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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL Jornalismo e cidadania: As lacunas sociais decorrentes da carência de um instrumento de debates na Baixada Fluminense Niterói Setembro de 2010

Jornalismo e cidadania: As lacunas sociais decorrentes da carência de um instrumento de debates na Baixada Fluminense

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Este projeto de dissertação apresenta uma pesquisa que pretende discutir sobre papel do Jornalismo na construção das identidades e memórias coletivas, na responsabilidade de publicar ou não publicar algo levando em conta as conseqüências sociais destas escolhas. A região da Baixada Fluminense foi escolhida como base para esta pesquisa, na medida em que é vítima de uma lacuna histórica na sua representação midiática, consequência das coberturas estigmatizadas e superficiais feitas pela grande mídia e da ausência de um veículo próprio de jornalismo diário que represente suas causas e dê visibilidade às suas demandas.

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

Jornalismo e cidadania:

As lacunas sociais decorrentes da carência de um instrumento de debates na Baixada

Fluminense

Niterói

Setembro de 2010

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Gláucia Almeida Reis

Jornalismo e cidadania:

As lacunas sociais decorrentes da carência de um instrumento de debates na

Baixada Fluminense

Projeto de dissertação apresentado como requisito

para o processo seletivo do Mestrado em Comunicação

da Universidade Federal Fluminense, referente à linha de

pesquisa Comunicação e Mediação.

Niterói

Setembro de 2010

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RESUMO

Este projeto de dissertação apresenta uma pesquisa que pretende discutir sobre papel do

Jornalismo na construção das identidades e memórias coletivas, na responsabilidade de

publicar ou não publicar algo levando em conta as conseqüências sociais destas escolhas. A

região da Baixada Fluminense foi escolhida como base para esta pesquisa, na medida em que

é vítima de uma lacuna histórica na sua representação midiática, consequência das coberturas

estigmatizadas e superficiais feitas pela grande mídia e da ausência de um veículo próprio de

jornalismo diário que represente suas causas e dê visibilidade às suas demandas.

Palavras-chave: Jornalismo; identidade; Baixada Fluminense

1. Introdução

A carência de veículos de comunicação que realmente satisfaçam os interesses

municipais e regionais e que tenham representatividade é evidente no contexto brasileiro.

Insuficientes e, na maioria das vezes, com suas redações reunidas nos grandes centros, os

meios de comunicação no Brasil reduzem sua cobertura do interior à reportagens esporádicas

com abordagens sensacionalistas baseadas em escândalos e fatos isolados.

Este projeto de dissertação tem a incumbência de apresentar uma região abnegada

das coberturas jornalísticas desde a sua origem e que serve de exemplo completo para essa

prática: a Baixada Fluminense. Historicamente destituída de atenção do poder público, a

região é um ambiente fértil para a pesquisa em comunicação no que tange à sua história, à sua

identidade e à representação que possui nas conjunturas fluminense e brasileira.

Composta por 14 municípios e com uma população de mais de 4 milhões de

habitantes no total (IBGE, 2009), a Baixada Fluminense compõe o segundo maior colégio

eleitoral do estado com mais de 2 milhões de eleitores (IBGE, 2000). No entanto, assim como

alguns estudos sobre a região já abordaram, não há uma identidade de morador da Baixada

compartilhada pela população que vive ali e o sentimento de pertença à região é acompanhado

de uma baixa auto-estima e um comprometimento da cidadania deste grupo.

Por meio de uma discussão sobre jornalismo, identidade e mídia esta pesquisa

pretende abordar as conseqüências que a não-representação na mídia e a falta de um veículo

midiático podem trazer para a discussão pública e para a cidadania de um povo. Como campo

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para esta análise, a região da Baixada Fluminense tem um grande potencial por ser vítima de

um jornalismo superficial que não contribui para dar visibilidade às pautas locais e cria

estigmas e rótulos que pouco a pouco tornam-se verdades na memória coletiva local.

Neste sentido, será imprescindível uma discussão norteada por três premissas básicas:

a missão da imprensa, o direito à informação e a importância da formação crítica das massas

sobre o papel dos media.

2. Hipóteses

A ausência de um veículo de comunicação que realmente atenda aos interesses da

sociedade - e que confira representatividade – somada ao despreparo para o consumo

das mensagens midiáticas dificulta e, por vezes, impede o debate acerca das demandas

sociais, culturais e políticas dessa região.

Esta realidade, observada na região da Baixada Fluminense, interfere na qualidade da

discussão pública local, na auto-estima de seus habitantes e distancia o cidadão

baixadense de sua função enquanto ator social.

3. Objetivos

Contribuir para a discussão sobre o papel do jornalismo na construção da cidadania e

na fixação das identidades nas quais ele atua como arena de discussão das demandas

sociais e das visões de mundo diferenciadas.

