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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades Ano 9 Edição 53 Mar/2009 e lazer por A cada esquina Pinacoteca e Museu da Língua Portuguesa lado a lado na Capital Página 4 Bola em jogo Futebol, um esporte que movimenta classes sociais e etnias Página 9 Cultura toda parte

Jornal EM FOCO - Mar.09

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EM FOCO - Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do Instituto Superior de Ciências Aplicadas.Ano 9 - Edição 53 - Mar/2009

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades

Ano 9Edição 53Mar/2009e lazer por

A cada esquinaPinacoteca e Museu da Língua Portuguesalado a lado na Capital

Página 4

Bola em jogoFutebol, um esporte que movimentaclasses sociais e etnias

Página 9

Culturatoda parte

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 53 Mar/20092

Fotosambientais

Callebe BuenoTiago Praxedes

�es�e ensaio �o�o��es�e ensaio �o�o�gráfico, buscamos retratar lugares próximos à zona urbana ou den�ro dela que ofereçam refúgio às pesso�as que apreciam o contato com a natureza, longe da poluição e ou�ros �a�ores que causam desconforto nas cidades. �o in�erior de São Paulo, ainda é possível desfrutar da calmaria da natureza sem ter que per�correr grandes distâncias. Exemplos são a Floresta Estadual “Navarro de An�drade”, em Rio Claro, e o Horto Florestal de Limeira - retratados neste ensaio. Essas áreas o�ere�cem uma variedade de ati�vidades, como espaço para piquenique, trilhas para ci�clismo e caminhada, além do contato direto com a natureza, que proporciona um momento singular.

Editorial O primeiro “Em Foco” de 2009 saiu do �orno! �ão se pode dizer que foi uma tarefa fácil produzir essa nova versão – que, por sinal, está muito bem trabalha�da. Contudo, o prazer que a equipe teve em realizá-la foi compensador. O tema escolhido como fio condu�tor do jornal é o universo cultural. A equipe do “Em Foco” visitou museus, correu atrás de especia�listas e abordou os mais diferentes temas, especialmente para você, lei�tor, amante da cultura, ter um con�teúdo diferenciado. O jornalismo, desde sua origem, tem evoluído de forma ex�pressiva e o “Em Foco” – um jornal acadêmico realizado por jovens estu�dantes, futuros jornalistas - está por dentro das mudanças da profissão. Em razão disso, você encontrará um projeto gráfico mais leve e ousado. E é com base nas novas tendências que esta edição busca mostrar que o jornalismo cultural não precisa ser digerido de forma maçante, mas sim com prazer, deixando um gostinho de “quero mais”.

E por que, afinal, iniciar o ano com matérias de temática cultural? É que a equipe do “Em Foco” sabe do potencial artístico e criativo da região e nada mais justo que dar espaço aos ar�is�as regio�nais para que mostrem seus traba�lhos e suas idéias. Como a cultura é um uni�verso amplo, toda a equipe teve que quebrar a cabeça para encaixar um pouco de tudo nesta primeira edi�ção. Assim, você poderá ver nesta nova versão do “Em Foco” um en�saio fotográfico de cunho artístico e ambiental e saberá também um pouco mais sobre a nova tendência que tem feito a cabeça dos jovens, os animes. A edição traz ainda um roteiro cultural pela Capital paulis�ta, um confronto musical entre o cururu e o pop rock, a história de um hippie e uma reportagem que tenta responder se, afinal, futebol também é cultura. Essas e outras matérias você encontrará no decorrer das próximas páginas. Boa lei�ura!

Jornal-laboratório do Curso de Comuni�cação Social (Habilitação em Jornalismo) do Instituto Superior de Ciências Aplica�das (ISCA Faculdades), entidade mantida pela Associação Limeirense de Educação (ALIE).Ano 9 Edição 53 Mar/2009.

Diretora GeralRosely Berwerth Pereira

Coord. Curso de JornalismoMilena de Castro Silveira

Editor ResponsávelProf. Rodrigo Piscitelli (Mtb 29073)

Projeto GráficoProf. Victor Corte Real

Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Tribuna Piracicabana

Reportagem, edição e diagramaçãoBeatriz Buck, Callebe R. Bueno, Camilla P. Coelho, Daniel M. Pereira, Felipe A. M. Furlanetti, Fernanda D. Santa Cruz, Hen�rique M. Andrielli, Italo Ferreira, Ivan F. da Costa, Johelson S. Costa, Karina M. Rossi, Ketlyn F. Zabin, Liandra Santa�rosa, Lilian D. Geraldini, Lucas C. Filho, Lucas N. Del Pietro, Luciana F. Nagata, Luis Gustavo N. de Souza Ferro, Mariana A. dos Santos, Neliane C. Simioni, Rebeca R. Barbosa, Roxane E. Regly, Sulamita T. Bela, Tamires R. Gonçalves, Thiago A. Machado, Tiago P. Praxedes, Tracy E. Caetano, Virgilio Gabriel N. Correa.

