1. GERAL E DO BRASIL GEOGRAFIA ESPAO GEOGRFICO E GLOBALIZAO
EUSTQUIO DE SENE JOO CARLOS MOREIRA 1G E O G R A F I A ENSINO MDIO
MANUAL DO PROFESSOR
2. geral e do Brasil GeoGrafia Espao gEogrfico E globalizao v o
l u m e 1 Ensino Mdio Geograa 2a edio so paulo, 2013 Joo Carlos
Moreira Bacharel em geograa pela Universidade de so Paulo. Mestre
em geograa Humana pela Universidade de so Paulo. Professor de
geograa da rede pblica e privada de ensino por quinze anos.
advogado (oaB/sP). eustquio de sene Bacharel e licenciado em
geograa pela Universidade de so Paulo. doutor em geograa Humana
pela Universidade de so Paulo. Professor de geograa da rede pblica
e privada de ensino Mdio por quinze anos. Professor de Metodologia
do ensino de geograa na Faculdade de educao da Universidade de so
Paulo. MaNUaL Do ProfeSSor
3. 2 Diretoria editorial: Anglica Pizzutto Pozzani Gerncia de
produo editorial: Hlia de Jesus Gonsaga Editoria de Cincias Humanas
e sua Tecnologias: Heloisa Pimentel e Beatriz de Almeida Francisco
Editora: Beatriz de Almeida Francisco Superviso de arte e produo:
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Cristina Ronquini e Fbio Cavalcante Superviso de criao: Didier
Moraes Design grfico: A+ Comunicao (miolo e capa) Reviso: Rosngela
Muricy (coord.), Ana Carolina Nitto, Ana Paula Chabaribery Malfa,
Helosa Schiavo e Gabriela Macedo de Andrade (estag.) Superviso de
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Yoshihito Matsuura e Sara Plaa; Claudia Balista (assist.)
Cartografia: Allmaps, Juliana Medeiros de Albuquerque e Mrcio
Santos de Souza Tratamento de imagem: Cesar Wolf e Fernanda Crevin
Ilustrao de capa: Roberto Weigand (Trabalho de arte sobre
fotografia) Ilustraes: Cassiano Rda, Erika Onodera, Formato
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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara
Brasileira do Livro, SP, Brasil) Sene, Eustquio de Geografia geral
e do Brasil : espao geogrfico e globalizao / Eustquio de Sene, Joo
Carlos Moreira. 2. ed. reform. So Paulo: Scipione, 2013. Obra em 3
v. 1. Geografia (Ensino mdio) I. Moreira, Joo Carlos. II.Ttulo.
13-02528 CDD-910.712 ndice para catlogo sistemtico: 1. Geografia :
Ensino Mdio 910.712 2013 ISBN 978 85262 9128 7 (AL) ISBN 978 85262
9129 4 (PR) Cdigo da obra CL 712756 Uma publicao Verso digital
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Desenvolvimento do livro digital: Digital Pages
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4. IntroduoaosestudosgeogrfIcos 3 APRESENTAO D iariamente
recebemos uma enorme quantidade de informaes que entram em nossa
casa via televiso, rdio, jornal, revistas e internet: catstrofes
naturais, problemas ambientais, crises econmicas, desigualdades
sociais, guerras, aten- tados terroristas, migraes, novas
tecnologias e novos produtos, entre muitos outros temas. Com os
avanos nas telecomunicaes e nos transportes, as distncias se
encurta- ram e o tempo nos parece acelerado; as informaes vo se
sucedendo velozmente: sur- gem e desaparecem de repente. Quando
comeamos a compreender determinado acon- tecimento, ele esquecido
como se deixasse de existir e os meios de comunicao elegem outro
para dar destaque. Parece que no existe passado nem continuidade
histrica, tal a instantaneidade dos acontecimentos. Muitas vezes,
sentimos uma sensao de impotncia diante da di- culdade de
compreender o que est acontecendo em nossa cidade, no Brasil e no
mundo. Considerando todas essas questes, procuramos elaborar uma
obra que d conta de explicar o espao geogrco mundial e brasileiro,
onde os seres humanos interagem entre si e com o meio ambiente.
Essas interaes so mediadas por interesses contraditrios do ponto de
vista econmico, poltico e social e se materializam nas paisagens.
Esta coleo foi feita com base no volume nico da obra, que j est no
mercado desde 1997. Abrindo a coleo, o primeiro volume inicia-se
com o estudo dos fundamentos da Cartograa, pois o conhecimento da
linguagem cartogrca muito importante para a leitura de mapas,
cartas, plantas e grcos que aparecem nos trs volumes. Em seguida so
estudados os temas da Geograa fsica: estrutura geolgica, relevo,
solo, clima, hidro- graa e vegetao, de forma encadeada, para
facilitar o entendimento da dinmica e do funcionamento da natureza,
assim como sua relao com a sociedade e os crescentes desequilbrios
ecolgicos: efeito estufa, chuvas cidas, desmatamentos, eroses, etc.
Este volume concludo com o estudo das conferncias internacionais
sobre meio ambiente, destacando a importncia do desenvolvimento
sustentvel. O segundo volume apresenta alguns aspectos fundamentais
da Economia, da Geo- poltica e das sociedades do mundo contemporneo
para que se possa compreender os processos socioespaciais globais e
a insero do Brasil neles. Estudaremos as diversas fases do
capitalismo at a globalizao, as diferenas no desenvolvimento
humano, a or- dem geopoltica e econmica e os conitos armados da
atualidade. Alm disso, sero abordados os processos de
industrializao dos pases desenvolvidos e emergentes mais
importantes e o comrcio internacional. Fechando a coleo, o terceiro
volume apresenta como principais temas a industria- lizao e a
poltica econmica brasileira, a energia, a populao, a urbanizao e a
agro- pecuria no mundo e no Brasil. Pretendemos, assim, ajud-lo a
compreender melhor o frentico e fascinante mun- do em que vivemos e
auxili-lo no acompanhamento das transformaes que o moldam e o
tornam diferente a cada dia, para que voc possa nele atuar como
cidado consciente. Os AutOres GGB_v1_PNLD2015_001a013.indd 3 3/5/13
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5. PREFCIO DA PRIMEIRA EDIO* umapropostabemdosada A Geograa
conheceu, num passado recente, um movimento vigoroso de reno- vao
terica, que exercitou com radicalidade a crtica s perspectivas
tradi- cionais e introduziu novas orientaes metodolgicas no
horizonte de investi- gao dessa disciplina. No caso brasileiro, ao
contrrio de outros pases, o lti- mo campo a ser atingido por tal
processo foi o do ensino pr-universitrio. Tal demora talvez tenha
sido a responsvel pela forma na qual nalmente o movimento renovador
chegou ao ensino de Geograa de primeiro e segundo graus: um formato
revolucion- rio, que radicalizava e empobrecia a politizao
introduzida no debate desse campo disciplinar. Tal vis gerou
deformaes pedaggicas signicativas, pela carga de dirigismo ideo-
lgico contida nas propostas de renovao curricular. Em seu papel
indutor, os livros didticos foram agentes desse processo, ao mesmo
tempo que sofreram a inuncia do momento. Agora, aps mais de uma
dcada de vivncia dessa nova situao, parece que a metfora leninista
da curvatura da vara manifesta-se novamente. O salutar questio-
namento poltico do mundo em que vivemos parece iniciar uma
dissociao, no mbito do ensino da Geograa, do simplismo ideolgico,
dos posicionamentos maniquestas. Ensinar Geograa passa a ser
problematizar o mundo mais do que explic-lo de forma unilateral.
Nesse sentido, a presente obra deve ser saudada como uma manifesta-
o desse novo momento, pois associa de forma bem dosada a necessria
politizao do temrio geogrco com o distanciamento e rigor exigidos
por uma anlise cientca. Trata-se de uma obra bem estruturada, na
qual os principais tpicos da reexo geogr- ca contempornea esto
contemplados. So Paulo, 2 de abril de 1997. Prof. Dr. Antonio
Carlos Robert Moraes Departamento de Geografia, USP * Prefcio da
primeira edio do volume nico, publicada em 1997.
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7. CAPTULO 4 tecnologIasmodernas utIlIzadaspela cartografIa, 64
sensoriamentoremoto,65 Fotografia area, 66 Imagem de satlite, 67
sistemasdeposicionamentoenavegaopor satlites,68
sistemasdeinformaesgeogrficas,70
compreendendocontedos,72desenvolvendo
habilidades,73pesquisanainternet,74 testes e questes 75
enem,75Questesdevestibulares,76testes devestibulares,79 uNIDADe 2
GeOGrAFIA FsICA e meIO AmbIeNte 90 CAPTULO 5 estruturageolgIca, 92
teoria da formao e evoluo da terra (infogrfico), 92
aformaodaterra,93 Tipos de rocha, 95 estruturadaterra,98
derivacontinentaletectnicadeplacas,99 Tsunamis (infogrfico), 104
asprovnciasgeolgicas,107 compreendendocontedos,109desenvolvendo
habilidades,109pesquisanainternet,109 DelfimMartins/PulsarImagens
CAPTULO 6 estruturaseformasdo relevo, 110 geomorfologia,111
aclassificaodorelevobrasileiro,114 orelevosubmarino,120
morfologialitornea,123 compreendendocontedos,126desenvolvendo
habilidades,126pesquisanainternet,126 CAPTULO 7 solos, 127
aformaodosolo,128 Fatores de formao dos solos, 129
conservaodossolos,130 Voorocas, 132 Movimentos de massa, 133
Conservao dos solos em floresta, 134
compreendendocontedos,135desenvolvendo
habilidades,135dialogandocomoutras
disciplinas,136pesquisanainternet,137 CAPTULO 8 clImas, 138
tempoeclima,139 fatoresclimticos,140 Latitude, 140 Altitude, 141
Albedo, 142 Massas de ar, 142 Continentalidade e maritimidade, 142
Correntes martimas, 144 Vegetao, 145 Relevo, 145
atributosouelementosdoclima,146 tiposdeclima,150 climasnobrasil,153
compreendendocontedos,156desenvolvendo
habilidades,156dialogandocomoutras
disciplinas,156pesquisanainternet,158 DavidLacina/Alamy/OtherImages
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8. CAPTULO 9 Os fenmenos climticos e a interferncia humana, 159
Interferncias humanas no clima, 160 Poluio atmosfrica, 160 O efeito
estufa e o aquecimento global, 161 Efeito estufa (infogrfico), 162
Reduo da camada de oznio, 164 Ilhas de calor, 164 As chuvas cidas,
165 Fenmenos naturais, 168 Inverso trmica, 168 El Nio, 169
Principais acordos internacionais, 171 O Protocolo de Kyoto e o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, 171 As Conferncias das Partes,
174 Compreendendo contedos, 174 Desenvolvendo habilidades, 175
Pesquisa na internet, 175 CAPTULO 10 Hidrografia, 176 Pode faltar
gua doce?, 178 As guas subterrneas, 178 O poo e a fossa, 182 Redes
de drenagem e bacias hidrogrficas, 182 Bacias hidrogrficas
brasileiras, 186 Compreendendo contedos, 190 Desenvolvendo
habilidades, 190 Pesquisa na internet, 191 Sesso de vdeo, 191
CAPTULO 11 Biomas e formaes vegetais: classificao e situaoatual,
192 Cobertura vegetal, 193 Principais caractersticas das formaes
vegetais, 195 A vegetao e os impactos do desmatamento, 201 Biomas e
formaes vegetais do Brasil, 205 As caractersticas das formaes
vegetais brasileiras, 206 A legislao ambiental e as unidades de
conservao, 212 Histrico das leis ambientais brasileiras, 212 O
Cdigo Florestal, 214 As unidades de conservao, 215 Compreendendo
contedos, 217 Desenvolvendo habilidades, 217 Pesquisa na internet,
218 CAPTULO 12 As conferncias em defesa domeio ambiente, 219
Interferncias humanas nos ecossistemas, 220 Evoluo das tcnicas de
transformao do espao geogrfico (infogrfico), 221 A importncia da
questo ambiental, 222 A inviabilidade do modelo consumista de
desenvolvimento, 223 Estocolmo-72, 225 O desenvolvimento
sustentvel, 226 Legislao ambiental no Brasil, 226 Rio-92, 228 Rio
+10, 228 Rio +20, 229 Compreendendo contedos, 230 Desenvolvendo
habilidades, 230 Dialogando com outras disciplinas, 231 Pesquisa na
internet, 232 Testes e questes 233 Enem, 233 Questes de
vestibulares, 237 Testes de vestibulares, 239 Glossrio 256 SUGESTES
DE LEITURAS COMPLEMENTARES 257 ndice remissivo 258 RESPOSTAS DOS
TESTES DO ENEM E Dos VESTIBULARES 261 BIBLIOGRAFIA 262 Livros, 262
Atlas, 263 Dicionrios, 264 Sites, 264 PaleZuppani/PulsarImagens
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9. 8 Conhea seu livro Veja nestas pginas como seu livro est
organizado. 14 FUNDAMENTOSDECARTOGRAFIA Unidade 1
FUNDAMENTOSDECARTOGRAFIA 15 Fundamentos deCartografia Philippe
Lopez/Agncia France-Presse
pCentrodeExibiodoPlanejamentoUrbanodeXangai(China),em2009.Amaquetede600metrosmostraoplanourbanstico
dacapitalfinanceirachinesapara2020.Trata-sedeumavisotridimensionaleabrangentedoespaogeogrfico,oquecontri-
buiparaplanejaraocupaodacidadeeasoluodeseusproblemas.EstaumadasinmeraspossibilidadesdeusodaCar-