Analisar as conseqüências sociais que uma cobertura jornalística deficiente pode

causar na identidade coletiva de um povo pela ausência de instrumentos

representativos que permitam um debate e uma discussão pública eficientes.

Objetivos Específicos:

Compreender de que forma a histórica não-representação das pautas diárias, da

memória e da política da Baixada Fluminense interfere na formação da cidadania de

quem vive na região e as consequências disso para a identidade coletiva desta

sociedade.

Investigar como o despreparo e o consumo acrítico das mensagens oriundas dos meios

de comunicação contribuem para o agravamento desta situação, colaborando com uma

apatia e um distanciamento no que diz respeito aos assuntos locais.

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4. Justificativa

Com o crescimento dos centros urbanos e a rapidez da vida moderna, o jornalismo

adquiriu a função de ser o olhar da sociedade, a janela que resume em forma de notícia o que

acontece à sua volta. Porém, tamanha dependência e despreparo para o consumo destas

mensagens, que a atividade jornalística acaba sendo encarada por muitos como uma

apropriação exata do real. Não fica totalmente claro para quem consome diariamente estas

informações que as notícias veiculadas são apenas um recorte da realidade, um enlace do real

que não está livre de distorções e manipulações, sejam elas propositais ou não.

Além dessa faceta equivocada de reprodutores da verdade, os meios de

comunicação passam uma sensação de onipresença. Com a abundância de informações

diárias, a impressão que temos é que qualquer fato de certa importância que aconteça ao redor

do mundo chegará ao nosso conhecimento rapidamente. Porém essa percepção não se aplica,

visto que uma cobertura jornalística possui inúmeras limitações e sua abrangência ainda é

extremamente restrita.

Diante dessas limitações, o jornalismo acaba assumindo a função de classificar os

fatos enquanto dignos de serem noticiados ou não, de acordo com interesses editoriais e os

chamados valores notícia. Dessa forma, a atividade jornalística passou a ocupar na sociedade

contemporânea uma função de formadora e armazenadora da memória social.

Brasiliense (2008) em sua dissertação de mestrado aborda a construção narrativa

feita pelo jornal O Globo sobre a chacina da Candelária e afirma que ao selecionar uns fatos

em detrimentos de outros e escolher os lugares que estes vão ocupar numa página ou como

serão abordados num telejornal, o jornalismo está selecionando o que será lembrado e o que

será perdido pela memória social, porém, na maioria das vezes, partindo de uma ótica

antidemocrática.

A memória é uma instância de mediação essencial e necessária para

que se constitua a realidade. O jornalista constrói a memória tanto pela

via das lembranças, quanto do esquecimento. Na medida em que a

memória vai sendo construída no fluxo dos discursos da imprensa, os

tempos se tornam flexíveis, o passado é retomado, o presente é

reconfigurado e o futuro planejado (BRASILIENSE, 2008, p. 4).

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Canclini (1998) assinala a necessidade de criar mitos e monumentos de preservação do

passado como marcos fundamentais na construção das identidades, incluindo nesse processo

os documentos escritos como estratégias de armazenamento de memória. Da mesma forma

funciona a imprensa, Jornalismo é memória e na sociedade atual baseada na efemeridade, um

acontecimento que não tem representação na mídia é uma informação que cai no

esquecimento mais facilmente. É justamente sobre essa lacuna na memória social criada pela

não representação na mídia que esta pesquisa pretende discutir e também sobre os conflitos e

as conseqüências que esse “esquecimento” pode causar numa sociedade.

Para Stuart Hall (1997), representação é uma prática que permite dar significado ao

mundo e criar uma realidade comum entre as pessoas, por meio de uma relação de

pertencimento a um mesmo mundo social. Ou seja, se uma sociedade é representada de forma

insuficiente ou distorcida, isso irá refletir na imagem ela que terá de si mesma e na identidade

coletiva deste grupo.

Esta realidade está expressa em todos os sentidos na Baixada Fluminense, região

metropolitana do Rio de Janeiro. Assim como em muitos outros lugares do Brasil, a Baixada

sobrevive há mais de oito décadas - desde as primeiras vilas em Iguassú Velho - quase sem

assistência e atenção do poder público somada ao desprezo e esquecimento por parte da

mídia. Ambos aparecem esporadicamente em caso de tragédias ou acontecimentos

espetaculares e durante os períodos eleitorais.

Ao longo deste tempo, a Baixada desenvolveu características peculiares em sua

cultura política e social, com um conjunto de regras e valores próprios. Assim como descreve

Linderval Monteiro (2001), desde o surgimento dos primeiros loteamentos improvisados

pelos migrantes nordestinos criou-se um modo peculiar de solucionar os problemas

emergenciais da região, denominado por Monteiro como “rede de solução de problemas

práticos”. Essa rede formou-se a partir de uma total descrença nas esferas governamentais e

baseada na ajuda mútua entre os moradores.

