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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades Ano 9 Edição 54 Abr/2009 Comprar ou não comprar? Vaidade influencia as decisões de consumo. Página 8 Vaidade, Tatuagem Expressão artística, produto de beleza ou desenho marginal? Páginas 6 e 7 desejo e admiração

Jornal EM FOCO - Abr.09

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Instituto Superior de Ciências Aplicadas - ISCA Faculdades (Limeira/SP)

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades

Ano 9Edição 54Abr/2009

Comprar ou não comprar?Vaidade influencia as decisões de consumo.

Página 8

Vaidade,

TatuagemExpressão artística, produto de beleza ou desenho marginal?

Páginas 6 e 7

desejo eadmiração

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 54 Abr/20092

Na linguagem do blogAlunos de Jornalismo utilizam uma nova ferramenta para postagem de notícias Os alunos de Jornalismo Gustavo Nolasco e Tamires Gonçalves, ambos com 20 anos, na busca de uma maior interação entre os estudantes do Isca Faculdades e seus futuros empregadores, idealizaram um blog informativo e opinativo que veio para substituir a Agência Nova - um projeto experimental para divulgar as reportagens feitas pelos alunos do curso. “Na agência, não tínhamos muitas opções, conseguía-mos postar texto e fotos com dificuldade, preci-saríamos inovar com algo atual”, cita Tamires. O blog, um espaço virtual, serve como um diário no qual as pessoas divulgam seus pen-samentos relacionados a diversos assuntos. Ele combina texto, imagens e links para outros blogs, páginas da web e mídias referentes ao seu tema. A professora de Comunicação e administradora das matérias do novo portal, Audre Alberguini, 29, destaca que “o grande desafio é fazer com que os alunos sintam-se construtores desse pro-

Editorial A feiúra sempre esconde seu lado belo. Ser feio, com efeito, traz uma liberdade e um despoja-mento que são de fazer inveja aos pretensos lindos. Ser feio é andar na contramão da sociedade, é ser re-volucionário em relação ao código da aparência. É necessária uma boa dose de audácia para que o feio se insira no todo. E este “todo” social está cada vez mais relativo, mais complexo e terrivelmente mutante. No entanto, feio não é bonito e não está na moda. Nunca esteve. Este desprezo que pessoas têm por suas características genuínas, esta incapacidade de encarar a vida com a cara única que se nasceu, dá ori-gem a figuras folclóricas como o cantor norte-ameri-cano Michael Jackson. Na “Terra do Nunca”, por ele mesmo fabricada, o astro resolveu abrir as janelas, dei-xar o sol entrar e, nostálgico, decidiu também reformar o nariz – desta vez para não ficar sem.

O nariz, quase sempre, serve para cheirar. Com o tempo, porém, virou assunto sério na vida de Jackson, questão muito pessoal e íntima. À parte a sua “descoloração” de pele, o astro passou por mais de 30 intervenções cirúrgicas. Outras mais virão para que ele possa realizar a última turnê de sua carreia. Esta busca incessante pela vaidade, algumas vezes, leva o sujeito a “tomar no nariz” literalmente. Não raro, depois de uma cirurgia definitiva, o paciente de-seja voltar ao seu estado anterior de “imperfeição”. A aparência jamais engana, pelo contrário, denuncia. Há muitas variáveis incutidas na necessi-dade humana de expor ao outro, previamente, aqui-lo que se é de verdade ou o que se pretende ser. O lado irônico do que se convencionou chamar de “vaidade” é que ela nunca é satisfeita. “O bicho do homem é o próprio homem”, dizia Manoel Bandei-ra. Isso significa que a sociedade está presa nos gri-lhões de beleza que ela mesma criou. Que nos diga Dilma Russeff, sempre tão robusta e afeita a me-

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social (Habilita-ção em Jornalismo) do Instituto Superior de Ciências Aplicadas (ISCA Faculdades), entidade mantida pela Associação Limei-rense de Educação (ALIE).

Ano 9 Edição 54 Abr/2009.

Diretora Geral: Rosely Berwerth PereiraCoord. Curso de Jornalismo: Milena de Castro Silveira

Editor Responsável: Prof. Rodrigo Piscitelli (Mtb 29073)Projeto Gráfico: Prof. Victor Corte Real

Reportagem, edição e diagramaçãoBeatriz Buck, Callebe R. Bueno, Camilla P. Coelho, Daniel M. Pereira, Felipe A. M. Furlanetti, Fernanda D. Santa Cruz, Hen-rique M. Andrielli, Italo Ferreira, Ivan F. da Costa, Johelson S. Costa, Karina M. Rossi, Ketlyn F. Zabin, Liandra Santarosa, Lil-ian D. Geraldini, Lucas C. Filho, Lucas N. Del Pietro, Luciana F. Nagata, Luis Gustavo N. de Souza Ferro, Mariana A. dos Santos, Neliane C. Simioni, Rebeca R. Barbosa, Roxane E. Regly, Su-

Expediente

lhorias faciais. Espera-se igual empenho e dedicação para com a causa Brasil, a coisa pública. Afinal, todo brasileiro de estômago cheio se olha no espelho e se sente feliz com o que vê. E já é voz corrente que quem tem fome não tem dignidade nem vaidades. Se todos os brasileiros tiverem suas necessidades primárias supridas, todos se sentirão mui bonitos e bem apessoados. Em suma, estar em sociedade é um desa-fio para feios e belos. A aparência, embora seja ob-jeto de desejo e admiração, não sustenta um indiví-duo. Isto é um ônus para todo aquele que acha que encontrará liberdade na beleza que prega. Não. Ser belo é tarefa para todos os que, em dado momento, decidem abarcar o mundo de alguma forma. Com seu trabalho, com seu talento, com sua beleza. Isso mesmo: beleza é adquirir capacidade extra-humana de ver e viver o delicado devaneio que é a vida. E, quem sabe, ter a sorte de um dia morrer com o mesmo nariz que se nasceu.