EndereçoRod. SP 147 (Limeira-Piracicaba)Km 4 - CEP 13.482-383 - CxP 98Limeira/SP

Telefone: 55 (19) 3404-4700E-mail: [email protected]: www.iscafaculdades.com.br

Expediente

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“Quem me vê na rua não pensa que eu sou atriz”, dispara Francilene Borges, de 12 anos. No pal�co, ela é Lady Macbeth - a esposa ambiciosa da obra de William Shakespeare. A menina que empresta o corpo e a voz ao texto clássico confidencia que, na intimidade do lar, a preferência musical não é tão re�buscada. “Em casa, meu irmão e eu ouvimos ´black music´ e sertanejo por causa do meu pai”, diz. O irmão de Francilene também participa da peça. Fábio Vinícius Barbosa, 10, é Macduff – nobre escocês responsável pela morte de Macbeth. O garoto se diz apaixonado por tragédias. “Sempre gostei de histórias assim. Quando passa na televisão não tiro o olho, estou acostumado”, explica sobre a origem das suas referências para não se assustar com a densidade shakespeariana. Daniel Martins é professor de teatro e lite�ratura. Ele coordena os trabalhos do Núcleo de Vi�vência Teatral, projeto da Oficina Mãe, que fica em Iracemápolis. “Elas escolhem o texto, não sou eu, o que eu faço é contar histórias”, diz em relação à prefe�rência das crianças por textos considerados “adultos”. “A escolha delas me assustou no começo”, confessa. Tão surpreendente quanto o tema preferido da garotada é o convite de um dos maiores festivais de teatro do Brasil. No final de março, os atores mi�rins e o professor embarcam para Curitiba (PR). Eles vão participar do Festival Internacional de Teatro. “É

uma honra. A gente foi chamado para re�presentar a região”, conta Matheus Almeida da Silva, 10. “Eu vou voltar ‘me achando’ de lá”, brinca Gabriela Pereira de Souza, 11. “A sensação é de que estamos pulando para o último degrau”, completa Martins.

Sentimento bom dividido com a platéia. “O teatro não me cativava. Agora nem consigo explicar a experiência que tive vendo essas crianças. Foi emocionante”, conta a dona de casa Selma Martins, 35. Alheia a todos esses acontecimen�tos, uma transformação foi acontecendo sem que ninguém soubesse explicar direito. “Antes da peça, a gente não tinha assunto em casa, agora somos como papagaios, só falamos do teatro”, diz a Lady Macbeth. “Eu sou um menino, ainda não sei muita coisa, mas tenho noção das minhas respon�sabilidades”, conta Macduff. “Antes eu era um moleque ‘tontão’, não sabia de nada, poluição, crise... Agora eu penso, olha como o mundo está, a gente tem que ensinar essas coisas para as pessoas”, prega Matheus. O professor sabe que está mudan�do a vida das crianças que participam do projeto, mas essa parceria trouxe outros frutos. “Elas me ajudaram a fazer as pazes com o teatro”, conta Martins. No dia-a-dia, os pequenos decodificam referências cul�turais a que estão expostos e sem querer transformam isso em experiência. “Tudo o que a gente faz no projeto acaba se tornan�do parte da realidade deles”, explica. Parece até que o educador sabia que ensinar por meio da cultura faz parte de um modelo de reforma da educação na América Latina e no Caribe proposto pela Unesco (organismo das Nações Unidas para a Educação e a Cultura). Recentemente, o professor e coordenador geral da Iniciativa Interamericana de Capital Social, Bernardo Kliksberg, reiterou o que disse em 1992, no lançamento do programa. “A base da refor�ma é promover o ensino por meio da cultu�ra e é isso que fortalece a sociedade”, diz no texto “As Chaves Esquecidas do Desenvol�vimento”. Assim como o argentino Kliks�berg, autor da reforma, Gabriela, antes de fazer parte do projeto, queria ser profes�sora. Depois da experiência no teatro, os planos mudaram. “Agora não tem jeito, sou atriz”, diz.

Um encontro inexplicávelCrianças carentes interpretam Shakespeare

Gustavo Nolasco .................................................................................................................................................................. Roxane Regly

Cenas do espetáculo “Macbeth” encenado pelos alunos do Núcleo de Vivência Teatral

Fotos: Daniel Martins

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Quem deseja se arriscar por terras mais distantes e quer conhecer lu�gares diferentes dos encontrados na re�gião pode realizar um bom roteiro pela Capital paulista. Em São Paulo, pode-se realizar vários passeios interessantes. O “Em Foco”, por exemplo, propõe um roteiro pela região da Estação da Luz. O passeio começa pela Pinaco�teca do Estado, que apresenta um exten�so acervo de quadros e esculturas, além de outras formas de arte. As pinturas vão do clássico ao contemporâneo. E não é preciso gostar ou entender muito de arte para visitar o local, pois só a arquitetura do prédio já vale a pena. De uma ma�neira ou de outra você vai se render aos encantos do lugar. A pinacoteca é frequentada por pessoas de todas as idades e classes sociais – do Brasil e do Exterior. Para a indiana Chitra e o esposo Sainath, que visitam o Brasil, o complexo de caixas de sons suspensas por cabos de aço no interior de um dos salões chama a atenção. “Talvez o mais interessante”, comenta o casal. Na região, fica também a Esta�ção Pinacoteca, que é na realidade uma extensão da Pinacoteca, com mais qua�dros e esculturas. Lá, é possível confe�rir quadros de Tarsila do Amaral, como “Antropofagia”. O prédio onde funciona a esta�ção já foi o Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops), órgão de repressão política que teve o ápice de suas atividades no regime militar (1964-1985). Por isso, no local também funciona o Memorial da Resistência, que apresenta celas e salas onde foram presas vítimas da ditadura. É mais um lugar interessante para ser adicionado ao roteiro. No entanto, se você se interessa mais pela língua portuguesa, existe um museu inteirinho dedicado a ela. Sim, o