tografiaedeseusprodutos.Vamosconheceroutrasaolongodestaunidade. 104
GEOGRAFIAFSICAEMEIOAMBIENTE ESTRUTURAGEOLGICA 105 INFOGRFICO
TSUNAMIS A ocorrncia de terremotos ou erupes vulcnicas sob os
oceanos pode ocasionar a formao de ondas gigantescas, chamadas
tsunamis (palavra em japons que significa onda de porto) ou
maremotos. Menor que 1: detectado apenas pelo sismgrafo. 1 4 7
Ilustrao esquemtica, sem escala. Adaptado de: ASSUMPO, M.; DIAS
NETO, C. H. Sismicidade e estrutura interna da Terra. In: TEIXEIRA,
W. et al. Decifrando a Terra. So Paulo: Oficina de Textos, 2000. p.
52. ESCALA RICHTER A magnitude (grandeza) de um sismo pode ser
medida por um instrumento chamado sismgrafo, utilizando-se a Escala
Richter, que mede a fora de um terremoto em termos
deenergialiberada.Essaescalalogartmica, ou seja, de um grau para o
grau seguinte a diferena na amplitude das vibraes de dez vezes.
Apesar de no indicar os nveis de estragos causados, possvel
estabelecer uma relao entre os graus e seus efeitos nos objetos e
construes. 1 3 2 Orla martima em condies normais, com uma estreita
faixa de areia utilizada pelos banhistas. Momentos antes de
elevar-se e atingir a costa, o tsunami, em razo do grande
comprimento de onda, pode provocar um rebaixamento do nvel do mar,
que recua significativamente: a diminuio da velocidade na base da
onda mais pronunciada e o topo tende a tomar a dianteira em relao
base. As ondas gigantes avanam sobre o continente. A sequncia de
imagens 1, 2 e 3 mostra um trecho da orla martima de Kalutara, no
Sri Lanka, em 26 de dezembro de 2004, quando o efeito de um
terremoto de magnitude 9.0, com epicentro na costa oeste de
Sumatra, propagou-se por milhares de quilmetros.
INFOGRFICOINFOGRFICOINFOGRFICO TSUNAMIS A ocorrncia de terremotos
ou erupes vulcnicas sob os oceanos pode ocasionar a formao de ondas
gigantescas, chamadas tsunamis (palavra em japons que significa
onda de porto) ou maremotos. ESCALA RICHTER 7 As ondas gigantes
avanam sobre o continente. 4 Dependendo da magnitude do terremoto e
da localizao do epicentro, as consequncias podem ser sentidas na
outra extremidade do oceano. Neste mapa, vemos uma simulao que
mostra o momento em que a onda chega a Nova Zelndia, cerca de 13
horas aps a sua formao. Os tsunamis atingem at 800 km/h e, por
isso, percorrem grandes distncias em pouco tempo. O epicentro do
terremoto que provocou esse tsunami estava prximo costa do Chile,
na outra extremidade do oceano Pacfico. Acima de 7: grande poder de
destruio. De 5 a 7: perigoso, sobretudo em reas populosas. De 3 a
5: moderado, podendo causar alguns danos em construes. Pequena
profundidade do oceano medida que se aproximam do continente e o
mar fica mais raso, as ondas vo desacelerando por causa do atrito
com o fundo, diminuindo de comprimento e aumentando de altura (como
longe da costa a velocidade das ondas continua alta, as ondas se
juntam e a massa de gua se acumula). comprimento da onda altura da
onda Quando chegam ao litoral, as ondas podem atingir mais de 10 m
de altura, com imenso volume de gua. A partir de ento a gua invade
o continente e avana por terra, destruindo quase tudo por onde
passa. 2 3 De 2 a 3: pequeno tremor percebido pelas pessoas. 6
Grande profundidade do oceano A propagao de ondas ssmicas liberadas
por um terremoto provoca primeiramente um deslocamento vertical de
grande volume de gua. A partir da so formadas ondas que, em
alto-mar, tm grande comprimento (at 160 km), alta velocidade (at
800 km/h) e baixa altura (at 0,5 m). As ondas podem atravessar o
oceano em poucas horas. deslocamento de grande volume de gua As
ondas so geradas em todas as direes Fotos:DigitalGlobe/Nasa
RogerRessmeyer/Corbis/Latinstock NOAA movimento da placa tectnica A
movimento da placa tectnica B epicentro ondas ssmicas hipocentro
falha A fonte de onde partem as ondas ssmicas denominada hipocentro
ou foco, e o ponto da superfcie localizado diretamente sobre o foco
o epicentro. 5 Ilu stra es : Er ika Ono de ra/A rq uivo da ed ito
ra OCEANO PACFICO AUSTRLIA NOVA ZELNDIA AMRICA DO NORTE 16
FUNDAMENTOSDECARTOGRAFIA Planeta Terra: coordenadas, movimentos e
fusos horrios captulo 1 Se oriente, rapaz Pela constelao do
Cruzeiro do Sul [] Gilberto Gil1 , cantor e compositor.
pNatirinha,CalvineHaroldoestonosEstadosUnidoseplanejamiraYukon,umterritrio
localizadononoroestedoCanad.ParairatlsaindodoestadodeWashington,porexem-
plo,necessrioatravessartodaaprovnciacanadensedaColmbiaBritnica,ouseja,cerca
de1500quilmetros(emlinhareta)ou2000quilmetros(decarro). Situar-se
no espao geogrfico sempre foi uma preocupao dos grupos humanos. Nos
primrdios, isso acontecia pela necessidade de se deslocar para
encontrar abrigo e alimentos. Com o passar do tempo as sociedades
se tornaram mais complexas e surgiram muitas outras necessidades.
Isso explica a crescente importncia da Cartografia*, discipli- na
encarregada de produzir mapas, plantas e outros produtos
cartogrficos, que represen- tam a superfcie terrestre ou parte
dela. Um guia de ruas, como o que aparece abaixo, uma planta que
nos auxilia em deslocamentos no interior de uma cidade. Alm das
representaes cartogrficas feitas em papel, j podemos utilizar
sistemas de mapas digitais; para nos orientarmos na cidade ou na
estrada possvel usar aparelhos GPS (Sistema de Posicionamento
Global). importante tambm nos situarmos no tempo em relao s horas e
s estaes do ano, o que suscita perguntas como: Se aqui so 15 horas,
que horas so em Londres... eemNovaYork?;Porquetodoanoogo- verno
implanta o horrio de vero?. Para responder a essas e outras
perguntas, precisamos estudar os movimentos da Terra, as estaes do
ano, as coordenadas geogrficas, os fusos horrios. o que fa- remos a
seguir. 2010 Bill Watterson/Dist. by Atlantic Syndication/Universal
Uclick *As expresses impressas na cor azul so explicadas no
Glossrio, no final deste volume.
Reproduo/www.vemtudo.com/mapa-do-recife 1 GIL, Gilberto. Oriente.
In: ______ . Expresso 2222. [S.l.]: Universal, 1972. CD. Os
produtos cartogrficos representam a
superfcieterrestreoupartedela.Aolado,
plantadaPrefeituradoRecifemostrandoas
principaisatraestursticasdacapitalde Pernambuco. Abertura de
unidade Estruturada em pgina dupla, apresenta uma imagem
significativa e um pequeno texto intro- duzindo o tema que ser
estudado. Captulos Em sua abertura, trazem uma epgrafe com ideias
de alguma personalidade, atual ou do passado, com destaque em sua
rea de conhecimento, e uma pequena introduo com informaes e
questionamentos sobre o tema que ser abordado. Essa reflexo
introdutria ilustrada com fotos, mapas, grficos, tabelas,
quadrinhos, etc. 122 GEOGRAFIAFSICAEMEIOAMBIENTE O Direito do Mar
[...] Desde pocas mais remotas, mares e oceanos so usados
comoviadetransporteecomofontederecursosbiolgicos.Odesen- volvimento
da tecnologia marinha permitiu a descoberta nas guas, no solo e no
subsolo marinhos de recursos naturais de importncia
capitalparaahumanidade.Adescobertadetaisrecursosfezaumen- tar a
necessidade de delimitar os espaos martimos em relao aos quais os
Estados costeiros exercem soberania e jurisdio. Assim que, na dcada
de 1950, as Naes Unidas comearam a
discutiraelaboraodoqueviriaaser,anosmaistarde,aConvenodas
NaesUnidassobreoDireitodoMar(CNUDM).OBrasilparticipouativa- mente
das discusses sobre o tema, por meio de delegaes formadas,
basicamente,poroficiaisdaMarinhadoBrasilepordiplomatasbrasileiros.
A CNUDM est em vigor desde novembro de 1994 e constitui-se,
segundoanalistasinternacionais,nomaiorempreendimentonormati- vo no
mbito das Naes Unidas, legislando sobre todos os espaos martimos e
ocenicos, com o correspondente estabelecimento de di-
reitosedeveresdosEstadosquetmomarcomofronteira.Atualmen-
te,aConvenoratificadapor156pases,dentreosquaisoBrasil. O Mar
Territorial, somado ZEE [Zona Econmica Exclusiva], constituem-se
nas guas Jurisdicionais Brasileiras Marinhas. Trata-se de uma
imensa regio, com cerca de 3,5 milhes de km. Aps serem aceitas as
recomendaes da CLPC [Comisso de
LimitesdaPlataformaContinental],osespaosmartimosbrasileiros podero
atingir cerca de 4,5 milhes de km, equivalentes a mais de 50% da
extenso territorial do Brasil. Por seus incomensurveis recursos
naturais e grandes dimen- ses, essa rea chamada de Amaznia Azul.
Conceitos importantes No que concerne aos espaos martimos, todo
Estado costeiro tem o direito de estabelecer um Mar Territorial de
at 12 milhas nu- ticas (cerca de 22 km), uma Zona Econmica
Exclusiva (ZEE) e uma Plataforma Continental (PC) estendida, cujos
limites exteriores so determinados pela aplicao de critrios
especficos. Os Estados exercem soberania plena no Mar Territorial.
Na ZEE e na PC, a jurisdio dos Estados se limita explorao e ao
aprovei- tamentodosrecursosnaturais.NaZEE,todososbenseconmicosno
seio da massa lquida, sobre o leito do mar e no subsolo marinho so
privativos do pas costeiro. Como limitao, a ZEE no se estende
almdas200milhasnuticas(370km)dolitoralcontinentaleinsular.
APCoprolongamentonaturaldamassaterrestredeumEsta-
docosteiro.Emalgunscasos,elaultrapassaadistnciade200milhas
daZEE.PelaConvenosobreoDireitodoMar,oEstadocosteiropode pleitear a
extenso da sua Plataforma Costeira at o limite de 350 milhas
nuticas (648 km), observando-se alguns parmetros tcni-
cos.ocasodoBrasil,queapresentousNaesUnidas,emsetem- bro de 2004, o
seu pleito de extenso da PC brasileira. BRASIL. Marinha do Brasil.