Sulamita Bela ........................................................................................... Tracy Caetano

jeto”. Coordenadora do curso de Jornalismo do Isca, Milena Castro considera a iniciativa ótima. “Até porque, como sempre digo, no curso de Jor-nalismo, os projetos e produtos que resultam das várias disciplinas são dos alunos e para os alunos. Claro, com o suporte dos professores”. Milena destaca também que é comum o projeto ir crescendo e envolvendo mais alunos e professores. “Com o tempo, as pessoas vão perce-ber a importância desse espaço para o nosso curso. Por isso, tenho certeza de que o portal contará num futuro próximo com a participação do conjunto dos estudantes de Jornalismo”, afirma. A ideia, que partiu de Nolasco e Tamires, agora envolve todos os alunos do curso de Jornalis-mo. O objetivo, porém, é abranger os demais estu-dantes da instituição. Para que isso aconteça, foi ado-tada uma forma diferente de postagem das notícias em relação ao que era feito na Agência Nova. Sendo assim, as matérias não são mais postadas por Audre;

elas são corrigidas e devolvidas para os alunos, fi-cando a cargo deles a publicação no blog. A estagiária da agência experimental Liandra Santarosa, 20, que dará apoio aos pro-fessores envolvidos no projeto, ressalta que as antigas matérias da Agência Nova serão posta-das no blog gradativamente. “Dentro da editoria de notícias, as matérias ficarão subdivididas em Agenda, Cidade, Cultura, Esporte, Isca Faculda-des e Meio Ambiente”, fala. Outros desafios do blog são a efetiva participação dos alunos; ser ágil e interessante, sempre com textos de qualidade e informações relevantes; e ter credibilidade. Os integrantes do blog ressaltam que os alunos envolvidos no projeto poderão exercitar e aperfeiçoar a produção de texto. Além disso, seus currículos serão mais valorizados e eles poderão ser descobertos por alguma empresa que possa conhecê-los por meio do portal.

lamita T. Bela, Tamires R. Gonçalves, Thiago A. Machado, Tiago P. Praxedes, Tracy E. Caetano, Virgilio Gabriel N. Correa.

Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Tribuna Piracicabana

Endereço: Rod. SP 147 (Limeira-Piracicaba) - Km 4CEP 13.482-383 - CxP 98 - Limeira/SPTelefone: 55 (19) 3404-4700E-mail: [email protected]: www.iscafaculdades.com.br

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Uma doença na modaComum entre adolescentes, distúrbio alimentar pode se tornar crônico se não tratado

Felipe Furlanetti.............................................................................................. Johelson Costa

“No auge da doença cheguei a pesar 37 quilos, mas sempre que me via no espelho tinha o reflexo de uma imagem totalmente dis-torcida. Sempre estava acima do peso”, recorda a dentista Luana Franco, de 22 anos. Ela, que aos 18 enfrentou uma anorexia nervosa, não imaginava que para ser feliz fosse preciso seguir padrões da moda e deixar a saúde de lado. Após tratamentos com psicólogos e nutricionistas, porém, a estudante pôde re-tomar sua vida sem apresentar sequelas. “Foi muito difícil recuperar o peso novamente. Não aceitava engordar tudo de novo. Pesava-me de três a quatro vezes por dia, mas com a ajuda de vários profissionais e com apoio de minha família consegui ser eu mesma de novo”, relata. A perda de peso em curto prazo e a briga diária com a balança resultaram em di-versas dificuldades. Luana cita que durante esse período de sua vida teve sensações de fraque-za, tontura, além de perda do controle sobre si mesma. “Devido a uma disfunção hormonal meus cabelos caiam e eu não tinha mais vonta-de de ver ninguém”, lamenta. Agora, recuperada e com o peso ideal para seu corpo, Luana não entende a sua busca por um corpo perfeito. “Hoje, vejo que a inces-sante procura pela ‘magreza’ só me trouxe infe-licidade. Não me lembro de nenhum momento de alegria. Realmente vivia em um mundo preto e branco”, dispara. Conforme a psicóloga Paula Cavinatto, a anorexia nervosa trata-se de um transtorno alimentar em que a pessoa possui uma limitação

alimentar autoimposta. Isso, segundo ela, tende a calhar com dietas rigorosas, padrões bizarros de alimentação, acentuada perda de peso e pa-vor intenso da obesidade. “Em geral, depois de intervenções terapêuticas, a recuperação é satisfatória”, diz.