Museu da Língua Portuguesa trabalha com audio�visual, música, entre outros recursos, para expor seu tema. Trata-se de um universo totalmente di�ferente do de um museu convencional. Lá, o visi�tante pode conferir palavras do português que ori�ginaram de outros idiomas, como inglês, francês e até mesmo tupinambá. Para a estudante Maria Ângela dos Santos, de 47 anos, o museu é um lugar riquíssimo para aprender sobre a língua e, mais ainda, aprender a admirá-la. “Cada vez que você vem aqui, você aprende mais”, comenta. No momento, o museu apresenta uma exposição sobre Machado de Assis. É um “prato cheio” para quem é fã do escritor, pois a exposi�ção traz manuscritos, figuras do autor e de seus personagens, bem como objetos que compõem o seu mundo e ajudam a dar vida aos seus livros,

como móveis antigos, muitos deles suspen�sos no ar. Há também trechos de livros, como “Dom Casmurro”, que são lidos por intérpretes em outras línguas. Se você é fã de Machado, é uma ótima oportunidade para conhecer melhor a vida do au�tor. Se você não o conhece, é uma ótima oportu�nidade para tomar contato com um dos principais escritores brasileiros, pois o museu oferece salas aconchegantes para a leitura de seus livros. Aproveite! O Museu da Língua Portugue�sa e a Pinacoteca têm entrada grátis aos sábados; durante os demais dias, o ingresso custa R$ 4, lem�brando que estudantes pagam meio entrada. E depois de todo esse tour cultural, a dica do “Em Foco” é parar para repousar no Parque da Luz, logo atrás da Pinacoteca. Lá existe um exten�so espaço verde para se admirar e descansar.

Cultura e lazer a cada esquinaPinacoteca e Museu da Língua Portuguesa lado a lado na Capital

Liandra Santarosa ............................................................................................................................. Beatriz Buck

1 - Pinacoteca do Estado2 - Estação da Luz

3 - Conjunto Hoteleiro da Rua MauáFonte: www.vivaocentro.org.br

Acima: Museu da Língua PortuguesaEsquerda: Estação da Luz

Acevo da Pinacoteca do EstadoLiandra Santarosa

Beatriz Buck

Liandra Santarosa

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Vida alternativaA história de um homem que buscou uma maneira diferente de ser feliz

Mariana Antonella .................................................................................................................... Karina Rossi

Vinte e dois anos, quase cinco de estrada. Chinelo Havaianas nos pés, bermuda florida, camiseta do Bob Mar�ley, óculos de grau e no cabelo longo bolos cilíndricos que aparentam cor�das pendendo do topo da cabeça: os “dreads”. Este é Robson Lira Barros. Profissão? Artesão. Saiu de casa aos 18 anos e hoje já conheceu mais de 20 es�tados brasileiros. Chegou até a fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana Francesa. E viaja de quê? “De jegue, bi�cicleta, moto, carro, ônibus. Já viajei de tudo quanto é forma que se pode imagi�nar, menos de avião, mas quem sabe um dia pode rolar”, conta.

Nascido em Santos, litoral de São Paulo, Barros foi criado em Aracaju, capital de Sergipe. Desde pequeno nun�ca curtiu a vida dita “comum”. Aos 17 anos, conheceu um grande “brother” (irmão, em inglês), Rodrigo. Foi quem o ensinou a arte de utilizar coisas da natureza para fazer ar�tesanato. E foi aí que o jovem santista “caiu na estrada”. A vontade de viajar e conhecer coisas novas o motivou a viver em liberdade. Até então, ele não sabia o que era o movimento hippie. “Foi quando saí de casa que conheci outros como eu”, diz. Frutos de um movimento de contracultura dos anos 1960, que se iniciou nos EUA e foi impulsio-nado por músicos e artistas em geral, os hip�pies defendem o amor livre e a não-violência. Em geral, usam roupas velhas e naturalmente rasgadas, em oposição ao consumismo, ou então roupas com cores berrantes para fazer apologia à psicodelia, além de diversos outros estilos incomuns. Mas Barros garante que não segue essa linha à risca. Apenas deseja se “li�bertar do sistema”. Há pelo menos um ano ele não volta para casa. E

quanto tempo fica em cada lugar? “De�pende. Um dia, um ano, seis meses...”. A mãe, a princípio, foi contra a vida alternativa do filho. “Coisa de mãe. Com o tempo ela entendeu”, fala. Na cidade litorânea de 536.785 ha�

bitantes, Barros deixou a mãe e o irmão. O pai mora em outra cida�de – eles nunca foram “chegados”. O jovem não tem esposa e fi�lhos, nem pensa nis�so por enquanto. Diz que casa e descasa toda

hora, em toda cidade. “A vida é assim”, sintetiza.

