem havido modernização?

h) qual o nível de organização do setor? Qual o nível de qualificação da mão-de-obra envolvida?

i) qual a variação da quantidade e da capacidade instalada das empresas processadoras de cera?

j) existem usos alternativos para a planta industrial da carnaúba?

k) quais os mercados explorados: local, regional, nacional, internacional?

l) quais os quantitativos e preços de mercado praticados ano a ano? Quais os principais concorrentes brasileiros e onde estão instalados?

m) existem ou existiram incentivos fiscais à exploração da atividade? Quais?

n) existem ou existiram políticas de financiamento da produção? Quais?

o) quais os fatores de competitividade do setor extrativista da carnaúba?

O presente documento, resultante final do estudo, é dividido em seis capítulos, mais as considerações finais e sugestões para formulação de políticas. No primeiro, consta a metodologia utilizada para a realização do trabalho de investigação; no segundo, a descrição das características botânicas e fisiológicas da carnaubeira, o tipo de condição edafoclimática ao qual a carnaubeira se adequa, bem como sua distribuição geográfica no Brasil; o terceiro capítulo é dedicado aos principais produtos da carnaubeira, suas utilizações e mercado, em especial a cera, principal produto comercial dessa palmeira; o quarto capítulo refere-se às relações sociais entre os diversos atores da cadeia produtiva e ao nível de tecnologia utilizado no processo produtivo; no quinto capítulo, são feitas estimativas de custos nas etapas de corte, extração e beneficiamento do pó cerífero; no sexto capítulo, é feito um resgate histórico das políticas de apoio à atividade, em especial as de financiamento, abordando também a ação de entidades de classe e de organizações não-governamentais.

2�

1 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a realização desta investigação, adotou-se uma abordagem dialética, de acordo com o proposto por Minayo (2002, p. 24), na qual se utiliza ao mesmo tempo da pesquisa quantitativa e qualitativa, numa tentativa de abarcar “[...] o sistema de relações e o modo de conhecimento exterior do sujeito, mas também as representações sociais que traduzem o mundo dos significados”. Essa aborda-gem, por um lado, permite o aprofundamento da análise dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, bem como da compreensão das estruturas e instituições resultantes da ação humana; por outro, permite que determinados fatos e fenômenos sejam quantificados, o que admite uma melhor explicação destes, à medida que confere um elemento qualificador a mais.

O universo da pesquisa foi o Nordeste brasileiro, focando-se nas áreas de ocorrência da carnaubeira associada à existência de atividade extrativista. A coleta de informações constou de duas etapas: a primeira, em que se buscaram infor-mações secundárias nas diversas fontes (bibliografia existente, bancos de dados, Internet, documentos oficiais); a segunda constou de uma pesquisa de campo nas principais áreas extrativas da carnaúba.

A definição das áreas para a realização da pesquisa de campo foi feita com base em alguns critérios:

a) os dois municípios com as médias mais elevadas em termos de produção de pó, cera e fibra, nos anos de 2001, 2002 e 20032 (Tabela 1), em cada estado produtor;

b) inclusão de municípios ausentes na amostra inicial, mas que se situavam na rota para se chegar aos demais;

c) municípios não-apontados na Tabela 1, mas que contavam com indústrias de chapéus e de cera, bem como a concentração de corretores, entidades de classe e de apoio à atividade, os quais, se avaliou, poderiam oferecer contribui-ções importantes para a investigação, em vista do conhecimento sobre a cadeia produtiva como um todo3.

2 De acordo com dados da Produção Extrativa Vegetal do IBGE referentes aos anos de 2001, 2002 e 2003.

3 Ao iniciar o estudo exploratório (aqui entendido como a fase de construção do projeto de pesquisa, em que houve acesso ao primeiro material bibliográfico e documental), novas situações foram-se colocando, apontando para a limitação do apoio somente nos dados de produção extrativa fornecidos pelo IBGE. Diante dessa nova situação, tomou-se a decisão de expandir a amostra, de forma a abarcar toda essa realidade.

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Tabela 1 – Média da Produção de Pó, Cera e Fibra de Carnaúba nos Anos de 2001, 2002 e 2003

MunicípioAnos Totais

2001 2002 2003 TOTAL MédiaCampo Maior - PI - [pó] 28� 1.�88 2.230 �.10� 1.3�8Piripiri - PI - [pó] �28 810 8�� 2.�3� 878Granja - CE - [pó] 7�2 807 80� 2.�0� 802Camocim - CE - [pó] 7�� 787 78� 2.328 77�Batalha - PI - [pó] 2�� ��1 �0� 1.�11 �0�Russas - CE - [cera] �00 720 7�0 2.070 ��0Granja - CE - [cera] 31� 320 318 ��2 317Apodi - RN - [cera] 2�7 32� 27� 8�7 2��Morada Nova – CE - [cera] 300 2�7 2�0 887 2��Aracati - CE - [cera] 170 182 1�1 ��3 181Felipe Guerra – RN - [cera] 130 12� 128 382 127Canindé - CE - [fibra] 1�� 111 71� ��2 331São Gonçalo do Amarante - CE - [fibra]

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Pacatuba - CE - [fibra] �0 �� 10� 2�3 �8Lavras da Mangabeira - CE - [fibra] 8� 8� 88 2�� 8�Granja - CE - [fibra] 8� 8� 8� 2�7 8�

Uruoca - CE - [fibra] 2� 2� 2� 7� 2�

Fonte: IBGE (2002).

Assim, durante a pesquisa de campo, foram ouvidos os seguintes atores: trabalhadores do corte da palha, da máquina de bater e da indústria artesanal; ren-deiros descapitalizados e capitalizados; proprietários e responsáveis terceirizados por máquinas de bater palha; pequenos proprietários descapitalizados; grandes proprietários capitalizados; donos de fábricas artesanais de cera; industriais da cera; industriais-exportadores da cera; corretores; representantes de entidades de classe; industriais da palha (chapéus); donos de indústrias artesanais de vassouras; trabalhadores da indústria artesanal de vassouras e chapéus; representantes de ONGs, representantes de institutos de pesquisas e da Universidade. No total, foram realizadas 30 entrevistas.

Para a articulação com os diversos atores e agendamento de visitas, contou-se com o conhecimento e a colaboração decisiva dos diversos técnicos de campo e agentes de desenvolvimento do BNB espalhados pelo Nordeste. Foram realizadas

27

viagens entre novembro de 2005 e março de 2006 para os Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A primeira durou do dia 29 de novembro a 2 de dezembro de 2005, partindo-se de Fortaleza com destino aos Vales do Jaguaribe (no Ceará) e do Apodi (no Rio Grande do Norte); a segunda viagem foi realizada entre os dias 8 e 13 de janeiro de 2006, tendo como destino os Vales do Acaraú (no Ceará), do Parnaíba, do Longá e do Mato (no Piauí). Em Fortaleza, Caucaia e Maracanaú, onde existe uma concentração de indústrias de cera e de corretores, as visitas foram realizadas nos intervalos das demais, entre outubro de 2005 e maio de 2006 (Figura 1).

Após a demarcação das áreas a serem visitadas e dos atores a serem ouvi-dos, partiu-se para a definição dos instrumentos de coleta das informações em

Figura 1 – Roteiro de Viagens durante a Pesquisa de CampoFonte: Elaboração própria.

28

campo. Optou-se pela elaboração de roteiros de entrevistas específicos para cada um dos atores, abordando as seguintes temáticas: processo produtivo, relações de produção, tecnologia, produtos, mercado, organização, políticas para o setor (financiamento para produção e pesquisa), assistência técnica e carga tributária. Utilizaram-se, também, a observação direta, a participação em seminários e o regis-tro fotográfico de atores, equipamentos, fatos, eventos e momentos considerados significativos para a pesquisa. No decorrer do processo, relatórios de cada uma das entrevistas foram elaborados e, ao final, todas as informações sistematizadas em uma matriz temática lógica, seguindo-se uma análise interpretativa e posterior incorporação ao texto final deste documento.

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2 – CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

A carnaubeira (Copernicia.prunifera. (Miller).H.. E..Moore)4 é uma planta nativa do Nordeste brasileiro que, em condições normais, cresce em média cerca de 30cm por ano, atingindo a maturidade botânica (primeira floração) entre 12 e 15 anos de idade, podendo alcançar uma altura superior a 10 metros e produzir entre 45 e 60 folhas anuais (Foto 1).

A planta possui um tronco reto e cilíndrico com diâmetro entre 15 e 25 centímetros. Geralmente, ocorre nos pontos mais próximos dos rios, preferindo solos argilosos (pesados), aluviais (de margens de rios) e com a capacidade de suportar alagamento prolongado durante a época de chuvas, além de ser bastante

4 A literatura também traz o nome Copernicia.cerifera.Mart. É apenas uma de vinte e uma espécies que compõem o gênero Copernicia, nome dado em homenagem ao astrônomo Nicolau Copérnico, devido à copa redonda da palmeira.

Foto 1 – Carnaubal no Município de Russas (CE)Fonte: Autores

30

resistente a elevados teores de salinidade5. Apresenta também elevada capacidade de adaptação ao calor, suportando 3.000 horas de insolação por ano. Segundo Duque (2004), a idade das palmeiras, o tipo de solo, o clima e a proximidade com o mar são fatores que influenciam na produção de cera.

A densidade dos carnaubais está diretamente relacionada com o teor de argila no solo. Nos solos aluvionares com teores mais altos, há maior ocorrência da carnaubeira, enquanto nos tabuleiros, fora da calha do rio, o teor de argila no solo é menor e, em razão disso, os carnaubais são mais escassos e menos densos (ALBUQUERQUE; CESTARO, 1995).

As folhas da carnaubeira são dispostas de modo a formar um conjunto esfe-roidal e a copa apresenta tonalidade verde levemente azulada, em conseqüência da cera que recobre a lâmina, em forma de leque de até 1,5m de comprimento, de superfície plissada com a extremidade segmentada em longos filamentos mais ou menos eretos e rígidos (Foto 2). A lâmina da folha é afixada ao tronco por pecíolos rígidos de até 2 metros de comprimento, recobertos parcialmente, prin-cipalmente nos bordos, de espinhos rígidos em forma de “unha-de-gato” (RISCH NETO, 2004).

O pó que recobre a palha é uma conseqüência de sua adaptação às regiões secas, dado que esta camada de pó reflete a luz, o que ameniza danos ao ma-quinário fotossintético, por reduzir o aquecimento das folhas. A camada de pó dificulta a perda de água por transpiração e protege a planta contra o ataque de fungos (MOREIRA; SILVA, 1974 apud MESQUITA, 2005). Este pó, ao passar pelo processo de cozimento, gera a cera de carnaúba.

O principal aproveitamento econômico da carnaúba dá-se pelo corte das fo-lhas, que é feito no período seco (verão), variando, portanto, de julho a dezembro, dependendo da região e da extensão do período sem chuvas. Quando frondosa, a carnaubeira pode chegar a produzir 60 folhas por árvore, o que geralmente acontece em anos de período chuvoso com boa precipitação pluviométrica.

Sobre as características das flores e estames da carnaubeira (Foto 3), Corrêa apud Carvalho (1982) diz que:

5 Deve-se ressaltar que os solos aluviais da caatinga nordestina, em geral, apresentam elevado teor de acidez.

31

[...] são campanuladas, amareladas, dispostas em espádices de mais de 2m. de comprimento e protegidas por espata tubulo-sa; ovário ligeiramente piloso, estilo relativamente espesso e estigma 3-lobado, estames formando anel carnoso �-dentado, os dentes correspondendo ovóide-globosa, de 2cm., glabra, luzidia, amarelo-esverdeada, roxo-escura na maturação, com albúmen branco e duro, adocicado, adstringente.

A carnaubeira ocorre no Nordeste brasileiro nos vales dos rios da região da caatinga, principalmente do Parnaíba e seus afluentes (Piauí), do Jaguaribe, do Acaraú e do Cauípe (no Ceará), do Apodi (no Rio Grande do Norte) e do médio São Francisco. Também pode ser encontrada nos Estados do Pará, Tocantins, Maranhão e Goiás, no entanto, sem produção de pó6.

Informações sobre a produção brasileira de carnaúba são apresentadas nas Tabelas 2 e 3. Os dados são agregados por estados produtores, a partir dos princi-pais produtos extrativos (cera, pó e fibra), numa série de 17 anos (1990 a 2006). Na Tabela 2, é possível observar o somatório desta série, por estado produtor e, na Tabela 3, os mesmos dados, porém desagregados ano a ano.

6 Segundo Carvalho (1982), outra espécie de carnaubeira existe ainda no Paraguai, Argentina e Mato Grosso, sem produção de cera, sob a denominação de Copernicia.australis.Becc., ou carandá, como é chamada no Centro-Sul brasileiro. Ela também vegeta nos banhados e campos pantanosos.

Foto 2 – Folha da CarnaubeiraFonte: Autores.

32

Segundo dados do IBGE (Tabela 2), o produto de maior representatividade no Brasil é o pó (em torno de 220 mil toneladas) que, apesar da queda na produção durante a primeira metade dos anos 1990 (Tabela 3), com perda de 39% entre os anos de 1992 e 1996, conseguiu recuperar-se e apresentar uma variação positiva no ano de 2006 relativamente aos anos de 2000 (59,7%), 2001 (56,5%), 2002 (27,9%), 2003 (16,5%), 2004 (9,8%) e 2005 (0,7%). A produção de cera, no

Foto 4 – Frutos da CarnaubeiraFonte: Autores.

Foto 3 – Flores da CarnaubeiraFonte: Autores.

33

entanto, experimentou sucessivas quedas de produção, acumulando uma redução de 52% no ano de 2006, relativamente a 1990. Queda razoável, também experi-mentou a produção de fibras, que passou de 2.876 toneladas (1990) para 2.298 toneladas (2006), equivalendo a uma redução de 20% na produção (Tabela 3).

A ocorrência da exploração da carnaubeira para produção de pó cerífero, segundo o IBGE (2008), predomina nos Estados do Piauí e Ceará, conforme se pode observar na Figura 2. A partir do somatório da produção dos anos de 1990 a 2006 (Tabela 2), é possível atestar que o Ceará é o primeiro produtor de cera (32.153 toneladas) e o segundo de pó (82.624 toneladas), enquanto a situação inversa ocorre com o Piauí: primeiro produtor de pó (128.528 toneladas) e se-gundo de cera (16.693 toneladas).

Tabela 2 – Somatório da Produção Obtida nos Anos de 1990 a 2006, em Toneladas, na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto – Brasil e Unidades da Federação

Produto CERA PÓ FIBRA

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BRASIL 66.100 100,0 219.244 100,0 34.972 100,0

Nota: Municípios com percentual zero indicam produção inexpressiva, embora existente, em relação ao total.

Fonte: IBGE (2007)

Em termos de valores de produção de cera, ao longo do mesmo período (Tabela 4), o Ceará lidera com 46%, seguido por Rio Grande do Norte e Piauí, com participações próximas entre si, 26 e 28%, respectivamente. Há ainda geração de valores pela produção de cera no Maranhão, Paraíba, Bahia, Pará e Amazonas, mas em parcela mínima, sem representatividade. Na mesma Tabela, observa-se que, em termos de valores de produção de pó, as posições se invertem: o Piauí é responsável por 54%, o Ceará por 42% e chama atenção o fato de o Maranhão registrar maior participação que o Rio Grande do Norte, já que este, tradicional-mente, é o estado citado como um dos três produtores de pó e cera da região (e

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do planeta). Nas viagens de campo, constatou-se que a produção de pó no Piauí é bem mais forte do que mostram os dados do IBGE, embora não se registre a existência das fábricas artesanais de cera tão comuns nos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Os dados relativos ao Rio Grande do Norte e Maranhão, no entanto, suscitam dúvidas.

Quanto à fibra de carnaúba, o levantamento do IBGE coloca o Ceará como o gerador de valor quase absoluto, cabendo uma pequena fração ao Rio Grande do Norte, Bahia e Maranhão.

No Ceará, são encontrados carnaubais em diversas regiões, tanto no sertão quanto no litoral. No litoral, em virtude da implantação dos perímetros irrigados às margens dos rios, bem como do desenvolvimento da carcinicultura, perderam-se grandes quantidades de árvores de carnaúba, conforme explícito no documento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (CEARÁ, 2003). A maior ocorrência se dá nos vales dos rios Jaguaribe e Acaraú.

Figura 2 – Mapa de Ocorrência de Carnaúba (Fibra ou Pó, ou Cera) na Área de Atuação do BNB, no Ano de 2006

Fonte: IBGE (2007)

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Tabela 4 – Somatório do Valor da Produção nos Anos de 1990 a 2006, na Extração da Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo – Brasil e Unidades da Federação

Valores em mil reais de 20077 Produto CERA PÓ FIBRA

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Nota: Os municípios sem informação para, pelo menos, um produto da extração da carnaúba não aparecem nas listas.

Fonte: IBGE (2007)

No Vale do Jaguaribe, até a década de 1970, a economia girava em torno da carnaúba. Foi durante esse período que a carnaubeira se expandiu para além das várzeas, chegando à caatinga por meio de plantios feitos entre as linhas de plantações de feijão. No Distrito de Flores, em Russas, conforme se pode obser-var (Foto 5), vários campos de carnaúba implantados ainda permanecem nos dias atuais. Diversas famílias da região, a exemplo dos Estácios, dos Jerônimos e dos Remígios, extraíam suas riquezas da carnaubeira.

Ainda na década de 1970, com a implantação do Promovale, programa do governo estadual que utilizou recursos do Provárzeas, houve uma grande devas-tação de carnaubais para implantação de culturas irrigadas, principalmente nos municípios de Limoeiro do Norte e Morada Nova, reduzindo significativamente a ocorrência de carnaubais nesses dois municípios.

7 Valores atualizados pelo IPCA do IBGE, tomando como índice inicial o do mês de junho de cada ano, cujo valor será atualizado e, como final, o mês de dezembro de 2007, utilizando metodologia de atualização disponível na página da Internet do Bacen (2007). Escolheu-se como mês final dezembro de 2007, por refletir um valor mais próximo do dos dias atuais; se a atualização ocorresse somente no período em foco, 1990-2006, os valores já estariam desatualizados em mais de um ano.

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Mais recentemente, com a implantação do Projeto de Irrigação Chapadões de Russas, várias áreas de carnaubais foram eliminadas, para instalação de culturas irrigadas, principalmente arroz. Referido projeto ainda se encontra em implanta-ção e, portanto, continua contribuindo para a erradicação de diversos carnaubais no Vale do Jaguaribe. Isso pode ser percebido facilmente até quando se transita pelas estradas da região (Foto 6). Apesar da proibição do Ibama, ainda hoje se observam queimadas, mesmo às margens das estradas.

De acordo com dados do IBGE para 2006, a maior produção de pó no Ceará é observada, na ordem, nos municípios de Moraújo, Granja, Camocim, Coreaú, Santana do Acaraú e Morrinhos. Na produção de cera, destacam-se os municípios de Russas, Granja, Morada Nova, Aracati, Cariré e Santana do Acaraú. A utiliza-ção de fibra tem mais importância nos municípios de Canindé, São Gonçalo do Amarante e Pacatuba. O município de Sobral, embora não apareça com represen-tatividade nos dados do IBGE, em termos de produção de fibra, possui 10 fábricas de chapéus legalmente constituídas, além de outras informais e de menor porte, as quais contam com fornecedores de palha em vários municípios de toda a região adjacente. De acordo com informações obtidas em campo, no Vale do Acaraú, 20% das palhas do tipo “olho”8 são destinados à produção de chapéus. Algumas propriedades rurais com carnaubais não estão sendo exploradas, em virtude de

8 Ver no subitem 4.1, a definição de palha tipo “olho”.

Foto 5 – Carnaubal Plantado em Russas, CEFonte: Autores.

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os donos serem absenteístas e desenvolverem atividades urbanas, sem interesse no extrativismo da carnaúba. Dessa forma, não as exploram e não as arrendam a terceiros, alegando que a atividade não é lucrativa. A inviabilidade econômica, no entanto, não estimulou a devastação da carnaúba na região de Sobral. Aliás, em todo o Vale do Acaraú, não se observa a derrubada de carnaubais.

Outra região do Ceará sem representatividade nos dados do IBGE, mas com ocorrência de carnaubais e produção de pó significativa é o Vale do Rio Cauípe, no município de Caucaia, onde se observou a existência de diversas indústrias artesanais de cera e cerca de 30 mil hectares de carnaubais nativos, ainda não totalmente explorados. Segundo relatos, essa é a região que produz a cera de melhor qualidade no Estado. Segundo afirmação de entrevistados, nessa região também não ocorre a devastação dos carnaubais. Verifica-se uma grande preo-cupação, por parte daqueles que a exploram, com a preservação, principalmente em virtude de sua grande importância econômica para a população local, pois grande parte tem o sustento (sobrevivência) na exploração da carnaúba. Como afirmou um entrevistado, “Sem ela, o que seria o povo de Catuana? Por viverem dela, sabem do seu valor e não a devastam”. Trata-se de região pobre, na qual a produção agrícola é puramente de subsistência. Assim, a extração da cera de carnaúba é a principal atividade econômica local.

No Piauí, os campos de carnaubais ocorrem principalmente em grandes propriedades, associados a culturas de subsistência. Os principais pólos de

Foto 6 – Queimada de Carnaubal em Limoeiro do Norte, CE

Fonte: Autores.

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ocorrência de carnaubais no Piauí são as microrregiões de Campo Maior, Baixo Parnaíba Piauiense, Litoral Piauiense, Valença do Piauí, Alto Médio Canindé, Picos e Floriano. De acordo com dados do IBGE para 2006, os principais municípios produtores de pó no Estado do Piauí são, na ordem, Campo Maior, Piripiri, Picos, Piracuruca, Batalha e Castelo do Piauí. Importante observar que, embora o IBGE não apresente dados de produção de cera ou fibra no estado do Piauí, a publicação PIAUÍ (2002) coloca a produção de cera nesse Estado com uma representação de 87% do total produzido no Brasil e 40 a 50% da produção nordestina. O mesmo documento cita a cera de carnaúba como o principal produto da pauta de exportações do Estado do Piauí.

No município de Campo Maior (PI), existem grandes extensões de carnaubais nativos de diversas densidades. Por tamanha representatividade, o município é conhecido pela alcunha de “Terra dos Carnaubais”. Conforme informações do projeto Mapeamento Espacial e Zoneamento da Carnaúba no Piauí (REALIZA-DO..., 2005), realizado em 2005 por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí, a carnaúba está presente em 140 dos 223 municípios do Estado. Segundo este levantamento, Luzilândia é o município que se destaca com a maior área de ocorrência com carnaúba (31,39%), seguido de Joaquim Pires (26,78%) e Campo Maior (24,6%). Em números absolutos, porém, é em Campo Maior que existe a maior cobertura de área com carnaúba (409,36km²), seguido por Joaquim Pires (204,25km²) e Luzilândia (231km2).

No Rio Grande do Norte, a carnaúba era nativa do Vale do Assu. Segundo Andrade (1986) apud. Alburque e Cestaro (1995), na várzea do Assu, no início dos anos 1960, havia seis milhões de carnaubeiras ocupando uma área de 25 mil hectares, mais de 62% da várzea. A densidade em determinados trechos era tão alta que mal podia-se caminhar pelo carnaubal.

Restou pouco dos carnaubais nativos porque eles deram lugar às culturas “nobres” ou mais rentáveis, com a transferência gradual dos trabalhadores para estas novas atividades. Muitas das pequenas usinas que elaboravam a cera fecha-ram as portas e, com elas, as casas comerciais exportadoras. Restou apenas o vocativo para a região, a terra dos carnaubais, que passou a ser de Campo Maior (PI). As culturas extrativistas deram lugar às exploradas racionalmente (melão, uva, maracujá, mamão e uva), com apoio da técnica, sendo tal passagem sustentada no fato que os produtos emergentes são mais rentáveis e atrativos para o capita-lista. Em meados dos anos 1980, já se dizia que o extrativismo da carnaúba, no

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Estado, era uma atividade em extinção. Se cultivada, uma plantação de carnaúba só poderia ser explorada pelo menos oito anos depois, tempo mais que suficiente para outras atividades econômicas atraírem capital e impedirem o desenvolvimento da atividade carnaubeira. Com esse baixo grau de competitividade, a introdução de outras culturas é facilitada (CRUZ, 1995).

Com a substituição da cera por sintéticos derivados do petróleo, a produção foi drasticamente reduzida e a carnaúba passou a ser utilizada para fabricação de lenha e carvão e para alimentar outras atividades produtivas do vale (VALÊNCIO, 1995).

A construção da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no Vale do Assu, que é “maior que a do Orós, no Ceará” e “duas vezes superior à Baía de Guanabara”, trouxe consigo a destruição do município de São Rafael, obrigando a transferência da população de dez mil habitantes, o soterramento de um potencial de recursos minerais e arqueológicos, além de vastos carnaubais. A barragem era parte do projeto de irrigação do Baixo Assu, comandado pelo Dnocs no final da década de 1970. Este reservatório tem capacidade de armazenamento de 2,4 bilhões de metros cúbicos, complementado por um perímetro público de irrigação de 9 mil hectares (ARANHA, 1995). O lago da barragem inundou 13.135 hectares de ca-atinga hiperxerófila e 5.750 hectares de carnaúba e, na área do perímetro irrigado, eliminou 2.620 hectares de caatinga e 4.370 hectares de carnaúba, perfazendo então quase 10.000 hectares de carnaúbas submersas (VALÊNCIO, 1995).

Com a perenização do rio Piranhas-Assu, depois da construção da barragem Armando Gonçalves, houve condições para o desenvolvimento da agricultura ir-rigada do vale. Muitas empresas agrícolas se instalaram no Estado do Rio Grande do Norte para explorar a fruticultura tropical à custa de incentivos fiscais, que deveriam ser pagos com uma suposta geração de muitos empregos. O que hou-ve, na realidade, foi uma rápida destruição de carnaubais. Além disso, a prática inadequada da agricultura irrigada elevou a salinização dos solos (CARVALHO, 1992 apud ALBUQUERQUE; CESTARO, 1995).

As áreas mais atingidas por essa redução encontram-se nos municípios de Assu, Ipanguaçu e Carnaubais, já que eles foram os mais favorecidos com a introdução da agricultura comercial no vale do Açu na década de 1980. Alguns dados comprovam: em 1966, havia uma área de 447km2 ocupados por carnaubais, que, em 1988, restringiam-se a cerca de 194km2, uma queda de 56% em apenas 22 anos. Uma ação devastadora que ocorreu numa taxa média de 11km2/ano,

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que, se mantendo, extinguiria todo o carnaubal em 18 anos (ALBUQUERQUE; CESTARO, 1995).

Atualmente, de acordo com os dados do IBGE para 2006, os municípios de Apodi, Felipe Guerra e Açu são os principais produtores de cera de carnaúba. Observações locais confirmam tais municípios como maiores produtores de cera, ao lado de Mossoró, Carnaubais e Ipanguaçu; apenas o município de Triunfo Potiguar tem produção expressiva de fibra (Figura 2), acompanhado de cinco outros com produção irrisória. De acordo com a fonte IBGE, registra-se produção irrisória de pó nesse Estado no ano de 2004, dado contestável pela realidade verificada durante a pesquisa de campo, em que se observou a ocorrência de carnaubais e extração de pó nos municípios de Mossoró, Apodi e Felipe Guerra. Importante registrar que, apesar de tamanha devastação de carnaubais nesse Estado, atualmente se observam campos com espera de corte por dois e até três anos.

O cultivo de camarão também é uma atividade que, em muitas áreas desses municípios, ocupou o lugar dos carnaubais.

A carnaubeira é uma planta resistente a pragas e doenças. De pragas naturais, existem relatos sobre o gafanhoto, que, de vez em quando, danifica a palha, e também o parasitismo de uma trepadeira de origem africana (Cryptostegia gran-diflora.R,.Br.), conhecida por “boca-de-leão”, “unha-de-moça”, “viúva-alegre” ou “banana-braba”, dependendo da região. Esta trepadeira pode chegar a matar a planta ao tornar-se sua hospedeira.

No Vale do Jaguaribe, não se ouviram relatos da existência da “boca-de-leão”, em virtude de sua rara ocorrência. Os predadores naturais também são raros. Relatos foram feitos sobre uma lagarta e gafanhotos gigantes, os quais teriam atacado alguns carnaubais há alguns anos. Observou-se, porém que são pragas isoladas, não recorrentes, conforme constatado durante pesquisa de campo.

Nas regiões visitadas do Piauí, não há registro da invasora “boca-de-leão”, por lá chamada de banana-braba.

No entanto, essa trepadeira ocorre freqüentemente em carnaubais da região de Felipe Guerra, no Rio Grande do Norte (Foto 7), e em algumas regiões do noroeste cearense, como em Granja.

Segundo informação da Embrapa, até 2002, apenas o fungo Pseudocercospora.coperniciae Braun & Freire havia sido catalogado como patógeno da carnaúba,

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causando manchas foliares (BRAUN; FREIRE, 2002 apud FREIRE; BARGUIL, 2006). No entanto, outros estudos, ainda não publicados, conduziram análises sobre a presença dos fungos Aspergillus.niger,.Cladosporium.cladosporioides.e Penicillium.citrinum no endosperma de frutos da carnaubeira.

Durante a quadra invernosa de 2006, foi detectada uma infecção generalizada em frutos de carnaubeiras adultas, no município de Chorozinho (CE), causando uma queda drástica dos frutos. O isolamento do patógeno aconteceu no laboratório de Fitopatologia da Embrapa Agroindústria Tropical, e o exame microscópico revelou tratar-se de espécie do gênero Colletotrichum. Esta foi a primeira constatação da ocorrência de antracnose em frutos de carnaubeira no Brasil (FREIRE; BARGUIL, 2006). Durante a pesquisa de campo, nada se ouviu a respeito das patologias relatadas no comunicado técnico da Embrapa.

Foto 7 – Boca-de-leão em Felipe Guerra, RNFonte: Autores.

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3 – PRODUTOS DA CARNAUBEIRA: USOS E MERCADO

Da carnaubeira tudo se aproveita. Sem esquecer que a planta é também utilizada na arborização urbana e no paisagismo de praças e jardins, dela se apro-veita da raiz ao broto terminal. Apesar disso, sob o ponto de vista econômico, praticamente não houve avanços. Carvalho (1982), ao comparar o contido nos escritos de M. A. Macedo, de 1855 e 1867, com a situação que observava em 1935, chegou à conclusão que pouca mudança havia ocorrido entre um período e outro. Essa observação continua válida para os dias atuais.

3.1 – A Raiz

Em ampla revisão bibliográfica sobre as utilidades da raiz da carnaubeira, Carvalho (1982) encontrou referências sobre propriedades medicinais, das quais os próprios indígenas já tinham conhecimento, pois a usavam freqüentemente para curar afecções cutâneas. O autor cita também sua utilização, na forma de chá, como depurativo e diurético, bem como no tratamento de sífilis e reumatismo, adicionada em xaropes. Johnson (1972) também cita o uso das raízes como diu-rético e depurativo. De fato, nas casas de produtos naturais, em Fortaleza (CE), encontrou-se um xarope composto de 11 plantas medicinais, dentre as quais a raiz de carnaúba (Foto 8). Este produto, denominado de “Carnaúba Composta”, é um fitoterápico produzido pela “Divisão de Manipulação Homeopática” de uma indústria de produtos naturais da cidade de Suzano, São Paulo. O “Composto”

Foto 8 – Xarope Composto com Raiz da Carnaubeira

Fonte: Autores.

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é indicado como medicamento auxiliar no tratamento de doenças como sífilis, gota, reumatismo agudo e crônico, pele ressecada, doenças venéreas, além de depurativo e diurético, dentre outras indicações.

Das cinzas das raízes, é possível extrair o sal, que pode substituir o sal-de-cozinha, o qual também seria utilizado pelos indígenas e sertanejos em áreas de ocorrência da palmeira. Johnson (1972) informa que pedaços de raízes podem ser queimados e as cinzas geradas utilizadas como sal em alimentos. Este sal foi analisado pelos químicos Theodor e Gustavo Peckolt9 e apresentou em sua com-posição elevado teor de cloro, sódio e potássio, conforme mostrado na Tabela 5 a seguir.

Tabela 5 – Composição da Cinza das Raízes da Carnaubeira: dados em percentuais

Componentes Proporção (%)Água 18,�3�

Ácido carbônico 1,10�

Cloro 37,���

Ácido sulfúrico �,���

Magnésia 0,1�2

Cal 0,032

Potassa 13,�7�

Soda 21,�11

Sílica, substâncias orgânicas etc. 0,8�0Fonte: Carvalho (1�82, p. 22)

3.2 – O Palmito

O palmito da carnaúba (broto terminal), conhecido em algumas regiões como barriga-amarela, é comestível (Foto 9). Embora se saiba que a sua retirada provoca a morte da palmeira, existem relatos de sua utilização como alimentação humana e de animais. Johnson (1972), assim como Macedo apud Carvalho (1982), refere-se à utilização do palmito como alimento para diferentes animais e na alimentação humana (na forma de goma) durante a seca de 1845. Em sua composição, segundo análise realizada por Peckolt apud Carvalho (1982), encontram-se lecitinas, fósforo

9 De acordo com publicação de 1934 dos pesquisadores, citada por Carvalho (1982).

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e sais minerais úteis na composição de alimentos para pessoas convalescentes e mulheres em período de lactação.

3.3 – O Fruto (amêndoa)

Na forma de cacho e com aparência preta (quando maduro) e esverdeada (quando ainda não atingiu a maturação), o fruto da carnaubeira é composto por casca e amêndoa (Foto 10). Na amêndoa encontram-se a polpa e o caroço. A polpa, quando maduro o fruto, tem sabor adocicado e é bastante apreciada por crianças. Daí se extraem uma espécie de farinha e um leite que, à semelhança do leite extraído do babaçu, pode substituir o leite do coco-da-baía na alimentação humana. O óleo extraído da amêndoa é comestível e pode ser utilizado na ali-mentação humana. O caroço é basicamente aproveitado pelos animais de criação. Torrado e moído, pode ser utilizado na composição de mingaus e em substituição ao café na alimentação humana (CARVALHO, 1982; RISCH NETO, 2004). Outra possibilidade de utilização do fruto se delineia a partir de pesquisa atualmente em desenvolvimento pela Embrapa-Agroindústria Tropical. Trata-se da produção de

Foto 9 – Broto Terminal da Folha da CarnaubeiraFonte: Autores.

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geléia da polpa, que já se encontra em fase de teste sensorial. O caroço poderia funcionar também como excelente combustível, de interesse, inclusive, dos países desenvolvidos, onde é maior a preocupação com a preservação ambiental. No entanto, somente o desenvolvimento de pesquisas poderá lançar luzes sobre as diversas possibilidades de uso que pode ou poderia ter.

3.4 – A Folha (palha)

A palha (folha seca), depois da cera, é o produto da carnaúba que tem mais importância econômica no Nordeste, principalmente na produção artesanal. A atividade artesanal existe nos três estados produtores, aproveitando a palha na confecção de inúmeros objetos como tarrafas, escovas, cordas, chapéus, bolsas, vassouras, cestas, assentos de cadeiras e sofás, colchões, redes e esteiras, além de sua utilização em cobertura de construções rústicas e como adubo, se triturada (Fotos 11, 12 e 13).

No Ceará, existem arranjos produtivos de artesanato de carnaúba nos municípios de Palhano (conhecida pela alcunha de terra da palha) e Itaiçaba. Ambos municípios possuem tradição na atividade, produzindo artigos como fruteiras, jogos americanos, cestas para café da manhã, porta-copos, travessas, bolsas e cestas, descansos de prato, até luminárias, com preços que variam de R$ 0,25 a R$ 18,00. Nestes arranjos, de acordo com o Ipece (2001; 2002), o governo estadual tem atuado no sentido de organizar e capacitar os artesãos,

Foto 10 – Frutos da CarnaubeiraFonte: Autores.

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a fim de solucionar os problemas envolvendo produção, compra de insumos, armazenamento de matéria-prima e produtos finais, capital de giro e comercia-lização dos produtos.

As peças apresentadas na Foto 14 são produzidas por um artista francês que vive em Canoa Quebrada (CE). São peças decorativas, confeccionadas a partir do talo da

Foto 11 – Confecção Artesanal de Vassouras em Felipe Guerra (RN)

Fonte: Autores.

Foto 12 – Artesanato de Palha em Jericoacoara (CE)Fonte: Autores.

