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Ao Encontro daLiteracia Familiar
20 de Junho de 2011Cristina Pinto
Bibliografia de referência: - PENNAC, Daniel, “Como um romance”, 2006-SILVA, Mary Katherine, “Matilde Brinca com a s Letras, 2007
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Maria entra na sala de mansinho. Ninguém a vê. Ninguém a ouve. Ninguém se mexe. A mãe olha para a televisão. O pai assiste a um jogo de futebol e rabuja contra o árbitro. Estão num outro mundo. Maria desiste e vai para o quarto. Mas a avó, adormecida numa cadeira de braços, abre os olhos, põe os óculos e lança um sorriso à neta.
Maria corre. Abraça-a. Agora sim, ela está muito feliz.
Em Família
A.CCF.BV
4.º ano
(PENNAC, Daniel, “Como um Romance”, 2006)
“…ensinávamos-lhe tudo o que se pode ensinar acerca do Livro, numa altura em que ele ainda não sabia ler…
“… E assim descobriu a virtude paradoxal da leitura, que consiste em fazer-nos abstrair do mundo para lhe encontrarmos um sentido.”
“…Regressava calado destas viagens… Este silêncio depois da leitura é o grande prazer do leitor!
…O seu apetite de leitor era espantosamente grande, a ponto de ele ter pressa de aprender a ler!”
ANTES DE A ESCOLA CHEGAR… Quando a noite chegava de mansinho e no aconchego se ouvia uma história….
… A história nocturna aligeira o peso do dia. Largam-se as amarras. Vai com o vento, o vento
levíssimo que é a nossa voz…. Sem contrapartida e sem recompensas. E tudo era gratuito.
Então, o que se passa depois desta intimidade
até à luta contra um livro – falésia?
Aqui como em tudo o resto, a vida manifesta-se pela erosão do nosso prazer. Um ano de histórias à sua cabeceira, tudo bem. Dois anos, vá que não vá!Mesmo, três anos?!....
Que história vou eu hoje contar?
O que vou ler hoje?
Sábado vamos a uma livraria…
- Eu, então e tu? Desculpa lá, mas hoje vais tu contar a história…
- Ainda bem que apareceste hoje vais tu contar a história ao teu sobrinho.
Se continuas logo à noite não há história.
“O contador de histórias esgota a sua paciência, e fica ansioso por passar o testemunho”.
“ A escola veio mesmo a propósito.O futuro fica agora nas suas mãos.
Ler, escrever e contar…Ao princípio o entusiasmo e a expectativa são
enormes….”
Será que nos deixamos cegar por este entusiasmo?
Chegamos a acreditar que bastava gostar das palavras para que uma criança dominasse os livros?!... Chegamos, até a pensar que a aprendizagem da leitura acontecia por si própria, como aprender a andar ou a falar …Seja como for este é o momento escolhido para acabar com as leituras à noite, à cabeceira.
“A escola ensina a ler, ele gosta imenso, é uma mudança radical na sua vida, uma nova autonomia …” - dizemos nós algo confusos, sem no entanto querermos dizer exactamente isso, tão «natural» nos parece o acontecimento; é uma etapa como qualquer outra numa evolução biológica normal.
Agora ele já está crescido, “pode ler sozinho, caminhar sozinho pelo território dos signos…” E finalmente, devolve um quarto de hora de liberdade.
Tranquilizados com esta pantomima, saíamos do quarto…”
Não. Não o abandonámos nos braços da escola.Pelo contrário seguimos bem de perto a sua evolução, íamos a todas as reuniões, sempre abertos ao diálogo. Ajudámo-lo a fazer os trabalhos de casa…
Nem sempre era fácil.Insistir.Voltar a trás.Repetir. Incansavelmente
… na pior altura do dia…Depois da escola……………………………… e depois do trabalho……..No máximo da fadiga…………………………….. No mínimo das forças
Toma atenção.
Tu não te esforças!
Não faças fita!