Assim como Monteiro descreve em sua dissertação, a população baixadense

acostumou-se a não depender das esferas públicas, tomando a responsabilidade de construir

casas, escolas, postos de saúde comunitários, medidas de saneamento básico, estradas e tudo o

que fosse essencial para tornar a vida menos difícil. Partindo desta observação, o que parece

permear a identidade deste grupo é um distinto conceito de cidadania - comumente

confundido com apatia e alienação política - a partir do qual uma organização popular formal

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baseada em um ideal reivindicativo bem definido foi substituída pela informalidade na

resolução dos problemas.

O jornalismo é uma atividade que por sua essência deveria contribuir para que as

reivindicações populares tenham visibilidade e sejam atendidas pelos poderes constituídos.

Além disso, deveria ser um instrumento que se prestasse, em especial, a pequenas e médias

comunidades na busca pelo engajamento político e pela solução de questões justamente

coletivas.

No entanto, o quadro atual do jornalismo praticado pela grande mídia é bem

diferente. Em nome da isenção e da objetividade, a imprensa se afasta cada vez mais dos

temas de interesse público, atuando de forma superficial, como um órgão de denúncias em

busca de catástrofes e atentados que nos sensibilizam para assuntos que não fazem parte do

nosso interesse enquanto comunidade.

Na Baixada Fluminense, não exclusivamente é claro, o jornalismo nunca se

mostrou como uma alternativa na representação de suas demandas. A partir de uma percepção

pessoal, como moradora e jornalista, a imprensa é vista pelos baixadenses como um aparelho

elitista, fora de alcance. Isso é consequência do vácuo histórico entre Baixada e mídia,

ocupado algumas vezes com matérias sensacionalistas e superficiais sobre inundações,

violência e corrupção.

Num mundo abarcado pela mídia por todos os lados a Baixada Fluminense é um

exemplo de uma região historicamente sem voz que por consequência não aprendeu a se fazer

ouvir. Além disso, a cobertura deficiente e estigmatizada praticada pela grande mídia reforça

a baixa auto-estima dessa população e o sentimento de desvalorização do lugar onde vivem,

influindo diretamente na memória deste povo e na sua identidade coletiva.

Baseada nessa premissa - e em outras descritas neste projeto - esta pesquisa

pretende abordar de que forma a ausência de um instrumento de debates e de representação

midiática interfere na construção da memória da Baixada e na cidadania de seus habitantes. E

para experimentar a importância que tem a formação de uma massa crítica sobre o papel dos

meios pretende-se ir além, oferecendo uma alternativa a esta deficiência histórica, apresentado

(através dos recursos metodológicos descritos neste projeto) o jornalismo como um

instrumento agregador que poderia contribuir de forma significativa na discussão pública e na

construção de uma auto-imagem positiva desta comunidade.

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Fundamentada no direito fundamental do cidadão à informação - que abrange o

direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação - esta pesquisa busca

compreender a identidade como algo construído e os discursos como geradores de

significados, questionando a maneira como o jornalismo constrói as identidades e como

reproduz os significados da realidade em seus conteúdos.

5. Fundamentação Teórica

Em sua obra “Culturas Híbridas” (1998), Canclini afirma que “ter uma identidade

seria, antes de mais nada, ter um país, uma cidade ou um bairro, uma entidade em que tudo o

que é compartilhado pelos que habitam esse lugar se tornasse idêntico ou intercambiável.

Nesses territórios a identidade é posta em cena, celebrada nas festas e dramatizada também

nos rituais cotidianos” (p.190, grifos do autor). É através desta definição que a pesquisa vai

abordar o papel da mídia na construção das identidades das sociedades contemporâneas no

que se refere ao efeito de seus conteúdos na construção deste ambiente comum. Além disso,

Canclini também vai direcionar a abordagem sobre a formação crítica das massas sobre o

papel dos media e a consolidação da cidadania, através de “Consumidores e Cidadãos”

(2005).

Para dar continuidade à discussão acerca das identidades, Stuart Hall será

aplicado, em sua produção clássica Da Diáspora: identidades e mediações culturais (2003) e

em A Identidade Cultural na Pós-Modernidade (2003) na qual o autor analisa o processo de

fragmentação do indivíduo moderno enfatizando o surgimento de novas identidades, sujeitas

aos níveis da história, da política e da representação.