Foto 13 – Coberta com Palha de Carnaúba em Jericoacoara (CE)Fonte: Autores.

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folha de carnaúba. Em entrevista, o artista afirmou que desde 1995 trabalha com talo de carnaúba, uma excelente alternativa de material reciclável que permite desenvolver a criatividade, diante da grande riqueza e diversidade de opções de uso.

Ainda no Ceará, no Sobral, existe uma concentração de fábricas de chapéus de palha, as quais são responsáveis pela exportação para estados como São Paulo e Amazonas, e países como Argentina, Venezuela e Espanha (Foto 15). O chapéu é confeccionado a partir da palha-olho, sendo que, de cada olho, é possível produzir um chapéu simples. Existe uma prática entre empresários da atividade de terceirizar a produção do chapéu cru (ou chapéu bruto). Por meio de um agenciador, o empresário faz a palha chegar a diversos trabalhadores (em geral, mulheres), os quais produzem as peças em suas residências, no meio ru-ral, recebendo entre 0,25 e R$ 0,65 por cada uma, dependendo do modelo. Já na fábrica, as peças passam por um processo de acabamento antes de seguirem para o mercado consumidor, sendo vendido por preços que variam de R$ 0,40 a R$ 2,00, dependendo do modelo. Para garantir a oferta de palha que serve de matéria-prima, alguns empresários financiam rendeiros na fase do corte da folha. O processo de preparação da palha para produção de chapéus é totalmente ma-nual, já que ela, quando submetida à máquina de triturar para extração do pó, fica inutilizada para o artesanato.

Foto 14 – Peças Decorativas de Talo de Carnaubeira

Fonte: Autores.

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No Rio Grande do Norte, o artesanato de palha de carnaúba predomina nas regiões de Trairi e no vale do rio Assu, com trabalhos de destaque nas cidades de Assu, Ipanguaçu, Upanema, São Rafael, Pedro Avelino, São José de Campestre, e zona metropolitana de Natal. A carnaúba é uma das maiores fontes de matéria-prima para o artesanato do estado. O processo de preparação da palha é totalmente manual, desde sua coleta à elaboração de vários tipos de tranças, esteiras e produtos intermediários, que entram na confecção de utensílios de mesa, bolsas, cestas, baús e chapéus (SINE-RN, 2005).

Nesse estado, o artesanato de palha de carnaúba teve sua origem nas co-munidades indígenas que habitavam as terras antes da invasão européia. Teve seu apogeu nas décadas de 1930 e 1940, tornando-se uma grande força econômica do Vale do Assu, região onde atualmente se desenvolvem várias culturas através do sistema de irrigação e de muitas riquezas naturais (COUTINHO, 2006).

No Piauí, a palha de carnaúba é muito utilizada no artesanato de cestaria, trança-dos e tapetes, no município de Ilha Grande de Santa Isabel. Pedro II é um importante centro de produção de tecelagem manual no estado, produzindo mantas, tapetes e bolsas. Em Parnaíba, no Porto das Barcas, encontra-se artesanato de cestarias, móveis e peças decorativas feitos com talos de carnaúba (Fotos 16 e 17).

Outra utilização que pode ter a palha de carnaúba é na indústria de papel. Macedo apud Carvalho (1982), já em 1855, fazia recomendações nesse sentido.

Foto 15 – Chapéus em Fase de Acabamento numa Fábrica Localizada em Sobral (CE)

Fonte: Autores.

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No entanto, só recentemente, o assunto despertou o interesse de estudiosos. A professora Tereza Neuma de Castro Dantas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, vem realizando pesquisas com a produção artesanal de papel a partir da palha, utilizando a técnica da reciclagem, cujos resultados são anima-dores (Foto 18).

Quando triturada, na forma de bagana, a palha pode ser utilizada como alimentação de ovinos e também como excelente fertilizante agrícola, no preparo

Foto 16 – Artesanato de Cestarias e Móveis de Carnaúba (Porto das Barcas, Parnaíba – PI)

Fonte: Autores.

Foto 17 – Peças Decorativas de Talos de Carnaúba (Porto das Barcas, Parnaíba – PI)

Fonte: Autores.

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da terra das culturas de subsistência (feijão e milho) e frutícolas. Essa qualidade ela adquire após o processo de secagem ao sol e trituração mecânica. Segundo pesquisa conduzida pela Embrapa, o uso da palha ou bagana de carnaúba permite que o pomar cresça mais rapidamente, com maior uniformidade e precocidade. A bagana decompõe-se rapidamente, apresentando baixa relação entre carbono e hidrogênio, e assegura maior umidade e menor temperatura do terreno. Desta forma, garante-se a produtividade e a fertilidade do solo, além da melhoria da qualidade da fruta cultivada (SNA, 1999).

Da palha, é ainda possível extrair um sal e um álcali (empregado no fabri-co de sabão), sobre os quais pouco se sabe, por falta de estudos específicos (GICO, 1995).

3.5 – O Caule (tronco)

O tronco da carnaubeira é bastante resistente ao esmagamento e tem gran-de durabilidade em quaisquer obras expostas ou imersas na água salgada. Uma vantagem é que não é suscetível ao cupim.

Quando maduro, o tronco da carnaubeira também tem grande utilização, principalmente na construção civil, na forma de vigamentos, cata-ventos, mesas, portas, cobertas, caibros e ripas, currais, porteiras e lenha para combustão. Devido à sua durabilidade na água salgada, pode ser também utilizado na construção de postes, pontes e mourões de cercas. Trabalhado ou serrado, pode ser utilizado na confecção de artefatos torneados (bengalas, utensílios domésticos, caixas) e

Foto 18 – Papel Artesanal de Palha de CarnaúbaFonte: Autores.

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móveis rústicos, devido à forma cilíndrica retilínea e à resistência de sua madeira aos agentes naturais (chuvas e salinidade) e biológicos (cupim e outros insetos). Johnson (1972) relata sobre a utilização do tronco também em prensas para mandioca.

Em publicações de 1855 e 1867, Macedo apud Carvalho (1982) registra sua admiração pelo elevado uso que é dado ao tronco da carnaubeira na construção civil de algumas cidades cearenses: 2/3 das construções de Aracati, metade das construções de Icó e 1/3 das construções de Crato.

No decorrer do século passado, a utilidade da carnaubeira como fonte produtora de cera se sobrepôs ao seu uso como fonte de madeira, ficando este restrito à construção civil nas áreas de grande ocorrência natural.

A carnaubeira tem tido também muita utilização no paisagismo: em Fortale-za, várias avenidas, espaços de passeio, estacionamento de lojas e condomínios estão ornamentados com a palmeira, o que supõe, pelo seu lento crescimento, que elas tenham sido transplantadas de seus locais de origem, o que obviamente anula sua utilidade de produtora de pó e de palhas para o artesanato. É certo que nem sempre os cuidados devidos são tomados no transplante e manutenção da carnaubeira nos novos locais (como observar o solo em que serão recolocadas), o que pode causar a morte da palmeira.

3.6 – A Cera

A cera, obtida do pó que recobre as folhas, é considerada o principal produto da carnaubeira. No passado, teve grande importância como produto de exporta-ção; além disso, foi muito utilizada na iluminação de casas, sob a forma de velas, principalmente no meio rural nordestino.

Apesar de ter sido substituída totalmente ou em parte, na composição de alguns produtos (Apêndice D), atualmente, a cera ainda é empregada na composição de diversos outros. Na área médica, é utilizada em revestimento de cápsulas, cera dental, produtos de tratamento de cabelo e pele. É empre-gada também em cosméticos (batom, rímel e creme de barbear) e produtos de limpeza, filmes plásticos, adesivos e fotográficos; utilizada na confecção de vernizes, tintas, esmaltes, lubrificantes, sabonetes, isolantes, graxas de sapato e para polimento (pisos e carros), bem como na composição de revestimentos,

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laqueadores e impermeabilizantes. Na papelaria, é componente para fabricação de papel-carbono, lápis de cera, cola, grafite. Na informática, é componente na confecção de chips, tonners de impressoras e código de barra. Outras indústrias que a utilizam: alimentícia (polimento de frutas e queijos, goma de mascar, doces, refrigerantes); automobilística (capas de assento de automóveis e polimento de pintura); cerâmica; explosivos e fósforo (com auxílio do ácido pícrico, substância presente na cera); embalagens de papelão para produtos ali-mentícios e revestimento de latas; frutas e flores artificiais, vegetais desidratados; poliéster; borracha e materiais elétricos (CERA..., 2003; CARNAUBEIRA..., 2003; MACHADO E CIA, 2004; RISCH NETO, 2004; PONTES INDÚSTRIA DE CERA, 2005).

A cera de carnaúba é considerada um produto nobre, tendo os mercados interno e externo garantidos, principalmente pela exigência cada vez maior por produtos naturais e ecologicamente corretos. Além da infinidade de aplicações, a extração da cera não causa danos ao meio ambiente, pois as folhas retiradas na colheita são repostas no ano seguinte, atendendo também a exigência de alguns mercados por produtos de qualidade e base natural. O custo de oportunidade do trabalho com a extração também é nulo, já que é praticada no período de entressafra de outras culturas.

A cera é refinada de acordo com variadas classificações e utilizada indus-trialmente em diversas áreas, em muitos casos, sem substitutos perfeitos, com relevância na pauta de exportações do Piauí e figurando também, em menor percentual, nas pautas do Ceará e Rio Grande do Norte (Gráfico 1). A tendência no Ceará é de discreta elevação no período 2003-2006, mas sem recuperar a representatividade que tinha no final da década de 1990. No Piauí, nos mesmos quatro anos, a tendência é de elevação mais pronunciada da cera na pauta de exportações do Estado, fato que se comprova na atenção que o governo estadual tem dedicado ao produto, que só perdeu espaço no período 2003-2005 em virtude da elevação nas exportações de soja.

No Rio Grande do Norte, tanto a tendência de queda como a irrisória par-ticipação do produto na pauta de exportações, durante os oito anos observados, comprovam a decadência que o extrativismo da carnaúba vem sofrendo no Estado. Aparentemente, é perceptível que a importância do produto na pauta de exporta-ções de cada Estado está relacionada ao grau de conservação da palmeira. Apesar

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da Carnaúba ser símbolo do Ceará e a derrubada ser proibida por lei, sabe-se que esta acontece para dar lugar a atividades mais lucrativas, cujos produtos também estão presentes na pauta de exportações, como a carcinicultura. Já no Piauí, onde se observou grande densidade de carnaubais conservados (mesmo que alguns não sejam regularmente explorados) a participação da cera na pauta de exportação é bem mais expressiva.

A cera produzida artesanalmente é denominada de cera de origem e classifi-cada em três tipos: amarela ou cera olho, obtida a partir do “pó de olho”; arenosa e gorda, obtidas do “pó de olho” (Foto 19). A cera arenosa, de cor verde- acin-zentada, contém 6% de água em média; a cera gorda, de cor negro-esverdeada, difere da arenosa por não conter água em sua composição.

Na produção industrial, obtém-se uma cera de melhor qualidade, denomi-nada de cera industrial, classificada também em três tipos: Um, Três e Quatro10 (Foto 20).

Na Tabela 6 (e Gráfico 2) a seguir, observa-se a produção de cera no Brasil nos anos de 1920 a 2006, exceto 1980 a 1989, por falta de dados. De 1920 a 1972, a tendência é de elevação, chegando ao máximo de 22 mil toneladas. Deste ano em diante, a produção começa a cair, chegando ao nível

10 A descrição detalhada da classificação da cera encontra-se nos itens 4.3.1 e 4.3.2.

Gráfico 1 – Participação Percentual (em Relação ao Valor Total de Exportações) da Cera de Carnaúba na Pauta dos Três Estados Produtores

Fonte: Brasil. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2007).

Participação da Cera de Carnaúba na Pauta de Exportações de cada EstadoProdutor

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

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35,00

40,00

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006Ano

Participaç

ãope

rcen

tual

CEPIRN

��

mais baixo em 1998, com 1.959 toneladas. Mesmo no período da II Guerra Mundial (1939-1945), quando foi grande a demanda por cera de carnaúba pela indústria bélica norte-americana, a produção média representou apenas 53% da verificada no período 1969-1975, pouco antes do declínio. As secas, apesar de aumentar o período de luminosidade, não aumentam a produção de cera, ainda que possa ser observado aumento em 1959 e 1971, anos em que sucederam grandes secas11.

11 Em ano de inverno ruim (pouca chuva), ocorre redução no número de folhas produzidas, reduzindo, em conseqüência, a quantidade de pó extraída.

Foto 19 – Tipos de Cera de OrigemFonte: Autores.

Foto 20 – Cera Industrial Tipos Um, Três e Quatro em Escama e AtomizadaFonte: Autores.

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Tabela 6 – Produção de Cera de Carnaúba, em Tonelada, no Brasil – 1920 -1979 /1990-2006

AnoQuant.

(t)Ano

Quant. (t)

Ano Quant. (t) AnoQuant.

(t)Ano

Quant. (t)

1�20 3.�1� 1��0 �.8�2 1��0 10.�82 1980 13.071 2000 2.3��

1�21 3.�0� 1��1 11.32� 1��1 11.��� 1981 12.121 2001 2.883

1�22 �.00� 1��2 8.8�2 1��2 12.102 1982 11.240 2002 3.120

1�23 �.3�1 1��3 �.�0� 1��3 11.7�7 1983 10.423 2003 3.�18

1�2� �.��3 1��� 10.71� 1��� 13.031 1984 9.665 200� 3.�00

1�2� �.21� 1��� 12.�83 1��� 12.72� 1985 8.962 200� 3.20�

1�2� �.123 1��� 11.�33 1��� 12.217 1986 8.310 200� 3.130

1�27 7.3�0 1��7 �.083 1��7 17.�3� 1987 7.706

1�28 7.73� 1��8 11.370 1��8 17.��8 1988 7.146

1�2� 7.22� 1��� �.73� 1��� 20.13� 1989 6.626

1�30 7.��0 1��0 10.�2� 1�70 20.378 1��0 �.�81

1�31 8.321 1��1 11.312 1�71 21.�3� 1��1 �.883

1�32 7.2�2 1��2 10.��0 1�72 22.120 1��2 �.�31

1933 8.599 1953 7.686 1973 19.368 1993 5.188

1934 8.059 1954 6.284 1974 19.225 1994 4.916

1935 7.785 1955 5.606 1975 18.103 1995 5.228

1936 10.675 1956 7.799 1976 18.633 1996 2.592

1937 10.577 1957 8.770 1977 16.650 1997 2.203

1938 9.961 1958 8.970 1978 16.700 1998 1.959

1939 11.421 1959 10.179 1979 14.000 1999 2.264

Fonte: 1�20-1��� – Johnson (1�72); 1��7-1�7� – IBGE apud Casadio (1�80); 1��0-200� – IBGE (2007).

Nota: Casadio (1�80) ressalta que, de 1��7 a 1��8, o volume de produção aparentemente foi subestimado, e de 1��8 a 1�7�, superestimado. Não foi encontrada nenhuma referência bibliográfica da produção de cera no período 1�80-1�8�. Os números que figuram em.itálico.nesta tabela foram obtidos da seguinte forma: VF = VP (1 + i)^t, onde VF é valor futuro, VP é valor presente, i é a taxa e t é o tempo. Considerando VP a produção do ano de 1�7� e VF a produção de 1��0, e o tempo igual a 11 anos (1��0-1�7�), chega-se a uma taxa de -�,�322�% por ano na produção. Então, diminui-se a produção de cada ano (de 1�7� até 1�88) dessa taxa, para obter-se a produção estimada.

Apesar de ausentes, os dados de 1980 a 1989 podem ter uma tendência de baixa, já que a produção de 1979 é de 14 mil toneladas, quando a de 1990 não chega a sete mil, uma queda de 50%. Alguns fatores podem ter contribuído para essa queda: nesse período, observa-se uma redução acentuada no volume de cera exportado (Gráfico 3), bem como no preço médio real (Gráfico 5). Além disso, este evento coincide com o fim da política de aquisições e empréstimos governamentais para financiamento da safra, por volta de 1985. Nesse período,

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o governo federal adotou uma política de desestímulo à atividade, oferecendo um preço mínimo desvantajoso para o produtor e vendendo o grande estoque de cera e pó que possuía.

No que se refere a mercado, pode-se citar que internamente existe deman-da principalmente pelos tipos Três e Quatro, direcionada para as indústrias de produtos de limpeza e polimento. Na fabricação de ceras de polimento para assoalhos, são utilizados os tipos Três e Quatro da cera de carnaúba, enquanto para o polimento de automóveis e calçados, a cera utilizada é a do Tipo Um, a mais cara. Nestes mercados, há três substitutos: o hidrogenado de mamona, a

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

Anos

Tone

lada

s

Gráfico 2 – Produção de Cera de Carnaúba, em Tonelada, no Brasil – 1920-2006

Fonte: 1�20-1��� – Johnson (1�72); 1��7-1�7� – IBGE apud Casadio (1�80); 1��0-200� – IBGE (2007).Nota: Casadio (1�80) ressalta que de 1��7 a 1��8 o volume de produção aparentemente foi subestimado,

e de 1��8 a 1�7�, superestimado. Não foi encontrada nenhuma referência bibliográfica da produção de cera no período 1�80-1�8�, e os pontos em vermelho correspondem às projeções realizadas para esse período, conforme nota explicativa da tabela anterior.

Gráfico 3 – Evolução dos Volumes de Cera de Carnaúba Exportados de 1937 a 2006

Fonte: D’Alva (2007), citando dados do Anuário Estatístico do Brasil, 1�37 a 1���, do Anuário Estatístico do Comércio Exterior, 1�70 a 1�8�, e do Sistema AliceWeb do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.00016.00018.000

19371940

19431946

19491952

19551958

19611964

19671970

19731976

19791982

19851988

19911994

19972000

20032006

Anos

To

nel

ad

as

�8

parafina e a cera microcristalina. O fato de a formulação dos produtos não ser fixa, no mercado de polimento, favorece a substituição da cera de carnaúba por outros compostos sintéticos ou vegetais, desestimulando o seu consumo. Vale ressaltar que o crescente uso da parafina tende a piorar a qualidade do produto (CASADIO, 1980).

O preço no mercado interno é mais estável que no mercado externo; os compradores são de diversos portes, pulverizados. No caso do Piauí, os princi-pais compradores de cera são os Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Goiás e Pará. Vale ressaltar também que foi no Piauí onde ocorreu a primeira exportação de cera, em 1894, para Londres e Manchester (PIAUÍ, 2002).

O mercado externo é bastante volátil. A demanda advém de indústrias de química fina e informática, sendo as ceras do Tipo Um e Três as mais vendidas na Europa. Para os países em desenvolvimento, a cera mais vendida é a do Tipo Quatro. Os principais compradores são Estados Unidos, Dinamarca e Espanha

Gráfico 4 – Principais Países de Destino das Exportações de Cera de Carnaúba (em kg) – Acumulado 2001/2006

Fonte: Brasil. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2007).

76%

9%

6%

5%2% 1%

1%

ESTADOS UNIDOS

DINAMARCA

ESPANHA

FRANCA

URUGUAI

ALEMANHA

ITALIA

��

(Gráfico 4). Outros importantes compradores são Holanda, Itália, França, México, Espanha, Formosa, Índia, Bélgica, Chile, Reino Unido, Taiwan, China, Paquistão e África do Sul (PIAUÍ, 2002).

Casadio (1980) afirma que, do ponto de vista da demanda, há três mercados principais para a cera de carnaúba:

a) cosméticos;

b) papel-carbono e

c) polimento.

No primeiro, a demanda é inelástica (um aumento/redução no preço do quilo da cera tende a gerar uma redução/aumento em menor proporção na quantidade demandada); nos dois últimos, a demanda aparenta ser elástica (um aumento/re-dução no preço do quilo da cera tende a gerar uma redução/aumento em maior proporção na quantidade demandada).

A inelasticidade do mercado de cosméticos é explicada pelo fato de as suas formulações já virem prontas das matrizes no exterior, sendo muito pequena a margem técnica de alteração, o que não permite mudanças significativas na quan-tidade demandada. Há três substitutos para a cera de carnaúba neste mercado: a cera microcristalina (importada da Alemanha), a cera Montana (importada dos EUA) e as de base parafínica (CASADIO, 1980).

No caso do mercado de papel-carbono e de polimento, a demanda é apa-rentemente elástica porque as formulações dos produtos não são fixas, admitindo quantidades de cera variáveis. Para o papel-carbono, a introdução da cera Montana agrega mais qualidade ao fabrico do papel e a adição do poliéster aumenta sua durabilidade (CASADIO, 1980).

A elasticidade cruzada (variação na quantidade demandada de um bem substituto, em razão da variação do preço do bem principal) é baixa para o mercado de cosméticos e alta para o mercado de polimento e papel carbono (CASADIO, 1980). Vale dizer, para o mercado de cosméticos, um aumento/redução no preço da cera de carnaúba não causará um aumento/redução em maior proporção da quantidade procurada de um substituto, enquanto para o mercado de polimento e papel-carbono, o aumento/redução da quantidade procurada do substituto será maior, proporcionalmente, que o aumento/redução do preço verificado na cera de carnaúba.

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Um fator a favor da cera de carnaúba é que sua substituição por ceras sintéticas nunca foi total, ocorrendo parcialmente em algumas atividades, como na indústria fo-nográfica, de polidores e de papel-carbono, não compreendendo a demanda mundial (D’ALVA, 2007). Muito embora o Nordeste seja monopolista na produção de cera de carnaúba, o oligopsônio dos importadores é mais forte economicamente, o que permite que ditem os preços de compra, depreciando os termos de troca e enfraquecendo os elos mais desprotegidos da cadeia produtiva, proprietários e rendeiros.

Da mesma forma que acontecia no passado, os importadores embolsam a maior fatia dos lucros, pois, além de determinarem o preço, agregam valor ao transformar a cera na sua variada gama de aplicações. Produtores, rendeiros e outros elos que compõem a cadeia são desfavorecidos, devido à menor capa-cidade de articulação e de agregação de valor ao produto in.natura. Tal fato se confirma na trajetória do preço da cera a partir de 1995 (Gráfico 5), quando a libra/peso da cera Tipo Três, a mais comercializada, foi vendida pelas indústrias cearenses a U$4,00, o que equivalia, na cotação média da época, a R$ 8,11/kg. Em 1999/2000, a libra/peso só alcançou o preço de US$1,50 (R$ 6,08/kg), tendo sido comercializada em 2003 por US$ 0,75 (R$ 5,07/kg), preço que im-possibilita aos industriais melhor remunerar os produtores e rendeiros (CEARÁ. SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2003)12. De acordo com os dados colhidos na pesquisa de campo (novembro/2005 a fevereiro/2006), os preços médios foram de R$ 10,29/kg para o Tipo Um, R$ 4,04/kg para o Tipo Três e R$ 3,84/kg para o Tipo Quatro. Os tipos atomizados (ver item 4.3.2) são mais caros: o Tipo Um é vendido por R$ 10,50/kg e o Tipo Três por R$ 4,56/kg, na média das poucas indústrias que os produzem.

No auge da II Guerra Mundial, o quilo da cera chegou a valer US$ 26, dada a sua utilidade não só como insumo de explosivo, mas como lubrificante e protetor de armamentos no inverno (BEZERRA, 2005). A tendência dos preços durante toda a década de 1960 foi de queda, pois começaram a surgir substitutos. Nova elevação só aconteceu em meados da década de 1970, ainda assim bem menor que a ocorrida na II Guerra, provavelmente devido à crise do petróleo, que en-careceu a matéria-prima de fabricação da cera parafínica, substituta da cera de carnaúba em algumas aplicações.

12 Nestes cálculos, foram consideradas as médias obtidas com as cotações existentes na página de Internet do Bacen (2007), que são de R$ 0,92/US$ para o ano de 1995, R$ 1,84/US$ para o período de 01/07/1999 a 30/06/2000 e R$ 3,07/US$ para o ano de 2003.

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Pelo exposto neste capítulo sobre a diversidade de produtos originários da carnaúba, não é difícil concluir que dela tudo se aproveita. Por outro lado, é ine-gável a observação de que a grande importância econômica é dada à cera, o que remete à necessidade de conhecer sua cadeia produtiva como um todo, a qual, é importante ressaltar, encerra complexidade. Optou-se, então, por dedicar capítulos específicos para análise das etapas do processo produtivo e dos custos em cada uma delas. Assim, no Capítulo 4, a seguir, são apresentados o funcionamento do sistema de produção como um todo e as relações entre os atores que compõem os diversos elos, bem como a tecnologia utilizada; no Capítulo 5, a estimativa de custos e receita em cada uma das etapas de produção.

0,00

5,00

10,00

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25,00

30,00

19371940

19431946

19491952

19551958

19611964

19671970

19731976

19791982

19851988

19911994

19972000

20032006

Anos

U$

Gráfico 5 – Evolução do Preço Médio Real de Cera de Carnaúba – 1937 a 2006Fonte: D’Alva (2007), citando dados do Anuário Estatístico do Brasil, 1�37 a 1���, do Anuário Estatístico

do Comércio Exterior, 1�70 a 1�8� e do Sistema Aliceweb do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Os valores em dólares dos preços médios de exportação foram convertidos para preços de 200� utilizando como fator de correção o Consumer.Price.Index, índice de correção inflacionária norte-americano calculado pela Autoridade Monetária dos Estados Unidos.

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4 – PROCESSO PRODUTIVO: ATORES, RELAÇÕES SOCIAIS E TECNOLOGIA

A carnaubeira é uma planta de crescimento lento, mas que atinge elevado porte, o que dificulta a atividade de corte das folhas. Apesar disso, não houve evolução da pesquisa em termos de melhoramento genético de forma a torná-la precoce, de menor porte e com maior quantidade de folhas; não se registram, também, estudos sobre as possibilidades de consórcio com culturas agrícolas e pastagens, ou mesmo o seu potencial na realização de reflorestamento e recupe-ração de áreas salinizadas pelo processo de irrigação13.

Experiências sobre o cultivo atual de carnaúba não se verificaram por ocasião da pesquisa de campo. Observou-se, no Vale do Jaguaribe (CE), em terrenos mais elevados, a existência de campos de carnaubais plantados, provavelmente na década de 1970, segundo informações locais, devido à valorização da cera e para aproveitar as entrefileiras em plantações de culturas alimentares. Indicações sobre plantios no Ceará (início do século XX), Rio Grande do Norte (século XIX) e Piauí (início do século XX), são feitas por Johnson (1972).

Com relação aos processos extrativo e industrial da carnaúba, a Figura 3, a seguir, representa o fluxograma, que se inicia com o corte da folha e é concluído com o refinamento da cera.

Estima-se que a atividade no Nordeste (Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte) ocupe, direta e indiretamente, em torno de 200 mil pessoas, sendo que a maior concentração de ocupações é no período de safra, no campo, nas fases de corte, secagem e extração do pó14. Nas indústrias de cera, o número de pessoas ocupadas não ultrapassa mil.

13 A Dissertação “Efeito da Salinidade Induzida no Desenvolvimento e Crescimento Inicial de Carnaúba (Copernicia.prunifera): suporte à estratégia em solos salinizados”, de autoria de Sâmia Jainara Rocha Holanda, foi defendida recentemente (ano de 2006) no Programa de Desenvolvimento do Meio Ambiente (PRODEMA), da Universidade Federal do Ceará. Trata-se de estudo inicial sobre o comportamento da carnaubeira em diversos níveis de salinização do solo, o que representa uma importante contribuição para futuros trabalhos voltados para a recuperação de áreas salinizadas a partir do reflorestamento com carnaúba.

14 Na verdade, o trabalho no extrativismo da carnaúba ocorre durante todo o ano. Segundo depoimento do técnico da Emater-CE (Escritório de Granja), Agrônomo Hélio Mota Dias, essa atividade funciona “como uma escola de samba: quando termina o desfile, começa a trabalhar na fantasia”. No mês de fevereiro já estão sendo fechados os acordos de exploração entre dono da terra e rendeiro; no mês de maio já se observam trabalhadores se organizando para a atividade, buscando a vara de bambu (que, após retirada da mata, é amarrada para ficar reta e exposta ao sol para adquirir leveza), recebendo adiantamento pelo trabalho a realizar a partir de agosto.

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A cadeia produtiva da carnaúba envolve o proprietário rural (nem sempre produtor de cera), o rendeiro (arrenda o carnaubal, contrata trabalhadores para as operações de campo e, às vezes, faz o beneficiamento artesanal – pode ser também proprietário rural), o trabalhador extrativista (faz o corte e a secagem da palha), o operador da máquina de bater e ajudantes (fazem o trabalho de separação entre pó e palha), a riscadeira e o batedor de palha (fazem a separação entre pó e palha, quando a extração do pó é manual), o trabalhador da indústria artesanal de cera (elabora a cera de origem: prenseiro ou prensador, fogueiro ou cozinhador), o artesão que trabalha com a palha, o fabricante de chapéu ou vassoura, o industrial (ou refinador) da cera (que realiza o beneficiamento ou refino, podendo também fazer o papel de exportador), o corretor de exportação, o atravessador, o agiota e o importador. A ilustração a seguir, elaborada por D’alva (2007), representa os atores sociais da cadeia produtiva da atividade (Figura 4).

Nos subitens 4.1, 4.2 e 4.3, que se seguem, serão abordados detalhada-mente os aspectos tecnológicos e sociais nos diversos segmentos do processo produtivo da carnaúba, agrupados em etapas, aqui denominadas de “Etapa 1”, “Etapa 2” e “Etapa 3”.

Figura 3 - Fluxograma dos Processos Extrativo e Industrial da Carnaúba no Nordeste Brasileiro

Fonte: Pesquisa de campo (200�).

Palmeira de Carnaúba

Corte folha

Seleção PalhaOlho

Secagem ao Sol

BatençãoManual Mecânica

“De Cacete” (mais puro) De Máquina (com impurezas)

Palha (Artesanato) Palha (Cobertura solo)

Formação de Cera

No Local (cera bruta de origem) Por Refinadores

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4.1 – Etapa 1: arrendamento, corte, transporte e secagem da folha

Essa etapa envolve o proprietário rural, o rendeiro e o trabalhador extrati-vista. O arrendamento é resultante de uma negociação entre proprietário e ren-deiro, na qual o rendeiro adquire o direito de explorar o carnaubal pelo período de uma safra. A determinação do valor do arrendamento é feita com base “no olho”, conforme declararam, em entrevista, os próprios rendeiros. O termo, na verdade, é uma representação simbólica de um acordo informal entre rendeiro e proprietário, que tem como base a quantidade de palhas medida em milheiros, levando em conta as condições de acesso, a distribuição e o porte das árvores, o tempo entre o último corte e o próximo (período de descanso) e as condições do solo. A condição socioeconômica do rendeiro e do proprietário (as quais são responsáveis pelo maior ou menor poder de barganha de cada um na negociação) também influencia na definição do valor final do arrendamento. Dependendo de como se apresenta a situação decorrente da composição de todos estes fatores, o valor do arrendamento pode variar de R$ 2,00 a R$ 7,00 por milheiro e pode ser feito em dinheiro ou na forma de pó, conforme se apurou no ano de 2006.

Historicamente, o rendeiro tem sido financiado pelos refinadores ou por agiotas e atravessadores, sendo submetido às condições de preço e pagamento por eles definidas. Nos últimos anos, alguns refinadores deixaram de financiar a etapa de campo, reduzindo as opções de fontes de custeio para tais atividades.

Dentro da categoria de rendeiros, é possível identificar uma diferenciação, decorrente da melhor ou pior condição que cada um tem de acesso a capital.

Figura 4 – Atores Sociais no Processo Produtivo da CarnaúbaFonte: D’alva (2007).

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D’alva (2007) classificou-os em “capitalizados” e “descapitalizados”, para dis-tinguir entre os que, respectivamente:

a) arrendam quantidades superiores a 2.000 milheiros; começam o corte no início da safra e param quando se iniciam as chuvas; podem ser donos de máquinas de triturar, de indústrias artesanais de cera, agiotas e atravessadores da produção de outros rendeiros;

b) arrendam quantidades inferiores a 2.000 milheiros; a duração do perí-odo de corte vai depender da disponibilidade de capital; participam do trabalho em campo; alugam máquinas de triturar palha; tomam dinheiro emprestado de agiotas; vendem o pó ou a cera de origem para atravessadores, que, às vezes, são os agiotas.

Para D’alva (2007), o rendeiro apresenta grande capacidade empresarial, perfil requerido para uma pessoa obter sucesso no exercício da atividade. Segundo o mesmo autor, os rendeiros, em geral, são pessoas que conhecem profundamente o processo extrativo, por serem provenientes de famílias de trabalhadores rurais e de terem trabalhado na atividade desde a infância. A pesquisa de campo mos-trou que isso é verdade para a realidade do extrativismo nos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte. No Piauí, no entanto, em geral, os rendeiros são grandes proprietários, originários de famílias com posse dessas terras, não tendo vínculo com o trabalho direto em campo.

Em geral, o rendeiro transporta o produto até a indústria, onde é realizada a análise do teor de pureza e, com base neste, feito o pagamento. Em algumas regiões, observa-se a prática de entregar o pó contra a assinatura de uma nota promissória, a título de “adiantamento”, pelo tempo que durar a realização da análise da qualidade do pó, feita pelo receptor do material, não havendo possi-bilidades de contestação do resultado, visto que o rendeiro, nesse momento, já está comprometido com o montante recebido.

O corte dos carnaubais é feito por trabalhadores reunidos em turmas, cujo número e quantidade de trabalhadores são definidos de acordo com a maior ou menor quantidade de palhas (em milheiros) a ser derrubada durante uma safra. Os trabalhadores podem ser contratados diretamente pelos proprietários e rendeiros ou por um terceiro, que faz a intermediação e é contratado por produção.

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A atividade envolve trabalhadores especializados nas funções de vareiro, aparador e enfiador, formando a “vara” ou “terno”. O vareiro é aquele que, com uma vara de bambu, corta as folhas da palmeira e é denominado também de derrubador, cortador, foiceiro ou taboqueiro. O aparador é aquele que apara os talos da folha com uma faca, retirando os espinhos, sendo também conhecido por cambiteiro ou desenganchador. Em geral, o trabalho de cada vareiro requer o de dois aparadores. O enfiador recolhe as folhas do chão, já sem os espinhos, amarrando-as em feixes de 20, 25 ou 50 folhas, dependendo da região em que trabalha15.

Em geral, a turma que compõe a “vara” é formada por membros com laços familiares. O vareiro é o trabalhador com maior especialização e mais experiência, responsável pela operação mais perigosa, o corte das folhas na árvore, feito com uma foice presa à extremidade de uma vara de bambu. As varas de bambu são de três tipos, de acordo com a altura da planta (variando de 5 a 12 metros de comprimento), conhecida como “vara de cortar olho”. O talo seco da palha serve para amolar a foice, com ajuda de terra e pedra de amolar.

As funções complementares são: junteiro, carroceiro, lastreiro, bombeiro e cozinheiro. O junteiro é também conhecido por moieiro, recolhedor ou ajuntador, sendo responsável por juntar os cambos (feixes) preparados pelo enfiador, fazen-do a contagem da palha (com um instrumento feito da ponta do olho da palha) e verificando se os cambos estão completos. O carroceiro é conhecido também como tangedor, comboieiro ou carregador. Coloca os cambos (feixes) no animal (burro ou jumento) ou carroça para transporte da palha até o local de secagem, onde a palha permanecerá de 6 a 12 dias, dependendo da região. Observou-se que no Vale do Jaguaribe (CE), além desses dois meios de transporte, é comum a utilização de caminhões. Nesse caso, o transporte de palha ocupa entre duas e quatro pessoas. No Rio Grande do Norte, observou-se que o principal meio de transporte ainda é a carroça puxada a boi ou burro, que ocupa somente duas pessoas, pelo fato de existir uma haste fixa no centro da carroça, na qual ficam presos os feixes de palha.

O lastreiro estende as palhas no lastro (que é o local onde são postas as folhas tipo palha e olho para secar, geralmente no próprio chão), sendo também

15 Em algumas regiões, observou-se que um único trabalhador exerce as funções de aparador e enfiador, além da de junteiro, que será descrita à frente.