Disponvel em: www.mar.mil.br/menu_v/
amazonia_azul/html/definicao.html. Acesso em: 2 set. 2012. AMAZNIA
AZUL O PATRIMNIO BRASILEIRO NO MAR Mar territorial (12 milhas) Zona
Econmica Exclusiva (ZEE) (200 milhas) Crosta continental Plancie
abissal Elevao Talude continental OCEANO ATLNTICO Crosta ocenica
Plataforma continental Plataforma Limites do mar 1 milha nutica
equivale a 1852 km. Arquiplago de So Pedro e So Paulo Arquiplago de
Fernando de Noronha Ilha de Trindade e Arquiplago Martim Vaz OCEANO
ATLNTICO Equador 55 O 0 Trpico de Capricrnio km 0 700 Adaptado de:
BRASIL. Marinha do Brasil. Disponvel em: www.mar.mil.br/menu_v/
amazonia_azul/html/definicao.html. Acesso em: 2 set. 2012. Amaznia
Azul Adaptado de: BRASIL. Marinha do Brasil. Secretaria da Comisso
Interministerial para os Recursos do Mar. Disponvel em:
www.mar.mil.br/menu_v/ amazonia_azul/html/importancia.html. Acesso
em: 2 set. 2012. Brasil Territrio 8500000 Zona Econmica Exclusiva
(ZEE) Extenso da plataforma continental Amaznia Azul (ZEE + Extenso
da plataforma continental) rea (km2) 12 milhasMar territorial 4
411000 911000 3500000 FormatoComunicao/Arquivodaeditora
Allmaps/Arquivodaeditora Textos complementares Ao longo dos
captulos, h textos citados ou dos prprios autores que enriquecem e
aprofundam o contedo principal. Infogrficos Produzidos em pginas
duplas, apa- recem ao longo do volume, represen- tando alguns
fenmenos da realidade e complementando o contedo do captulo de
maneira bastante atraente. Possui grande riqueza de imagens
fotografias, mapas, grficos e ilustra- es acompanhadas de pequenos
textos que esclarecem de forma ob- jetiva o assunto abordado.
GGB_v1_PNLD2015_003a013.indd 8 22/03/2013 14:02
10. 9 HIDROGRAFIA 191 Observe tambm este outro infogrfico, que
mostra o desperdcio de gua quando esque- cemosatorneiraaberta.
Combasenaobservaodosdoisinfogrficos e no que voc estudou sobre o
assunto, es- creva um pequeno texto sobre a importncia de evitarmos
o desperdcio para a busca do desenvolvimento sustentvel. A seguir,
mos- treseutextoparaoscolegasecomparemas respostas. Sesso de vdeo P
No rio das Amazonas. Direo: Ricardo Dias. Brasil, 1995. Retrata a
travessia feita pelo zologo e msico Paulo Vanzolini no rio
Amazonas. Nessa viagem ele desvenda a vida e a cultura das populaes
ribeirinhas. Pesquisa na internet P Associao Brasileira de guas
Subterrneas Essa associao mantm um site em que disponibiliza vrios
textos, revistas e estudos sobre o tema. No campo Educao voc
encontra informaes interessantes sobre a disponibilidade e
importncia das guas subterrneas. Disponvel em: www.abas.
org.br/educacao.php. Acesso em: 10 out. 2012. P Caesb No site da
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal h o espao
Educativo, onde esto disponveis vrias in- formaes teis e
interessantes sobre economia de gua, vazamentos e outros temas.
Disponvel em: www.caesb.df.gov.br. Acesso em: 10 out. 2012. P
Codevasf No site da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So
Francisco e do Parnaba esto disponveis informaes sobre os recursos
hdricos, aspectos sociais, econmicos e ambientais dos vales dos
rios So Francisco e Parnaba. Disponvel em: www. codevasf.gov.br.
Acesso em: 10 out. 2012. P Ministrio do Meio Ambiente No site do
MMA voc encontra vrias informaes sobre gua doce, gua nas cidades,
bacias hidrogrficas e outros temas. Disponvel em: www.mma.gov.br.
Acesso em: 10 out. 2012. P Sabesp No site da Companhia de
Saneamento Bsico do Estado de So Paulo voc encontra um espao
dedicado a professores e es- tudantes, onde so tratados assuntos
ligados a gua, esgoto e outros temas interessantes. Disponvel em:
www.sabesp.com. br. Acesso em: 10 out. 2012. RIO DE JANEIRO
(Estado). Companhia Estadual de guas e Esgotos (Cedae). Disponvel
em: www.cedae.com.br. Acesso em: 9 out. 2012.
Reproduo/CEDAE,RiodeJaneiro,RJ 156 GEOGRAFIAFSICAEMEIOAMBIENTE
1.Qualadiferenaentretempoeclima?Acenadatirinhadaaberturaretrataascondiesdotempooudo
clima? 2.Expliqueainflunciadalatitudeedaaltitudenoclima.
3.Qualainflunciadasmassasdearnoclima?
4.Relacioneasmassasdearcomascaractersticasdoclimanoterritriobrasileiro.
Compreendendo contedos
ObservenovamenteosclimogramasdePortoAlegreeBraslia,napgina154,eresponda:
1.Aquetipodeclimaestassociadocadagrfico?
2.Compareoregimedechuvasnasduaslocalidadeseresponda:
a)Quaissoosmesesmaissecosemaischuvososemcadagrfico?
b)Qual,aproximadamente,ondiceanualdechuvasemPortoAlegre?EemBraslia?
3.Escolhadoisclimogramaspresentesnestecaptulo.Relacione-oscomosmapasdasclassificaesclim-
ticas,compareocomportamentodasmdiasmensaisdetemperaturanasduaslocalidadeseresponda:
a)Quaissoosmesesmaisquentesemaisfrios?
b)Qualaamplitudetrmicaanualemcadacidade? c)
Qualotipodeclimaassociadoacadaumadelas?Descrevaascaractersticasdatemperaturaedaumidadeno
invernoenoverodecadaumdeles. Desenvolvendo habilidades
NestaatividadeestosendotrabalhadasGeografiaeFsica.
AFsicaportrsdasmudanasclimticas
Duaspropriedadesfsicasdosmateriaisafetamatemperaturadaatmosfera.Umadelasoalbedo(ter-
moderivadodealbus,quesignificabrancoemlatim).Oalbedoumagrandezaqueexprimeaporcentagem
daradiaosolarincidentesobreaTerraqueporelarefletidadevoltaparaoespaoexterior.
Partedaradiaoincidente,porm,absorvidapeloscorposeirradiadaparaaatmosferasobaforma
decalor,quenoescapaparaoespaoporcausadabarreiraformadapelodixidodecarbonoeoutros
gases,processoconhecidocomoefeitoestufa(essefenmenoserestudadonoprximocaptulo).Otextoa
seguirrelacionaoalbedocomoclimanoplaneta.Leia-oatentamente. [...]
Cientistas lanaram [...] a ideia de transformar as cidades em
gigantescos refletores da luz solar para ajudar a enfrentar o
aquecimento global [...] . Materiais de cores claras ajudam a
refletir os raios solares ao invs de absor- v-los e transform-los
em calor, um fenmeno conhecido no meio cientfico como albedo.
Calamentos e telhados correspondem a mais de 60% das superfcies
urbanas e, ao aprisionar a energia solar, so amplamente
responsabili- zados por gerar ilhas de calor, locais onde as
cidades se tornam verdadeiros fornos. [...] Para o consultor
climtico francs Jean-Marc Jancovici, no entanto, as propostas s tm
efeito local. [...]
DUNAND,Emmanuel.Cientistassugeremcidadesrefletorascontraaquecimentoglobal.Veja.
SoPaulo:Abril,13abr.2012.Disponvelem:http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-
sugerem-cidades-refletoras-contra-aquecimento-global.Acessoem:22dez.2012.
DIALOGANDOCOMOUTRASDISCIPLINAS Esse cone indica que o contedo que
voc est estu- dando aborda assuntos relacionados a direitos e de-
veres dos cidados, como respeito diversidade na sociedade,
valorizao de gnero e etnia, relaes e condies de trabalho, entre
outros. CIDAD ANIA: TRAB ALHO Desenvolvendo habilidades Seo de
atividades que trabalha diversas competncias e habilidades,
buscando ar- ticular, por meio de linguagens variadas, a teoria que
se aprende na escola com a realidade vivida fora dela. Pesquisa na
internet e Sesso de vdeo Indicaes de sites, filmes e documentrios
que podero auxiliar em pesquisas ou na complementao de seu estudo.
Compreendendo contedos Seo de atividades que retoma os conceitos
mais importantes e demais pontos fundamentais dos contedos
estudados ao longo do captulo. TESTESEQUESTES 233 Testes e questes
Enem 1.Paraoregistrodeprocessosnaturaisesociais,devem
serutilizadasdiferentesescalasdetempo.Porexem-
plo,paraadataodosistemasolar,necessriauma
escaladebilhesdeanos,enquantoparaahistriado
Brasilbastaumaescaladecentenasdeanos.
Assim,paraosestudosrelativosaosurgimentodavida
noplanetaeparaosestudosrelativosaosurgimento da escrita, seria
adequado utilizar, respectivamente, escalasde: a)
milharesdeanos;centenasdeanos. b) milhesdeanos;centenasdeanos. c)
milhesdeanos;milharesdeanos. d) bilhesdeanos;milhesdeanos. e)
bilhesdeanos;milharesdeanos.
2.Nomapa,apresentadaadistribuiogeogrficade
avesdegrandeporteequenovoam. km (no Equador) 0 4940 Ema Avestruz
Ema 02_12_m014_1GGBg12eS Hevidnciasmostrandoqueessasaves,quepodem
seroriginriasdeummesmoancestral,sejam,por-
tanto,parentes.Considerandoque,defato,talparen-
tescoocorra,umaexplicaopossvelparaasepara-
ogeogrficadessasaves,comomostradanomapa, poderiaser: a)
agrandeatividadevulcnica,ocorridahmilhesde
anos,eliminouessasavesdohemisfrionorte. b)
naorigemdavida,essasaveseramcapazesdevoar,
oquepermitiuqueatravessassemasguasoceni-
cas,ocupandovrioscontinentes. c)
oserhumano,emseusdeslocamentos,transportou
essasaves,assimqueelassurgiramnaTerra,distri-
buindo-aspelosdiferentescontinentes. d)
oafastamentodasmassascontinentais,formadas
pelarupturadeumcontinentenico,dispersoues-
sasavesquehabitavamambientesadjacentes. e)
aexistnciadeperodosglaciaismuitorigorosos,no
hemisfrionorte,provocouumgradativodesloca-
mentodessasavesparaosul,maisquente. 3. Nvel dgua Sulcos ou ravinas
Booroca Zona temporariamente encharcada TEIXEIRA, W. et al. (Orgs).
Decifrando a Terra. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.
Muitos processos erosivos se concentram nas encos-
tas,principalmenteaquelesmotivadospelaguaepelo
vento.Noentanto,osreflexostambmsosentidosnas
reasdebaixada,ondegeralmentehocupaourbana.
Umexemplodessesreflexosnavidacotidianademui- tascidadesbrasileiras
a) amaiorocorrnciadeenchentes,jqueosriosasso-
readoscomportammenosguaemseusleitos. b)
acontaminaodapopulaopelossedimentostra-
zidospelorioecarregadosdematriaorgnica. c)
odesgastedosolonasreasurbanas,causadopela
reduodoescoamentosuperficialpluvialnaencosta. d)
amaiorfacilidadedecaptaodeguapotvelpara
oabastecimentopblico,jquemaioroefeitodo escoamentosobreainfiltrao.
e) oaumentodaincidnciadedoenascomoaameba-
senapopulaourbana,emdecorrnciadoescoa-
mentodeguapoludadotopodasencostas.
4.Achuvadeterminada,emgrandeparte,pelatopo-
grafiaepelopadrodosgrandesmovimentosatmos-
fricosoumeteorolgicos.Ogrficomostraapreci- pitao anual mdia (linhas
verticais) em relao altitude(curvas)emumaregioemestudo.
Allmaps/Arquivodaeditora
FormatoComunicao/ArquivodaeditoraCassianoRda/Arquivodaeditora FAANO
CADERNO Dialogando com outras disciplinas Seo de atividades que
prope um trabalho in- terdisciplinar no estudo de aspectos
importantes do contedo abordado. Aproveite o momento para trocar
ideias e experincias com os professores de outras disciplinas e
observe como os conhecimen- tos das diversas matrias escolares se
relacionam. Testes e questes Presente em todo final de unidade,
esta seo apresenta uma coletnea de exerc- cios do Enem e dos
principais vestibulares brasileiros (testes e questes discursivas).
Pginas finais No final do volume, voc encontra quatro sees teis ao
manuseio do livro: Glossrio: os termos destacados em azul ao longo
do volume so explicados nesta seo, auxiliando na compreenso das
temticas tratadas. Sugestes de leituras complementares: aqui voc
encontra uma relao de obras que podem ajudar em seus estudos. ndice
remissivo: traz a relao de conceitos, categorias e nomes fundamen-
tais ao estudo da Geografia. As pginas indicadas correspondem s
ocorrn- cias mais significativas do termo ao longo do volume.
