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Rubem Fonseca o Antes de se devotar ao ofício literário, Rubem percorreu uma longa jornada na carreira policial, como comissário, no 16º Distrito Policial, em São Cristóvão. o Foi um dos melhores estudantes da Escola de Polícia, onde se destacou profissionalmente por sua percepção apurada da psique humana, sua visão psicológica dos infortúnios do Homem.

Lit rubem fonseca

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Rubem Fonseca

o Antes de se devotar ao ofício

literário, Rubem percorreu uma longa jornada na carreira policial, como comissário, no 16º Distrito Policial, em São Cristóvão.o Foi um dos melhores

estudantesda Escola de Polícia, onde se destacou profissionalmente por sua percepção apurada da psique humana, sua visão psicológica dos infortúnios do Homem.

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o Em 1954 foi estudar nos EUA.

o Cursou Administração e Comunicação nas Universidades de Nova York e de Boston..

o Em 1963 Estreouna literatura como livro de contos"Os Prisioneiros"

o Em seus livros despontam seres à margem da sociedade, assassinos, prostitutas, policiais, todos representados em um cenário de violência urbana sensualidade e solidão.

o Ele constrói as narrativas de uma forma que dificulta a identificação de vilão e bom-moço.

o Escreveu contos, romances e roteiros.

o Utiliza uma linguagem aspera,seca e direta.

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o Rubem usa fatos históricos nos seus livros de ficção, dando uma perspectiva diferente para a situação.

o Em “Agosto”, por exemplo, escreveu sobre a morte de Getúlio Vargas e como os opositores levaram o presidente ao suicídio.

o O autor ganhou o Prêmio Camões em 2003 e o prêmio Jabuti em 1970, 1984, 1993, 1996 e 2003

o Mesmo tendo apoiado o

golpe de 64, teve um dos

seus grandes sucesso, o livro

“Feliz Ano Novo”,

censurado pelo regime militar

em 1975. 

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Vi na televisão que as lojas bacanas estavam vendendo adoidado roupas ricas para as madames vestirem no réveillon. Vi também que as casas de artigos finos para comer e beber tinham vendido todo o estoque. Pereba, vou ter que esperar o dia raiar e apanhar cachaça, galinha morta e farofa dos macumbeiros. Pereba entrou no banheiro e disse, que fedor. Vai mijar noutro lugar, tô sem água. Pereba saiu e foi mijar na escada…… Lembra do Crispim? Deu um bico numa macumba aqui na Borges de Medeiros, a perna ficou preta, cortaram no Miguel Couto e tá ele aí, fudidão, andando de muleta. Pereba sempre foi supersticioso. Eu não. Tenho ginásio, sei ler, escrever e fazer raiz quadrada. Chuto a macumba que quiser. Acendemos uns baseados e ficamos vendo a novela. Merda. Mudamos de canal, prum bangue-bangue. Outra bosta. As madames granfas tão todas de roupa nova, vão entrar o Ano-novo dançando com os braços pro alto, já viu como as branquelas dançam? Levantam os braços pro alto, acho que é pra mostrar o sovaco, elas querem mesmo é mostrar a boceta mas não têm culhão e mostram o sovaco. Todas corneiam os maridos. Você sabia que a vida delas é dar a xoxota por aí? Pena que não tão dando pra gente, disse Pereba

Feliz ano novo

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Roubam um carro e partem para São Conrado a procura da casa ideal. Encontram uma festa com pouca gente, colocam as meias na cabeça e entram. Mandam todos deitarem no chão, rendem os empregados e Pereba sobe com uma mulher para encontrar uma senhora doente que estava na parte de cima da casa. Pereba violenta a mulher e mata as duas. O narrador personagem arranca o dedo da senhora para roubar o anel que não saía. Ao descerem novamente, comem a ceia e um dos homens diz que podem levar tudo, que não vão dar queixa à polícia. Isso revolta ainda mais o narrador personagem, pois percebe que o que roubaram não era nada perto do que os ricos tinham.  Com raiva, manda o homem se levantar e atira, tentando grudá-lo na parede com a força da potente arma. Matam mais um homem, violentam outra mulher. Voltam para casa, estenderam uma toalha no chão com as comidas que roubaram e brindaram com um “Feliz ano novo”.