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denominado de espalhador ou estendedor. O bombeiro abastece todo o grupo de água para consumo. Em algumas regiões, esta figura não existe, sendo cada trabalhador responsável pelo provimento de água para consumo próprio. Da mesma forma, em algumas regiões, o cozinheiro se faz presente em cada turma de cinco trabalhadores, sendo responsável pelo preparo do alimento. Nas regiões em que não há a figura do cozinheiro, cada trabalhador fica responsável pela provisão de sua alimentação.

Pode-se observar, ainda, a figura do mateiro e/ou do fiscal, que tem o papel de conferir a palha que cai quando cortada pelo vareiro. Este trabalhador é dispen-sável nos casos em que a remuneração dos demais é feita com base em milheiros de palhas derrubados, quando há maior preocupação do grupo em aumentar sua produtividade, não havendo necessidade de fiscalização; o mateiro também é responsável por juntar os restos de palha que permanecem pelo campo após o trabalho dos demais (Fotos 21 e 22).

Foto 21 – Vareiro em Limoeiro do Norte (CE)Fonte: Autores.

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Esses trabalhadores, por via de regra, são desprovidos de organização e capital (terra, recursos financeiros ou outros bens). Por isso, vendem sua força de trabalho ao rendeiro, o qual determina as condições de trabalho e remuneração. A mão-de-obra ocupada nessa fase é basicamente masculina e não há a presença de crianças. Em alguns casos, como os observados em Cariré (CE), Russas (CE) e Felipe Guerra (RN), encontram-se mulheres no campo exercendo atividades mais leves ou que exigem maior delicadeza de movimentos, a exemplo da separação de palha e olho (no lastro). A ocupação é sazonal, sempre no período de estiagem. Quando não há atividade extrativa (em geral, de janeiro a julho), os trabalhadores vendem dias de serviço no trabalho da agricultura. É baixo o nível de escolaridade dos trabalhadores.

As condições físicas de trabalho em campo são precárias, pois o processo extrativo é rudimentar, insalubre, inseguro, além de árduo, utilizando-se ferramentas primitivas e com sérios riscos: as hastes pontiagudas das folhas podem cair sobre o operador com alta velocidade, podendo, inclusive, mudar de direção pela ação do vento; ao realizar a operação de corte, o vareiro puxa a foice em sua direção, o que aumenta a probabilidade de a folha cair sobre ele e provocar acidentes pessoais (inclusive cegueira) ou na palmeira (que pode resultar em sua morte16); o manuseio da vara de bambu que suporta a foice pode provocar também problemas de coluna cervical. Por tudo isso, a operação exige perícia do trabalhador. Como

16 A morte da palmeira ocorre no caso de corte equivocado da “barriga amarela”, broto terminal que não tem pó e é responsável pela sobrevivência da árvore.

Foto 22 – Aparador/Enfiador em Limoeiro do Norte (CE)Fonte: Autores.

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forma de proteger-se de ferimentos durante a derrubada das palhas, o vareiro utiliza óculos escuros, bonés, chapéus, camisas e calças longas (Foto 23).

No entender de Ikeda (IPT, 2002), essa ferramenta de corte da folha pode receber aperfeiçoamentos de forma a tornar a operação menos árdua e perigosa. Este pesquisador sugere a utilização de uma vara de alumínio temperado (bem mais leve que a utilizada atualmente) e lâminas auto-afinantes na foice, ou substituí-la por tesouras de corte. Para proteção do corpo, o vareiro poderia utilizar escudos de material transparente, de forma que o corte pudesse ser efetuado com a vara na posição mais próxima da vertical, o que reduziria o peso e, conseqüentemente, o esforço humano na operação.

A quantidade de folhas cortadas por vareiro durante um dia de trabalho sofre influência de outros fatores, além dos já citados, como altura das árvores, densidade do campo e vegetação existente. Mesmo assim, o vareiro consegue obter elevada produtividade no trabalho de corte (laça três a cinco folhas de cada vez e corta de oito a doze milheiros de folhas por dia). Além disso, a operação é

Foto 23 – Acessórios Utilizados pelo Vareiro para Evitar Ferimentos, em Limoeiro do Norte (CE)

Fonte: Autores.

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simples e de baixo custo, o que reforça a resistência dos trabalhadores em mudar de ferramenta.

Em geral, são cortadas de 35 a 40 folhas por palmeira, as quais, após derru-badas, sofrem o corte do talo e são amarradas em feixes com 20, 25 ou 50 folhas, dependendo da região e tipo de transporte utilizado. Os feixes, presos de dois em dois, formam os “cambos”, os quais servem de base para o pagamento aos trabalhadores, se for o caso de serem remunerados por produtividade (milheiros derrubados). A coleta dura, em média, 120 dias, no período do verão (em que não há ocorrência de chuvas).

Do local do corte, as folhas são levadas ao lastro para secagem17 e estendidas separadamente conforme o tipo, “olho” (mais novas, ainda fechadas) e “palha” (mais velhas, completamente abertas), onde permanecem por um período de 8 a 10 dias, dependendo da região e da insolação. Elas produzem o “pó de olho” e o “pó de palha”, respectivamente, sendo o primeiro mais valorizado por conter menos impurezas e produzir cera de melhor qualidade. O transporte das folhas até o lastro pode ser feito por jumento, carroça (puxada a boi ou burro) ou cami-nhão, dependendo da região e das condições financeiras do rendeiro/proprietário (Fotos 24 e 25).

17 O lastro é uma área escolhida no campo, ao ar livre, em cujo solo batido estendem-se as folhas para secagem ao sol.

Foto 24 – Carroça de Transportar Palha para o Lastro

Fonte: Autores.

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Em virtude da elevada perda de pó durante o processo de secagem das fo-lhas, algumas tentativas de melhoria foram realizadas ao longo dos anos, dentre as quais, pode-se citar a introdução do método de, com uma faca, cortar em tiras as folhas ainda verdes (o que os trabalhadores denominam de riscar) e antes de serem espalhadas no lastro para secagem. Isso evitaria a perda de pó nas folhas fechadas no processo de secagem, bem como reduziria o tempo de secagem. Essa inovação, citada por Johnson (1972) também foi observada na fala de en-trevistados. O mesmo autor cita a construção de um muro baixo circundando a área de secagem, como forma de redução da perda do pó por causa do vento. No entanto, não se observou a existência desse aparato durante a pesquisa de campo. Em 1934, Bayma (1958) sugeriu a construção de um forno de secagem com controle de temperatura e umidade, como forma de reduzir a área e o tempo de secagem. Algumas tentativas de eliminar a secagem ao ar livre foram feitas também pela Companhia Johnson18, tendo sido realizadas a partir de 1937,

18 A SC Johnson é uma companhia norte-americana fabricante de produtos de limpeza que, na década de 1930, utilizava a cera de carnaúba como principal matéria-prima para a elaboração de seus produtos. No ano de 1935, Herbert Johnson Junior, presidente da empresa, partiu de Racine, Wisconsin (EUA) para Fortaleza, em um hidroavião modelo Sikorsky S-38C, o “Spirit of Carnaúba”. A razão da longa (e heróica) viagem para o Brasil (já que apenas Charles Lindenberg havia cruzado o Atlântico em um vôo oceânico, em 1927) era conhecer a região de origem da cera de carnaúba e investigar a sustentabilidade da palmeira que a produzia, se era possível cultivá-la a fim de ter uma fonte de recursos renováveis e manejáveis. O percurso, chamado de “Expedição Carnaúba”, foi realizado em quase dois meses, por conta de problemas técnicos e climáticos, totalizando 168 horas de vôo. Johnson Jr. pousou na Barra do Ceará, construiu moradia e laboratório para estudos (a Fazenda Raposa) e logo após instalou em Fortaleza sua primeira fábrica de cera no Brasil, a Ceras Johnson. Em 1998, o filho Sam e os netos Fisk e Curt Johnson refizeram o percurso, numa réplica do Sikorsky

Foto 25 – Lastro para Estender a Palha, em Russas (CE)

Fonte: Autores.

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experiências com estufa, armazém ventilado e ar quente em quartos ventilados (JOHNSON, 1972). Nos anos de 1950, a Companhia Morais S. A., localizada em Parnaíba (PI), fez outra tentativa de inovação na secagem do pó, conforme citado por Johnson (1972), que consistia num grande forno de tijolo aquecido por ar quente, com capacidade de secar 10 mil folhas em 4 horas e rendimento em pó 50% a mais que o método de secagem no lastro.

A mais recente alternativa tecnológica de secagem das folhas de carnaúba surgiu entre os anos de 2001 e 2002, a partir de experiência de desenvolvimento de um secador solar, no município de Campo Maior (PI). O objetivo era testar a tecnologia no que concerne ao tempo de secagem, aos índices de rendimento e qualidade do pó cerífero e da cera em relação ao método tradicional. O protótipo de secador foi construído pelos professores Raimundo Tomaz da Costa Filho e José Antonio S. S. Filho, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí (UFPI), resultado de parceria BNB/Fapepi/UFPI.

De acordo com informações do relatório final da pesquisa apresentado ao BNB-Etene, este secador é constituído de uma estufa com paredes de plástico flexível transparente e teto de telhas de PVC transparentes, apresentando algumas vantagens importantes relativamente ao secador tradicional: necessitar de menos tempo de insolação (20 a 30 horas); conferir maior teor de cera pelo aproveita-mento integral do pó; melhor qualidade da cera e do pó obtidos (pelo menor teor de impurezas e umidade), com conseqüente redução dos custos de produção e elevação do preço do produto final; ganho na ordem de 28% para a folha-palha e 14% para a folha-olho em termos de rendimento do pó cerífero, ao se utilizar igual tempo de secagem para as duas condições; aumento de 34% e 22% para folha-palha e folha-olho, respectivamente, em termos de rendimento em cera.

A grande desvantagem deste secador solar é que, além de ser fixo, apresenta custo elevado, o que limitou a adesão por parte dos responsáveis pela atividade no campo. Em depoimento oral, o pesquisador do IPT, Saburo Ikeda, após participação numa equipe de trabalho para um breve diagnóstico da atividade, afirma que o secador solar é uma alternativa que apresenta as possibilidades de solucionar os problemas existentes na etapa de secagem das folhas. Entretanto, para que seja

S-38C, em homenagem ao espírito aventureiro do patriarca, para ver o que ele havia construído no Ceará, aproveitando a oportunidade para doar algumas das aquisições a entidades do Estado (CARNAUBEIRA..., 2005).

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viável economicamente, necessita ser transformado num equipamento móvel e portátil, de modo que permitisse o seu deslocamento até o campo, de forma a reduzir a distância de transporte das folhas. Tal proposta até o momento desta pesquisa ainda não se concretizara em projeto.

Verifica-se que nenhuma das inovações com a secagem mecânica chegou a ser adotada nas áreas onde ocorre o extrativismo da carnaúba. Até os dias atuais, o que se observa em campo é a utilização do método tradicional de secagem ao sol, em que a palha é estendida em campo aberto, exatamente como descrito nos diversos documentos que tratam do desenvolvimento da atividade desde seus primórdios. Embora não existam pesquisas para quantificar a perda de pó cerífero na etapa de campo, estimativas de alguns autores mostram que é bastante elevada e ocorre durante o corte da folha, no transporte para o lastro, na secagem e na extração propriamente dita. Somente na operação de secagem, a mais demorada (dura entre seis e doze dias), ocorre perda de cerca de 20% de pó, de acordo com D’alva (2007 citando documento do Ministério da Agricultura de 1949), principalmente no manuseio das folhas secas, mas também pela exposição ao vento e à chuva. Porém, o maior desperdício ocorre na operação de extração do pó19, em torno de 40%, de acordo com Johnson (1972).

As relações trabalhistas nas operações de campo são precárias em todas as regiões, não existindo vínculo formal. A remuneração nas atividades de corte, transporte e secagem pode ser feita com base em dias trabalhados – em torno de 50 horas por semana, nove nos dias normais, mais cinco ou sete horas no sábado20 – (Tabela 7), ou na quantidade de milheiros derrubados por dia (Tabela 8). No Vale do Jaguaribe (CE), predomina o pagamento do serviço por milheiro derrubado; no Vale do Acaraú, predomina o pagamento com base em diárias; no Rio Grande do Norte, o sistema mais utilizado é o de diárias. No Piauí, se utilizam ambos os parâ-

19 Ver descrição de todo o processo no item 4.2.20 Vale destacar o verificado no Distrito de Catuana, município de Caucaia (CE), em que se observaram duas

situações distintas. O horário definido pelos trabalhadores residentes em Catuana é de 5 horas da manhã até às 14 horas, motivo de insatisfação para os proprietários/rendeiros que gostariam de contar com carga de trabalho mais larga. Por isso, e pelo fato de a mão-de-obra local ser reduzida, em contingente, contratam o trabalho de homens que se deslocam de Santana do Acaraú, Morrinhos, Moraújo e Coreaú, e que se submetem a horário de trabalho mais elástico, até às 16 horas, resultando em maior produção diária que aquela obtida pelos trabalhadores locais. Em geral, os trabalhadores oriundos de outros municípios chegam a Catuana durante o mês de agosto, lá permanecendo até a véspera de Natal, no mês de dezembro. A sistemática adotada no lugar é a seguinte: no mês de fevereiro, os proprietários/rendeiros adiantam dinheiro para os trabalhadores dos outros municípios, para que eles trabalhem suas lavouras, como forma de assegurar que essa mão-de-obra lhes servirá durante o segundo semestre do ano, ocasião em que será descontado o montante adiantado no início do ano.

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metros21. Num e noutro sistema, a variação de valor é bastante ampla, o que dificulta a elaboração de tabelas de remuneração e gastos com a atividade. Nas Tabelas 7 e 8, são apresentadas as médias das remunerações observadas em campo, num esforço de sistematização necessária para a realização dos cálculos do Capítulo 5.

Tabela 7 – Remuneração Média dos Trabalhadores nas Fases de Corte, Transporte e Secagem da Palha de Carnaúba – com Base em Diária

Valores em ReaisFunção Remuneração média diária

Vareiro 1�,00Aparador 12,�0Enfiador 12,�0Ajuntador 12,�0Carroceiro/comboieiro 12,�0Lastreiro 12,�0Mateiro 11,�0Bombeiro 10,00Fiscal 11,�0Cozinheiro 10,00

Fonte: Pesquisa de campo (200�).Nota: (*) É comum encontrar em campo um único trabalhador exercendo as três funções (aparador,

enfiador, ajuntador) e sendo remunerado somente por uma.

Tabela 8 – Remuneração Média dos Trabalhadores nas Fases de Corte, Transporte e Secagem da Palha de Carnaúba – Base em Milheiro

Valores em ReaisFunção Remuneração média por milheiro de palha derrubado

Vareiro 3,00Aparador 1,30Enfiador 1,30Ajuntador 0,70Carroceiro 1,10Lastreiro 1,20Mateiro 1,00Bombeiro Remuneração por diáriaCozinheiro Remuneração por diária

Fonte: Pesquisa de campo (200�).Nota: (*) Considerando-se a média de 10 milheiros de palha derrubados por dia.

21 Observou-se uma tendência de se fazer o pagamento na base de milheiros quando existe uma situação favorável na área, sem vegetação em torno dos carnaubais; do contrário, a preferência é pelo pagamento em diárias.

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4.2 – Etapa 2: extração do pó cerífero

Finalizada a secagem das folhas ao sol, inicia-se o processo de retirada do pó cerífero, que pode ser manual (através do método do riscado e batimento da palha com cacete), gerando o “pó de cacete”, ou com a utilização de máquinas providas de um equipamento denominado “triturador de facas”, geralmente mo-vidas a diesel, montadas em caminhões, gerando o “pó de máquina”.

Segundo D’alva (2007), o processo de “bateção” foi inteiramente manual até a década de 1940. Johnson (1972) afirma que, originalmente, a “bateção” para retirada do pó cerífero era feita no local de secagem. As palhas eram colocadas sobre um pano e batidas com uma vara. Com o passar do tempo, esse trabalho passou a ser realizado em pequenas construções fechadas, a fim de reduzir as perdas do pó pelo vento e chuva. Esse processo continua sendo utilizado nas áreas em que há produção artesanal a partir das palhas. Durante a pesquisa de campo, observou-se, em Felipe Guerra (RN), a existência de uma construção dessa natureza, em atividade, numa fábrica de vassouras. Na construção, denominada “catimbóia”, composta por uma porta e uma janela, repousava sobre uma espécie de banco, o trinchador (composto de uma série de facas montadas verticalmente, nas quais se passam as palhas para dividi-las em tiras de largura apropriada para a produção de vassouras) (Foto 26) e onde, em seguida à trinchagem, procedia-se à “bateção” para extração do pó. Este trabalho é inteiramente realizado por homens.

Foto 26 – Trinchador da Palha para Produção de Vassouras, em Felipe Guerra (RN)

Fonte: Autores.

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Em Cariré (CE), verificou-se o trabalho de extração do pó cerífero numa pequena construção fechada denominada de “paiol”, com apenas uma porta e pequena abertura para ventilação. Nesse caso o método utilizado era o “riscado” da palha, operação realizada por mulheres (Foto 27). Essa operação é feita so-mente com palha-olho, como forma de preservá-la para a fabricação de chapéus, vassouras ou outro tipo de artesanato de palhas. A atividade de riscar a palha é insalubre, em virtude da grande quantidade de pó que se dissipa e pelo fato de ocorrer em ambiente fechado e sem nenhuma proteção22. Após serem riscadas, as palhas passam pelo processo de “bateção”, que é feito por homens. Nessa região do Vale do Acaraú, observa-se com freqüência a extração do “pó de olho” dessa maneira, para abastecer de palhas as várias fábricas de chapéus existentes no município de Sobral. Além disso, muitas mulheres têm o hábito de produzir chapéus para serem vendidos no mercado local (feiras livres e mercearias).

Em campo, observou-se a seguinte remuneração média diária dos trabalha-dores na extração manual do pó cerífero: trinchador, R$ 20,00/dia; batedor, R$ 12,00/dia; riscadeira, R$ 6,00.

A extração mecânica do pó cerífero é feita em máquinas de bater palhas instaladas em carrocerias de caminhões ou em reboques puxados por tratores, a

22 No entanto, durante a pesquisa de campo, uma das mulheres que trabalhava no “riscado”, ao ser interrogada sobre o assunto, afirmou viver deste ofício há mais de 50 anos e nunca haver sentido nada de errado com seus pulmões.

Foto 27 – Mulher Trabalhando no Riscado da Palha de Carnaúba, em Cariré (CE)

Fonte: Autores.

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fim de serem locomovidas de lastro em lastro. Extraem-se, em média, 7,5kg de pó por cada milheiro de palha triturado. Tais máquinas são um aperfeiçoamento da Guarany-Ciclone, que funcionou até meados da década de 1960, quando o mecânico potiguar Francisco Moreira Pinheiro, com algumas inovações, tornou-a mais leve e potente, transformando-a em três tipos, de acordo com nova capacidade de trituração num dia de 12 horas de funcionamento: Tipo A (100 milheiros de palhas); Tipo B (200 milheiros de palhas); Tipo C (300 milheiros de palhas). Este é o modelo atualmente utilizado em todos os campos em que, no próprio lastro, procede-se à extração e ao ensacamento do pó.

A máquina Guarany-Ciclone, que foi patenteada em 1938 pelo piauiense Demerval Rodrigues, era pequena, pesava cerca de 280kg e batia 50 milheiros de palhas por dia (Foto 28).

Até chegar ao atual modelo e, paralelamente, ao uso da Guarany-Ciclone, diversas experiências foram realizadas, buscando melhorar o método de extração do pó cerífero. A primeira invenção, de autoria do senhor Evaristo Miguel Reis, proprietário de pequeno campo de carnaúba no Piauí, ocorreu em 1935. Con-sistia em submergir as palhas em água quente e agitá-las de modo que a cera se desprendesse (JOHNSON, 1972).

Segundo Johnson (1972), por vários anos pesquisadores da Companhia Jo-hnson desenvolveram experimentos na tentativa de produzir um substituto para a

Foto 28 – Máquina Guarany Ciclone, de Propriedade da Foncepi (Piripiri, PI)

Fonte: Autores.

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Guarany-Ciclone. No entanto, os resultados finais de todos eles apresentaram-se em desvantagem comparativamente aos obtidos com o modelo existente, cujo uso e aceitação se ampliavam em virtude, também, de sua fácil adaptação ao sistema já estabelecido no extrativismo da carnaúba.

Mais recentemente, em viagem de observação realizada pelas áreas de extra-tivismo da carnaúba, no Estado do Piauí, o pesquisador do IPT, Saburo Ikeda (IPT, 2002) comenta que o equipamento atualmente utilizado oferece possibilidades de melhorias significativas, desde que sejam introduzidas algumas inovações tecnológicas, utilizadas em colheitadeiras. Segundo ele, utilizando tal tecnologia, não haveria trituração das folhas, o que ofereceria duas vantagens: pó de melhor qualidade, pela isenção de restos de palha; preservação da palha para a utilização artesanal ou na construção civil.

As atuais máquinas de bater palha (Foto 29) podem pertencer ao rendeiro ou a terceiros. Num e noutro caso, pode haver terceirização da máquina. É comum a terceirização para o chefe da turma de trabalhadores (motorista), conforme o observado em Granja (CE)23. O trabalho de “bateção” (Foto 30) requer as se-guintes ocupações:

a) um motorista/maquinista/chofer/operador (conduz o trator até o lastro e também faz o trabalho de manutenção da máquina);

b) um a dois empurradores/cevadores/alimentadores/metedores (com a função de alimentar a máquina com as palhas a serem trituradas);

c) um a três feixeiros/encostadores/carregadores/palheiros (trabalham fora da máquina, levando os feixes de palha do lastro até a máquina);

d) um a três baganeiros (retiram a bagana e a espalham no campo);

e) um cozinheiro.

O trabalho realizado na máquina é feito em ambiente fechado e sem ven-tilação, com pouca luz e sem uso de máscara (para proteger nariz e boca do

23 No caso observado, a máquina é alugada ao motorista, que contrata e paga o grupo com base em diárias, responsabilizando-se também pela alimentação. Alguns rendeiros/proprietários, ao invés de alugarem a máquina ao motorista, preferem fazer o pagamento diretamente aos trabalhadores, inclusive motorista, com base em diárias e, nesses casos, fornecendo a alimentação ao grupo. Quando a contratação é realizada nessas bases, segundo informações de entrevistados, ocorre queda na produção diária, criando a necessidade de contratar mais um trabalhador para exercer a função de fiscal.

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excesso de pó suspenso no ar), aumentando o risco de doenças nos olhos e nos pulmões, situação agravada pelo forte calor de verão nessa região (Foto 31). Uma desvantagem desse método com relação ao manual é a de deixar restos de palha triturada em meio ao pó, dificultando as fases industriais de extração e clareamento da cera.

O pó resultante da “bateção” cai diretamente num grande cilindro de lona (minhocão) que permanece acoplado à máquina durante todo o processo e de onde se recolhe o pó para sacos de ráfia de 40 a 60 kg (Foto 30).

Foto 29 – Máquina Guarany Ciclone Atual, em Apodi (RN)

Fonte: Autores.

Foto 30 – Homem batendo Palha na Atual Máquina Guarany - Ciclone, em Felipe Guerra (RN)

Fonte: Autores.

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A variação e a média da remuneração diária dos trabalhadores nessa etapa é apresentada na Tabela 9.

Tabela 9 – Variação e Remuneração Média Diária dos Trabalhadores na Fase de Extração do Pó Cerífero por “bateção” Mecânica – Base em Diárias

Valores em ReaisFunção Remuneração média diária

Motorista/maquinista/chofer/mecânico 1�,00

Empurrador/metedor 13,�0

feixeiro/encostadores/carregadores/palheiros 12,�0

Baganeiro 13,�0Cozinheiro 10,00

Fonte: Pesquisa de campo (200�).

Foto 31 – Trabalhadores na Máquina Guarany Ciclone: Falta de Proteção, em Felipe Guerra (RN)

Fonte: Autores.

Foto 32 – Minhocão, em Felipe Guerra (RN)Fonte: Autores.

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Observaram-se três formas de pagamento pelo serviço de extração de pó: por quilo de pó (média de R$ 0,29/kg, em 2006), por milheiro de palha (média de R$ 2,00/milheiro, em 2006) ou em percentual de pó (média de 20%, em 2006). Pode ser pago integralmente ao dono da máquina (se ele próprio for o responsável pela extração) ou dividido entre este (que receberá em torno de 20%) e o responsável pela extração, quando a máquina de extração é terceirizada (em torno de 80%).

4.3 – Etapa 3: beneficiamento do pó cerífero

Existem dois tipos de processamento do pó a se considerar: o artesanal e o industrial. O artesanal produz a chamada cera de origem; o industrial produz a cera refinada, a partir do refino do pó, da cera de origem ou da borra da cera de origem.

4.3.1 – Processo artesanal

Sabe-se que existem diversas pequenas indústrias artesanais de cera nos Es-tados do Ceará e Rio Grande do Norte, embora não se disponha de informações quanto ao número. Durante a pesquisa de campo foi possível visitar algumas, bem como ouvir relatos da existência de outras, tanto no Ceará quanto no Rio Grande do Norte. No Piauí, entretanto, não se obteve registro da existência de produtores de cera artesanal. Acredita-se que o fato de a exploração ocorrer prioritariamente em grandes propriedades contribui para a ausência de indústrias artesanais, tendo em vista que nos demais estados elas predominam nas pequenas unidades rurais.

Observou-se a existência de fábricas de tamanhos diversos, com escalas de produção distintas, em condições de manutenção as mais variadas. Os equipa-mentos básicos são a caldeira a lenha, a prensa e o tanque de secagem, podendo haver variações, de acordo com a região e a escala de produção.

Na caldeira (Foto 33), coloca-se o pó a ser beneficiado, com a adição de água, para aquecimento, utilizando-se madeira de algaroba como combustível.

As prensas utilizadas (Foto 34) têm um filtro feito com malha e palhas de carnaúba. Geralmente, são rústicas e sua operação exige grande esforço dos trabalhadores.

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Os tanques rasos, construídos em cimento, no chão, ou de placas retangulares de madeira, denominados de gamelas (Foto 35), servem para resfriar e secar a cera, gerando uma forma sólida, denominada de “pão de cera de carnaúba”.

Foto 33 – Caldeira para Cozimento do Pó Cerífero, em Felipe Guerra

Fonte: Autores.

Foto 34 – Prensa da Cera de Origem, em Felipe Guerra (RN)

Fonte: Autores.

Foto 35 – Gamela de Resfriamento e Secagem da Cera de Origem, em Felipe Guerra (RN)

Fonte: Autores.

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O beneficiamento compreende as etapas de cozimento do pó, prensagem, filtragem, recozimento, solidificação, quebra e embalagem. Um proprietário de fábrica artesanal localizada no município de Felipe Guerra (RN), em entrevista, discorreu sobre o processo de beneficiamento do pó cerífero: o pó extraído por batimento manual ou mecânico é misturado à água na caldeira, na proporção de 200kg para 15 latas (de 18 litros cada), a fim de ser cozido a uma temperatura em torno de 120ºC, o que demora cerca de 3 horas. Com o aquecimento e fer-vura, parte da cera (cerca de 90kg) já sai pronta (cera de borra), na forma líquida. Quando no ponto ideal (a cera líquida se eleva), o líquido escoa pela abertura lateral superior da caldeira, caindo dentro de um tambor (Foto 33).

Em seguida, este material é transportado para o tanque de recarga, aí perma-necendo por cerca de 5 horas, a fim de que ocorra resfriamento e solidificação. O material que permanece na caldeira, após esta primeira etapa, é denominado de borra e é levado para a prensa por cerca de 10 minutos, gerando aproximada-mente 60kg de cera úmida. Depois de prensada, é levada novamente para ferver (recozimento), só que, agora, em latas de querosene (Foto 36), por volta de 40 minutos e, em seguida, submetida novamente ao processo de prensagem, obten-do-se, ainda, entre 30 e 35kg de cera que irá para o resfriamento e solidificação no tanque. Tal como descrito pelo produtor, no final do processo, acumulam-se cerca de 180kg de cera de origem, o equivalente a um rendimento do pó em torno de 90%, bastante superior à média observada, em torno de 64% (4,8kg de cera/7,5kg de pó). O líquido restante, após a retirada da borra, é denominado de barreiro. O barreiro é fervido e prensado e, o que sobra desse processo é o ricum da palha, que vai funcionar como adubo orgânico24.

A cera de origem obtida pode ser de três tipos: a partir do beneficiamento do “pó de olho”, obtém-se a cera amarela ou “cera olho”; do “pó de palha” se obtêm dois tipos, a arenosa, verde-acinzentada, com 6% de água em média, e a cera gorda, negro-esverdeada, a qual difere da arenosa por não ter água em sua composição (Foto 19, Capítulo 3).

24 Neste caso, o rendimento de cera gira em torno de 90%, que diverge bastante do rendimento mencionado na literatura e de outros relatos obtidos durante a pesquisa de campo (ver estimativas de custo e receita no Capítulo 5). Bayma (1958) sugere um rendimento de 63%, ao afirmar que, de 2.000 folhas, se extraem 15kg de cera; cartilha elaborada pelo Sebrae sugere rendimentos de 80% e 60% na cera de origem originária de pó olho e pó palha, respectivamente (SEBRAE-CE, 1994); durante a pesquisa de campo em Felipe Guerra (RN), ouviu-se o relato de que existe uma variação no rendimento de cera de acordo com o tempo de descanso dado às plantas para realização do corte das folhas, que pode ser de um ano (pó de um ano), ou dois (pó de dois anos), sendo que o pó de um ano permite um rendimento de 65 a 70% de cera, enquanto o de dois pode atingir um rendimento de 75% de cera.

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D’alva (2007) afirma que, além da utilização de água, lenha e pó cerífero na produção de cera de origem, pode ocorrer a introdução de ácido oxálico, produ-to químico que serve de catalisador no processo de decantação de impurezas e clareamento da cera amarela, único fator de contaminação ambiental. O mesmo autor menciona relato de um produtor sobre a possibilidade de substituição desse insumo por suco de limão ou raspa de marmeleiro (planta que compõe a vegetação da caatinga).

As desvantagens no processo artesanal de obtenção da chamada cera de origem são:

a) ausência de controle de temperatura na fusão do pó e utilização de recipientes inadequados, que, quando em contato direto com o fogo, queimam partes do “pão de cera”, gerando muitas vezes um produto de qualidade inferior, ao ser analisada nos laboratórios industriais;

b) exposição dos trabalhadores envolvidos na fusão do pó ao risco de aci-dentes (queimaduras), devido à ausência de equipamentos de segurança apropriados25.

O número de ocupações na indústria artesanal de cera é muito baixo. Segundo informou um entrevistado de Catuana, distrito do município de Caucaia (CE), a

25 Existem relatos de acidentes provocados pelo vazamento de cera quente da caldeira, bem como no momento da prensagem.

Foto 36 – Recozimento da Cera de Origem em Latas Querosene, em Cariré (CE)

Fonte: Autores.

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ocupação da mão-de-obra está ligada ao número de prensas, da seguinte forma: cada prensa destinada à produção de cera branca (olho) ocupa 02 pessoas, pelo fato de o cozimento ser rápido e exigir muita atenção; cada prensa destinada à produção de cera preta (palha) ocupa 01 pessoa. Essa quantidade, no entanto, é variável, dependendo da escala de produção e das condições de funcionamento. As funções na indústria artesanal são as de fogueiro e prensadores (Foto 37), cujas remunerações variam entre R$ 10,00 e R$ 15,00 por dia. As condições de trabalho são precárias, principalmente dos trabalhadores envolvidos na fusão do pó, que, devido à ausência de equipamentos de segurança apropriados, estão expostos ao risco de acidentes; além disso, os empregos não são formais.

Observou-se, em algumas indústrias artesanais, a existência de um espaço reservado à extração manual do pó de folhas “olho”, que é a forma utilizada quando se pretende utilizar a palha para fins artesanais, a fim de não danificá-la.

Foto 37 – Prenseiro (ou Prensador) de Cera de Origem, em Felipe Guerra (RN)

Fonte: Autores.

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Essa situação cria ocupações em duas funções: “riscado” (feito por mulheres26) e “bateção” (feita por homens). Noutras indústrias artesanais, ao invés da criação do espaço reservado ao riscado, o proprietário entrega as folhas “olho” aos ar-tesãos, os quais realizam por conta própria o trabalho de “riscado” e “bateção” e, em contrapartida, comprometem-se a entregar o pó extraído, ficando com a palha para fabricar suas peças artesanais. Essa transação é feita com base em laços de confiança e não envolve recursos financeiros, segundo informou um dono de fábrica artesanal.

É importante ressaltar que, quando existe a destinação da palha para a produ-ção artesanal (vassouras, chapéus, cestos, tapetes etc.), eleva-se significativamente o número de ocupações femininas na atividade, desde a etapa de extração do pó, que passa a ser feita manualmente conforme descrito anteriormente, até a produção dos diversos produtos artesanais. Na zona norte do Estado do Ceará, por influência das diversas fábricas de chapéus instaladas em Sobral, várias mulheres ocupam-se na elaboração deste produto, principalmente nos municípios de Sobral, Massapê, Uruoca, Martinópole, Granja e Camocim. Tanto no meio urbano quanto no rural, observam-se mulheres sentadas nas calçadas de suas casas confeccionando chapéus sob encomenda de intermediários que os negociam com as fábricas.

Outro trabalho que tem envolvido a mão-de-obra feminina, principalmente na região do Vale do Jaguaribe e do Acaraú, é a produção de embalagem (uma espécie de “camisa” de palha), utilizadas pela Ypióca27 nas suas aguardentes tipo exportação, atualmente ocupando em torno de cinco mil artesãs, de acordo com informações obtidas em vídeo informativo sobre a empresa.

De acordo com D’alva (2007), as indústrias exportadoras absorvem a quase totalidade da cera de origem produzida nas diversas fábricas artesanais, transação realizada, em geral, com a utilização de atravessadores que, por vezes, são pa-gos antecipadamente para garantir o fornecimento à indústria. O comércio local responde por uma pequena porção, principalmente na forma de cera polidora em estado sólido e não-refinada.

26 Em Cariré (CE), mulheres que riscavam a palha numa fábrica artesanal, trabalhavam de meio-dia às 16 horas e recebiam R$ 5,00/milheiro de palha riscado.

27 Indústria de aguardente de cana-de-açúcar instalada no Distrito de Messejana, município de Fortaleza (CE).

88

4.3.2 – Processo industrial

A transformação do pó em cera pelo processo industrial pode ser realizada de três formas, conforme representado nas Figuras 5, 6 e 7:

a) refino da cera bruta, a cera de origem obtida em processo artesanal (de olho ou da palha);

b) refino do pó para posterior produção da cera; e

c) processamento da borra da cera de carnaúba originária do processamento artesanal e industrial. A transformação ocorre em duas etapas: destilação e refinação.

Nas indústrias mais estruturadas, observa-se uma seqüência de procedimentos que se inicia com a pesagem da matéria-prima, etiquetagem e classificação. Em seguida, é feita a destilação e o refino.

Na destilaria, o pó, a cera bruta e a borra passam pelo processo de destilação utilizando solvente (aguarrás, benzina ou éter) adicionado de palha de arroz (para facilitar a extração da cera), transformando-se em cera gorda. Os equipamentos básicos utilizados na destilaria são a caldeira28 (aquecida a gás natural ou a lenha29), os extratores e os destiladores.

Na refinaria, é feita a filtragem, a centrifugação, a clarificação (agente químico na proporção adequada e adição de peróxido de hidrogênio), a escamação (que fornece o produto final frio e em forma de escamas) e a embalagem da cera oriunda da destilaria. A cera líquida é depositada em um tacho de ponto, segue para o filtro-pressão, depois é conduzida para um tacho de clareamento e, em seguida, para as escamadeiras (ambos fabricados em aço inoxidável, a fim de impedir a corrosão) e expedição. São necessárias 36 horas para completar o processo de produção de 15 toneladas de cera (Foto 38).

Concluído o processo de industrialização, a cera de carnaúba apresenta-se em três tipos: Um, Três e Quatro. O Tipo Um é o de melhor qualidade, originário do “pó de olho”, proveniente da folha do olho da carnaúba e tem utilizações nobres,

28 Existem quatro tipos de caldeira, classificação com base na capacidade: Tipo A (1.000kg); Tipo B (2.500kg); Tipo C (4.000kg); Tipo D (6.000kg).

29 Em campo, observou-se apenas uma indústria com caldeira aquecida a gás natural e que, em virtude do elevado custo do processo, os empresários discutiam a possibilidade de retorno ao aquecimento a lenha.