Ela destaca ainda que a doença é mais comum entre as mulheres e geralmente mais intensa durante a adolescência. Os homens também podem apresentar sintomas da ano-rexia, porém, são poucos os casos. “Pesquisas revelam que a anorexia é prevalente em paí-ses ocidentais e claramente mais frequentes entre as mulheres jovens. Os dados mostram que especialmente aquelas que pertencem a posições mais elevadas na sociedade são as que mais apresentam sintomas. Isso fortalece a conexão da doença com fatores sociocultu-rais”, afirma a psicóloga. Além da anorexia, Paula cita também a bulimia nervosa. Nesta outra patologia, que consiste no sentimento de rejeição do alimen-to ingerido, a pessoa sente a necessidade de se livrar - por meio do vômito ou de remédios laxativos - da comida recém-engolida. “A ano-rexia pode ou não ser acompanhada de sinto-mas bulímicos. Essa outra doença consiste na compulsão alimentar em grande quantidade de alimento, porém, em curto período de tempo. Esse episódio, quando frequente, leva à sensa-ção de perda de controle”, destaca. O tratamento sugerido pela psicóloga prevê um acompanhamento multidisciplinar, ou seja, com o apoio de vários profissionais. “Os melhores resultados parecem ocorrer na-queles casos de intervenção precoce, evitando os estados crônicos e imutáveis da doença. Re-comendo um trabalho entre psicólogo, médico e nutricionista para se obter um resultado efi-ciente e dinâmico”, complementa.

Adolescentes deixam saúde de ladoem busca de corpo perfeito

Felipe Furlanetti

SUPERAÇÃO Em entrevista ao Em Foco, a dentista Luana Franco, de 22 anos, relata sua experiên-cia durante a anorexia que teve na adolescência.

Em Foco: O que a levou a fazer um regime tão rígido? Você estava satisfeita com o seu corpo?Luana Franco: Não estava satisfeita com meu corpo nem com meu peso. Resolvi começar uma dieta rígida para ter um resultado mais rápido.EF: Você se sentiu realizada? Como foi o con-

vívio com as pessoas (família, amigo, escola...)?Luana: Mesmo as pessoas falando que estava feia e magra, eu me sentia realizada. Mas sabia que tudo estava fugindo do meu controle. Meu convívio com as pessoas era muito difícil, pois não queria sair mais com meus amigos. Tinha

medo de ir a algum lugar onde tivesse que co-mer. Queria somente ficar em casa deitada, na escola não conseguia mais me concentrar nas aulas. Já com minha família foi pior porque to-dos sofriam ao me ver naquela situação.

EF: Mito ou verdade: quando você se olhava no espelho se via acima do peso?Luana: Sim. Sempre que me olhava no espelho me sentia acima do peso, mesmo sabendo que estava magra.

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 54 Abr/20094

Academias são mais procuradaspor homens pelo culto ao corpo

Fotos: Tiago Praxedes

Ítalo FerreiraTiago Praxedes

Atualmente as acade-mias são mais procuradas pelo público jovem. Em média, 60% dos alunos são homens, que vão à academia em busca da melhor estética para o seu corpo, segundo informam os professores das aca-demias Podium e Fitness. Carlos Donizete Neves, 31 anos, treina há 12 anos. Ele começou de-vido à admiração que sentia por pessoas com o corpo delineado. “No início, comecei com o objetivo de ficar com o corpo bonito, mas passado algum tempo decidi virar instrutor. Após esse pe-ríodo, comecei praticar fisioculturismo, competindo na categoria de 1,65 m a 1,72 m”, diz. O atleta faz uso de anabolizante, porém sabe os males que esse produto oferece à saúde, como problemas cardíacos, pancreáticos, no fígado, entre outros. Ele não incentiva o uso desses produtos e admite que só faz isso devido à competi-ção que disputa. Entre os mais usados estão Equipod, Deca Duran, Ekifort e Emoginin. Neves também tem uma dieta balanceada nas épocas de competição, comendo batata doce, frango, peixes e ce-reais. Já quando não está competindo, come de tudo um pouco. No início dos treinamentos, o atleta conseguiu ti-rar vantagens de seu corpo, pois foi convidado a desfilar para algumas marcas em eventos realizados pela rede de

lojas Pernambucanas, sem dizer a fama que ganhou

com as meninas. Ele se con-sidera um metrossexual, pois além do corpo definido, faz depilação, limpeza de pele e tira a sobrancelha.

Cerca de 90% dos alu-nos das academias frequentam

o local por estética e 10% por saúde. Apesar de a porcentagem

ser pequena, existem os alunos que pensam na saúde. Renan Gar-

cia, 18, se enquadra nesse grupo. Ele pratica musculação há dois anos e está

mais preocupado com seu bem-estar e não em ter um corpo delineado. De acordo com o professor Marcelo Luís Pereira, 38, as mulheres são mais disciplinadas

com relação aos treinos, porém, os homens são os que mais frequentam a academia. Não há dife-

renças nos treinos passados para homens e mulheres, mas o sexo feminino prefere trabalhar mais os glúteos

e coxas, enquanto os homens trabalham mais a parte superior. Segundo Pereira, para se ter um corpo bem de-finido e em boa forma é necessário treinar de quatro a cinco dias por semana, em média uma hora diária, dando ao músculo 48 horas de descanso para o resul-tado se desenvolver por meio de ciclos de exercícios. “Pois quem nasce gato nunca será tigre, mas pode ser tornar um gatão”, brinca o professor.