Bibliografia: lista ampla que pode auxiliar em pesquisas e
investigaes so- bre determinados temas ou na ampliao de seus
conhecimentos. Alm destas sees, no final do volume voc encontra
tambm as Respostas dos testes do Enem e dos vestibulares. Este cone
indica Objetos Educacionais Digitais relacionados aos contedos do
livro. GGB_v1_PNLD2015_003a013.indd 9 22/03/2013 14:02
11. 10 Introduo aos estudos geogrficos Vista area de trechos da
floresta Amaznica e do rio Negro no Parque Nacional de Anavilhanas
(foto de 2010). Localizado nos municpios de Novo Airo e Manaus,
estado do Amazonas, este par- que nacional foi criado para
preservar o arquip- lago fluvial de Anavilhanas, assim como
permitir o estudo e a preservao desse bioma. O turismo sustentvel
permitido em uma rea restrita do parque para fins de educao
ambiental. Introduo aos estudos geogrficos Ao longo da Histria os
grupos humanos gradativamente foram transformando a na-
turezacomoobjetivodegarantirsuasubsistnciaemelhoraraqualidadedevida.Comisso,
oespaogeogrficofoificandocadavezmaisartificializado.Pelaaodotrabalhohumano,
novas tcnicas foram desenvolvidas e incorporadas ao territrio. De
um meio natural o ho-
memavanouparaummeiocadavezmaistcnico:expandiram-seasreasagrcolas,desen-
volveram-seascidadeseasindstrias,construram-seestradas,portos,hidreltricas,etc.De
acordo com o gegrafo Milton Santos (1926-2001), em diversas regies
a incorporao de cincia e tcnica, de informao e conhecimento ao
territrio constituiu o chamado meio tcnico-cientfico-informacional1
.
Poucasreasdasuperfcieterrestreaindanosofreramtransformaes.Emesmona-
quelas intocadas, como muitas no interior da floresta Amaznica ou
do continente antrti- co, o territrio est delimitado e sob controle
poltico sujeito a soberania nacional ou a acordos internacionais.
Sobre esses territrios atuam interesses de diferentes grupos, que
buscam sua preservao ou que desejam explor-los: uns de forma
sustentvel, outros de forma predatria. Assim, podemos dizer que
mesmo em um meio natural, aparentemente intocado, existem relaes
polticas, econmicas, culturais e ambientais que nem sempre so
visveis na paisagem. A paisagem a aparncia da realidade geogrfica,
aquilo que nossa percepo, espe-
cialmenteavisual,capta.Emboraaspaisagensmaterializemrelaessociais,econmicase
polticas travadas entre os grupos humanos, essas relaes no so
facilmente percebidas.
Desvend-lasrequerobservao,estudoepesquisa,sendoesseocaminhoparaqueoespa-
o seja apreendido em sua essncia. Podemos dizer, ento, que o espao
geogrfico for- mado tanto pela sociedade como pela paisagem
permanentemente construda e recons truda por aquela. A paisagem
expressa a sociedade e a natureza; composta de objetos ar-
tificiais ou culturais (construdos pelo trabalho humano) e de
objetos naturais (frutos dos processos da natureza). O espao
materializa todos esses objetos mais as relaes humanas que se
desenvolvem na vida em sociedade. Para ilustrar essas relaes e
evidenciar a diferena entrepaisagemeespao,MiltonSantosafirmou que,
se eventualmente a humanidade fosse ex-
tinta,teramosofimdasociedadeeconsequen- temente do espao geogrfico,
mas a paisagem construda permaneceria2 . 1 SANTOS, Milton. A
natureza do espao. So Paulo: Hucitec, 1996. p. 190. 2 Durante a
Guerra Fria, os labo- ratrios do Pentgono chegaram a cogitar da
produo de um engenho, a bomba de nutrons, capaz de ani- quilar a
vida humana em uma dada rea, mas preservando todas as cons- trues.
O presidente Kennedy afinal renunciou a levar a cabo esse projeto.
Seno, o que na vspera seria ainda o espao, aps a temida exploso
seria apenas paisagem. (SANTOS, Milton. A natureza do espao. So
Paulo: Hucitec, 1996. p. 85). JooMarcosRosa/Nitro
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12. IntroduoaosestudosgeogrfIcos 11 Para compreender o espao
geogrfico, portanto, precisamos entender as relaes
sociaiseasmarcasdeixadaspelosgruposhumanosnapaisagemnodecorrerdaHistria.Na
verdade, precisamos entender as relaes prprias da natureza, as
relaes prprias da so- ciedade e, de forma integrada, as relaes
entre a sociedade e a natureza. a isso que a
Geografia,comocincia,sededicahojeeporissoqueestudamosessadisciplinanaescola.
A origem da Geografia antiga. Desde a Antiguidade muitos pensadores
elaboraram estudos considerados geogrficos, embora o conhecimento
fosse disperso e desarticulado, vinculado Filosofia, Matemtica e s
cincias da natureza. Na Grcia antiga, Herdoto
(484a.C.-420a.C.),Eratstenes(275a.C.-194a.C.)eEstrabo(63a.C.-entre21e25d.C.),entre
outros, analisaram a dinmica dos fenmenos naturais, elaboraram
descries de paisagens e estudaram a relao homem-natureza. Mesmo
durante o perodo em que estiveram sob o do- mnio romano, os gregos
continuaram desenvolvendo seus estudos tericos3 . Nas obras de
CludioPtolomeu,comoSintaxeMatemtica
eGeographia,encontram-seimportantes regis- tros geogrficos,
cartogrficos e astronmicos. Ele viveu em Alexandria,
aproximadamente
entreosanos100e180denossaera,perodoemqueoEgitoerapartedoImprioRomano,mas
seusestudossforamredescobertossculosdepoisnomundoocidental(osrabespreserva-
ram esses conhecimentos e os legaram aos europeus). Os
conhecimentos herdados de Ptolo-
meu,comoodeumsistemadeprojeoecoordenadas,ajudaramnaproduodemapasmais
precisos, fundamentais para a expanso martima europeia a partir do
final do sculo XV. No sculo XVIII diversos filsofos contriburam
para o desenvolvimento da Geografia,
comdestaqueaoalemoImmanuelKant(1724-1804),umdosprimeirosasepreocuparcom
a sistematizao do conhecimento geogrfico. Kant influenciou
fortemente seus compatrio-
tasfundadoresdaGeografiacomocincia:AlexandervonHumboldt(1769-1859)eKarlRit-
ter (1779-1859). Humboldt foi um importante explorador, fez viagens
pela Amrica e em Cos mos, sua obra maior, sintetizou anos de
estudos geogrficos. Em meados do sculo XIX esses dois cientistas
alemes iniciaram a sistematizao do arcabouo terico-metodolgico da
Geografia, que gradativamente se transformou em disciplina
acadmica, passando a ser pes- quisadaeensinadanasuniversidades4 .
No sculo XIX, em diversos pases europeus, comearam a ser
implantados os sistemas nacionais de ensino, e a Geografia apareceu
como uma das disciplinas escolares. Entretanto, diferentemente do
que muitos pensam, a Geografia escolar no derivada da Geografia
acad- mica. Ao contrrio, foi a presena da disciplina nos sistemas
escolares nascentes que levou necessidade de criao de cursos
universitrios voltados para a formao de professores da escola
bsica5 (no incio, o ensino de Geografia ficava a cargo de
profissionais formados em outras reas). Isso aconteceu no apenas na
Alemanha, mas na Frana, na Gr-Bretanha, entre outros pases
europeus, e, embora um pouco mais tarde, tambm no Brasil e em
outros pases
latino-americanos(nosEstadosUnidos,athojeaGeografiapoucodifundidanocurrculoda
escola bsica, cerca de metade dos estados norte-americanos no a
oferecem aos estudantes). Em nosso pas a Geografia entrou, em 1837,
no currculodoColgioPedroII,entofundadonoRiode Janeiro para ser uma
escola-modelo para o pas6 , mas somente quase cem anos depois foi
criado o primeiro cursosuperiordeGeografianaFaculdadedeFilosofia,
CinciaseLetrasdaUniversidadedeSoPaulo,funda- da em 19347 . Foi a
partir da dcada de 1930 que come- ou a gradativa expanso do sistema
escolar no Brasil e a Geografia manteve-se em todos os anos do
Ensino FundamentaleMdio.
arranha-cusnobairrodeshinjuku,tquio(japo).ao
fundo,omontefuji,omaisaltodopas.localizadoa
cercade100kmasudoestedacapital,podeservisto
emdiasclaros,comonafotode2011. 3 CLAVAL, Paul. Histria da Geogra
fia. Lisboa: Edies 70, 2006. p. 29. 4 A primeira ctedra de
Geografia foi criada na dcada de 1820, na Universidade de Berlim
(fundada em 1810), e foi ocupada por Karl Ritter. Em 1870 somente
trs universidades alemsofereciamocursodeGeografia Berlim, Breslau e
Gttingen , mas em 1890 praticamente todas as uni- versidades do pas
passaram a ofe- rec-lo. (CAPEL, Horacio. Filosofa y ciencia en la
Geografa contempornea. Barcelona: Barcanova, 1981. p. 97). 5 CAPEL,
Horacio. Filosofa y cien cia en la Geografa contempornea.
Barcelona: Barcanova, 1981. p. 94; GOODSON, Ivor. Tornando-se uma
matria acadmica: padres de expli- cao e evoluo. TeoriaEducao. Porto
Alegre, v. 2, 1990. p. 234-235. 6 ROCHA, Genylton Odilon Rgo da. A
trajetria da disciplina Geografia no currculo escolar brasileiro
(1837 1942). Dissertao de mestrado. So Paulo: PUC-SP, 1996. 7 O
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e
Cincias Humanas da USP tem sua origem no ano de 1934, na antiga
subseo de Geografia e Histria da Faculdade de Filosofia, Cincias e
Letras. Naquele ano, o primeiro ensino universitrio de Geografia
foi inaugurado com a ctedra de Geo- grafia, sob a responsabilidade
do professor Pierre Deffontaines, que veio especialmente da Frana
para ocup-la. Em 1935, a ctedra passou para a responsabilidade do
professor Pierre Monbeig. (O Departamento de Geografia.
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e
Cincias Humanas da USP. Disponvel em: www.geografia.fflch. usp.br.
Acesso em: 20 ago. 2012). P KazuhiroNogi/AgnciaFrance-Presse
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13. 12 IntroduoaosestudosgeogrfIcos No final do sculo XIX,
outro importante pesquisador alemo Friedrich Ratzel (1844-1904)
definiu a Geografia como cincia humana, embora na prtica a tenha
tratado como cincia natural. Considerou a influncia que as condies
naturais exercem sobre a
humanidadecomoobjetodeestudodadisciplina.Seusdiscpulosradicalizaramsuasideias,
dando origem ao determinismo geogrfico8 . Alm disso, Ratzel foi um
dos principais for- muladores da Geopoltica. A relao entre o Estado
e o espao central em sua obra mais
importanteAntropogeografia.Segundoele,apartirdomomentoemqueumasociedadese
organiza para defender um territrio, transforma-se em Estado9 .
Donde se depreende que o territrio o espao geogrfico sob o controle
de um poder institudo o Estado nacional.
Porm,hsituaesemqueoutrosagentespodemcontrolarumterritrio,porexemplo,um
grupo guerrilheiro, muitas vezes, em disputa com um Estado
legalmente constitudo. No incio do sculo XX, um gegrafo francs Paul
Vidal de la Blache (1845-1918)
passouacriticaromtodopuramentedescritivoeadefenderqueaGeografiasepreocupas-
se com a relao homem-meio, posicionando os seres humanos como
agentes que sofrem influncia da natureza, mas que tambm agem sobre
ela, transformando-a. Ele inaugurava,
emcontraposioaodeterminismo,umacorrentetericaconhecidacomopossibilismo,
ambas posteriormente rotuladas como Geografia tradicional. A
Geografia lablachiana, embora tenha avanado em relao viso
naturalista de Ratzel, no rompeu totalmente com ela; a disciplina
continuava sendo uma cincia dos lugares, no dos homens10 .
Assim,atmeadosdosculoXXagrandemaioriadosgegrafosselimitavaadescrever
as caractersticas fsicas, humanas e econmicas das diversas formaes
socioespaciais, procurando estabelecer comparaes e diferenciaes
entre elas. Nesse perodo desenvol- veu-se a Geografia regional,
fortemente influenciada pela escola francesa, e o conceito de regio
ganhou importncia na anlise geogrfica.
Aregiopodeserconceituadacomoumadeterminadareadasuperfcieterrestre,com
extenso varivel, que apresenta caractersticas prprias e
particulares que a diferencia das
demais.Desdeentooconceitoderegioficouassociadocategoriadeparticularidade11
e
podeserdefinidopordiversoscritrios.Aregiopodesernatural,quandoocritriodedistin-
o a paisagem natural, ou geogrfica, se a diferenciao for econmica,
social ou cultural.