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tais como nas indústrias cosmética, farmacêutica, alimentícia e em emulsões. Os outros dois tipos se originam do “pó de palha”: a cera Tipo Três, de cor marrom-escura, é filtrada, sendo normalmente utilizada em tintas, vernizes e cera para polimentos; a cera Tipo Quatro é preta, centrifugada, empregada normalmente na fabricação de papel carbono (Foto 20, capítulo 3).

Algumas indústrias vêm introduzindo inovações tecnológicas no processo de refino de cera de carnaúba. Cite-se o processo de extração de cera que já vem sendo feito sem a utilização de palha de arroz, com redução do tempo de

Foto 38 – Ensacamento da Cera em Escamas, em Piripiri (PI)

Fonte: Autores.

Figura 5 – Fluxograma do Refino da Cera Bruta (de Olho ou da Palha)

Fonte: Ceará. Secretaria de Desenvolvimento Econômico (2003).

CERA BRUTA (Olho ou Palha)

Extração por Solvente

Filtração ou Centrifugação

Clarificação

Solidificação

EmbalagemCera TipoQuatro

EmbalagemCera Tipo Um

Depósito

Operação

Transporte

Legenda:

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residência em 5 vezes, promovendo economia significativa em solvente e energia; destilação a vácuo produzido por venturi, com o objetivo de recuperação de sol-vente; produção de cera pulverizada por moinho a jato de ar (micronização) ou

Figura 6 – Fluxograma do Refino da Cera do Pó (de Olho ou da Palha)

Fonte: Ceará. Secretaria de Desenvolvimento Econômico (2003).

Extração por Solvente

Filtração ou Centrifugação

Clarificação

Solidificação

Escamação

Embalagem

CERA TIPOQUATROEM ESCAMA

CERA TIPO UMEM TABLETES

Depósito

Operação

Transporte

Legenda:Escamação

Embalagem

Figura 7 – Fluxograma do Processamento da Borra de Cera de Carnaúba na Indústria

Fonte: Ceará. Secretaria de Desenvolvimento Econômico (2003).

BORRA DE CERA

Extração por Solvente

Filtração

Centrifugação

Clarificação

Escamação(Tambor)

Embalagem

CERAEM ESCAMA

CERAEM TABLETES

Depósito

Operação

Transporte

Legenda:Escamação

Embalagem

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outro processo semelhante, porém diferente no tratamento químico dado à cera (atomização). Tanto a micronização quanto a atomização deixam a cera Tipo Um com aparência semelhante ao leite em pó em cor e textura (Foto 39).

Outra inovação diz respeito à utilização da cera na forma de emulsão para conservação de frutas e hortaliças na pós-colheita (Apêndice C).

Apesar dessas inovações, a atividade continua exportando a cera na forma de commodity, quando deveria exportar derivados da cera, com maior valor agre-gado, sugerindo a necessidade de desenvolvimento tecnológico que contemple novos produtos.

De fato, embora saiba das inúmeras utilizações que se dão à cera de carnaúba, a indústria brasileira não possui o domínio sobre a tecnologia de transformação. A quase totalidade da cera produzida no país (estima-se em mais de 95%) é ex-portada na sua forma bruta. Nos países importadores, o produto passa por pro-cessos de refinamento e transformação, tornando-se componente na formulação de diversos produtos comercializados no mundo inteiro. O domínio tecnológico brasileiro ocorre somente sobre produtos de limpeza e de polimento para asso-alhos e automóveis, destinados ao mercado interno e, mais recentemente, sobre a emulsão para conservação de frutas, ainda em teste, mas cujos resultados já se mostram positivos.

Na etapa de beneficiamento industrial se observam melhores condições nas relações trabalhistas, tendo em vista que se verificam o emprego formal, o turno

Foto 39 – Cera de Carnaúba Atomizada, em Piripiri (PI)

Fonte: Autores.

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diário de 8 horas e salário em torno de 2 mínimos/mês, já inclusos os adicionais de insalubridade e horas extras. Além disso, todas as etapas do beneficiamento são conduzidas por máquinas operadas por funcionários, sendo observadas as normas de segurança do trabalho. Constatou-se, também, o cuidado com a ma-nutenção dos equipamentos.

Mesmo assim, o processo de beneficiamento do pó de carnaúba apresenta uma série de riscos nas suas diversas atividades (solventes, caldeira, prensa, refi-naria), que podem provocar acidentes químicos, com queimaduras etc.; doenças provocadas pelo elevado nível de ruído ou relacionadas à postura incorreta.

O processo produtivo é intensivo em tecnologia. Observam-se muitas indús-trias com pequeno contingente de pessoal trabalhando no fabrico da cera, geral-mente menos de dez pessoas, devido ao alto grau de automação das atividades em todas as etapas. Dentro das indústrias, todas localizadas no meio urbano, o nível de escolaridade dos trabalhadores, em geral, é superior ao observado no campo, a maioria com o primeiro grau completo. A mão-de-obra ocupada é masculina, exceto alguns casos nos trabalhos de laboratório onde ocorrem as análises da qualidade do pó recebido do campo.

No que se refere à questão ambiental, a indústria de cera apresenta pou-cos problemas. A poluição por pó na indústria é mínima. O solvente utilizado é completamente enclausurado. Trata-se de produto caro e inflamável, o que faz com que todos que o manuseiam tenham muito cuidado com a manutenção e a segurança.

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5 – PROCESSO PRODUTIVO: ESTIMATIVAS DE CUSTO E RECEITA

Durante a pesquisa de campo, ouviram-se depoimentos – em todos os segmentos da cadeia produtiva da carnaúba – sobre as dificuldades de se manter produzindo cera de carnaúba, diante do atual nível de preços no mercado. Alguns rendeiros queixam-se de estarem “pagando para trabalhar”; industriais sentem-se reféns de importadores, responsabilizando-os pela queda nos preços internacionais da cera. Também na literatura consultada, observaram-se reflexões sobre o assunto, confirmando a problemática que enfrenta a atividade. D’alva (2007), por exemplo, afirma que “sob o atual nível de preços, a margem de lucratividade da atividade é mínima e,em alguns casos, negativa”. De fato, de acordo com informações co-lhidas em campo, observa-se que a atividade enfrenta uma série de dificuldades em virtude de problemas ligados à tecnologia no processo extrativo (responsável pelos baixos rendimentos e qualidade do pó), capital para financiar o custeio da atividade (atualmente os agiotas emprestam a juros que variam entre 5 e 8% ao mês), preços (observa-se a formação de oligopsônio) e formas de comercialização, principalmente quando se trata de pequenos produtores/rendeiros. Tudo isso per-meado pela insuficiência de formas de organização e de associativismo em torno desta atividade econômica e por graves problemas de desarticulação entre os elos da cadeia produtiva, que a faz assemelhar-se mais a uma cadeia alimentar.

Essa problemática tem reflexos negativos, inclusive, na obtenção de informa-ções que retratem claramente a real situação da atividade e que possam servir de subsídio para a adoção de políticas de apoio. Não se têm, por exemplo, dados exatos sobre custos de produção, rentabilidade e lucratividade nas diversas eta-pas da exploração da atividade. Nas etapas de campo e na fabricação artesanal, a coleta dessas informações torna-se difícil, visto que inexistem controles dos processos de produção. No processo industrial, embora se realizem controles, o acesso é dificultado por se tratar de segmento bastante fechado devido à acirrada concorrência entre empresas.

Diante das dificuldades mencionadas, faz-se necessário ressaltar que os cálculos aqui realizados podem não refletir totalmente a realidade da atividade; representam estimativas a partir do que foi possível obter em campo e na biblio-grafia consultada.

Para estimar os custos relativos ao arrendamento, corte, secagem, extração e beneficiamento do pó, bem como da receita obtida com a comercialização do

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pó e da cera de origem e industrial, tomou-se como base a média dos números observados durante a pesquisa de campo, em que, na maioria dos itens, registrou-se uma variação de, no mínimo, 20% para mais ou para menos. Alguns dados, porém, foram extraídos de publicações sobre a atividade. Todas as informações que serviram de parâmetro para a realização dos cálculos e as tabelas resultan-tes das estimativas de custo e receita estão disponíveis nas tabelas 21 a 28 do Apêndice A30.

5.1 – Etapas 1 e 2: arrendamento, corte, secagem da palha e extração do pó

Além da falta de informações por inexistência de registro de controle das atividades, os dados referentes a custos nas etapas 1 e 2 são bastante variáveis em virtude da diversidade de condições de campo.

O rendimento da máquina de bater, por exemplo, apresenta grande variação. Alguns fatores influenciam no teor de pó das palhas, tais como regularidade do inverno, quantidade de pó perdida no processo de secagem, nível de umidade da palha, dentre outros. Tudo isso, aliado ao diâmetro utilizado nos furos da tela (se maior, haverá mais rendimento de pó, porém com menor grau de pureza), faz com que o rendimento da máquina apresente uma variação de cinco a dez quilos de pó por milheiro de palha batido.

Nestas etapas, observou-se a adoção de diversos parâmetros na contrata-ção de serviços, o que exigiu a realização de cálculos utilizando cada um desses parâmetros (ver Tabelas do Apêndice A), como forma de abarcar a realidade do setor e com o objetivo de oferecer uma indicação sobre qual(ais) parâmetro(s) mais vantajoso(s) do ponto de vista de quem contrata e de quem presta os serviços.

Nos serviços de corte e secagem, observou-se a adoção de dois parâmetros distintos de contratação: milheiros de palhas derrubados; diárias trabalhadas.

Na extração do pó, a máquina pode ser própria ou de terceiros e os serviços de bateção podem ser próprios ou terceirizados; quando a bateção é terceirizada, os serviços podem ser pagos com base em quilos de pó extraídos ou milheiros

30 Encontra-se afixado na contracapa desta publicação 01 CD-ROM contendo três planilhas elaboradas em Excel, nas quais são realizados cálculos de custo e receita no extrativismo da carnaúba. As Tabelas do Apêndice A são resultantes de simulações realizadas em tais planilhas.

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de palhas batidos. O menor custo por milheiro de palhas batido (R$ 1,35) é alcançado quando o produtor/rendeiro utiliza máquina própria e se responsabi-liza pela contratação e pagamento da mão-de-obra – máquina própria; bateção própria – (Tabela 10). O maior custo (R$ 2,18) é alcançado quando a máquina e a bateção são terceirizadas e o pagamento dos serviços é feito com base em quilos de pó extraídos (Tabela 11).

Tabela 10 – Estimativa de Custo de Bateção Mecânica de um Milheiro de Palhas de Carnaúba (7,50kg de Pó Cerífero) – Bateção Própria; Máquina Própria – 2005

Itens Quantidade UnidadeValor Unitário

(R$) (1)Valor Total

(R$)

1. Máquina de bater 0,38

Óleo diesel (2) 0,1� litro 1,�� 0,2�Graxa/lubrificante (3) 0,007� litro �,00 0,0�Manutenção máquina (�) �,00 % ao ano 0,82 0,0�2. Operadores da máquina 0,70Motorista/mecânica (�) 0,007� h/d 1�,00 0,11Empurrador (�) 0,01� h/d 13,�0 0,20Baganeiro 0,01� h/d 13,�0 0,20Feixeiro 0,01� h/d 12,�0 0,1�Subtotal 1,083. Juros sobre empréstimo �,00 % x � meses 1,08 0,27

Custo Total 1,35

Fonte: Pesquisa de campo e Gomes et.al. (200�).Notas: (1) Média regional observada durante pesquisa de campo. Para os operadores de máquina,

consideraram-se os valores mais freqüentes observados na pesquisa de campo (200�).(2) Para cada 1.000kg de pó batido são gastos 20 litros de óleo diesel. É necessário 0,1� litro para

um milheiro (7,�kg); o litro custa R$ 1,�� (GOMES et.al., 200�).(3) Para cada 1.000kg de pó batido é gasto um litro de lubrificante. É necessário 0,007� litro para um

milheiro, com o litro custando R$ �,00 (GOMES et.al., 200�).(�) Segundo informação de Gomes et.al. (200�), o valor de uma máquina (usada) é R$ �.�00,00, tendo

vida útil de 10 anos de 120 dias, o que gera uma depreciação diária R$ �,�0 (R$ �.�00/1.200 dias). O percentual de depreciação aqui indicado é obtido de R$ �,�0/120 dias, que resulta em �,�83%, arredondado para �%.

(�) Se, para a produção de 1.000kg por dia é necessário uma diária de um motorista, para a produção de 7,�kg é necessário 0,007� diária.

(�) O mesmo raciocínio aplicado para o motorista vale para os casos do empurrador, baganeiro e feixeiro; a diferença é que, ao invés de um diarista, são demandados dois, conforme relatos ouvidos na pesquisa de campo, o que dobra as quantidades em relação ao motorista.

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Tabela 11 – Custo de Bateção Mecânica de um Milheiro de Palhas de Carnaúba (7,50kg de Pó Cerífero): Parâmetros e Formas de Pagamento Diversos Observados em Campo – 2005

Parâmetro AdotadoItem de Gastos

Forma de Remuneração

UnidadeValor

Unitário (R$)

Valor Total (R$)

1Máquina própria; bateção própria

De acordo com Tabela 10 1,3� 1,3�

2

Máquina própria; bateção

terceirizada; pgto. com base em quilos

de pó extraídos

Pgto. ao Responsável

bateção7,�

Kg de pó0,2� 1,80

3

Máquina própria; bateção

terceirizada; pgto. com base em

milheiros de palhas batidos

Pgto. ao Responsável

bateção1,0

Milheiro de palhas

2,00 2,00

Máquina terceirizada;

bateção terceirizada; pgto.

com base em milheiros de palha

batidos

Pgto. ao Dono

Máquina e Responsável

bateção

1,0Milheiro de palhas

2,00 2,00

Máquina terceirizada;

bateção terceirizada; pgto.

com base em quilos de pó extraídos

Pgto. ao Dono

Máquina e Responsável

bateção

7,� Kg de pó 0,2� 2,18

Fonte: Pesquisa de campo (200�).

De acordo com o apresentado na Tabela 11 anterior, as condições em termos de posse da máquina e as decisões do rendeiro/produtor em relação às formas de contratação de serviços influenciarão no valor final do custo com a realização das etapas 1 e 2 do extrativismo da carnaúba e, conseqüentemente, no lucro líquido que obterá ao final do processo, de modo que o maior valor (R$ 10,37) equivale a cerca de 179% do menor valor (R$ 5,78), conforme se pode observar no resumo apresentado na Tabela 12 a seguir.

Também na Tabela 12, verifica-se que o custo total mais elevado (R$ 14,92) é 44,4% superior ao menor custo observado (R$ 10,33). O maior custo é obtido

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quando são adotados simultaneamente os seguintes parâmetros: no corte da palha, o pagamento é feito com base em milheiros derrubados; na bateção, são utilizados máquinas e serviços terceirizados e pagamento feito com base em quilos de pó extraídos. O menor custo é obtido quando são adotados simul-taneamente os seguintes parâmetros: no corte da palha, o pagamento é feito com base em diárias trabalhadas; na bateção, são utilizados máquina e serviços próprios. Significa que, em termos de custos, a atividade é mais interessante para o rendeiro que faz o pagamento do corte com base em diárias trabalhadas, dispõe de máquina de bater e ele próprio se encarrega de contratar pessoal para a realização dos serviços.

O custo total médio (R$ 1,25/kg de pó extraído) estimado por Gomes et.al. (2006) para as etapas 1 e 2, durante pesquisa realizada no Piauí, é inferior ao custo calculado no presente estudo (a partir de dados encontrados para a região como um todo), cuja média é de R$ 1,71/kg de pó extraído, conforme apresentado na Tabela 12. O primeiro representa cerca de 73% do segundo. O lucro líquido por quilo de pó extraído é, em média, R$ 1,05 (Tabela 12).

Importante observar que a maior parcela das despesas com as etapas 1 e 2 é absorvida nas operações de corte e secagem, um percentual médio de 55,7% do total. Os juros pagos sobre empréstimo para financiamento da ati-vidade chegam a representar 9,1% das despesas. Na bateção, assim como no arrendamento, observam-se custos médios de cerca de 16%. O detalhamento destes custos pode ser observado nas tabelas de números 1 a 20 apresentadas no Apêndice A deste documento. Estes percentuais podem ser comparados com os obtidos por GOMES et.al. (2006) para o Estado do Piauí, distribuídos da seguinte forma: arrendamento – 14%; corte e secagem – 67%; bateção – 19%. Observam-se, assim, divergências entre os percentuais obtidos em ambas as pesquisas, as quais podem ser explicadas, mesmo que parcialmente, pelo fato de, no caso da pesquisa do Piauí não terem sido levados em conta os juros sobre empréstimos, comuns nessas etapas da atividade (tendo em vista que rendeiros recorrem principalmente a agiotas e podem pagar taxas que variam de 5 a 8% ao mês). Além disso, enquanto na presente pesquisa se adotou o valor de R$ 2,00 para o arrendamento de um milheiro de carnaubal, na pesquisa sobre o Piauí o valor utilizado foi R$ 1,87.

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Tabela 12 – Resumo de Custo e Receita no Extrativismo da Carnaúba – um Milheiro de Palha (7,5kg de Pó Cerífero): Diversos Parâmetros Observados em Campo, Considerando Produção e Venda de Pó – 2005

PARÂMETROS ADOTADOS EM CAMPO CUSTO TOTAL

(R$)

RECEITA BRUTA

(R$)

LUCRO LÍQUIDO

(R$)

FONTE (TABELA

APÊNDICE A)NO CORTE DA PALHA

NA BATEÇÃO DA PALHA

CONSI-DERAN-DO PRODU-ÇÃO E VENDA DE PÓ

Milheiros de palhas derrubados

Máquina própria

Bateção própria

13,71

20,70

�,�� 1

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

1�,�0 �,20 2

Pgto. base milheiros palha batidos

1�,72 �,�8 3

Máquina terceirizada

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

1�,�2 �,78 �

Pgto. base milheiros palha batidos

1�,72 �,�8 �

Diárias trabalhadas

Máquina própria

Bateção própria

10,33 10,37 �

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

11,12 �,�8 7

Pgto. base milheiros palha batidos

11,3� �,3� 8

Máquina terceirizada

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

11,�� �,1� �

Pgto. base milheiros palha batidos

11,3� �,3� 10

Média por quilo de pó extraído 1,71 2,7� 1,0� -

Fonte: Pesquisa de campo (200�) e D’alva (2007, p. 170).

Após a extração, o pó é recolhido em sacos comuns, para depois ser con-duzido aos locais de transformação em cera de origem ou refinada (Etapa 3), conforme processo descrito no item 4.3 anterior. As estimativas de custo e receita dessa etapa são apresentadas no item que se segue.

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5.2 – Etapa 3: beneficiamento do pó cerífero

5.2.1 – Produção de cera de origem

O custo de produção da cera de origem é de R$ 0,28 por cada quilo, confor-me mostrado na Tabela 13. Este custo unitário, que inclui a depreciação dos equipamentos e os juros sobre empréstimo pelo período de dois meses, é pouco superior ao calculado por D’alva (2007) para explorações em Beberibe (CE), o que é aceitável, levando-se em conta que este autor não considerou em seus cálculos os juros sobre empréstimo; pouco abaixo do declarado por um proprietário de fábrica artesanal, segundo o qual, o custo de fabricação da cera é de R$ 0,33/kg.

Tabela 13 – Custo de Produção de um Quilo de Cera de Origem em Fábrica Artesanal – 2005

ITENS DO ORÇAMENTO UNID. QUANT.VR.

UNITÁRIO (R$)

VR. TOTAL (R$)

Operários da prensa e caldeira (1) kg de cera 1,00 0,0� 0,0�Lenha (2) m3 0,003 10,00 0,03Água (3) litro 2,�1 0,02� 0,08�Pano de nylon para prensa um 0,01 1,00 0,01Ácido oxálico (sal de azedo) kg 0,003 �,00 0,01�Depreciação equipamentos vb - - 0,0��Subtotal 0,25Juros sobre empréstimo % x 2 meses �,00 0,2� 0,03CUSTO UNITÁRIO 0,28

Fonte: Pesquisa de campo (200�) e D’alva (2007, p.170).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo;(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007, p.

170);(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias

1� latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,3� litro para cada quilo de pó. Considera-se que, para produzir um quilo de cera, é necessário 1,��kg de pó, o que exigirá 2,�1 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p. 170).

O lucro líquido obtido pelo produtor de cera de origem varia em decorrência da amplitude da exploração, que influencia no montante do custo gerado, que, por

100

sua vez, sofrerá uma variação em decorrência dos parâmetros adotados, conforme já mencionado no item 5.1 anterior. Assim, se o produtor de cera explora também as atividades de corte, secagem e extração do pó, os itens de custos destas etapas serão acrescidos ao custo total apresentado na forma de resumo na Tabela 14, com detalhamento no Apêndice A (Tabelas 11 a 20).

O lucro líquido mais favorável para o rendeiro/produtor (R$ 10,89) acontece quando ele contrata os serviços de corte da palha com base em diárias trabalhadas e utiliza máquina de bateção e serviços próprios e, além disso, é dono de fábrica artesanal, acumulando o negócio de produção e venda de cera de origem, conforme resumo apresentado na Tabela 14 (ver detalhamento na Tabela 16 do Apêndice A). Custo e receita médios por quilo de pó extraído, neste caso, representam, respectivamente, R$ 1,88 e R$ 1,12 (Tabela 14).

Porém, se o produtor se ocupa apenas da produção e comercialização da cera de origem, necessita adquirir o pó cerífero. Neste caso, o custo que teria com arrendamento, corte, secagem e extração é substituído pelo custo de aquisição do pó, que varia de acordo com a proporção adquirida por tipo de pó (olho e palha), conforme exemplo-resumo apresentado na Tabela 15 (Detalhamento nas Tabelas 21 a 28 do Apêndice A). Assim, não haverá receita de bagana, já que o produtor da cera não é responsável pelo arrendamento. Nessas condições, se o produtor tomar dinheiro emprestado a taxas de 5% a.m. durante dois meses, terá prejuízo na atividade, independente do tipo ou proporção de pó adquirido, sendo a situação menos desconfortável, aquela em que todo o pó é do “tipo olho”, ainda assim, acumulando prejuízo de R$ 0,49 por cada 7,5kg de pó transformado em cera (Tabela 15). Importante destacar que esta situação surge em decorrência de o produtor recorrer ao mercado paralelo para adquirir recursos para custeio da atividade, a taxa de juros média de 5% ao mês. Por outro lado, considerando-se que o produtor recorrerá ao BNB, cuja taxa de juros sobre empréstimos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) será de 0,53% a.m31, modifica-se o perfil do lucro líquido. Neste caso, haverá prejuízo quando o produtor utilizar 80% de pó de palha para produção da cera. A melhor situação é aquela em que o produtor utiliza apenas pó olho, na qual o lucro líquido atinge R$ 3,01 por cada

31 Essa taxa foi calculada da seguinte forma: o custeio pelo FNE-RURAL tem taxas de 5% a.a. para miniprodutores e 7,25% a.a. para pequenos produtores. Fez-se a média ponderada pelos valores financiados de 1998 a 2006 para esses dois portes de produtor, o que resultou em 6,37% a.a., correspondendo a uma taxa de 0,53% a.m., considerando o regime de juros simples.

101

7,5kg de pó adquiridos e transformados em cera, embora acarrete também no custo mais elevado (R$ 39,59). Ressalte-se que, nos cálculos sobre empréstimos do FNE, não se levou em conta o rebatimento de 25% sobre o pagamento dos juros ao qual o produtor terá direito caso faça em dia o pagamento das parcelas do empréstimo.

Tabela 14 – Resumo de Custo e Receita no Extrativismo da Carnaúba – um Milheiro de Palha (7,5kg de Pó Cerífero): Diversos Parâmetros Observados em Campo, com Produção de pó, Produção e Venda de Cera de Origem – 2005

PARÂMETROS ADOTADOS EM CAMPOCUSTO TOTAL

(R$)

RECEITA BRUTA

(R$)

LUCRO LÍQUIDO

(R$)

FONTE (TABELA

APÊNDICE A)

NO CORTE DA PALHA

NA BATEÇÃO DA PALHA

CONSIDE-RANDO PRODU-ÇÃO DE PÓ, PRODU-ÇÃO E VENDA DE CERA DE ORIGEM

Milheiros de palhas derrubados

Máquina própria

Bateção própria

1�,0�

22,��

7,�1 11

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

1�,8� �,72 12

Pgto. base milheiros palha batidos

1�,0� �,�0 13

Máquina terceirizada

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

1�,2� �,30 1�

Pgto. Base milheiros palha batidos

1�,0� �,�0 1�

Diárias trabalhadas

Máquina própria

Bateção própria

11,�7 10,8� 1�

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

12,�� 10,10 17

Pgto. base milheiros palha batidos

12,�8 �,88 18

Máquina terceirizada

Bateção terceirizada

Pgto. base kg pó extraídos

12,88 �,�8 1�

Pgto. base milheiros palha batidos

12,�8 �,88 20

Média por quilo de pó extraído 1,88 3,00 1,12 -

Fonte: Pesquisa de campo (200�) e D’alva (2007, p. 170).

102

Tabela 15 – Resumo de Custo e Receita com Aquisição de 7,5kg de Pó Cerífero, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte e Venda de Cera de Origem – Taxa de Juros de 5% a.m. – 2005

CONSIDERANDO A AQUISIÇÃO DE

PÓ CERÍFERO

TIPO DE PÓCUSTO TOTAL

(R$)

RECEITA BRUTA (R$)

LUCRO LÍQUIDO

(R$)

FONTE (TABELA

APÊNDICE A)

80% pó palha + 20% pó olho

21,31 1�,�� -1,7� 21

�0% pó palha + �0% pó olho

2�,�7 28,20 -1,27 22

100% pó palha 1�,8� 13,80 -2,0� 23

100% pó olho �3,0� �2,�0 -0,�� 2�

Fonte: Pesquisa de campo (200�) e D’alva (2007, p. 170).

Tabela 16 – Resumo de Custo e Receita com Aquisição de 7,5kg de Pó Cerífero, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte e Venda de Cera de Origem – Taxa de Juros de 0,53% a.m. – 2005

CONSIDERANDO A AQUISIÇÃO DE PÓ

CERÍFERO

TIPO DE PÓCUSTO TOTAL

(R$)

RECEITA BRUTA (R$)

LUCRO LÍQUIDO

(R$)

FONTE (TABELA

APÊNDICE A)

80% pó palha + 20% pó olho

1�,�8 1�,�� -0,02 2�

�0% pó palha + �0% pó olho

27,07 28,20 1,13 2�

100% pó palha 1�,�7 13,80 -0,77 27

100% pó olho 3�,�� �2,�0 3,01 28

Fonte: Pesquisa de campo (200�) e D’alva (2007, p. 170).

5.2.2 – Produção de cera industrial

A estrutura de custos da produção industrial de cera de carnaúba não foge da estrutura padrão de uma empresa capitalista formada por custos fixos e variáveis. Compõem os custos fixos a mão-de-obra indireta (remuneração e encargos sociais de empregados ocupados em atividades administrativas, pro-labore dos proprie-tários e honorários de contador), depreciação dos bens de capital, manutenção e conservação dos bens de capital, seguro contra risco de sinistro, material de expediente e material de limpeza.

103

Os custos variáveis são compostos de mão-de-obra direta (remuneração e encargos sociais de pessoal alocado no processo produtivo), material direto (insumos de produção), transporte de pó cerífero, impostos e contribuições (IPI, PIS, COFINS, ICMS, ISS e IRPJ)32.

As indústrias contam ainda com os custos de comercialização, ligados aos gastos com transporte até o porto do Pecém (Ceará) e à comissão de 3% paga aos corretores que negociam a venda com os importadores.

Como se pode observar, a estrutura de custos é relativamente simples. O grande problema enfrentado nesta pesquisa refere-se à dificuldade de obtenção de dados. Se, por um lado, a bibliografia sobre o assunto é escassa, por outro, observa-se a reticência entre os empresários, eximindo-se de prestar informações detalhadas de custo e receita. Trata-se de segmento bastante fechado, em que grande parte dos empresários mantém o sigilo sobre as informações de sua em-presa, conseqüência da concorrência acirrada na atividade.

Gomes et al. (2006) realizaram uma pesquisa entre industriais do Estado do Piauí com o objetivo de estimar os custos de produção, a rentabilidade, a lu-cratividade e o valor adicionado. Na ocasião da pesquisa (janeiro a setembro de 2004), treze indústrias se encontravam em funcionamento. Deste total, somente seis responderam ao questionário aplicado, dos quais três foram excluídos em virtude de apresentarem omissões ou informações incompletas que comprometiam os cálculos. Assim, as estimativas foram realizadas com base apenas nos dados fornecidos (referentes ao ano de 2003) por três das treze indústrias piauienses.

Nas Tabelas 17 e 18 a seguir, elaboradas por Gomes et.al. (2006), cons-tam os resultados das estimativas realizadas para produção e faturamento anual (Tabela 17) e estimativa de custos de produção mensal de cera de carnaúba (Tabela 18).

Para a realização dos cálculos da Tabela 17, o volume da cera foi medido com base na classificação oficial (Tipos Um, Três e Quatro). Em média, a produção anual foi de 637 toneladas, atingindo um faturamento médio de cerca de R$ 3,4 milhões, equivalente ao preço de R$ 5,34 por cada quilo de cera, correspondente

32 No Piauí, as indústrias exportadoras recebem incentivos fiscais dos governos estadual (ICMS) e federal (PIS, Cofins, IPI) por tempo determinado.

10�

a US$ 1,74/kg33. Durante a pesquisa de campo, no ano de 2006, verificou-se a seguinte cotação média da cera de carnaúba no mercado internacional: Tipo Um Escamada – US$4.38/kg; Tipo Três Escamada – US$1.74/kg; Tipo Quatro Escamada – US$ 1.52/kg. A média calculada para os três tipos é de US$ 2.54/kg, portanto num patamar acima do observado por Gomes et.al. (2006).

A despeito de a definição dos preços da cera no mercado internacional partir do grupo de importadores, o retorno financeiro da atividade é significativo, embora a margem de lucro seja bastante instável, em virtude das constantes flutuações na cotação, conforme análise dos resultados financeiros de uma indústria piauiense, realizada por Azar (2004). Esta autora observou que, no caso específico da empresa analisada, a margem média de lucro é de 40%, embora possa variar de 20 a 60%.

Tabela 17 – Estimativa da Produção e do Faturamento Anual (2003) por Empresas Produtoras de Cera de Carnaúba: Piauí 2003

Empresa Produção (t) Preço (R$/t)Receita ( em mil

reais)

A

Tipo Um - 3�0

Tipo Três - �00

Tipo Quatro - �00

Tipo Um - 8.000,00

Tipo Três - �.000,00

Tipo Quatro - 3.�00,00

2.800,00

2.�00,00

1.�00,00

Total (empresa A) 1.3�0 Não se aplica �.�00,00

B Tipo Um - 200 Tipo Um - 8.310,00 1.��2,00

Total (empresa B) 200 Não se aplica 1.��2,00

C

Tipo Um - 110

Tipo Três - 200

Tipo Quatro - �0

Tipo Um - 7.�00,00

Tipo Três - 3.�00,00

Tipo Quatro - 3.300,00

83�,00

720,00

1��,00Total (empresa C) 3�0 Não se aplica 1.721,00

Fonte: Gomes et.al. (200�, p. 1�).

Considerando-se a média das três empresas estudadas, observam-se custos fixos de 5,7% e custos variáveis de 94,3%, sendo que a maior parte dos custos variáveis (90,7%) refere-se a custos com insumos que entram diretamente na produção (pó cerífero, palha de arroz, solvente, argilas, papel para filtrar, peróxido de hidrogênio) e embalagens (Tabela 18).

33 Cotação média do dólar para 2003, no valor de R$ 3,07 (BACEN, 2007).

10�

Tabela 18 – Estimativa do Custo de Produção Mensal de Cera de Carnaúba: Piauí

ComposiçãoEmpresa

A (1)%

Empresa B (2)

% Empresa C (3) %

1 Custos Fixos 23.0�1, �� �,3� 2�.���,37 2,22 20.7�8,�8 �,�3

1.1 Mão-de-obra 8.2�8,�� �.800,00 12.730,�8

1.1.1 Salários 2.120,00 3.200,00 3.001,00

1.1.2 Encargos sociais �28,�� 3.200,00 22�,�8

1.1.3 Pró-labore �.000,00 0,00 �.2�0,00

1.1.� Enc. sociais (pró-labore) 880,00 0,00 1.7�0,00

1.1.� Honorários do contador 720,00 �00,00 1.�00,00

1.2 Depreciação �.2�1,�7 13.870,37 2.���,��

1.3 Manut./ conservação �70,83 1.2�0,00 �2�,�0

1.� Seguro ��0,00 0,00 �.1�7,00

1.� Água / luz / telefone 7.000,00 3.200,00 �00,00

1.� Mat. de expediente �00,00 2�0,00 3�0,00

1.7 Material de limpeza �00,00 200,00 �1,��

1.8 Outros ... 3.�7�,00 ...

2 Custos variáveis �08.27�,33 ��,�� 1.30�.780,00 �7,78 1�7.322,�8 �0,�7

2.1 Mão-de-obra 1�.20�,70 2�.�00,00 �.77�,3�

2.1.1 Salários 10.�00,00 1�.700,00 �.�3�,00

2.1. 2 Encargos sociais 2.���,70 1�.700,00 33�,3�

2.1.3 Mão-de-obra s/carteira ��0,00 0,00 0,00

2.2 Cons. de mat. direto 3��.030,�3 1.20�.870,00 181.�11,�8

2.� Impostos e contrib. 12.��0,00 10.��0,00 3.2�8,��

2.�.1 PIS �.��0,00 �.�00,00 �78,��

2.�. 2 COFINS ... �.0�0,00 2.�70,11

2.�. 3 IPI ... ... ...

2.�.� ICMS ... 13.11�,��* �.�87,��*

2.�.� IRPJ �.�00,00 ... ...

2.� Custo de comercializ. 22.�00,00 �0.��0,00 7.�87,��

2.�.1 Frete da cera �.000,00 10.�3�,00 ...

2.�.2 Comissão s/ vendas 1�.�00,00 �1.000,00 1.000,00

2.�.3 Despesas financ. ... �.01�,00 ...

TOTAL (1+2) �31.33�,77 1.33�.32�,30 218.0�1,��

Custo Unitário 3,83 6,68 3,41

Fonte: Gomes.et al. (200�, p. 13).Nota: Sinal convencional utilizado: ... Dado não disponível.(1) Empresa A: IPI, Cofins e ICMS - Isenta; (2) Empresa B: IPI - Isenta; * ICMS - saldo credor; (3) Empresa C: * ICMS a recolher; este valor está incluído no custo de comercialização.

10�

Azar (2004) apresenta duas tabelas com o cálculo dos custos de produção de uma tonelada de cera de carnaúba tipos Um e Três34. Para a produção de uma tonelada da cera tipo Um são gastos R$ 8.678,40, o equivalente a R$ 8,67/kg. A produção de cera tipo Três apresenta custo de R$ 4.920,00, inferior em cerca de 43% aos custos de produção da cera Tipo Um, correspondendo a R$ 4,92 por cada quilo produzido (Tabelas 19 e 20).

Tabela 19 – Custo de Uma Tonelada de Cera de Carnaúba Tipo Um

Insumos Unidade Quantidade Preço Unitário (R$) Valor Total (R$)

Pó branco kg 1.200 �,00 �.000,00Solvente kg 120 2,70 32�,00Diatomita kg 20 1,�� 3�,00Peróxido hidrog. kg 30 2,�8 77,�0Fulmont kg 20 2,00 �0,00Ácido oxálico kg 2 �,00 8,00Lenha m3 � 12,00 �0,00Energia 2�0 0,20 �0,00Mão-de-obra 130,00Enc. Sociais 100,00Casca de arroz saco 20 0,�0 10,00Deprec. de equip. 100,00Tributos 1.380,00Corretagem 3�0,00

TOTAL 8.�78,�0

Fonte: Azar (200�), Anexo �, citando Palha Branca – Óleos e Ceras.