Neves preparando-se para campeonatosde fisioculturismo

O atleta começou a praticar musculaçãodevido à estética

Em busca daboa forma

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A psicologia da vaidadePadrões de beleza são incutidos no subconsciente imperceptivelmente

Liandra Santarosa .................................................................................................................. Rebeca Barbosa

Presente no mundo desde o início das civilizações, a vaidade é assunto que apresenta longas discussões de tempos em tempos, com opiniões divergentes. Mudam-se comportamentos, estilos e tendências, mas tudo gira em torno da vaida-de. Seja de maneira consciente ou não, o homem ao longo da história sempre apresentou atitudes vaidosas. No princípio da humanidade, o fundamental para garan-tir a beleza era boa alimentação e reprodução. Já em tempos de guerra e grande expansão, a beleza se caracterizava por quadris largos nas mulheres e por homens musculosos. Isso se associa a questões psicológicas, com a mulher representando o papel de boa reprodutora e o homem, o bom guerreiro. No Humanismo, o homem obeso era mais va-lorizado, pois isso era relacionado a poder financeiro e fartura. Nos anos 70, a mulher começou a se preocu-par com malhação e curvas mais finas. Para a socióloga Eliana de Gaspari Rodri-gues, a vaidade é algo ligado ao contexto cultural de cada grupo. “Os indígenas se pintam com uru-cum para se enfeitar, já em algumas tribos da África as mulheres utilizam argolas para alongar o pescoço”. No entanto, na sociedade ocidental, a vaidade está ligada muito a consumo. A soci-óloga explica que, ao se organizar por meio de padrões, a vaidade se associa à perfeição. Isso pode levar a uma “escravização”, tor-nando as pessoas insatisfeitas e infelizes. “Esses padrões apresentam um limite muito tênue, uma vez que poucas pessoas se enqua-dram neles”. De acordo com a psicóloga Maísa Pompeu Villar, não existe muito consenso para o concei-to de beleza. Há pesqui-sas que defendem que há leis universais para a beleza e ela estaria rela-cionada a estímulos visuais simétricos que, por motivos evolutivos, indicariam mais saúde e, consequentemente, a melhora da perpe-tuação da espécie. Segundo Maísa, nos próprios dese-nhos infantis é muito comum o vilão ser feio e o herói, o seu oposto, baseado em simetria e proporcionalidade. “Este padrão

vai sendo incutido nas mentes das pessoas sem que per-cebam”, explica. Ela pondera que a vaidade, quando utilizada

de modo equilibrado, pode até ser favorável no sentido de cuidar de si, sentindo-se bem,

desde que a autoestima não dependa unica-mente disso. A estudante de gastronomia Alice Jo-rente, 19 anos, considera-se uma pessoa

vaidosa desde a infância. Para ela, arrumar-se e se cuidar cons-

tantemente são fatores que ajudam a elevar sua auto-

estima. “Todo mundo gosta de pessoas ar-

rumadas. Eu me arrumo para o

meu namora-do, para sair e também para as mu-lheres, pois g era lmente

são elas que reparam umas

nas outras”, fala. Quando em ex-cesso, porém, a vaidade faz com

que as pessoas se violentem desneces-

sariamente para terem um corpo jovial e belo, chegando muitas vezes a ser artificial. Essas

pessoas acabam desenvolvendo visões distorci-das, ideias fixas e obsessivas que comprometem

o julgamento de si próprio, o que pode acarretar muitas vezes problemas psicológicos como depres-são e ansiedade, além de doenças como anorexia e bulimia. Por isso, a psicóloga afirma que é importan-te aprender a ter um raciocínio mais livre, não as-similando tudo que é aprendido sem questionar. “Aprender, por exemplo, a perguntar o que é im-portante valorizar num ser humano, até onde um belo corpo é importante e em que nível deveria influenciar a vida de cada um? Qual conceito de estética vale ter para viver bem?”, cita.

Lian

dra

Sant

aros

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 54 Abr/20096

A beleza de uma arteTatuagem artística ocupa cada vez mais espaço como um produto de beleza

Henrique AndrielliThiago Machado

A tatuagem contemporânea, feita por profissionais de estúdios

especializados, é vista cada vez mais como adereço, “enfeite” para o corpo,

tornando-se mais um produto prestes a ser consumido pela vaidade humana. A vaidade nada mais é do que o modo como as pessoas se colo-cam sob os olhares da sociedade. Esse modo é construído por ideologias, ques-tões culturais, políticas e até mesmo pela

maneira como o indivíduo é influenciado pelas grandes mídias, afirma João Paulo Pitoli, 28 anos, psicólogo. “Se um ator ‘glo-bal’ aparece na novela das oito com uma tatuagem, por menor que ela seja, acaba criando uma imagem de perfeição, daquilo que é belo, em que a pessoa que estiver as-sistindo vai se espelhar”, explica. Mas nem sempre a tatua-gem teve esse status perante a sociedade. Nos anos 60, por exemplo, era vista como sinal de rebeldia ou marginalidade, pois os traços e desenhos representados eram “agressivos” às pessoas. “Atualmente as tatuagens ganharam contornos mais su-

aves, menos agressivos, principalmente naquelas feitas em mulheres”, analisa. Para Michel Moreno, 19, o “Shell”, tatuador há quatro anos, a tatu-agem não pode ser vista somente como