AntesasregiestinhamrelativaautonomiasocioculturaleeconmicaeosestudosdeGeogra-
fiaregionaleramdominantes.Atualmente,comoavanodaglobalizaocapitalista,asregies
semodernizameestabelecemcadavezmaisrelaesentresiasconexesaumentaramsig-
nificativamente,oquetemreduzidooisolamentoeadiferenciaoentreelas.
pcolheitadeirasemaoduranteacolheitadesojanasafrade2012emfazendalocalizadano
municpiodetangardaserra(mt). 8 MORAES, Antonio Carlos Robert.
Geografia: pequena histria crtica. 20.ed. So Paulo: Annablume,
2005. p. 71. 9 A sociedade que consideramos, seja grande ou
pequena, desejar sempre manter sobretudo a posse do territrio sobre
o qual e graas ao qual ela vive. Quando esta socie- dade se
organiza com esse objeti- vo, ela se transforma em Estado. (RATZEL,
Friedrich. Geografia do homem (antropogeografia). In: MORAES,
Antonio Carlos Robert. Ratzel. So Paulo: tica, 1990. p. 76). 10
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena histria crtica.
20.ed. So Paulo: Annablume, 2005. p. 79. 11 CORRA, Roberto Lobato.
Tra jetrias geogrficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. p.
191. PauloFridman/PulsarImagens GGB_v1_PNLD2015_001a013.indd 12
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14. IntroduoaosestudosgeogrfIcos 13 Embora tenha um importante
papel no desenvolvimento da Geografia como cincia, a Geografia
tradicional nos legou um ensino escolar centrado na memorizao de
lugares,
dadosestatsticossobrepopulaoeeconomia,caractersticasfsicasderelevo,clima,vege-
tao e hidrografia. Essa estrutura perdurou at a segunda metade do
sculo XX, quando a descrio das paisagens, com seus fenmenos
naturais e sociais, passou a ser realizada de forma mais eficiente
e atraente pela televiso. A partir da, os gegrafos foram obrigados
a buscar novos objetos de estudo que permitissem Geografia
sobreviver como disciplina
escolarnoEnsinoBsicoecomoramificaodascinciashumanasemnveluniversitrio12
. O processo de mudana do objeto de estudo da disciplina teve seu
divisor de guas na dcada de 1970, quando a Geografia universitria e
escolar passou por uma efervescente
renovaoemsuasbasesterico-metodolgicas.Esseprocessotevecomopioneiroogegrafo
francs Yves Lacoste (1929), que em 1976 publicou A Geografia: isso
serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Essa obra balanou as
estruturas da Geografia tradicional ao denunci-la
comoinstrumentoideolgicoaserviodeinteressespolticoseeconmicosdominantes.Mas,
aomesmotempo,indicoucaminhosparaarenovaocrticadadisciplina.Lacostedenunciou
a existncia da Geografia dos Estados-maiores a servio do Estado e
do capital, ou seja, a
GeopolticaedaGeografiadosprofessoresensinadanassalasdeauladeuniversidadese
escolas bsicas e materializada nos manuais didticos. Segundo ele, a
ltima acabava cum-
prindoafunodemascararopapeldaGeopolticaeseusvnculoscomosinteressesdominan-
tes.NoBrasil,umdospioneirosnesseprocessoderenovaofoiogegrafoMiltonSantos,com
aobraPorumaGeografianova,de1978. Enquanto a renovao na Frana e no
Brasil teve forte influncia do pensamento de
esquerda,sobretudodomarxismo,nosEstadosUnidosacontraposiocorrentetradicio-
nal foi a Geografia quantitativa ou pragmtica. Essa vertente da
renovao condenava o
atrasotecnolgicodaGeografiatradicionalepassouautilizarsistemasmatemticosecom-
putacionais na interpretao do espao geogrfico. Essa corrente
tecnicista e utilitarista, que mascarava os conflitos e as
contradies sociais denunciados pelos gegrafos crticos, era uma
perspectiva conservadora, a servio do status quo.
Ofimdosocialismorealreduziuainflunciadomarxismonascinciashumanas,oque
abriu caminho para a difuso de outras correntes terico-metodolgicas
na Geografia crti- ca, como a fenomenologia e o existencialismo, ao
mesmo tempo que as correntes crticas passaram a valorizar as novas
tecnologias computadores, satlites, sistemas de informa- es
geogrficas (SIG), etc. na leitura e interpretao do espao geogrfico.
Atualmente, depois de mais de um sculo nos currculos escolares, de
mais de trs dcadas de renovao terica e com o avano da globalizao,
em suas dimenses econ- mica, social e cultural, consolida-se a
certeza de que a Geografia uma disciplina funda- mental para a
compreenso do mundo contemporneo e de seus problemas a produo e o
consumo, a questo ambiental, o caos urbano, as crises financeiras,
entre tantos ou- tros, em diferentes escalas geogrficas e para a
formao de cidados e tra- balhadores mais bem preparados. Como vimos
no incio, cabe Geo- grafia universitria e escolar com- preender as
relaes prprias da natu- reza, as relaes prprias da sociedade e, de
forma mais abrangente e integra- da, as relaes entre a sociedade e
a na- tureza e suas consequncias socioam- bientais. Ento, vamos
comear os estudos da Geografia do mundo e do Brasil? 12 SEABRA,
Odette et al. Territrio e sociedade: entrevista com Milton Santos.
So Paulo: Fundao Perseu Abramo, 2000. p. 50.
foca-leopardonadandoemtorno deumicebergempleneauIsland,
antrtida,noverode2009. P
RyanT.Pierse/GettyImagesReproduo/Ed.Papirus
GGB_v1_PNLD2015_001a013.indd 13 3/5/13 8:26 AM
16. fundamentosdecartografia 15 Philippe Lopez/Agncia
France-Presse
pcentrodeexibiodoPlanejamentourbanodeXangai(china),em2009.amaquetede600metrosmostraoplanourbanstico
dacapitalnanceirachinesapara2020.trata-sedeumavisotridimensionaleabrangentedoespaogeogrco,oquecontri-
buiparaplanejaraocupaodacidadeeasoluodeseusproblemas.estaumadasinmeraspossibilidadesdeusodacar-
tograaedeseusprodutos.Vamosconheceroutrasaolongodestaunidade.
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17. 16 fundamentosdecartografia Planeta Terra: coordenadas,
movimentos e fusos horrios captulo 1 Se oriente, rapaz Pela
constelao do Cruzeiro do Sul [] Gilberto Gil1 , cantor e
compositor.
pnatirinha,calvineHaroldoestonosestadosunidoseplanejamiraYukon,umterritrio
localizadononoroestedocanad.ParairatlsaindodoestadodeWashington,porexem-
plo,necessrioatravessartodaaprovnciacanadensedacolmbiaBritnica,ouseja,cerca
de1500quilmetros(emlinhareta)ou2000quilmetros(decarro). Situar-se
no espao geogrfico sempre foi uma preocupao dos grupos humanos. Nos
primrdios, isso acontecia pela necessidade de se deslocar para
encontrar abrigo e alimentos. Com o passar do tempo as sociedades
se tornaram mais complexas e surgiram muitas outras necessidades.
Isso explica a crescente importncia da Cartografia*, discipli- na
encarregada de produzir mapas, plantas e outros produtos
cartogrficos, que represen- tam a superfcie terrestre ou parte
dela. Um guia de ruas, como o que aparece abaixo, uma planta que
nos auxilia em deslocamentos no interior de uma cidade. Alm das
representaes cartogrficas feitas em papel, j podemos utilizar
sistemas de mapas digitais; para nos orientarmos na cidade ou na
estrada possvel usar aparelhos GPS (Sistema de Posicionamento
Global). importante tambm nos situarmos no tempo em relao s horas e
s estaes do ano, o que suscita perguntas como: Se aqui so 15 horas,
que horas so em Londres... eemNovaYork?;Porquetodoanoogo- verno
implanta o horrio de vero?. Para responder a essas e outras
perguntas, precisamos estudar os movimentos da Terra, as estaes do
ano, as coordenadas geogrficas, os fusos horrios. o que fa- remos a
seguir. 2010 Bill Watterson/Dist. by Atlantic Syndication/Universal
Uclick *As expresses impressas na cor azul so explicadas no
Glossrio, no nal deste volume.
Reproduo/www.vemtudo.com/mapa-do-recife 1 GIL, Gilberto. Oriente.
In: ______ . Expresso 2222. [S.l.]: Universal, 1972. CD. os
produtos cartogrficos representam a
superfcieterrestreoupartedela.aolado,
plantadaPrefeituradorecifemostrandoas
principaisatraestursticasdacapitalde Pernambuco.
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18. Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 17
formasdeorientao O ser humano sempre precisou de referncias para se
orientar no espao geogrfico: um rio, um morro, uma igreja, um
edifcio, direita, esquerda, acima, abaixo, etc. Mas para ter
referncias um pouco mais precisas inventou os pontos cardeais e
colate- rais, como mostra a figura abaixo. Norte (N) Sul (S) Leste
(E) Sudeste (SE)Sudoeste (SW) Nordeste (NE)Noroeste (NW) Oeste (W)
Pontos cardeais: N, E, S, W Pontos colaterais: NE, SE, SW, NW
Organizadopelosautores. Ilustraes: Cassiano Rda/Arquivo da editora
Rosa dos ventos parosadosventospossibilitaencontraradireodequal-
querpontodalinhadohorizonte(numaabrangnciade
360).onomefoicriadonapocadaexpansomartima
(sculoXV)pornavegadoresdomarmediterrneoemasso-
ciaoaosventosqueimpulsionavamsuasembarcaes. A rosa dos ventos
indica os pontos cardeais e co- laterais e aparece no mostrador da
bssola, que tem uma agulha sempre apontando para o norte magnti- co
(veja a foto direita). OrienTaO
Umdosaspectosmaisimportantesparautilizaoeficazesatisfa- tria de um
mapa diz respeito ao sistema de orientao empregado por
ele.Overboorientarestrelacionadocomabuscadooriente,palavrade origem
latina que significa nascente. Assim, o nascer do sol, nessa
posio,relaciona-sedireo(ousentido)leste,ouseja,aooriente.
Possivelmente, o emprego dessa conveno est ligado a um
dosmaisantigosmtodosdeorientaoconhecidos.Essemtodose baseia em
estendermos nossa mo direita [brao direito] na direo
donascerdosol,apontando,assim,paraadireolesteouoriental;o brao
esquerdo esticado, consequentemente, se prolongar na dire- o
oposta, oeste ou ocidental; e a nossa fronte estar voltada para o
norte,nadireosetentrionalouboreal.Finalmente,ascostasindica- ro a
direo do sul, meridional, ou ainda, austral. A representao
dospontoscardeaissefazporleste(EouL);oeste(WouO);norte(N); e sul
(S). A figura apresenta essa forma de orientao. Importante: Deve-se
tomar cuidado ao fazer uso dessa maneira de repre- sentao, j que,
dependendo da posio latitudinal do observador, nem sempre o Sol
estar exatamente na direo leste.
FITZ,PauloRoberto.Cartograabsica.SoPaulo:OcinadeTextos,2008.p.34-35.
Forma de orientao pelo Sol Organizadopelosautores. A bssola,
associada rosa dos ventos, permite encontrar rumos em mapas, desde
que tanto o mapa quanto a bssola estejam com a direo norte apon-
tada corretamente. Assim, o usurio pode encontrar os outros pontos
cardeais e os colaterais, orientan- do-se no espao geo- grfico. Nos
mapas, caso a direo nor- te no esteja indi- cada, convencio- nou-se
que est no topo. a bssola foi inventada peloschineses,masnose
sabeaocertoquando.segun- doolivroBssola A inveno que mudou o mundo,
de amir aczel, h registrosqueapontamparaosculoi,masmesmooschineses
sautilizaramparanavegaobemmaistarde.nosculoXiii
foiaperfeioadaporamaltanosepassouaserutilizadaem
embarcaesvenezianas(antesdaunicaoitaliana,ocorrida
em1871,amaleVenezaeramcidadesindependentes).apartir
donaldosculoXV,abssolafoiinstrumentofundamental
paraorientarosmarinheirosduranteasgrandesnavegaes. Com o avano
tecnolgico, hoje em dia muito mais preciso se orientar pelo GPS.