Tabela 20 – Custo de uma Tonelada de Cera de Carnaúba Tipo TrêsInsumos Unidade Quantidade Preço Unitário (R$) Valor Total (R$)

Pó branco kg 1.700 1,70 2.8�0,00Solvente kg 1�0 2,70 �32,00Diatomita kg 20 1,�� 3�,00Peróxido de hidrog. kg 80 2,�8 20�,00Fulmont kg 20 2,00 �0,00Ácido oxálico kg 1 �,00 �,00Lenha m3 7 12,00 8�,00Energia 300 0,20 �0,00Mão-de-obra 130,00Enc. sociais 100,00Casca de arroz Saco 20 0,�0 10,00Deprec. de equip. 100,00Tributos ��0,00Corretagem 1��,00TOTAL �.�20,00

Fonte: Azar (200�), Anexo �, citando Palha Branca – Óleos e Ceras.

34 Segundo Azar (2003), a cera Tipo Quatro apresenta os mesmos custos que a do Tipo Três.

107

6 – POLÍTICAS E AÇÕES DE APOIO À ATIVIDADE

A literatura sobre o extrativismo da carnaúba aponta para alguns fatores que seriam os responsáveis pela atual situação de fragilidade e conseqüente perda de representatividade da cera nas pautas de exportações dos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte (CASADIO, 1980; IPT, 2002; CARNAUBEIRA..., 2003; BEZERRA, 2005):

a) descoberta de substitutos vegetais, como a cera de candelila, ou minerais, como a cera Montana, que, embora não possuam o mesmo brilho, cor, dureza e ponto de fusão, são mais baratas;

b) regime de oligopsônio imposto pelos importadores;

c) ausência de uma política de garantia de preços mínimos, existente no passado;

d) ausência de conhecimento gerencial e técnico sobre a atividade;

e) ações fraudulentas de alguns exportadores, no passado, que adulteravam a coloração da cera, através de anilinas e mistura de matérias estranhas ao produto;

f) ausência de incentivos à produção e crédito, por parte do governo fede-ral, reclamação que vem desde primórdios do século passado, conforme atesta Carvalho (1982) ao relatar discursos e apresentações de projetos-lei nas câmaras do Legislativo em 1934;

g) desorganização da atividade, principalmente no processo de comercialização.

Vale ressaltar que, mesmo sendo o Brasil o único produtor de cera de car-naúba no mundo, o preço tem sofrido grandes variações. Isso é fruto de uma crise estrutural que persiste desde o final da Segunda Guerra Mundial, provocada por um conjunto de fatores, dentre os quais se inclui o direcionamento dado às políticas públicas. Para melhor entendimento dessa problemática apresenta-se a seguir uma síntese das políticas e principais ações direcionadas à atividade desde os anos 1940.

6.1 – Intervenção Estatal Planejada: dos anos 1940 à década de 1980

As intervenções públicas planejadas para a atividade de carnaúba iniciaram-se na década de 1940, encerrando-se no final dos anos 1980.

108

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o extrativismo da carnaúba tem sofrido diversas crises, em geral, seguidas de políticas públicas de apoio, porém com efeitos negativos para a atividade como um todo. Para compreender essa problemática, é fundamental entender como funciona o jogo de forças que in-fluenciam o governo na definição de políticas. Sobre este assunto, D’alva (2007) fez uma competente revisão, com análise crítica, da qual se apresenta um resumo neste texto.

Logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com o reaquecimento do comércio internacional, instalou-se uma onda especulativa no mercado da cera de carnaúba e uma brusca elevação artificial de sua cotação, seguida de declínio significativo35. Essa crise fez com que empresários e políticos ligados à atividade exercessem pressão junto ao governo federal, dando origem à primeira política planejada no ano de 1948, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra. Após a implantação dessa política, outras se seguiram, causando impactos importantes. A última política estruturada foi posta em prática no final dos anos 1980.

Este segmento, que, em suas reivindicações, utilizava o discurso da impor-tância social da atividade, na verdade não fazia esforços por políticas que fossem capazes de mudar a estrutura vigente de comercialização.

A força política da atividade conseguiu que medidas aprovadas durante o governo Gaspar Dutra incluíssem a concessão dos primeiros financiamentos para a atividade, sancionando uma lei especial de crédito que permitia a efetivação de grandes financiamentos para a cera, com juros subsidiados e recursos oriundos do depósito constitucional do plano de defesa contra os efeitos da seca no Nordeste, contrariando parecer emitido por técnicos do Banco do Brasil após realização de pesquisa sobre a problemática da atividade36.

Mesmo com uma série de medidas dirigidas à atividade ao longo dos anos, os preços seguiram declinando desde o período do pós-guerra, muito embora

35 No pós-guerra, houve crescimento da demanda internacional por cera de carnaúba. Proprietários de carnaubais e exportadores se aproveitaram dessa situação para obter ganhos a partir de especulação comercial, elevando o preço artificialmente. Em 1946, o preço atingiu a maior cotação do pós-guerra. Essa especulação comercial induziu a que os importadores se unissem em torno da Amerwax (American.Wax.Importers.and.Refiners.Association), organização de compradores internacionais que conseguiu impor uma queda dos preços.

36 A pesquisa explicava que a queda de preços era de natureza comercial, decorrente de uma reação dos importadores à elevação dos preços. O documento recomendava cautela na análise de pedidos de financiamento, evitando, desta forma, contribuir para valorização artificial da cera e conseqüente prejuízo à atividade como um todo.

10�

de forma não-sistemática, passando também por fases de elevações bruscas na cotação em 1974 (durante a primeira crise do petróleo) e em 1995 (após a im-plantação do Plano Real), todas elas seguidas de quedas significativas no preço37. Da mesma maneira que na primeira crise, na segunda e na terceira, políticos e empresários pressionaram o governo federal e conseguiram que novas medidas fossem adotadas em defesa da atividade.

O apoio inicial do Estado a esse segmento, com financiamento subsidiado, na verdade funcionou como um habilitador para que o exportador passasse a atuar no mercado especulativo. Esta forma de atuação induziu a que os importadores se articulassem, numa ação em defesa de seus interesses, passando a atuar de forma organizada, tomando para si o poder de definição do preço da cera, fa-zendo-o recuar38. Com a queda dos preços do produto, teve início uma acirrada concorrência entre os próprios exportadores, gerando uma guerra de preços com práticas comerciais irregulares, que consistia em exportar o produto por valor abaixo do preço mínimo, recebendo comissão “por fora”, o que contribuía também para a queda dos preços. Essa prática ficou conhecida como “Câmbio Negro” ou “Câmbio Português”.

Em 1954, houve uma intervenção estatal na área de comércio exterior, comandada pela Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (Cacex), que consistia na criação de dois subcomitês de acompanhamento das exportações e regulação dos preços mínimos de exportação (um em Fortaleza e outro em Parnaíba). Esses subcomitês eram compostos por técnicos da Cacex, técnicos do Ministério da Fazenda e representantes de exportadores. A intenção era moralizar o comércio e melhorar o preço da cera. No entanto, tal medida não logrou efeitos positivos para a atividade como um todo, pois as práticas comerciais irregulares continuaram repetindo-se.

Em 1958, houve nova intervenção estatal, com o “Plano de Defesa das Cota-ções de Cera de Carnaúba”, que consistia na compra de parte da cera dos expor-tadores, pelo preço mínimo, e formação de estoque, com o objetivo de “moderar a oferta e aliviar pressões baixistas”. Esta política não funcionou, à medida que ocorreu uma queda em 65% nas cotações, além de persistir o comércio irregular da cera, resultando na venda do produto de volta aos exportadores em 1969.

37 Ver Gráfico 5, no capítulo 3, p. �138 Trata-se da Amerwax, entidade norte-americana que, desde então, exerce o controle do mercado mundial

de ceras vegetais. Para se ter uma idéia, as normas técnicas de padronização e classificação da cera são determinadas por essa entidade.

110

Em 1968, o IV Plano diretor da Sudene contemplava a carnaúba, com uma proposta de “Racionalização e modernização da carnaúba”, a qual destinava 10% da aplicação anual da agropecuária para essa atividade.

Nos anos 1970, o governo decretou o fim da política da Cacex. Mas, nessa mesma década, o grupo de industriais da cera de carnaúba se beneficiou dos incentivos fiscais para projetos de investimentos industriais, o denominado 34/18, o qual proporcionou a consolidação da primeira geração de industriais – exportadores –, que era formada principalmente pelo grupo que se articulava em torno da entidade “Centro de Exportadores”, no Piauí. Com esses financia-mentos, houve a modernização do maquinário, porém sem mudanças no proces-so de beneficiamento e sem criar novo produto, ou seja, a atividade continuou exportando matéria-prima.

Em 1972, a própria Sudene elaboraria um diagnóstico da carnaúba, denomi-nado de “Estudo de mercado de produtos agropecuários do Nordeste – Carnaúba”, o qual apontava para um mercado saturado, com baixo crescimento da exportação e queda no preço. O mesmo documento afirmava ser a cera um produto de re-duzida importância econômica para os estados produtores. O fato de continuar a produção aumentando em 7% ao ano era interpretado como conseqüência da imposição da situação de penúria da população e da falta de alternativas de ocu-pação e de geração de renda no campo. Por outro lado, documento de 1970, da própria Sudene, colocava o produto como responsável por 2,5% das exportações nordestinas e 16,9% das exportações do Ceará, sendo o terceiro produto da pauta de exportações deste Estado.

As propostas feitas a partir do diagnóstico foram:

a) revigorar a posição dos produtores no processo de comercialização através de sua associação em cooperativas;

b) criar novas fontes de emprego e renda, notadamente por meio da inten-sificação do Plano Regional de Irrigação39;

c) modernizar o processo produtivo por intermédio de programa de orien-tação técnica e financiamento.

Na verdade, os proponentes dessa política percebiam que o extrativismo da

39 Proposição que, na verdade, significava uma fuga da atividade.

111

carnaúba representava um obstáculo à modernização que pretendiam, o qual não era somente físico, mas também econômico e sociocultural, por ocupar terras aluvionais férteis, envolver imenso contingente populacional e encerrar um modo de vida específico e estruturado, inserido na cultura local. Portanto, era necessário desarticular essa civilização para dar espaço à reprodução do capital monopolista, de interesse de indústrias fornecedoras de insumo e de bens de capital.

Importante observar que, ao mesmo tempo que propunha o incentivo à or-ganização no processo de comercialização (item a) e modernização do processo produtivo (item c), o documento sugeria a substituição de carnaubais por culturas de irrigação com alto padrão tecnológico (item b). Essa era a proposta de moder-nização da carnaúba, política que foi posta em prática, tanto no Vale do Jaguaribe e Curu (CE) quanto do Assu (RN), promovendo a erradicação de milhares de hectares de carnaubais nativos. No Ceará, esta proposta avançou, com a implantação do Perímetro de Irrigação de Morada Nova, que desapropriou 12.500 hectares no Vale do Banabuiú, eliminando cerca de 3,75 milhões de carnaubeiras. E poderia ter ido além, com o completo extermínio dos carnaubais do Vale do Jaguaribe, caso o projeto de irrigação do Baixo Jaguaribe tivesse sido implantado, pois este desapropriaria uma área de quase 62 mil hectares.

Trata-se, portanto, de ação contraditória do Estado, por meio da qual pro-curava atender, ao mesmo tempo, os interesses de elites distintas: se por um lado, concedia incentivos aos industriais – exportadores da cera –, por outro, disponibilizava todas as condições aos proprietários rurais, estimulando-os a substituírem seus carnaubais por culturas irrigadas com tecnologia moderna que demandaria insumos e bens de capital, criando um mercado para empresas atuantes nessa área.

Durante a crise do petróleo, em 1974, em meio à valorização artificial da cera e nova onda especulativa, o governo reorientou a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) executada pela Comissão de Financiamento da Produção (CFP), de forma a contemplar a cera de carnaúba. Isso ocorreu como resultado de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para a Carnaúba, instalada em 1968 com o objetivo de investigar a deterioração dos preços da cera e outras irregularidades. A conclusão do trabalho sugeria a realização de pesquisas cien-tíficas, bem como o apoio à atividade por meio de incentivos fiscais e creditícios, incentivo ao consumo interno, controle da qualidade da cera e reformulação da política de exportação. No entanto, seu principal objetivo era a inclusão da cera

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na PGPM40. Paralelamente a isso, um grupo de industriais articulava-se politica-mente, com o intuito de fechar o mercado de exportação de cera de origem. Em 1970, foi estabelecido um regime de cotas por um período máximo de cinco anos e conseqüente extinção a partir de 1975.

A PGPM foi efetivamente operada entre 1971 e 1994, sendo operacionaliza-da por dois mecanismos: as Aquisições do Governo Federal (AGF)41 e Empréstimos do Governo Federal (EGF). Entre 1971 e 1988, o governo fixou preços mínimos para a cera e pó cerífero e fez aquisições, resultando em estoque considerável. Entre 1988 e 1994, o governo cessou as aquisições e liquidou os estoques, depois de diversos problemas, como a substancial concentração das aquisições originadas de grandes proprietários e a dificuldade para estocar as crescentes safras de cera que chegavam aos armazéns42.

Em teoria, a PGPM deveria estabilizar a renda do agricultor, colocando seu produto no mercado em condições compensadoras e comprando sua produção por um preço viável economicamente, anulando assim os efeitos maléficos do mercado e protegendo-o de riscos inerentes à atividade. Na prática, a política produziu efeitos extremamente negativos, pois favoreceu exportadores, grandes produtores e comerciantes de cera, concedendo subsídios à exportação e garan-tindo a aquisição do produto a preços vantajosos.

A PGPM não realizou os efeitos distributivos a que se propôs, uma vez que os pequenos produtores tiveram acesso restrito aos seus benefícios. Um dos fatores que impediam o acesso dos pequenos aos preços mínimos do governo

40 Os recursos utilizados na PGPM eram originários do Tesouro Nacional; a administração das operações e definição dos preços era de responsabilidade da CFP; técnicos das secretarias de agricultura dos governos estaduais faziam a classificação do produto; o Banco do Brasil autorizava e pagava as operações e os custos de armazenamento na Cibrazem (Companhia Brasileira de Armazenamento).

41 O governo fixa, antes do plantio, um preço mínimo para cada produto, comprometendo-se a adquiri-lo na época da colheita a esse preço mínimo, se o preço de mercado ficar abaixo do preço mínimo (BACHA, 2003).

42 Um dos grandes problemas que aconteceram durante a efetiva existência dessa política foi relatado em entrevista, ano de 2006, concedida por técnico que trabalhou na CFP durante o período de 1978 a 1990 (no início do governo Collor houve uma fusão entre CFP, Cibrazem e Cobal – Companhia Brasileira de Alimentos, passando a denominar-se Conab – Companhia Nacional de Abastecimento). Segundo ele, a corrupção foi uma constante na PGPM: “no caso da compra de pó, muitos produtores vendiam o de 50% de pureza, que era classificado como de 60% pelos funcionários corruptos e o governo ‘levava gato por lebre’” (Depoimento oral, 2006). Em meio aos inúmeros problemas, o governo tomou a decisão de fixar um preço mínimo desestimulante, cessou com as aquisições e vendeu todo o estoque para as indústrias. Na ocasião, “houve até quem propusesse afundar o estoque de cera em alto-mar ou mesmo queimá-lo, a exemplo do que ocorrera com o café” (Depoimento oral, 2006).

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era a perversa estrutura de financiamento e comercialização, na qual o rendeiro e o pequeno produtor, descapitalizados, recorriam ao financiamento de grandes proprietários e comerciantes, aos quais vendiam a cera na folha, ou seja, adiantavam o dinheiro para o corte de palhas e produção da cera, recebendo o pagamento em produto a um preço bem inferior ao mínimo. A cera comprada na folha era posteriormente vendida ao governo pelos grandes proprietários e comerciantes, reais beneficiários da política.

A cera de carnaúba continua fazendo parte da lista de produtos da PGPM (desde 1989 sob a responsabilidade da Conab), que continua fixando preços mínimos anuais para o produto, mas sem qualquer validade, já que não há mais operações de AGF para a cera de carnaúba.

6.2 – Ações não-planejadas: dos anos 1990 aos dias atuais

6.2.1 – Financiamento da produção

A partir dos anos 1990, com a implantação do modelo neoliberal no governo brasileiro, o Estado sofreu drástica redução. Os financiamentos, antes fartos e subsidiados, passaram a ser restritos, afetando diversas atividades econômicas, dentre as quais o segmento industrial da cera de carnaúba.

Os segmentos de rendeiros, pequenos proprietários e donos de fábricas artesanais descapitalizados, antes excluídos da possibilidade de financiamento em virtude da inadequação das políticas, hoje o são pela inexistência delas. Assim como no passado, vêem-se obrigados a recorrer a agiotas ou aos industriais da cera para obtenção dos recursos necessários ao custeio das atividades de corte, extração do pó e produção de cera de origem, cujas taxas mensais, conforme observado em campo, variam entre 5 e 10% a.m.

Uma forma de financiamento da produção no campo perdurou por alguns anos, quando importadores disponibilizavam financiamentos aos industriais, que, por sua vez, os repassavam aos rendeiros/pequenos produtores. De acordo com depoimentos de industriais-exportadores, tal linha deixou de existir em decor-rência da desvalorização da cera no mercado internacional. Alguns industriais-exportadores ainda a realizam, com recursos próprios, “adiantamento” do valor do pó ou cera bruta para os rendeiros/pequenos produtores, conforme visto nos

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Estados do Piauí e Ceará, mas já não é uma prática tão comum. Geralmente essa negociação ocorre somente quando há uma relação de confiança entre industrial e rendeiro/produtor43. Porém, mesmo com todos os problemas decorrentes dessas transações, elas perduram, em virtude das dificuldades de acesso ao financiamento dos bancos e da indisponibilidade de recursos próprios, incluindo o capital de giro para a comercialização. A falta deste último lhes tira a liberdade de barganhar melhores preços para os produtos comercializados com as indústrias, além de criar uma pressão pela necessidade de saldar o compromisso já assumido com o agiota na ocasião do custeio, apressando, assim, a venda do produto, muitas vezes resultando em prejuízos na atividade como um todo.

No segmento industrial-exportador, é comum a utilização do Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) como forma de financiamento da exportação da cera. No entanto, os empresários reclamam dos prejuízos decorrentes da valo-rização cambial do real frente ao dólar durante o Governo Lula. De acordo com depoimento oral, não raro ocorre de os industriais embarcarem a mercadoria por um preço e receberem a menor, dias depois, devido à valorização da moeda.

O segmento industrial-exportador, assim como no passado, continua atri-buindo ao governo as responsabilidades pelos problemas atuais da atividade. Em entrevistas, a maioria deles foi categórica na cobrança por uma política de preços mínimos.

As reivindicações apresentadas em entrevistas com industriais-exportadores são:

a) a operacionalização das políticas de proteção cambial (hedge);

b) a equalização das taxas de câmbio; e

c) a redução de taxas para o ACC.

Observou-se, também, a reticência de alguns quanto à possibilidade de o governo disponibilizar financiamento para o pequeno produtor ou o rendeiro, segundo os quais criaria mais um problema, pois contribuiria para a disponibili-dade de maior volume de pó e cera no mercado, que, aliado ao baixo consumo interno, depreciaria ainda mais o valor do produto no mercado internacional.

43 Numa das indústrias visitadas, o responsável declarou que deixou de fazer o financiamento dos rendeiros e produtores porque era muito comum pegarem o dinheiro e os sacos de embalagem, retirarem o pó do carnaubal e vendê-lo à vista para outra indústria, deixando o financiador no prejuízo.

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Porém, segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, toda a cadeia produtiva da cera de carnaúba necessita de financiamentos (CEARÁ, 2003). Segundo a mesma fonte, a atividade precisaria de recursos da ordem de R$ 100 milhões. Os industriais carecem de crédito para financiar a produção de cera e formar estoques que possam ser vendidos na entressafra, através da Bolsa de Valores Regional; e os produtores necessitam de recursos para financiar a atividade extrativa do pó.

Numa breve pesquisa entre os bancos oficiais, verificou-se que, embora não existam linhas de financiamento específicas, há diversas possibilidades de finan-ciamento para a atividade como um todo.

No Banco do Brasil, a atividade pode ser financiada através dos Empréstimos do Governo Federal (EGF)44, Finame Especial, Proger Rural, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) grupos C e D, e pelas Cédulas de Produto Rural (CPR)45 (MAGALHÃES, 2003).

O BNB, embora não coloque à disposição linhas específicas de financiamento para a atividade, aplicou cerca de R$ 9 milhões na cadeia produtiva da carnaúba, de 1998 até 200646. Foram beneficiados produtores de micro, mini, pequeno e médio portes, principalmente nos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, para a aquisição isolada de matéria-prima, aquisição isolada de matéria-prima e insumos, capital de giro, custeio, investimentos fixos e semifixos e investimento rural (Tabela 21).

Em números arredondados, no período 1998-2006, o Estado da Federação que deteve o maior financiamento do BNB para a cadeia produtiva foi o Piauí (total de 257 operações)47, em volume pouco maior que o do Ceará, R$ 4,9

44 O EGF é um empréstimo aos produtores rurais para que estoquem os produtos e os vendam na época da entressafra, para evitar que o governo forme altos estoques. Sem a opção de venda ao governo (AGF), o produtor deve pagar o empréstimo ao agente financeiro quando vencido, não podendo vender o produto ao governo ao preço mínimo vigente. Com a opção de venda, vencido o empréstimo, o produtor vende o produto ao governo pelo preço mínimo vigente, caso o preço de mercado seja inferior ao preço mínimo (BACHA, 2003).

45 A CPR é um título que somente produtores rurais ou suas cooperativas podem emitir, a qualquer tempo, mesmo após o produto colhido ou acabado, e os recursos são provenientes dos compradores. O negócio é realizado entre produtor e comprador, e o BB participa garantindo o cumprimento da obrigação assumida pelo produtor por meio do aval e propiciando a venda da CPR nos canais de venda disponíveis: leilão, balcão de agronegócios e balcão da agência.

46 Todos os valores que figuram neste capítulo foram atualizados pelo IPCA-IBGE, de junho de cada ano, a partir de 1998, até dezembro de 2006, segundo metodologia do Bacen (2007).

47 Vale ressaltar que o número de operações pode não ser igual ao número de clientes, ou seja, pode acontecer de

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milhões (55%) contra R$ 3,9 milhões (44%), respectivamente. Em terceiro lugar está o Rio Grande do Norte, com R$ 59,7 mil (menos de 1%), que, a despeito de ser um dos três maiores produtores de cera da região, figura em último entre os estados que receberam financiamento do BNB, com irrisório volume financiado. Conforme constatado durante a pesquisa de campo no Rio Grande do Norte, a maior empresa, localizada em Mossoró, encontrava-se em dificuldades financeiras em 2006, tendo fechado suas portas ainda naquele ano; os pequenos produtores também se queixavam da dificuldade de acesso ao financiamento.

Tabela 21 – Financiamento do BNB à Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Estado, Período 1998-2006

UNIDADE DA FEDERAÇÃOTotal por UF (R$)

Operações Valor Contratado

Ceará 2�1 3.��7.�8�,�3

Piauí 2�7 �.�72.2�8,��

Rio Grande do Norte � ��.7��,33

TOTAL 514 8.999.618,72

Fonte: BNB (200�).Nota: Valores atualizados pelo IPCA/IBGE, segundo metodologia do Banco Central.

O porte do produtor é definido por alguns parâmetros estabelecidos pelas normas internas do BNB, como renda ou faturamento do tomador (pessoa física ou jurídica), podendo variar de uma linha de financiamento para outra. Quatro foram os tipos financiados: os pequenos produtores receberam o maior volume financiado pelo Banco no período, com R$ 3,8 milhões, o que corresponde a 43% do volume financiado e 15% do total de operações, seguidos pelos miniprodutores, com R$ 2,5 milhões (27% do volume financiado), pelos de médio porte, com R$ 2,4 milhões (26%) e micro, com R$ 295 mil (3%).

A média financiada por operação no porte de miniprodutor foi de R$ 5.961,17 (Tabela 22). As operações de pequeno e médio porte, embora significativas em volume (69%), provavelmente foram direcionadas a pequenas e médias indústrias de cera, que exigem maiores somas de capital, com média de R$ 397.547,25 para porte médio e R$ 48.143,93 para pequeno porte.

um mesmo cliente possuir mais de uma operação, principalmente ao longo de uma série histórica de nove anos. Quando o texto mencionar médias, entenda-se que se trata de média por operação, não média por cliente.

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Tabela 22 – Financiamento do BNB para a Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Porte, Período 1998-2006

PORTETotal por Porte (R$)

Operações Valor Contratado Valor médio

Micro 1� 2��.8��,�� 21.0�3,8�

Mini �1� 2.��7.�2�,1� �.��1,17

Pequeno 80 3.8�1.�1�,�3 �8.1�3,�3

Médio � 2.38�.283,�0 3�7.��7,2�

TOTAL 514 8.999.618,72 17.508,99

Fonte: BNB (200�).Nota: Valores atualizados pelo IPCA/IBGE, segundo metodologia do Banco Central.

Segundo Munn apud Soares (2007), a definição ampla de investimento é o emprego de capital com finalidade de lucro, seja em negócios, fazendas, imóveis, títulos, mercadorias ou mesmo instrução. As normas internas do BNB consideram como investimento rural (agrícola ou pecuário) os créditos diretamente relacio-nados com a atividade produtiva ou de serviços, destinados a aumentar a renda do produtor. Tais créditos só podem ser concedidos mediante apresentação de projeto técnico (BNB, 2007).

O custeio classifica-se em (BNB, 2007):

a) agrícola (gastos do ciclo produtivo de lavouras periódicas, entressafra e colheitas de lavouras permanentes ou da extração de produtos vegetais espontâneos ou cultivados, incluindo beneficiamento primário da pro-dução e armazenamento no estabelecimento rural);

b) de beneficiamento ou industrialização de produtos agropecuários (despesas com mão-de-obra, manutenção e conservação de equipamentos, aquisição de materiais secundários, sacarias, embalagem, armazenagem etc.);

c) pecuário (gastos com lavouras temporárias destinadas a ração animal, processo de ensilagem, fenação, desidratação e tratamento de restos culturais para alimentação animal, inclusive aquisição de insumos e mão-de-obra, aquisição de insumos veterinários e rações formuladas).

O financiamento para capital de giro possibilita à empresa os recursos finan-ceiros necessários para que ela possa funcionar, comprando ou vendendo seus

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produtos. A aquisição isolada de insumos ou de insumos e matéria-prima veda ao cliente a possibilidade de financiar outros itens que não estes. As finalidades classificadas por “não-especificadas” e “outros” agregam quaisquer outras finali-dades não-enquadráveis nas categorias anteriores48.

Em relação aos totais investidos, de 1998 a 2006, R$ 4,2 milhões foram aplicados em custeio, pouco menos da metade do valor total financiado, sendo também a finalidade de maior demanda, com 46% do número total de operações e também do valor total financiado. Com a finalidade investimento fixo e capital de giro, foram investidos cerca de R$ 2,55 milhões, ou 28% do total financiado no período. Nesta finalidade são enquadrados financiamentos a indústrias, razão do baixo número de operações realizadas.

Em capital de giro, foram aplicados R$ 591,6 mil, representando aproxi-madamente 7% do volume financiado. E o investimento rural representou 6% do volume financiado no período, R$ 555,6 mil. Estes dados confirmam a grande reclamação dos produtores nas entrevistas realizadas, referente à escassez de recursos para capital de giro, que ajudariam a enfrentar a sazonalidade da pro-dução49 (Tabela 23).

Realizando o cruzamento de porte versus finalidade (Tabela 24), para os mi-niprodutores, os financiamentos destinam-se sempre ao custeio e ao investimento rural. São R$ 2,05 milhões distribuídos em 182 operações de custeio e R$ 419,8 mil em 232 operações de investimento rural. Somando as duas finalidades, são 225 operações no Ceará, com um total de R$ 1,13 milhão; no Piauí, são 184, com um total de R$ 1,27 milhão, e no Rio Grande do Norte, apenas 5 operações, com R$ 58 mil financiados. Conforme esperado para uma atividade extrativa, nos três estados, a finalidade de custeio sempre é mais representativa que a de inves-timento: no Piauí e Ceará, 83% do financiamento aos miniprodutores foram para custeio, enquanto no Rio Grande do Norte, a proporção sobe para 97%.

48 Podem, eventualmente, representar financiamentos a indústrias, o que explicaria o baixo número de operações efetuadas.

49 Em entrevistas realizadas com gerentes de agências do BNB, constatou-se que o financiamento mais comum para o extrativismo da carnaúba é o de custeio, geralmente direcionado aos proprietários de carnaubais e rendeiros. Os últimos normalmente só são financiados mediante apresentação de garantias reais ou aval dos proprietários. O financiamento de capital de giro geralmente destina-se a empresas, mas é bem pouco representativo em comparação ao custeio.

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Tabela 23 – Financiamento do BNB para a Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Finalidade, Período 1998-2006

FINALIDADE Total por Finalidade (R$)

Operações Valor Contratado

Aquisição isolada de matéria-prima 2 ��.211,18

Aquisição isolada de matéria-prima e insumos 1 21.1�1,3�

Capital de giro � ��1.��1,2�

Custeio 238 �.21�.��2,38

Investimento fixo e capital de giro � 2.���.81�,88

Investimentos fixos 1 �.818,10

Investimento rural 237 ���.�11,�2

Investimentos semifixos 1 23.�71,�0

Não-especificada 1� �02.123,83

Outros � �7.812,2�

TOTAL 514 8.999.618,72

Fonte: BNB (200�).Nota: Valores atualizados pelo IPCA/IBGE, segundo metodologia do Banco Central.

Tabela 24 – Financiamento aos Miniprodutores, por Finalidade, Período 1998-2006

UF_MUN Porte Finalidade No. Op. Valor Contratado

CE

MINI CUSTEIO 120 ��0.071,8�

INVESTIMENTO RURAL 10� 1�7.��1,3�

MINI Total CE 225 1.137.713,20

PI

MINI CUSTEIO �� 1.0�1.��2,08

INVESTIMENTO RURAL 12� 220.���,�3

MINI Total PI 184 1.272.211,51

RN

MINI CUSTEIO 3 ��.38�,11

INVESTIMENTO RURAL 2 1.�1�,33

MINI Total RN 5 58.001,44

TOTAL 414 2.467.926,15

Fonte: BNB (200�).Nota: Valores atualizados pelo IPCA/IBGE, segundo metodologia do Banco Central.

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Pelos dados, conclui-se que o perfil do tomador que lida com carnaúba geralmente é o miniprodutor, que solicita recursos para custeio e investimento rural em atividades desenvolvidas nos Estados do Piauí, Ceará ou Rio Grande do Norte, enquadrado no FNE-Rural ou Pronaf-B. Os recursos encontram-se também muito concentrados nos pequenos e médios produtores.

Os anos em que o BNB destinou maiores volumes de financiamento à atividade carnaubeira foram 1998, 2000 e 2006 (Tabela 25). No entanto, o crédito foi muito concentrado no ano de 1998, com a média de R$ 296 mil por operação, caindo em 2000 e 2006 para R$ 25 mil e R$ 18 mil por operação, respectiva-mente. O ano em que os recursos foram mais distribuídos na atividade foi 2004, com a média de R$ 5,6 mil por operação. Como o papel do BNB é desenvolver a região, é interessante que o crédito siga essa tendência de desconcentração do período 1999-2006, a fim de que mais produtores sejam favorecidos.

O fato de apenas 514 operações haverem sido realizadas num período de nove anos (cerca de 57 por ano) demonstra que o BNB tem potencial de aumen-tar a clientela envolvida com o extrativismo da carnaúba, ainda que se restrinja a três estados. Caso venha a ser formulada uma política específica para a atividade, acredita-se que os recursos tenderão a ser mais bem distribuídos e o número de operações ampliado.

Tabela 25 – Financiamento do BNB para a Cadeia Produtiva da Carnaúba, por Ano, Período 1998-2006

ANOTotal por Ano (R$)

Operações Valor Contratado

1��8 8 2.373.1��,78

1��� 1� ���.08�,3�

2000 80 2.0��.1��,�0

2001 �� ��3.3�0,73

2002 1� 1�7.1�0,11

2003 �8 �2�.2�0,3�

200� 123 ���.2�0,73

200� �8 710.018,71

200� �8 1.227.1�7,31

TOTAL 514 8.999.618,72

Fonte: BNB (200�).Nota: Valores atualizados pelo IPCA/IBGE, segundo metodologia do Banco Central.

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6.2.2 – Outras ações de apoio à atividade

6.2.2.1 – Ações de entidades públicas

Merecem destaque algumas ações de entidades públicas desenvolvidas ou em desenvolvimento em prol da atividade.

A Petrobras vem desenvolvendo trabalho, através do qual investiga tecnologias para a cera de carnaúba em duas linhas: compatibilidade entre a cera de carnaú-ba e a parafina originária do petróleo, sob a responsabilidade do seu Centro de Pesquisa do Rio de Janeiro e estudo da molécula de hidrocarbonetos, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Na primeira linha de pesquisa, existe o pressuposto de que há uma tendência mundial de mudança da rota de produção de lubrificantes, para uma rota que não produz parafina, ao tempo em que cresce a demanda por parafinas. Partindo desta realidade, a Petro-bras pretende estimular a utilização da cera de carnaúba (já que é uma parafina natural) em conjunto com as parafinas originárias do petróleo. Na segunda linha de investigação, pesquisadores estudam o craqueamento térmico visando à obtenção de lubrificantes, emulsões, graxas e aditivos originários da cera de carnaúba.

O BNB-Etene financiou três pesquisas que se encontram em execução pela Embrapa: uma delas aborda a bagana como alimentação de ovinos; a segunda, objetiva a pesquisa de genótipos superiores de carnaubeira para o Nordeste (ver Apêndice B); a terceira, trata do desenvolvimento de tecnologias de manejo das folhas e utilização dos frutos da carnaubeira50. Apóia também dois projetos sociais relacionados à carnaúba, um deles executado pelo Instituto Sertão e o outro pelo Instituto Carnaúba, ambos no Estado do Ceará (ver descrição no item b a seguir).

Outro projeto apoiado pelo BNB-Etene é executado pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), através do seu Núcleo Temático da Seca, que se propõe a promover o inventário dos estoques de informação sobre a carnaúba, disponíveis no acervo do Núcleo e produzir um catálogo digital descritivo das informações inventariadas, para consulta local ou remota (UFRN, 2002). Esse

50 Com relação ao último tópico, trata-se da caracterização do fruto da carnaubeira de várias regiões, pensando em formas de utilização do produto. Já foi feita a caracterização, assim como testes para formulação de geléia da polpa. No momento, estão sendo realizados: teste sensorial da geléia a partir da formulação utilizando diferentes concentrações de insumos (ácido cítrico, conservantes e pectina), com o objetivo de chegar a uma formulação com boa aceitabilidade sensorial e de características físico-químicas e microbiológicas adequadas; teste de armazenamento de três meses.

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projeto é coordenado pela profa. Terezinha de Queiroz Aranha, pesquisadora e entusiasta da carnaúba. A mesma universidade, através da equipe da professora Tereza Neuma de Castro Dantas, realiza atualmente pesquisas com a produção artesanal de papel a partir da palha, utilizando a técnica da reciclagem.

No ano de 2001, o BNB-Etene financiou o desenvolvimento de um secador solar para palha de carnaúba, num trabalho de pesquisadores da UFPI (Universi-dade Federal do Piauí) em parceria com a Fapepi (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí)51.

Além da parceria com o BNB, a UFPI (através do Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste – Tropen), vem realizando trabalho que envolve diagnóstico e projeção de cenários para a atividade extrativa da carnaúba no Estado do Piauí.

É também do Piauí a iniciativa de encontrar soluções para os problemas tec-nológicos da atividade. No ano de 2002, tentou-se uma parceria entre a Fapepi (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí) e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) de São Paulo. Na ocasião, foi formada uma equipe de trabalho en-volvendo técnicos do IPT, do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), da Fapepi e da UFPI (Universidade Federal do Piauí). Esta equipe realizou visitas técnicas organizadas pelo MCT e Fapepi às zonas produtoras de cera do Estado do Piauí, com o objetivo de “identificar oportunidades de cooperação técnica entre a Fapepi e o IPT para apoiar a indústria da cera de carnaúba do Piauí, principalmente nas etapas de colheita e secagem das folhas de carnaúba” (IPT, 2002, p. 1).

