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1 do estudante Núm. 45 - ANO IV 1ª quinzena - Novembro/2015 Folhetim do estudante é uma publicação de cunho cultural e educacional com artigos e textos de Professores, alunos, membros de comunidades das Escolas Públicas do Estado de SP e pensadores humanistas. Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br Sugestões e textos para: [email protected] EDITORIAL A COR DO PECADO Atualmente quando ouvimos falar em moda ou estética, na maioria das vezes, a imagem que visualizamos é um homem forte, alto, de cabelos loiros ou uma mulher alta, magra, cabelos lisos já que é esse o modelo padrão com o qual a mídia lida e nos bombardeia cotidianamente. Dessa maneira esquecemos, não observamos ou discriminamos a beleza dos negros. Ao analisar imagens de mulheres negras, ficam ressaltadas características que a mídia global e por consequência seus seguidores não observam, como lábios carnudos, seus cabelos pretos cacheados ou enrolados em turbantes, na delicadeza que se afirma apesar da tez escura e da pele firme, da sensibilidade no olhar que transmite carisma. A beleza masculina, por outro lado, também contem aspectos que valorizam seu tom de pele, sua raça, sua origem, entre elas principalmente a força, a história que trazem em suas veias, especialmente quando lembramos dos obstáculos socioculturais que esses seres humanos enfrentam nos dias atuais. Não podemos, é claro, desvalorizar pessoas brancas, mas de certa maneira devemos desfazer a imagem pronta que o capitalismo e o consumismo nos impõe como modelo de beleza e começar a observar e valorizar a beleza, a cultura e as formas naturais do ser humano de uma maneira mais ampla, uma vez que aqui no Brasil, por exemplo, a grande maioria da população carrega uma herança de descendência afro-americana. Em tempo de escravidão, mesmo com a péssima condição na qual os escravos eram obrigados a viver, havia uma resistência que os mantinham firmes diante de toda violência a que eram submetidos. O amor à sua cultura, os laços familiares, davam força para lutar pela liberdade e assumir a sua identidade. Mais uma forte característica que é uma herança dos negros. Portanto para que não haja tanto preconceito ou tantos problemas raciais devemos aprender a respeitas as diferenças, a valorizar não apenas a estética de beleza imposta pelos padrões de consumo, mas também e principalmente a beleza natural do ser humano seja ele, branco, negro, vermelho, amarelo ou de qualquer outro agrupamento humano. Nathalia Santos 3ºD E. E. Comendador Miguel Maluhy Folhetim

Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45

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do estudante Núm. 45 - ANO IV

1ª quinzena - Novembro/2015

Folhetim do estudante é uma

publicação de cunho cultural e

educacional com artigos e textos de

Professores, alunos, membros de

comunidades das Escolas Públicas

do Estado de SP e pensadores

humanistas.

Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br

Sugestões e textos para:

[email protected]

EDITORIAL

A COR DO PECADO

Atualmente quando

ouvimos falar em moda ou

estética, na maioria das vezes, a

imagem que visualizamos é um

homem forte, alto, de cabelos

loiros ou uma mulher alta, magra,

cabelos lisos já que é esse o

modelo padrão com o qual a

mídia lida e nos bombardeia

cotidianamente. Dessa maneira

esquecemos, não observamos ou

discriminamos a beleza dos

negros.

Ao analisar imagens de

mulheres negras, ficam

ressaltadas características que a

mídia global e por consequência

seus seguidores não observam,

como lábios carnudos, seus

cabelos pretos cacheados ou

enrolados em turbantes, na

delicadeza que se afirma apesar da

tez escura e da pele firme, da

sensibilidade no olhar que

transmite carisma.

A beleza masculina, por

outro lado, também contem

aspectos que valorizam seu tom

de pele, sua raça, sua origem,

entre elas principalmente a força,

a história que trazem em suas

veias, especialmente quando

lembramos dos obstáculos

socioculturais que esses seres

humanos enfrentam nos dias

atuais.

Não podemos, é claro,

desvalorizar pessoas brancas, mas

de certa maneira devemos

desfazer a imagem pronta que o

capitalismo e o consumismo nos

impõe como modelo de beleza e

começar a observar e valorizar a

beleza, a cultura e as formas

naturais do ser humano de uma

maneira mais ampla, uma vez que

aqui no Brasil, por exemplo, a

grande maioria da população

carrega uma herança de

descendência afro-americana.

Em tempo de escravidão,

mesmo com a péssima condição

na qual os escravos eram

obrigados a viver, havia uma

resistência que os mantinham

firmes diante de toda violência a

que eram submetidos. O amor à

sua cultura, os laços familiares,

davam força para lutar pela

liberdade e assumir a sua

identidade. Mais uma forte

característica que é uma herança

dos negros.

Portanto para que não haja

tanto preconceito ou tantos

problemas raciais devemos

aprender a respeitas as diferenças,

a valorizar não apenas a estética

de beleza imposta pelos padrões

de consumo, mas também e

principalmente a beleza natural do

ser humano seja ele, branco,

negro, vermelho, amarelo ou de

qualquer outro agrupamento

humano.