Sobrevivendo do artesanato que vende, Barros garante que nunca na vida

passou necessidade. “Graças a Deus”, afirma. Em rela�ção ao dinheiro, não tem do que

reclamar. Diz não

saber quanto ganha por mês, pois “de�pende de cada cidade”, mas afirma viver bem, “como qualquer trabalhador bra�sileiro”. E como os hippies vivem em irmandade, um sempre acaba ajudando o outro. Sem tatuagem e piercing, que

costumam caracterizar muitos hippies, Barros se define apenas como “livre”. Apesar de sua pouca idade, acredita ter vivido mais expe-riências do que alguém de 30 anos. A melhor de todas, segundo ele, foi ter conhecido a Ama�zônia. “Foi a coisa mais louca”, define. Aliás, o jovem adorou o Norte do Brasil, com sua fartu�ra de frutas e animais. E

por viajar tanto, já comeu quase de tudo. Em cada canto, prova a comida típica. E em Limeira, o que iria almoçar? “Pô! Aqui não é a terra da laranja? Vou tomar um sucão e bater um rango em algum lugar”, responde. Algum lugar... A expressão traz à tona uma dúvida: onde Barros dormi�ria à noite? A resposta surpreende. “Não sei. Muita coisa ainda pode acontecer até a noite”. Despreocupado, ele ape�nas “deixa rolar”. É assim que ele vive, não se importando com preconceitos, que garante não atingi-lo. “Não sofro com isso. Sofre quem quer sofrer. Eu já tenho minha ideia formada e não me deixo atingir pelas coisas que os outros pensam. Sou muito feliz”, garante. Para o “Em Foco”, Barros deixa uma mensagem (ou seria um pedido?): “Valorizem e prestigiem a arte, a cultura de rua. Queremos apenas passar o lado positivo da vida. Tentem nos olhar com bons olhos, trocar uma ideia, quem sabe assim tenham uma outra visão”.

Há pelo menos um ano ele não volta para casa. E quanto tempo fica em cada lu�gar? “Depende. Um dia, um ano,

seis meses...”

Mar

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As charges e caricaturas sempre estiveram presentes no co-As charges e caricaturas sempre estiveram presentes no co�tidiano das pessoas. Desde jornais e revistas, ou mesmo em exposi�ções e eventos gráficos, os traços e imagens satirizando algum fato ou alguém conhecido do grande público estão lá, esperando por uma boa risada. Apesar dos estilos diferentes, essas duas formas de desenho têm as mesmas finalidades: exaltar o bom humor e provo�car o riso. Enquanto a caricatura distorce a realidade, exagerando os traços e valorizando as características físicas da pessoa ou objeto desenhado, tornando-o mais engraçado, a charge se destaca pela representação - em forma de desenho - de um assunto atual, podendo ser de fundo político, esportivo, social, etc. É o que explica Evandro Prates Ferreira, de 33 anos, cartunista e ilustrador do “Jornal Cidade”, de Rio Claro. “Desenho desde os 5 anos e, apesar de ser criança à época, meus desenhos eram publicados nos jornais da cidade”, conta.

Evandro Ferreira (à esq.), ao lado de seu irmão, “Corvo”, ensina adultos e crianças a arte do desenho

Os traços do bom humorExemplos do desenho humorístico, charges e caricaturas colorem com alegria a vida das pessoas

Rebeca Barbosa .........................................................................Thiago Machado

No caso de Renato Fabregat, 30, publicitário, cartunista e pro�fessor universitário, a paixão pelo desenho também começou na infância. “Gosto de dizer que, se não nasci com o lápis na mão, aprendi rapida�mente a usá-lo. Cresci assistindo a desenho animado e sempre tentando reproduzir no papel o que eu via na TV”, diz. Se os desenhos animados servem de influência para os pequenos (na idade!) desenhistas, os “grandinhos” são influenciados por artistas de renome do mundo gráfico, como Laerte (criador da tira “Piratas do Tietê”), os irmãos Caruso, Aragonés (ilustrador da revista “Mad”), entre outros. “Gosto de muita coisa e procuro tirar o que há de melhor em cada artista, tentando aplicar isso em meu trabalho”, cita Fabregat. Ferreira, além de trabalhar diariamente ilustrando matérias para o jornal, também ensina adultos e crianças a desenhar, juntamente com seu irmão Everaldo, conhecido como “Corvo”. Eles atuam no Studio Corvo, em Rio Claro.

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“O Salão do Humor”

Um dos principais eventos da arte gráfica não só no Brasil, mas também no mundo, o Salão Interna�cional de Humor de Piracicaba - que neste ano terá sua 36ª edição - é visto como a “hora de mostrar talento” pe�los desenhistas. Ele tem se constituído também em um grande celeiro de no�vos “craques do lápis’. Artistas como Ziraldo, Angeli e Henfil já participa�ram do evento. “Participo do Salão há três anos. Em 2006, participei no esti�lo ‘cartum político’ e no ano passado com uma caricatura da cantora Amy Winehouse”, conta Ferreira.