Fotos: Kado Tattoo / Joe Tattoo Studio

produto comercial. “Não é uma nova modinha, algo que surgiu neste verão e, no próximo, não vai mais estar em evidência. É uma arte milenar, com significado para os que se tatuam”, conta. Em sua opinião, os preconceitos com relação ao tatuado já não são mais os mesmos. “As pessoas sabem diferenciar uma tatuagem artística, feita profissionalmente, daquelas caseiras, feitas sem o mínimo cuidado com a saúde”. A curiosidade acerca dos significados das tatuagens sempre foi grande. As pessoas gostam de saber o motivo da escolha do sím-bolo a ser tatuado. “Acredito que a escolha de um determinado símbo-lo reflete algo de nós, assim como qualquer escolha que fazemos em nossas vidas”, conta Pitoli. Não é o caso de Cíntia Fuma-galli, 40, protética, em que o lado estético é o que conta. “Sempre quis ter tatuagens e atu-almente tenho três. Não tenho uma definição para esse desejo que sempre foi in-tenso. Sim-plesmente gosto de o l h á -l a s ” , diz.

GaleriaAlguns dos principais estilos de

tatuagens feitas atualmente nos

estúdios ORIENTAL Marcada por imagens de dragões, tigres, carpas e

ideogramas

TRIBALMarcada por símbolos

indígenas, celtas, druidas e polinésios

“NEW SCHOOL”Traços baseados em animes, histórias em

quadrinhos e caricaturas

REALISTADesenhos querepresentamfiguras reais

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Desenho marginalTatuagens identificam facções, crimes e hierarquias nos presídiosHenrique AndrielliThiago Machado

Quem assiste à série “Pri-son Break” pode acreditar que ta-tuagem em presídio é usada apenas como estratégia para facilitar fugas. Michael Scofield traz tatuadas em seu corpo a planta e outras informa-ções da arquitetura da penitenciária onde ele e o irmão cumprem pena. Especialista em Tratamento Penal e Gestão Prisional, Cezinando Vieira Paredes relata que em presí-dios do mundo inteiro os próprios detentos se tatuam para diferenciar a facção a que pertencem. “Nas pe-nitenciárias, tatuagens não são feitas para enfeitar ninguém. Elas contam histórias, se comunicam e mantêm distâncias; mostram quem é o preso, o crime que ele praticou e o que se deve sentir por ele: medo ou despre-zo”, descreve. A Escola de Administração Penitenciária (EAP), da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, apresenta em sua página na internet (www.eap.sp.gov.br) um grande número de figuras que costu-mam ser tatuadas nos presos e seus significados. Um preso com uma tatuagem de Nossa Senhora Apare-cida no peito ou braço pode estar pedindo proteção ou revelando sua devoção. A mesma imagem, tatuada

forçadamente na parte superior das costas por outros detentos, significa que o preso cometeu crime de estu-pro, normalmente contra crianças. Um punhal cravado sobre uma ca-veira identifica presos que executa-ram policiais (veja outros exemplos no quadro). Detidas na Cadeia Pública de Leme, Gisele, 28 anos, e Ilzelene, 33, têm tatuagens feitas no sistema prisional paulista. Ararense, Gisele foi presa por roubo. Diz que fez as tatuagens por achar bonitos os de-senhos. Nas costas, do lado esquer-do, mandou tatuar “ódio e vingan-ça” em letras japonesas. A tatuagem foi feita com máquina de tatuar no Departamento de Administração Carcerária (Dacar), na capital pau-lista. “Tinha ‘puxado’ muita cadeia e estava revoltada; por isso mandei tatuar”. As outras tatuagens (tribais e flor nas costas e estrela no pé) foram feitas nos presídios de Tatu-apé, Franco da Rocha e Butantan. Na perna esquerda, quando estava no presídio do Butantan, mandou tatuar um dragão com o símbolo do cachimbo. Segundo a EAP, o cachimbo representa ligação do de-tento com o tráfico ou dependência de drogas, o crack em especial.

Corpo de delito

Ilzelene é carioca, mas vivia em Cordeirópolis. Está presa há um ano por tráfico de drogas. Tem 11 tatuagens no corpo, todas feitas em presídios, seis delas na unidade de São Bernardo, em Campinas. Os de-senhos escolhidos representam sua ligação com a família. Duas meninas (uma na perna esquerda e outra na direita) representam as filhas; o sol e a lua unidos, tatuados na mão, representam a união do casal que h o j e

não existe mais. “As tatuagens foram feitas de forma manual mesmo, com uso de agulha e tinta de tecido”, re-vela. Para não ter problemas de saú-de, ela costuma passar pomada no local e tomar antiinflamatório. Gisele e Ilzelene têm a mesma intenção: fazer novas tatu-agens quando saírem da Cadeia de

Leme. Ali não existe tatuadora. “O delegado não deixa e

as detentas não per mitem”,

j u s t i f i c a Gisele.