O relatório final das visitas técnicas apontava para a necessidade de “uma abordagem integrada em toda a cadeia produtiva nas suas três fases: agrícola, industrial e comercial”, recomendando a realização de estudos e desenvolvimento de pesquisas em todas elas, conforme o que se segue (IPT, 2002, p. 6):

- Fase Agrícola: desenvolvimento de uma ferramenta de corte de folhas de carnaúba com utilização de tecnologias modernas conhecidas; desenvolvimento de secador solar móvel e portátil para folhas de carnaúba; desenvolvimento de um novo “batedor” de folhas de carnaúba para extração de pó de cera.

- Fase Industrial: realização de pesquisas para introdução de inovações

51 Detalhes sobre os resultados dessa pesquisa são apresentados no capítulo 3.

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tecnológicas para modernizar todos os processos do sistema produtivo da cera (extração, filtração, destilação, clareamento, escamação, pulverização).

- Fase Comercial: criação de um sistema de informação para monitorar con-tinuamente as demandas nacional e internacional de cera de carnaúba, estatística de produção, produtividade, investimentos e custos fixos e operacionais pratica-dos; realização de estudos prospectivos visando identificar novos produtos ou subprodutos da cadeia produtiva da cera de carnaúba.

A parceria proposta não se concretizou. Segundo informação verbal do técnico do IPT, provavelmente por falta de recursos para tocar os projetos propostos.

No ano de 2005, pesquisadores da UFPI realizaram um mapeamento dos carnaubais no Estado do Piauí. O estudo foi financiado pela Finep/CNPq/MCT, através da Fapepi.

É também da UFPI o grupo de pesquisadores que realizou recentemente uma pesquisa com o objetivo de estudar o potencial industrial dos frutos da carnaúba. Foi realizada uma análise físico-química da polpa e da casca e feita a desidratação desta. Foi preparado o doce de fruto de carnaúba em calda e feita uma análise físico-química do produto. As análises físico-químicas demonstraram que os frutos são homogêneos quanto a peso e diâmetro e apresentam baixa acidez, tendo como principal componente os açúcares. Trata-se, no entanto, de estudo preliminar, que requer maior aprofundamento na investigação (GOMES et.al., 2004).

O governo do Piauí concede também incentivos fiscais para instalação de indústrias de cera52 e tem realizado operações de blitz periódicas a fim de im-pedir o escoamento de pó e cera para estados vizinhos sem a devida fiscalização tarifária (LOBÃO, 2004).

52 A lei estadual nº 4.503, de 10.09.92, institui incentivo fiscal relativo ao Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS às empresas responsáveis por empreendimentos industriais ou agroindustriais prioritários no Piauí, na implantação, relocalização ou revitalização. O prazo do investimento é de 10 anos, contados a partir do primeiro faturamento da empresa. As condições dos incentivos são as seguintes: a) empreendimentos sem similar no Piauí: dispensa de 100% do ICMS devido nos primeiros cinco anos; do 6º a 7º ano dispensa de 60% do ICMS devido; do 8º ao 10º dispensa de 30% do ICMS devido. Para os empreendimentos que, na sua implantação, empreguem mão-de-obra local equivalente a mil empregos diretos, haverá dispensa de 100% do ICMS devido nos primeiros oito anos e de 60% do 9º ao 10º ano; b) empreendimentos com similar no Piauí: dispensa de 60% do ICMS devido nos cinco primeiros anos; de 40% no 6º e 7º anos; 20% do 8º ao 10º ano e, na hipótese de ampliação do empreendimento, serão dispensados 60% do ICMS devido nos primeiros três anos e 40% no 4º e 5º anos (BNB, 2007).

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O governo do Estado do Ceará, entre os anos de 2003 e 2006, por meio de sua Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), realizou algumas ações importantes em prol do extrativismo da carnaúba: em julho de 2003, concluiu um diagnóstico da “Cadeia produtiva da cera de carnaúba”; em novembro do mesmo ano, realizou um seminário sobre a carnaúba, denominado de “Carnaúba: uma fonte sustentável de geração de emprego e renda” e, através de Decreto, instituiu a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carnaúba (CSCPC); em março de 2005, foi criado Decreto que instituiu a carnaúba como “Árvore símbolo do Estado do Ceará”; em fevereiro de 2006 foi assinado Decreto de criação do “Parque Estadual das Carnaúbas”, no município de Granja.

A CSCPC tem o objetivo de ser um fórum de discussão, articulação e reivin-dicação para a atividade como um todo. É da CSCPC a iniciativa de encaminhar um Ofício à Conab solicitando a normalização da PGPM para o ano de 2003 e de retorno das AGFs, com o objetivo explícito de evitar queda de preços dos produtos pó e cera. No ano de 2004, a CSCPC realizou uma oficina sobre custo de produção de pó e cera para subsidiar a Conab no estabelecimento do preço mínimo dos produtos nas safras 2004/2005 (CSCPC, 2006).

Em 2005, a CSCPC elaborou um projeto de divulgação sobre a importância e o potencial socioeconômico e ambiental da carnaúba, tendo como piloto o muni-cípio de Caucaia, envolvendo 25 escolas municipais e oito estaduais, projeto este que, ao cabo de um ano, deveria ser replicado no município de Maracanaú.

Em dezembro de 2005, a CSCPC promoveu novo seminário com o objetivo de divulgar ações de pesquisa, desenvolvimento, conservação ambiental, mercado, comercialização e artesanato da carnaúba, com participantes dos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Ao final deste seminário, foi proposta a elaboração de uma “Carta da Carnaúba” com base nos temas discutidos no evento e com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da atividade (Anexo B).

Em 2006, ainda no governo Lúcio Alcântara, a Câmara Setorial era composta pelas secretarias estaduais do Desenvolvimento Econômico (SDE), Agricultura (Se-agri), Ciência e Tecnologia (Secitece), Trabalho e Empreendedorismo (Sete), além da Companhia de Desenvolvimento do Ceará (Codece), a Associação Caatinga, o Sindicarnaúba, o Sincarnaúba, a Federação das Associações do Comércio, Industria, Serviços e Agropecuária do Ceará (Facic), a Federação dos Trabalhadores da Agricul-tura do Ceará (Fetraece) e a Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec).

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No momento (ano de 2007), com a mudança de governante, as atividades da Câmara e os projetos envolvendo carnaúba no Ceará aguardam o anúncio de diretrizes de políticas estaduais para os próximos quatro anos.

6.2.2.2 – Ações de entidades não-governamentais

a) Entidades de Classe

Centro de Exportadores do Ceará:

Essa Entidade representou os interesses dos industriais-exportadores até o ano de 2002, mas já vinha perdendo sua influência desde metade dos anos 1990. Era liderada por Manoel Machado (dono do extinto Bancesa e da Empresa Machado S.A., que paralisou as atividades em 1995), o qual veio a falecer pouco depois que o Banco Central providenciou a liquidação extrajudicial do Bancesa em 2002. Em seguida, as instalações do Centro foram fechadas.

Sindicarnaúba – Sindicato das Indústrias Refinadoras de Cera de Carnaúba do Estado do Ceará

No início dos anos 1990, em meio à restrição imposta pelo Estado ao apoio da atividade e diante do enfraquecimento do Centro de Exportadores do Ceará, os industriais-exportadores da cera fundaram um sindicato, o Sindicarnaúba, que teria como objetivo trabalhar pelos interesses dos associados, os refinadores de cera do Estado do Ceará (Depoimento oral de Marco Antônio de Melo, secretário geral). No entanto, atualmente, apenas seis indústrias são filiadas: Ceras Johnson, Ceras Vegetais do Ceará, Rodolfo G. Moraes, Pontes, Cera Peles, Foncepi. Todos os sócios são exportadores, os quais controlam 80% do total da cera refinada. Outra função do Sindicato, segundo seu secretário geral, é servir de elo entre indústria de cera e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e entre indústria de cera e sociedade civil. No entendimento de Marco Antonio, é boa a comunicação entre os filiados do Sindicato, exceto quando o assunto é preço de venda ao exterior.

Ao lado da Câmara Setorial, o Sindicarnaúba é atualmente o principal fórum de reivindicações dos industriais-exportadores, sendo a principal delas o retorno dos empréstimos e aquisições de cera de carnaúba pelo governo. Porém, dife-rentemente do que ocorreu no passado, o segmento não tem obtido apoio às suas reivindicações.

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Com relação à problemática que perdura desde o pós-guerra em torno da cotação da cera no mercado internacional e das práticas comerciais irregulares, o Sindicato não tem exercido papel determinante na busca de solução e não expli-cita, em seu plano de reivindicações, a preocupação com a situação53: os preços continuam sendo determinados pelo grupo de importadores; a mesma postura de desconfiança e descumprimento de acordos continua sendo praticada pelos industriais-exportadores. A declaração do empresário Marc Theophile Jacob, em seu sítio na Internet.(JACOB, 2007), é sintomática da situação:

“muitas vezes discordamos dos nossos concorrentes no setor da cera de carnaúba, pois supomos que eles adotam práticas de concorrência desleais”.

Vários depoimentos orais de diversos industriais, tomados durante a pes-quisa de campo, corroboram o discurso de Jacob, dentre os quais merecem destaque:

“O sindicato se reúne, mas não decide nada. O que é de-cidido não é cumprido, a concorrência impera e não há cooperação”.

.“[...] existe mais concorrência que cooperação entre os in-dustriais da cera, apesar da existência de algum diálogo. O problema do preço, por exemplo: o sindicato determina um preço de venda da cera, no entanto, isso não tem funciona-do, pois o empresário, quando sai da reunião, desobedece à determinação”.

.“Não há consciência da necessidade da união e cada expor-tador tem um preço diferente”.

“Meu sentimento é de que a concorrência é muito maior que a cooperação: os empresários são muito desconfiados entre si”.

Observa-se, também, que alguns industriais-exportadores descobrem brechas para se beneficiarem das regras da política de isenção fiscal adotada pelo Estado do Piauí. Atores do próprio segmento denunciam que é recorrente a evasão de impostos por parte de algumas empresas instaladas naquele Estado, as quais de-duzem o ICMS do preço do produto e o exportam para outro Estado utilizando a via de transporte ilegal, vendendo-o mais barato. Em texto disponibilizado no sítio da Internet, o Sr. Marc Jacob declara:

53 Ver no Anexo C texto da pauta de reivindicações do Sindicato.

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“Agora, por exemplo, amparados pelos incentivos fiscais concedidos pelo Estado do Piauí, quando nem montaram as refinarias a que se comprometiam para receberem as isenções (industriais), estão remetendo a cera para as suas congêneres do Ceará, onde se creditam pelo ICMS que vem discriminado na Nota Fiscal embora não pago, devido à isenção que os ampara.”��.(JACOB, 2007).

De fato, em 2003, a Secretaria da Fazenda do Piauí recebeu denúncias de que o pó da cera de carnaúba estaria saindo do Estado de forma ilegal, so-bretudo na 4ª Região Fiscal, localizada em Oeiras, fato que levou à instalação da denominada “Operação Cera de Carnaúba”, com o objetivo de combater a sonegação fiscal do produto (LOBÃO, 2007). O fato é que algumas empresas refinavam o produto no Piauí e faziam a exportação a partir de outro Estado. Em agosto de 2003, foram revogados os incentivos fiscais de empresas de cera de carnaúba irregulares e, em seguida, no mês de setembro, as empresas com atuação irregular foram intimadas, através de Decreto, a instalar equipamentos de filtragem e escamação da cera de carnaúba, de modo a possibilitar, dentro do próprio Estado, a fabricação da cera de carnaúba filtrada e escamada, pronta para ser exportada (LOBÃO, 2007a).

A ação do Estado do Piauí de combate à sonegação fiscal montada em agosto e novembro de 2003, segundo matéria divulgada em janeiro de 2004 por Lobão (2007a), surtiu efeitos positivos, pois, em mais de 100 anos, pela primeira vez, o Piauí ocupou o primeiro lugar em volume de exportação de cera de carnaúba (US$ 967 mil), superando, em novembro de 2003, os Estados do Ceará (US$ 865 mil) e Rio Grande do Norte (US$ 255 mil). Em termos de volume de cera, as exportações do Piauí alcançaram 45,68% do total, enquanto o Ceará foi res-ponsável por 34,69% e o Rio Grande do Norte, por 19,62%.

A operação, segundo Lobão (2007a), em 2004, continuava sendo realiza-da em duas frentes, consistindo na fiscalização permanente da saída do pó de carnaúba (a fim de evitar que o produto saia sem o pagamento do ICMS) e das indústrias de cera que recebem isenção, de forma que não exportem para outro estado o produto refinado.

54 Diante da política adotada pelo Estado do Piauí, de incentivos fiscais, algumas indústrias exportadoras cearenses instalaram congêneres naquele Estado, com o objetivo de tirarem proveito da guerra fiscal instalada entre os Estados.

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Sincarnaúba – Sindicato dos Produtores Rurais de Cera do Estado do Ceará

O Sincarnaúba é outra entidade de classe existente na atividade, para re-presentar os interesses de produtores artesanais de cera e tem como presidente o Sr. Carlos Augusto Almada. De acordo com depoimento do seu presidente, a entidade foi criada em 2003, com ações voltadas para melhorar a qualidade da cera artesanal, alcançar melhores preços para a cera e buscar financiamento junto aos órgãos oficiais, reunindo cerca de 200 produtores artesanais de cera de carnaúba de várias regiões do Ceará. Apesar de um número significativo de associados, a participação em discussões deixa a desejar, considerando o baixo desempenho da entidade. Segundo declaração do Sr. Almada, o relacionamento da entidade com o Sindicarnaúba (refinadores) existe no momento de discutir preços do produto.

Centro dos Exportadores do Piauí

No Piauí, existe atualmente um “Centro dos Exportadores” que funciona mais como promotor de eventos sobre a atividade e menos como entidade de agregação de esforços para solucionar os problemas da atividade.

b) Organizações não-governamentais

Algumas organizações não-governamentais têm manifestado sua preocupação quanto à manutenção da atividade extrativa, quatro delas no Ceará e uma no Rio Grande do Norte. Tais organizações atuam à margem da ação governamental, muitas vezes exercendo papel fundamental em comunidades não-alcançadas pela capilaridade das instituições públicas, conforme se observa a seguir.

No Ceará, o Instituto Sertão, o Instituto Carnaúba e o Instituto Sesemar realizaram uma parceria para a execução do Projeto Rede Carnaúba, o qual via-bilizou a organização do manejo e produção extrativista da carnaúba em quatro assentamentos (Aragão, Nova Terra, Cacimbas e Mufumbo), por meio de ações de capacitação, assessoria, investimento e custeio. Formou-se um conselho com lideranças dos assentamentos, responsável pela co-gestão do projeto, adquiriu-se um caminhão, uma máquina de bater palha de carnaúba e formou-se um fundo rotativo coletivo para o custeio da produção, além de capacitações de lideranças e assentados. Como resultado, os assentamentos passaram a trabalhar de forma autônoma e coletiva os seus carnaubais, realizando anualmente o corte e benefi-ciamento das palhas para a produção e comercialização conjunta do pó cerífero de carnaúba, gerando um significativo incremento de renda na atividade extrativista

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(da ordem de 400%), 75 novos empregos e adoção de práticas agroecológicas de manejo dos carnaubais como redução de queimadas e reflorestamento (INS-TITUTO SESEMAR, 2006).

Além deste, outros projetos têm sido executados por essas e outras organi-zações, conforme apresentado a seguir:

- Instituto Sertão

Com sede em Fortaleza, essa ONG foi constituída em 1999. Dentre outros objetivos, busca pesquisar e desenvolver alternativas para que as comunidades rurais e urbanas periféricas alcancem sua sustentabilidade, através do planejamento participativo e integrado (D´ALVA, 2004).

Um de seus eixos de ação nas comunidades rurais inclui o Projeto Árvore da Vida, que enfoca a conservação, recuperação e extrativismo da carnaúba. As ações deste projeto já contemplaram uma pesquisa sobre o desmatamento de carnaubais no Vale do Jaguaribe, denúncias de desmatamentos ilegais, pesquisa sobre uma planta exótica invasora (Cryptostegia.grandiflora), assessoria a grupos de traba-lhadores extrativistas em Santana do Acaraú, Miraíma e Beberibe, implantação de parcelas de manejo e reflorestamento e unidades de beneficiamento de cera de carnaúba, e publicação de uma cartilha educativa (D´ALVA, 2004).

No ano de 2001, a entidade foi convidada pela prefeitura de Beberibe para dar assessoria a pequenos produtores, proprietários de fábricas artesanais que produzissem entre 30 e 100 arrobas de cera. Conseguiram recursos do Pronaf por via do Banco do Brasil e mais dois contratos de investimento com o BNB para aquisição de duas máquinas de bater palha a juros de 3% a.a. Houve problemas devido ao aumento do valor dos arrendamentos pelos proprietários, mas, mesmo assim, o grupo ganhou por livrar-se dos agiotas, aos quais pagavam 8% a.m. A idéia é, a partir dessa experiência, conseguir uma política pública para carnaúba na esfera municipal.

Atualmente o Instituto Sertão coordena a execução de um projeto financiado pelo BNB-Etene para implantação do Programa Municipal de Conservação e Uso Sustentável da Carnaúba no município de Beberibe, que tem por objetivos o mape-amento dos carnaubais existentes e áreas degradadas, implantação de uma unidade de reflorestamento, melhorias nas unidades de beneficiamento da cera e capacitação para artesanato. O projeto tem previsão de conclusão no ano de 2007.

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Instituto Carnaúba

Fundado em janeiro de 2001, no município de Sobral, esta entidade atua em oito municípios num raio de 50km em torno dessa cidade (Meruoca, Alcântaras, Massapê, Santana do Acaraú, Forquilha, Groaíras, Cariré e Sobral). Trabalha quatro grandes ecossistemas:

a) Serra da Meruoca (APA em processo de criação, a partir de um projeto apresentado pelo senador Inácio Arruda);

b) Vale do Acaraú (comitê de bacias);

c) Caatinga (convivência com o semi-árido);

d) Ambiente Urbano (Programa Cidades do Semi-árido).

A carnaúba, neste contexto, tem a ver tanto com o ecossistema do Vale do Acaraú quanto da Caatinga, riqueza natural que deveria (segundo depoimento oral dos dirigentes da entidade, Osvaldo Aguiar e Expedito Torres) resgatar o bem-estar econômico e social das comunidades que vivem de sua exploração, fonte de emprego e renda na época da seca. Há uma preocupação da ONG de trabalhar o resgate da cultura, da sobrevivência, do desenvolvimento econômico.

Também esta organização, com apoio de recursos do BNB-Etene, realiza trabalho em prol da atividade. Trata-se de um estudo propositivo do Arranjo Produtivo Local (APL) da exploração e manejo da cultura da carnaúba, para construir uma proposta de revitalização dos carnaubais na região noroeste do Estado do Ceará, em forma de estudo a ser entregue ao BNB-Etene em 2007. Este estudo conta com a participação dos atores envolvidos no arranjo, dentro da visão de desenvolvimento territorial, considerando os aspectos ambiental, social e econômico, e visa diagnosticar potencialidades e problemas através dos dados já existentes e a construção de novos conhecimentos.

Outro trabalho importante desta ONG foi realizado durante o ano de 2005. Com o objetivo de documentar, em fotografia, o processo produtivo social e ambiental do carnaubal, no sentido de trabalhar a recuperação da carnaúba e de contribuir para a sua valorização por parte da própria população local, o Instituto Carnaúba produziu, com o patrocínio do Supermercado Pinheiro, uma série de fotos mostrando todo o processo produtivo da carnaúba, bem como as relações sociais de produção. As fotos foram feitas pelo fotógrafo Alcides Mota, que,

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atualmente, realiza trabalhos na área socioambiental. As fotos, que registram a carnaúba no entorno do rio Acaraú, nas comunidades de Bonfim e Várzea Redonda (Sobral, CE) e de Boa Esperança (Cariré, CE), já passaram por exposição nos cinco Supermercados Pinheiro, nos municípios de Sobral, Itapipoca e Fortaleza, além de outros locais de circulação pública, como a rodoviária, a Casa de Cultura e o Salão de Exposições da Diocese, em Sobral, o Salão de Exposição do Congresso Nacional, em Brasília, e o aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza.

A exposição conta também com amostras de cera de olho e palha, além de peças de artesanato local fabricadas com palha de carnaúba. A iniciativa é relevante, pois mostra ao público em geral, em locais de grande circulação, a importância so-ciocultural da atividade, assim como sua capacidade de gerar emprego e renda.

Instituto Sesemar

O instituto Sesemar (Serra, Sertão e Mar) foi fundado em 2003 por iniciativa de um grupo de técnicos e agentes comunitários de base que atuam na região de Itapipoca, onde mantém sua sede. A área de atuação corresponde a São Gonçalo do Amarante, Paracuru, Paraipaba, Trairi, Itapipoca, Amontada, Itarema, Miraíma, Itapajé, Irauçuba, Tejuçuoca, General Sampaio, Apuiarés, Pentecoste, São Luís do Curu, Umirim, Tururu e Uruburetama.

O principal trabalho dessa entidade em prol da atividade de carnaúba foi desen-volvido nas áreas de organização do manejo e produção, em parceria com as ONGs Instituto Sertão e Instituto Carnaúba, conforme descrito no início deste subitem.

Associação Caatinga

Esta é outra organização com atuação no semi-árido cearense, que conta com uma rede de parcerias e tem uma preocupação com a preservação da carnaúba. Criada em 1998, tem por missão contribuir para a conservação das plantas, animais e comunidades naturais que representam a biodiversidade da caatinga, bem como para a difusão de experiências de sucesso e práticas exemplares. Entre as ações que desenvolve, pode-se citar a criação e gestão de áreas protegidas, fomento à pesquisa, educação e capacitação (ASSOCIAÇÃO CAATINGA, 2005).

ONG Carnaúba Viva

Uma quinta ONG também vem realizando trabalhos em prol da atividade. Trata-se da Carnaúba Viva, sediada em Assu (RN), criada a partir da idéia da

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Petrobras de substituir as lâminas de alumínio que antes revestiam os dutos de transporte de vapor, por esteiras de palha de carnaúba. A parte mais importante desse processo, acima da economia milionária para a estatal, é a possibilidade de geração de trabalho e renda para quem antes vivia à mercê do assistencialismo governamental (HUDSON, 2004).

A ONG foi pensada a partir da constatação da necessidade de organização da produção a fim de que a Petrobras pudesse adquiri-la. Foi preciso ampliar a produção para atender a demanda, empregando um número maior de artesãos. O grupo que fabrica as mantas, inicialmente composto de 50 mulheres do assen-tamento Palheiros III, em Upanema, hoje conta com 300 artesãos dos municípios potiguares de Assu, Itajá, São Rafael, Upanema, Pendências, Macau, Afonso Be-zerra, Apodi, Mossoró e um grupo de Aracati, no Ceará, que também fornece as mantas para complementar a produção do Rio Grande do Norte. O dinheiro obtido com a venda das mantas, segundo relatos, melhorou a vida de muitas pessoas, devolvendo a elas sua dignidade (HUDSON, 2004; COUTINHO, 2006).

O volume de cada pedido contratado varia em função da demanda da estatal, mas a Carnaúba Viva já chegou a produzir até 1.000 mantas e 5.000 cintas em um só mês. Desde o início do contrato, em 2004, a Carnaúba Viva faturou R$ 266 mil, fabricando 17.558 mantas grandes e 8.940 médias. Além das mantas e cintas, os artesãos que participam do projeto produzem peças artesanais decorativas e utilitárias. Segundo a coordenadora do projeto, Gracia Margarida Ramalho, os contratos de fornecimento de mantas e cintas para a Petrobras são uma garantia para os artesãos, que antes não tinham perspectivas de trabalho e sofriam com a estiagem que assola a região. Na opinião dela, todos eram pessoas carentes, com grandes dificuldades financeiras e privações, mas que agora resgataram a cidadania, juntamente com a cultura do trabalho com a palha de carnaúba. Este projeto tem como parceiros o Sebrae do Rio Grande do Norte, que, através do Projeto Cadeia Produtiva do Petróleo, do Gás e Energia do Estado, está capacitando os artesãos visando melhorar a qualidade dos produtos oferecidos à Petrobras (COUTINHO, 2006).

A ONG conquistou, com o trabalho das mantas de palha de carnaúba, em 2005, o primeiro lugar na categoria inovação social na região Nordeste, do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, e se colocou como uma das finalistas do prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil (ODM Brasil), também

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em 2005, destacando-se entre os 10 melhores projetos da Petrobras em 2006 (COUTINHO, 2006).

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7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES DE POLÍTICAS

A principal atividade econômica desenvolvida em torno do extrativismo da carnaúba na região Nordeste do Brasil, a extração do pó cerífero, gera elevado nível de ocupação no campo, muito embora seja realizada sob baixos níveis de produtividade, principalmente devido ao baixo nível tecnológico, provocando uma perda estimada em cerca de até 60% de pó durante as operações de corte, secagem da palha, trituração para extração e elaboração da cera de origem.

A reversão em termos de ganhos sociais é bastante limitada, em decorrência principalmente de suas atividades, no geral, estarem baseadas em relações de produções bastante atrasadas, em que predomina o trabalho informal e, prin-cipalmente, submissão do segmento primário ao intermediário e deste, por sua vez, ao setor industrial.

No contexto das relações de produção estabelecidas, os proprietários de car-naubais geralmente participam indiretamente do processo produtivo, enquanto os rendeiros (arrendatários dos carnaubais, em geral, donos de máquinas de triturar palha e também, normalmente, pequenos proprietários rurais) atuam diretamente, estabelecendo relações informais de trabalho com os trabalhadores extrativistas, no sentido de que não existem compromissos trabalhistas formais e, muito menos, o estabelecimento de um sistema de assalariamento rural.

A estrutura fundiária em boa parte das regiões produtoras (principalmente Estados do Ceará e Rio Grande do Norte) é bastante fragmentada, sendo que a maior parte das explorações de carnaubais é feita por rendeiros.

É importante registrar a crise estrutural que persiste na atividade desde o final da Segunda Guerra Mundial, fruto de um conjunto de fatores que resultou em elevado nível de desarticulação e desorganização da cadeia produtiva como um todo, fazendo-a assemelhar-se mais a uma cadeia alimentar. Apesar de contar com um sindicato representativo dos refinadores e uma Câmara Setorial, cujo papel explícito é de discussão e reivindicação de benefícios para a atividade soluções não têm sido encontradas para os graves problemas que afetam todos os segmentos, principalmente aqueles relacionados à determinação da cotação da cera (desde os anos 1940, os preços vêm sendo estabelecidos pelos importadores), à postura de desconfiança entre os diversos atores e ao recorrente descumprimento de acordos entre eles.

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No campo, a inexistência de linhas de financiamento específicas para o custeio da atividade leva os rendeiros a recorrerem aos industriais ou atravessadores, sub-metendo-se, por vezes, a juros incompatíveis com sua capacidade de pagamento. Isso acaba sendo também um impedimento para que sejam feitos investimentos em equipamentos que poderiam contribuir para melhoramentos tecnológicos e aumento do rendimento da atividade extrativa.

Outro fator a considerar é que a atividade conta com muitos produtores de pó e cera bruta no campo e com poucos industriais refinadores que exportam cera; conta com menos ainda importadores de cera, que não são necessariamente industriais, mas grandes distribuidores que compram a cera e a repassam para industriais no exterior, a quem cabe elaborar o produto e vender para diversos países (inclusive Brasil), para emprego nas indústrias nacionais. A conjugação de todos estes fatores parece criar um estado de incapacidade dos industriais em definir os preços da cera em patamares aceitáveis, bem como permite a interfe-rência dos intermediários e importadores na formação do preço.

Após décadas de políticas direcionadas para o industrial–exportador (décadas de 1940 a 1980), desde os anos 1990 não se planejam políticas para a ativida-de. Vários atores queixam-se da descapitalização e atribuem isso ao fato de não existir política pública específica, com linhas de financiamento adequadas e ao fato de os refinadores não cumprirem as determinações acordadas nas reuniões do Sindicato, principalmente aquelas referentes a preços. Atualmente recorrem aos bancos para obter o ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), a fim de realizarem a transação de exportação da cera.

Se, por um lado, observa-se a inexistência de políticas públicas específicas para financiamento dos diversos segmentos da atividade, por outro, se registra um elevado nível de endividamento e inadimplência dos agricultores e empresários junto ao sistema financeiro.

Registro importante a fazer é com relação à substituição de carnaubais por culturas irrigadas, processo ocorrido com maior intensidade na década de 1970, com estímulo do governo. Esse processo se verificou com grande intensidade no Ceará e Rio Grande do Norte, sendo ainda perceptível em regiões onde a carnaúba tem grande adensamento, como no Baixo Jaguaribe.

Durante a viagem da pesquisa de campo à zona rural do município de Russas, presenciou-se a derrubada de um carnaubal para plantação de arroz. Ao perceber

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a presença de pessoas de fora, o responsável pelo serviço logo procurou saber quem estava testemunhando a cena, temendo tratar-se de fiscais do Ibama.

A devastação das carnaubeiras traz vários danos ao meio ambiente: prejudica o solo, que fica desprotegido, retirando seus nutrientes e favorecendo a ação da erosão e assoreamento dos rios; elimina uma fonte de alimento para os animais, que é o fruto que cai quando maduro, e contribui para o aumento da temperatura ambiente, pela maior concentração de raios solares sobre o solo. Uma forma de reduzir os danos provocados pela derrubada dos carnaubais é trabalhando com o reflorestamento. Para isso, no entanto, serão necessários estudos sobre os aspectos genéticos da planta com o objetivo de se entender sua fisiologia e obter menor porte e maior precocidade. Uma outra forma seria o enquadramento das áreas de ocorrência de carnaubais como reservas extrativistas, de forma que se permitisse a atividade secularmente praticada com a garantia de que os carnaubais não fossem erradicados para implantação de culturas de ciclo curto ou mais lucrativas.

Em vista deste diagnóstico e da importância da atividade em termos econô-micos e sociais para o Nordeste, considera-se fundamental que o governo federal viabilize institucionalmente uma estrutura normativa e executiva – a exemplo do que está sendo trabalhado na atividade sisaleira nordestina – para coordenar um tra-balho conjunto dos diversos órgãos públicos (Ministérios do Trabalho e Emprego, do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social e Segurança Alimentar, da Cultura, BNB, Embrapa, Universidades e Sebrae), dos governos estaduais, das prefeituras municipais e das entidades da sociedade civil organizada atuantes nas áreas de extrativismo da carnaúba, com o objetivo de se elaborar e implementar uma política integrada para o desenvolvimento da atividade.

No âmbito do BNB, sugerem-se as seguintes ações de apoio à atividade, nas principais etapas, conforme apresentado a seguir:

7.1 – Etapas de Campo

7.1.1 – Financiamento da produção

Tendo em vista que grande parte da exploração dos carnaubais é feita pelo rendeiro, é importante pensar-se em formas de financiamento do custeio de suas atividades. O custeio vai contribuir para reduzir a dependência que este segmento tem dos industriais-exportadores, tendo em vista que em torno de 95% do que se

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produz é destinado ao mercado externo. O financiamento do custeio irá favorecer a formação de estoque, permitindo que o agricultor espere o melhor momento para comercializar seu produto. O financiamento ao rendeiro pode funcionar também como um incentivo ao surgimento de pequenas indústrias, caso permita a aquisição de máquinas e equipamentos.

O financiamento para custeio de arrendamento e das atividades de corte da folha até a fabricação da cera de origem deve obedecer às seguintes con-dições:

a) entrada do projeto no BNB = julho;

b) primeiro desembolso (incluindo o arrendamento) = agosto;

c) número de parcelas de desembolso = 02;

d) número de parcelas de reembolso = 01 parcela, 03 meses após o fim do ciclo (o fim do ciclo ocorre mais ou menos no mês de fevereiro. Portanto, o reembolso deverá ocorrer no mês de maio).

Ainda em termos de financiamento, poder-se-ia pensar em crédito de custeio das seguintes formas:

a) Projetos-piloto com crédito rotativo solidário em duas frentes (ONGs como o Instituto Sertão e o Instituto Carnaúba têm experiência com crédito rotativo solidário e poderiam servir de fonte de consulta para eventual elaboração de política semelhante pelo BNB):

(i) assentamentos;

(ii) grupos de pequenos produtores.

b) crédito de custeio para rendeiros (conforme orçamentos apresentados no capítulo 5). Para o caso de estocagem de cera e pó cerífero, pode-se verificar a possibilidade de utilização da linha FNE-Giro Insumo;

c) crédito de custeio para a produção de cera de origem nas regiões onde existem fábricas artesanais (ver orçamento no capítulo 5). Neste caso também se pode verificar a possível utilização da linha FNE-Giro Insu-mo;

d) estabelecimento de fundo de aval entre os municípios e o BNB, como garantia do custeio aos rendeiros.

13�

7.1.2 – Investimento em tecnologia

a) Ampliar os trabalhos de pesquisa, com envolvimento dos órgãos respon-sáveis, que versem sobre tecnologias de seleção, propagação de espécies nativas e exóticas do gênero Copernicia. Observar o comportamento delas em plantios ordenados e em consórcio com culturas agrícolas e pastagens, visando alcançar resultados que reflitam em aumento da produtividade futura, pelo fato de poder assegurar carnaubeiras mais vigorosas em siste-mas ordenados e com espaçamento definido, cuja exploração compense os custos; as pesquisas poderiam também identificar novos produtos ou subprodutos da cadeia produtiva da cera de carnaúba e melhorar geneti-camente a palmeira, a fim de torná-la precoce, de menor porte e com mais copas, permitindo maior número de folhas, para melhorar a produtividade. Pesquisas direcionadas ao aproveitamento energético dos frutos e amêndoas também poderiam ser conduzidas, conforme comentado no item 3.3;

b) melhoramentos tecnológicos em diversas fases do processo extrativo para elevar o rendimento do pó e reduzir o esforço humano:

(i) no corte das folhas, é possível estimular o desenvolvimento de uma ferramenta que substitua a foice convencional, utilizando tecnologias modernas já conhecidas;

(ii) na secagem, a separação do pó cerífero poderia ser realizada de ma-neira mais rentável e com qualidade controlada, através da utilização de secador solar, que deveria ser móvel e de fácil montagem/desmontagem, a fim de reduzir as perdas do pó cerífero;

(iii) na extração do pó, o batimento mecânico das folhas secas também necessita de melhorias, já que, além da perda, origina-se um pó com mais impurezas que pelo batimento manual. Como sugestão, poderia ser em-pregado equipamento semelhante às colheitadeiras de café. A proposta do professor Saburo Ykeda, do IPT, é de se projetar uma máquina que separe o pó da folha seca da carnaúba por equipamento vibratório, podendo a coleta do pó ser realizada através de equipamento aspirador, operação que poderia ser efetivada dentro do próprio secador solar.

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7.2 – Etapa Industrial

7.2.1 - Investimento em tecnologia

A fase industrial também necessita de pesquisas que busquem inovações tecnológicas para a extração, filtragem, destilação, clareamento, escamação e pul-verização, bem como estimular e apoiar a pesquisa tecnológica para novos usos: cosméticos, fármacos, emulsão etc. É fundamental que órgãos públicos articulem-se entre si e com universidades e indústrias para trabalhar o desenvolvimento de tecnologia de novos produtos da cera de carnaúba55, como lubrificantes de alta qualidade, que empreguem a fabricação de cera em larga escala, a fim de que isso desvie parte da produção exportada para o consumo interno, melhorando o preço da cera exportada. Existe a possibilidade de utilização da cera como uma “parafina natural”, já que há tendência de redução na produção de parafina mineral, conforme apresentado no subitem 6.2.2.1 deste documento. Outras aplicações possíveis seriam a fabricação de plástico para a indústria alimentícia, já que o filme convencional derivado de petróleo pode ser responsável pela ocorrência de câncer intestinal, e a substituição da parafina utilizada em alguns fármacos (a exemplo do repelente natural a base de citronela) pela parafina da cera de carnaúba.

7.2.2 – Etapa comercial

a) Seguindo recomendação de pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI, 2002), considera-se que a comercialização da cera também poderia ser beneficiada com a criação de um sistema de informações para monitorar continuamente as demandas nacional e internacional de cera de carnaúba, estatísticas de produção, produtividade, investimentos e custos fixos e operacionais praticados. Tal sistema permitiria o diagnóstico das variações de mercado, preço, demanda e oferta, viabilizando um planejamento seguro para a atividade. No entanto, tal empreitada, para

55 Pesquisas realizadas nos últimos anos apontam a existência do triacontanol na cera de carnaúba, um álcool alifático de cadeia longa (C30H61OH), que tem a propriedade de promover o crescimento de diversas culturas hortícolas, frutíferas e ornamentais, apresentando também relevantes resultados no aumento da fotossíntese em diversas plantas. Ele pode ser ainda obtido da cera de cana-de-açúcar e de abelha (RIES, 1991apud FREIRE; BARGUIL, 2006; RAMANARAYAN; SWAMY, 2004 apud ANDRADE, 2005; CHEN et.al., 2002 apud ANDRADE et.al., 2005).