Feliz ano novo

“Os homens e mulheres no chão estavam todos quietos e encagaçados, como carneirinhos. Para assustar ainda mais eu disse, o puto que se mexer eu estouro os miolos”

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O narrador personagem chega em casa depois de um dia de trabalho, sua esposa está jogando cartas e bebendo uísque. A esposa diz que ele trabalha demais e precisa aprender a relaxar. Ele vai para a biblioteca enquanto aguarda o jantar. Depois do jantar, os filhos lhe pedem dinheiro. O narrador vai dar seu passeio de carro, como faz todas as noites. Fica um pouco irritado por ter que tirar antes os carros dos filhos, mas ao olhar seu para-choque com reforço especial duplo de aço cromado sente uma euforia. Sai à procura de uma rua deserta em busca de sua vítima. Começou a ficar tenso por não encontrar ninguém em condições. Até que vê uma mulher andando apressadamente e carregando um embrulho. Apaga as luzes do carro e acelera em direção à mulher, acertando-a acima dos joelhos. Depois parte rapidamente com o carro, voltando para o asfalto. Ainda olhando o corpo desengonçado e sangrento da mulher que havia parado em cima do muro. Ao voltar, verifica, orgulhoso, que não havia nenhum arranhão no para-choque. Em casa, a família continuava vendo televisão, a mulher pergunta se ele estava mais calmo depois da voltinha. Ele dá boa noite e vai dormir, pois terá um dia terrível na companhia.Passeio Noturno

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o O autor mostra que a violência está presente na sociedade independente da classe a que pertençam os personagens.

o O contexto da cidade também mostra, além da violência, a solidão dos personagens, que estão presos a objetivos de vida fúteis

o Algumas cenas chocantes são contrapostas a uma situação de normalidade, mostrando a hipocrisia e o cinismo presentes na vida cotidiana da cidade urbanizada.

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Bufo e Spallanzani

O livro se divide em cinco grandes partes: Foutre ton encrier, Meu passado negro, O refúgio do Pico do Gavião, A prostituta das provas e A maldição.Essas partes correspondem a episódios da vida do narrador. Cada uma delas poderia ser independente caso não houvesse um fio narrativo condutor.

A temática de Bufo & Spallanzani é o próprio fazer literário, ou seja, é a história do nascimento de um romance que vai sendo contada.

A história ambienta-se na cidade do Rio de Janeiro. Apenas o episódio do Refúgio do Pico do Gavião é vivenciado na montanha. E uma história repleta de crimes, embora não seja desenvolvida no submundo. Pode-se mesmo dizer que a trama é vivenciada por personagens da classe média brasileira

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Bufo e Spallanzani

O romance é narrado em primeira pessoa. O foco narrativo, portanto, é o da personagem-narradora, o escritor Gustavo Flávio.É importante compreender o desdobramento da personagem protagonista para articular os episódios entre si. O fio narrativo, que corresponde ao fato transformador da vida de lvan, encontra-se na figura do sapo. Bufo, além disso, possui outro sentido: significa, segundo o dicionário do Aurélio, "ator ou personagem de comédia ou farsa encarregado de fazer rir o público com mímicas, esgares etc.-". Desde o início da narrativa, o narrador se denomina glutão, sátiro e atacado por satiríase. Sátiro, convém lembrar, é, na mitologia pagã, um semideus lúbrico habitante das florestas, e que tinha chifres curtos e pés e pernas de bode; no sentido figurado significa homem devasso, luxurioso, libidinoso. Satiríase, por sua vez, é um termo da área médica, que significa excitação sexual masculina mórbida. Pode-se fazer, portanto, uma relação entre o impulso de escrever e o impulso ou excitação sexual. A narrativa parece jorrar, em sua complexidade, como um jato em que as partes se articulam e apresentam o quadro fabular e suas personagens.