Nathalia Santos – 3ºD E. E. Comendador Miguel Maluhy

Folhetim

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do estudante ano IV novembro/2015

EDUCAÇÃO

A Importância

da Escola

Em um bairro carente, a

Escola Estadual Instituto Maria

Imaculada sobrevive. Em um

terreno de propriedade das Freiras

do Convento Maria Imaculada, a

escola resiste. Nossos pais aqui

estudaram, nós aqui estudamos e,

agora, como educadores dela,

continuamos fazendo parte desse

universo de formação.

Ela pode ser definida

como o espaço dentro do bairro

onde nossos jovens alunos,

crianças e adolescentes, passam

boa parte de suas horas diárias,

quando não, a maioria das horas,

pois apesar de não oferecermos

educação integral, muitos dos

nossos estudantes passam o dia na

escola, oferecendo ações

voluntárias, apenas pelo direito

que lhes é oferecido de aqui estar.

Este local foi parte de

nossa infância toda. Aqui rimos,

aprontamos, aprendemos,

brincamos, namoramos, brigamos,

vivemos. Vivemos situações

prazerosas que ficarão para

sempre em nossa memória.

Não configura-se apenas

como um local de troca de

aprendizagens. É o local “da vida”

de nossos alunos. É o seu

referencial, o local que eles têm

para estar e para ir todos os dias.

Esta é a sua importância.

Profa. Alessadra Weishaupt

Ex-aluna e, hoje, educadora na

E. E. Instituto Maria Imaculada

DEBATE

O Povo Brasileiro e a

diversidade Racial

Como eliminar quase 400 anos

de escravidão?

Em minha opinião o

racismo deveria não existir. A

escravidão acabou, mas até hoje

alguns brancos acham que os

negros servem apenas para serem

escravizados. Uma nova

escravidão.

Por exemplo, se estiverem

duas pessoas, um branco e um

negro, para fazer uma entrevista

de emprego, pode ter certeza que

o branco será chamado primeiro.

A discriminação racial não

deveria existir, em minha opinião,

cor de pele não define ninguém.

Sendo brancos ou negros, somos

todos iguais, pena que nem todas

as pessoas pensam assim.

Eu acho que no dia da

consciência negra, deveriam

ocorrer grandes festas, festa para

humanidade pois somos todos

humanos, seja você branco ou

negro.

Karen França Ramalho – 7ªA E. E. Instituto Maria Imaculada

folhetim

Page 3: Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45

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do estudante ano IV novembro/2015

DEBATE

ETEC CEPAM e a

reorganização de

Equipamentos e Funções

Públicas pelo Governo do

Estado de São Paulo

SÉRGIO MARTINS DA CRUZ·

NOVEMBRO DE 2015

Nós da ETEC CEPAM, a

única dentre as Escolas Técnicas

no Estado de São Paulo temática

em Gestão Pública, estruturada

por meio de uma parceria entre o

Centro Paula Souza e a Fundação

Prefeito Faria Lima/ CEPAM -

Centro de Estudos e Pesquisas de

Administração Municipal,

localizada na Cidade Universitária

(USP Butantã), a exemplo da

Rede de Escolas de níveis

Fundamental e Médio, também

temos um futuro incerto em

decorrência da reorganização de

equipamentos e funções públicas

que o Governo do Estado está

promovendo.

Embora compreendidos

não no âmbito da Secretaria de

Educação e sim da Secretaria de

Desenvolvimento Econômico,

Ciência, Tecnologia e Inovação,

também somos afetados pelas

medidas, por dois grandes

motivos:

1) A infraestrutura e localização,

verdadeiramente privilegiada de

que dispomos, tem sua razão ou

pelo menos explicação de ser na

parceria que instituiu a Escola,

ocorre que após muitos rumores

acerca de três importantes

autarquias do Estado, o CEPAM,

a FUNDAP – Fundação do

Desenvolvimento Administrativo

e o SEADE – (Fundação) Sistema

Estadual de Análise de Dados, o

Governo resolveu e tem esta

atribuição legal por meio de

Decreto, extinguir as duas

primeiras, o que implicará, sem

sombra de dúvidas, na

incorporação de algumas se não

todas as suas funções pelo

SEADE, sem que se apresente

garantias de ampliação de suas

capacidades materiais e de

recursos humanos à altura do

novo desafio e uma primeira

grande mudança será a sua

ocupação passando a não ser mais

em imóvel locado e sim no então

patrimônio do CEPAM, que fica

na Cidade Universitária. Com esta

primeira mudança, a ETEC

CEPAM deixa de responder à

atual parceria que a instituiu e

passa a não contar com

informações precisas quanto à sua

nova localização para o próximo

exercício (ano), suas condições

orçamentárias, dentre outros

aspectos;