Henrique Andrielli

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O revólver na tatuagem identifica o ladrão de bancos ou o líder de uma quadrilha; folha de maconha ou cachimbo representa as drogas; cinco pontos tatuados identificam condenados por roubo; cruzes, suásticas e símbolos de umbanda são usados como proteção

REVOLTA À FLOR DA PELE Por “puxar muita cadeia”,

Gisele mandou tatuar nas costas as palavras ódio e vingança em

letras japonesas.

AVISO - A caveira pode ter vários significa-dos no universo prisional, repre-

sentando desde um homicida até

um matador de policiais

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Comprar ou não comprar?Vaidade influencia a todo momento, principalmente na hora de comprar

Karina Rossi ......................................................................................................... Mariana Antonella

Ópera Rock, Kipling, Colcci, Acostamento, Pulo do Gato, Farm, Billa Bong... Essas são apenas algumas das marcas que fazem a cabeça de mui-tas pessoas. De acordo com a vendedora Elisângela Araújo Dias, 27 anos, as mulheres compram mais que os homens. “Quando eles buscam a loja, compram tudo o que precisam de uma única vez. Já as mulheres estão sempre atrás de algo novo. Toda vez que vão sair, compram uma blusinha”, diz. As famosas bolsas do macaco, as da Kipling, são muito procuradas. Meninas a partir de 15 anos já colecionam esse tipo de acessório de todos os tama-nhos e modelos. A vendedora conta que as opções agradam a todos os gostos e idades. “No Natal, vendi duas para uma vovozinha”. Outra marca que chegou para ficar é a Pulo do Gato. As sandálias plataforma possuem modelos diferenciados e cores vibrantes, misturadas com estampas de animais. A última aqui-

sição da estudante Tamires Gonçalves, 20, foi uma dessas. A jovem conta que não precisava de mais uma sandália, mas como é apaixonada por estampas de onça, não resistiu. Ela não sabe quantos pares de sapato tem e diz que sempre acha alguma coisa bonita. “Por isso aca-bo comprando”, justifica. Questionada sobre quanto gas-ta por mês em roupas, sapatos e acessó-rios, a resposta surpreende. “Não sei, é relativo. Como compro a prazo, sempre que vou até a loja pagar uma prestação acabo fazendo outra”, explica. Ela não se considera consumista, mas tem no mínimo dez bolsas e já perdeu a conta de quantas blusas possui. Como descul-pa, Tamires afirma que, por estar traba-lhando com moda, tem que estar ante-nada nas tendências do mercado. Para a psicoterapeuta Clélia Ma-ria Contin Marchi, 43, comprar incon-sequentemente muitas vezes é sinal de carência. Ela afirma que a partir do momento que não se tem controle, a situação passa a ser um tipo de distúr-bio. “Muitas pessoas

desenvolvem esse pro-blema independente da idade ou

sexo”, fala. A especialista reco-menda que essas pessoas busquem

alternativas para amenizar a com-pulsão, procurando um profissional qualificado para tratar a doença. Tamires acha que no seu caso não há necessidade de ajuda pro-

fissional, porém, conta que se não tivesse outras despesas gastaria todo

seu salário nisso. “Sinto-me mais feliz, realizada e merecedora quando compro o que quero”, finaliza.

Kar

ina

Ross

i

Tamires: “Tenho nove blusas de onça,adoro essa estampa” Fotos: Mariana Antonella

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Antes só se ouvia falar em cirurgia plástica quando o assunto envolvia artistas. Hoje, esses tratamentos cirúrgicos estão mais comuns e acessíveis para mulheres e homens descontentes com sua compleição física. Existem diversas alternativas para, por exemplo, se livrar daquela gordurinha localizada, rugas ou até mesmo dar uma “turbinada” no visual com próteses de mama e glúteos. São vários os métodos de corrigir, recuperar ou modificar seu corpo em bus-ca dos padrões de beleza atual ou para ter uma vida mais saudável e aceitação social. Além da prática de exercícios e da cirur-gia plástica, existem tratamentos faciais e corporais não cirúrgicos como botox, car-boxiterapia, mesoterapia, bioplastia, preen-chimento e o “peeling”. Dependendo da situação, também são opções os produtos encontrados em cosméticas, supermerca-dos, farmácias e perfumarias, ou seja, tintu-ra para cabelo, maquiagem, diversos tipos de creme, óleos e por aí vai... Outra opção para mudar o visu-al são os salões de beleza. Alguns deles, mais do que corte de cabelo, penteados, barba, alisamento, manicure e pedicure, também dispõem de tratamento capilar e couro cabeludo, alisamento definitivo, podologia, massagem relaxante, banhos aromaterapêuticos e estética (limpeza de pele, drenagem linfática, lipoescultura gessada, “peeling” de cristal, argiloterapia e jet bronze). Em um salão de beleza de Limeira, o valor dos serviços pode variar de R$ 24 até R$ 550. Se a solução for mesmo a cirurgia plástica, é importante checar se o médico é certificado pela Sociedade Brasileira de Ci-rurgia Plástica (SBCP) e discutir a melhor alternativa, pois o resultado desejado pode não ser o alcançado. No caso da lipoaspi-ração, é comum pensar que esta cirurgia é para redução de peso, mas na realidade é para retirar gordura localizada, conferindo ao paciente um melhor contorno corporal.

