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Texto Rita Pimenta

Fazer “livros bonitos” é o desejo de Bernardo Carvalho. O ilustrador quer que os leitores gostem de olhar para as imagens que cria. E consegue.

Venceu o Prémio Nacional de Ilustração 2009 com o livro Depressa/Devagar, escrito por Isabel

Minhós Martins e editado pelo Planeta Tangerina. Tem 36 anos, chama-se Bernardo Carvalho e nunca conseguiu passar a Geometria. Como ilustrador e designer, interessa-lhe fazer sequências de páginas bonitas. “Um objecto giro que tu agarres e gostes de estar com ele.” Criança ou não.

A distinção recebida foi e não foi uma surpresa.

Diz o ilustrador: “Não se pode dizer que estivesse à espera, mas achava que, mais dia, menos dia, acabava por ganhá-lo. É um prémio que tem que ver com os livros que tu já fizeste e não só com um em especial. Não esperava que este livro

És Mesmo Tu? Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina. €12,50

Pê de Pai Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina. €11,90

As Duas Estradas

Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho,

Planeta Tangerina.

€11,90

A Grande Invasão

Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho,

Planeta Tangerina.

€11,90

O Mundo Num Segundo Isabel Minhós

Martins e Bernardo Carvalho,

Planeta Tangerina.

€9,80

Para quem gosta de desenhos

recebesse o que quer que fosse.” Diz a autora: “Este prémio faz sentido sobretudo pelo percurso do Bernardo e pelas menções atribuídas em anos anteriores.”

Mas devia ter sido premiado com outro título? Bernardo: “Isso é muito tramado para ser eu a responder. Gosto mais de pensar no conjunto de livros que já fiz. E, especialmente com o Planeta Tangerina, apercebo-me de quão diferentes eles são. Por isso acabo por ficar contente por ter ganho com este. Foi feito ‘a abrir’. Mas é giro, acho eu.”

Isabel: “As Duas Estradas [também lançado em 2009 e premiado na Coreia] foi um projecto mais ousado e diferente em termos de paginação. O Depressa/Devagar foi mais inovador na técnica de ilustração.”

A decisão do prémio (cinco mil euros, mais 1500 para os c

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nos rimos por sermos tão totós, enganarmo-nos num livro com tão poucas páginas...”

O Planeta Tangerina é um atelier de design com larga experiência em produtos editoriais para crianças e jovens. Vive de encomendas directas de museus, câmaras, bibliotecas, editoras e outras instituições. Por isso, a equipa conhece bem as fórmulas eficazes de comunicação com os leitores mais novos. Têm no seu currículo publicações de sucesso como Batatoon ou Espanta-Pardais.

Quando funcionam como editora, aproveitam a liberdade para experimentar novos caminhos. E é então que se arriscam (e divertem) um pouco mais. Os riscos têm-lhes valido vários prémios, nacionais e internacionais. Este foi mais um.

A editora tem consciência de que alguns dos livros que publicam não são de compreensão fácil para as crianças. “Os miúdos são os críticos mais ferozes, não fazem cerimónia. Quando gostam, ficamos muito felizes.” Eles também. a

rpimenta@publico.pt

diz a autora, que conta como, nas apresentações do livro nas escolas, os miúdos se riem e se identificam com as situações narradas.

Pouco texto, muita imagemEm curtas frases, acompanha-se o quotidiano de uma criança. “O texto começou por ser mais longo, mas estava sem graça. Começaram-me depois a surgir umas rimas pelo meio. Acabei por decidir fazer uma introdução explicativa, seguida de um texto mais directo. Tudo sobre um dia normal”, explica Isabel Minhós Martins, principal responsável pela editora Planeta Tangerina e amiga de Bernardo Carvalho desde o ensino secundário.

“A Isabel deu-me o texto. Ainda fiz umas experiências bastante diferentes do que acabou por ser o livro, mas estávamos apertados com outros trabalhos e eu surgi com este tipo de desenho. Toda a gente gostou. E pronto, foi num instante.”

Divertido, lembra ainda um percalço de edição: “Contámos mal as páginas. Só na maquete final é que nos apercebemos. O que fizemos foi dividir o texto da última dupla em duas. Até

Depressa/Devagar Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina. €12,50

Dança Quando Chegares ao Fim Richard

Zimler e Bernardo Carvalho,

Caminho. €12

Mariluz Avestruz Rachel Chaundler e Bernardo Carvalho, OQO Editora. €12,50

custos da deslocação à Feira de Bolonha em 2011) foi de Assunção Mendonça (Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas), Cristina Taquelim (Biblioteca Municipal de Beja) e João Paulo Cotrim (jornalista e escritor).

“Acho ‘um espectáculo’ gente do meio, que gosta de livros, reconhecer o nosso trabalho”, diz Bernardo Carvalho, que considera os três anos de Desenho que frequentou na Sociedade Nacional de Belas-Artes como a parte mais importante da sua formação. “Com o professor Quintino [Sebastião]. Eu tinha para aí uns 18 anos, foi antes de ir para a faculdade estudar Design de Comunicação. Antes da ilustração e de tudo o resto, há o desenho. Quem não souber desenhar bem...”

Acelerar e travarDepressa/Devagar fala do ritmo que os adultos impõem às crianças. “Depressa, as torradas ficam frias. Devagar, não entornaste o leite por um triz...”, lê-se na descrição de um pequeno-almoço apressado.

“Os miúdos não conseguem ter um ritmo próprio. Nós ora os aceleramos, ora os travamos”,