Com um pouco mais de experiência em eventos desse tipo, participando de todas as edições do Salão desde 1995, Fabregat diz não se importar muito com premiações em exposições. “Premiação só existe uma, o reconhecimento do público. Se eu conseguir tirar um simples sorriso da pessoa que estiver olhando o meu trabalho já me dou por satisfeito”, afirma.

Créditos: Evandro P. Ferreira

Créditos: Evandro P. FerreiraAcima, caricatura da cantora Amy Winehouse e, ao lado,

charge do presidente dos EUA, Barack Obama

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Um desafio além da gravidade“Street dance” conquista cada vez mais espaço entre os jovens

Felipe Furlanetti.................................................................................................................................. Johelson Costa

Não é à toa que o estudante e percussionista Edi Carlos Rodrigues da Silva, de 19 anos, é apaixonado pelo “street dance” (dança de rua). O amor à primeira vista se deu aos 12 anos, quando ele sequer pensava em arriscar alguns passos de dança. Desde então, foram tantos treinos e ensaios que ficou difícil para o percussionista - e atual monitor de dança - largar o estilo. “Se eu não tivesse conhecido a arte da dança, não sei o que seria de mim hoje. É uma ma�neira de eu me expressar e me divertir”, declara. Para manter o ritmo e a co�ordenação motora, Edi diariamente en�saia coreografias e exercícios de “street dance”. “Como envolve quase que to�dos os membros do corpo, é preciso criar um cronograma de alongamentos e segui-lo corretamente”, explica. Profes�sor de “street dance”, Marcos Túbero, 45, destaca que o estilo nada mais é que um dos elementos da cultura hip hop. Segundo ele, a dança requer movimentos rápidos, que desafiam a gravidade, como

ficar de cabeça para baixo e usar os braços como único apoio para o corpo. “Antes de aprender, o inici�ante deve controlar a coordenação motora. Isso envolve passos caden�

ciados, que são exercitados de formas diferentes, utilizando o tronco do corpo e até mesmo a cabeça. Algu�mas coreografias chegam a ter mais

de oito passos”, descreve. Conforme Túbero, com seis meses

de treinamento o aluno pode dominar várias técnicas. No entanto, para chegar

ao nível profissional, são necessários pelo menos três anos. “Por ser uma modali�dade complexa e envolvente, o praticante de dança de rua tem muita facilidade para

desempenhar qualquer outra modalidade”, comenta o professor. As roupas coloridas e as batidas frenéticas do estilo hip hop revelam a característica

da dança. Os passos são ligeiros e fogem da linha tradicional, como os do balé ou da dança de salão.De acordo com Túbero, estados

como Minas Gerais e São Paulo são os que mais atraem seguidores

do estilo. “Em Santos, por exemplo, tenho conhecimento de um grupo de cerca de 1,5 mil pessoas que praticam a dança de rua. Geral�mente ela é utilizada em projetos sociais como alternativa para resgatar valores da vida, como

companheirismo e respeito”, diz.

Além de promover a cidada�nia, o “street dance” também é uma forma de sustento para muitos dançari�nos profissionais. “Recentemente, dois alunos de Campinas foram seleciona�dos para participar do musical ´O Rei Leão´, nos Estados Unidos. Já a turma de Limeira tem programada uma turnê pelas cidades da região e outros estados a partir de março”, ressalta o professor.

A rua é nossa! Originalmente criado na Jamai�ca e disseminado no Estados Unidos entre as décadas de 1960 e 70, o “street dance” serviu por diversas vezes como um manifesto político por meio da dan�ça. Suas coreografias irreverentes e dis�torcidas chegaram ao Brasil dez anos de�pois. Logo o estilo se caracterizou como um veículo de informações sociais, polí�ticas e raciais.

Para a socióloga e professora Adriana Pessatte Azzo�lino, a dança sempre esteve associada ao poder. Segundo ela, desde a Antiguidade o homem utilizava-se de movimentos para manifestar algum pensamento. “No Brasil, temos a dan�ça de rua como uma representação social da periferia, assim como os grafiteiros utilizam a técnica da pintura para trans�mitir mensagens”, compara. Ela diz ainda que a produção da dança de rua, que propõe o uso de roupas chamativas e ritmos agressivos, des�perta na sociedade um estereótipo contrário ao pretendido pelo estilo. “Eles querem provar que a rua é deles. Demarcar

território e mostrar ao governo o que eles podem fazer usando o espaço pú�blico”, explica. Sobre a ques�ão do uso da dan�ça de rua como instrumento para inclu�são social, Adriana comenta que isso é possível, porém com o reconhecimento da arte e da cidadania. “Além de ser uma prática saudável, a dança induz o prati�cante a interagir com outras pessoas e a formar grupos”, cita. (FF/JC)

ESTILOS

................................................................................................................................................................................................................

