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1 INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA Antecedentes: Elementos de uma Economia Frágil. Até o século XIX a economia brasileira apresentava-se em um território desarticulado, caracterizada por um “padrão arquipélago” formado por ilhas econômicas voltadas ao mercado externo. PRINCIAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS ATÉ O SEC. XIX Região Produção Zona da Mata: Açúcar Nordeste Sertão Semi-árido: algodão Pecuária tradicional Amazônia Borracha Brasil Meridion al Manufaturas (calçados, alimentos, louças) Sudeste Cafeicultura Podemos considerar alguns períodos para a instalação de algumas indústrias no Brasil: 1. Antes da Revolução Tardia: 1.1. Artesanato e indústria doméstica no período colonial 1500 – 1822. Durante o período colonial, era praticamente proibida a instalação de estabelecimentos comerciais e industriais na colônia que concorressem com a metrópole portuguesa. Por isso, a metrópole tomou algumas providências como: proibição do ofício de ourives, em 1766; extinguiu todas as formas de manufaturas têxtis (menos de vestimentas para escravos); abertura dos portos para produtos estrangeiros a preços muito baixos. Assim, enquanto alguns países da Europa Ocidental (século XVIII e XIX) conviviam com a industrialização, o Brasil permanecia como exportador de gêneros agrícolas, papel que continuou a representar mesmo após obter sua independência política. 1.2.Da independência política até 1930: Com a nação independente em 1822, já em 1828 o Brasil adotou uma taxa de importação de 16 % sobre produtos estrangeiros. Foi, então, o inicio de uma política protecionista. A lei Alves Branco taxou os produtos importados sem similar no mercado nacional em 20% e produtos com similar em 60%. A produção interna de matéria-prima como algodão, a vinda de imigrantes, fornecendo mão-de-obra, e a expansão do mercado de consumo completaram a quadro favorável provocando,

Industrialização brasileira

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INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Antecedentes: Elementos de uma Economia Frágil.

Até o século XIX a economia brasileira apresentava-se em um território desarticulado, caracterizada por um “padrão arquipélago” formado por ilhas econômicas voltadas ao mercado externo.

PRINCIAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS ATÉ O SEC. XIX

Região Produção   Zona da Mata: Açúcar

Nordeste Sertão Semi-árido: algodão  Pecuária tradicional

Amazônia BorrachaBrasil

MeridionalManufaturas (calçados, alimentos,

louças)Sudeste Cafeicultura

Podemos considerar alguns períodos para a instalação de algumas indústrias no Brasil:

1. Antes da Revolução Tardia:

1.1. Artesanato e indústria doméstica no período colonial 1500 – 1822.

Durante o período colonial, era praticamente proibida a instalação de estabelecimentos comerciais e industriais na colônia que concorressem com a metrópole portuguesa. Por isso, a metrópole tomou algumas providências como: proibição do ofício de ourives, em 1766; extinguiu todas as formas de manufaturas têxtis (menos de vestimentas para

escravos); abertura dos portos para produtos estrangeiros a preços muito baixos. Assim, enquanto alguns países da Europa Ocidental (século XVIII e XIX) conviviam com a industrialização, o Brasil permanecia como exportador de gêneros agrícolas, papel que continuou a representar mesmo após obter sua independência política.

1.2.Da independência política até 1930:

Com a nação independente em 1822, já em 1828 o Brasil adotou uma taxa de importação de 16 % sobre produtos estrangeiros. Foi, então, o inicio de uma política protecionista. A lei Alves Branco taxou os produtos importados sem similar no mercado nacional em 20% e produtos com similar em 60%. A produção interna de matéria-prima como algodão, a vinda de imigrantes, fornecendo mão-de-obra, e a expansão do mercado de consumo completaram a quadro favorável provocando, então, um primeiro surto industrial. Mais tarde, outro período de desenvolvimento industrial ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), principalmente por um motivo: os países fornecedores de produtos industrializados para o Brasil estavam em guerra e diminuíram as duas exportações.

2. Industrialização Tardia:A Revolução industrial brasileira está ligada a

dois acontecimentos importantes:a) Revolução de 1930 (perda do poder do

eixo São Paulo-Minas Gerais e início do governo Vargas);

b) Crise de 1929 (perda da importância econômica do café).

Com essa crise, uma parcela razoável do capital cafeeiro foi reinvestida em atividades urbanas fabris. Outros fatores também foram importantes para a industrialização brasileira: êxodo rural; capital disponível; Segunda Guerra Mundial e a dificuldade de comercializar com a Europa.