Mas se algum no dispe de uma bssola nem de um aparelho GPS, possvel
se orientar de forma aproximada no espao? Sim, veja a indicao no
texto a seguir: P Jacek/kino.com .br
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19. 18 fundamentosdecartografia Alm da orientao pelo Sol, como
mostra o texto da pgina anterior, possvel orientar-se tambm pelas
estrelas, como sugere a cano Oriente, de Gilberto
Gil.noite,nohemisfriomeridional,possvelencon- trar a direo sul
aproximada observando a constela- o do Cruzeiro do Sul (essa
constelao est represen- tada em bandeiras nacionais de diversos
pases meri- dionais,comooBrasil,aAustrliaePapua-NovaGuin).
possvelencontraradireosulaproximadaprolongando4,5
vezesotamanhodobraomaiordaconstelaodocruzeirodo
sule,apartirdesteponto,traandoumaperpendicularem
direoaohorizonte,comosepodevernailustraoaolado.
masissosvaleparaohemisfriomeridional,ondeocruzeiro
dosulpodeserobservado.nohemisfrioboreal,paraencontrar
adireonorteaproximadabastalocalizaraestrelaPolaris
(tambmchamadadePolaroudonorte)eprojet-lanohori-
zonte:scostasdoobservadorestarosul,direita,oleste,e
esquerda,ooeste.essaestrelaencontra-senormamentonum
pontosobreopolonorte,comosefosseumaextensodoeixoda
terra,porissoaosnossosolhospermanecexanocu.aPolaris
aestrelamaisbrilhantedaconstelaodeursamenorepode
serfacilmenteobservada.Porsculosorientouosnavegadores
nohemisfrionorte(elaspodeservistada),antesdainveno
deinstrumentosquedispensamaobservaodocu. p horizonte ponto cardeal
sul polo celeste sul prolongando 4,5 vezes brao m aior Constelao do
Cruzeiro do Sul Norte Sul Leste Oeste Forma de orientao pelo
Cruzeiro do Sul Adaptado de: CENTRO DE DIVULGAO DA ASTRONOMIA.
Disponvel em: www.cdcc.sc.usp.br. Acesso em: 29 ago. 2012.
FormatoComunicao/Arquivodaeditora Voc j percebeu que, quando uma
pessoa est perdida em algum lugar, costuma-se dizer que ela est
desnorteada(perdeuonorte)oudesorientada2 (perdeu o oriente)?
Perceba que tanto o verbo orientar como o substantivo orientao
derivam da palavra oriente. 2 Com o passar do tempo, essas
expresses, alm da conotao geogrfica, ganharam tambm um sentido
figurado de cunho psicolgico, como sinnimos de confuso mental,
perplexidade. coordenadas As coordenadas nos auxiliam na localizao
pre- cisa de elementos no espao geogrfico. Elas podem ser
geogrficas ou alfanumricas. GeOGrficas O globo terrestre, como
veremos nas figuras a se- guir, pode ser dividido por uma rede de
linhas imagin- rias que permitem localizar qualquer ponto em sua
su- perfcie.Essaslinhasdeterminamdoistiposdecoordena-
das:alatitudeealongitude,queemconjuntosochama- das de coordenadas
geogrficas. Num plano cartesia- no, como voc j deve ter aprendido
ao estudar Matem- tica,alocalizaodeumpontodeterminadapelocruza-
mento das coordenadas x e y; numa esfera, o processo semelhante,
mas as coordenadas so medidas em graus. As coordenadas geogrficas
funcionam como en- dereos de qualquer localidade do planeta. O
equador corresponde ao crculo mximo da esfera, traado num
planoperpendicularaoeixoterrestre,edeterminaadivi- so do globo em
dois hemisfrios (do grego hemi, meta-
de,esphaera,esfera):onorteeosul.Apartirdoequador, podemos traar
crculos paralelos que, medida que se afastam para o norte ou para o
sul, diminuem de dime-
tro.Alatitudeadistnciaemgrausdessescrculos,cha- mados paralelos, em
relao ao equador e varia de 0 a 90 tanto para norte (N) quanto para
sul (S). Conhecer apenas a latitude de um ponto, porm, no
suficiente para localiz-lo. Se procurarmos, por
exemplo,umponto20aosuldoequador,encontraremos
noapenasum,masinfinitospontossituadosaolongodo paralelo 20 S. Por
isso necessria uma segunda coorde-
nadaquenospermitalocalizarumdeterminadoponto. Para determinar a
segunda coordenada, a lon- gitude, foram traadas linhas que cruzam
os parale- los perpendicularmente. Essas linhas, que tambm
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20. Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 19 cruzam
o equador, so denominadas meridianos (do latim meridinus, de
meio-dia, relativo ao meio- -dia). Observe na figura que os
meridianos so se- micircunferncias que tm o mesmo tamanho e
convergem para os polos. Como referncia, conven- cionou-se
internacionalmente adotar como meri- diano 0 o que passa pelo
Observatrio Astronmi- co de Greenwich, nas proximidades de Londres
(Inglaterra), e o meridiano oposto, a 180, chama- do de
antimeridiano. Esses meridianos dividem a Terra em dois hemisfrios:
ocidental, a oeste de Greenwich, e oriental, a leste. Assim, os
demais me- ridianos podem ser identificados por sua distncia,
medida em graus, ao meridiano de Greenwich. Essa distncia a
longitude e varia de 0 a 180 tanto para leste (E) quanto para oeste
(W). Trpico de Cncer Trpico de Capricrnio Equador Crculo Polar
rtico MeridianodeGreenwich 60 N 75 N Polo Norte Paralelos
(latitudes) 45 S 45 N 30 N 15 N 0 15 S 30 S 60 N 45 S 45 N 30 N 15
N A grade de paralelos e meridianos (coordenadas geogrficas) 0 15 S
30 S 150W 135W 120W 105W 90W 75W 60W 45W 30W 15W 0 60W 45W 30W 15W
0 15E 30E 45E 60E 75E Meridianos (longitudes) Latitude 30 N
Longitude 90 W As coordenadas geogrficas Adaptado de: NATIONAL
Geographic Student Atlas of the World. 3rd ed. Washington, D.C.:
National Geographic Society, 2009. p. 8.
potrpicodecncereotrpicodecapricrniosolinhasimaginriassituadaslatitudeaproximadade23nede23s,respec-
tivamente.oscrculospolarestambmsolinhasimaginriassituadaslatitudeaproximadade66nede66s.nagura,o
crculopolarantrticonoapareceporcausadaposiodarepresentaodaterra. Se
procurarmos, por exemplo, um ponto de coor- denadas 20 S e 44 W,
ser fcil encontr-lo: estar no cruzamento do paralelo 20 S com o
meridiano 44 W. Consultando um mapa, verificaremos que esse ponto
est muito prximo do municpio de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Para localizar com exatido um ponto no territ- rio, indicam-se as
medidas em graus, minutos e se- gundos. As coordenadas geogrficas
do centro de Belo Horizonte, por exemplo, so 195515 S e 435616 W.
aolado,omeridiano0traadonosjardinsdoobservatrio
astronmicodegreenwich,situadonasproximidadesdelon-
dres.nochohalongitudedediversascidades.novaYork,
porexemplo,esta7350'Wapartirdegreenwich(0000'),e
tquioa13945'e.osturistascostumamtirarfotoscomum
pnohemisfrioocidentaleoutronohemisfriooriental,
comopodemosobservarnafotode2012. p
DanitaDelimont/GalloImages/GettyImagesAllmaps/Arquivodaeditora
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21. 20 fundamentosdecartografia alfanuMricas Podemos tambm
utilizar as coordenadas al- fanumricas para localizarmos algo em um
mapa ou em uma planta. Elas no so to precisas como as coordenadas
geogrficas, mas auxiliam na localiza- o de elementos da paisagem,
como uma rua, uma praa, um teatro, uma estao de trem ou de nibus,
num guia de uma cidade. Se um turista quiser locali- zar algum
desses elementos, basta consultar a lista dos principais pontos de
interesse, que aparecem em guias tursticos acompanhados de sua
respectiva coordenada, e localiz-los na planta turstica da ci-
dade. Imagine que voc esse turista e quer visitar o Teatro
Municipal, na Praa Ramos de Azevedo, em So Paulo, alm de outras
atraes interessantes prximas dali. Veja suas coordenadas e
localize-o na planta urbana a seguir. Planta turstica do centro de
So Paulo (SP) Adaptado de: SO PAULO TURISMO S.A. (SPTURIS). Mapas:
principais atraes. Disponvel em:
www.spturis.com/download/arquivos/folder-mapas-v11.pdf. Acesso em:
22 ago. 2012. PRINCIPAIS ATRAES Reproduo/SEMPLA,SoPaulo,SP. m 0 180
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22. Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 21
moVimentosdaterraeestaesdoano RubensChaves/Acervodofotgrafo No se
sabe exatamente quando o ser humano descobriu que a Terra esfrica.
Os antigos gregos, ob- servando a sombra da Terra sobre a Lua
durante os eclipses, j tinham certeza da esfericidade de nosso
planeta. O desaparecimento progressivo das embar- caes que se
distanciavam no horizonte do mar tam- bm fornecia argumentos aos
defensores dessa ideia. Eratstenes (276 a.C.-194 a.C.), astrnomo e
matemtico grego, foi o primeiro a calcular, h mais de 2 mil anos,
com uma preciso impressionante, a circunferncia da Terra. A
diferena entre a circunfe- rncia calculada por Eratstenes (40000
quilmetros) e a determinada hoje, com o auxlio de mtodos muito mais
precisos (40 075 quilmetros, no equador), como se v, bem pequena. A
esfericidade de nosso planeta responsvel pela existncia das
diferentes zonas climticas (polares, temperadas e tropicais),
porque os raios solares atingem a Terra com diferentes inclinaes e
intensidades. Prxi- mo ao equador, os raios solares incidem
perpendicular- mente sobre a superfcie terrestre, porm, quanto mais
nosafastamosdessalinha,maisinclinadaessaincidn-
cia.Consequentemente,amesmaquantidadedeenergia se distribui por uma
rea cada vez maior, diminuindo, portanto, sua intensidade. Esse
fato torna as temperatu- ras progressivamente mais baixas medida
que nos aproximamos dos polos (observe a incidncia de raios solares
na Terra no infogrfico das pginas 24 e 25). O eixo da Terra
inclinado em relao ao plano de sua rbita ao redor do Sol (movimento
de transla- o). Uma consequncia desse fato a ocorrncia das estaes
do ano, conforme se pode verificar na ilus- trao sobre o movimento
de translao e as estaes do ano, no infogrfico das pginas 24 e 25.
ptrechodocentrohistricodacidadedesoPaulo(sP)emfotode2012.emprimeiroplanoapareceoviadutodoch,quecruza
ovaledoanhangaba;aofundo,oteatromunicipale,suafrente,apraaramosdeazevedo.esseteatrofoiprojetadopelo
arquitetobrasileiroramosdeazevedoemconjuntocomositalianosclaudiorossiedomizianorossi(suaconstruoteveincio
em1903esuainauguraoocorreuem1911).omunicipalummarcoculturalnavidadacidade:abrigouasemanadearte
modernade1922e,aolongodaHistria,importantesespetculosteatraisemusicais.
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23. 22 fundamentosdecartografia msdefevereiro,s20horas,
semhorriodevero. nessas duas imagens de satlite,
pode-seobservarainsolaosobreo Brasilnomsdefevereiro,seme
comhorriodevero. Fotos:TheLivingEarthInc./EarthImaging
msdefevereiro,s20horas, comhorriodevero. p Em 21 ou 22 de dezembro
(a data e a hora de in- cio das estaes varia de ano para ano,
conforme mos- tra a tabela na pgina ao lado), o hemisfrio sul
recebe os raios solares perpendicularmente ao trpico de Capricrnio;
dizemos, ento, que est ocorrendo o solstcio de vero. O solstcio (do
latim solstitium, Sol estacionrio) define o momento do ano em que
os raios solares incidem perpendicularmente ao trpico de
Capricrnio, dando incio ao vero no hemisfrio sul. Depois de incidir
nessa posio, parecendo esta- cionar por um momento, o Sol inicia
seu movimento em direo ao norte. Esse mesmo instante marca o
solstcio de inverno no hemisfrio norte, onde os raios esto
incidindo com inclinao mxima. GGB_v1_PNLD2015_014a034_U1C01.indd 22
3/5/13 8:29 AM
24. Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 23 Seis
meses mais tarde, em 20 ou 21 de junho, quando metade do movimento
de translao j se completou, as posies se invertem: o trpico de
Cncer passa a receber os raios solares perpendicu- larmente
(solstcio), dando incio ao vero no hemis- frio norte e ao inverno
no sul (observe a figura sobre a variao da insolao ao longo do ano
no infogrfi- co das pginas 24 e 25). Em 20 ou 21 de maro e em 22 ou
23 de setem- bro, os raios solares incidem sobre a superfcie ter-
restre perpendicularmente ao equador. Dizemos ento que esto
ocorrendo os equincios (do latim aequinoctium, igualdade dos dias e
das noites), ou seja, os hemisfrios esto iluminados por igual.