Johe

lson

Cos

ta

LOCKINGOriginado do Funk

BROOKLYN ROCK (Up Rocking)Movimentos de disputa

POPPINGMovimento pela contração muscular

BOOGALOOMovimentos circulares do quadrilB-BOYING ou B-GIRLEING

Valoriza mais a batida FREESTYLE

Estilo livre

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Afinal, futebol também é cultura? A resposta a essa pergunta, para muitos brasilei-a a essa pergunta, para muitos brasilei�ros, seria “sim, sem dúvida”. Muitos, porém, dariam essa resposta sem conhecer o contexto histórico em que o futebol surgiu, as dificulda�des e o que lhe garantiu um espaço popular na sociedade, especialmente no Brasil. Para o professor de futebol do clube Gran São João, Luis Eduardo Ferreira, o fute�bol é cultura, pois envolve povos e une classes sociais. A afirmação dele se assemelha à de es�tudiosos do assunto. A mescla entre as classes sociais como aspecto cultural é um dos pontos citados por Frederico Coelho em “Futebol e Produção Cultural no Brasil”. O futebol, antes exclusivo aos que frequentavam os clubes ou desfrutavam de atividades em colégios particu�

lares, passou a ser praticado por pessoas que moravam em cortiços, que saíram de quartéis e fábricas. O preconceito racial ainda no início do futebol no Brasil era algo que preocupava o criador do chamado jornalismo esportivo, Mário Rodrigues Filho, que escreveu “O Ne�gro no Futebol Brasileiro”. A obra relata as dificuldades que os negros enfrentaram para entrar em grandes clubes - ele conta que os primeiros clubes a aceitarem jogadores negros foram Vasco da Gama e Bangu, ambos do Rio de Janeiro. Para jogar, os negros utilizavam toucas para esconder o cabelo e pó-de-arroz para clarear a pele. Com o passar do tempo, o preconcei�to foi substituído pela habilidade e desempe�nho em campo. Ferreira explica que “o fute�bol exige um desenvolvimento hábil e regras a serem cumpridas”. No artigo “Futebol: A Construção Histórica do Estilo Nacional”, Antonio Jorge Soares (Centro Federal de Edu�cação Tecnológica do Rio de Janeiro) e Hugo Rodolfo Lovisolo (Faculdade de Comunicação do Rio) citam que, na definição do estilo bra�sileiro de jogar, “as habilidades individuais são enfatizadas, tornando a disciplina e o jogo de equipe secundários”. É por isso que surgiram os craques, assim chamados por possuírem um talento que combina habilidade, astúcia, impro�visação e criatividade.

Os talentosos jogadores são espelho para muitas crianças, formando seguidores que tornam o esporte a paixão dos brasileiros. Os torcedores surgem dentro das famílias, que car�regam tradições desde o início do século 20. Pietro Antoni, de 17 anos, confirma que a paixão pelo esporte veio do berço fa�miliar. “O futebol é uma cultura que passa de geração para geração, ele movimenta a massa e mexe com a paixão”, diz. E é justamente por isso que tanto o jogador quanto o torcedor devem estar atentos às suas responsabilidades. “Fazer parte de grandes torcidas exige que os torcedores tenham consciência de seus limites e conhecimento da cultura do esporte”, acon�selha o professor Ferreira.

Um dos primeiros pontos a se destacar na relação entre futebol e cultura é a sua contribuição decisiva para um processo de ruptura das rígidas fronteiras entre alta e baixa cultura, entre o exclusivo e o popular.

Frederico Coelho em “Futebol e Produção Cul�ural no Brasil”

Cultura verde e amarelaFutebol, um esporte que movimentaclasses sociais e etnias

Ítalo Ferreira.............................................................. Tamires Gonçalves

Para poderem jogar, eles usavam toucas para esconder o cabelo cres-po e se maquiavam com pó-de-arroz para clarear a pele. Para entrarem pela porta da frente, eles tinham que se passar por pessoas brancas.

RabiscoTeoria e Prática do Futebol

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Abel Bueno, de 76 anos, é cantador de cururu. Desde os 5 anos ele participava de festas de família em que já se cantava a músi�ca trovada. “O cururu é uma dança religiosa, faz parte do folclore. Era típico da zona rural. Na zona urbana chegou há uns 60 anos”, diz Bueno, irmão de Nhô Serra, um dos grandes nomes do cururu em Piracicaba, falecido nos anos 90. Constituído de quatro partes funda�mentais - saudação, louvação, ataque e resposta -, o cururu é uma forma de disputa de versos realizada em quatro pessoas, dois cantadores e dois violeiros. Sempre uma dupla contra a outra. Pouco se tem de documentos que com�provem o surgimento desse estilo, que está se extinguindo. “Hoje não temos ouvintes assídu�os como antigamente. Para mim, o cururu é re�ligião, mas hoje saiu dessa linha, os cururueiros apelam nos versos”, fala Bueno. Para cantar o cururu, é preciso atender alguns requisitos. O cantador legítimo tem que ler muito, saber história, passagens do Evan�gelho, além de apreciar a natureza, tudo isso