Mas, porquê?
Será preguiçoso?
Terá algum problema?
Será surdo?…disléxico?….hiperactivo?????
De quem será a culpa?
E, afinal…
Que grande traição!
Ele, a leitura e nós formávamos uma Trindade todas as noites reconciliada; agora ele está sozinho perante um livro que lhe é hostil.
ANTES
AGORA
A leveza das nossas palavras libertava-o do peso das suas preocupações, angústias…
A indecifrável agitação das letras sufoca-o a tal ponto que até o impede de sonhar.
Déramos-lhe o dom da ubiquidade
Está preso , no seu quarto, na sala de aula, no livro, numa linha, numa palavra
Éramos os contadores, passámos a ser os contabilistas.
e ainda por cima….- Já que é assim, acabou a televisão.
Pois é…A televisão elevada à dignidade
de recompensa…
a leitura como considerada um trabalho forçado…
No entanto, esse prazer AINDA está tão próximo.É tão fácil de encontrar!
Basta esperar pelo cair da noite, abrir novamente a porta do seu quarto, sentarmo-nos à sua cabeceira e retomarmos a leitura comum.
LER….Em voz alta
Gratuitamente
As suas histórias preferidas
Assim…Ele continuará a SER BOM LEITOR se os adultos que o cercam
em vez de
tentarem provar a sua competência
alimentarem o seu entusiasmo
Estimularem o seu desejo de aprender
Imporem a obrigação de recitar
O acompanharem no seu esforço
Esperarem contrapartidas
Se aceitarem perder noites Procurar ganhar tempo
Se se recusarem a transformar em trabalho forçado o que era prazer
Manter esse prazer até se transformar em rotina
Se edificarem essa rotina sobre o prazer da gratuidade
Se…
Então como fazer e porquê?
A investigação mais recente, diz-nos que há uma mudança na forma de pensar, praticar, e conceber a alfabetização. E, por consequência existe uma nova maneira de considerar os "fracassos" enfrentados pela criança.
Hoje, sabemos que a aprendizagem da leitura e da escrita inicia-se muito antes do início de sua escolarização, pois a escrita, por ser um objecto de função fundamentalmente social, já faz parte do quotidiano dos educandos.
Nenhuma criança entra na escola sem nada saber sobre a leitura e a escrita
O processo de alfabetização é longo e trabalhoso, independente da classe social ou meio que a criança vive.
Todo o processo de aprendizagem acontece
1º a nível conceptual
2º Domínio
3º Autonomia
Por isso , desde bem cedo partilhe momentos de carinho
e de leitura com o seu filho
1. Leia e conte MUIUUUUIIIIIITAS história.
As crianças aprende por imitação dos adultos que lhes são significativos
Aprende a gostar de escutar
Adquire vocabulário
Aprende o significado das palavras
Aprende a dar valor aos livros
2. Faça leitura de imagens.
Dentro das suas possibilidades elas estão a ler. O código é que é diferente.
3. Convide o seu pequeno ouvinte a recontar a história.
-desenvolver a linguagem oral,
Exercício de leitura mental da história
- experimentar novo vocabulário,
- ordenar a sequência da história.
De uma forma lúdica ele estará a:
4. Dê-lhe um “banho” de livros.
Um livro também é um brinquedo.
Guarda dentro de si bons momentos
de prazer
Desperta a curiosidade
Cria o desejo de aprender a ler.
5. Leia e escreva à frente do pequeno leitor.
Ao escrever e ao ler alto pausadamente o que escreve:
Desperta a curiosidade e a
vontade de aprender a ler e
a escrever
Descobre a funcionalidade da escrita
Desenvolve o seu conhecimento
acerca da linguagem escrita
Ler ajuda a crescer.
Ler ajuda a aprender.
Ler ajuda a descobrir.
Ler ajuda a saber.
Ler ajuda a sonhar.
Ler é sempre um prazer.
Ler ajuda a não estar só.
Ler ajuda a imaginar.