2) Nos últimos processos seletivos

da ETEC CEPAM, caiu

significativamente a relação

Candidato – Vaga nos cursos que

oferece, o que pode ser explicado

por muitas variáveis, nenhuma

precisamente mensurável, mas se

considerarmos que a educação de

maneira geral, no Brasil e no

mundo, inclina-se por uma

orientação “produtivista”, que

renega a Política e a

Administração Pública a segundo

plano, a reboque do Mercado, não

é de se estranhar que

eventualmente diminua a procura

por cursos da natureza dos que a

ETEC CEPAM oferece. Tendo

ficado a relação Candidato - Vaga

abaixo das metas ordenadas pelo

Centro Paula Souza, dentre os

cursos que se oferece, o Técnico

Legislativo, o de Políticas

Públicas, o de Gestão de Projetos

Sociais e o de Orientação

Comunitária, ao primeiro já é

sinalizada a não abertura de nova

turma e o terceiro sofrerá uma

significativa reestruturação, cujo

resultado não se pode prever.

Uma série de mobilizações

estão sendo planejadas para

sensibilizar autoridades e a

sociedade como um todo, na

tentativa de que o Governo reveja

as medidas que estão sendo

tomadas ou pelo menos propicie

uma participação mais efetiva da

ETEC CEPAM neste processo de

decisão sobre seu futuro.

Entendemos que uma dose

de racionalização dos recursos

públicos é sempre bem vinda,

desde que claro, persiga os

princípios que são caros à

democracia e à Administração

Pública, os princípios da

eficiência administrativa, da

isonomia, da publicidade e da

transparência, o que prescinde de

diálogo e neste caso em particular,

não está se dando

satisfatoriamente.

folhetim

Page 4: Folhetim do Estudante - Ano IV - Núm. 45

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do estudante ano IV novembro/2015

CULTURA

18 a 22 de novembro de 2015

10 anos de Balada Caetano Veloso encontra Glauco

Mattoso pessoalmente. Pela

primeira vez. Nos bastidores da

Balada Literária. O diretor Luiz

Fernando Carvalho chora ao ler

trechos do "Lavoura Arcaica". Ao

seu lado, Raduan Nassar, autor do

romance. Este, em raríssima

aparição. Adélia Prado lê poesia e

emociona a platéia da Alceu

Amoroso Lima. Augusto de

Campos sobe ao palco da mesma

biblioteca e, depois de se

apresentar com Adriana

Calcanhotto, dá uma canjinha no

show de Walter Franco. Lygia

Fagundes Telles se encontra com

Antonio Cândido que se encontra

com o angolano José Luandino

Vieira. Três prêmios Camões

dentro de uma mesma pequena sala

da Livraria da Vila. A filha de

Carolina Maria de Jesus, Vera

Eunice, fala o que foi ser

personagem do clássico biográfico

“Quarto de Despejo”. Arnaldo

Antunes canta, à capela, a pedido

de Lourenço Mutarelli, a canção

“Meu Coração”. Sérgio Vaz chora.

E Miró da Muribeca chora. Ao

ouvirem o relato da escritora Geni

Guimarães. O poeta Nelson Maca

traz os tambores de Salvador para o

centro do Centro Cultural b_arco. E

a cantora Luna Pena nos banha de

além-mar. Fabiana Cozza recebe

cantores e compositores negros de

nosso país. Celebramos a

diversidade com Laerte, João

Silvério Trevisan, Phedra de

Córdoba, Fernando Noy e o

saudoso chileno Pedro Lemebel.

Emicida, em comecinho de

carreira, improvisa ao lado do

palhaço Hugo Possolo. Roberto

Piva epifânico. João Gilberto Noll

litúrgico. Tom Zé tropicalista.

Paulo Lins sambista. Lirinha

labiríntico. Wilson Freire protetor.

Jomard Muniz de Brito, nosso

terrorista poético. E o vampiro

Mautner. E Gero Camilo

megatamainho. O Teatro Oficina e

o Anão do Caralho Grande do

Plinio. E os meninos de Teresina. E

as bandas alternativas. Muito rock,

pop, punk. E o trio de senhoras

guerreiras, Maria Vilani, Maurinete

Lima e Raquel Trindade. Tanta

coisa que aconteceu nesses dez

anos da Balada Literária, ave, que

é injusto deixar de fora alguma

lembrança. É tanta emoção para

pouco espaço. Resta agradecer,

para valer, aqui, a todos os

parceiros. Patrocinadores. Autores

e autoras e artistas. Amigos e

amigas que nos socorrem sempre. E

entendem com que alma e força

tocamos, todos juntos, a Balada –

que não se deixa abalar por crises

ou qualquer carência e falta.

Porque temos afeto de sobra para

trocar. E tocar em frente. Porque

sempre é chegada a hora de a nossa

estrela de cinema brilhar. Com a

homenageada deste ano, a cineasta

Suzana Amaral, chegamos, afinal, a

dez anos de luta. Mas só estamos

no começo. E com ainda mais

ânimo, podem apostar. Vida longa

à Balada Literária, salve e salve,

amém, axé e saravá.

PROGRAMAÇÃO DISPONÍVEL EM

www.baladaliteraria.com.br/programacao

folhetim