O governo Getúlio Vargas (1930-1945) foi o responsável pela infraestrutura necessária para a instalação de indústrias no país. Estre elas estão: CSN (Companhia Siderúrgica Nacional – 1941); Companhia Vale do Rio Doce – 1942); Petrobrás – 1945.

3. A Internacionalização da Indústria: O governo de Juscelino Kubitschek (1956 – 1960) marcou o início da internacionalização do

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parque nacional brasileiro. Nessa época, além de montadoras, vieram indústrias de eletrodomésticos e de alimentos. Esse momento foi marcado pelo modelo de substituição das importações, voltado para o mercado de abastecimento interno e baseada na união de capitais nacionais e estrangeiros privados.

4. O Milagre Econômico e a Década Perdida:

O Governo militar dos períodos de 1967 a 1973 ficou marcado como o “milagre econômico brasileiro”, quando atingimos a 8ª posição mundial em PIB e o primeiro lugar entre as nações subdesenvolvidas industrializadas ou periféricas. Esse milagre foi sustentado pela união do capital estatal, capital estatal de transnacionais, e capital privado nacional. Cada um dos participantes desta aliança se encarregava de um setor: o capital estatal atuava no setor de bens de produção, as transnacionais, no setor de bens de consumo duráveis, e o capital nacional, no setor de bens de consumo não duráveis.

O Brasil recebeu investimentos vultosos e sua produção industrial foi muito intensa. No entanto, como consequência, a dívida externa aumentou muito nesse período, agravando as desigualdades sociais, pois a riqueza, que deveria ser aplicada em melhores condições de saúde e educação, foi desviada para pagamento de dívidas adquiridas com organismos internacionais, como FMI e BIRD.

Com o peso da dívida externa e os sucessivos aumentos do preço do petróleo no mercado internacional, o país viveu nos anos 1980 o período conhecido como a “década perdida”, quando se verificou uma forte retração da produção industrial e um menos crescimento da economia em geral.

5. A Indústria Brasileira na Globalização:Os anos de 1990 foram marcados pela

globalização econômica mundial, pela política neoliberal e pelas crises econômicas em países emergentes, como o Brasil.

Os governos de Collor (1990-1992) e Itamar Franco (1992-1994) indicaram a abertura da economia para o mercado externo, o que estabeleceu um novo modelo econômico, marcado pela liberação de mercados. O governo de Fernando Henrique Cardoso, em seu primeiro período (1994-1998), consolidou este modelo com o Plano Real e a retirada do Estado como empresário através das privatizações.

Em consequência, o capital transnacional passou a controlar cada vez mais não só a industrialização, mas também toda a economia brasileira, incluindo os setores agropecuários e de serviços. O setor industrial foi marcado pela privatização de grandes siderúrgicas.

O Brasil sobre com os efeitos da globalização econômica, cujas inovações tecnológicas geram maior produtividade com menor número de trabalhadores no mundo todo.

O grande desafio passou a ser atrair investimento estrangeiro para a indústria. Hoje, grandes potencias mundiais, como Estados Unidos e Japão entraram em recessão. A crise de 2008, iniciada no EUA, afetou menos o Brasil, a China e a Índia, mas ainda requer cuidado, pois, a dependência brasileira não é somente econômica, mas também tecnológica.

Localização Espacial das Indústrias no Brasil:

Surge por meio de padrões comuns e mundiais. Primeiro houve uma concentração devido as condições mais favoráveis em uma determinada região. Posteriormente, com o inchaço do espaço industrial consolidado, as indústrias buscaram uma reorganização estratégica e espacial – ao que chamamos de dispersão industrial.

1. Concentração no Sudeste: Condições

a) Rio de Janeiro: capital colonial, além de poder político, possuía grande influência econômica;

b) São Paulo: capitais obtidos com o café, e disponíveis com a crise de 1929;

c) Minas Gerais: a descoberta de minérios de ferro na região impulsionou a indústria siderúrgica a se desenvolver próxima à matéria-prima.

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Além disso, podemos destacar: rede de transporte consolidada com o café e a população regional se apresentando como mercado consumidor e mão-de-obra.

1.1. São Paulo: possui todos os ramos industriais que se distribuem por toda sua região metropolitana, e por seus quatro principais eixos industriais.