para usar como elemento na formação dos ver�sos, compostos na hora. “Tem de ser vivo. O cururu não tem professor. O cantador é como um carro que não tem peças para reposição”, salienta Bueno. Atualmente, os cururueiros cantam em bares. Antes, as apresentações ocorriam em barracões de igrejas, tradição que Bueno ainda conserva. Ele - que já trabalhou como taxista e pedreiro, entre outros ofícios - res�salta que nunca cantou profissionalmente. “Já representei muito Piracicaba. Hoje, ganha-se alguma coisas pelas apresentações, antes não”, afirma. Para ele, falta incentivo para que essa arte sobreviva. “Temos que caminhar com nos�sas próprias pernas. A prefeitura até ajuda, mas não destina verba”, acrescenta. Para manter a tradição, Bueno dá pa�lestras em faculdades, concede entrevistas para TVs e jornais e tem um programa na Rádio Educadora, de Piracicaba. Apesar disso, diz ele, é necessária uma maior divulgação. “E quan�do eu morrer?”, questiona. Sim, os cantadores estão em extinção, bem como os bons violei�

do PASSADOHá “es�ilos e es�ilos”

musicais, uns in�fluenciando outros. E es�tão aí músicas de ritmos antes nunca vistos. O funk carioca, por exemplo, nas�ceu na década de 1990. O rock passou por várias fa�ses desde os anos 50 com Elvis Presley, nos anos 60 com bandas como Beatles e mais tarde com os Rolling Stones, The Doors, Pink Floyd e outras. Além das

ros, cita o experiente cururueiro. “O violeiro é a alma do cururu, mas hoje devem ter três ou quatro renomados na região”, comenta. Alessandro Marreira da Silva, 14, está envolvido com o cururu há pelo menos cinco anos. “Aprendi vendo e com o Milo. Gosto bas�tante, mas não pretendo levar como profissão”, diz ele, que carrega um desafio. “Nenhum can�tador deixou herdeiro. Agora vai ficar para ele incentivar, chamar os amigos”, afirma Bueno. O adolescente é o violeiro oficial de um pro�grama de cururu na Rádio Onda Livre AM, de Piracicaba, todos os domingos pela manhã.

Segundo Abel Bueno, o cururu nasceu na região de Piracicaba, quando a cidade ainda nem levava esse nome, por volta do ano 1700. Os nativos, em agra�decimento a pedidos alcançados, faziam uma espécie de peregrinação ao Divino Espírito Santo e cantavam uma música com versos rimados, mas sem ter idéia do que seria. Mais tarde, a música foi de�nominada cururu, já que havia um tipo de comida que era servida nessas pere�grinações chamada caruru.

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Bueno incentiva o jovem violeiro Alessandro, titular do programa “Cururu da Onda”

Lílian Geraldini

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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo do ISCA Faculdades | Ano 9 Edição 53 Mar/2009 11

ao PRESENTEtransformações de cada fase, surgem também es�tilos derivados do original, como o punk rock e o rock alternativo. Em meio a tantos ritmos e estilos, há pesso�as ecléticas que apreciam todo tipo de música. Do pop rock ao cururu. Com�pletamente diferentes, am�bos têm uma característica comum: a paixão de seus seguidores.

O pop rock dos Republicados também é exemplo de paixão pela música. Ao contrário do cururu, cujo ritmo baseia-se na viola, o som dos garotos da banda utiliza outros instrumen�tos. E até foge um pouco do convencional den�tro do pop rock. A diferença, conta Rubinho Vitti, de 23 anos, está no fato dos integrantes se inspirarem em bandas dos anos 80 e tam�bém gostarem de estilos diferentes. Seus ído�los incluem Jimi Hendrix, Rita Lee e U2, o que transforma tudo em algo eclético e novo. Além de Vitti (vocal e violão), os de�mais Republicados são Felipe Chiarinelli (gui�

tarra), 24, José Shiavon (teclado), Matheus Ri�zato (bateria) e Vinicius Meyer (baixo), todos de 23 anos. O grupo surgiu há cerca de cinco anos, por iniciativa do vocalista e do tecladista, quando ainda cursavam o Ensino Médio. Des�de então, já sofreu diversas mudanças em sua formação. O nome vem do fato de “republica�rem” sons de outros artistas. Os ensaios acontecem todos os sá�bados. “A gente ensaia quando não tem al�gum problema. Nos últimos tempos, um dos principais foi a rotatividade de baixistas”, diz Vitti. O grupo gravou um CD, todo de regra�vações, com a intenção de adquirir experiên�cia de estúdio. E já tem dez músicas de au�toria própria, ensaiadas, prontas para gravar. Algumas estão disponíveis na Internet, via My Space. A canção de trabalho chama-se

O rock brasileiro teve início nos anos 50 e 60, mas a sua populariza�ção deu-se nos anos 80. Muitas bandas dessa época, como Engenheiros do Hawaií, Legião Urbana e Os Paralamas do Sucesso, têm suas músicas tocadas como sucessos até hoje e ainda fazem shows por todo o Brasil. Nos anos 70, surgiram nomes como Os Mutantes, Secos & Molhados, além de Raul Sei�xas - considerado um dos ícones do rock nacional.