Para o cirurgião certificado pela SBCP André Gonçalves Colaneri, a probabilidade de acontecer alguma complicação é mí-nima, mas o ideal é sempre operar em hospital. “Ele oferece uma maior estrutura de apoio e o mais importante é a sinceridade do paciente com o médico. Esconder o uso de alguma droga e alergia pode gerar reação com a anestesia”. As cirurgias mais comuns são a mamoplastia, prótese de mama, rinoplastia e abdominoplastia. O pós-operatório dessas in-tervenções é similar: inchaço e manchas roxas. No caso de alguma complicação, o paciente está sujeito à infecção, hematomas, seromas, irregularidades, trombose, além de acidentes durante a cirurgia e pro-blemas com anestésicos. Segundo Colaneri, a rinoplastia é a que necessita de maior atenção. “O nariz, sem dúvida nenhuma, é o componente funda-

mental da estética da face. É ele que define o perfil da pessoa e também fornece características marcantes de raças e etnias”, ex-plica. Essa cirurgia é mais deli-cada pelo fato do nariz ser uma estrutura pequena, complexa e funcional. “De nada adianta ter um nariz bonito e não funcional ou incompatível com o biótipo ou raça. A plástica da cirurgia não está somente em atenuar e corri-gir imperfeições, mas em adaptar um modelo de beleza nasal com-patível e harmônico com o res-tante da face”, explica.

Opções não faltam na hora de se cuidar

O custo da belezaNós pesquisamos as diversas formas e valores para se embelezar e ficar em forma

Callebe Bueno ......................................................................................................... Camila Paes

Callebe Bueno

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 54 Abr/200910

A beleza das artesO belo em suas variadas formas

Beatriz Buck .................................................................................................................................................................................... Lucas Navarro

Foto

: Bea

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Buck

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela, E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela, Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala, E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança. Amar é pensar. E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela. Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela. Tenho uma grande distração animada. Quando desejo encontrá-la Quase que prefiro não a encontrar, Para não ter que a deixar depois. Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.Quero só pensar nela. Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

PoemaAutor: Alberto Caieiro

Fonte de melNos olhos de gueixaKabuki, máscaraChoque entre o azulE o cacho de acáciasLuz das acáciasVocê é mãe do solA sua coisa é toda tão certaBeleza espertaVocê me deixa a rua desertaQuando atravessaE não olha pra trás

LindaE sabe viverVocê me faz felizEsta canção é só pra dizerE dizVocê é lindaMais que demaisVocé é linda simOnda do mar do amorQue bateu em mim

Música: “Você é linda”Autor: Caetano Veloso

Os trêsprincípiosdo belo

1) Imitação: Para definir a natureza da arte.Exemplo: aquilo que chamamos de belezaestética como o equilíbrio, simetria,respeito às proporções.

2) Estética: Para estabelecer as condições necessárias de sua existência.Exemplo: elementos sensíveis, como o meio em que ela se apresenta. Está ligada de certa forma com a imitação.

3) Moral: Para definir o seu valor. O efeito, as consequências que ela pode acarretar que dependemde suas qualidades.

“Em todas as fases literárias, a mulher apare-ce como uma das figuras principais, sempre bonita e associada à beleza.Somente depois do realismo, a mulher se tor-na comum, deixando de ser algo idealizado, como musas e deusas.”

Márcia Pincelli AssatoProfessora de Língua Portuguesae Literatura

“A beleza é a finalidade da arte.Que é arte, que é beleza, que é finalidade?”

Rosário Fusco

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Do ferro de passar à escova progressivaTer cabelos lisos é o sonho de muitas garotas, que para conseguir isso fazem de tudo

Ketlyn Zabin................................................................................................. Roxane Regly

Não é de hoje que a busca pelo ca-belo liso é obsessão entre as mulheres. Ter um “cabelo perfeito” já era desejado no tempo de nossas avós e mães, que utiliza-vam diversos truques, como pentes de ferro quentes, ferros de passar roupas, toucas e grandes bobes para conseguir isso. Segundo a cabeleireira Daniela Figueiredo, formada há 12 anos pelo Senac, isso se deve ao fato de que cerca de 80% das mulheres brasilei-ras têm cabelos crespos e ondulados em ra-zão da miscigenação. “Esses cabelos costumam ser mais secos e rebeldes e isso causa um desconfor-to muito grande na maioria das mulheres, que decidem por tratamentos que lhes tra-gam cabelos mais lisos e sedosos, brilhantes, com volume controlado” diz Daniela. Hoje em dia, a tecnologia aliou-se à química, o que trouxe novas técnicas para o “cabelo perfeito”. “Surgiram os alisamentos, esco-vas definitivas, semidefinitivas, progressivas e as famosas escovas de chocolate, açúcar, marroquina, cristal, de morango e muitas outras”, explica. De acordo com Daniela, as defi-nitivas, semidefinitas e progressivas “são à base de amônia, que desestrutura e amo-lece as cutículas do cabelo, de forma que

não voltem mais a ser como antes”. Já as de chocolate, morango, açúcar e demais da mesma família “nada mais são que trata-mentos cosméticos com formol, que agem desidratando os fios, criando uma película protetora na estrutura externa das cutículas, conferindo um aspecto mais liso ao cabelo temporariamente”. Por apresentar sérios riscos à saú-de se usado de maneira incorreta, segundo Daniela, a Vigilância Sanitária determina o uso máximo de 0,2% do produto. “Muitos salões, porém, usam 10%, infringindo assim todas as leis de segurança, visando apenas a lucratividade temporária”, comenta.