1.1.1. Eixo Via Presidente Dutra – Rodovia Ayrton Senna: compreende o Vale do Paraíba, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. Destaca-se as atividades de: aeronáutica; automobilística; metalúrgica, informática e química;

1.1.2. Eixo Castelo Branco – Raposo Tavares: ligação da capital com importantes cidades do interior do estado e de Minas. Corta o estado no sentido sul, em direção ao Mato Grosso do Sul e ao Paraná. Suas atividades industriais são predominantemente: metalúrgico e alimentício;

1.1.3. Eixo Anchieta – Imigrantes: este trecho compreende a região do ABCD paulista. Tem como atividade: metalúrgica e química;

1.1.4. Eixo Bandeirantes – Anhanguera: liga a capital paulista ao triângulo mineiro (Uberlândia e Uberaba), e Brasília, tendo como atividades: têxtil; informática; papel e celulose; alimentícia; telefonia celular e refinaria de petróleo.

1.2. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: concentrasuas atividades em extração de petróleo (Campos dos Goytacazes e Macaé); siderurgia (Volta Redonda); químico e farmacêutico (Nova Iguaçu e Duque de Caxias); têxtil (Região Serrana); e turismo de modo geral.

1.3. Minas Gerais: principais indústrias de extração de minérios (ferro, manganês, ouro)

no Quadrilátero Ferrífero e; concentra as principais siderúrgicas nacionais no Vale do Aço (Vale; USEMINAS; Belga-Mineira)

1.4. Espírito Santo: sua atividade principal é no Complexo Portuário de Vitória – Tubarão. (metalúrgico e siderúrgico).

2. Região Sul:

A região sul apresentou uma industrialização típica com investimento de empresários da região e descendentes de imigrantes. Sua indústria, inicialmente, atendia ao mercado regional e, hoje, possui grande representação nacional.2.1. Eixo Porto Alegre – Caxias do Sul: polo petroquímico, mecânico, têxtil, softwares; e alimentício;2.2. Curitiba (PR): 3º polo automobilístico

brasileiro;2.3. Vale do Itajaí (SC): louças (Brusque);

informática e têxtil (Blumenau); alimentícios (Concórdia – Sadia e Videira – Perdigão).

3. Dispersão Industrial:

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Desde o final da década de 1970, há uma tendência de descentralização da atividade industrial, expandindo-a para regiões em áreas como Recôncavo Baiano, na Região Nordeste, e Zona Franca de Manaus, na região norte. Os principais fatores para esta dispersão são:

a) Investimentos Governamentais: estímulo à instalação de indústrias em outras regiões, principalmente no Nordeste;

b) Dispersão Industrial: as indústrias da região sudeste procuravam novas localidades, buscando fugir da concentração espacial.

3.1: Região Nordeste: A Região Nordeste apresenta-se como a 3ª mais industrializada do país, devido aos incentivos fiscais, mão-de-obra não qualificada e qualifica, e presença de matéria-prima. Nessa região, destacam-se os pólos industriais do Ceará; Bahia e Pernambuco.É uma das regiões que mais cresceu nas últimas décadas, ocupando o 3º lugar em desenvolvimento no país. O crescimento foi favorecido devido a posição geográfica, mão de obra, incentivos fiscais, disponibilidade de energia, mercado consumidor (2ª população absoluta). Destacam-se a produção de eletrônicos, chips, softwares, barcos, petroquímicos, tecidos, sal marinho, dentre outros.

3.2: Região Norte:

A criação da Superintendência da Zona Franca de Manaus, em 1967, foi o ponto de partida para a industrialização da região norte, resultado de planejamento governamental. A Zona Franca de Manaus atraiu investidores, pois, não cobrava taxas de importação de componentes

para os seus produtos e pela isenção de impostos por um período. Entretanto, as grandes distâncias entre os centos produtores industriais e o mercado consumidor, agravados pela deficiência do setor de transporte, cria uma desarticulação na economia nacional. Existem hoje na região o Pólo Industrial (PIM) o Pólo Agropecuário e o Pólo de Biotecnologia, que se revelam promissores para a economia local. Amazonas e Pará correspondem a 96% da industrialização da região. Destaca-se ainda o Complexo de Carajás (PA) onde é extraída a maior parte do minério de ferro e manganês do país;

3.3. Região Centro – Oeste:A atividade industrial é pouco significativa pois a economia está mais relacionada à agropecuária (soja e gado). Um dos fatores favoráveis para o crescimento industrial é o abundante fornecimento energético. Destacam-se indústrias automobilística, farmacêutica, alimentícia, têxtil, bebidas, etc. Goiás é o estado mais industrializado da região. Em Corumbá, localiza-se o Maciço de Urucum (ferro e manganês), importante para as exportações e para o Sudeste do país.