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se concretizar, necessita da colaboração e apoio do segmento industrial-exportador;

b) seria razoável pensar-se na montagem de laboratórios em órgãos públicos para servir de apoio aos pequenos produtores e rendeiros, de forma a resguardá-los de possíveis problemas quanto ao resultado da análise de qualidade do seu produto, atualmente realizada pelo comprador. Entre-tanto, é impraticável pensar-se nisso para as Ematers, devido à deficiência de pessoal e logística, fruto do sucateamento pelo qual passaram nos últimos vinte anos, a não ser que os estados tomem a decisão de realizar um trabalho de reconstrução delas;

c) realizar um estudo de demanda pelos produtos, em especial pó e cera, como forma de se medir o tamanho do mercado e o potencial de cres-cimento. Tudo o que se colheu em campo sobre a atividade é estimativa, não havendo certeza quanto ao total realmente demandado, seja para exportação, seja para mercado interno.

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APÊNDICES

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Apêndice A – Estimativas de Custo e Receita no Extrativismo da Carnaúba

Parte 1 – Informações utilizadas nos cálculos de custo e receita

1. Informações utilizadas como parâmetro para a realização dos cálculos de custos:

a) É realizado um corte/ano;

b) São derrubados 10 milheiros de palhas por trabalhador, por dia. Cada turma de corte é composta de quatro vareiros. Assim, são derrubados 40 milheiros de folhas por dia;

c) Arrendamento = R$ 2,00/milheiro de folhas (neste caso, não se utilizou a média, mas o valor observado com maior freqüência);

d) Trabalhadores no corte e secagem:

i) considerando o pagamento em diárias:

- Vareiro = R$ 15,00;

- Aparador = R$ 12,50;

- Comboieiro = R$ 12,50;

- Lastreiro = R$ 12,50;

- Fiscal =R$ 11,50;

ii) considerando o pagamento com base em milheiros de palha:

- Vareiro = R$ 3,00

- Aparador/Enfiador = R$ 2,80;

- Ajuntador = R$ 0,50;

- Entregador + arrumador = R$ 2,00;

- Lastreiro = R$ 1,20;

- Comboieiro =R$ 1,10;

e) Alimentação para 10 animais que fazem o transporte das folhas do campo ao lastro = 1,5 litro de milho/animal/dia; preço do milho = R$

1�3

0,50/litro;

f) Custo de “bateção” = R$ 0,29/kg de pó batido: cerca de 20% (R$ 0,05) pago ao proprietário da máquina; cerca de 80% (R$ 0,24) pago ao responsável pela “bateção”; ou pagamento de R$ 2,00 pelo aluguel da máquina de bater;

g) Rendimento na “bateção” da palha na máquina: 7,5kg de pó/milheiro de palha;

h) Diárias dos trabalhadores na máquina de cortar palhas:

- Motorista/maquinista/chofer/mecânico = R$ 14,00;

- Empurrador = R$ 13,50;

- Feixeiro/encostador/carregador/palheiro = R$ 12,50;

- Baganeiro = R$ 13,50;

i) Saco para pó = 24kg de pó/saco, ao preço de R$ 0,50/saco;

j) Barbante para fechar sacos = 200 sacos/rolo, ao preço de R$ 3,50/rolo;

k) Diária dos trabalhadores na fábrica artesanal:

- Prenseiro = R$ 12,50

- Fogueiro = R$ 12,50

2. Informações utilizadas como parâmetro para a realização dos cálculos de receita

a) Rendimento da palha em termos de tipo de pó: 20% pó olho; 80% pó palha;

b) Preços de venda do pó cerífero:

- Olho = R$ 5,00/kg;

- Palha = R$ 1,70/kg

a) Rendimento da cera de origem em relação ao pó:

- Pó olho: 80% de cera

1��

- Pó palha: 60% de cera

a) Preço de venda da cera de origem:

- Cera branca = R$ 7,00

- Cera arenosa =R$ 2,80

a) De cada milheiro de palhas obtêm-se, em média, 4kg de borra;

b) Preço de venda da borra = R$ 0,40/kg;

c) A bagana extraída de milheiro de palhas é vendida por R$ 3,00.

3. Juros sobre empréstimos = 5% a.m., durante 2 meses. Considerou-se o período de cerca de dois meses entre o início do processo produtivo (corte da palha) e a entrega da primeira carga de cera e borra, em torno de 7 toneladas (levando em conta que o transporte será feito por um caminhão TOCO, com as seguintes características: largura: 2,4m; comprimento: 7,0m; altura: 4,30m; capacidade: 7 toneladas) (SDR, 2008).

Parte 2 – Cálculo das estimativas de custo e receita

Utilizando os parâmetros descritos no item anterior, nesta Parte, são apre-sentadas as Tabelas com as estimativas a partir de cálculos realizados nas planilhas constantes do CD-ROM encartado nesta publicação.

1. Sem produção de cera de origem no campo, ou seja, os custos refe-rem-se somente às etapas de arrendamento, corte e secagem da palha, extração, ensacamento e transporte do pó.

a) Os serviços em campo são pagos com base em milheiros de palhas derrubados.

1��

Tabela A1 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte de Pó (1) – Bateção com Máquina e Serviço Próprios – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 21. Arrendamento 1 Milheiros fls. 2,00 2,002. Corte e secagem em milheiros derrubados

8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00

- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30

- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10

- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó (bateção) 1,25

Máquina própria; bateção própria 1 0 1,08 1,08

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 12,46

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 12,�� 1,25

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 13,71

CUSTO TOTAL GERAL 13,71

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 6,99

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1��

Tabela A2 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte de Pó(1) – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2) VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em milheiros derrubados

8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00

- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30

- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10

- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20

- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 1,97

Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

7,� kg de pó 0,2� 1,80

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 13,18

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,18 1,32

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,50

CUSTO TOTAL GERAL 14,50

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2) VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 6,20Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).

1�7

Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).Tabela A3 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração,

Ensacamento e Transporte de Pó(1) – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em milheiros derrubados

8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00

- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30

- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10

- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20

- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,17

Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palhas batidos

1milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 13,38

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,38 1,34

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,72

CUSTO TOTAL GERAL 14,72

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 5,98Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1�8

Tabela A4 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte de Pó(1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,002. Corte e secagem em milheiros derrubados

8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00

- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30

- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10

- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20

- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,35

Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

7,� Kg de pó 0,2� 2,18

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 13,56

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,�� 1,36

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,92

CUSTO TOTAL GERAL 14,92

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2) VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 5,78Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).

Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1��

Tabela A5 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte de Pó(1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADEVR.

UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em milheiros derrubados

8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00

- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30

- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10

- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20

- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,17

Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palha batidos

1Milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,014. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%)tempo (meses)

13,38

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,38 1,34

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,72

CUSTO TOTAL GERAL 14,72

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADEVR. UNIT

(2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70-Bagana kg 3,00 3,00-Pó cerífero (7,�kg) 17,70 Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0 Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 5,98Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1�0

b) Os serviços em campo são pagos com base em diárias trabalhadas.

Tabela A6 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte de Pó(1) – Bateção com Máquina e Serviço Próprios – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2) VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1milheiros

fls.2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas

5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0

- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0

- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 1,25

Máquina própria; bateção própria 1 0 1,08 1,08

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa

a.m.(%)tempo (meses)

9,39

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 �,3� 0,94

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 10,33

CUSTO TOTAL GERAL 10,33

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 10,37Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1�1

Tabela A7 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte do pó (1) – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1milheiros

fls.2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas

5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 1,97

Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

7,� Kg de pó 0,2� 1,80

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%)tempo (meses)

10,11

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,11 1,01

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,12

CUSTO TOTAL GERAL 11,12

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 9,58Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1�2

Tabela A8 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte do Pó (1) – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas

5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0

- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0

- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,17

Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palhas batidos

1milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 10,31

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,31 1,03

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,34

CUSTO TOTAL GERAL 11,34

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 9,36

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1�3

Tabela A9 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte do Pó (1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas

5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0

- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0

- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,35

Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

7,� Kg de pó 0,2� 2,18

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 10,49

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,�� 1,05

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,54

CUSTO TOTAL GERAL 11,54

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 9,16

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1��

Tabela A10 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração, Ensacamento e Transporte do Pó (1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas

5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0

- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0

- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,17

Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palha batidos

1milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte pó (6) 7,� kg pó 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 10,31

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,31 1,03

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,34

CUSTO TOTAL GERAL 11,34

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 20,70

-Bagana kg 3,00 3,00

-Pó cerífero (7,�kg) 17,70

Pó olho (20%) 1,� kg �,00 7,�0

Pó palha (80%) � kg 1,70 10,20

LUCRO LÍQUIDO 9,36Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1��

2. Com produção de pó e cera de origem no campo, ou seja, os custos referem-se às etapas de arrendamento, corte e secagem da palha, extração do pó, elaboração e transporte da cera de origem.

a) Os serviços em campo são pagos com base em milheiros de palhas derrubados.

Tabela A11 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera(1) – Bateção com Máquina e Serviço Próprios – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2 1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,002. Corte e secagem em milheiros derrubados 8,76- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�3. Extração do pó 1,25Máquina própria; bateção própria 1 0 1,08 1,08- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,014. Transporte cera (6) 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 12,465. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 12,�� 1,25TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 13,71ETAPA 3 Produzir cera? Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 Kg cera 0,0� 0,0�Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�Depreciação equipamentos - vb - 0,0��CUSTO UNITÁRIO 0,25Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,222. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34CUSTO TOTAL GERAL 15,05

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56-Cera de origem (�,8kg) 18,48 Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0 Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08LUCRO LÍQUIDO 7,51

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1��

Tabela A12 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera (1) – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADEVR.

UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2 1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,002. Corte e secagem em milheiros derrubados

8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�3. Extração do pó 1,97Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

7,� Kg de pó 0,2� 1,80

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,014. Transporte cera (6) 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 13,185. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,18 1,32TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,50ETAPA 3 Produzir cera? Sim 1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�Depreciação equipamentos - vb - 0,0��CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34CUSTO TOTAL GERAL 15,84

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADEVR. UNIT

(2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56-Cera de origem (�,8kg) 18,48 Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0 Do pó Palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08LUCRO LÍQUIDO 6,72

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1�7

Tabela A13 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADEVR.

UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2 1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,002. Corte e secagem em milheiros derrubados 8,76- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�3. Extração do pó 2,17Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palhas batidos

1milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte cera (6) 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 13,385. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,38 1,34TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,72ETAPA 3 Produzir cera? Sim 1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22Operários da prensa e caldeira (8) 1 Kg cera 0,0� 0,0�Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�Depreciação equipamentos - vb - 0,0��CUSTO UNITÁRIO 0,25Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,222. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 16,06

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADEVR.

UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56

-Cera de origem (�,8kg) 18,48 Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0 Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08LUCRO LÍQUIDO 6,50

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1�8

Tabela A14 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera(1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2) VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em milheiros derrubados 8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00

- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30

- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10

- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20

- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,35

Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

7,� kg de pó 0,2� 2,18

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte cera (6) 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 13,56

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,�� 1,36

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,92

ETAPA 3 Produzir cera? Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 16,26

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADEVR. UNIT

(2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56

-Cera de origem (�,8kg) 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO 6,30Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

1��

Tabela A15 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera(1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em milheiros derrubados 8,76

- Vareiro 1 milheiros fls. 3,00 3,00

- Aparador/enfiador/junteiro 1 milheiros fls. 3,30 3,30

- Comboieiro/carroceiro 1 milheiros fls. 1,10 1,10

- Lastreiro 1 milheiros fls. 1,20 1,20

- Fiscal (mateiro) 1 milheiros fls. 1,00 0,00

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,17Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palha batidos

1milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte cera (6) 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 13,38

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 13,38 1,34

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 14,72

ETAPA 3 Produzir cera? Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 16,06

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56-Cera de origem (�,8kg) 18,48 Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0 Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08LUCRO LÍQUIDO 6,50

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

170

b) Os serviços em campo são pagos com base em diárias trabalhadas.

Tabela A16 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem Ensacamento e Transporte da Cera (1) – Bateção com Máquina e Serviço Próprios – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas 5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0

- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0

- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 1,25

Máquina própria; bateção própria 1 0 1,08 1,08

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte cera (6) 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 9,39

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 �,3� 0,94

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 10,33

ETAPA 3 Produzir cera? Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 11,67

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56

-Cera de origem (�,8kg) 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO 10,89Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

171

Tabela A17 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera(1) – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2 1. Arrendamento 1 Milheiros fls. 2,00 2,002. Corte e secagem em diárias trabalhadas 5,69- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�3. Extração do pó 1,97Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

7,� kg de pó 0,2� 1,80

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,014. Transporte cera (6) 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 10,11

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,11 1,01

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,12

ETAPA 3 Produzir cera?: Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 12,46

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56

-Cera de origem (�,8kg) 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO 10,10Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

172

Tabela A18 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera(1) – Bateção com Máquina Própria, Serviço Terceirizado e Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(1)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas 5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0

- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0

- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,17Máquina própria; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palhas batidos

1milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte cera (6) 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 10,31

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,31 1,03

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,34

ETAPA 3 Produzir cera?: Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 Kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 M3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 12,68

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56

-Cera de origem (�,8kg) 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO 9,88Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

173

Tabela A19 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera(1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Quilos de Pó Extraídos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2

1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,00

2. Corte e secagem em diárias trabalhadas 5,69

- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0

- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0

- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2

- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�

- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�

3. Extração do pó 2,35

Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em quilos de pó extraídos

- vb 0,2� 2,18

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte cera (6) 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 10,49

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,�� 1,05

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,54

ETAPA 3 Produzir cera? Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 12,88

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56

-Cera de origem (�,8kg) 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO 9,68Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

17�

Tabela A20 – Arrendamento, Corte e Secagem de um Milheiro de Palha, Extração do Pó, Produção de Cera de Origem, Ensacamento e Transporte da Cera(1) – Bateção com Máquina e Serviço Terceirizados, Pagamento com Base em Milheiros de Palhas Batidos – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT(2)VALOR TOTAL

ETAPAS 1 e 2 1. Arrendamento 1 milheiros fls. 2,00 2,002. Corte e secagem em diárias trabalhadas 5,69- Vareiro 0,1 diárias 1�,00 1,�0- Aparador/enfiador/junteiro 0,0� diárias 12,�0 2,�0- Comboieiro/carroceiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2- Lastreiro 0,0� diárias 12,�0 0,�2- Fiscal (mateiro) 0,02� diárias 11,�0 0,2�- Alimentação para 10 animais (3) 0,312� kg 0,�0 0,1�3. Extração do pó 2,17

Máquina terceirizada; bateção terceirizada; pgto. com base em milheiros de palha batidos

1milheiro de

palhas2,00 2,00

- Sacos para o pó (�) 0,312� unid. 0,�0 0,1�

- Barbante (�) 0,002 rolo 3,�0 0,01

4. Transporte cera (6) 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 10,31

5. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 10,31 1,03

TOTAL CUSTO ETAPAS 1 E 2 11,34

ETAPA 3 Produzir cera?: Sim

1. Custo da Cera de origem (4,8kg por milheiro) 1,22

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

CUSTO UNITÁRIO 0,25

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 1,22

2. Juros sobre empréstimo (7) �,00 2 1,22 0,12

TOTAL CUSTO ETAPA 3 1,34

CUSTO TOTAL GERAL 12,68

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADEVR. UNIT

(2)VALOR TOTAL

RECEITA BRUTA 22,56

-Cera de origem (�,8kg) 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,7 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO 9,88

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007); Gomes et.al. (200�).Nota: Os textos explicativos das notas 1 a 10 desta Tabela estão disponíveis no final deste Apêndice (p.183).

17�

3. Sem produção de pó

a) considerando taxa de juros de 5% a.m. sobre empréstimo – mercado paralelo

Tabela A21 – Aquisição de Pó (80% Pó Palha + 20% Pó Olho), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 17,70

% Pó olho 20 % � 7,�0

% Pó palha 80 % 1,7 10,20

2. Transporte cera 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45

3. Custo da cera de origem (para 4,8kg) 1,22

Custo da Cera de origem (unitário) 0,2�

Operários da prensa e caldeira (1) 1 Kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (2) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (3) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 19,37

4. Juros sobre empréstimo �,00 2 1�,37 1,94

CUSTO TOTAL GERAL 21,31

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT. (R$) VALOR TOTAL (R$)

RECEITA BRUTA 19,56

-Cera de origem (�) 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,70 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO -1,75

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 25,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de 500kg de cera,

de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 150kg de cera, é necessário 0,5m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007, p. 170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias 15

latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,35 litro para cada quilo de pó. Considera-se que, para produzir um quilo de cera, é necessário 1,45kg de pó, o que exigirá 2,91 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

(4) Os percentuais indicados referem-se ao rendimento do pó empregado na fabricação da cera, diferindo assim dos percentuais empregados na aquisição do pó, que se referem a quantidades.

17�

Tabela A22 – Aquisição de Pó (50% Pó Palha + 50% Pó Olho), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 25,12

% Pó olho �0 % � 18,7�

% Pó palha �0 % 1,7 �,37

2. Transporte cera 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45

3. Custo da cera de origem 1,22

Custo da Cera de origem (unitário) 0,2�

Operários da prensa e caldeira (1) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (2) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (3) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal Taxa a.m.(%) tempo (meses) 26,79

4. Juros sobre empréstimo �,00 2 2�,7� 2,68

CUSTO TOTAL GERAL 29,47

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT. (R$) VALOR TOTAL (R$)

RECEITA BRUTA 28,20

-Cera de origem 27,30

Do pó olho (80%) 3 kg 7,00 21,00

Do pó palha (�0%) 2,2� kg 2,80 �,3

-Borra 2,2� kg 0,�0 0,90

LUCRO LÍQUIDO -1,27

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007,

p.170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias 15

latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,35 litro para cada quilo de pó. Considera-se que para produzir um quilo de cera é necessário 1,45kg de pó, o que exigirá 2,91 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

(4) Os percentuais indicados referem-se ao rendimento do pó empregado na fabricação da cera, diferindo assim dos percentuais empregados na aquisição do pó, que se referem a quantidades.

177

Tabela A23 – Aquisição de Pó (100% Pó Palha), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 12,75

% Pó olho 0 % � 0

% Pó palha 100 % 1,7 12,7�

2. Transporte cera 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

3. Custo da Cera de origem 1,22

Custo da Cera de origem (unitário) 0,2�

Operários da prensa e caldeira (1) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (2) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (3) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal taxa a.m.(%)tempo (meses)

14,42

4. Juros sobre empréstimo �,00 2 1�,�2 1,44

CUSTO TOTAL GERAL 15,86

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

RECEITA BRUTA 13,80

-Cera de origem 12,60

Do pó olho (80%) 0 kg 7,00 0,00

Do pó palha (�0%) �,� kg 2,80 12,�

-Borra 3,00 kg 0,�0 1,20

LUCRO LÍQUIDO -2,06

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007,

p.170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias

1� latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,3� litro para cada quilo de pó. Considera-se que para produzir um quilo de cera é necessário 1,��kg de pó, o que exigirá 2,�1 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

(4) Os percentuais indicados referem-se ao rendimento do pó empregado na fabricação da cera, diferindo assim dos percentuais empregados na aquisição do pó, que se referem a quantidades.

178

Tabela A24 – Aquisição de Pó (100% Pó Olho), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 37,5

% Pó olho 100 % � 37,�

% Pó palha 0 % 1,7 0

2. Transporte cera 7,� kg cera e borra 0,0� 0,45

3. Custo da Cera de origem 1,22

Custo da Cera de origem (unitário) 0,2�

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 39,17

4. Juros sobre empréstimo �,00 2 3�,17 3,92

CUSTO TOTAL GERAL 43,09

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT. (R$) VALOR TOTAL (R$)

RECEITA BRUTA 42,60

-Cera de origem 42,00

Do pó olho (80%) � kg 7,00 �2,00

Do pó palha (�0%) 0 kg 2,80 0

-Borra 1,�0 kg 0,�0 0,60

LUCRO LÍQUIDO -0,49

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007,

p.170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias 15

latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,35 litro para cada quilo de pó. Considera-se que para produzir um quilo de cera é necessário 1,45kg de pó, o que exigirá 2,91 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

(4) Os percentuais indicados referem-se ao rendimento do pó empregado na fabricação da cera, diferindo assim dos percentuais empregados na aquisição do pó, que se referem a quantidades.

17�

b) considerando taxa de juros de 0,53% a.m. sobre empréstimo – recursos do FNE: (O custeio pelo FNE-Rural tem taxas de 5% a.a. para miniprodutores e 7,25% a.a. para pequenos produtores. Fez-se a média ponderada pelos valores financiados de 1998 a 2006 para esses dois portes de produtor, o que resultou 6,37% a.a., correspondendo a uma taxa de 0,53% a.m., considerando o regime de juros simples)

Tabela A25 – Aquisição de Pó (80% Pó Palha + 20% Pó Olho), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 17,70

% Pó olho 20 % � 7,�0

% Pó palha 80 % 1,7 10,20

2. Transporte cera 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

3. Custo da cera de origem (para 4,8kg) 1,22

Custo da Cera de origem (unitário) 0,2�Operários da prensa e caldeira (1)

1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (2) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (3) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal taxa a.m.(%)tempo (meses)

19,37

4. Juros sobre empréstimo 0,�3 2 1�,37 0,21

CUSTO TOTAL GERAL 19,58

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT. (R$) VALOR TOTAL (R$)

RECEITA BRUTA 19,56

-Cera de origem 18,48

Do pó olho (80%) 1,2 kg 7,00 8,�0

Do pó palha (�0%) 3,� kg 2,80 10,08

-Borra 2,70 kg 0,�0 1,08

LUCRO LÍQUIDO -0,02

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Nota:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007,

p.170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias

1� latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,3� litro para cada quilo de pó. Considera-se que para produzir um quilo de cera é necessário 1,��kg de pó, o que exigirá 2,�1 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

180

Tabela A26 – Aquisição de Pó (50% Pó Palha + 50% Pó Olho), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 25,12

% Pó olho �0 % � 18,7�

% Pó palha �0 % 1,7 �,37

2. Transporte cera 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

3. Custo da cera de origem 1,22

Custo da cera de origem (unitário) 0,2�

Operários da prensa e caldeira (1) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (2) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (3) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal taxa a.m.(%)tempo (meses)

26,79

4. Juros sobre empréstimo 0,�3 2 2�,7� 0,28

CUSTO TOTAL GERAL 27,07

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT. (R$) VALOR TOTAL (R$)

RECEITA BRUTA 28,20

-Cera de origem 27,30

Do pó olho (80%) 3 kg 7,00 21,00

Do pó palha (�0%) 2,2� kg 2,80 �,30

-Borra 2,2� kg 0,�0 0,90

LUCRO LÍQUIDO 1,13

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007,

p.170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias

1� latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,3� litro para cada quilo de pó. Considera-se que para produzir um quilo de cera é necessário 1,��kg de pó, o que exigirá 2,�1 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

181

Tabela A27 – Aquisição de Pó (100% Pó Palha), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$) VALOR TOTAL (R$)

1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 12,75

% Pó olho 0 % � 0

% Pó palha 100 % 1,7 12,7�

2. Transporte cera 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

3. Custo da Cera de origem 1,22

Custo da Cera de origem (unitário) 0,2�

Operários da prensa e caldeira (1) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (2) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (3) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 14,42

4. Juros sobre empréstimo 0,�3 2 1�,�2 0,15

CUSTO TOTAL GERAL 14,57

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT. (R$) VALOR TOTAL (R$)

RECEITA BRUTA 13,80

-Cera de origem 12,60

Do pó olho (80%) 0 kg 7,00 0,00

Do pó palha (�0%) �,� kg 2,80 12,�0

-Borra 3,00 kg 0,�0 1,20

LUCRO LÍQUIDO -0,77

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007,

p.170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias

1� latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,3� litro para cada quilo de pó. Considera-se que para produzir um quilo de cera é necessário 1,��kg de pó, o que exigirá 2,�1 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

182

Tabela A28 – Aquisição de Pó (100% Pó Olho), Produção, Ensacamento, Transporte e Venda de Cera de Origem – Custo e Receita – 2005

ITENS DE CUSTOS QUANT. UNIDADE VR. UNIT (R$)VALOR TOTAL

(R$)1. Aquisição do pó cerífero 7,� kg - 37,50

% Pó olho 100 % � 37,�0

% Pó palha 0 % 1,7 0,00

2. Transporte cera 7,�kg cera e

borra0,0� 0,45

3. Custo da cera de origem 1,22

Custo da cera de origem (unitário) 0,2�

Operários da prensa e caldeira (8) 1 kg cera 0,0� 0,0�

Lenha (�) 0,003 m3 10,00 0,03

Água (10) 2,�1 litro 0,03 0,08�

Pano de nylon para prensa 0,01 unid. 1,00 0,01

Ácido oxálico (sal de azedo) 0,003 kg �,00 0,01�

Depreciação equipamentos - vb - 0,0��

Subtotal taxa a.m.(%) tempo (meses) 39,17

4. Juros sobre empréstimo 0,�3 2 3�,17 0,42

CUSTO TOTAL GERAL 39,59

ITENS DE RECEITAS QUANT. UNIDADE VR. UNIT. (R$)VALOR TOTAL

(R$)RECEITA BRUTA 42,60

-Cera de origem 42,00

Do pó olho (80%) � kg 7,00 �2,00

Do pó palha (�0%) 0 kg 2,80 0

-Borra 1,�0 kg 0,�0 0,60

LUCRO LÍQUIDO 3,01

Fonte: Pesquisa de campo (200�); D’alva (2007).Notas:(1) Considerou-se a média de R$ 2�,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de �00kg

de cera, de acordo com o observado em campo.(2) Para produzir 1�0kg de cera, é necessário 0,�m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007,

p.170).(3) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias

1� latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,3� litro para cada quilo de pó. Considera-se que para produzir um quilo de cera é necessário 1,��kg de pó, o que exigirá 2,�1 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p.170).

183

PARTE 3: Notas explicativas das tabelas 1 a 20 deste Apêndice

(1) Um milheiro de palha derrubado produz, em média, 7,5kg de pó.

(2) Média diária regional observada durante pesquisa de campo, exceto arrendamento, em que se utilizou o valor mais freqüente.

(3) Considerando o consumo de 1,5 litro de milho por cada animal, em um dia de trabalho, o consumo diário de 10 animais (transporte de 40 milheiros de palha) será de 15 litros. Portanto, o consumo correspon-dente ao transporte de um milheiro de palha será de 0,375 litro/milheiro (15litros/40 milheiros), o equivalente a 0,3124 kg/milheiro (0,375 litro x 0,833kg/litro), considerando a densidade para o milho de 0,833 kg/litro, conforme levantado por Luna e Klein (2001). Ao preço de 0,50 por kg de milho, tem-se um custo de R$ 0,156 (0,3124kg x R$ 0,50).

(4) Cada saco armazena 24kg de pó (GOMES et. al, 2006). É necessário 0,3125 saco para armazenar 1 milheiro.

(5) Um rolo de barbante custa R$ 3,50, suficiente para fechar 200 sacos (GOMES et.al., 2006). Para 7,5kg de pó, que ocupa 0,3125 saco, seria necessário 0,00156 rolo de barbante, a maior 0,002, que gera R$ 0,007, arredondado para R$ 0,01.

(6) O rendeiro paga R$ 0,06 por cada quilo de pó transportado (GOMES et.al., 2006). O transporte de 7,5kg de pó sai por 0,45.

(7) Juros simples: subtotal *(taxa ao mês/100)* tempo em meses.

(8) Considerou-se a média de R$ 25,00 pagos por um dia de trabalho atrelado à produção de 500kg de cera, de acordo com o observado em campo.

(9) Para produzir 150kg de cera, é necessário 0,5m3 de lenha (algaroba), conforme D’alva (2007, p. 170).

(10) Segundo um informante (dono de fábrica), para cada 200kg de pó levados à caldeira são necessárias 15 latas (de 18 litros) de água (270 litros), equivalendo a 1,35 litro para cada quilo de pó. Considera-se que, para produzir um quilo de cera, é necessário 1,45kg de pó, o que exigirá 2,91 litros de água. O valor da água foi baseado em D’alva (2007, p. 170).

18�

Apêndice B – A Fazenda Raposa e o Experimento com Genótipos de Carnaubeiras Produtoras de Cera 56

A Fazenda Raposa é uma propriedade da Universidade Federal do Ceará, doada pela família Johnson, com cerca de 140 hectares, que contém coleções do gênero Copernicia, frutos das experiências das Indústrias Johnson na década de 1940, abandonadas posteriormente.

Nessa Fazenda, vem sendo desenvolvido um experimento referente a projeto de pesquisa financiado pelo BNB-Etene para a “seleção de genótipos superiores de carnaubeira (Copernicia.sp)”57. O projeto tem como objetivo avaliar e selecionar genótipos de carnaubeira produtoras de cera e palha e as utilizáveis como plantas ornamentais, por meio da avaliação de materiais nativos e introduzidos.

Para atingir o objetivo geral preestabelecido, os pesquisadores pretendem caracterizar os genótipos das carnaubeiras nativas e introduzidas a partir de uma coleção de plantas existentes na Fazenda Raposa, a qual dispõe atualmente de 21 acessos58 (Tabela B1 e Fotos B1 a B9), para, a partir daí, identificar, selecionar e propagar aquelas que têm características correlacionadas positivamente com produção de cera e palha e para utilização na ornamentação.

Tabela B1 – Espécies de Carnaúba e Respectivos Países de OrigemNo. da Espécie Nome Científico Origem

1 Copernicia.alba Paraguai2 Copernicia.baileyana -3 Copernicia.burretiana.“hibrida” Cuba� Copernicia.cowellii Cuba� Copernicia.curtissii -� Copernicia.glabrescens -7 Copernicia.hospita Cuba8 Copernicia.macroglossa -� Copernicia.prunifera BR Nativa

10 Copernicia.prunifera.(C.prunifera.x.C..alba) USA Híbrido Florida11 Copernicia prunifera (C.prunifera x C. baileyana)opernicia.prunifera (C.prunifera x C. baileyana)prunifera.(C.prunifera.x.C..baileyana) BR Híbrido12 Copernicia.hospita.x.Copernicia.prunifera. USA Híbrido Florida13 Copernicia.rígida -1� Copernicia.shaferi BR Híbrido

56 Relatório de visita realizada à Fazenda Raposa em 23/11/2005 em companhia dos pesquisadores Levy de Moura Barros, Everton Rabelo Cordeiro e Roberto César Mesquita, os quais concederam entrevista que dá suporte às informações de campo.

57 A pesquisa está sendo conduzida pela seguinte equipe: Coordenador: Roberto César Magalhães Mesquita (Embrapa); Coordenador Adjunto: Marlos Alves Bezerra (Embrapa); Demais membros da equipe: Antonio Teixeira C. Junior (Embrapa), Arlete Aparecida Soares (UFC), Claudivan F. de Lacerda (UFC) e Levi de Moura Barros (Embrapa).

58 Por acesso entende-se qualquer elemento constituinte de um banco de germoplasma, seja espécie pura ou híbrida.

continua

18�

No. da Espécie Nome Científico Origem1� Copernicia.sheferi. BR Híbrido1� Copernicia.sheferi BR Híbrido18 Copernicia.tectorum -1� Copernicia.x.textilia BR Híbrido20 Copernicia.x.vespertilionum BR Híbrido21 Copernicia.yarey -

Fonte: Pesquisa de campo, Fazenda Raposa (2007).

Na Embrapa, esta é a primeira pesquisa voltada para a carnaubeira. Observa-se um grande vácuo em termos de informações científicas para esta planta. Não se identificam pesquisas que busquem melhorar geneticamente a palmeira. As plantas têm ciclo longo, crescem lentamente e são extremamente altas, podendo chegar a 40 metros. Há carência de estudos relacionados com a redução do ciclo, a altura, bem como para ampliar o número e tamanho das folhas, melhorar a produção de cera ou mesmo para descobrir novos usos que possam ser dados aos produtos extraídos de toda a planta.

conclusão

Foto B1 – Tronco da Copernicia prunifera, Carnaubeira Brasileira

Fonte: Autores.

18�

Foto B2 – Árvores de Copernicia alba, originária do Paraguai

Fonte: Autores.

Foto B3 – Árvore de Copernicia macroglossa, origem não-identificada

Fonte: Autores.

187

Foto B4 – Árvore de Copernicia cowellii, originária de Cuba

Fonte: Autores.

Foto B5 – Árvores de Copernicia glabrescens, origem não-identificada (Frente) e Copernicia hospita, Originária de Cuba (ao Fundo)

Fonte: Autores.

188

Foto B6 – Árvore de Copernicia hospita, originária de Cuba

Fonte: Autores.

Foto B7 – Árvore de Copernicia baileyana, origem não-identificada

Fonte: Autores.

18�

Os técnicos da Embrapa despertaram para a necessidade de realizar esta pesquisa a partir de uma provocação feita por membros da câmara setorial da carnaúba, cujas reuniões ocorrem sistematicamente em Fortaleza, Ceará. A partir disso, um grupo de pesquisadores se reuniu para buscar as primeiras informações sobre a atividade. A primeira descoberta foi sobre a existência de uma coleção de genótipos na Fazenda Raposa, de propriedade da UFC, doada pela Companhia Johnson na década de 1960. Os entendimentos iniciaram-se em 2001 e, após diversas tentativas, finalmente, no ano de 2003, o grupo teve acesso a essa co-leção. Com isso, os pesquisadores recorreram ao BNB para obter recursos para tocar o projeto, o qual foi aprovado em 2004.

Segundo informação oral dos técnicos, além deste projeto junto ao BNB-Ete-ne, a Embrapa mantém outro com recursos próprios, para o qual há uma segunda etapa ocorrendo na indústria. Há uma desconexão muito grande entre campo e indústria, outra razão para o enfraquecimento da cadeia produtiva.

O projeto tenta retomar a pesquisa iniciada por volta do ano de 1940, por uma equipe da S. C. Johnson & Son Inc. Relatórios elaborados por esses pesqui-sadores, à época, resgatados e analisados pelos atuais pesquisadores, dão algumas indicações interessantes, tais como o fato de que as espécies de origem cubana C..hospita e C..cowelli podem produzir as maiores quantidades de cera, chegando a quadruplicar, se comparadas com a espécie nativa. Essa é, portanto, na visão dos pesquisadores, a planta que tem maiores perspectivas de, num futuro próximo, se houver confirmação dos dados científicos, substituir a espécie nativa nordestina.

Os pesquisadores comentaram que não houve melhoramento no processo produtivo da cera, e não há preocupação de fazer cultivo da planta, por falta de dados sobre um sistema de produção viável para a cultura. Também informaram que, empiricamente, relaciona-se o corte das folhas da carnaúba à influência da Lua.

Na Fazenda Raposa, existem oito campos com coleções de carnaúba, dos quais três foram visitados. Um deles, com área de aproximadamente 0,5 hectare, é ocupado com mais ou menos 90% de plantas C..hospita. Os técnicos ainda não dispõem de dados quantitativos sobre rendimento e desempenho das palmeiras, já que o projeto está em fase inicial.

Observou-se, em campo, que a C..hospita apresenta grande produção de frutos, que tem grande valor calórico e poderia ser uma alternativa de produção de energia para combustão (Foto B8).

1�0

Existe um projeto de um jardim botânico a ser instalado na Fazenda, elaborado por Burlemax. Infelizmente, até o momento, o projeto ainda não saiu do papel. O estado geral da propriedade reflete o abandono que algumas instituições públicas dispensam ao seu patrimônio, sucateado pela falta de verbas do governo federal. Os campos que estão com as coleções visitadas são pequenos, conforme docu-mentado na (Foto B9) e estão brocados, razoavelmente limpos, mas a propriedade não dispõe de vigilância, sendo constantemente invadida por pessoas estranhas, que caçam e praticam outros atos ilícitos. Partes do acervo de pesquisa, doado pela família Johnson com a propriedade, também não foram localizadas.