VAIDADE A jovem Gabrielle dos Santos, 16 anos, começou a fazer estas escovas quan-do tinha 14 anos por achar que seu cabelo era “rebelde e dava trabalho”. “Optei por fazer a gradativa ao invés da progressiva por achar que continha menos produtos quími-cos e não agrediria meus cabelos”, conta. Hoje, a garota não sai de casa sem escovar os cabelos e passar chapinha. Deixa muitas vezes de se divertir quando frequen-ta piscinas e praias pelo comodismo de não precisar secar seus cabelos quando voltar.

CUIDADOS

“Eu prefiro só tomar sol a chegar em casa e precisar fazer uma escova”, explica. O motivo de tamanha vaidade em meninas cada vez mais jovens se deve ao fato da mídia “impor” um padrão de beleza em revistas, comercias e novelas, nos quais modelos e atrizes aparecem com cabelos sempre lisos e sedosos. Outro argumento usado pelas adeptas a chapinha é o gosto masculino. Apesar de não ser a opinião de todos, muitos confirmam que gostam do es-tilo. “Acho o cabelo liso mais bonito”, comenta Daniel Bauer, 20. “Gosto de cabelo liso, mas não escorrido e sim bem tratado”, diz Rafael Siqueira, 19. Sabendo dessa opção de jovens meninas por alisarem os fios, Daniela – que é proprietária de um salão de beleza – recomenda uma idade para o início do uso desses processos químicos. “Visando à saúde e bem-estar das clientes em primeiro lugar, não faço nem recomendo qualquer tipo de processo químico antes que a menina tenha tido a primeira menstruação, pois o organismo não está completamente formado e ainda podem ocorrer alterações”, justifica. Para as mais jovens, ela aconselha que apenas “usem produtos de tratamento cosmético, bons xampus e condicionadores, máscaras de tratamentos semanais e cremes sem enxágue”.

Com relação à polêmica do formol, a cabeleireira Daniela Figueiredo alerta que

“o uso incorreto do produto pode causar cri-ses de asma, bronquite, labirintite e, em casos extremos, levar à cegueira, causar atrofia da papila dérmica, quando os fios já não crescem mais, e também câncer de laringe, faringe, en-tre outros”. A recomendação para as meninas que querem se submeter ao processo é ve-rificar se o estabelecimento é confiá-vel, com profissionais formados na área e que busquem sempre se atualizar e estar dentro dos padrões exigidos pela

Anvisa. É importante também conhecer os produtos a serem utilizados durante a rea-lização da escova para que não se corra o

risco de ter problemas.

Escovas: adeptas já podem escolher entre opções como as de chocolate, morango e açúcar

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 54 Abr/200912

“Vejam só que festa de arromba, no outro dia eu fui parar...”, já dizia a Jovem Guarda. Quando chegamos à Avenida Cônego Manuel Alves, nº. 708, por volta das 23h, não imaginávamos que iríamos encontrar gente no portão esperando pela festa. Era quarta-feira, 18 de março, e a República dos Coyotes se preparava para agitar a noite dos estudantes de Limeira. Na casa, moram cinco universitários vindos de São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro, todos cursam Unicamp. Embalados pela nova experiência de viver longe dos pais e dividir a casa com recém-conhecidos, os garotos aproveitam esta fase para conhecer pessoas, estudar e, claro, festejar! “Nas festas, a galera tem a oportunidade de se conhecer melhor fora da sala de aula, além de promover a interação entre ‘bixos’ e veteranos”, diz Guilherme Bellangero, 20 anos, morador da república. Os meninos da Coyotes mandaram bem. A festa tinha DJ, banda de pagode, iluminação e serviço de bar. Cerveja, catuaba e refrigerante eram

vendidos por R$ 1,50 o copo. Para entrar no local, era preciso pagar R$ 2 com direito à pulseirinha para controle de entrada e saída. Na sala, as meninas dançavam até o chão embaladas ao som de funk para a alegria dos meninos. Pagode, axé e “psy trance” também fizeram parte do repertório musical da noite. A paquera rolava solta. “No dia seguinte está todo mundo comen-tando quem ficou com quem, é muito divertido”, conta Mariana Peruchi, estudante de Saneamento Ambiental do Centro Superior de Educação Tec-nológica (Ceset – Unicamp). Ela acrescenta que nesses encontros em repú-blicas as pessoas são mais maduras e diferentes, pois cada um vem de um lugar e traz consigo uma cultura. A festa se arrastou até às 5h, até porque dali algumas horas os uni-versitários têm de encarar a maratona de aulas - e o pessoal garante que não vai faltar.

Texto e Fotos:Fernanda Dias

Néliane SimioniQue festa de arromba!Dia de semana é sinônimo de agito em repúblicas de Limeira

Lucro da festachega a R$ 700