“As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre “a nação”, sentidos

com os quais podemos nos identificar, constroem identidades. Esses

sentidos estão contidos nas estórias que são contadas sobre a nação,

memórias que conectam seu presente com seu passado e imagens que

dela são construídas”. (HALL, 2003, p. 51)

Se partirmos da ideia de que a memória é uma dimensão fundamental na

constituição dessas identidades e que envolve práticas narrativas e gerenciamento do real

através das práticas discursivas, a mídia é, por definição, lugar central desse processo. A

memória coletiva da Baixada será abordada de forma particular, com a investigação da sua

história sócio-política e dos principais eventos que levaram a região às manchetes dos jornais,

buscando entender de que forma a mídia atuou na construção do imaginário comum deste

povo. Como aponta Velho: “o projeto e a memória associam-se e articulam-se ao dar

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significado à vida e às ações dos indivíduos, em outros termos, à própria identidade” (1994,

p.101). Dessa forma, é de interesse deste projeto apontar as falhas na representação da

Baixada na mídia e colher informações sobre eventos importantes que acontecem na região e

não obtém a visibilidade necessária.

Como referencial teórico específico sobre a história da Baixada e a produção

midiática sobre a região duas pesquisas serão utilizadas como base: a tese de Ana Lúcia Enne

(2002) e a de Alessandra Barreto, ambas de doutorado em Antropologia Social (2004). A

pesquisa de Enne servirá de base tanto nas questões teóricas ao estudar como são montadas e

remontadas identidades sociais na Baixada Fluminense quanto na própria delimitação do que

seria a região de acordo com questões geográficas, históricas, de questões urbanas e sociais.

Ao todo, são sete configurações diferentes que a autora admite em sua tese. A tese de Barreto

discute o fato de que a Baixada Fluminense está muito longe de ter características

“homogêneas” e vai permitir um olhar mais próximo da região sob a lente político-cultural,

relacionando a formação das redes políticas locais, a lógica da relação entre violência e

prática política ao conteúdo midiático produzido sobre os principais municípios da Baixada.

6. Metodologia

O método a ser utilizado neste trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa

aplicada, uma escolha auto-justificável pela capacidade deste método em medir experiências

pessoais, histórias de vida e produções culturais, ou seja, realidades que não podem ser

quantificadas.

A pesquisa irá se desdobrar em três passos, cada um como requisito do posterior:

1) Pesquisa bibliográfica sobre a história político-social da Baixada Fluminense, tendo

como principais fontes o acervo do Instituto de Pesquisa e Análises Históricas e de

Ciências Sociais da Baixada Fluminense (IPAHB), o Centro de Pesquisa e

Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC) e a produção bibliográfica das

Faculdades de História e Geografia da Fundação Educacional de Duque de Caxias

(FEUDUC). Além disso, pesquisa documental nos jornais cariocas “O Globo” e “O

Dia” na seção de participação do leitor, afim de obter indicativos iniciais de como a

população baixadense se apodera da mídia impressa como ferramenta de reivindicação.

2) Diagnóstico de identificação do perfil identitário do baixadense no que tange à sua

opinião e participação políticas, seus instrumentos de reivindicação e sua auto-estima

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como morador da Baixada. Avaliar também o seu consumo e capacidade crítica em

relação às mensagens midiáticas sobre a Baixada Fluminense. Aplicação mediante

amostra populacional em grupos de municípios que possuam características

semelhantes.

3) Grupo Focal com estudantes de escolas públicas da Baixada Fluminense, com idade

entre 14 e 18 anos, de ambos os sexos. Munido dos resultados do diagnóstico, observar

o relacionamento desses jovens com a mídia através de grupos de discussão sobre mídia

e cidadania, oficinas de representatividade na mídia, debates sobre conteúdos veiculados

na mídia acerca da Baixada Fluminense e outras atividades que possam aflorar a

identidade coletiva destes jovens e despertá-los para um consumo crítico dos meios de

comunicação. Utilização de vídeos, reportagens e apresentações de slides que

introduzam tópicos norteadores das discussões nos encontros. A finalidade é a

aplicação do método em comunidades com características distintas, para obtenção de

dados não-viciados sobre a auto-estima dessa população enquanto morador da Baixada

e avaliar a participação da mídia neste processo. Além disso, pretende-se estudar a

evolução das opiniões do grupo em períodos curtos, a fim de analisar um possível

impacto positivo no consumo e produção de mídia a partir de uma formação crítica

construída nos encontros.

O tratamento dos dados será feito a partir da análise qualitativa dos dados do

diagnóstico e de relatórios produzidos a cada encontro do grupo focal. Toda a metodologia

selecionada para essa pesquisa busca evidenciar processos políticos de questionamento de

representações, formação e sustentação de identidades, reconhecimento, legitimidade e

inserção das questões levantadas por grupos marginalizados na mídia e nas esferas

governamentais.

7. Bibliografia

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