Foto B8 – Produção de Frutos da C. hospita (Carnaubeira Cubana)

Fonte: Autores.

1�1

Foto B9 – Visão do Campo de Carnaubais Plantados na Fazenda Raposa

Fonte: Autores.

1�2

Apêndice C – Emulsão de Cera de Carnaúba: uma técnica inovadora de conservação pós-colheita

Uma alternativa de utilização de cera de carnaúba no mercado interno pode ser na forma de emulsão para conservação de alimentos, principalmente frutos e hortali-ças, conforme vêm atestando diversos experimentos. Principalmente, em se tratando de conservação de alimentos a serem exportados para países do primeiro mundo, que se mostra bastante promissora, principalmente em função do apelo ecológico e natural. Esta inovação, além de proporcionar qualidade, segurança e durabilidade a alimentos perecíveis, protege contra danos mecânicos, contaminação microbiana e diminui os resíduos e as perdas no pós-colheita. Além dessas possibilidades, é possível enriquecer a película do produto com vitaminas e agentes antimicrobianos e melhorar o aspecto externo da fruta, em virtude do seu brilho intenso.

Numa rápida pesquisa na Internet, encontraram-se alguns artigos de divulga-ção de resultados de experimentos feitos com a cera de carnaúba para analisar o seu potencial de utilização, na forma de emulsão ou pulverização, como protetor da casca e redutor da perda de matéria fresca de frutos e hortaliças.

Pesquisadores da UNEB (Universidade do Estado da Bahia) avaliaram os efeitos de cobertura de cera de carnaúba na conservação de goiabas ‘Paluma’, armazenadas sob refrigeração e em condição ambiente, pelo período de 12 dias, em experimento instalado no Vale do Submédio São Francisco. Foram avaliadas as seguintes características: perda de massa, deterioração, teores de sólidos so-lúveis totais (SST), acidez titulável (AT), teor de ácido ascórbico, clorofila total e firmeza da polpa. Ao final do experimento, os pesquisadores observaram que, ao se revestir o fruto com cera de carnaúba, ocorre diminuição de perda de massa e degradação de clorofila, assim como se verifica aumento de sua vida útil, mas somente quando mantido sob condição ambiente (RIBEIRO et.al., 2005).

Também com goiaba (var. Pedro Sato), os pesquisadores Jacomino et.al..(2003) realizaram experimento para verificar o efeito da cera de carnaúba na vida útil no pós-colheita. Analisaram-se as seguintes variáveis: perda de massa; teor de sólidos solúveis totais (SST); teor de ácido ascórbico e coloração da casca e da polpa. As principais conclusões do experimento foram que a cera de carnaúba amplia o tempo de conservação da variedade de goiaba, bem como retarda o amadurecimento, reduzindo a incidência de podridões e perda de massa, confe-rindo brilho maior ao fruto.

1�3

Carvalho Filho, Honório e Gil (2006), da Universidade Pública de Navarra – Pamplona, Espanha, fizeram uma avaliação da qualidade de cerejas cobertas com películas comestíveis à base de zeína e cera de carnaúba, aplicados na forma de imersão e pulverização, durante um período de 52 dias, utilizando testemunhas. Foram analisadas as seguintes características: perda de peso, deterioração, teor de sólidos solúveis totais e acidez total. As conclusões mostraram que a emulsão de cera de carnaúba apresentou melhores resultados em todos os parâmetros. Na forma de imersão, a cera de carnaúba foi capaz de retardar a podridão até o quadragésimo quinto dia de conservação do fruto59. Funcionou como uma barreira contra a perda d’água e como promotor do retardamento do amadurecimento dos frutos.

Outra pesquisa foi realizada por Marcela Chiumazrelli, estudante do curso de Engenharia Agrícola da Unicamp, sob a orientação de Marcos David Ferreira60, para analisar o efeito da cera de carnaúba em tomates. Emulsões de cinco tipos de cera foram testadas em diferentes concentrações e temperaturas durante o período de dois anos. Os resultados mostraram que a cera de carnaúba é uma solução barata e de fácil aplicação para a redução de perdas do tomate no pós-colheita, pois faz aumentar o período de conservação do fruto.

Dentre as diversas ceras utilizadas na forma de emulsão como película protetora de frutas, a de carnaúba apresenta algumas vantagens. Segundo os pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ícaro Vieira e Fca. Noélia Mendes, a cera de carnaúba apresenta uma propriedade de formação de filme na superfície em que é aplicada, o que a faz produzir o melhor polimento e com a vantagem de apresentar alto brilho. Além disso, trata-se de produto não-tóxico e que não agride o meio ambiente (VIEIRA; MENDES, 2005).

59 O tempo médio de conservação da cereja, após a colheita, é de 30 dias, se armazenada sob resfriamento a vácuo, em sacos plásticos, com mistura gasosa rica em CO2 (ANDRÉ et.al., 1982 apud CARVALHO FILHO; HONÓRIO; GIL, 2006).

60 O trabalho de Marcela, denominado “Redução de perdas pós-colheita de tomate de mesa com utilização de coberturas de comestíveis”, concorreu ao XX Prêmio Jovem Cientista, na categoria estudante e obteve o primeiro lugar.

1��

Apêndice D – Substitutos da Cera de Carnaúba

Relacionam-se, a seguir, as ceras substitutas da de carnaúba. Elas foram sendo adotadas ao longo do tempo por questões técnicas e financeiras, mas muitos autores defendem a tese de que, em algumas aplicações, elas não substituem a cera de car-naúba com plena eficiência. As ceras de candelila, licuri e cana-de-açúcar são ceras de origem vegetal, enquanto a microcristalina e a montana, de origem mineral.

a) Candelila

Bennet apud Bayma (1958) diz que a candelila não se saponifica nem se emulsiona tão rapidamente quanto a cera de carnaúba, tampouco se mistura bem com a cera de licuri. E o tipo comercial é parecido com a cera arenosa da carnaúba, contém certa quantidade de água que, antes da utilização industrial, é preciso eliminar pela ação do calor. Ela é mais mole que a cera de carnaúba e pode ser extraída de três vegetais diferentes (Pedilanthus.pavonis,.Euphorbia.antisyphilitica,.Zus..e.Euphorbia.cerifera).

O pó cerífero cobre toda a superfície do arbusto, exceto as raízes. Extrai-se a cera mergulhando os feixes ou molhos de plantas em água fria, ferve-se em se-guida, e depois de resfriada, retira-se a cera que flutua na superfície para secá-la. Pode ser também extraída pelo fogo direto, vapor ou pela ação da benzina. A cera também tem cor escura, tem aspecto lustroso, cheiro aromático, é quebradiça e, quando aquecida, tem cheiro semelhante à cera de abelha (BAYMA, 1958).

Atualmente a cera de candelila tem sido utilizada na indústria de cosméticos e de polimento de calçados. Há também uma empresa mexicana que comercializa uma cera híbrida de candelila e carnaúba, tendo por base a primeira, apresen-tando uma composição química intermediária entre as duas ceras, preservando o equilíbrio entre os hidrocarbonetos naturais da cera de candelila e o conteúdo de ésteres da cera de carnaúba. O objetivo é reunir o melhor das duas ceras – a emoliência, proteção contra umidade e baixo coeficiente de expansão/contração da cera da candelila e o brilho, dureza e facilidade de emulsificação da cera de carnaúba (MULTICERAS, 2007).

b) Licuri61

61 Bayma (1958) chama atenção para o fato de que a literatura comumente confunde licuri com ouricuri. A primeira é uma palmeira do semi-árido, produtora de cera e ouricuri é uma palmeira amazônica, que não produz cera e é comumente usada pelos seringueiros para coagular látex.

1��

Esta cera provém de outra palmeira, o licurizeiro, muito comum no sudoeste da Bahia, e foi descoberta como similar da cera de carnaúba em 1935. É uma palmeira aclimatada ao semi-árido, que produz cera similar à de carnaúba, seja por caracteres organoléticos, seja pelas constantes físico-químicas e pela composição, contando com ponto de fusão semelhante ao da cera de carnaúba. A cor é muito semelhante à da cera gordurosa da carnaúba, e a textura também é semelhante. Mas a diferença apreciável está na percentagem de cinzas.

Bayma (1958) relata que a cera era extraída por processos ainda mais rudi-mentares que o da carnaúba, e da mesma forma que ocorria com esta, tanto a raspagem da folha adicionava clorofila ao pó como também, propositadamente ou não, substâncias de origem mineral ou vegetal eram adicionadas ao pó do licuri, o que desvalorizava o produto nos centros consumidores. Atualmente não há registro de pesquisa direcionada à cera do licuri. Os estudos estão mais voltados para os frutos e sua utilidade como alimento, podendo também ser as palhas aproveitadas no artesanato.

c) Cana-de-açúcar

Segundo Bayma (1958), a cana-de-açúcar também produz cera, na forma de uma substância branca e pulvurenta que se encontra no exterior dos colmos, próximo aos nós da Saccharum.s.p. É uma cera dura e de ponto de fusão mais baixo que o da cera de carnaúba. No entanto, a concentração da cera na planta é baixa (um quilo por tonelada de colmos) e não existe um processo prático e econômico de extrair essa cera.

Tal fato se confirma na pesquisa conduzida em 2003, por pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp), sobre cera da torta de filtro, um subproduto da indústria sucroalcooleira que pode ser descartado ou utilizado como fertilizante. Segundo a pesquisadora Thaís Maria Ferreira de Souza Vieira, o resíduo dá origem a uma cera com propriedades químicas e físicas próximas às das ceras de carnaúba e abelha, com potencial para aplicação na indústria alimentícia, farmacêutica, de cosméticos e de limpeza (PESQUISA..., 2003).

Da mesma forma que ocorre com a carnaubeira, a cera da cana está presente na superfície, formando uma película que protege a planta contra desidratação e do ataque de microorganismos e insetos. A cana é moída e o caldo extraído para a produção de açúcar ou álcool, gerando entre alguns subprodutos a torta de filtro. Para separar a cera dos outros materiais é usado um solvente, da mesma forma

1��

que para purificar o produto. A pesquisadora diz que, para cada tonelada de cana, gera-se 30 quilos de torta de filtro, e o rendimento da cera purificada varia de 2 a 4%, de acordo com a pesquisa realizada (PESQUISA..., 2003).

d) Microcristalina

A cera microcristalina é obtida do craqueamento (quebra) da nafta; como o próprio nome sugere, é oriunda de cristais muito pequenos, identificados como “cera amorfa” (sem forma definida). Sua estrutura molecular consiste de uma mistura complexa de hidrocarbonetos que incluem parafinas normais, ramificadas, compostos monocíclicos e policíclicos e tem excelentes propriedades termo-plásticas e de repelência à água (MEGH CERAS e EMULSÕES, 2007). Entre as ceras minerais, talvez seja a que mais concorre com a de carnaúba em termos de aplicações, pois está presente na composição de polidores de pisos e automóveis, produtos de limpeza, cosméticos e farmacêuticos (fio dental).

e) Montana

A cera Montana é uma cera betuminosa, extraída da linhita (éster fóssil obtido do carvão), por solvente. As reservas desse mineral no planeta existem nas Montanhas Rochosas (EUA) e Alemanha (D’ALVA, 2004). É um tipo de cera sobre o qual a literatura faz pouca referência. Mesmo em páginas de buscadores de Internet, são poucas as referências textuais à cera Montana.

f) Substitutos sintéticos

Importante se faz diferenciar ceras sintéticas de ceras minerais. D’alva (2004) deixa bem clara tal distinção, ao abordar em seu trabalho, em tópicos separados, a cera Montana e microcristalina e as ceras sintéticas, dizendo que estas são produzidas a partir da síntese industrial de polímeros, como polietileno e polipropileno.

As ceras sintéticas, segundo Johnson (1972) teriam três vantagens sobre as ceras naturais:

(i) preço razoável e constante;

(ii) ausência completa de impurezas; e

(iii) a composição e as qualidades podem ser variadas para se adaptarem à fórmula específica para a qual forem destinadas. O mesmo autor acreditava

1�7

que a cera de carnaúba não cairia em desuso pelo fato de possuir um amplo leque de aplicações, em cuja totalidade não poderia ser substituída.

A tabela D14 traz uma série de produtos que costumeiramente eram fabri-cados com cera de carnaúba e passaram a ser fabricados com substitutos.

Tabela D1 – Lista de Produtos que Passaram a ser Fabricados com Substitutos da Cera de Carnaúba

Produto Tipo de Cera ou outro substituto

Cosméticos em geral (1) Ceras parafínica / Microcristalina / Montana / Candelila (3) e (�)

Creme para cabelo (�) Parafina

Fio/fita dental (�) Microcristalina

Limpeza (�) Microcristalina

Long-play (LP) (2) Candelila

Papel carbono (1) Licuri / Montana / Poliéster

Polidor de automóveis (�) Microcristalina

Polidor de calçados (2) Candelila

Polidor de móveis (�) Parafina

Polidor de piso (1) Microcristalina / Parafina / Hidrogenado de Mamona

Vela (�) Parafina

Fonte:(1) Casadio (1�80, p. �2-�3). (2) Carvalho (1�82, p. 22�).(3)<http://www.paodeacucar.com.br/detalhe.asp?categoria=catPerfumariaHigiene&subcategoria=ca

tTinturaColoracao&idproduto=1�72138>. Anúcio de tintura de cabelo. Acesso em 1�/0�/07.(�) <http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt��7�-2.html>. Acesso em 1�/0�/07. Diz que a candelila é usada

também em batons e cremes.(�) Pesquisa direta em supermercados de Fortaleza.Nota: atualmente o Long-Play (LP) ainda é fabricado, mas de forma bastante restrita (para

colecionadores) e foi substituído pelo CD. No caso das ceras polidoras de automóveis, há uma mistura de cera de carnaúba com microcristalina.

1�8

Apêndice E – Projetos de Pesquisa em Execução no BNB e Agenda de Pesquisa

No intuito de sistematizar as pesquisas existentes sobre carnaúba no BNB, segue (Tabela E1) uma lista com nomes dos projetos, objetivos, proponentes e prazos e valores (financiados e estimados). O objetivo é avançar na montagem de uma agenda de pesquisa (Tabela E2) de modo a contribuir para a solução do problema estrutural secular instalado no setor.

Tabela E1 – Projetos em Execução com Apoio do BNB-ETENE

Pesquisa ObjetivoProponente/

ParceirosPrazo final

Valor financiado

(R$)

Acesso à informação sobre

carnaúba

Promover o inventário dos estoques de informação sobre carnaúba, disponíveis no acervo do Núcleo Temático da Seca da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

UFRN / FUNPEC

2�/01/08 �0.�12,8�

Aproveitamento da bagana de carnaúba como fonte de alimento para ovinos no Nordeste brasileiro

Determinar o potencial da bagana de carnaúba como alimento para ovinos no semi-árido nordestino.

Embrapa Caprinos / Fundação de apoio à pesquisa e ao agronegócio brasileiro (FAGRO)

07/10/07 ��.000,00

Programa de conservação e uso sustentável da carnaúba no município de Beberibe

Implantação de um programa municipal de conservação e uso sustentável da carnaúba no município de Beberibe, incluindo mapeamento dos carnaubais existentes e áreas degradadas, implantação de unidade de reflorestamento, melhoria das unidades de beneficiamento de cera e capacitação para o artesanato.

Instituto Sertão

31/07/07 ��.22�,00

Seleção de Genótipos Superiores de Carnaubeira (Copernicia.sp)

Avaliar e selecionar genótipos de carnaubeira produtoras de cera, palha e as utilizáveis como plantas ornamentais, por meio da avaliação de materiais nativos e introduzidos.

EMBRAPA 12/12/08 33.100,00

Carnaúba, árvore da vida

Realizar um estudo propositivo do Arranjo Produtivo Local da exploração e manejo da carnaúba, buscando construir uma proposta de revitalização dos carnaubais na região noroeste do Ceará, com a participação dos atores envolvidos no arranjo, visando diagnosticar potencialidades e problemas, através dos dados já existentes e a construção de novos conhecimentos.

Instituto de Ecologia Social Carnaúba

18/10/07 23.231,00

Fonte: BNB (2007).

1��

Tabela E2 – Agenda de Pesquisa para a Carnaúba

Pesquisa ObjetivoProponente/

Parceiros

Previsão de Realização

(ano início/ano conclusão)

Valor Investimento

(R$)

A – ETAPAS DE CAMPO

Projeto Farelo de Carnaúba

Desenvolver máquina que torne a bagana aproveitável na alimentação de ruminantes

Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial

A definir A definir

Utilização de sistemas de secagem solar para redução de perdas pós-colheita de pó da palha de carnaúba e frutas tropicais com agregação de valor

Realizar estudos dos parâmetros de secagem solar em termos da engenharia operacional para desenvolvimento/adequação de sistemas de secagem visando à consolidação de tecnologias duráveis e de baixo custo, com maiores possibilidades de agregação de valor a produtos do semi-árido.

Embrapa Agroindústria Tropical / Universidade Federal do Ceará / Instituto Sertão

A definir A definir

Aspectos agronômicos, químicos e farmacológicos da carnaúba

Aproveitar recursos naturais regionais, contribuindo para o fortalecimento e desenvolvimento de produtos biotecnológicos de impacto social.

Universidade Federal do Ceará / EMBRAPA

A definir A definir

Aperfeiçoamento do corte e batimento das folhas da carnaubeira

Explorar técnicas viáveis de melhoramento nas etapas de corte e de batimento das folhas da carnaubeira, a fim de reduzir o desperdício de pó cerífero e aumentar a produtividade.

A definir A definir A definir

Genética e fisiologia da carnaubeira

Estudar aspectos genéticos e fisiológicos da carnaubeira, de forma a torná-la precoce, de menor porte e com mais folhas, para melhorar a produtividade.

A definir A definir A definir

Efeito da salinidade induzida no desenvolvimento e crescimento inicial da carnaúba

Estudar o comportamento da carnaubeira em diversos níveis de salinização do solo, o que pode contribuir para a recuperação de áreas salinizadas, a partir do reflorestamento com carnaúba.

Universidade Federal do Ceará

A definir A definir

continua...

Fonte: BNB (2007).

200

Pesquisa ObjetivoProponente/

Parceiros

Previsão de Realização

(ano início/ano conclusão)

Valor Investimento

(R$)

B – ETAPA INDUSTRIAL

Desenvolvimento e utilização de métodos modernos para análise de cera de carnaúba e parafinas

1ª. Etapa: Montar estruturas básicas de análise de cera e parafinas.

Universidade Federal do

Ceará0�/2008 A definir

2ª. Etapa: Modernizar métodos de análise de cera e parafinas.

Universidade Federal do

Ceará0�/200� A definir

3ª. Etapa: Definir composições de cera e parafinas pelos métodos modernos desenvolvidos na 2ª. Etapa.

Universidade Federal do

Ceará0�/2010 A definir

�ª. Etapa: Produzir ceras e parafinas na qualidade exigida para refino

Universidade Federal do

Ceará0�/2011 A definir

�ª. Etapa: Formular novos produtos à base de cera de carnaúba.

Universidade Federal do

Ceará0�/2012 A definir

Desenvolvimento de uma “parafina natural” a base de cera de carnaúba

Reduzir o uso da parafina mineral, derivada do petróleo.

Petrobras A definir A definir

Estudo da molécula de hidrocarbonetos da cera de carnaúba

Realizar o craqueamento térmico (“quebra”) da molécula da cera, para obtenção de lubrificantes, emulsões, graxas e aditivos originários da cera de carnaúba.

Petrobras A definir A definir

Aperfeiçoamento dos processos de extração, filtragem, destilação, clareamento, escamação e pulverização

Buscar inovações tecnológicas que melhorem os processos industriais de fabricação de cera de carnaúba.

A definir A definir A definir

Investigação do potencial energético do fruto da carnaubeira

Buscar inovações tecnológicas que aproveitem o provável potencial energético dos frutos, inclusive para biocombustível.

A definir A definir A definir

Investigação do potencial de utilização do triacontanol no crescimento de culturas hortícolas, frutícolas e ornamentais.

Avaliar o efeito do triacontanol no crescimento e desenvolvimento de diversos tipos de culturas.

A definir A definir A definir

continuacão

Fonte: BNB (2007).

Tabela E2 – Agenda de Pesquisa para a Carnaúba

201

Pesquisa ObjetivoProponente/

Parceiros

Previsão de Realização

(ano início/ano conclusão)

Valor Investimento

(R$)

Fabricação de filme plástico para a indústria alimentícia

Substituir o uso do filme convencional, que, derivado do petróleo, pode ser responsável pela ocorrência de câncer intestinal.

A definir A definir A definir

C – ETAPA COMERCIALDesenvolvimento de um sistema de informações para monitorar continuamente a demanda nacional e internacional de cera, estatísticas de produção e custos.

Permitir o diagnóstico das variações de mercado, preço, demanda e oferta, viabilizando um planejamento seguro para a atividade.

A definir A definir A definir

Montagem de laboratórios em órgãos públicos

Servir de apoio aos pequenos produtores e rendeiros, de forma a resguardá-los de possíveis problemas quanto ao resultado da análise de qualidade do seu produto (pó ou cera bruta).

Governos estaduais

A definir A definir

Censo sobre a atividade extrativa e industrial da carnaúba no Nordeste

Levantar o número de ocupações gerado pelo extrativismo e indústria da cera de carnaúba no Nordeste, bem como enumerar e identificar as fábricas artesanais e indústrias que processam pó e cera.

A definir A definir A definir

Estudo de demanda por pó e cera de carnaúba

Medir o tamanho real do mercado para cera e pó de carnaúba e o potencial de crescimento, já que o que se tem sobre isso na literatura não passa de mera estimativa.

A definir A definir A definir

Fonte: BNB (2007).

conclusãoTabela E2 – Agenda de Pesquisa para a Carnaúba

202

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

Município Cera Pó Fibra

Aldeias Altas - MA - - 0Araioses - MA 3� �13 -Barão de Grajaú - MA - 10 -Barreirinhas - MA - 1� -Caxias - MA 0 - -Codó - MA 1 - 2Coroatá - MA - - 0Duque Bacelar - MA - - 1Magalhães de Almeida - MA - �1 -Peritoró - MA 0 - 0Pinheiro - MA - - 7Santa Quitéria do Maranhão - MA - 1 -São Bernardo - MA - 2 -Timbiras - MA - - 0Alto Longá - PI - �3 -Altos - PI - 117 -Amarante - PI - �� -Aroazes - PI - 18 -Aroeiras do Itaim - PI - �8 -Arraial - PI - 3� -Assunção do Piauí - PI - 30 -Barra D’Alcântara - PI - 10 -Barras - PI - 87 -Batalha - PI - �1� -Beneditinos - PI - �3 -Boa Hora - PI - 3 -Bom Princípio do Piauí - PI - �� -Boqueirão do Piauí - PI - 108 -Brasileira - PI - 3� -Buriti dos Lopes - PI - 2�8 -Buriti dos Montes - PI - �1 -Cabeceiras do Piauí - PI - �1 -Cajazeiras do Piauí - PI - 80 -

continua...

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

203

Município Cera Pó Fibra

Cajueiro da Praia - PI - �� -Campinas do Piauí - PI - 7� -Campo Largo do Piauí - PI - � -Campo Maior - PI - 1.0�7 -Capitão de Campos - PI - �8 -Caraúbas do Piauí - PI - 120 -Castelo do Piauí - PI - 3�� -Caxingó - PI - 2�3 -Cocal – PI - �2 -Cocal de Telha - PI - � -Cocal dos Alves - PI - 8 -Coivaras - PI - �3 -Conceição do Canindé - PI - �1 -Domingos Mourão - PI - 1�2 -Elesbão Veloso - PI - �2 -Esperantina - PI - 11� -Floresta do Piauí - PI - 3� -Floriano - PI - 187 -Francisco Ayres - PI - �2 -Guadalupe - PI - 33 -Ilha Grande - PI - 231 -Itainópolis - PI - �2 -Itaueira - PI - �0 -Jaicós – PI - 10� -Jatobá do Piauí - PI - 1� -Jerumenha - PI - �0 -Joaquim Pires - PI - 111 -Joca Marques - PI - 1 -José de Freitas - PI - 73 -Juazeiro do Piauí - PI - 81 -Lagoa Alegre - PI - 30� -Lagoa de São Francisco - PI - � -

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

continuação

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

20�

Município Cera Pó Fibra

Lagoa do Sítio - PI - 1 -Luís Correia - PI - 31� -Luzilândia - PI - 217 -Madeiro - PI - 3 -Massapê do Piauí - PI - 7� -Matias Olímpio - PI - 70 -Miguel Alves - PI - 3� -Milton Brandão - PI - 10 -Monsenhor Hipólito - PI - 3� -Morro do Chapéu do Piauí - PI - 1�� -Murici dos Portelas - PI - 1�� -Nazaré do Piauí - PI - �1 -Nossa Senhora de Nazaré - PI - 1�3 -Nossa Senhora dos Remédios - PI - 2� -Nova Santa Rita - PI - � -Novo Oriente do Piauí - PI - 2� -Novo Santo Antônio - PI - 7 -Oeiras - PI - 2�3 -Paquetá - PI - 7� -Lagoa Alegre - PI - 30� -Lagoa de São Francisco - PI - � -Lagoa do Sítio - PI - 1 -Luís Correia - PI - 31� -Luzilândia - PI - 217 -Madeiro - PI - 3 -Massapê do Piauí - PI - 7� -Matias Olímpio - PI - 70 -Miguel Alves - PI - 3� -Milton Brandão - PI - 10 -Monsenhor Hipólito - PI - 3� -Morro do Chapéu do Piauí - PI - 1�� -

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

20�

Município Cera Pó Fibra

Parnaíba - PI - 3�� -Passagem Franca do Piauí - PI - 3 -Patos do Piauí - PI - �2 -Pau D’Arco do Piauí - PI - � -Pedro II - PI - 1�0 -Nova Santa Rita - PI - � -Picos - PI - 72� -Pimenteiras - PI - 221 -Piracuruca - PI - �20 -Piripiri - PI - 8�7 -Porto - PI - 7 -Prata do Piauí - PI - 2 -

Frecheirinha - CE - - 1General Sampaio - CE - 0 1Graça - CE - 28 -Granja - CE 332 83� 8�Groaíras - CE 23 - 22Guaiúba - CE - 0 -Ibaretama - CE 2 2 -Ibiapina - CE - - 2Ibicuitinga - CE 3 � -Icapuí - CE - 38 -Independência - CE 0 0 �Ipu - CE - - 2Ipueiras - CE - � 3Regeneração - PI - 30 -Ribeira do Piauí - PI - 1�� -Santa Cruz do Piauí - PI - 111 -Santa Cruz dos Milagres - PI - 1� -Santo Inácio do Piauí - PI - 138 -São Félix do Piauí - PI - 3 -

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

20�

Município Cera Pó Fibra

São Francisco do Piauí - PI - �3 -São João da Fronteira - PI - 8� -São João da Serra - PI - �� -São João do Arraial - PI - 1 -São José do Divino - PI - 1�2 -São José do Peixe - PI - 102 -São José do Piauí - PI - 22 -São Miguel do Tapuio - PI - 2�� -Sigefredo Pacheco - PI - 10 -Simplício Mendes - PI - 31 -Sussuapara - PI - �� -União - PI - 32 -Valença do Piauí - PI - �� -Várzea Grande - PI - 21 -Wall Ferraz - PI - 3� -Acaraú - CE - �1 20Alto Santo - CE �� 17 -Amontada - CE - 8� 10Apuiarés - CE - � 3Aquiraz - CE 0 � ��Aracati - CE 230 �7 -Aracoiaba - CE � 21 -Banabuiú - CE � 2 -Barro - CE - - �Barroquinha - CE - �2 -Beberibe - CE 28 7 -Bela Cruz - CE - 1�� 1�Boa Viagem - CE - - 0Camocim - CE - 7�1 1Canindé - CE - 1�7 808Capistrano - CE - � -Caridade - CE - � 2�

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

207

Município Cera Pó Fibra

Cariré - CE 132 2�3 �0Carnaubal - CE - - 1Cascavel - CE 32 22 -Caucaia - CE 7� - 37Chaval - CE - �0 1Choró - CE 7 1 -Chorozinho - CE - 33 -Coreaú - CE - �3� �1Croatá - CE 2 3 7Cruz - CE - 38 �Eusébio - CE - - �Farias Brito - CE - - �Forquilha - CE - �3 2�Fortim - CE - 1 -Frecheirinha - CE - - 1General Sampaio - CE - 0 1Graça - CE - 2� -Granja - CE 33� 8�8 �0Groaíras - CE 23 - 22Guaiúba - CE - 0 -Ibaretama - CE 2 2 -Ibiapina - CE - - 2Ibicuitinga - CE 3 � -Icapuí - CE - �1 -Independência - CE 0 0 3Ipu - CE - - 2Ipueiras - CE - � 3Iracema - CE 0 0 -Irauçuba - CE - � 2Itaiçaba - CE 73 17 1�

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

208

Município Cera Pó Fibra

Itaitinga - CE - - 1Itapipoca - CE - 81 ��Itapiúna - CE - 1� -Itarema - CE 107 - 10Jaguaretama - CE 1 0 10Jaguaribara - CE - 0 2Jaguaribe - CE - 0 3Jaguaruana - CE 82 � 12Jijoca de Jericoacoara - CE - 11 �Juazeiro do Norte - CE - - 8Lavras da Mangabeira - CE � - ��Limoeiro do Norte - CE �1 �7 -Maranguape - CE - 1 �Marco - CE - 1�� �Martinópole - CE - 3� 1�

Massapê - CE - �7 2�

Miraíma - CE - 1� �

Missão Velha - CE - - �

Morada Nova - CE 2�8 17 -

Moraújo - CE - 1.�18 27

Morrinhos - CE - 2�2 31

Mucambo - CE - 3� -

Nova Russas - CE 1 - 1�

Ocara - CE � - -

Pacajus - CE - - 0

Pacatuba - CE - � 1��

Pacujá - CE - 3� -

Palhano - CE 8 � �

Paracuru - CE - � 3

Pires Ferreira - CE - - 2

Poranga - CE 0 - 2

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

20�

Município Cera Pó Fibra

Potiretama - CE 0 2 -

Quixadá - CE 3 � -

Quixeramobim - CE 0 2 -

Quixeré - CE 7 � -

Reriutaba - CE 8� �7 1�

Russas - CE 713 - 32

Santana do Acaraú - CE 11� 317 �1

São Gonçalo do Amarante - CE - 10 217

São João do Jaguaribe - CE 1 1 -

Senador Sá - CE - 100 -

Sobral - CE �� �� -

Tabuleiro do Norte - CE � 1 -

Tejuçuoca - CE - 1 2

Tianguá - CE - 2 3

Trairi - CE - 1� 38

Tururu - CE - 2 �

Ubajara - CE - - 1

Umari - CE - - 2

Umirim - CE - 1 1

Uruoca - CE - 1�1 2�

Varjota - CE - - 1

Viçosa do Ceará - CE 1 27 2�

Açu - RN 3� - 1

Apodi - RN 2�3 - -

Augusto Severo - RN � - 0

Caraúbas - RN 11 - -

Carnaubais - RN 3� - 1

Felipe Guerra - RN 121 - -

Frutuoso Gomes - RN - 1 -

Governador Dix-Sept Rosado - RN 7 - -

Grossos - RN 1 - -

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

210

Município Cera Pó Fibra

Ipanguaçu - RN 18 - 3

Ipueira - RN - - 1

Lagoa de Pedras - RN - 11 -

Lucrécia - RN - 1 -

Mossoró - RN 37 - -

Paraú - RN - 7 -

Pendências - RN � - -

Tibau - RN 7 - -

Severiano Melo - RN 7 - -

Timbaúba dos Batistas - RN - - 7

Triunfo Potiguar - RN - 17 �7

Upanema - RN 17 - -

São José da Lagoa Tapada - PB 1 - -

Sousa - PB 1 - -

Fonte: IBGE (200�). Nota: Os municípios sem informação para pelo menos um produto da extração vegetal não aparecem

nas listas. “0” indica produção irrisória, mas existente. “-” indica que não há produção.

Anexo A – Quantidade Produzida (em Toneladas) na Extração de Carnaubeira por Tipo de Produto Extrativo (2006) – Municípios do Nordeste Brasileiro

conclusão.

211

Anexo B – Carta da Carnaúba62

A Carta da Carnaúba objetiva contribuir com proposta de interesse da ativi-dade, com vistas ao fortalecimento da Cadeia Produtiva da Carnaúba nos Estados do Ceara, Piauí e Rio Grande do Norte.

Proposições da Carta da Carnaúba:

1) Criar uma Rede Regional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológi-ca, com vistas a estabelecer um ambiente favorável entre instituições públicas, privadas e organizações não-governamentais, interessadas em contribuir para o fortalecimento da cadeia da carnaúba;

2) Incentivar, nos pólos concentradores de carnaubais, a pesquisa cooperativa visando aprimorar a difusão e transferências de tecnologias, voltadas para a melhoria da produção e produtividade agrícola, industrial e artesanal, com foco na sustentabilidade ambiental.

3) Promover gestão junto à Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial (Nutec), no sentido de concluir, a curto prazo, a descrição das Normas Técnicas da Cera da Carnaúba, com vistas a sua aprovação na Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT;

4) Articular a criação de um Comitê Gestor de P&D&I, constituído de repre-sentantes do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, com atribuições de propor e desenvolver ações e projetos de interesse regional para o segmento da carnaúba;

5) Propor às instituições financiadoras de P&D&I e extensão tecnológica (MCT\CNPq\Fundos Setoriais, Fundeci, Funcap, MDA, MIN entre outras), que os editais contemplem temas de interesse do setor da carnaúba;

6) Promover gestão junto ao Banco do Nordeste do Brasil, no sentido de concluir e divulgar o diagnóstico sobre a carnaúba;

7) Articular junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) a inclusão da carnaúba e seus produtos na linha de financiamento do Pronaf, MDA, BB e BNB;

�2 Extraído de CSCPC (2006).

212

8) Divulgar os resultados obtidos, a partir do uso da bagana da carnaúba como complemento alimentar animal e incentivar um melhor aproveitamento dos produtos advindos da carnaúba;

9) Propor ao Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, Sebrae e governo do Estado programa integrado, nas áreas concentradoras de carnaubais, que incentive a organização da produção, associativismo e comercialização dos produtos da carnaúba;

10) Incentivar as instituições de ensino e pesquisa a elaborar projeto com vistas à obtenção de palha com maleabilidade e espessura adequadas à confecção de produtos inovadores;

11) Estimular no mercado o desenvolvimento de máquinas para “farelo” de carnaúba e extração de bagana.

12) Promover a disseminação dos secadores solares;

13) Elaborar um plano de capacitação que contemple trabalhadores, produtores e artesãos;

14) Regulamentar a profissão do extrativista da carnaúba;

15) Promover a melhoria das condições de trabalho do extrativista;

16) Promover um levantamento e diagnóstico do estado de conservação das áreas de carnaubais, possibilitando realizar ações de proteção e melhoramento das suas condições atuais;

17) Cobrar a aplicação da lei estadual Nº 27.413 e Lei de Crimes Ambientais, vi-sando obtenção de melhorias na situação de conservação dos carnaubais;

18) Colaborar com a criação de Unidade de Conservação Municipal da Fazenda Raposa no município de Maracanaú (CE).

Fortaleza, Ce – Fevereiro / 2006

213

Anexo C – Pauta de Reivindicações do Sindicarnaúba63

a) Linhas de financiamento para produtores e exportadores de EGF;

b) política de Garantia de Preço Mínimo da cera bruta ao produtor, com garantia de compra pelo governo federal (AGF);

c) incentivo às exportações para fomentar um aumento do mercado consumi-dor;

d) pesquisa nas utilizações do produto, para se agregar valor e se deixar de exportar a cera de carnaúba apenas como uma matéria-prima;

e) pesquisa em toda a cadeia produtiva: melhoria genética da palmeira, do corte e secagem de palhas e extração do pó cerífero;

f) agregar mais lucro ao produtor, com a modernização da cadeia produtiva e produção de cera, celulose e artesanato;

g) incentivar o reflorestamento em áreas de desertificação ou devastação em decorrência de outras culturas.

63 Material extraído de D’alva (2007).

21�

ÁREA DE LOGÍSTICAAmbiente de Gestão dos Serviços de LogísticaCélula de Produção GráficaOS 2008-04/2.756 - Tiragem: 1.700