“Mudo”. “Disponibilizamos para a galera es�cutar e quando estivermos com um número considerável de músicas, gravaremos um CD com letras só nossas”, afirma Vitti. Os objetivos dos Republicados são fazer shows em vários locais e montar um re�pertório maior para utilizar nas apresentações, além de ver concluído o CD com músicas pró�prias. “Fazemos shows para amigos em chá�caras e temos como cachê as cervejas”, brinca o vocalista. “Mas tocamos também em barzi�nhos, aí cobramos pagamento”, completa. Apesar de optarem pelo rock, os ga�rotos admiram e respeitam outros estilos mu�sicais. O cururu mesmo é considerado por eles um exemplo. “Prefiro muito mais quando é raiz a algo comercializado. Acho válido, já que é algo relacionado com a cultura”, aponta Vitti.

Os Republicados: rock que respeita outros estilos

Ivan Costa

Lílian Geraldini.............................................................................................................................. Ivan Costa

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Mangá, o mundo oriental do HQAs histórias em quadrinhos japonesas estão invadindo a cultura jovem

Camila Paes .................................................................................................................. Luciana Nagata

da capa com a brochura à sua direita (correspondendo à contracapa ocidental). Alguns mangás publicados fora do Japão, porém, possuem a configuração habitual do Ocidente. Além disso, o conteúdo é geralmente impresso em preto-e-branco, contendo esporadicamente algumas páginas coloridas, geralmente no início dos capítulos. Cada mangá ou anime tem um público espe�cífico, seja para crianças que estão começando a vida escolar, para donas de casa, para homens ou mulheres. De acordo com a proprietária da Shibuya Animê e Cia, Renata de Oliveira, o público-alvo no Brasil desse tipo de expressão cultural são mais os jovens, ao contrário do Japão, em que os mangás atingem todas as faixas. Renata conta que há dois anos sua empresa realiza um evento chamado Animeira, que apresenta as novidades do mundo dos animes. Trata-se de uma feira realizada em Limeira sempre em meados de novembro, que atrai cerca de mil pessoas. Ela reúne atrações como concursos de games, animekê (karaokê de músicas de anime), palestras com dubladores, estandes com produ�tos à venda e muitas outras atrações. O evento não tem um local fixo - as duas últimas edições foram no prédio da antiga Lival. “Na primeira edição, contamos com pa�trocínios. Já a segunda foi mais autônoma, pois Limeira ainda não é muito aberta a esse tipo de festa cultural”, explica Renata. O crescimento dos mangás no Brasil aconteceu por volta do ano 2000, com o lançamento dos títulos Samurai X, Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. Ar�tistas como os norte-americanos Brian Wood e Becky Cloonan, autor de Demo, são muito influenciados pelo estilo e têm recebido aplausos por parte de fãs até entre os mais leigos. Um exemplo de mangá norte-americano é o Avatar. “O que eu mais gosto nos mangás é a forma como são colocados os quadrinhos. Eles são postos fora de ordem. No começo você se perde um pouco, mas

depois se acostuma. Outra coi�sa que chama a atenção é que os personagens são mais humanos. Geralmente, as histórias em quadrinhos (HQs) americanas mostram heróis onipotentes, fortes demais e aparentemente invencíveis”, comenta o publi�citário Jorge Afonso Eddi. Ele conta que seu he�rói preferido é o Nekomajin, do mangá do Akira Toryiama. “Ele é um anti-herói folgado, que sem�pre tenta levar vantagem. Mesmo se mostrando muito egoísta, ele tem um bom coração. Outra coi�sa que curto muito no mangá é a arte, rica em detalhes. O desenho da capa é estilizado e feito a mão pelo próprio autor”, fala Jorge.

Criado no período Nara, que se estende de 710 a 794 d.C., o mangá é um gênero da literatura japonesa carac�terizado por seus quadrinhos. Seus personagens são marca�dos pelos traços estilizados e olhos grandes, que represen�tam a espiritualidade e os sentimentos, além de refletirem os hábitos e a cultura oriental. Mangá é nome genérico dado aos desenhos em quadrinhos no estilo japonês impressos em livros ou revis�tas. Quando são criados ou adaptados para o cinema ou ví�deo, os desenhos são chamados de anime, termo que vem do inglês “animation”. Agora, quando os personagens saem do papel e das telas e são incorporados pelos fãs, são chamados de “cosplay”. “Algumas pessoas se vestem para competir em concursos e outras só por diversão”, comenta James dos Santos, sócio da loja Shibuya Animê e Cia. Os mangás mais conhecidos são Naruto, Death Note, Bleach, Pokemon, Sailor Moon, Dragon Ball e Cava�leiros do Zodíaco. Para os mais antigos e aficcionados nessa arte japonesa, nomes como Jaspion, Changman, Nacional Kid, Flashman e até Power Ranger são clássicos. A ordem de leitura de um mangá é a inversa da oci�dental, ou seja, da direita para a esquerda, sendo que inicia-se Tite Kubo - Bleach

Takeshi Obata - Death Note

Clamp - RGVeda