Nesses momentos, iniciam-se, respectivamente, o outono e a
primavera no hemisfrio sul, ocorrendo o inverso no hemisfrio norte.
O dia e a hora do incio dos solstcios e dos equi- ncios mudam de
ano para ano; consequentemente, a durao de cada estao tambm varia.
Consulte na tabela as datas e os horrios dos solstcios e equin-
cios no hemisfrio sul para os anos de 2013 a 2020. ESTAES do ANo
Ano Equincio de outono Solstcio de inverno Equincio de primavera
Solstcio de vero dia Hora dia Hora dia Hora dia Hora 2013 20 mar.
08:02 21 jun. 02:04 22 set. 17:44 21 dez. 15:11 2014 20 mar. 13:57
21 jun. 07:51 22 set. 23:29 21 dez. 21:03 2015 20 mar. 19:45 21
jun. 13:38 23 set. 05:20 22 dez. 02:48 2016 20 mar. 01:30 20 jun.
19:34 22 set. 11:21 21 dez. 08:44 2017 20 mar. 07:29 21 jun. 01:24
22 set. 17:02 21 dez. 14:28 2018 20 mar. 13:15 21 jun. 07:07 22
set. 22:54 21 dez. 20:22 2019 20 mar. 18:58 21 jun. 12:54 23 set.
04:50 22 dez. 02:19 2020 20 mar. 00:50 20 jun. 18:43 22 set. 10:31
21 dez. 08:02 INSTITUTO DE FSICA DA UFRGS. Astronomia e Astrofsica.
Disponvel em: http://astro.if.ufrgs.br/sol/estacoes.htm. Acesso em:
7 ago. 2012. Os raios solares s incidem perpendicularmente em
pontos localizados entre os trpicos (a chamada zona tropical), que,
por isso, apresentam temperaturas
maiselevadas.Naszonastemperadas(entreostrpicos e os crculos
polares) e polares, o Sol nunca fica a pino, porque os raios sempre
incidem obliquamente. Outra consequncia da inclinao do eixo
terrestre, associada ao movimento de rotao da Terra, a de-
sigualdurao do dia e da noite aolongodoano.Nos dois dias de
equincio, quando os raios solares incidem perpendicularmente ao
equador, o dia e a noite tm 12 horas de durao em todo o planeta,
com exceo dos polos, que tm 24 horas de crepsculo. No dia de
solstcio devero,ocorremodiamaislongoeanoitemaiscurtado ano no
respectivo hemisfrio; j no solstcio de inverno,
acontecemanoitemaislongaeodiamaiscurto.Observe a ilustrao e o
grfico no infogrfico das pginas 24 e 25. Como possvel observar na
ilustrao e no gr- fico sobre a variao da insolao ao longo do ano,
no equador no h variao no fotoperodo, e a diferena aumenta medida
que nos afastamos dele. Conforme aumenta a latitude, tanto para o
norte como para o sul, os dias ficam mais longos no vero e as
noites mais longas no inverno. A tabela a seguir mostra isso para o
hemisfrio norte. Nas regies polares o dia, no vero, e a noite, no
inverno, duram meses. Latitude Vero Inverno dia mais longo Noite
mais curta Noite mais longa dia mais curto 25 N 13h42min 10h18min
13h25min 10h35min 40 N 15h02min 8h58min 14h40min 9h20min 60 N
18h53min 5h07min 18h08min 5h52min U.S. NAVY. The United States
Naval Observatory (Usno). Comparative Length of Days and Nights.
Disponvel em: www.usno.navy.mil/USNO/astronomical-applications/
astronomical-information-center/days-and-nights. Acesso em: 21 jan.
2010. GGB_v1_PNLD2015_014a034_U1C01.indd 23 3/5/13 8:29 AM
25. 24 FUNDAMENTOS DE CARTOGRAFIA INFOGRFICO AS ESTAES Durante
o movimento de translao h dois solstcios e dois equincios que
permitem dividir o ano em quatro estaes com caractersticas
climticas diferentes e bem denidas nas zonas temperadas: primavera
(primeiro vero), estao amena que antecede o vero (perodo mais
quente), seguido pelo outono (perodo da colheita) e depois inverno
(perodo de hibernao), associado ao frio. 20 OU 21 DE JUNHO SOLSTCIO
INSOLAO DA TERRA A insolao a quantidade da energia emitida pelo Sol
(radiao eletromagntica) que incide sobre a Terra, nos provendo de
luz e calor. Atinge a superfcie terrestre de forma desigual, por
causa da esfericidade do planeta, da inclinao de seu eixo, do
movimento de rotao alternncia dia-noite e do movimento de translao
alternncia das estaes. noite polar dia polar Hemisfrio norte incio
do vero Hemisfrio sul incio do inverno 0 2330 6630 2330 6630 VARIAO
DA INSOLAO AO LONGO DO ANO A inclinao do eixo da Terra em relao ao
plano de sua rbita em torno do Sol determina, de um lado, dias mais
longos e maior insolao no hemisfrio em que est ocorrendo o vero e,
de outro, dias mais curtos e menor insolao no hemisfrio em que est
ocorrendo o inverno. INCIDNCIA DA RADIAO SOLAR NA TERRA Devido
esfericidade do planeta, uma mesma quantidade de energia solar
incide sobre reas de tamanhos diferentes nas proximidades do
Equador e dos polos. medida que aumenta a latitude e, portanto, a
inclinao dos raios solares em relao superfcie terrestre, a rea de
incidncia vai se ampliando. No esquema abaixo, pode-se observar
esse fenmeno. Incidncia solar no solstcio de dezembro Trpico de
Cncer Crculo Polar rtico Crculo Polar Antrtico Trpico de Capricrnio
noite e dia com mesma durao noite longa dia curto noite curta dia
longo Equador GGB_v1_PNLD2015_014a034_U1C01.indd 24 25/03/2013
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26. Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 25
Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 25
Ilustraes:MarcusPenna/Arquivodaeditora 20 OU 21 DE MARO EQUINCIO 22
OU 23 DE SETEMBRO EQUINCIO 21 OU 22 DE DEZEMBRO SOLSTCIO noite
polar dia polar Hemisfrio norte incio do inverno Hemisfrio norte
incio da primavera Hemisfrio norte incio do outono Hemisfrio sul
incio do vero Hemisfrio sul incio do outono 0 0 0 2330 2330 2330
6630 6630 6630 2330 2330 2330 6630 6630 6630 Hemisfrio sul incio da
primavera Adaptado de: OXFORD Atlas of the World. 18th ed. New
York: Oxford University Press, 2011. p. 72. Ilustrao esquemtica,
sem escala. Ilustraes: Marcus Penna/Arquivo da editora noite e dia
com mesma durao noite e dia com mesma durao noite e dia com mesma
durao noite e dia com mesma durao noite e dia com mesma durao noite
e dia com mesma durao noite e dia com mesma duraodia longo noite
curta dia curto noite longa SoL: NASCENTE E PoENTE A durao do dia e
da noite varia muito dependendo da estao e da latitude. Por
exemplo, o primeiro grco mostra que em 21 ou 22 de dezembro
(solstcio de vero no hemisfrio sul) o Sol nasce por volta de
5h15min na latitude 20 S (regies Sudeste e Centro-Oeste do Brasil)
e em torno de 2h30min na latitude 60 S (quase na Antrtida). O
segundo grco mostra que, nestas mesmas latitudes, o Sol se pe,
aproximadamente, s 18h30min e s 21h15min, respectivamente.
Adaptadode:OXFORDAtlasoftheWorld.18th
ed.NewYork:OxfordUniversityPress,2011.p.72. Equincio(primavera)
Horas J 9 8 7 6 5 4 3 2 F M A M J J A S O N D Equincio
(outono)Nascer do sol Latitude 20 N 20 S 60 S 60 N 0 (Equador)
Meses do ano Equincio (primavera) Horas J 21 20 19 18 17 16 15 14 F
M A M J J A S O N D Equincio (outono)Pr do sol Latitude 20 S 20 N
60 N 60 S 0 (Equador) Meses do ano
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27. 26 fundamentosdecartografia fusosHorrios Por causa do
movimento de rotao da Terra, em um mesmo momento, dife- rentes
pontos longitudinais da superfcie do planeta tm horrios diversos.
Para adotar um sistema interna- cional de marcao do tempo foram
criados os fusos horrios. Dividindo-se os 360 graus da esfera
terrestre pelas 24 horas de durao aproximada do movi- mento de
rotao3 , resultam 15 graus. Portanto, a cada 15 graus que a Terra
gira, passa-se uma hora, e cada uma dessas 24 divises recebe o nome
de fuso horrio. Observe a figura. Em 1884, 25 pases se reuniram na
Conferncia Internacional do Meridia- no, realizada em Washington,
capital dos Estados Unidos. Nesse encontro fi- cou decidido que as
regies situadas num mesmo fuso adotariam o mesmo horrio. Foi tambm
acordado pela maioria dos delegados dos pases parti- cipantes (a
Repblica Dominicana vo- tou contra, a Frana e o Brasil se absti-
veram) que o meridiano de Greenwich seria a linha de referncia para
definir as longitudes e acertar os relgios em todo o planeta. Para
estabelecer os fusos horrios, definiu-se o seguinte procedimento: o
fuso de referncia se esten- de de 730 para leste a 730 para oeste
do meridiano de Greenwich, o que totaliza uma faixa de 15 graus.
Portanto, a longitude na qual termina o fuso seguin- te a leste
2230 E (e, para o fuso correspondente a oeste, 2230 W). Somando
continuamente 15 a es- sas longitudes, obteremos os limites tericos
dos demais fusos do planeta. As horas mudam, uma a uma, medida que
passamos de um fuso a outro. No entanto, como as linhas que os
delimitam atravessam vrias unidades poltico-administrativas, os
pases fizeram adapta- es estabelecendo, assim, os limites prticos
dos fusos, na tentativa de manter, na medida do possvel, um horrio
unificado num determinado territrio. No caso dos fusos tericos,
bastaria, para se determi- nar a diferena de horrio entre duas
localidades, saber a distncia leste-oeste entre elas, em graus, e
dividi-la por 15 (medida de cada fuso). Porm, com a OCEAN O NDIC O
OCEAN O PACFI C O Linha Internacional de Mudana de Data Adaptado
de: NATIONAL Geographic Student Atlas of the World. 3rd . ed.
Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009. p. 13.
Ilustrao esquemtica sem escala. Movimento de rotao, datas e fusos
horrios penquantonamaiorpartedoBrasilso9horasdanoitedosbado,noJapo,
dooutroladodoglobo,so9horasdamanhdodomingo.oplanetatem,
simultaneamente,duasdatas,quemudamemdoispontos:nofusoemque
formeia-noiteenofusoopostoaomeridianodegreenwich,pontopeloqual
passaalinhainternacionaldemudanadedata.
CassianoRda/Arquivodaeditora 3 Uma volta completa da Terra em torno
de seu eixo dura 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. adoo dos
limites prticos, em alguns locais os fu- sos podem medir mais ou
menos que os tradicionais 15. Observe o mapa da pgina ao lado. O
mapa-mndi de fusos mostra que as horas aumentam para leste e
diminuem para oeste, a par- tir de qualquer referencial adotado.
Isso ocorre por- que a Terra gira de oeste para leste. Como o Sol
nas- ce a leste, medida que nos deslocamos nessa dire- o, estamos
indo para um local onde o Sol nasce antes; portanto nesse lugar as
horas esto adianta- das em relao ao local de onde partimos. Quando
nos deslocamos para oeste, entretanto, estamos nos dirigindo a um
local onde o Sol nasce mais tar- de; logo, nesse lugar as horas
esto atrasadas em relao ao nosso ponto de partida. Alm da mudana
das horas, tornou-se neces- srio definir tambm um meridiano para a
mudana da data no mundo. Na Conferncia de 1884 ficou es- tabelecido
que o meridiano 180, conhecido como antimeridiano porque est
exatamente no extremo oposto a Greenwich, seria a Linha
Internacional de Mudana de Data (ou simplesmente Linha de Data).
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28. Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 27
pParaevitarostranstornosprovocadospeladiferenadehorrioemregiesmuitopovoadase/ouintegradaseconomicamente,
vriospasesoptarampelosfusosprticos,adaptaesquefazemcomqueoslimitesdosfusoscoincidamcomlimitesadmi-
nistrativos.achina,porexemplo,apesardesercortadaportrsfusostericos,adotouapenasumhorrio(+8h)paraopas
inteiro.algunspoucospasesutilizamumhorriointermedirio,comoandia,queadotaumfusode+5h30minemrelaoa
greenwich,eaVenezuela,queadotouem2008umfusode4h30min.
Adaptadode:OXFORDAtlasoftheWorld.18th
ed.NewYork:OxfordUniversityPress,2011.p.73. km 0 2470 Aores Is.
Falkland (Malvinas) Cabo Verde Is. Galpagos Is. Madeira Is. Canrias
Is. Maldivas Is. Fiji Is. Hava Is. Aleutas Is. Tonga Is. Pitcairn
Nova York OttawaVancouver Los Angeles Washington Cidade de Mxico
Bogot Lima Braslia So Paulo Buenos Aires Cidade do Cabo Maputo
Luanda NiameiDacar Madri Paris Bucareste Trpoli Cairo Argel Londres
Reykjavik Berlim Moscou Astana Pequim Teer Riad Nova Dlhi Adis
Abeba Nairbi Tquio Hong Kong Manila Jacarta Seul Melbourne Sydney
-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 +1 +2 +3 +4 +5 +6 +7 +8 +9
+10 +11 +12 Horrio fracionado em meia hora Linha Internacional de
Mudana de Data Crculo Polar rtico Crculo Polar Antrtico 0 6060
120120 180180 Trpico de Capricrnio MeridianodeGreenwich(GMT) Trpico
de Cncer Equador 0 30 30 60 90 60 90 segunda- -feira domingo Fusos
horrios prticosAllmaps/Arquivodaeditora O fuso horrio que tem essa
linha como meridiano central tem uma nica hora, como todos os
outros, entretanto em dois dias diferentes. A metade situada a
oeste desta linha estar sempre um dia adiante em relao metade a
leste. Com isso, ao se atravessar a Linha de Data indo de leste
para oeste necessrio aumentar um dia. Por exemplo, numa hipottica
viagem de So Paulo (Brasil) para Tquio (Japo) via Los Angeles
(Estados Unidos), um avio partiu s 19 horas de um domingo e entrou
no fuso horrio da Linha de Data s 10 horas desse mesmo dia;
imediatamente aps cruzar essa linha, ainda no mesmo fuso,
continuaro sendo 10 horas, mas do dia seguinte, uma segunda- -feira
(identifique essa rota no mapa acima). Ao con- trrio, a viagem de
volta ser de oeste para leste e quando o avio cruzar a Linha de
Data deve-se dimi- nuir um dia. Esse exemplo pode causar certa
estra- nheza: estamos acostumados a observar, no planis- frio
centrado em Greenwich, o Japo situado a leste, mas como o planeta
esfrico, podemos ir a esse pas voando para oeste. Como observamos
no mapa de fusos horrios, a partir do meridiano de Greenwich, as
horas vo aumen- tando para leste e diminuindo para oeste.
Entretanto, diversamente do que muitas vezes se pensa, ao atraves-
sar a Linha de Data indo para leste deve-se diminuir um dia e, ao
contrrio, para oeste, aumentar um dia. E por que isso ocorre? Leia
na pgina 28 o trecho do livro A volta ao mundo em 80 dias, romance
ficcional doescritorfrancsJlioVernelanadoem1873,eobser- ve
novamente o mapa de fusos horrios acima. Em 2 de outubro de 1872,
Phileas Fogg, protagonista da histria, apostou com seus amigos que
faria uma viagem ao re- dor do mundo em 80 dias e retornaria ao
Reform Club, em Londres, at s 8h45 da noite de 21 de dezembro. Como
se pode observar no mapa acima, assim como os meridianos que
definem os fusos horrios ci- vis, a Linha Internacional de Mudana
de Data tam- bm adota limites prticos, caso contrrio alguns pa-
ses-arquiplago do Pacfico, como Kiribati, teriam dois dias
diferentes em seus territrios. Observe tambm que na metade do fuso
localizada a leste da Linha In- ternacional de Mudana de Data
domingo e na me- tade a oeste, segunda-feira. Perceba que a
referncia aqui considerada foi a Linha de Data, assim a metade do
fuso situada a leste dela est a oeste em relao a Greenwich
(portanto, no hemisfrio ocidental) e a ou- tra metade, situada a
oeste dela, est a leste do meri- diano principal (no hemisfrio
oriental). Lembre-se: a definio dos pontos cardeais (e colaterais)
depende sempre de um referencial.
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29. 28 FundamentosdecartograFia Em que fca provado que Phileas
Fogg nada ganhou fazendo a volta ao mundo, a no ser a felicidade
[...] Orelgiomarcavaoitohorasequarentaecinco,quandoapare- ceu no
grande salo. Phileas Fogg tinha completado a volta ao mundo em
oitenta dias!... Phileas Fogg tinha ganhado sua aposta de vinte mil
libras! E agora, como que um homem to exato, to meticuloso, tinha
podidocometeresteerrodedia?Comoseacreditavanosbadonoite,
21dedezembro,aodesembarcaremLondres,quandoestavanasexta,
20dedezembro,setentaenovediassomenteapssuapartida? Eis a razo deste
erro. Bem simples. Phileas Fogg tinha, sem dvida, ganhado um dia
sobre seu itinerrio e isto unicamente porque tinha feito a volta ao
mundo indoparaleste,eteria,pelocontrrio,perdidoestediaindoemsenti-
do inverso, ou seja para oeste.
Comefeito,andandoparaoleste,PhileasFoggiafrentedoSol, e, por
conseguinte os dias diminuam para ele tantas vezes quatro minutos
quanto os graus que percorria naquela direo. Ora, temos trezentos e
sessenta graus na circunferncia terrestre, e estes tre- zentos e
sessenta graus, multiplicados por quatro minutos, do pre- cisamente
vinte e quatro horas isto , o dia inconscientemente ganho. Em
outros termos, enquanto Phileas Fogg, andando para
leste,viuoSolpassaroitentavezespelomeridiano,seuscolegasque
tinhamficadoemLondressovirampassarsetentaenovevezes.Eis porque,
naquele dia, que era sbado e no domingo, como supunha Mr. Fogg,
eles o esperaram no salo do Reform Club. VERNE, Jlio.
Avoltaaomundoem80dias. Domnio pblico. p. 760-762. Disponvel em:
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ph000439.pdf. Acesso em: 8
ago. 2012. Fusos horrios brasilEiros O Brasil, por ter uma grande
extenso territorial na direo leste-oeste (344730 W a 735932 W), de
1913 a 2008 dispunha de quatro fusos horrios, e, ape- sar da adoo
do fuso horrio pr- tico, dois estados brasileiros Par e Amazonas
permanece- ram cortados ao meio. Em 24 de abril de 2008 foi
aprovada uma nova legislao (Lei11 662) que eliminou o antigo fuso
de 5 horas em relao a Greenwich e reduziu a quantidade de fusos
horrios brasileiros para trs. O extremo-oeste do Amazo- nas e todo
o estado do Acre, que antes estavam no fuso 5, foram incorporados
ao fuso 4 horas. O estado do Par deixou de ter dois fusos horrios e
seu territrio pas- sou a ficar inteiramente no fuso 3horas em relao
a Greenwich. Observe o mapa. Compare o mapa de fusos horrios com o
que mostra os es- tados brasileiros em que vigora o horrio de vero
(na pgina 31) e perceba que, durante sua vigncia, a hora oficial do
pas se iguala ao horrio do nosso primeiro fuso e que o horrio dos
estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que esto no terceiro
fuso, iguala-se ao horrio do Par e dos estados da re- gio Nordeste,
localizados no segundo fuso. km 0 535 OCEANO ATLNTICOOCEANO PACFICO
Equador 55 O 0 Arquiplago de So Pedro e So Paulo Arquiplago de
Fernando de Noronha Ilhas de Trindade e Martim Vaz Boa Vista Manaus
Porto Velho Rio Branco Belm Macap So Lus Fortaleza Teresina Cuiab
Campo Grande Natal Joo Pessoa Recife Macei Aracaju Salvador Vitria
Rio de JaneiroSo Paulo Curitiba Florianpolis Porto Alegre Belo
Horizonte Goinia Braslia Palmas Trpico de Capricrnio RR AM RO AC PA
AP PI CEMA TO GO BA MG ES RJ RN PB PE SE AL SP PR SC RS MS MT DF 5
horas 4 horas 3 horas 2 horas Fusos horrios prticos (referncia:
UTC*) 4 horas 3 horas 2 horas Fusos horrios tericos Brasil: fusos
horrios Adaptado de: IBGE. Atlas geogrfico escolar. 5. ed. Rio de
Janeiro, 2009. p. 91. p
notequeagorashdoisfusosnoterritriocontinental:3hemrelaoagreenwich
(ohorriodeBraslia,aHoraofcialdoBrasil)e4h;ofuso2hexclusivodeilhas
ocenicas,comoFernandodenoronha.ParaacertarorelgiodeacordocomaHora
LegalBrasileira,medidapelorelgioatmicodecsiodoobservatrionacional,
acesseositedainstituio(vejaindicaonaseoPesquisa na internet).
Allmaps/Arquivodaeditora CaPtulo XXXVii * Sigla em ingls para Tempo
Universal Coordenado, que definido com base em relgios atmicos
muito precisos. GGB_v1_PNLD2015_014a034_U1C01.indd 28 6/21/14 8:53
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30. Planetaterra:coordenadas,moVimentosefusosHorrios 29 Esse
fato, alm de exigir cuidados com o pla- nejamento de viagens e
horrios diferenciados para o funcionamento dos bancos, faz com que,
em mui- tos estados brasileiros, os programas de televiso
transmitidos ao vivo do Sudeste sejam recebidos num horrio mais
cedo em outras regies. Por exemplo, um telejornal produzido e
exibido em So Paulo ou Rio de Janeiro s 20h locais (Hora Oficial)
visto no Amazonas s 19h. Quando vigora o hor- rio de vero no fuso
de Braslia, o programa visto s 18h, quando a maioria das pessoas
ainda est voltando do trabalho. HorriodeVero A origem do horrio de
vero data do incio do sculo XX. No Brasil, foi adotado pela
primeira vez em 1931. Tinha como objetivo economizar energia, mas
no foi adotado permanentemente desde en- to. S a partir de 1985 vem
sendo implantado to- dos os anos. Com a publicao do Decreto 6 558,
de 8 de setembro de 2008, o horrio de vero passou a ter carter
permanente: adotado em parte do ter- ritrio brasileiro (veja o mapa
da pgina 31) entre zero hora do terceiro domingo de outubro e zero
hora do terceiro domingo de fevereiro do ano se- guinte. Nesse
perodo, nos estados em que for im- plantado, os relgios so
adiantados em 1h em rela- o Hora Legal Brasileira. Princpio bsico
Durante parte do ano, nos meses de vero, o Sol nasce antes
queamaioriadaspessoastenhaselevantado.Seosrelgiosforem adiantados,
a luz do dia ser melhor aproveitada pois a maioria da
populaopassaraacordar,trabalhar,estudar,etc.,emconsonn- cia com a
luz do Sol. O comeo As origens do Horrio de Vero remontam ao ano de
1907, quandoWilliamWillett,umconstrutorbritnicoemembrodaSocie-
dadeAstronmicaReal,deuincioaumacampanhaparaadoodo horrio de vero
naquele pas. Naquelesdiasoargumentoutilizadoeraquehaveriamaistempo
paraolazer,menorcriminalidadeereduonoconsumodeluzartifi-
cial.Surgiramopositoresdetodasasreas:fazendeiros,paispreocu-
padoscomascrianasqueteriamqueacordarmaiscedo,etc.Willett no viveu o
suficiente para ver a sua ideia ser colocada em prtica. O primeiro
pas a adot-la foi a Alemanha em 1916, no que foi seguida por
diversos pases da Europa, devido Primeira Guerra Mundial. A
economia de energia eltrica foi vista como um esforo de guerra,
propiciando uma economia de carvo, a principal fonte de energia da
poca. OBSERVATRIO NACIONAL. DivisoServiodaHora.Histricodohorrio
devero. Disponvel em: http://pcdsh01.on.br. Acesso em: 8 ago. 2012.
hisTricO dO hOrriO de VerO
poinciodohorriodeverodivulgadoemdiversosmeiosdecomunicao.acima,ojornalO
Estado de S. Paulo,de
20deoutubrode2012(sbado),informaquemeia-noitedaqueledia(ouzerohoradodia21,domingo)comeavao
horriodevero,queseestendeuatzerohorade17defevereirode2013.
Reproduo/OEstadodeS.Paulo/AgnciaEstado
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